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novo_acordo_ortografico

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Orthographia virou ortografia 
Um panorama da evolução do registro escrito da língua portuguesa 
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A ortografia, da combinação dos elementos de origem grega orto- (reto, direito, correto, normal) e -grafia (representação escrita de uma palavra), é, segundo o dicionário Houaiss, "o conjunto de regras estabelecidas pela gramática normativa que ensina a grafia correta das palavras". 
Folha de rosto da Ortografia da Lingua
Portugueza, de João Franco Barreto (1671).
Folha de rosto da Ortographia, ou Arte de escrever e pronunciar com acerto a lingua portugueza, de João de Moraes Madureira Feijó (1739)
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Em constante mudança
1500 - "Datada deste porto seguro davosa jlha da vera cruz oje sesta feira primeiro de mayo de 1500..." (Trecho original da Carta de Caminha).
1576 – O bonito complicado é que valia. Duarte Nunes Leão publicou Orthographia da Lingoa Portuguesa para melhora a “scrptura” que, segundo o autor, andava “mui depravada”
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Século 19 – Antonio de Moraes Silva escreveu Diccionario da Lingua Portuguesa. Assim marcava o início pela simplificação da ortografia.
Início do século 20 – O “chaos” ortográfico se instala. Praticamente, cada escritor tinha sua ortografia.
1904 – Gonçalves Viana publicou Ortografia Nacional cuja proposta era a simplificação da escrita através da valorização da fala e do afastamento do latim.
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1943 – Início do processo de uniformização da ortografia portuguesa e brasileira.
1971 - No governo Médici, um novo decreto é assinado. A ortografia de 1943 sofreu pequenas alterações. Essa foi a última reforma e perdura até hoje. Em Portugal, nada foi alterado. 
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Acordo Ortográfico (1990)
Mudanças no português do Brasil
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"A frequência com que empresários leem durante um voo é heroica!"
 Ao que tudo indica, a frase acima possui pelo menos quatro erros de ortografia. Mas isso não é verdade, pois no momento em que começou a vigorar o "Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa", ela está corretíssima. Os países-irmãos Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste terão, enfim, uma única forma de escrever.
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Esse acordo dá uma nova dimensão à presença da língua portuguesa no mundo. Abre a possibilidade de lutar para que se torne uma das línguas oficiais da ONU.
 O português é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol. A ocorrência de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais. Sua unificação, no entanto, facilitará a definição de critérios para exames e certificados para estrangeiros.
 Com as modificações propostas no acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal seja modificado.
 No Brasil, a mudança será bem menor: 0,45% das palavras terão a escrita alterada. Mas apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país. 
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1. ALFABETO
Como era .
O alfabeto apresenta 23 letras.
Nova regra:
O alfabeto passa a apresentar 26 letras por meio da incorporação de K, W, Y. São usadas em siglas, símbolos, nomes próprios estrangeiros e seus derivados. Exemplos: Km, watt, Byron, byroniano.
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2. TREMA
Como era.
Agüentar, conseqüência, delinqüir, pingüim, cinqüenta, tranqüilo, lingüiça,qüinqüênio, freqüente, eloqüente, eloqüência, argüição
Nova regra: 
O trema é eliminado, exceto dos nomes próprios e de seus derivados (Müller, mülleriano, Anhangüera).
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Como é:
 Aguentar, consequência, delinquir, pinguim, cinquenta, tranquilo, linguiça, quinquênio, frequente, eloquente, eloquência, arguição
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3. ACENTUAÇÃO
3.1 - Como era.
Assembléia, platéia, idéia, colméia, boléia, panacéia, Coréia, hebréia, bóia, paranóia, jibóia, apóio, heróico, paranóico.
Nova regra:
Não se acentuam os ditongos abertos –ei e –oi nas palavras paroxítonas.
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Como é:
	Assembleia, plateia, ideia, colmeia, boleia, panaceia, Coreia, hebreia, boia, apoio, paranoia, jiboia, heroico, paranoico.
Observações:
	O acento nos ditongos –éi e –ói perdura nas palavras oxítonas e monossílabos tônicos de som aberto: herói, constrói, dói, anéis, papéis, anzóis.
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2. O acento no ditongo aberto –éu permanece.
Exemplo: chapéu, véu, céu, ilhéu, réu.
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3.2 – Como era.
Enjôo e vôo (subst. e forma verbal), corôo, perdôo, côo, môo, abençôo, povôo. 
Nova regra:
Não se acentua o hiato –oo.
Como é:
Enjoo e voo (subst. e forma verbal), coroo, perdoo, coo, moo, abençoo, povoo.
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3.3 – Como era.
Crêem, dêem, lêem, vêem, descrêem, relêem, revêem, prevêem.
Nova regra:
Não se acentua o hiato –ee dos verbos crer, dar, ler, ver e seus derivados na 3ª pessoa do plural.
Como é:
Creem, deem, leem, veem, descreem, releem, reveem, preveem.
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3.4 – Como era.
	Pára (verbo parar), péla (subst.- do arcaico - tipo de bola e verbo pelar), pêlo (subst.cabelo), pêra (subst. fruta), péra (subst.- do arcaico - pedra), pólo (subst.extremidade).
Nova regra:
Não se acentuam as palavras paroxítonas que são homógrafas.
Como é:
Para (verbo), pela (subst. e verbo), pelo (subst.), pera (subst), pera (subst.), polo (subst.)
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Observações:
O acento diferencial permanece nos homógrafos pode (3ª pessoa do sing. do presente do indicativo do verbo poder) e pôde (3ª p. do sing. do pretérito perfeito do indicativo).
Não pôde vir [ontem]. 
Não pode vir [hoje, agora]. 
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O acento diferencial permanece em: pôr (verbo) em oposição a por (preposição).
Irei pôr tudo às claras por uma questão de justiça.
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3.5 – Como era.
Argúi, apazigúe, averigúe, enxagúe, obliqúe (verbo obliquar – proceder com dissimulação).
Nova regra:
Não se acentua o –u tônico nas formas verbais rizotônicas (acento na raiz) dos grupos que/qui e gue/gui.
Como é:
Argui, apazigue, averigue, enxague, oblique.
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3.6 – Como era.
Baiúca (bodega), boiúno (relativo a boi; bovino), feiúra.
Nova regra:
Não se acentuam -i e –u tônicos das palavras paroxítonas quando precedidas de ditongo.
Como é:
Baiuca, boiuna, feiura.
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Hífen é novo vilão da reforma ortográfica
Iris Russo e Simone Harnik Do G1, em São Paulo, 04/10/08. 
	 Acordo ortográfico tem pontos obscuros e indefinições no texto. Proposta é que ABL faça um vocabulário parcial com palavras afetadas.
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Indefinições sobre o hífen
Segundo Godofredo de Oliveira Neto, presidente do conselho diretor do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), órgão da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a definição de diversos usos do hífen só vai acontecer com a criação de um vocabulário ortográfico oficial. Esse é o próximo passo da reforma que unifica a escrita do português nos países lusófonos. 
"O acordo ortográfico não fala de todos os prefixos. Tem de ser feito um vocabulário que vai acabar com essas indefinições. 
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Outras indefinições 
Segundo o professor José Carlos de Azeredo, da Comissão de Definição da Política de Ensino, Aprendizagem, Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa (Colip), presidida por Oliveira Neto, há outras indefinições que envolvem o hífen.
"Palavras como girassol e passatempo não têm hífen. Porta-retrato, guarda-louça e tira-teima, têm hífen atualmente. Não se sabe se essas palavras vão ou não ter hífen", diz. "O que está escrito no acordo é que o hífen desaparece quando se perde a noção da composição de outras duas palavras, mas isso é muito subjetivo", afirma.
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4. USO DO HÍFEN
4.1 – Como era.
	Ante-sala, auto-retrato, anti-social, anti-rugas, arqui-romântico, auto-sugestão, auto-regulamentação, contra-senso, contra-regra, extra-regimento, extra-seco, infra-som, infra-renal, ultra-romântico, ultra-sonografia, semi-real, semi-sintético, supra-renal, supra-sensível.
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Nova regra:
	Não se emprega o hífen nos compostos em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por R ou S, devendo essas consoantes se duplicarem.
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Como é:
Antessala, autorretrato, 
antissocial, antirrugas, 
arquirromântico, 
autossugestão, autorregulamentação,
contrassenso, contrarregra, 
extrarregimento, extrasseco, 
infrassom, infrarrenal, 
ultrarromântico,
ultrassonografia, 
semirreal, semissintético, 
suprarrenal, suprassensível.
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Observações:
O uso do hífen permanece nos compostos em que os prefixos SUPER, HIPER, INTER aparecem combinados com elementos iniciados por –R.
Exemplos:
Hiper-realista, hiper-requintado, inter-racial, inter-regional, super-racional, super-resistente.
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4.2 – Como era.
 Auto-afirmação, auto-escola, auto-instrução, contra-exemplo, contra-indicação, contra-ordem, extra-escolar, extra-oficial, infra-estrutura, intra-ocular, neo-expressionista, neo-imperialista, semi-aberto, semi-embriagado, semi-obscuridade, supra-ocular, ultra-elevado. 
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Nova regra:
	Não se emprega o hífen nos compostos em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente.
Como é:
 Autoafirmação, autoescola, autoinstrução, contraexemplo, contraindicação, contraordem, extraescolar, extraoficial, infraestrutura, intraocular, neoexpressionista, neoimperialista, semiaberto, semiembriagado, semiobscuridade, supraocular, ultraelevado.
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Esta nova regra normatiza os casos do uso do hífen entre vogais diferentes, como já acontecia em compostos como: antiaéreo, coeducação, agroindustrial, socioeconômico.
O uso do hífen permanece nos compostos com prefixos em que o segundo elemento começa por –h: anti-herói, anti-higiênico, extra-humano, neo-helênico, super-homem, semi-herbáceo, supra-hepático.
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4.3 – Como era.
Antiinflamatório, antiinflacionário,
arquiinimigo, arquiirmandade, 
microondas, microônibus, microorgânico.
Nova regra:
	Emprega-se o hífen nos compostos em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal igual.
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Como é:
Anti-inflamatório, anti-inflacionário,
Arqui-inimigo, arqui-irmandade, 
Micro-ondas, micro-ônibus, micro-orgânico.
Estes compostos escrevem-se agora com hífen por força da regra anterior.
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Esta regra normatiza todos os casos do uso do hífen entre vogais iguais, como já acontecia anteriormente como em auto-observação, contra-argumento, eletro-ótica, extra-atmosférico, semi-interno, supra-auricular, ultra-apressado.
No caso dos prefixos co- e re-, em geral, não se usam o hífen, mesmo que o segundo elemento comece pelas vogais o e e, respectivamente:cooperar,coordenação, reescrever, reescrita.
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4.4 – Como era.
	Manda-chuva, pára-quedas, pára-quedista, pára-lama, pára-brisa, pára-choque, pára-vento.
Nova regra:
	Não se emprega o hífen em certos compostos em que se perdeu, em certa medida, a noção de composição.
Como é:
	Mandachuva, paraquedas, paraquedista, paralama, parabrisa, parabrisa, parachoque, paravento.
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O uso do hífen permanece nas palavras compostas que mantêm acento próprio, bem como naquelas que designam espécies botânicas e zoológicas: ano-luz, azul-escuro, médico-cirurgião, conta-gotas, guarda-chuva, segunda-feira, tenente-coronel, beija-flor, erva-doce, bem-te-vi.
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 O uso do hífen permanece em:
Nos compostos com os prefixos ex-, vice-, soto-: ex-marido, vice-presidente, soto-mestre;
Nos compostos com os prefixos circum- e pan- quando o segundo elemento começa por vogal, M ou N: pan-americano, circum-navegação;
Nos compostos com prefixos tônicos acentuados pré-, pró- e pós- quando o segundo elemento tem vida própria na língua: pré-natal, pós-graduação, pró-reitoria.
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Nos compostos terminados por sufixos de ordem tupi-guarani que representam formas adjetivas, como –açu, -guaçu e –mirim, quando o primeiro elemento acaba em vogal acentuada graficamente ou quando a pronúncia exige distinção gráfica entre ambos: jacaré-açu, amoré-guaçu, Ceará-mirim.
Nos topônimos(nome próprio de lugar) iniciados pelos adjetivos grão e grã ou por forma verbal ou por elementos que incluam um artigo: Grã-Bretanha, Santa Rita do Passa-Quatro, Baía de Todos-os-Santos.
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Nos compostos com os advérbios MAL e BEM e o segundo elemento começa por vogal ou H: bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado, mal-estar, mal-humorado. Entretanto, nem sempre os compostos com o advérbio BEM escrevem-se sem hífen quando este prefixo é seguido por um elemento iniciado por consoante: bem-nascida, bem-criado, bem-visto (ao contrário de malnascida, malcriado e malvisto).
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Nos compostos com os elementos além, aquém, recém e sem: além-mar, aquém-oceano, recém-casados, sem-teto.
Não se emprega o hífen nas locuções de qualquer tipo (substantivas, adjetivas, pronominais, verbais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais): cão de guarda, fim de semana, café com leite, pão de mel, sala de jantar, cor de vinho, ele próprio, à vontade, abaixo de, acerca de, a fim de que.
	São exceções algumas locuções já consagradas pelo uso: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao-deus-dará, à-queima-roupa.
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