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2012 - APOSTILA 01 DIREITO AGRÁRIO PUC GO

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Prévia do material em texto

1 
 
 
Pontifícia Universidade Católica de Goiás 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO AGRÁRIO 
 APOSTILA 01 DE APOIO ÀS AULAS 
TOMO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professor: Eduardo Slywitch Cavalcanti 
eduardosiliviti@gmail.com 
 
2 
 
 
 
Lembretes: 
 
• Essa apostila é um simples material de apoio ao aluno, sendo imprescindível o 
acompanhamento das aulas ministradas pelo Prof. Eduardo Slywitch Cavalcanti e o estudo 
doutrinário quanto aos temas abordados. 
• Atenção: Determinados textos e citações retirados de sites de domínio público como o 
sitio eletrônico do INCRA e sites jurídicos possuem a devida citação bibliográfica. 
• Recomenda-se a atualização do aluno através do conhecimento da jurisprudência dos 
Tribunais Superiores, sendo de grande valia o site de atualização de Informativos do STF e 
STJ de seguinte endereço eletrônico: http://divisaoinformativos.wordpress.com/ 
• Recomenda-se estudo em doutrina constitucional quanto ao tema de Política e Reforma 
Agrária para adoção de visão crítica interdisciplinar quanto a Matéria de Direito Agrário 
• Recomenda-se o estudo dos institutos inerentes ao Direito Civil e Administrativo 
tratados no decorrer do curso em obras doutrinárias afetas a essas matérias, dada a maior 
profundidade e atualização com que são analisadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Ponto n. 01- INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AGRÁRIO: 
 
1.1. Seus princípios fundamentais: 
 1.1.1. Princípios do Direito Agrário na Constituição Federal de 1988: 
Inicialmente convém mencionar que segundo Paulo Tormin Borges o 
“Direito Agrário é o conjunto sistemático de normas jurídicas que visam 
disciplinar as relações do homem com a terra, tendo em vista o progresso 
social e econômico do rurícola e o enriquecimento da comunidade”. 
Ainda, é devido salientar que a Constituição Federal de 1988, desde o 
Preâmbulo, que não possui força normativa, mas sim interpretativa, orientando 
Políticas Pública e a atuação administrativa, prega a Justiça Social, dessa 
forma, toda normativa e toda atuação do Estado e dos particulares deve ser 
pautada no bem comum, como adiante será verificado. 
Nesse contexto é devido analisar os princípios abaixo elencados1: 
 - Princípio da Função Social da Propriedade Rural: 
Em primeiro lugar é devido citar o art. 170, da CF/88, que estabelece os 
princípios da Ordem Econômica no Brasil: 
“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a 
todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: 
I - soberania nacional; 
II - propriedade privada; 
III - função social da propriedade; 
IV - livre concorrência; 
V - defesa do consumidor; 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos 
produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 
19.12.2003) 
VII - redução das desigualdades regionais e sociais; 
VIII - busca do pleno emprego; 
IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte. 
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua 
sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995).” 
 
1 Atente-se ao fato de que o presente é um material de apoio à aula, sendo imprescindível a presença do 
aluno em sala de aula. 
4 
 
 
Extrai-se desse artigo que toda e qualquer propriedade no Brasil deve atender à 
função social, ou seja deve visar o progresso econômico e social não somente de seu 
proprietário, mas de toda a comunidade. 
A seguir o art. 186 delimita os requisitos da função social da Propriedade Rural: 
“Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, 
segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: 
I - aproveitamento racional e adequado; 
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; 
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.” 
 
Conforme verificado em sala de aula, apenas a propriedade que cumpre tais 
determinantes pode ser considerada propriedade que atenta à função social, ainda, 
que devemos entender a propriedade produtiva não só aquele que produz, degradando 
a natureza ou explorando os trabalhadores em condição análoga à escravidão, mas 
sim aquela que produz atendendo à sua função social. 
 
 - Princípio da Preservação do Meio Ambiente 
A preservação do meio ambiente é certamente requisito para o cumprimento da 
função social da propriedade, sendo também eleito como princípio autônomo dada a 
força normativa que possui. 
Vale a pena mencionar o artigo 225, da CF/88: 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do 
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. 
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das 
espécies e ecossistemas; 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as 
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a 
serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, 
vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; 
5 
 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora 
de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará 
publicidade; 
 
Ainda, vale a pena revisar rapidamente alguns institutos inerentes ao Direito 
Ambiental: 
O ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA) é um estudo multidisciplinar, que aponta os pontos 
favoráveis e desfavoráveis de um determinado empreendimento e que se relacionam aos prováveis 
impactos ambientais de uma atividade ou empreendimento, e sugere as medidas mitigadoras dos 
impactos ambientais, realizando-se um estudo multidisciplinar que seria relacionado por vários 
profissionais de áreas diversas. 
O estudo é sempre prévio, é um estudo complexo e amplo de impacto ambiental. Já o Relatório 
de Impacto ao Meio Ambiente (RIMA) é o resumo, para facilitar o entendimento pelo leigo. O RIMA é o 
meio para colocação para a sociedade, utilizando os meios possíveis para que o cidadão possa 
entender, como gráficos, tabelas... 
Logo, o EIA é o todo, complexo, detalhado, muitas vezes com linguagem, dados e apresentação 
incompreensíveis para o leigo. O RIMA é a parte mais visível (ou compreensível) do procedimento, 
verdadeiro instrumento de comunicação do EIA ao administrador e ao público. 
A função do EIA é prevenção e monitoramento dos danos ambientais. Cabe ao EIA qualificar e, 
quanto possível, quantificar antecipadamente o impacto ambiental, de modo a dar suporte a um 
adequado planejamento de obras ou atividades que interferem no ambiente. 
Em síntese, o EIA nada mais é do que “um estudo das prováveis modificações nas diversas 
características socioeconômicas e biofísicas do meio ambiente que podem resultar de um projeto 
proposto”. 
O EIA é exigível para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de 
significativa degradação do meio ambiente e a natureza jurídica do EIA/RIMA são de pré-procedimento 
administrativo, são vinculados ao licenciamento ambiental, que é de natureza constitucional.Esse estudo é feito sempre antes da concessão da Licença Prévia, sendo guiado pelos 
seguintes princípios contidos no art. 5º da Resolução n.1/86 do CONAMA: 
a) Deve contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do empreendimento, 
confrontando-as com a hipótese de sua não execução; 
b) Cabe a ele identificar e avaliar de maneira sistemática, os impactos ambientais gerados, tanto 
nas fases de implementação, como na de operação e desativação; 
c) Definir quais são os limites da área geográfica que serão afetadas, tanto direta como 
indiretamente; 
d) Analisar os planos e programas governamentais e não-governamentais; 
e) Criar programas de monitoramento e estabelecer auditorias para cada fase do licenciamento; 
f) Avaliar todos os efeitos do empreendimento na saúde humana. 
6 
 
As conclusões do EIA serão refletidas no RIMA, cuja linguagem deve ser acessível ao público, 
ilustrada por mapas com escalas adequadas, quadros, gráficos e outras técnicas de comunicação visual, 
de modo a que se possam entender claramente as possíveis conseqüências ambientais do projeto, 
considerando suas alternativas, comparando-se as vantagens e desvantagens de cada uma delas. Desta 
forma, em linhas gerais, podemos dizer que o RIMA deverá conter: 
I – objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais, 
planos e programas governamentais. 
II – descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando cada uma 
delas. 
III – síntese do diagnóstico ambiental da área de influência do projeto. 
IV – descrição dos impactos ambientais. 
V – caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as 
diferentes alternativas do projeto, inclusive a de sua não realização. 
VI – descrição dos efeitos esperados das medidas mitigadoras. 
VII – programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos. 
VIII – recomendação quanto à alternativa mais favorável, em que se faz as conclusões e 
comentários de ordem geral. 
 
Logo, atenta-se ao fato de que a atividade potencialmente lesiva ao meio 
ambiente apenas poderá ser explorada se elaborado o prévio Estudo de Impacto 
Ambiental devidamente acompanhado do Relatório de Impacto Ambiental. 
Ainda, observe a proteção do meio ambiente como base do conceito de função 
social da propriedade, conforme o art. 186: 
 
“Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, 
segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: 
I - aproveitamento racional e adequado; 
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio 
ambiente; 
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.” – grifos nossos 
 
 
 
7 
 
 - Princípio da Desapropriação para fins de Reforma Agrária: 
 
Abaixo o caput do art. 184, da CF/88: 
“Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, 
o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em 
títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte 
anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.” 
Ainda, o art. 185, I e II, da CF: 
“Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: 
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não 
possua outra; 
II - a propriedade produtiva” 
 
STF: 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. AGRÁRIO. REFORMA AGRÁRIA. PEQUENA E MÉDIA 
PROPRIEDADE. C.F., art. 185, I. MATÉRIA CONTROVERTIDA. I. - A pequena e a média propriedade 
rural, desde que o seu proprietário não possua outra, são insuscetíveis de desapropriação para 
fins de reforma agrária: C.F., art. 185, I. A classificação da propriedade rural em pequena, média 
ou grande subordina-se à extensão da área, vale dizer, da área medida. II. - No caso, não houve a 
demonstração de que o expropriado não possui outra propriedade. III. - Alegação no sentido de que o 
imóvel encontra-se enquadrado no Programa de Recuperação da Lavoura Cacaueira e hipotecado ao 
Banco do Brasil (Lei 8.629/93, art. 7º). Inexistência de prova de satisfação dos requisitos do art. 7º da Lei 
8.629/93. IV. - Fatos que autorizam a impetração devem ser incontroversos, por isso que no processo do 
mandado de segurança não há dilação probatória. V. - M.S. indeferido (MS 24719 / DF - DISTRITO 
FEDERAL, Relator: Min. CARLOS VELLOSO, Julgamento: 22/04/2004, Órgão Julgador: Tribunal 
Pleno) 
E M E N T A: MANDADO DE SEGURANÇA - REFORMA AGRÁRIA - DESAPROPRIAÇÃO-
SANÇÃO (CF, ART. 184, CAPUT) - MÉDIA PROPRIEDADE RURAL (CF, ART. 185, I) - ÁREA QUE 
RESULTOU DE DOAÇÃO CELEBRADA EM MOMENTO QUE PRECEDEU TANTO A EDIÇÃO DA MP 
1.577/97 (REEDITADA, PELA ÚLTIMA VEZ, COMO MP 2.183-56/2001) COMO A PUBLICAÇÃO DO 
ATO PRESIDENCIAL QUESTIONADO - INEXPROPRIABILIDADE DO IMÓVEL RURAL EM QUESTÃO 
- FALTA DE NOTIFICAÇÃO PESSOAL E PRÉVIA DO PROPRIETÁRIO RURAL QUANTO À 
REALIZAÇÃO DA VISTORIA (LEI Nº 8.629/93, ART. 2º, § 2º) - OFENSA AO POSTULADO DO DUE 
PROCESS OF LAW (CF, ART. 5º, LIV) - NULIDADE RADICAL DA DECLARAÇÃO 
EXPROPRIATÓRIA - MANDADO DE SEGURANÇA DEFERIDO. A PEQUENA E A MÉDIA 
PROPRIEDADES RURAIS, EM TEMA DE REFORMA AGRÁRIA, SÃO CONSTITUCIONALMENTE 
INSUSCETÍVEIS DA DESAPROPRIAÇÃO-SANÇÃO A QUE SE REFERE O ART. 184 DA CARTA 
POLÍTICA. - A pequena e a média propriedades rurais, cujas dimensões físicas ajustem-se aos 
parâmetros fixados em sede legal (Lei nº 8.629/93, art. 4º, II e III), não estão sujeitas, em tema de 
reforma agrária (CF, art. 184), ao poder expropriatório da União Federal, em face da cláusula de 
inexpropriabilidade fundada no art. 185, I, da Constituição da República, desde que o proprietário 
de tais prédios rústicos - sejam eles produtivos ou não - não possua outra propriedade rural. A 
8 
 
prova negativa do domínio, para os fins do art. 185, I, da Constituição, não incumbe ao 
proprietário que sofre a ação expropriatória da União Federal, pois o "onus probandi", em tal 
situação, compete ao poder expropriante, que dispõe, para esse efeito, de amplo acervo 
informativo resultante dos dados constantes do Sistema Nacional de Cadastro Rural. Precedente. 
A NOTIFICAÇÃO PRÉVIA DO PROPRIETÁRIO RURAL, EM TEMA DE REFORMA AGRÁRIA, TRADUZ 
EXIGÊNCIA IMPOSTA PELA CLÁUSULA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. - A vistoria administrativa 
do imóvel rural, na fase preliminar do procedimento expropriatório instaurado para fins de reforma 
agrária, deve ser precedida de notificação pessoal, dirigida ao proprietário rural, sob pena de desrespeito 
à cláusula constitucional do "due process of law", cuja inobservância afeta a própria declaração 
expropriatória, invalidando-a desde o momento em que formalmente veiculada em decreto presidencial. 
Precedentes.( MS 23006 / PB – PARAÍBA, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Julgamento: 
11/06/2003, Órgão Julgador: Tribunal Pleno) 
 
Confisco: CF, art. 243: “As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas 
culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e 
especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos 
alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo 
de outras sanções previstas em lei.” 
 
TRF 1ª Região2: 
Ementa: PENAL. TRÁFICO INTERNACIONAL DE ENTORPECENTES E PORTE ILEGAL DE 
ARMAS. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. CONCURSO MATERIAL. DOSIMETRIA. 
REGIME DE CUMPRIMENTO DA PENA. PERDIMENTO DE BENS. EFEITO DA CONDENAÇÃO. 
APELAÇÃO DESPROVIDA. 
01) A materialidade do crime tipificado na Lei nº 6368/76 restou plenamente comprovada nos 
autos, tanto pela apreensão de cerca de 71,0 quilos de cocaína na propriedade do recorrente (Auto de 
Apreensão - fl. 19), conforme constatação de substânciaentorpecente (Auto de Constatação - fl. 20), 
bem como pelo Laudo Definitivo (fls. 101/103), do Instituto Nacional de Criminalística. 
(...) 
11) O fato de que a prova da efetiva propriedade da fazenda não ter sido feita por meio de 
diligência junto ao respectivo cartório de registro de imóveis, é questão superada com o documento 
assinado pelo principal interessado, informando ser o apelante o proprietário do aludido imóvel rural. 
12) De qualquer forma, a questão foi devidamente resolvida com base no artigo 243, parágrafo 
único, da Constituição Federal, segundo o qual "Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido 
em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverterá em 
benefício de instituições e pessoal especializados no tratamento e recuperação de viciados e no 
aparelhamento e custeio de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de 
tráfico dessas substâncias" (cf.art. cit.). 
 
2
 Existe entendimento jurisprudêncial que limita o confisco à área utilizada para plantio de entorpecente. (TRF 5ª, 
APELAÇÃO CÍVEL 13.308-PE) e entendimento doutrinário de que o Confisco deve seguir o princípio do 
dimensionamento do Estatuto da Terra, ou seja, que a área confisca nunca seja inferior ao módulo rural. 
9 
 
13) Como visto, a própria Constituição Federal não fez distinção entre bens móveis e imóveis, 
bem como não condicionou o confisco à comprovação da propriedade do agente que pratica o tráfico 
ilícito de entorpecentes e drogas afins, pois é possível sua decretação, quando não se trata de terceiro 
de boa-fé ou lesado, únicas hipóteses que, devidamente comprovadas, merecem ressalva, nos termos 
do artigo 91, inciso II, do Código Penal. 
14) Portanto, restou comprovado que a Fazenda Vale da Promissão foi utilizada como 
instrumento do crime atribuído ao apelante, pois constitui fato ilícito utilizar " local de que tem a 
propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda 
que gratuitamente, para uso indevido ou tráfico ilícito de entorpecente ou de substância que determine 
dependência física ou psíquica" (Lei nº 6.368/76, art. 12, § 2º, inc.II). 
15) Assim sendo, a pena de perdimento dos instrumentos do crime é efeito da própria 
condenação, ressalvado apenas o direito do lesado e de terceiro de boa-fé, nos termos do artigo 91, 
inciso II, letra a, do Código Penal, combinado com o artigo 34, da Lei nº 6.368/76. 
16) Apelação desprovida. 
A Turma, por unanimidade, negou provimento à apelação. (Processo: ACR 2002.01.99.014026-
8/MT; APELAÇÃO CRIMINAL, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL PLAUTO RIBEIRO, Órgão Julgador: 
TERCEIRA TURMA , Publicação: 07/11/2003 DJ p.60) 
 
 - Princípio da Vedação da Desapropriação do Imóvel Rural 
Produtivo e da Pequena e da Média Propriedade Rural: 
Reside na impossibilidade da desapropriação da pequena e da média 
propriedade rural e da propriedade produtiva. 
A propriedade produtiva é aquela que cumpre sua função social, pois um 
propriedade que produz safras altíssimas a custa de agrotóxicos extremamente nocivos 
ao meio ambiente, ou a que utiliza de mão de obra em condição análoga à de 
escravidão não pode ser considerada produtiva dentro do contexto de Justiça Social da 
CF/88. 
Quanto a pequena e média propriedade rural, a Lei 8629/93 define a Pequena 
Propriedade Rural como aquela com área compreendida entre 01 e 04 módulos fiscais 
e Média Propriedade Rural aquela que tem área superior a 04 e até 15 módulos fiscais. 
Ainda o art. 185, inciso I, da CF/88 estabelece como requisito para a 
impossibilidade de desapropriação de pequena e média propriedade rural que o 
proprietário não possua outra propriedade rural. (verifique acima a Jurisprudência do 
STF quanto ao ônus da prova) 
Logo, o texto constitucional é literal e impede a desapropriação por interesse 
social para fins de Reforma Agrária da pequena e média propriedade daquele que não 
possui outro imóvel rural. 
10 
 
Imunidade Tributária, quanto ao ITR (Imposto Territorial Rural) da Pequena 
GLEBA Rural explorada pela família: art. 153, §4°, da CF/88: 
 
 “ Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
 (...) 
 VI - propriedade territorial rural; 
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, 
de 19.12.2003) 
I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de 
propriedades improdutivas; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei3, quando as explore o 
proprietário que não possua outro imóvel; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 
19.12.2003) 
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que 
não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.(Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 42, de 19.12.2003) (Regulamento)4” 
 
Normativa da Imunidade e de Isenção de ITR - Lei 9.393/96, art. 3° c/c art. 2°: 
Art. 2º Nos termos do art. 153, § 4º, in fine, da Constituição, o imposto não incide sobre 
pequenas glebas rurais, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua 
outro imóvel. 
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, pequenas glebas rurais são os imóveis com área 
igual ou inferior a: 
I - 100 ha5, se localizado em município compreendido na Amazônia Ocidental ou no Pantanal 
mato-grossense e sul-mato-grossense; 
 
3
 Norma constitucional de eficácia limitada: Condicionada à regulamentação por lei para sua efetividade, contudo 
possui aplicabilidade mediata, ou seja, depende da promulgação de lei para permitir o exercício do direito ou 
benefício consagrado. Possui efeito imediato paralisante, determinando a revogação da legislação incompatível 
com suas diretrizes, impedem qualquer conduta contrária ao que estabelecerem, servem de vetor interpretativo e 
devem ser observadas na atuação discricionária da Administração Pública. Antes da edição da aludida lei, por 
criarem situações subjetivas de vantagem, caberia ao interessado ingressar com Mandado de Injunção, ou aos 
devidos legitimados ingressarem com ADI por Omissão. 
4 LEI Nº 11.250, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2005. 
5 1 hectare = 10.000 m² (não confunda com alqueire: 1 alqueire = 24.200 m², 1 alqueire goiano = 48.400 m²) 
11 
 
II - 50 ha, se localizado em município compreendido no Polígono das Secas ou na Amazônia 
Oriental; 
III - 30 ha, se localizado em qualquer outro município. 
 
Bem como, observe a isenção às ‘’pequenas glebas rurais” exploradas em regime 
familiar, bem como para o imóvel rural compreendido em Programa Oficial de Reforma 
Agrária: 
 
Art. 3º São isentos do imposto: 
I - o imóvel rural compreendido em programa oficial de reforma agrária, caracterizado pelas 
autoridades competentes como assentamento, que, cumulativamente, atenda aos seguintes requisitos: 
a) seja explorado por associação ou cooperativa de produção; 
b) a fração ideal por família assentada não ultrapasse os limites estabelecidos no artigo anterior; 
c) o assentado não possua outro imóvel. 
II - o conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário, cuja área total observe os 
limites fixados no parágrafo único do artigo anterior, desde que, cumulativamente, o proprietário: 
a) o explore só ou com sua família, admitida ajuda eventual de terceiros; 
b) não possua imóvel urbano. 
 
AI�DA, verifique que o conceito de pequena gleba rural não é sinônimo de pequena 
propriedade rural! 
 
 - Princípio da Impenhorabilidade da Pequena Propriedade Rural: 
 
CF/88; art. 5°, inciso XXVI: “a pequena propriedade rural, assim definida em lei, 
desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de 
débitosdecorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de 
financiar o seu desenvolvimento;” 
Código de Processo Civil: 
Art. 649. São absolutamente impenhoráveis: 
12 
 
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; 
(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). 
§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à cobrança do crédito concedido para a aquisição do 
próprio bem. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006). 
 
 - Princípio da Privatização das Terras Públicas: 
CF/88, Art. 188: “A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a política 
agrícola e com o plano nacional de reforma agrária. 
§ 1º - A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior a dois mil 
e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de prévia 
aprovação do Congresso Nacional. 
§ 2º - Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as alienações ou as concessões de terras 
públicas para fins de reforma agrária.” 
Lei 6383/76: Procedimento de Discriminação de Terras – apuração das Terras 
Devolutas6 da União. 
CF/88, art. 20, II e art. 26 inciso IV – Proprietários das Terras Devolutas: 
Art. 20. São bens da União: 
(...) 
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções 
militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; 
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: 
(...) 
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. 
 
 - Princípio da Segurança na Atividade Agrária: 
Cabe ao Estado conceder garantias mínimas ao rurícola, quanto ao seu 
empreendimento, tanto proteção quanto às intempéries ambientais7 que possam surgir 
em sua atividade (possibilitar o Seguro Agrícola), quanto no oferecimento de crédito 
rural a juros baixos que viabilize a atividade agrícola, pecuária etc, que logicamente 
 
6
 Bens patrimoniais ainda não utilizados – art. 20, II e 26 IV, da CF/88. 
7 http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/07/frio-de-3-graus-mata-rebanho-de-gado-em-mato-grosso-do-sul.html 
13 
 
possui retorno financeiro a médio e longo prazo ( o que lhe resta inviabilidade frente 
aos financiamentos comuns). 
A estocagem de produtos garantindo o preço mínimo de oferta ao mercado, 
visando cobrir os custos de produção e a viabilidade de continuidade da atividade 
rurícola. 
A liberdade de comercialização interna e internacional: o Estado deve denunciar 
toda e qualquer forma de barreira alfandegária e ou ‘sanitária’ que barre o ingresso de 
suas exportações, além de denunciar o subsídio excessivo aos produtores locais. 
Logo, a preocupação aqui é com a segurança do sucesso na empreitada 
econômica que se demonstra a exploração de atividades agrárias, atividades estas 
vitais à sobrevivência da humanidade, tanto sob o ponto de vista alimentar como 
perante a pecuária, agricultura, extrativismo animal, vegetal, quanto à manutenção de 
outros seguimentos econômicos através da extração mineral etc. 
 
 - Princípio do Aumento da Produtividade: 
CF/88: Art. 187. “A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a participação 
efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de 
comercialização, de armazenamento e de transportes, levando em conta, especialmente: 
I - os instrumentos creditícios e fiscais; 
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de comercialização; 
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia; 
IV - a assistência técnica e extensão rural; 
V - o seguro agrícola; 
VI - o cooperativismo; 
VII - a eletrificação rural e irrigação; 
VIII - a habitação para o trabalhador rural. 
§ 1º - Incluem-se no planejamento agrícola as atividades agro-industriais, agropecuárias, pesqueiras 
e florestais. 
§ 2º - Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de reforma agrária. 
 
 
14 
 
 - Princípio do Estímulo ao Cooperativismo: 
 
Art. 5°, CF/88: (liberdade de associação) 
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, 
sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; 
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas 
por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; 
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; 
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para 
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; 
 
Estímulo Tributário ao Cooperativismo: (CF/88, art. 146, inciso III, alínea “c’’): 
Art. 146. Cabe à lei complementar: 
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios; 
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; 
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: 
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados 
nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; 
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; 
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades 
cooperativas 
 
Lei 5764/71 define a Política Nacional de Cooperativismo: art. 4°, incisos I ao XI, 
define as características de Cooperativa8. 
 
8
 Art. 982, Código Civil: As cooperativas exercem atividade econômica organizada, de circulação e 
produção de bens, com profissionalismo, como os empresários, mas por disposição legal não se 
submetem ao regime-jurídico empresarial, serão sempre sociedades civis/simples. Contudo, o 
ARQUIVAMENTO DE SEUS ATOS CONSTITUTIVOS na Junta Comercial é OBRIGATÓRIO! 
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade 
própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. 
15 
 
Art. 4º As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de 
natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados, distinguindo-se 
das demais sociedades pelas seguintes características: 
 I - adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade técnica de 
prestação de serviços; 
 II - variabilidade do capital social representado por quotas-partes; 
 III - limitação do número de quotas-partes do capital para cada associado, facultado, porém, 
o estabelecimento de critérios de proporcionalidade, se assim for mais adequado para o cumprimento 
dos objetivos sociais; 
 IV - incessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, estranhos à sociedade; 
 V - singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, federações e confederações 
de cooperativas, com exceção das que exerçam atividade de crédito, optar pelo critério da 
proporcionalidade; 
 VI - quorum para o funcionamento e deliberação da Assembléia Geral baseado no número 
de associados e não no capital; 
 VII - retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas 
pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembléia Geral; 
 VIII - indivisibilidade dos fundos de Reserva e de Assistência Técnica Educacional e Social; 
 IX - neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social; 
 X - prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos estatutos, aos 
empregados da cooperativa; 
 XI - área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle, 
operações e prestação de serviços.LOGO, Cooperativas serão sempre sociedades simples, segundo o art. 982, 
do Código Civil, a questão de sua aquisição de Personalidade Jurídica que atormente a 
 
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, 
a cooperativa. 
Atente-se ao fato de que a lei comercial considera empresário rural: (art. 971, CC) “O 
empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as 
formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público 
de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, 
para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.” 
Portanto, tanto o que explora a agroindústria, quanto o que explora a agricultura familiar, 
uma vez registrado na Junta Comercial estará sujeito às normas de Direito Comercial. 
 
16 
 
doutrina: para alguns doutrinadores, como Fábio Uchoa9, devem ser REGISTRADAS 
no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas e posteriormente ter seus atos 
constitutivos ARQUIVADOS na Junta Comercial do Estado em que exercerá atividade 
econômica. 
Enquanto que para outros, bem como para o Departamento Nacional de 
Registro do Comércio10 as Juntas Comerciais é que farão o registro da referida 
SOCIEDADE SIMPLES, tanto que as referidas aceitarão como Atos Constitutivos: 
instrumento público ou Ata de Assembléia Geral de Constituição das Cooperativas. 
 
 
 - Princípio da Melhoria da Qualidade de Vida no Campo: 
 
O princípio da dignidade da pessoa humana, exposto no inciso III, do art. 3°, 
da CF/88, aliado ao art. 187, inciso VIII (habitação para o trabalhador rural) são as 
bases desse princípio. 
Pode-se fazer uma contextualização com a garantia do salário mínimo no 
art. 7°, inciso IV, da CF/88: 
“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à 
melhoria de sua condição social: 
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas 
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, 
vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder 
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;” 
 
 - Princípio da Primazia da Atividade Agrária frente ao Direito de 
Propriedade: 
 
A instituição do usucapião pro labore do art. 191, CF é a demonstração que o 
texto constitucional privilegia a posse agrária (que faz a terra cumprir sua função social) 
em detrimento do direito de propriedade : 
 
9 http://www.irtdpjsaopaulo.com.br/sociedade_simples_pareceres1.php, Acessado aos 04 de janeiro de 2012. 
10 Verifique no site do Professor, bem como no http://www.juceg.go.gov.br/ o Manual de Registro de Cooperativas 
do DNRC. 
17 
 
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, 
por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta 
hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-
lhe-á a propriedade. 
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. 
 
 1.1.2. Noções das enumerações doutrinárias quanto a princípios Agrários consoante 
as lições de mestres como Benedito Ferreira Marques, Paulo Tormin Borges e 
Raymundo Laranjeira. 
 
PAULO TORMINN BORGES – entende o mestre que os princípios fundamentais do 
Direito Agrário são: 
1) Função Social da Propriedade; 
2) Progresso Econômico do rurícola; 
3) Progresso Social do Rurícola; 
4) Fortalecimento da economia nacional pelo aumento da produtividade; 
5) Fortalecimento do espírito comunitário, mormente da família; 
6) Desenvolvimento do sentimento de liberdade (pela propriedade) e de igualdade 
(pela oferta de oportunidades concretas). 
7) Implantação da Justiça Distributiva 
8) Eliminação das Injustiças Sociais no Campo 
9) Povoamento da Zona Rural, de maneira ordenada; 
10) Combate ao Minifúndio; 
11) Combate ao Latifúndio; 
12) Combate a qualquer tipo de propriedade rural ociosa; 
13) Combate à exploração predatória ou incorreta da terra. 
 
RAYMUNDO LARANJEIRA – enumera sete princípios: 
1) Do aumento da Produtividade; 
2) Da Privatização das terras 
3) De Proteção à Propriedade Familiar (Estatuto da Terra e do Decreto n. 55.891/65) 
18 
 
4) Do Dimensionamento Eficaz das Áreas Exploráveis 
5) Do Estímulo à Produção Cooperativista 
6) Do Fortalecimento da Empresa Agrária 
7) Da Proteção à Propriedade Consorcial Indígena: 
É extraído da elevação ao domínio da União dos terrenos habitados pelos indígenas, 
sendo-lhes atribuído o direito de ocupação e usufruto dos bens nelas existentes de 
modo quase exclusivo. 
Recentemente o STF11 reiterou esse princípio ao determinar a retirada dos Produtores 
de Arroz da região da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol em Roraima: 
EMENTA: AÇÃO POPULAR. DEMARCAÇÃO DA TERRA INDÍGENA RAPOSA SERRA DO 
SOL. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO PROCESSO ADMINISTRATIVO- DEMARCATÓRIO. 
OBSERVÂNCIA DOS ARTS. 231 E 232 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, BEM COMO DA LEI 
Nº 6.001/73 E SEUS DECRETOS REGULAMENTARES. CONSTITUCIONALIDADE E 
LEGALIDADE DA PORTARIA Nº 534/2005, DO MINISTRO DA JUSTIÇA, ASSIM COMO DO 
DECRETO PRESIDENCIAL HOMOLOGATÓRIO. RECONHECIMENTO DA CONDIÇÃO 
INDÍGENA DA ÁREA DEMARCADA, EM SUA TOTALIDADE. MODELO CONTÍNUO DE 
DEMARCAÇÃO. CONSTITUCIONALIDADE. REVELAÇÃO DO REGIME CONSTITUCIONAL 
DE DEMARCAÇÃO DAS TERRAS INDÍGENAS. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL COMO 
ESTATUTO JURÍDICO DA CAUSA INDÍGENA. A DEMARCAÇÃO DAS TERRAS INDÍGENAS 
COMO CAPÍTULO AVANÇADO DO CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL. INCLUSÃO 
COMUNITÁRIA PELA VIA DA IDENTIDADE ÉTNICA. VOTO DO RELATOR QUE FAZ 
AGREGAR AOS RESPECTIVOS FUNDAMENTOS SALVAGUARDAS INSTITUCIONAIS 
DITADAS PELA SUPERLATIVA IMPORTÂNCIA HISTÓRICO-CULTURAL DA CAUSA. 
SALVAGUARDAS AMPLIADAS A PARTIR DE VOTO-VISTA DO MINISTRO MENEZES 
DIREITO E DESLOCADAS PARA A PARTE DISPOSITIVA DA DECISÃO. 1. AÇÃO NÃO 
CONHECIDA EM PARTE. Ação não-conhecida quanto à pretensão autoral de excluir da 
área demarcada o que dela já fora excluída: o 6º Pelotão Especial de Fronteira, os núcleos 
urbanos dos Municípios de Uiramutã e Normandia, os equipamentos e instalações 
públicos federais e estaduais atualmente existentes, as linhas de transmissão de energia 
elétrica e os leitos das rodovias federais e estaduais também já existentes. Ausência de 
interesse jurídico. Pedidos já contemplados na Portaria nº 534/2005 do Ministro da Justiça. 
Quanto à sede do Município de Pacaraima, cuida-se de território encravado na "Terra 
Indígena São Marcos", matéria estranha à presente demanda. Pleito, por igual, não 
conhecido. 2. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS PROCESSUAIS NA AÇÃO POPULAR. 2.1. 
Nulidade dos atos, ainda que formais, tendo por objeto a ocupação, o domínio e a posse 
das terras situadas na área indígena Raposa Serra do Sol. Pretensos titulares privados 
que não são partes na presente ação popular. Ação que se destina à proteção do 
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe (inciso LXXIII do artigo 5º da 
Constituição Federal), e não à defesa de interesses particulares. 2.2. Ilegitimidade passiva 
do Estado de Roraima, que não foi acusado de praticar ato lesivo ao tipo de bem jurídico 
para cuja proteção se preordena a ação popular. Impossibilidade de ingresso do Estado-
membro na condição de autor, tendo em vista que a legitimidade ativa da ação popular é 
tão-somente do cidadão. 2.3. Ingresso do Estado de Roraima e de outros interessados, 
inclusive de representantes das comunidades indígenas, exclusivamente como 
assistentes simples. 2.4. Regular atuação do Ministério Público. 3. INEXISTÊNCIADE 
VÍCIOS NO PROCESSO ADMINISTRATIVO DEMARCATÓRIO. 3.1. Processo que observou 
as regras do Decreto nº 1.775/96, já declaradas constitucionais pelo Supremo Tribunal 
 
11 Confira a Reportagem: Veja como votaram os ministros do STF sobre a reserva Raposa/Serra do Sol 
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u536332.shtml 
19 
 
Federal no Mandado de Segurança nº 24.045, da relatoria do ministro Joaquim Barbosa. 
Os interessados tiveram a oportunidade de se habilitar no processo administrativo de 
demarcação das terras indígenas, como de fato assim procederam o Estado de Roraima, o 
Município de Normandia, os pretensos posseiros e comunidades indígenas, estas por 
meio de petições, cartas e prestação de informações. Observância das garantias 
constitucionais do contraditório e da ampla defesa. 3.2. Os dados e peças de caráter 
antropológico foram revelados e subscritos por profissionais de reconhecidas 
qualificação científica e se dotaram de todos os elementos exigidos pela Constituição e 
pelo Direito infraconstitucional para a demarcação de terras indígenas, não sendo 
obrigatória a subscrição do laudo por todos os integrantes do grupo técnico (Decretos 
nos 22/91 e 1.775/96). 3.3. A demarcação administrativa, homologada pelo Presidente da 
República, é "ato estatal que se reveste da presunção juris tantum de legitimidade e de 
veracidade" (RE 183.188, da relatoria do ministro Celso de Mello), além de se revestir de 
natureza declaratória e força auto-executória. Não comprovação das fraudes alegadas 
pelo autor popular e seu originário assistente. 4. O SIGNIFICADO DO SUBSTANTIVO 
"ÍNDIOS" NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. O substantivo "índios" é usado pela Constituição 
Federal de 1988 por um modo invariavelmente plural, para exprimir a diferenciação dos 
aborígenes por numerosas etnias. Propósito constitucional de retratar uma diversidade 
indígena tanto interétnica quanto intra-étnica. Índios em processo de aculturação 
permanecem índios para o fim de proteção constitucional. Proteção constitucional que 
não se limita aos silvícolas, estes, sim, índios ainda em primitivo estádio de habitantes da 
selva. 5. AS TERRAS INDÍGENAS COMO PARTE ESSENCIAL DO TERRITÓRIO 
BRASILEIRO. 5.1. As "terras indígenas" versadas pela Constituição Federal de 1988 fazem 
parte de um território estatal-brasileiro sobre o qual incide, com exclusividade, o Direito 
nacional. E como tudo o mais que faz parte do domínio de qualquer das pessoas 
federadas brasileiras, são terras que se submetem unicamente ao primeiro dos princípios 
regentes das relações internacionais da República Federativa do Brasil: a soberania ou 
"independência nacional" (inciso I do art. 1º da CF). 5.2. Todas as "terras indígenas" são 
um bem público federal (inciso XI do art. 20 da CF), o que não significa dizer que o ato em 
si da demarcação extinga ou amesquinhe qualquer unidade federada. Primeiro, porque as 
unidades federadas pós-Constituição de 1988 já nascem com seu território jungido ao 
regime constitucional de preexistência dos direitos originários dos índios sobre as terras 
por eles "tradicionalmente ocupadas". Segundo, porque a titularidade de bens não se 
confunde com o senhorio de um território político. Nenhuma terra indígena se eleva ao 
patamar de território político, assim como nenhuma etnia ou comunidade indígena se 
constitui em unidade federada. Cuida-se, cada etnia indígena, de realidade sócio-cultural, 
e não de natureza político-territorial. 6. NECESSÁRIA LIDERANÇA INSTITUCIONAL DA 
UNIÃO, SEMPRE QUE OS ESTADOS E MUNICÍPIOS ATUAREM NO PRÓPRIO INTERIOR 
DAS TERRAS JÁ DEMARCADAS COMO DE AFETAÇÃO INDÍGENA. A vontade objetiva da 
Constituição obriga a efetiva presença de todas as pessoas federadas em terras 
indígenas, desde que em sintonia com o modelo de ocupação por ela concebido, que é de 
centralidade da União. Modelo de ocupação que tanto preserva a identidade de cada etnia 
quanto sua abertura para um relacionamento de mútuo proveito com outras etnias 
indígenas e grupamentos de não-índios. A atuação complementar de Estados e 
Municípios em terras já demarcadas como indígenas há de se fazer, contudo, em regime 
de concerto com a União e sob a liderança desta. Papel de centralidade institucional 
desempenhado pela União, que não pode deixar de ser imediatamente coadjuvado pelos 
próprios índios, suas comunidades e organizações, além da protagonização de tutela e 
fiscalização do Ministério Público (inciso V do art. 129 e art. 232, ambos da CF). 7. AS 
TERRAS INDÍGENAS COMO CATEGORIA JURÍDICA DISTINTA DE TERRITÓRIOS 
INDÍGENAS. O DESABONO CONSTITUCIONAL AOS VOCÁBULOS "POVO", "PAÍS", 
"TERRITÓRIO", "PÁTRIA" OU "NAÇÃO" INDÍGENA. Somente o "território" enquanto 
categoria jurídico-política é que se põe como o preciso âmbito espacial de incidência de 
uma dada Ordem Jurídica soberana, ou autônoma. O substantivo "terras" é termo que 
assume compostura nitidamente sócio-cultural, e não política. A Constituição teve o 
cuidado de não falar em territórios indígenas, mas, tão-só, em "terras indígenas". A 
traduzir que os "grupos", "organizações", "populações" ou "comunidades" indígenas não 
constituem pessoa federada. Não formam circunscrição ou instância espacial que se orne 
de dimensão política. Daí não se reconhecer a qualquer das organizações sociais 
20 
 
indígenas, ao conjunto delas, ou à sua base peculiarmente antropológica a dimensão de 
instância transnacional. Pelo que nenhuma das comunidades indígenas brasileiras detém 
estatura normativa para comparecer perante a Ordem Jurídica Internacional como 
"Nação", "País", "Pátria", "território nacional" ou "povo" independente. Sendo de fácil 
percepção que todas as vezes em que a Constituição de 1988 tratou de "nacionalidade" e 
dos demais vocábulos aspeados (País, Pátria, território nacional e povo) foi para se referir 
ao Brasil por inteiro. 8. A DEMARCAÇÃO COMO COMPETÊNCIA DO PODER EXECUTIVO 
DA UNIÃO. Somente à União, por atos situados na esfera de atuação do Poder Executivo, 
compete instaurar, sequenciar e concluir formalmente o processo demarcatório das terras 
indígenas, tanto quanto efetivá-lo materialmente, nada impedindo que o Presidente da 
República venha a consultar o Conselho de Defesa Nacional (inciso III do § 1º do art. 91 da 
CF), especialmente se as terras indígenas a demarcar coincidirem com faixa de fronteira. 
As competências deferidas ao Congresso Nacional, com efeito concreto ou sem 
densidade normativa, exaurem-se nos fazeres a que se referem o inciso XVI do art. 49 e o 
§ 5º do art. 231, ambos da Constituição Federal. 9. A DEMARCAÇÃO DE TERRAS 
INDÍGENAS COMO CAPÍTULO AVANÇADO DO CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL. Os 
arts. 231 e 232 da Constituição Federal são de finalidade nitidamente fraternal ou solidária, 
própria de uma quadra constitucional que se volta para a efetivação de um novo tipo de 
igualdade: a igualdade civil-moral de minorias, tendo em vista o proto-valor da integração 
comunitária. Era constitucional compensatória de desvantagens historicamente 
acumuladas, a se viabilizar por mecanismos oficiais de ações afirmativas. No caso, os 
índios a desfrutar de um espaço fundiário que lhes assegure meios dignos de 
subsistência econômica para mais eficazmente poderem preservar sua identidade 
somática, linguística e cultural. Processo de uma aculturação que não se dilui no convívio 
com os não-índios, pois a aculturação de que trata a Constituição não é perda de 
identidade étnica, mas somatório de mundividências. Uma soma, e não uma subtração. 
Ganho, e não perda. Relações interétnicas de mútuo proveito, a caracterizar ganhos 
culturais incessantemente cumulativos. Concretização constitucional do valor da inclusão 
comunitária pela via da identidade étnica. 10. O FALSO ANTAGONISMO ENTRE A 
QUESTÃO INDÍGENA E O DESENVOLVIMENTO. Ao Poder Público de todas as dimensões 
federativas o que incumbe não é subestimar, e muito menos hostilizar comunidades 
indígenas brasileiras, mastirar proveito delas para diversificar o potencial econômico-
cultural dos seus territórios (dos entes federativos). O desenvolvimento que se fizer sem 
ou contra os índios, ali onde eles se encontrarem instalados por modo tradicional, à data 
da Constituição de 1988, desrespeita o objetivo fundamental do inciso II do art. 3º da 
Constituição Federal, assecuratório de um tipo de "desenvolvimento nacional" tão 
ecologicamente equilibrado quanto humanizado e culturalmente diversificado, de modo a 
incorporar a realidade indígena. 11. O CONTEÚDO POSITIVO DO ATO DE DEMARCAÇÃO 
DAS TERRAS INDÍGENAS. 11.1. O marco temporal de ocupação. A Constituição Federal 
trabalhou com data certa -- a data da promulgação dela própria (5 de outubro de 1988) -- 
como insubstituível referencial para o dado da ocupação de um determinado espaço 
geográfico por essa ou aquela etnia aborígene; ou seja, para o reconhecimento, aos 
índios, dos direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam. 11.2. O 
marco da tradicionalidade da ocupação. É preciso que esse estar coletivamente situado 
em certo espaço fundiário também ostente o caráter da perdurabilidade, no sentido 
anímico e psíquico de continuidade etnográfica. A tradicionalidade da posse nativa, no 
entanto, não se perde onde, ao tempo da promulgação da Lei Maior de 1988, a reocupação 
apenas não ocorreu por efeito de renitente esbulho por parte de não-índios. Caso das 
"fazendas" situadas na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, cuja ocupação não arrefeceu 
nos índios sua capacidade de resistência e de afirmação da sua peculiar presença em 
todo o complexo geográfico da "Raposa Serra do Sol". 11.3. O marco da concreta 
abrangência fundiária e da finalidade prática da ocupação tradicional. Áreas indígenas são 
demarcadas para servir concretamente de habitação permanente dos índios de uma 
determinada etnia, de par com as terras utilizadas para suas atividades produtivas, mais 
as "imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar" 
e ainda aquelas que se revelarem "necessárias à reprodução física e cultural" de cada 
qual das comunidades étnico-indígenas, "segundo seus usos, costumes e tradições" 
(usos, costumes e tradições deles, indígenas, e não usos, costumes e tradições dos não-
índios). Terra indígena, no imaginário coletivo aborígine, não é um simples objeto de 
21 
 
direito, mas ganha a dimensão de verdadeiro ente ou ser que resume em si toda 
ancestralidade, toda coetaneidade e toda posteridade de uma etnia. Donde a proibição 
constitucional de se remover os índios das terras por eles tradicionalmente ocupadas, 
assim como o reconhecimento do direito a uma posse permanente e usufruto exclusivo, 
de parelha com a regra de que todas essas terras "são inalienáveis e indisponíveis, e os 
direitos sobre elas, imprescritíveis" (§ 4º do art. 231 da Constituição Federal). O que 
termina por fazer desse tipo tradicional de posse um heterodoxo instituto de Direito 
Constitucional, e não uma ortodoxa figura de Direito Civil. Donde a clara intelecção de que 
OS ARTIGOS 231 E 232 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL CONSTITUEM UM COMPLETO 
ESTATUTO JURÍDICO DA CAUSA INDÍGENA. 11.4. O marco do conceito fundiariamente 
extensivo do chamado "princípio da proporcionalidade". A Constituição de 1988 faz dos 
usos, costumes e tradições indígenas o engate lógico para a compreensão, entre outras, 
das semânticas da posse, da permanência, da habitação, da produção econômica e da 
reprodução física e cultural das etnias nativas. O próprio conceito do chamado "princípio 
da proporcionalidade", quando aplicado ao tema da demarcação das terras indígenas, 
ganha um conteúdo peculiarmente extensivo. 12. DIREITOS "ORIGINÁRIOS". Os direitos 
dos índios sobre as terras que tradicionalmente ocupam foram constitucionalmente 
"reconhecidos", e não simplesmente outorgados, com o que o ato de demarcação se orna 
de natureza declaratória, e não propriamente constitutiva. Ato declaratório de uma 
situação jurídica ativa preexistente. Essa a razão de a Carta Magna havê-los chamado de 
"originários", a traduzir um direito mais antigo do que qualquer outro, de maneira a 
preponderar sobre pretensos direitos adquiridos, mesmo os materializados em escrituras 
públicas ou títulos de legitimação de posse em favor de não-índios. Atos, estes, que a 
própria Constituição declarou como "nulos e extintos" (§ 6º do art. 231 da CF). 13. O 
MODELO PECULIARMENTE CONTÍNUO DE DEMARCAÇÃO DAS TERRAS INDÍGENAS. O 
modelo de demarcação das terras indígenas é orientado pela ideia de continuidade. 
Demarcação por fronteiras vivas ou abertas em seu interior, para que se forme um perfil 
coletivo e se afirme a auto-suficiência econômica de toda uma comunidade usufrutuária. 
Modelo bem mais serviente da ideia cultural e econômica de abertura de horizontes do 
que de fechamento em "bolsões", "ilhas", "blocos" ou "clusters", a evitar que se dizime o 
espírito pela eliminação progressiva dos elementos de uma dada cultura (etnocídio). 14. A 
CONCILIAÇÃO ENTRE TERRAS INDÍGENAS E A VISITA DE NÃO-ÍNDIOS, TANTO QUANTO 
COM A ABERTURA DE VIAS DE COMUNICAÇÃO E A MONTAGEM DE BASES FÍSICAS 
PARA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS OU DE RELEVÂNCIA PÚBLICA. A 
exclusividade de usufruto das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nas terras indígenas 
é conciliável com a eventual presença de não-índios, bem assim com a instalação de 
equipamentos públicos, a abertura de estradas e outras vias de comunicação, a 
montagem ou construção de bases físicas para a prestação de serviços públicos ou de 
relevância pública, desde que tudo se processe sob a liderança institucional da União, 
controle do Ministério Público e atuação coadjuvante de entidades tanto da Administração 
Federal quanto representativas dos próprios indígenas. O que já impede os próprios 
índios e suas comunidades, por exemplo, de interditar ou bloquear estradas, cobrar 
pedágio pelo uso delas e inibir o regular funcionamento das repartições públicas. 15. A 
RELAÇÃO DE PERTINÊNCIA ENTRE TERRAS INDÍGENAS E MEIO AMBIENTE. Há perfeita 
compatibilidade entre meio ambiente e terras indígenas, ainda que estas envolvam áreas 
de "conservação" e "preservação" ambiental. Essa compatibilidade é que autoriza a dupla 
afetação, sob a administração do competente órgão de defesa ambiental. 16. A 
DEMARCAÇÃO NECESSARIAMENTE ENDÓGENA OU INTRAÉTNICA. Cada etnia autóctone 
tem para si, com exclusividade, uma porção de terra compatível com sua peculiar forma 
de organização social. Daí o modelo contínuo de demarcação, que é monoétnico, 
excluindo-se os intervalados espaços fundiários entre uma etnia e outra. Modelo 
intraétnico que subsiste mesmo nos casos de etnias lindeiras, salvo se as prolongadas 
relações amistosas entre etnias aborígines venham a gerar, como no caso da Raposa 
Serra do Sol, uma condivisão empírica de espaços que impossibilite uma precisa fixação 
de fronteiras interétnicas. Sendo assim, se essa mais entranhada aproximação física 
ocorrer no plano dos fatos, como efetivamente se deu na Terra Indígena Raposa Serra do 
Sol, não há como falar de demarcação intraétnica, menos ainda de espaços intervalados 
para legítima ocupação por não-índios, caracterização de terras estaduais devolutas, ou 
implantação de Municípios. 17. COMPATIBILIDADE ENTRE FAIXA DE FRONTEIRA E 
22 
 
TERRAS INDÍGENAS. Há compatibilidade entre o usufruto de terras indígenas e faixa de 
fronteira. Longe de se pôr como um ponto de fragilidade estrutural das faixas de fronteira, 
a permanente alocação indígena nesses estratégicos espaços em muito facilita e até 
obriga que as instituições de Estado (Forças Armadas e Polícia Federal, principalmente) 
se façam também presentes com seus postos de vigilância, equipamentos, batalhões, 
companhias e agentes. Sem precisar de licença de quem quer que seja para fazê-lo. 
Mecanismos, esses, a serem aproveitados como oportunidade ímpar para conscientizar 
ainda mais os nossos indígenas, instruí-los (a partir dos conscritos), alertá-loscontra a 
influência eventualmente malsã de certas organizações não-governamentais estrangeiras, 
mobilizá-los em defesa da soberania nacional e reforçar neles o inato sentimento de 
brasilidade. Missão favorecida pelo fato de serem os nossos índios as primeiras pessoas 
a revelar devoção pelo nosso País (eles, os índios, que em toda nossa história 
contribuíram decisivamente para a defesa e integridade do território nacional) e até hoje 
dar mostras de conhecerem o seu interior e as suas bordas mais que ninguém. 18. 
FUNDAMENTOS JURÍDICOS E SALVAGUARDAS INSTITUCIONAIS QUE SE 
COMPLEMENTAM. Voto do relator que faz agregar aos respectivos fundamentos 
salvaguardas institucionais ditadas pela superlativa importância histórico-cultural da 
causa. Salvaguardas ampliadas a partir de voto-vista do Ministro Menezes Direito e 
deslocadas, por iniciativa deste, para a parte dispositiva da decisão. Técnica de 
decidibilidade que se adota para conferir maior teor de operacionalidade ao acórdão. 
(STF12, Pet 3388/RR- Roraima, Relator; Min. Carlos Britto, Julgamento; 19/03/2009, Órgão 
Julgador: Tribunal Pleno.) 
 
BENEDITO FERREIRA MARQUES- enumera 15 princípios agrários: 
1) O monopólio legislativo da União (art. 22, §1°, CF); 
2) A utilização da terra se sobrepõe à titulação dominial; 
3) A propriedade da Terra é Garantida, mas condicionada ao cumprimento da função 
social; 
4) O Direito Agrário é dicotômico: Compreende política de Reforma (Reforma Agrária) 
e de Desenvolvimento Agrário (Política Agrícola); 
5) As normas jurídicas primam pela prevalência do interesse público sobre o particular; 
6) A reformulação da estrutura fundiária é uma realidade constante; 
7) O fortalecimento do espírito comunintário, através de cooperativas e associações; 
8) O Combate ao latifúndio, ao minifúndio, ao êxodo rural, à exploração predatória e 
aos mercenários da terra; 
9) A privatização dos imóveis rurais públicos; 
10) A proteção à propriedade familiar, à pequena e à média propriedade; 
11) O Fortalecimento da Empresa Agrária; 
12) A Proteção da Propriedade Consorcial Indígena; 
13) O Dimensionamento Eficaz das Áreas Exploráveis; 
14) A Proteção do trabalhador rural; 
15) A Conservação e a Preservação dos recursos naturais e a proteção do meio 
ambiente. 
 
 1.2. Sua importância como Ciência Jurídica (ponto abordado em sala de aula- 
reafirmando o Direito Agrário Constitucional) 
 
12 Veja também em Jurisprudência correlata ao assunto no STF: Pet 3755 AgR / RR – RORAIMA, AC 1794 
MC-AgR / RR – RORAIMA, MS 25483 / DF - DISTRITO FEDERAL. 
23 
 
PONTO N. 02- DIREITO AGRÁRIO 
 
2.1- CONCEITO: 
O Direito Agrário é o conjunto sistemático de normas jurídicas que visam disciplinar as 
relações do homem com a terra, tendo em vista o progresso econômico e social do rurícola e o 
enriquecimento da comunidade. (PauloTorminn Borges) 
 
2.2- AUTONOMIA (aspectos). Justiça Agrária: 
A autonomia do Direito Agrário como ciência jurídica pode ser observada sob os 
seguintes aspectos: legislativo, científico, didático e jurisdicional. 
Autonomia Legislativa: 
• Marco EC n. 10/64, em 30/10/64 ampliando a competência legislativa da União 
para legislar sobre Direito Agrário; 
• Após, em 30/11/64, foi promulgado o ESTATUTO DA TERRA (Lei n. 4.564/64) – 
para muitos o verdadeiro ‘’Código Agrário’’ – recepcionado pela Constituição 
Federal de 1988. 
Autonomia científica – normas e princípios próprios. 
Autonomia Didática: estudo da disciplina na Graduação e em outros níveis. 
 
Autonomia Jurisdicional - questão da JUSTIÇA AGRÁRIA: 
O art. 126, da CF, quanto a organização dos Tribunais Estaduais, designa que : 
“Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de 
varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)” 
Essa recomendação aos TJs não satisfaz aos estudiosos do Direito Agrário, que por 
sua vez reivindicam a criação de uma Justiça Agrária – preferencialmente federal, dada a 
imensa gama de processos e questões que envolvem a relação do homem com o campo. 
 
2.3- Conteúdo e Objeto do Direito Agrário: 
As atividades agrárias constituem o núcleo do objeto do Direito Agrário. 
O que seriam atividades agrárias? 
24 
 
1) Emílio Alberto Maya Gischkow designa que a atividade agrária pode ser vista em 
três aspectos fundamentais: 
A) Atividade imediata: abrange a atuação humana em relação a todos os 
recursos da natureza 
B) Os objetivos e instrumentos dessa atividade: compreendendo a preservação 
de recursos naturais; a atividade extrativa de produtos inorgânicos e 
orgânicos, a captura de seres orgânicos (caça e a pesca) e a produtiva 
(agricultura e pecuária) 
C) Atividades Conexas: como o transporte de produtos agrícolas, os processos 
industriais. 
 
2) Raymundo Laranjeira: classifica as atividades agrárias em 03 vertentes: 
A) EXPLORAÇÕES RURAIS TÍPICAS: correspondem à lavoura, pecuária, 
extrativismo vegetal e animal e a hortigranjearia; 
B) EXPLORAÇÃO RURAL ATÍPICA: agroindústria13; 
C) ATIVIDADE COMPLEMENTAR DA EXPLORAÇÃO RURAL: que compreende o 
transporte e a comercialização dos produtos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13
 Agroindústria compreende o beneficiamento de matérias-primas, diz respeito ao processo industrializante 
desenvolvido nos limites territoriais em que são obtidos os produtos primários. Exemplos: beneficiamento de 
arroz, produção de farinha de mandioca, de polvilho, o manuseio de motor de desfibrar o sisal, manutenção de 
desnatadeira para a produção de queijo etc. 
25 
 
 
PONTO N. 03- IMÓVEL RURAL 
 
3.1- CONCEITO DE IMÓVEL RURAL: 
Estatuto da Terra (Lei n. 4054/64), art. 4°, inciso I: 
“I - "Imóvel Rural", o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que 
se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer através de planos públicos 
de valorização, quer através de iniciativa privada;” 
 Logo, o Estatuto da Terra adotou o critério da DESTINAÇÀO como elemento 
diferenciador entre imóvel rústico e urbano. 
O Código Tributário Nacional (Lei n. 5172/6614) adotou o critério da LOCALIZAÇÃO, 
no art. 29: 
“Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato 
gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, 
localização fora da zona urbana do Município.” 
 
Posteriormente, quanto a matéria legal em plena vigência, a Lei n. 8.629/93, que veio 
regulamentar os arts. 184 e 186 da CF/88, trouxe em seu art. 4°, inciso I, novamente o critério 
DESTINAÇÃO DO IMÓVEL: 
“I - Imóvel Rural - o prédio rústico de área contínua, qualquer que seja a sua 
localização, que se destine ou possa se destinar à exploração agrícola, pecuária, extrativa 
vegetal, florestal ou agro-industrial;” 
 
Não obstante, a Lei. 9.393/96, que atualmente dispõem sobre o ITR também utilizou-se 
do critério LOCALIZAÇÃO DO IMÓVEL, em seu art. 1°: 
Art. 1º O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, de apuração anual, tem como fato 
gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona 
urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano. 
§ 1º O ITR incide inclusive sobre o imóvel declarado de interesse social para fins de reforma 
agrária, enquanto não transferida a propriedade, exceto se houver imissão prévia na posse. 
§ 2º Para os efeitos desta Lei, considera-se imóvel rural a área contínua, formada de uma 
ou mais parcelas de terras, localizada na zona rural do município. 
 
14 Recepcionada pela CF/88 como Lei Complementar (traça normas gerais de direito tributário) 
26 
 
§ 3º O imóvel que pertencer a mais de um município deverá ser enquadrado no município 
ondefique a sede do imóvel e, se esta não existir, será enquadrado no município onde se localize 
a maior parte do imóvel. 
Como Proceder: verificar que quanto a questões tributárias devemos observar o 
regramento tributário e quanto a questões agrárias devemos observar a legislação agrária. 
(lembrar da autonomia legislativa do Direito Agrário) 
 
Elementos constitutivos do Imóvel Rural: prédio rústico, área contínua e 
destinação voltada para as atividades agrárias. 
Prédio rústico: O prédio rústico é aquela construção que atende às necessidades de 
moradia e exploração econômica do meio rural, repleto de benfeitorias para o recolhimento de 
gado, para estocagem de frutos, cereais, etc. 
Área contínua: é a extensão de terra continuamente, ou seja ininterruptamente que se 
dedica à atividade agrária. (existe a possibilidade de intervalos de produção para descanso do 
solo etc, não desnaturando a finalidade da área para a exploração de atividades rurais) 
 
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definem-se: 
 I - "Imóvel Rural", o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se 
destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer através de planos públicos de 
valorização, quer através de iniciativa privada; 
 II - "Propriedade Familiar", o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua 
família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e 
econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho 
com a ajuda de terceiros; 
 III - "Módulo Rural", a área fixada nos termos do inciso anterior; 
 IV - "Minifúndio", o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade familiar; 
 V - "Latifúndio", o imóvel rural que: 
 a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1°, alínea b, desta Lei, tendo-se em 
vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais e o fim a que se destine; 
 b) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual ou superior à dimensão do 
módulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas 
e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente explorado, de modo a 
vedar-lhe a inclusão no conceito de empresa rural; 
 VI - "Empresa Rural" é o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que 
explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro de condição de rendimento econômico 
...Vetado... da região em que se situe e que explore área mínima agricultável do imóvel segundo padrões 
fixados, pública e previamente, pelo Poder Executivo. Para esse fim, equiparam-se às áreas cultivadas, 
as pastagens, as matas naturais e artificiais e as áreas ocupadas com benfeitorias; 
27 
 
 VII - "Parceleiro", aquele que venha a adquirir lotes ou parcelas em área destinada à Reforma 
Agrária ou à colonização pública ou privada; 
 VIII - "Cooperativa Integral de Reforma Agrária (C.I.R.A.)", toda sociedade cooperativa mista, de 
natureza civil, ...Vetado... criada nas áreas prioritárias de Reforma Agrária, contando temporariamente 
com a contribuição financeira e técnica do Poder Público, através do Instituto Brasileiro de Reforma 
Agrária, com a finalidade de industrializar, beneficiar, preparar e padronizar a produção agropecuária, 
bem como realizar os demais objetivos previstos na legislação vigente; 
 IX - "Colonização", toda a atividade oficial ou particular, que se destine a promover o 
aproveitamento econômico da terra, pela sua divisão em propriedade familiar ou através de Cooperativas 
...Vetado... 
 Parágrafo único. Não se considera latifúndio: 
 a) o imóvel rural, qualquer que seja a sua dimensão, cujas características recomendem, sob o ponto 
de vista técnico e econômico, a exploração florestal racionalmente realizada, mediante planejamento 
adequado; 
 b) o imóvel rural, ainda que de domínio particular, cujo objeto de preservação florestal ou de outros 
recursos naturais haja sido reconhecido para fins de tombamento, pelo órgão competente da 
administração pública. 
 Art. 5° A dimensão da área dos módulos de propriedade rural será fixada para cada zona de 
características econômicas e ecológicas homogêneas, distintamente, por tipos de exploração rural que 
nela possam ocorrer. 
 Parágrafo único. No caso de exploração mista, o módulo será fixado pela média ponderada das 
partes do imóvel destinadas a cada um dos tipos de exploração considerados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
Ponto n. 04 - DIMENSIONAMENTO DE IMÓVEL RURAL: 
 
1. Propriedade Familiar: 
O inciso II, do art. 4º, do Estatuto da Terra (Lei 4.504/64), define como "Propriedade Familiar" o imóvel 
rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de 
trabalho, garantido-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para 
cada região e tipo de exploração, e eventualmente, trabalhado com a ajuda de terceiros. 
 
2. Módulo Rural: 
O conceito de módulo rural é derivado do conceito de propriedade familiar, e, em sendo assim, é uma 
unidade de medida, expressa em hectares, que busca exprimir a interdependência entre a dimensão, a 
situação geográfica dos imóveis rurais e a forma e condições do seu aproveitamento econômico. Definir 
o que seja Propriedade Familiar é fundamental para entender o significado de Módulo Rural. 
Logo: MÓDULO RURAL = PROPRIEDADE FAMILIAR!!! 
Órgão competente para afixar a medida de área: INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma 
Agrária). 
Veja a classificação do MÓDULO RURAL SEGUNDO A EXPLORAÇÃO DESENVOLVIDA: 
A) De exploração hortigranjeira; 
B) De lavoura permanente; 
C) De lavoura temporária; 
D) De exploração pecuária (de médio e grande porte); 
E) De exploração florestal; 
F) Módulo de exploração indefinida (em que não é especificado quanto ao tipo de exploração) 
DECRETO N. 55.891/65: 
Art. 11. O módulo rural, definido no inciso III do art. 4º do Estatuto da Terra, tem como finalidade 
primordial estabelecer uma unidade de medida que exprima a interdependência entre a dimensão, a 
situação geográfica dos imóveis rurais e a forma e condições do seu aproveitamento econômico. 
Parágrafo único. A fixação do dimensionamento econômico do imóvel que, para cada zona de 
características ecológicas e econômicas homogêneas e para os diversos tipos de exploração, 
representará o módulo, será feita em função: 
a) da localização e dos meios de acesso do imóvel em relação aos grandes mercados; 
b) das características ecológicas das áreas em que se situam; 
c) dos tipos de exploração predominante na respectiva zona. 
29 
 
 
• Quanto ao módulo rural podemos resumir que: 
 
I- É uma medida de área (expressa em hectares); 
II- A área definida para a Propriedade Familiar constitui o Módulo Rural; 
III- Varia de acordo com cada região do país onde se situe o imóvel rural; 
IV- Varia de acordo com o tipo de exploração 
V- Implica em um mínimo de renda a ser obtido, ou seja, o salário mínimo. 
VI- A renda deve propiciar ao explorador de atividade agrária não apenas a sua 
subsistência, mas ao progresso econômico social. 
 
Logo, essa medida pode ser atrelada aos seguintes preceitos constitucionais: 
• Art. 3°, III(Princípio da Dignidade da Pessoa Humana), 
• Art. 187, VIII (habitação para o trabalhador rural) 
• Art. 7°, IV, (Direitos sociais- salário mínimo capaz de atender a suas necessidades vitais, 
às de sua família, com moradia, transporte, alimentação, educação, saúde, lazer, 
vestuário, higiene e previdência social) – PRINCÍPIO DA MELHORIA DA QUALIDADE DE 
VIDA NO CAMPO 
 
3. Zona Típica de Módulo - ZTM 
Regiões delimitadas, a partir do conceito de módulo rural, com características ecológicas e econômicas 
homogêneas,baseada na divisão microrregional do IBGE – Microrregiões Geográficas - MRG, 
considerando as influências demográficas e econômicas de grandes centros urbanos. 
Os municípios estão classificados segundo a ZTM a que pertencem, codificadas de 1 a 9 e são 
especificadas abaixo, de acordo com sua dimensão e tal como fixadas pela Instrução Especial INCRA/Nº 
50, de 26.08.97, aprovada pela Portaria MEPF/Nº 36, de 26.08.97, que altera a Portaria MIRAD nº 32/89. 
 
4. Módulo Fiscal (art. 50, §2°, Estatuto da Terra, com redação dada pela Lei n. 
6746/79) 
 
Conceito: Unidade de medida expressa em hectares, fixada para cada município, 
considerando os seguintes fatores: 
• Tipo de exploração predominante no município; 
30 
 
• Renda obtida com a exploração predominante; 
• Outras explorações existentes no município que, embora não predominantes, sejam 
significativas em função da renda ou da área utilizada; e 
• Conceito de propriedade familiar. 
 
 4.1 - Finalidades do Módulo Fiscal: 
• Inicialmente servia como elemento constitutivo para a fixação do ITR; 
• Segundo o art. 22, incisos I, II e III, do Decreto n. 84.685/80: minifúndio, propriedade familiar, 
empresa rural, latifúndio por exploração e latifúndio por dimensão15; 
• serve de parâmetro para classificação do imóvel rural quanto a sua dimensão, definindo os 
limites para a pequena e média propriedade nos termos do art. 4º , incisos II e III da Lei nº 8.629 
de 25 de fevereiro de 1993; 
• delimitação dos beneficiários do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – 
PRONAF; 
• estabelece os critérios de resgate da dívida agrária pagos como indenização das 
desapropriações por interesse social, de acordo com o art. 5º, parágrafo 3º, da Lei nº 8.629, de 
25 de fevereiro de 1993 e suas alterações; 
• base de cálculo para a contribuição do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR. 
• 
O Módulo Fiscal, vigente de cada município, foi fixado pelos seguintes atos normativos: 
Instruções Especiais/INCRA Nº 19/80, 20/80, 23/82, 27/83, 29/84, 32/85, 33/86 e 37/87; Portaria/MIRAD 
nº 665/88 e 33/89; Portaria MA nº 167/89; Instrução Especial/INCRA nº 39/90, Portaria Interministerial 
MEFP/MARA nº 308/91 e nº 404/93; Instrução Especial INCRA nº 51/97, Instrução Especial INCRA Nº 
1/2001e Instrução Especial INCRA Nº 03/2005. 
 
15 Art. 22 - Para efeito do disposto no art. 4º incisos IV e V, e no art. 46, § 1º, alínea "b", da Lei nº 
4.504,de 30 de novembro de 1964, considera-se: 
I - Minifúndio, o imóvel rural com dimensão inferior a um módulo fiscal, calculado na forma do art. 5º; 
II - Latifúndio, o imóvel rural que: 
a) exceda a seiscentas vezes o módulo fiscal calculado na forma do art. 5º; 
b) não escedendo o limite referido no inciso anterior e tendo dimensão igual ou superior a um módulo 
fiscal, seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com 
fins especulativos, ou seja, deficiente ou inadequadamente explorado, de modo a edar-lhe a inclusão no 
conceito de empresa rural; 
III - Empresa Rural, o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que explore 
econômica e racionalmente imóvel rural, dentro das condições de cumprimento da função social da terra 
e atendidos simultaneamente os requisitos seguintes: 
a) tenha grau de utilização da terra igual ou superior a 80% (oitenta por cento), calculado na forma da 
alínea "a"do art. 8o; 
b) tenha grau de eficiência na esploração, calculado na forma do art. 10, igual ou superior na 100% (cem 
por cento); 
c) cumpra integralmente a legislação que rege as relações de trabalho e os contratos de uso 
temporário da terra 
31 
 
 
4.2 - Aplicação do Módulo Fiscal: 
 
O Módulo Fiscal serve de parâmetro para classificação do imóvel rural quanto ao tamanho, 
na forma da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993: 
• Pequena Propriedade – o imóvel rural de área compreendida entre 1 (um) e 4(quatro) módulos 
fiscais; 
• Média Propriedade - o imóvel rural de área de área superior a 4 (quatro) e até 15 (quinze) 
módulos fiscais. 
• Serve também de parâmetro para definir os beneficiários do PRONAF (pequenos agricultores de 
economia familiar, proprietários, meeiros, posseiros, parceiros ou arrendatários de até 4 (quatro) 
módulos fiscais). 
 
5. Diferença entre Módulo Rural e Módulo Fiscal: 
 
Módulo Rural é calculado para cada imóvel rural em separado, e sua área reflete o tipo de exploração 
predominante no imóvel rural, segundo sua região de localização. 
Módulo Fiscal por sua vez é estabelecido para cada município, e procura refletir a área mediana dos 
Módulos Rurais dos imóveis rurais do município. 
 
6. Fração Mínima de Parcelamento – FMP: 
 
Atenção: Primeiramente o aluno deve RELEMBRAR que toda e qualquer propriedade 
rural deve buscar o cumprimento de sua função social; após é possível concluir que devem ser 
combatidas as pequenas áreas de terras que mal produzem para a subsistência da família que as 
cultiva, da mesma forma que se deve combater a imensa área inerte para fins de especulação. 
No ordenamento jurídico vigente, verificam-se alguns instrumentos de combate à ineficácia 
social do imóvel urbano: CF, no art. 183 c/c art. 1240, Código Civil: Usucapião Pro Moradia; e Lei n. 
10.257 (Estatuto da Cidade), art. 10 c/c art. 1228, §4°: Usucapião Coletivo. 
Esses instrumentos atendem a função social da PROPRIEDADE URBANA, mas não 
atendem à função social da propriedade rural, pois essa vai além da garantia ao direito de moradia de 
seu proprietário e/ou explorador. 
É possível concluir que deve ser combatido o fracionamento das áreas rurais que não 
primem pela função social da propriedade rural. 
Atenção: Observe que o CC, arts. 87 e 88 trata da indivisibilidade do bem quando a 
divisão: alterar sua substância, diminuir consideravelmente o seu valor, prejuízo ao uso a que se 
32 
 
destinam; bem como os bens naturalmente indivisíveis por determinação da lei ou vontade das 
partes. 
 
NO CASO, A INDIVISIBILIDADE DO IMÓVEL RURAL É DETERMINADA POR LEI 
EXPRESSA: art. 65, ET: 
 
Art. 65. O imóvel rural não é divisível em áreas de dimensão inferior à constitutiva do 
módulo de propriedade rural. (Regulamento) 
 § 1° Em caso de sucessão causa mortis e nas partilhas judiciais ou amigáveis, não se 
poderão dividir imóveis em áreas inferiores às da dimensão do módulo de propriedade rural. 
 § 2º Os herdeiros ou os legatários, que adquirirem por sucessão o domínio de imóveis 
rurais, não poderão dividi-los em outros de dimensão inferior ao módulo de propriedade 
rural. 
 § 3º No caso de um ou mais herdeiros ou legatários desejar explorar as terras assim 
havidas, o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária poderá prover no sentido de o requerente 
ou requerentes obterem financiamentos que lhes facultem o numerário para indenizar os 
demais condôminos. 
 § 4° O financiamento referido no parágrafo anterior só poderá ser concedido mediante 
prova de que o requerente não possui recursos para adquirir o respectivo lote. 
 § 5o Não se aplica o disposto no caput deste artigo aos parcelamentos de imóveis 
rurais em dimensão inferior à do módulo, fixada pelo órgão fundiário federal, quando 
promovidos pelo Poder Público, em programas oficiais de apoio à atividade agrícola familiar, 
cujos beneficiários sejam agricultores que não possuam outro imóvel rural ou urbano. 
(Incluído pela Lei nº 11.446, de 2007). 
 § 6o Nenhum imóvel rural adquirido na forma do § 5o deste artigo poderá ser 
desmembrado ou dividido. (Incluído pela Lei nº 11.446, de 2007). 
 
6.1 - Conceito de Fração Mínima de Parcelamento: 
 
Área mínima fixada para cada município, que a lei permite desmembrar, para constituição 
de um novo imóvel rural, desde que o imóvel original permaneça com área igual ou superior à área 
mínima fixada (artigo 8º, da Lei nº 5.868/72). 
A Fração Mínima de Parcelamento

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