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D. das Obrigações

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Centro Universitário do Distrito Federal – UniDF 
DIREITO CIVIL I – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
DIREITO CIVIL II – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2015/1
Professora Me. Larissa Castro
UNIDADE I - DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
“Toda nossa vida se desenvolve numa atmosfera em que o direito das obrigações está presente.” Orlando Gomes
A obrigação no sentido que vamos estudar, é uma relação jurídica (liame, que nos une a nosso semelhante), ninguém, em sociedade, prescinde desse instituto. A todo instante em nossa vida, por mais simples que seja a atividade do indivíduo, compramos ou vendemos, alugamos ou emprestamos, doamos ou recebemos doação, enfim contraímos uma obrigação; você faz algo em prol de alguém, recebendo, na maioria das vezes, algo em troca. 
Estudaremos a obrigação jurídica – que lhe dá a garantia de coerção no cumprimento que depende de uma lei, de um contrato, etc. E não as obrigações morais, religiosas ou de cortesia.
Conceito de Direito das Obrigações 
É o ramo do direito que regula o complexo das relações de direito patrimonial e que têm por objetivo fatos ou prestações de uma pessoa em relação à outra (credor e devedor).
	
Esboço Histórico
A noção de obrigação surgiu com o caráter coletivo, quando todo grupo empreendeu negociações e estabeleceu o comércio. O desenvolvimento de tal prática passou da obrigação coletiva para a individual, mas sempre tendo um caráter punitivo na hipótese de descumprimento do avençado.
No Direito Romano, em razão da vinculação das pessoas, o devedor respondia com o próprio corpo pelo cumprimento da obrigação. 
Com o surgimento da Lex Poetelia Papiria, de 428 a.C., foi abolida a execução sobre a pessoa do devedor, deslocando-a para os seus bens. 
Idade Média: imperava o Direito Canônico e a obrigação tinha a mesma estrutura que no direito romano. Sacramentalização da obrigação. Pacta sunt servanta.
Nessa evolução, o Direito Obrigacional passou por diversas transformações, acompanhando a expansão da economia, o desenvolvimento do comércio, a Revolução Industrial e a recente evolução tecnológica. 
 
Distinção entre Direito Obrigacional (Pessoal) e Direito Real.
Direitos reais: definem-se como o poder jurídico, direto e imediato do titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos. O sujeito passivo do direito real é toda a coletividade que deve abster-se de violá-lo, sendo de caráter erga omnes. 
Direitos obrigacionais (pessoais): Relação jurídica pela qual o sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo determinada prestação. No direito das obrigações somente se vinculam aqueles que fizeram parte do que contrataram e anuíram para comprometer-se a prestar ou exigir algo. 
Relação Jurídica Obrigacional: 
Sujeito Ativo (credor) ----- relação jurídica obrigacional ----- Sujeito Passivo (devedor) 
 
 Relação Jurídica Real: 
Titular do Direito Real ------------relação jurídica real------------ Bem/Coisa 
	Direito Pessoal ou Obrigacional
	Direito Real
	Vincula somente pessoas
	Estabelece relação entre o titular e a coisa
	É direito relativo
	É direito absoluto (erga omnes)
	Tem dois sujeitos (ativo e passivo) e a prestação (objeto de relação)
	Um só titular, que exerce seu poder sobre a coisa objeto de seu direito de forma direta e imediata
	Concede direito a uma ou mais prestações efetuadas por uma pessoa
	Concede o gozo e a fruição de bens
	Caráter transitório 
	Tem um sentido de inconsumibilidade, de permanência
	Tem apenas garantia geral do patrimônio do devedor (execução), não podendo escolher em quais bens recairão a satisfação de seu crédito.
	Possui direito de sequela
	São ilimitadas, se apresentam com um número indeterminado
	São numerus clausus, só os considerados na lei.
Conceito de Obrigação 
“A obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio.” (Washington de Barros Monteiro). 
“Obrigação é a relação transitória de direito, que nos constrange a dar, a fazer ou não fazer alguma coisa economicamente apreciável em proveito de alguém, que, por ato nosso ou de alguém conosco juridicamente relacionado, ou em virtude de lei, adquiriu o direito de exigir de nós essa ação ou omissão.” (Clóvis Beviláqua)
“Obrigação caracteriza-se como o vínculo jurídico transitório entre credor e devedor cujo objeto consiste numa prestação patrimônial de dar, fazer ou não fazer.” (Wikipédia)
 
UNIDADE II – FONTE DAS OBRIGAÇÕES
São fatos jurídicos que dão margem à criação, ao surgimento das obrigações.
Fatos Jurídicos – são acontecimentos em razão dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações jurídicas. Podem ser: 
Natural – fenômeno natural que produz efeito jurídico (nascimento, morte, abandono do álveo, caso fortuito, força maior)
Humano (depende da vontade) – ato jurídico propriamente dito e negócio jurídico.
Natural – ou propriamente dito
 Fatos jurídicos
 2) Humano 2.1) ato jurídico *propriamente dito ou 
 stricto sensu 
 * negócio jurídico
	Diferentemente das fontes do direito, de onde nascem os preceitos e as normas gerais e abstratas que regem a vida de todos na sociedade, as fontes das obrigações surgem de relações concretas que dizem respeito ao sujeito ativo e passivo dessas relações, constituindo o fato que dá origem à obrigação e podem ser divididas em fontes mediatas (condição determinante do nascimento das obrigações) e imediatas (causa eficiente das obrigações). 
São fontes de obrigações:
Contrato
Declaração unilateral de vontade
Ato ilícito
Lei
	Fernando Noronha atesta: “Pode-se afirmar que a lei ao mesmo tempo é fonte de todas as obrigações, e não é fonte de nenhuma. Com isto quer-se dizer que todas as obrigações estão amparadas pela lei, mas que a fonte imediata, direta, de cada obrigação da vida real é um certo determinado caso concreto, (...) entre a norma e a obrigação está sempre a verificação de uma situação de fato.” [1: Noronha, Fernando. Tripartição fundamental das obrigações – Jurisprudência Catarinense – Florianópolis – V. 72 – pág. 93.]
	Segundo Maria Helena Diniz, Silvio Venosa, Pablo Stolze, dentre outros, a lei é a fonte primária ou imediata de todas as obrigações, posto que é ela que dá significação às relações Jurídicas. Já as fontes mediatas são: 
A vontade humana, que pode decorrer de uma conjunção de vontades (contrato) ou de uma manifestação unilateral de vontade (declaração unilateral de vontade); 
Os atos ilícitos; 
A lei.
UNIDADE III - ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL
As partes na relação obrigatória (sujeitos - elemento pessoal ou subjetivo)
A prestação (objeto - elemento material)
O vínculo jurídico 
3.1 As Partes
Elemento subjetivo da obrigação.
	Sujeito ativo – credor – pode exigir o cumprimento da obrigação ou a execução – art. 331 CC.
Sujeito passivo – devedor 
	
	Características do elemento subjetivo: 
Duplicidade ou dualidade 
Transmissibilidade ou Mudança subjetiva (ou seja, os sujeitos originais da obrigação podem mudar).
Determinabilidade (partes determinadas ou determináveis)
Exceções: 
- Obrigações personalíssimas 
- O sujeito (ativo ou passivo) pode ser indeterminado quando da constituição da obrigação ou no momento do pagamento – art. 335 CC
Auxiliares: não tem a condição de sujeitos, mas cooperam ajudando-os. São eles:
I - Os representantes 
II - Os mensageiros
III - Os auxiliares executivos 
3.2 Objeto
* Imediato ou direito – a prestação
* Mediato ou remoto – é o bem material que se insere dentro da prestação (Venosa)
Características do elemento objetivo (prestação): 
Licitude (104 e
166, II, CC).
Possibilidade física ou material (166, II, CC). 
Possibilidade jurídica (CC, art. 426). 
Determinado ou Determinável 
Patrimonialidade - a obrigação tem que ter valor econômico.
3.3 Vínculo jurídico 
Consiste no dever do sujeito passivo de satisfazer a prestação e o correlato direito do credor de exigir judicialmente o seu cumprimento, investindo contra o patrimônio do devedor, visto que o mesmo fato gerador do débito produz a responsabilidade.
Teoria monista – o vínculo era um elo simples, um exigia o cumprimento e o outro devia pagamento.
Teoria dualista da obrigação – o vínculo se subdivide em dois elementos (em duas fases).
		Elementos que compõem seu conceito: 
Dívida (debitum - shuld) 
Responsabilidade (obligatio – haftung) 
3.3.1 Obrigação X Responsabilidade
A obrigação é extinta pelo seu cumprimento, não ocorrendo tal ação o devedor se torna inadimplente. Neste caso a satisfação do interesse do credor se alcançara pela movimentação do Poder Judiciário, buscando-se no patrimônio do devedor o valor necessário para a composição do dano decorrente.
	Assim, a relação jurídica obrigacional resulta da vontade humana ou da vontade do Estado, por intermédio da lei, e deve ser cumprida voluntariamente. Quando tal fato não acontece, surge a responsabilidade, que tem como garantia o patrimônio do devedor.
	“Embora os dois conceitos – obrigação e responsabilidade – estejam normalmente ligados, nada impede que haja uma obrigação sem responsabilidade ou uma responsabilidade sem obrigação”. (Arnoldo Wald)
Débito sem responsabilidade: dívida prescrita e dívida de jogo
Responsabilidade sem débito: fiança
“Schuld” e “Haftung” 
Em alemão, “Schuld” pode significar culpa ou débito. “Haftung”, por sua vez traduzem responsabilidade. No Direito Civil, a palavra Schuld identifica-se com o débito e Haftung com a responsabilidade. 
“Normalmente, débito e responsabilidade se verificam conjuntamente na mesma pessoa do devedor, mas é perfeitamente possível que a responsabilidade seja de outro sujeito que não o devedor, como nos casos de fiança, de aval, de direitos reais de garantia (hipoteca, penhor, anticrese)” GUILHERME C. N. DA GAMA.
UNIDADE IV – CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
4.1. Quanto à área jurídica 
Obrigações civis e obrigações comerciais
	O atual Código Civil unificou as obrigações civis com as obrigações comerciais, passando ambas a integrar em seu texto assuntos pertinentes as duas matérias.
4.2. Obrigações consideradas em si mesmas
4.2.1 Em relação ao seu vínculo:
Obrigação moral, obrigação civil e obrigação natural
4.2.2 De natureza mista
Propter rem
4.2.3 Quanto à natureza de seu objeto:
- Positivas: obrigação de dar e obrigação de fazer
- Negativas: obrigação de não fazer
4.2.4 Em atenção à sua liquidez:
Obrigação líquida e obrigação ilíquida
4.2.5 Quanto ao modo de execução: 
Obrigação simples, cumulativa ou conjuntiva; obrigação alternativa e obrigação facultativa
4.2.6 Quanto ao tempo de adimplemento:
Obrigação momentânea, instantânea, transitória ou transeunte e obrigação de execução continuada, contínua, periódica, duradoura ou de trato sucessivo.
4.2.7 Quanto aos elementos acidentais:
Pura e simples, condicional, modal e a termo
4.2.8 Em relação à pluralidade ou não de sujeitos:
Fracionárias, conjuntas, disjuntivas, divisíveis, indivisíveis e solidárias
4.2.9 Quanto ao fim ou conteúdo:
Obrigações de meio; de resultado e de garantia
4.3. Obrigações reciprocamente consideradas
Obrigação principal e acessória
4.2. Obrigações consideradas em si mesmas
4.2.1 Em relação ao seu vínculo:
	- obrigação moral
É mero dever de consciência. O Direito não lhe reconhece qualquer prerrogativa. O cumprimento de uma obrigação moral constitui, sob o prisma jurídico, uma simples questão de princípios, sem qualquer juridicidade.
- obrigação civil
São as obrigações, que possuem todos os seus elementos constitutivos (vínculo, partes, objeto). Elas apresentam os dois elementos do vínculo jurídico: débito e responsabilidade.
- obrigação natural
As obrigações naturais são obrigações INCOMPLETAS ou IMPERFEITAS (não possuem todos os elementos constitutivos da obrigação), que apresentam como características essenciais as particularidades de não serem judicialmente exigíveis, mas se forem cumpridas EXPONTANEAMENTE, ter-se-á por válido o pagamento, que não poderá ser repetido.
CC. art. 882, 1ª parte
Art. 814/815 CC
- Características
Não é obrigação moral
Não há ação que garanta o direito 
Se for cumprida espontaneamente por pessoa capaz, ter-se-á a validade do pagamento
O credor natural pode reter o pagamento 
- Natureza Jurídica 
As obrigações naturais são DEVERES MORAIS ou SOCIAIS JURIDICAMENTE RELEVANTES.
4.2.2 De natureza mista ou híbrida
- Obrigações “PROPTER REM”
Também chamada de “ob rem” ou simplesmente “in rem”. 
Conceito: trata-se de uma obrigação acessória, de natureza mista, originária e unida a um direito real, acompanhando-o e transmitindo-se com este. 
OBS: não se confunde obrigação propter rem com obrigação de eficácia real. Esta última traduz uma prestação com oponibilidade erga omnes (ex: locação registrada no cartório de imóveis - art. 8º da Lei nº 8.245/91).
- Natureza Jurídica 
 	Acessória mista de direito real e direito pessoal, de fisionomia autônoma.
 - Exposição dos pontos pacíficos pelos doutrinadores:
	Maria Helena Diniz
	Sílvio Rodrigues
	Sílvio Venosa
	" vinculação a um direito real, ou seja, a determinada coisa de que o devedor é proprietário ou possuidor";
	- "ela prende o titular de um direito real, seja ele quem for, em virtude de sua condição de proprietário ou possuidor";
	- "trata-se de relação obrigacional que se caracteriza por sua vinculação à coisa";
	- "possibilidade de exoneração do devedor pelo abandono do direito real, renunciando o direito sobre a coisa";
	- "o devedor se livra da obrigação pelo abandono do direito real";
	- "o nascimento, a transmissão e a extinção da obrigação propter rem seguem o direito real, com uma vinculação de acessoriedade";
	- "transmissibilidade por meio de negócios jurídicos, caso em que a obrigação recairá sobre o adquirente".
	- "a obrigação se transmite aos sucessores a título singular do devedor".
	- "sua eficácia perante os sucessores singulares do devedor confere estabilidade ao conteúdo do direito".
	- Aplicação
Art. 1315 do Código Civil 
Art. 1297, § 1º do Código Civil 
Art. 1383 do Código Civil
Art. 1280 do Código Civil 
Arts. 1277 e 1313 do Código Civil (D. De Vizinhança)
Jurisprudência 
4.2.3 Quanto à natureza de seu objeto:
Positivas:
- obrigação de dar
	Consiste na obrigação de entregar alguma coisa. Divide-se em obrigação de dar coisa certa (caracteriza-se por se referir a um objeto perfeitamente determinado, que se considera em sua individualidade) e obrigação de dar coisa incerta (caracteriza-se por ter objeto indeterminado, mas determinável, que deve, ao menos, ser indicado pelo gênero e quantidade). A distinção entre obrigação de dar coisa certa ou incerta, entretanto, é de duração limitada. A obrigação de dar ainda se divide, em obrigação de dar propriamente dita (a entrega da coisa visa à transferência do domínio ou de outros direitos reais sobre a coisa) e obrigação de restituir (envolve uma devolução, eis que o devedor, tendo recebido coisa alheia, encontra-se obrigado a restituí-la, pois o credor é o proprietário do bem). 
I - Regras pertinentes à obrigação de dar coisa certa: 
a) O credor de coisa certa não está obrigado a receber outra, ainda que mais valiosa. (Art. 313)
b) Abrangência dos acessórios (Art. 233 do CC)
c) Perda da coisa (Art. 234 do CC)
d) Deterioração da coisa (Arts. 235 e 236 do CC)
e) Melhoramentos e acrescidos sobrevindos à coisa antes da tradição (Art. 237 do CC)
f) Perda da coisa, na obrigação de restituir coisa certa (Art. 238 e 239 do CC)
g) Deterioração da coisa, na obrigação de restituir coisa certa (Art. 240
do CC)
Obs.: A atribuição dos riscos, pela perda ou deterioração da coisa, nas obrigações de dar coisa certa, resolve-se pela aplicação da regra res perit domino, ou seja, o dono é quem sofre os prejuízos pela perda ou deterioração da coisa. Isto, quando não for o devedor o culpado pela deterioração ou perda. 
h) Melhoramentos e acréscimos sobrevindos à coisa restituível (Art. 241 do CC)
i) Melhoramentos e acrescidos (cômodos) sobrevindos à coisa restituível (Art. 242 do 	CC)
j) Frutos, no caso de obrigação de restituir coisa certa (Art. 242 do CC)
	
II - Regras pertinentes à obrigação de dar coisa incerta: 
a) Riscos pelo perecimento ou deterioração (Arts. 246 do CC)
b) Individualização da coisa 
c) A quem compete fazer a escolha (Arts. 244, 342 do CC) 
d) Como se deve fazer a escolha (Arts. 244, do CC) 
	- obrigação de fazer
“É a que vincula o devedor a prestação de um serviço ou ato positivo, material ou imaterial, seu ou de terceiro, em beneficio do credor ou de terceira pessoa" (MHD). 
Divide-se em obrigação de fazer fungível (a prestação pode ser realizada indiferentemente pelo devedor ou por terceira pessoa) e obrigação de fazer infungível (a prestação somente pode ser realizada pelo devedor, eis que é intuitu personae). 
Conseqüências do inadimplemento: 
I - Impossibilidade da prestação 
II - Inadimplemento voluntário (CC art. 249, parágrafo único). 
III - Da obrigação de emitir declaração de vontade (CPC art. 466, A, B e C)
Negativas:
- obrigação de não fazer
 “É aquela em que o devedor assume o compromisso de se abster de um fato, que poderia praticar, não fosse o vinculo que o prende" (Silvio Rodrigues). 
- Inadimplemento da obrigação de não fazer
- Art. 251, parágrafo único do CC
4.2.4 Em atenção à sua liquidez:
- obrigação líquida
	Considera-se líquida a obrigação certa, quanto a sua existência, e determinada, quanto ao seu objeto. 
- obrigação ilíquida
Considera-se ilíquida aquela obrigação incerta quanto a sua quantidade e que se torna certa pela liquidação.
4.2.5 Quanto ao modo de execução: 
- simples 
- Obrigações simples são as coexistentes numa só prestação, recaem somente sobre uma coisa.
Libera-se o devedor entregando o objeto devido 
art. 313 CC
art. 356 CC
Silvio de Sávio Venosa afirma que quanto ao objeto a obrigação é simples quando a prestação importar em um único ato ou numa só coisa. 
- cumulativa ou conjuntiva
A obrigação é cumulativa ou conjuntiva quando mais de uma prestação é devida conjuntamente.
Nessas obrigações, há duas ou mais prestações que deverão ser realizadas totalmente.
- obrigação alternativa (Disjuntiva)
a) Conceito:
Obrigação alternativa é aquela que fica cumprida com a execução de qualquer das prestações que formam seu objeto. O objeto é ligado pela partícula “ou”.
b) Características 
Seu objeto é plural ou composto, pluralidade de prestações
As prestações são independentes entre si
Concedem um direito de opção, pode estar a cargo do devedor, do credor ou de um 3º
Feita a escolha, a obrigação se concentra na prestação escolhida
Exoneração do devedor mediante realização de uma única prestação.
c) Concentração 
O ato da escolha não se reveste de forma especial (art. 107 CC).
Concentração normal
Concentração extraordinária 
d) Efeito da escolha
O princípio dominante nas obrigações alternativas é que a escolha é irrevogável e indivisível. 
Art. 252, § 1º CC
Art. 314 CC
- obrigação facultativa
É aquela que tem por objeto uma única prestação (ob. principal), mas confere somente ao devedor a faculdade de substituir essa prestação por outra, prevista na avença com caráter subsidiário.
Art. 1234 do CC
Regem-se pelos mesmos dispositivos concernentes as obrigações simples. 
DIFERENÇA COM OUTROS INSTITUTOS
	DAÇÃO EM PAGAMENTO 
(datio insolutum)
	OBRIGAÇÃO FACULTATIVA
	É imprescindível a concordância do credor
	A faculdade é do devedor
	a substituição do objeto do pagamento ocorre posteriormente ao nascimento da obrigação
	Possibilidade de substituição participada na raiz do contrato
	Obrigação facultativa
	Obrigação alternativa
	Há uma prestação principal e outra acessória. Se a obrigação principal é nula, fica Sem efeito a obrigação acessória. 
	
	As duas ou mais prestações estão no mesmo nível. Desaparecendo uma prestação, não extingue a obrigação. 
	Há exercício de uma opção.
	Há concentração. 
	Unidade de objetos ao contrair a obrigação 
	Pluralidade de objetos ao contrair a obrigação. 
	A escolha é sempre do Devedor. Ex: obrigo-me a entregar açúcar, sendo que se me convier, poderei substituí-la por café 
	A Escolha é do devedor, do credor, ou de Terceiro. EX: Devo milho Ou Feijão, o Devedor Realiza A Obrigação elegendo uma das duas Obrigações.
	É a prestação principal que determina a natureza do contrato. 
	
 
4.2.6 Quanto ao tempo de adimplemento:
- momentânea, instantânea, transitória ou transeunte
Se consuma num só ato em certo momento.
- DIFERIDA
Realização futura
- de execução continuada, contínua, periódica, duradoura ou de trato sucessivo
Caracteriza-se pela pratica ou abstenção de atos reiterados, solvendo-se num espaço mais ou menos longo de tempo. 
A obrigação é única, existindo porem vários créditos, cada qual com sua própria prestação. 
4.2.7 Quanto aos elementos acidentais:
- pura e simples
Aquela que não se encontra sujeita a condição, termo ou encargo.
- condicional
Se sua eficácia estiver sujeita a condição.
Arts. 121 a 130 do CC
- a termo
Se seus efeitos estiverem sujeitos a termo.
Arts. 131 a 135 do CC
- modal
Se estiver sujeita a encargo.
Arts. 136 e 137 do CC
4.2.8 Em relação à pluralidade ou não de sujeitos:
- divisíveis 
"Obrigação divisível é aquela cuja prestação é suscetível de cumprimento parcial, sem prejuízo de sua substância e de seu valor" (Maria Helena Diniz). 
Art. 257 do CC
Art. 87 e 88 do CC
- indivisíveis
"Obrigação indivisível é aquela cuja prestação só pode ser cumprida por inteiro, não comportando sua cisão em várias obrigações parceladas distintas, pois, uma vez cumprida parcialmente a prestação, o credor não obtém nenhuma utilidade ou obtém a que não representa a parte exata da que resultaria do adimplemento integral" (Maria Helena Diniz).
Arts. 258 a 263 do CC
- solidárias
"Obrigações solidárias são aquelas com pluralidade de credores ou devedores, cada um com direito ou obrigado ao total, como se houvesse um só credor ou devedor" (Arnoldo Wald).
Art. 264 do CC
Solidariedade ativa, passiva e mista ou recíproca. 
- Características: 
a) pluralidade de sujeitos ativos e/ou passivos; 
b) multiplicidade de vínculos;
c) unidade de prestação;
d) co-responsabilidade dos interessados. 
- Regras gerais: 
a) Não presunção da solidariedade (art. 265 do CC)
b) Variabilidade do modo de ser da obrigação na solidariedade (art. 266 do CC)
Obs: alguns autores, como Silvio Venosa e Guilhermo Borda, diferenciam obrigação solidaria de obrigações in solidum. Esta última é aquela em que os devedores encontram-se vinculados pelo mesmo fato, não havendo necessária solidariedade entre eles. Ex: Incendiário e a seguradora.
- Solidariedade ativa 
Arts. 267 a 274 do CC
Ex: de solidariedade ativa convencional é a que se estabelece entre os correntistas em conta corrente conjunta (REsp. 708. 612/RO).
- Solidariedade passiva 
Arts. 275 a 285 do CC
existe entendimento no STJ (REsp 577.902/DF) no sentido de que há solidariedade entre o proprietário e o condutor do veículo pelo fato da coisa.
não se pode confundir remissão com renúncia à solidariedade (art. 277 e 282 do CCB). Enunciado 349 da IV JDC 349 – “Art. 282. Com a renúncia da solidariedade quanto a apenas um dos devedores solidários, o credor só poderá cobrar do beneficiado a sua quota na dívida; permanecendo a solidariedade quanto aos demais devedores, abatida do débito a parte correspondente aos beneficiados pela renúncia.”
4.2.9 Quanto ao fim ou conteúdo:
- de meio
Aquela em que o devedor se compromete apenas em atuar com diligência e zelo normais na prestação de serviço, a fim de alcançar determinado resultado, sem se vincular a obtê-lo. 
- de resultado
Aquela em que o credor tem a faculdade de exigir determinado resultado do devedor, sem o que ocorrerá o inadimplemento da obrigação.
OBS: - O cirurgião plástico reparador assume obrigação de meio; ao passo que o estético de resultado (Agr. Reg. no REsp. 256.174/DF).
- A maioria da jurisprudência entende que a cirurgia de miopia a laser é obrigação de meio, e não de resultado (TJMG AP. Civil, 1070701044481-8/001)
- de garantia
Visa à eliminação de risco, que pesa sobre o credor.
4.3. Obrigações reciprocamente consideradas
- principal
É a obrigação que tem vida própria e independente de qualquer outra.
Art. 92 do CC
Art. 184 do CC
Art. 233 do CC.
- Acessória
	É aquela cuja existência supõe a da principal.
UNIDADE v – TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES
1- Cessão de crédito (arts. 286 a 298 C.C.) 
Conceito – conforme Sílvio Rodrigues “a cessão de crédito é o negócio jurídico, em geral de caráter oneroso, pelo qual o sujeito ativo (cedente) de uma obrigação a transfere à terceiro (cessionário), estranho ao negócio original, independentemente da anuência do devedor”. 
É um negócio jurídico em que o credor transfere a um terceiro seu direito. É apenas uma substituição de credor. A obrigação é a mesma e continua com os acessórios. A cessão pode ser total ou parcial. Pode ocorrer a título gratuito ou oneroso.
OBS: o crédito não poderá ser cedido em três situações:
a) quando a natureza do direito o impedir (alimentos);
b) se houver proibição de lei (ex: art. 1749, III, CC - Ainda com a autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade: III - constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o menor.)
c) quando houver cláusula proibitiva (pacto de non cedendo) - a cláusula proibitiva somente terá eficácia, em respeito ao princípio da eticidade, se constar do título da obrigação.
1.2 - A posição do devedor
	Não faz parte do negócio jurídico – é alheio ao negócio jurídico, mas deve tomar conhecimento do ato para efetuar o pagamento (pode ser notificado pelo cedente ou cessionário – art. 290, 1ª parte C.C.). No instante em que for notificado, o devedor deve opor tanto ao cedente como ao cessionário, as exceções que lhe competirem. 
1.3- Natureza jurídica
	É de natureza jurídica contratual; contrato consensual que poderá ser por instrumento público ou particular. Pode ser gratuita, assemelhando-se a uma doação, ou onerosa, assemelhando-se à compra e venda.
1.4- Requisitos 
Objeto lícito (art.286 C.C.), capacidade e legitimação
1.5 - Modalidades: 
-Convencional 
-Judicial e legal
-Total ou parcial
-A titulo gratuito ou oneroso. 
-Pro soluto - quando o cedente, após a transferência, deixa de ter qualquer responsabilidade pelo crédito, afora a sua existência (regra geral) 
	-Pro solvendo - quando o cedente continua responsável pelo pagamento do crédito, caso o cedido não o faça.
1.6 – Forma: A forma é livre, bastando a manifestação da vontade, visto que o contrato de cessão de crédito é consensual e não solene. Contudo, para produzir efeitos quanto a terceiros, o contrato só prevalecerá se for solene (art. 288)
2 - Assunção de dívida - cessão de débito – 299 a 303 C.C. 
2.1 - Conceito - é um negócio jurídico aonde aconteceu a substituição do devedor com expresso consentimento do credor e dos garantes do débito. (art. 299 do CC)
- Peculiaridade: O novo devedor assume uma obrigação que não foi contraída por ele.
* A assunção pode liberar o devedor primitivo ou mantê-lo preso à obrigação.
 Caso o devedor primitivo mantenha-se preso à obrigação, denominamos de Assunção Imperfeita, e caso haja a sua liberação teremos a Assunção Perfeita.
Para que o devedor primitivo seja solidário deve ser convencionado entre as partes (expressamente) – a solidariedade não se presume.
* As garantias especiais não acompanham a assunção – art. 300 do CC.
Ex.: a fiança não admite a interpretação extensiva, bem como a hipoteca.
2.2 - Características
Negócio Jurídico de natureza contratual;
Bilateral ou plurilateral;
De forma livre;
Objeto – dívidas presentes ou futuras.
2.3 - Efeitos
Pressupõe a pré-existência de uma obrigação, que subsiste.
Substituição da figura do devedor com ou sem seu consentimento
Extinção das garantias especiais
2.4 - Espécies
Delegação: Por acordo entre um terceiro (novo devedor) e o devedor primitivo, com expresso consentimento do credor.
Expromissão: Por acordo entre o terceiro (novo devedor) e o credor, com ou sem o consentimento do devedor.
Liberatória
Cumulativa
3 - Cessão de Contrato ou Cessão de Posição Contratual
3.1 - Conceito- é um negócio jurídico em que uma das partes, o cedente, com consentimento do outro contratante, ou seja, o cedido, transfere sua posição para um terceiro (cessionário).
A Cessão de Contrato realiza a forma mais completa de substituição na relação obrigacional.
* Em regra geral, é necessário o consentimento do cedido. 
3.2 - Teorias explicativas da cessão de contrato:
1) teoria da decomposição (ou atomística – doutrina da decomposição): para esta corrente a cessão de contrato não seria global, única, mas sim, várias cessões de crédito e débito reunidas.
2) teoria unitária: defendida por Pontes de Miranda e Antunes Varela. Esta teoria diferentemente afirma que a cessão de contrato se dá globalmente, de forma unitária em um único ato. Na cessão de contrato a anuência da outra parte é condição de eficácia para o ato.
Obs: a regra geral do sistema é no sentido de que a instituição financeira especialmente no âmbito do sistema imobiliário, deve anuir na cessão de contrato (Ag. Reg. no REsp 934989/RJ). Mas, excepcionalmente, a lei 10.150/00, nos termos e nas condições de seu art. 20 admite a cessão sem a anuência da parte contrária (contrato de gaveta) – ver REsp 653415/SC.
3.3 - Natureza jurídica
Contratual: é um conjunto de cessão de créditos e assunção de dívidas. A cessão em si constitui um contrato típico, quem tem por finalidade transferir outro contrato. O contrato transferido, que constitui o objeto da cessão, chama-se contrato-base.
3.4 - Categorias
- cessão de contrato com liberação do cedente 
- cessão de contrato sem liberação do cedente 
3.5 - Efeitos
-Entre o cedente e cessionário - o cedente é responsável pela existência do contrato, por sua validade e pela posição que está cedendo. 
-Entre cedente e cedido – Com a transferência de sua posição contratual, sai o cedente da relação jurídica, mas as partes podem manifestar em sentido contrário. 
-Entre cessionário e cedido – ambos passam a ser partes no contrato-base. O cessionário toma o lugar do cedente nos direito e obrigações. O cedido só liberará de suas obrigações contratuais com o pagamento ao cessionário, após tomar conhecimento e anuir na cessão. O contrato pode ser cedido parcialmente cumprido. Todos os acessórios dos direitos conferidos pelo contrato também se transmitem ao cessionário. As garantias para o contrato, fiança, hipoteca, penhor, prestadas por terceiro necessitam do consentimento destes. 
UNIDADE VI – EXECUÇÃO VOLUNTÁRIA E EXECUÇÃO FORÇADA DA OBRIGAÇÃO
O Pagamento – Solutio
Conceito: ato do devedor ao credor que dá cumprimento ao acordo de vontades que originou a obrigação, nada mais é então do que a execução do crédito. A execução da obrigação é o pagamento (toda vez que houver um cumprimento da prestação).
- Teoria do adimplemento substancial (D. Inglês) - esta doutrina sustenta que não se deve considerar resolvida a obrigação quando a atividade do devedor, embora não tenha atingido plenamente o fim proposto, aproxima-se consideravelmente do seu resultado final. 
2. Natureza jurídica do pagamento
É um fato jurídico, sendo que respeitável parcela da doutrina (Caio Mário, Roberto de Ruggiero) afirmam que o pagamento é um fato jurídico de natureza negocial. Assim,
aplicam-se ao pagamento os defeitos do negócio jurídico.
3. Quem pode pagar (Solvens) – devedor, fiador, terceiro interessado (art. 304) e não interessado (art. 304, parágrafo único), avalista e herdeiro.
*O terceiro não interessado pode pagar em nome e por conta do devedor ou pagar em seu próprio nome (neste caso tem o direito de reeembolsar-se do que pagou).
*Pode ocorrer que o devedor tenha justo motivo para não efetuar o pagamento e se surpreende ao ver que o terceiro se adiantou ao pagamento (art. 306). 
*Pode ocorrer que tanto o credor como o devedor se oponham ao pagamento por terceiro. 
* O art. 307 trata de pagamento que importe em transmissão de domínio
*O pagamento pelo devedor não é apenas uma obrigação, mas um direito seu. 
*Se a obrigação for personalíssima não terá a sua transmissão – o que interessa é que o próprio devedor execute a obrigação – infungível. (obrigação de fazer ou não fazer).
*A promessa de fato de terceiro (439 e 440 do CC)
- Quando um terceiro se obriga a atos de outrem
4. A quem se deve pagar (Accipiens)
O pagamento deve ser feito ao credor ou seu representante.
*Quando do nascimento da obrigação, os contraentes podem estipular que o accipiens seja um terceiro. 
* Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante (art. 311).
* Pode se fazer o pagamento ao representante do credor
5. Credor putativo ou aparente (art. 309)
Supõe-se ser uma pessoa legítima para receber o crédito (acredita-se estar fazendo o pagamento ao único herdeiro, por exemplo). Neste caso, se o devedor a ele efetuar o pagamento, este será válido se o devedor estiver de boa-fé e ignorar por completo a situação.
*A lei condiciona a validade do pagamento ao fato de o accipiens ter a aparência de credor e estar o solvens de boa-fé. 
6. Quando o pagamento feito a terceiro desqualificado será válido
a) Art. 308 – ratificação de recebimento pelo credor
b) Art. 308 - 310 – prova de que o pagamento se reverteu em benefício do credor 
c) Credor putativo
7. Pagamento feito ao inibido de receber
Art. 310 - Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.
Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor.
Também estará inibido de receber e quitar o devedor falido desde o momento de abertura da falência 
 
8. Objeto do pagamento – arts. 313 a 318
O pagamento deve compreender, como objeto, o que foi acordado (art. 313 e 314).
* A estipulação de pagamento em moeda estrangeira não é possível, salvo se houver permissão legal – art. 318. A moeda representa um elemento da soberania nacional.
- Teoria da imprevisão do contrato – art. 317
- Clausula da escala móvel – art. 316
9. Prova do pagamento (quitação – arts. 319 a 324): prova é a demonstração material de um fato, ato ou negócio jurídico.
 - observar a regra do art. 320 – documento que libera o devedor do vínculo obrigacional. 
- Prova do pagamento pela entrega do título (art. 321 e 324)
- Perda ou extravio do titulo representativo da obrigação (art. 321).
* Observar as normas dos arts. 322, 323 e 324 C.C.
10. Pagamento em cotas sucessivas, periódicas (art. 322)
11. Dos Juros ante a quitação do capital - art. 323 - São acessórios do principal.
*Presunção iuris tantum – presunção relativa – admite prova em contrário (uma corrente) – se recebeu o principal não quer dizer que tenha recebido o juro.
*Presunção iuris et de jure – presunção absoluta – se recebeu o principal, não pode reclamar o juro (outra corrente) não admite prova em contrário. 
12. Despesas com o pagamento e quitação 
Art. 325 – devedor.
13. Pagamento por medida, ou peso
 Art. 326 – Silêncio das partes - os do lugar da execução.
14. Do lugar do pagamento
-Em princípio o pagamento deve ser feito no domicílio do devedor (dívida quesível- quérable) – Art. 327
- Pode constar expressamente no contrato, a obrigação do devedor levar o débito no domicílio do credor ou onde esse indicar (dívida portável- portable)
Local alternativo – se ficar designado dois ou mais lugares, o credor elege o que lhe for mais favorável. Art. 327, par. Único.
- Ver arts. 328, 329 330 
15. Do tempo do pagamento
Regra geral - não pode o credor exigir o pagamento antes do vencimento do prazo.
16. Obrigações Puras e Simples
Se não houver nenhuma condição e nenhum vencimento, deverá ser satisfeita imediatamente. – Princípio da satisfação imediata (art. 331 c/c 134)
17. Obrigações com prazo e condicionais
Execuções – por conveniência do devedor quando o prazo houver sido estabelecido em seu favor (art. 332 c/c 125, 127 e 128, CC).
No caso do mútuo de dinheiro, não tendo sido estipulado o vencimento, o prazo legal para pagamento é de 30 dias (art. 592, II, CC).
ATENÇÂO - Antecipação do vencimento por disposição legal (art. 333).
FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
Do Pagamento em Consignação (art. 334 a 345 CC, 890 a 900, CPC)
Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais – art. 334.
Pela sistemática do CPC, art. 890, § 1º,tratando-se de obrigação em dinheiro, o devedor ou terceiro podem optar pelo depósito em estabelecimento bancário.
*A consignação é uma faculdade às mãos do devedor
Natureza jurídica 
Mista ou híbrida – porque está regulamentada tanto no CC quanto no CPC. A decisão judicial é que vai dizer se o pagamento feito desse modo em juízo terá o condão de extinguir a obrigação.
Objeto 
Objeto que envolva uma obrigação de dar (art. 890) ou uma obrigação de fazer c/c obrigação de dar. No caso de imóveis o depósito judicial é simbolizado pela chave. As obrigações de fazer e não fazer, devido sua própria natureza, não permitem consignação.
Obrigações ilíquidas não podem ser objeto de consignação, enquanto não se tornarem líquidas.
Se a coisa for consumível não é possível o depósito judicial. (desde que se deteriore em pouco tempo).
Hipóteses 
- Art. 335
Procedimento 
Arts. 890 a 900 do CPC.
A pretensão de consignar nasce no momento de vencimento da obrigação. A lei não estabelece até quando após o vencimento pode ser utilizada a consignação. 
Se o depósito for insuficiente, permite-se ao autor que o complemente.
Requisitos de validade 
- Art. 336
Levantamento do depósito 
-A arts. 338 a 340
Consignação de coisa certa e incerta 
- Arts 341 e 342
Despesa da consignação 
- Art. 343
Possibilidade de o credor ajuizar a consignatória 
- Art. 345.
DO PAGAMENTO POR SUB-ROGAÇÃO – arts. 346 a 351
Conforme esclarece Washington de Barros Monteiro, em sentido amplo, sub-rogar é colocar uma coisa no lugar da outra (sub-rogação real – art. 1911 e 1.659, II do CC), ou uma pessoa no lugar da outra (sub-rogação pessoal). É desta última espécie que ora trataremos.
Assim, “sub-rogação é a transferência dos direitos do credor para aquele que solveu a obrigação, ou emprestou o necessário para solvê-la” (Clóvis Beviláqua, citado por Washington de Barros Monteiro).
I - Modalidades:
a) Sub-rogação legal (346 do CC) - é a imposta por lei, nos seguintes casos:
- do credor que paga a dívida do devedor comum; 
- do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;
- do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
b) Sub-rogação convencional (347 do CC) - é a que decorre de acordo de vontades entre o credor e terceiro ou entre o devedor e terceiro, desde que tal convenção seja contemporânea do pagamento, e expressamente declarada, pois,
se o pagamento é um ato liberatório, a sub-rogação não se presume (MHD). Ocorre nos seguintes casos:
- quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos. Nesta hipótese, vigoram as disposições pertinentes à cessão de crédito;
- quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.
II - Efeitos:
1º) efeito translativo - transferência ao novo credor de todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores. Na sub-rogação convencional, entretanto, as partes poderão estabelecer restrições a alguns desses direitos;
2º) efeito liberatório - exoneração do devedor ante o credor originário;
3º) na sub-rogação legal, o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até à soma, que tiver desembolsado para desobrigar o devedor;
4º) o credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida, se os bens do devedor não chegarem, para saldar inteiramente o que a um e outro dever.
DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO (art.352 a 355 C.C.)
Álvaro Villaça: trata-se da determinação feita entre dois ou mais débitos da mesma natureza líquidos e vencidos devidos a um só credor. 
I - Requisitos:
a) existência de dualidade ou pluralidade de dívidas;
b) identidade de credor e de devedor;
c) igual natureza dos débitos;
d) suficiência do pagamento para resgatar qualquer das dívidas.
II - Espécies:
a) imputação do pagamento feita pelo devedor ou terceiro, nos casos em que tiver direito de fazê-la. É possível apenas se referir-se a débitos líquidos e vencidos, salvo consentimento do credor. O devedor encontra duas limitações ao proceder a tal imputação: 1ª) havendo capital e juros, o pagamento se imputará primeiro nos juros vencidos e, depois, no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital; 2ª) se a dívida for de montante superior ao pagamento oferecido, não pode o devedor nela imputar o pagamento.
b) imputação do pagamento feita pelo credor - quando o devedor não declara em qual das dívidas pretende imputar o pagamento. Aceita a quitação de uma delas pelo devedor, este não poderá reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo se provar haver ele cometido violência, ou dolo.
c) imputação do pagamento feita pela lei - quando nenhuma das partes procede à imputação do pagamento. Assim, se o devedor não fizer a imputação, e se a quitação for omissa quanto a ela, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa.
III - Efeitos: extinção do débito a que se refere, com todas as garantias reais e pessoais.
DAÇÃO EM PAGAMENTO- datio in solutum (arts. 356 a 359)
CONCEITO - consiste na entrega pelo deve
dor, a título de pagamento, de um objeto que não é devido (estipulado) no vínculo obrigacional, mediante a aceitação do credor. Pode consistir na substituição de dinheiro por coisa (rem pro pecuni), também de uma coisa por outra (rem pro re), assim como a substituição de uma coisa por uma obrigação de fazer.
2 - REGRAS DA DAÇÃO:arts. 356 a 359.
3 - REQUISITOS
Animus solvendi
A coisa dada em pagamento deve ser diferente do objeto da prestação original.
O credor deve concordar com a substituição.
Não há necessidade de equivalência de valor na substituição.
*A dação em pagamento com títulos de crédito – aplicação das regras de cessão de crédito (art. 358).
*O representante necessita de poderes especiais para dar esse tipo de quitação, que foge ao exato cumprimento da obrigação. O mandatário com poderes gerais não poderá aceitá-la.
- NATUREZA JURÍDICA
Trata-se de um negócio jurídico bilateral, oneroso e real.
- RESPONDE O ALIENANTE PELA EVICÇÃO – art. 359.
- EQUIPARAÇÃO À COMPRA E VENDA - aplicam-se todas as regras atinentes ao negócio, suas questões de nulidade e anulabilidade (art. 357)
*O art. 357 incide tanto se o bem objeto da dação for móvel quanto se for imóvel.
*Se o objeto não for pecuniário e houver substituição por outra coisa, a analogia é com a troca ou permuta.
UNIDADE VII – NOVAÇÃO, COMPENSAÇÃO, CONFUSÃO, REMISSÃO
1 - DA NOVAÇÃO (art.360 a 367 do C.C.)
	
“Ato que cria uma nova obrigação, destinada a extinguir a precedente, substituindo-a” (Maria Helena Diniz).
I - Requisitos:
a) existência de uma obrigação anterior, que se extingue com a constituição de uma nova, que a substitui. Não podem ser objeto de novação obrigações nulas, extintas ou inexistentes, admitindo-se, entretanto, que tal modalidade extintiva se refira a obrigações simplesmente anuláveis, caso em que se terá a confirmação destas (art. 172 do CCB);
b) criação de uma obrigação nova, em substituição à anterior, que se extinguiu;
c) elemento novo, que pode se referir ao objeto ou aos sujeitos;
d) animus novandi, expresso ou tácito, mas inequívoco - não havendo ânimo de novar, a segunda obrigação confirma simplesmente a primeira;
e) capacidade e legitimação das partes.
II - Espécies:
a) objetiva ou real 
Quando há alteração no objeto da relação obrigacional;
b) subjetiva ou pessoal 
Quando há alteração no que tange aos sujeitos da relação obrigacional. Pode ser passiva (quando a pessoa do devedor se altera) ou ativa (quando a pessoa do credor se altera). A novação subjetiva passiva pode se dar por expromissão (ocorre quando um terceiro assume a dívida do devedor originário, substituindo-o sem o consentimento deste, desde que o credor concorde com tal mudança) ou delegação (a substituição do devedor é feita com o consentimento do devedor originário).
	c) mista
III - Efeitos:
1º) extinção da dívida anterior;
2º) extinção dos acessórios e garantias da dívida, sempre que não houver estipulação em contrário;
3º) ineficácia da ressalva da hipoteca, anticrese ou penhor, se os bens dados em garantia pertencerem a terceiro, que não foi parte na novação;
4º) exoneração do fiador, se for feita sem o seu consenso com o devedor principal;
5º) operada entre o credor e um dos devedores solidários, somente sobre os bens do que contrair a nova obrigação subsistem as preferências e garantias do crédito novado. Os outros devedores solidários ficam por esse fato exonerados;
6º) se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou, ação regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve de má-fé a substituição. 
Obs. A novação, assim como a renegociação da mesma dívida, a luz do princípio da função social, não impedem a rediscussão da validade do contrato (Súmula 286, STJ e Ag. Reg. No Ag. 801.930/SC).
Novação em obrigação natural – a doutrina majoritária entende quem pode ocorrer (art. 814, par.1º)
	
2 - DA COMPENSAÇÃO (art.368 a 380 do C.C.)
Conceito: “Um modo de extinção especial das obrigações recíprocas, pelo qual duas obrigações existentes, em sentido inverso entre as mesmas pessoas, extinguem-se até o montante da menor” (Planiol e Ripert, citados por Sílvio Rodrigues). Aliás, neste sentido, dispõe o Código Civil que “se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem”.
I - Espécies:
a) legal - prevista no Código Civil, cujos efeitos operam de pleno direito, independente de convenção das partes. Entretanto, não pode ser declarada de ofício pelo juiz, cabendo ao interessado alegá-la. O fato de a compensação processar-se por força de lei, implica nas seguintes conseqüências: é irrelevante o problema da capacidade das partes; a compensação retroage à data em que a situação de fato se configurou, inclusive quanto aos acessórios do débito;
b) convencional ou voluntária - decorrente de acordo das partes, que podem dispensar qualquer de seus requisitos. 
c) judicial 
II - Requisitos (da compensação legal):
1º) reciprocidade de débitos
- é indispensável que duas pessoas sejam, ao mesmo tempo, credoras e devedoras uma da outra. Impõe-se observar as seguintes regras: 
- terceiro não interessado poderá pagar, se o fizer em nome e por conta do devedor, porém não poderá compensar;
- pessoa que se obriga por terceiro não poderá compensar essa dívida com a que o credor dele lhe dever;
- Exceção - o devedor só pode compensar com o credor o que este lhe dever, mas o fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado;
- o devedor que, notificado, nada opõe à cessão, que o credor faz a terceiros, dos seus direitos, não pode opor ao cessionário a compensação, que antes da cessão teria podido opor ao cedente. Se, porém, a cessão lhe não tiver sido notificada, poderá opor ao cessionário compensação do crédito que antes tinha contra o cedente;
2º) liquidez das dívidas;
3º) exigibilidade atual das prestações; 
4º) fungibilidade dos débitos; entretanto, embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas prestações, não se compensarão, verificando-se que diferem na qualidade, quando especificada no contrato;
5º) a diferença da causa nas dívidas não impede a compensação, exceto: se uma provier de furto ou roubo; se uma se originar de comodato, depósito, ou alimentos; se uma for de coisa não suscetível de penhora;
6º) não haver renúncia prévia de um dos devedores;
7º) não haver estipulação entre as partes excluindo a possibilidade de compensação;
8º) dedução das despesas necessárias à operação, quando as duas dívidas não forem pagáveis no mesmo lugar;
9º) observância das regras pertinentes à imputação do pagamento, havendo vários débitos compensáveis;
10º) ausência de prejuízo a terceiros. Assim, o devedor que se torne credor do seu credor, depois de penhorado o crédito deste por terceiro, não pode opor ao exeqüente a compensação, de que contra o próprio credor disporia.
Obs: - o STJ tem flexibilizado a proibição de compensação de débito alimentar, como podemos observar no REsp 982.857/RJ, julgado em 18/09/08.
	- o STJ no Agr. Reg. No Agr. 353.291/RS apontou a impossibilidade de retenção de salário para efeito de compensação. Todavia, note-se que o empréstimo consignado é uma exceção admitida pelo próprio ordenamento jurídico.
3 - DA CONFUSÃO (art.381 a 383 do C.C.)
	Conceito: “É a reunião, em uma única pessoa e na mesma relação jurídica, da qualidade de credor e devedor” (Silvio Rodrigues).
I - Espécies
a) total ou própria - se diz respeito ao total da dívida;
b) parcial ou imprópria - se diz respeito a apenas parte da dívida.
II - Requisitos:
a) unidade da relação obrigacional;
b) união, na mesma pessoa, das qualidades de credor e devedor;
c) ausência de separação dos patrimônios.
III - Efeitos:
a) extinção da obrigação;
b) cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus acessórios, a obrigação anterior.
4 - DA REMISSÃO DAS DÍVIDAS (art.385 a 388 do C.C.)		
Conceito: “É a liberalidade do credor, consistente em dispensar o devedor de pagar a dívida” (Silvio Rodrigues). É o perdão da dívida.
I - Modalidades: 
a) expressa (firmada por ato escrito) e tácita (nos casos previstos em lei);
b) total (se tiver por objeto a completa extinção da obrigação) e parcial (se tiver por objeto apenas parte da dívida).
II – Regras:
- a remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro;
- a devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova a desoneração do devedor e seus coobrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir.
- a restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, mas não a extinção da dívida.
- a remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.
UNIDADE VIII – INADIMPLEMENTO RELATIVO
DA MORA (Arts. 394 a 401)
I – Conceito: “Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento, e o credor que o não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer” (art. 394, CC). A mora (inadimplemento relativo) distingue-se do inadimplemento absoluto. Neste, há o descumprimento da obrigação e a impossibilidade de sê-lo, proveitosamente, para o credor. Naquela, a obrigação não é cumprida em tempo, lugar e forma devidos, mas poderá sê-lo, proveitosamente, para o credor. 
- Enunciado 162 da III JDC, a luz do princípio da boa-fé, se a prestação objetivamente considerada tornar-se inútil, não haverá simples mora, mas sim inadimplemento absoluto e responsabilidade civil.
II - Espécies:
- mora solvendi ou debitoris - mora do devedor, quando este não cumprir, por culpa sua, a prestação devida na forma, tempo e lugar devidos. Manifesta-se como mora ex re (decorre da lei, resultando do simples descumprimento da obrigação quando existe termo certo e independendo de provocação do credor) e como mora ex persona (se não houver estipulação de termo certo para a execução da relação obrigacional, sendo indispensável a adoção de certas providências do credor para constituir o devedor em mora). Para se configurar, exige culpa do devedor, eis que não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora.
- mora credendi ou accipiendi - mora do credor, quando este se recusa injustamente a aceitar o adimplemento da obrigação no tempo, lugar e forma devidos ou não vai recebê-la. 
	- mora de ambos - compensação
III - Conseqüências jurídicas:
1º) Da mora do devedor:
- responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado;
- se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir satisfação de perdas e danos (inadimplemento absoluto);
- o devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa (na mora), ou que o dano sobreviria, ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.
2º) Da mora do credor:
- subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa;
- obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas na conservação da coisa;
- sujeita o credor a receber a coisa pela estimação mais favorável ao devedor, se o valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação. 
IV - Termo inicial:
- mora ex re - o inadimplemento de obrigação, positiva e líquida, no seu termo constitui de pleno direito em mora o devedor. Regra dies interpellat pro homine.
Obs: no caso das obrigações decorrentes de alienação fiduciária, o STJ tem entendido de forma pacífica que se trata de mora ex re, de maneira que a notificação do devedor é apenas comprobatória da mora (Ag. Reg. No REsp 1.041.543/RS).
- mora ex persona - não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial. 
- mora solvendi na obrigação negativa - nas obrigações negativas, o devedor fica constituído em mora, desde o dia em que executar o ato de que se devia abster.
- mora em caso de ato ilícito (responsabilidade extracontratual ou aquiliana) - nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou.
V - Purgação ou emenda da mora: É o ato espontâneo do contratante moroso, que visa remediar a situação a que deu causa, evitando os efeitos dela decorrentes, reconduzindo a obrigação à normalidade.
- Purgação da mora debitoris - ocorre quando o devedor oferece a prestação devida (desde que esta não tenha se tornado inútil ao credor), mais a importância dos prejuízos decorrentes até o dia da oferta.
- Purgação da mora do credor - ocorre quando credor se oferece a receber o pagamento e a se sujeitar aos efeitos
da mora até a mesma data.
DAS PERDAS E DANOS (Arts. 402 a 405)
I – Regra geral: Salvo as exceções expressamente previstas em lei, abrangem os danos emergentes e os lucros cessantes. Visam restabelecer o status quo ante. 
II – Requisitos:
- Culpa
- Existência de dano
- Nexo causal (não se indeniza o dano indireto)
III - Perdas e danos nas obrigações de pagamento em dinheiro: serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional. Pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar.
IV - Regras pertinentes à fixação dos prejuízos efetivos e dos lucros cessantes: as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito direto e imediato da inexecução.
DOS JUROS MORATÓRIOS (Arts. 405 a 407)
I – Noções: Juros são o preço do uso do capital (Silvio Rodriges). Podem ser compensatórios, remuneratórios ou juros-frutos (compensação pelo uso de capital alheio) ou moratórios (indenização pelos prejuízos resultantes do retardamento ou descumprimento de obrigação). Os juros ainda podem ser divididos em convencionais (decorrentes da manifestação de vontade das partes) e legais (decorrentes da lei). 
II – Regra: Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros de mora que se contarão assim às dívidas em dinheiro, com às prestações de outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou acordo entre as partes.
Independem de pedido na inicial – art. 293 do CPC e SUM 254 do STF
III - Taxa: Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional. [2: Art. 406: a taxa de juros moratórios a que se refere o art. 406 é a do art. 161, §1º, do Código Tributário Nacional, ou seja, 1% (um por cento) ao mês. A utilização da taxa Selic como índice de apuração dos juros legais não é juridicamente segura, porque impede o prévio conhecimento dos juros; não é operacional, porque seu uso será inviável sempre que se calcularem somente juros ou somente correção monetária; é incompatível com a regra do art. 591 do novo Código Civil, que permite apenas a capitalização anual dos juros.]
IV - Momento em que começam a correr os juros de mora:
a) regra geral – art. 405: contam-se os juros de mora desde a citação inicial (aplica-se em geral nas obrigações ilíquidas);
b) regras especiais:
b.1) inadimplemento de obrigação, positiva e líquida, com termo fixado: a mora se constitui pelo mero advento do termo, contando-se os juros moratórios a partir desse momento;
b.2) inadimplemento de obrigação sem termo fixado: a mora se constitui pela interpelação judicial ou extrajudicial, bem como pela citação, contando-se os juros moratórios a partir de então;
b.3) obrigações provenientes de ato ilícito: considera-se o devedor em mora desde que praticou o ato ilícito, razão por que, nos termos da Súmula 54 do STJ, “os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual”;
b.4) obrigações de natureza diversa de dinheiro: os juros começam a correr desde a citação, mas é necessário que lhes seja fixado o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento ou acordo entre as partes.
UNIDADE IX – RESPONSABILIDADE CIVIL
A responsabilidade civil pode apresentar-se sob diferentes espécies, conforme a perspectiva que se analisa. Assim sendo, poderá ser classificada:
I - Quanto ao fato gerador: 
Responsabilidade contratual
Responsabilidade extracontratual 
II - Em relação ao seu fundamento:
Responsabilidade subjetiva
Responsabilidade objetiva ou Teoria do Risco
III - Quanto ao agente:
Responsabilidade direta
Responsabilidade indireta 
IV - A responsabilidade contratual
Se origina da inexecução contratual - ilícito contratual, ou seja, de falta de adimplemento ou da mora no cumprimento de qualquer obrigação. 
- infração a um dever especial estabelecido pela vontade dos contratantes, por isso decorre de relação obrigacional preexistente e pressupõe capacidade para contratar. 
- na responsabilidade contratual, não precisa o contratante provar a culpa do inadimplente, para obter reparação das perdas e danos, basta provar o inadimplemento. 
- ônus da prova na responsabilidade contratual: competirá ao devedor, que deverá provar, ante o inadimplemento, a inexistência de sua culpa ou presença de qualquer excludente do dever de indenizar (art. 389). 
- para que o devedor não seja obrigado a indenizar, o mesmo deverá provar que o fato ocorreu devido a caso fortuito ou força maior. (art. 393)
a - Regra geral (389): Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor, salvo os considerados impenhoráveis.
 b – Inadimplementos nas obrigações negativas (390): Nas obrigações negativas (não fazer) o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster.
c - Responsabilidade nos contratos benéficos (392): Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Súmula 145 do STJ: “No transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador só será civilmente responsável por danos causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave”. 
d - Responsabilidade nos contratos onerosos (392): Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei.
e - Caso fortuito e força maior (393): O caso fortuito e a força maior exigem, para sua caracterização, dois requisitos: um objetivo, que consiste na inevitabilidade do acontecimento (fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir), e um subjetivo, que consiste na ausência de culpa na produção do evento. 
V –Noções de responsabilidade extracontratual (Arts. 186, 187, 927 a 954)
Também chamada de aquiliana, se resulta do inadimplemento normativo, ou seja, da prática de um ato ilícito por pessoa capaz ou incapaz ( Art. 186), visto que não há vínculo anterior entre as partes, por não estarem ligadas por uma relação obrigacional. A fonte desta inobservância é a lei. É a lesão a um direito sem que entre o ofensor e o ofendido preexista qualquer relação jurídica. Aqui, ao contrário da contratual, caberá à vítima provar a culpa do agente
Princípio do neminem laedere: significa que a ninguém é dado causar prejuízo a outrem.
a – Pressupostos
- Ação ou omissão do agente: o ato ilícito pode advir não só de uma ação, mas também de omissão do agente ou terceiro e ele ligado
- Relação de causalidade: entre a ação do agente e o dano causado tem que haver um nexo de causalidade, pois é possível que tenha havido ato ilícito e dano, sem que um seja causa do outro.
- Existência de dano: tem que haver um dano (seja moral ou material), pois a responsabilidade civil baseia-se no prejuízo para que haja uma indenização.
- Dolo ou culpa: 
O art. 927 consagra a responsabilidade subjetiva (com aferição de culpa) e a responsabilidade objetiva:Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 - subjetiva e 187- objetiva), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei (leis especiais: acidente de trabalho; CDC, etc), ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem (também consagra a responsabilidade objetiva).
No parágrafo único existem duas situações de responsabilidade objetiva:
a) quando consagrada em lei especial;
b) quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar por sua natureza RISCO para os direitos de outrem.
Obs: é preciso que a atividade traduza uma ação reiterada, habitual, expondo a vítima a uma probabilidade de dano maior do que a experimentada por outras pessoas da coletividade.
c - Conseqüência - A principal conseqüência do ato ilícito é a obrigação de reparar o dano. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932 do CC/2002. 
UNIDADE X - DA CLÁUSULA PENAL (Arts. 408 a 416)
I – Noção: “É um pacto secundário e acessório, em que se estipula pena ou multa para a parte que se subtrair ao cumprimento da obrigação, a que se obrigara, ou que apenas retardá-la” (Washington de Barros Monteiro). É também denominada de multa contratual ou pena convencional.
II - Funções:
- função compulsória, pois constitui um meio de forçar o cumprimento do estipulado, 
- função indenizatória, por estimar previamente as perdas e danos, caracterizando uma liquidação antecipada e convencional dos prejuízos a serem ressarcidos, no caso de inadimplemento da avença. 
II - Caracteres:
a) acessoriedade 
b) condicionalidade;
c) compulsoriedade;
d) subsidiariedade, somente na hipótese de pena compensatória;
e) ressarcibilidade, por constituir liquidação prévia e convencional das perdas e danos, no caso de inadimplemento futuro do convencionado;
f) imutabilidade relativa, eis que poderá ser modificada pelo magistrado nos casos previstos em lei.
III - Modalidades:
a) compensatória (art. 410) - É a que é estipulada para as hipóteses de total inadimplemento da obrigação. 
b) moratória (art. 411) - É a convencionada para o caso de mora ou relacionada à inexecução de alguma cláusula especial.
IV - Estipulação: pode ocorrer conjuntamente com a obrigação principal ou em ato posterior.
V - Regras:
a) Cláusula penal estipulada para o caso de total inadimplemento da obrigação - O credor pode exigir o cumprimento da obrigação, ou a satisfação da cláusula penal, não podendo cumular ambas as pretensões. Não pode, entretanto, exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado, ainda que o prejuízo exceda o previsto na cláusula penal; entretanto, se tiver havido convenção admitindo a aludida suplementação, a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente.
 b) Cláusula penal estipulada para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula determinada - O credor tem o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal.
c) Desnecessidade de comprovação do prejuízo - Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo.
Valor - Não pode ser superior ao da obrigação principal. 
È lícita a cláusula que prevê a perda de todas as prestações pagas a título de cláusula penal? O STJ tem o entendimento (REsp 399.123/SC, REsp 435608/PR) no sentido de que os contratos celebrados após a entrada em vigor do CDC, por conta do princípio constitucional de defesa do consumidor, pode em tese ter esta cláusula impugnada. 
e) Redução do valor (art. 413) – proporcionalidade e vedação do excesso 
f) Momento em que se torna devida - desde que o devedor, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora.
g) Pluralidade de devedores na obrigação com cláusula penal: 1º) Se a obrigação for indivisível, todos os devedores, caindo em falta um deles, incorrerão na pena; mas esta só se poderá demandar integralmente do culpado, respondendo cada um dos outros somente pela sua cota. Aos não culpados assiste o direito de regresso contra o culpado. 2º) Se a obrigação for divisível, só incorrerá na pena o devedor ou o herdeiro do devedor que a infringir, e proporcionalmente à sua parte na obrigação.
UNIDADE XI - DAS ARRAS OU SINAL
		
I – Conceito: “As arras, ou sinal, constituem a importância em dinheiro ou a coisa dada por um contratante ao outro, por ocasião da conclusão do contrato, com escopo de firmar a presunção de acordo final e tornar obrigatório o ajuste; ou ainda, excepcionalmente, com o propósito de assegurar, para cada um dos contratantes, o direito de arrependimento” (SR).
II - Natureza jurídica: pacto acessório ao contrato principal e de caráter real.
III – Objeto: dinheiro ou bem móvel.
IV - Espécies:
a) arras confirmatórias - de acordo com o Código Civil, as arras têm, ordinariamente, função confirmatória, ou seja, têm por finalidade firmar a presunção de acordo final e tornar obrigatório o ajuste;
b) arras penitenciais – têm função unicamente indenizatória, destinando-se a assegurar às partes o direito de arrependimento, quanto este for estipulado no contrato para qualquer das partes. 
V – Regras:
a) Execução do contrato: No caso de execução do contrato, as arras devem ser restituídas ou, se do mesmo gênero da prestação principal devida, compensadas nesta (como se fossem início de pagamento).
b) Inexecução do contrato em que haja a fixação de arras confirmatórias: Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado. A parte inocente pode, ainda, pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização.
c) Inexecução do contrato em que haja a fixação de arras penitenciais – Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.
Referências Bibliográficas
BRASIL, LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. CÓDIGO CIVIL bRASILEIRO
GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo curso de direito civil: obrigações. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v 2.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2009. v. 2.
NADER, Paulo. Curso de direito civil. Curso de Direito Civil – obrigações. 4 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. v 2.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral das obrigações. 24 ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 2.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: teoria geral das obrigações. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2010. V. 2.
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito das obrigações. 35 ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 5.
CÓDIGO CIVIL bRASILEIRO - LEI 10.406, DE 10/01/2002 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Seção I - Das Obrigações de Dar Coisa Certa
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor
culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239.
Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé.
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.
Seção II - Das Obrigações de Dar Coisa Incerta
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente.
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.
CAPÍTULO II - Das Obrigações de Fazer
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível.
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
CAPÍTULO III - Das Obrigações de Não Fazer
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.
CAPÍTULO IV - Das Obrigações Alternativas
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos.
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.
CAPÍTULO V - Das Obrigações Divisíveis e Indivisíveis
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda.
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:
I - a todos conjuntamente;
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.
Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão.
Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.
§ 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais.
§ 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos.
CAPÍTULO VI - Das Obrigações Solidárias
Seção I - Disposições Gerais
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.
Seção II - Da Solidariedade Ativa
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro.
Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago.
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.
Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade.
Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba.
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros.
Art.

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