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Ebook_Direito_Penal_Lúcio_v1 (1)

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Brasília – 2013 
Versão 1.0 
Lúcio Valente
 
www.facebook.com/groups/luciovalente Material Gratuito 
2 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
Olá amigos 
Meu nome é Lúcio Valente. Sou Delegado de Polícia da PCDF. Ministro aulas de Direito Penal e de 
Processo Penal em cursos preparatórios de Brasília-DF, Goiânia-GO e Palmas-TO. 
Minha missão durante nosso curso é trabalhar muito para facilitar a sua aprovação. Vou ser teu 
companheiro nessa caminhada e quero que confie em minha didática e metodologia. 
Todas as aulas são preparadas de uma forma em que você tenha a exata sensação de está-las assistindo 
pessoalmente. Para isso, eu literalmente degravei o conteúdo das minhas aulas presenciais. Ou seja, procurei descrever 
todos os exemplos de forma muito próxima ao que apresento em sala de aula. 
O material foi completamente revisto, ampliado e atualizado com os mais recentes posicionamentos 
jurisprudenciais e doutrinários. 
O aluno perceberá que as aulas partem de conhecimentos básicos da matéria e busca aprofundamentos 
pontuais e necessários, sem se perder em temas não comumente cobrados pelas bancas. 
Antes de iniciar a aula gostaria de esclarecer algumas coisas: 
Não administre dúvidas! Claro que pode existir um ponto ou outro da matéria que não possa ter ficado 
claro pra você. Por isso, espero que você me encaminhe todas elas ao fórum; 
Direito Penal aprende-se pelos exemplos! Preste atenção aos conceitos, mas guarde os exemplos em seu 
coração. A alma das minhas aulas está em meus exemplos! 
Acompanhe as aulas tendo um Código Penal (CP) em mãos. Não precisa comprá-lo, basta acessar: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil/Decreto-Lei/Del2848compilado.htm 
PROGRAMA DAS AULAS  
AULA 0: Infração penal - elementos, espécies. Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal; Fato Típico: Conduta ativa e omissiva; 
AULA 1: Fato Típico: Dolo e Culpa; Resultado; 
AULA 2: Fato Típico: Nexo de Causalidade e tipicidade em sentido estrito; 
AULA 3: Erro de tipo e Ilicitude; 
AULA 4: Culpabilidade (imputabilidade está dentro do estudo de Culpabilidade); 
AULA 5: Concurso de Pessoas e Princípios Constitucionais 
AULA 6: A Lei penal no tempo e no espaço; Punibilidade. 
AULA 7: Crimes Contra a Pessoa ; 
AULA 8: Crimes Contra o Patrimônio; 
AULA 9: Crimes Contra a Administração Pública praticados por Funcionários Públicos; 
AULA 10: Crimes Contra a Administração Pública. 
 
Preparado? Então vamos lá! 
 
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3 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
AULA ZERO 
O DIREITO PENAL 
1. Introdução 
 
Dois jovens rapazes saem do local onde moram na periferia de Brasília. Um deles, com 19 anos de idade, 
portando uma pistola; o outro, com 16 anos de idade, portando um revólver. 
Ambos se dirigem a um posto de combustíveis, localizado em Taguatinga-DF, com a intenção de assaltá-
lo. É data próxima ao Natal, e os bandidos querem aproveitar o maior movimento da data. Quando chegam ao local, por 
fatídica coincidência, ali também chega outro rapaz, a quem vou dar o nome de José. 
José estava no Distrito Federal há três anos, e aqui estava a convite de um primo que era borracheiro no 
mesmo posto de combustíveis em que ocorrem os acontecimentos. José, assim como seu primo, veio de outra unidade 
da federação em busca de melhores condições de vida. 
José, já no Distrito Federal, frequentou um curso profissionalizante de instalador de sons automotivos e 
passou a trabalhar na área. Como seu trabalho era muito bom e como José era muito inventivo, começou a prestar 
serviços para pessoas que faziam competições desse tipo. 
José começou a ganhar algum dinheiro. Pelo menos, o suficiente para que ele comprasse uma pequena 
casa em um bairro periférico de Brasília. Pretendia, como comentara com amigos, trazer sua esposa e seu filho pequeno 
que estavam em seu estado de origem. 
Com o dinheiro que ganhava conseguiu, além disso, um financiamento bancário de um carro tipo pick up, 
no qual instalou vários acessórios. Montou, do mesmo modo, um equipamento de som digno de ganhar qualquer 
competição que eventualmente participasse. 
Por uma dessas coincidências da vida, José estava no posto de combustíveis ao mesmo tempo em que ali 
chegavam os dois assaltantes. José apenas queria mostrar o resultado da instalação dos equipamentos ao primo 
borracheiro. Ocorre que, quando os dois assaltantes viram o carro, mudaram o foco de sua empreitada criminosa. 
Decidiram, assim, assaltar José e levar o veículo. É o que os bandidos chamam de cavalo doido, quer dizer, fora do 
planejamento criminoso. 
Ao abordarem a vítima, sem que esta demonstrasse qualquer reação, um dos rapazes efetuou vários 
disparos que acabaram por atingi-la, levando-a à morte. 
Esse fato verídico tem se tornado comum no dia-a-dia das grandes cidades brasileiras. 
 
O crime, como se vê, não é primariamente um fenômeno jurídico. É, antes de tudo, um fenômeno social. 
O que a ciência do Direito faz é transformar esse fato social em um fato com relevância jurídica. Da mesma forma, 
 
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4 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
o casamento é um fato da vida real, mas que o Direito regula, transformando aquilo que é apenas um fato social em um 
fato jurídico. 
O crime é, enfim, um fenômeno social que o Direito tratou de regular, ou seja, tratou de estabelecer um 
sistema científico para que seja possível a imputação jurídico-penal (atribuição da responsabilidade penal) a determinada 
pessoa. 
No entanto, nem sempre foi assim. Até a primeira teoria jurídica do crime, surgida por volta de 1900 na 
Alemanha (Sistema Liszt/Beling), não existiam métodos jurídicos para correta análise de um fato social danoso como esse 
que relatei acima. Então, o Juiz “A” poderia ter um entendimento sobre o caso completamente diferente de um Juiz “B”. 
Isso dependeria das convicções (filosóficas, sociológicas etc.) de cada um deles. 
Naquele tempo, o Direito Penal (e o próprio Direito como um todo) não apresentava método próprio de 
estudo que o distinguisse de outras ciências. Não existia um ponto de vista puramente jurídico, ou seja, a análise do fato 
sempre levava em considerações ponderações do tipo: por que o autor matou? (consideração psicológica); quais são as 
circunstâncias sociais que levam um indivíduo a praticar o crime? (consideração sociológica); quais são as características 
inatas de um criminoso? (critério biológico) etc. 
Tais ponderações são muito importantes em determinados momentos do estudo do fenômeno infracional 
(no cálculo da pena, por exemplo), mas afasta o aplicador do Direito Penal de critérios lógicos e formais da solução do 
problema estudado. E qual é o problema a ser estudado pelo aplicador da lei penal? Simples assim: o agente praticou um 
fato típico (leia-se, é um fato descrito na lei penal)? Esse fato típico é contrário ao direito (leia-se, é ilícito)? Em sendo 
contrário ao direito, é culpável ao autor (leia-se, há reprovabilidade)? 
Achando respostas positivas para as questões acima, o aplicador da lei penal continua seu 
questionamento: considerando que estamos diante de um fato típico, ilícito e culpável, há possibilidade de se aplicar a 
punição respectiva ao autor (leia-se é punível)? É possível que a pena já tenha sido prescrita (“caducada”), como 
exemplo, o que afastaria a punibilidade etc. 
O que vamos estudar são justamente as etapas que devem ser analisadas para que, ao final, possa-se 
afirmar que o indivíduo cometera uma infração penal. E, mais do que isso, se poderá ser punido pela infração cometida. 
Trata-se de um olhar jurídico (científico) e não apenas sociológico, filosófico ou biológicodo fenômeno estudado. 
Antes de adentrarmos na teoria do crime, preciso que você entenda o que estamos estudando. Ou melhor, 
qual é o objeto do nosso estudo? 
 
2. Conceito e objeto do Direito Penal 
Bom, nos propusemos a estudar o Direito Penal. O que seria isso então? 
O Direito Penal é a ciência jurídica que estuda as infrações penais. 
Podemos afirmar, dessa forma, que o Direito Penal é um campo da ciência que tem como objeto de 
estudo as infrações (violações) às leis penais. Resta-nos decifrar o que seria, exatamente, “infração penal”. 
 
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5 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
 
3. Infração Penal 
 
No Brasil, existem duas maneiras de se infringir uma lei penal (sistema dicotômico). Digo, existem duas 
possibilidades de se cometer uma infração penal. A primeira forma de se infringir a lei penal é através da prática de um 
Crime (sinônimo de Delito); a outra forma de infração penal é a Contravenção Penal. 
Resumindo, podemos dizer que Crime e Contravenção são espécies do gênero Infração Penal. 
 
 
4. Diferenças entre Crime (Delito) e Contravenção Penal: 
 
Uma ótima forma de se estabelecer distinções entre dois objetos é, primeiramente, descobrindo-se o que 
há de comum em ambos. Se eu quiser distinguir “laranja” de “tangerina”, preciso saber, antes de qualquer coisa, que se 
trata de duas frutas. Sabemos, nesse passo, que o Crime e a Contravenção possuem algo em comum. Ambas são formas 
de infração penal. 
Sabendo que laranja é uma fruta e que tangerina também é uma fruta, posso distingui-las, basicamente, 
de duas formas: 1º aspecto visual: laranjas têm aparência diferente de tangerinas; 2º pelo sabor: ao provar, posso 
distinguir o gosto das duas frutas. 
Quando trato de Crime e Contravenção, posso usar processo semelhante. Inicialmente, aprendemos que 
ambas são espécies de infrações penais. Agora resta-nos apontar as diferenças existentes entre elas: 
1º Diferença: legislativa 
Não há como saber se uma conduta é criminosa ou contravencional (contravenção penal) sem conhecer a 
“letra da lei”. A decisão sobre um fato ser considerado crime ou contravenção é de quem fez a lei, leia-se, do legislador. 
Explico: a primeira grande diferença entre as duas infrações penais é o local onde estão 
documentadas. 
 É fácil, veja só: 
Infrações 
Penais
Crimes 
(Delitos)
Contraveções 
Penais
 
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6 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
Os Crimes estão previstos no Código Penal (Decreto-Lei n.o 2.848/1940), bem como nas Leis Penais 
Especiais ( também chamadas de Leis Penais Extravagantes). Como exemplos dessas últimas, temos: crimes de drogas 
(Lei 11.343/2006); crimes de arma de fogo (Lei 10.826/03); crimes ambientais (Lei 9.605/98); crimes de trânsito ( Lei 
9.503/98), entre muitos outros. 
As Contravenções Penais estão previstas em uma lei específica, o Decreto-Lei n.º 3.688/1941. Essa lei 
tem o nome de Lei de Contravenções Penais. 
O legislador, por meio de lei federal (princípio da legalidade), pode criar novos tipos penais (leiam-se, 
novos crimes), revogá-los, alterá-los. Pode, além disso, transformar uma Contravenção em Crime. É uma decisão 
meramente política. 
Existem situações que antes eram consideradas Contravenções, mas por decisão do legislador passaram 
a ser Crime. O porte de arma de fogo, por exemplo, era considerado contravenção e hoje, pelo Estatuto do 
Desarmamento, é considerado crime. Quero dizer com isso que não existe uma diferença conceitual entre crime e 
contravenção. 
Interessante que, falando da Lei de Contravenções, ela costuma tratar de situações muito menos graves 
do que o Código Penal. É por isso que o grande penalista brasileiro Nelson Hungria apelidava a Contravenção Penal de 
“crime anão”. 
 
 
2ª Diferença: Crimes são, em regra, mais graves. 
Uma segunda diferença, então, entre crime e contravenção seria o fato de que os crimes costumam ser 
mais graves do que as contravenções e até por isso as penas dos crimes são, em regra, mais pesadas. 
Imagine que você esteja assistindo a uma peça de teatro. Uma peça de Shakespeare, por exemplo. No 
meio do espetáculo um sujeito começa a conversar ao celular atrapalhando a interpretação dos atores. Acreditem ou não, 
mas existe uma contravenção penal nessa conduta. Veja só: 
CRIMES
Código Penal
Leis Penais 
Especiais
CONTRAVENÇÕES
Lei de 
Contraveções 
Penais
 
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7 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
Art. 40. Provocar tumulto ou portar-se de modo inconveniente ou desrespeitoso, em solenidade ou ato 
oficial, em assembléia ou espetáculo público, se o fato não constitui infração penal mais grave. Pena – prisão simples, 
de quinze dias a seis meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
Seria um exagero considerar a situação acima criminosa. A reprimenda prevista para a Contravenção já é 
mais do que suficiente para prevenir e refrear a conduta. 
Muitos penalistas modernos, por isso, defendem que a Lei de Contravenções deveria ser revogada, uma 
vez que o Direito Penal não poderia se ocupar de situações de pequena monta, de pouca relevância para a vida em 
sociedade. 
3ª Diferença: espécies de penas 
Em decorrência da segunda diferença acima, é natural que a qualidade das penas cominadas (atribuídas) 
a Crimes seja diferente da aplicada às Contravenções. Os Crimes são apenados com reclusão, detenção e multa. As 
Contravenções com prisão simples e multa. 
FCC/2007/TJ-PE/Técnico Judiciário) Às contravenções é cominada, pela lei, a pena de reclusão ou 
de detenção e multa, esta última sempre alternativa ou cumulativa com aquela. 
Item falso 
 
 
 
 
Qual a diferença entre eles? 
CRIMES
Reclusão
Detenção
Multa
CONTRAVENÇÕES
Prisão 
Simples
Multa
 
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8 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
a. Reclusão: o agente pode iniciar o cumprimento da pena em regime fechado, semi-aberto ou aberto, 
dependendo da pena concreta; 
b. Detenção: o agente pode iniciar o cumprimento em regime semi-aberto ou aberto. Caso descumpra 
as regras de tais regimes, pode regredir para o regime fechado, mas nunca iniciar nesse regime; 
c. Prisão Simples: Prisão simples é a pena cumprida sem rigor penitenciário em estabelecimento 
especial ou seção especial de prisão comum, em regime aberto ou semi-aberto. Trata-se de pena aplicada em face de 
contravenção penal (Lei das Contravenções Penais - Decreto Lei nº3.688/1941). Somente são admitidos os regimes 
aberto e semi-aberto. É vedado o emprego do regime fechado para o cumprimento de pena por contravenção 
penal, mesmo em caso de regressão. 
4ª Diferença: não se admite tentativa nas Contravenções Penais 
A quarta diferença é que os crimes podem admitir tentativa, as contravenções nunca admitem 
tentativa. 
Eu digo que os crimes podem admitir tentativa porque existem situações que não se admite tentativa em 
crime. Vamos ter uma aula específica sobre o tema, então vou deixar para aprofundar assunto em momento oportuno. 
Por enquanto, é suficiente que você saiba que as contravenções penais nunca admitem a forma tentada, pois a Lei de 
Contravenções expressamente a proíbe (art. 4º). 
 
 
5ª Diferença: princípio da extraterritorialidade 
O Código Penal prevê, como regra, o princípio da territorialidade (art. 5º, caput), determinando que os 
crimes praticados em território nacional devam aqui ser julgados. Permite, no entanto, que, em determinadas 
circunstâncias, crimes cometidosno estrangeiro sejam também julgados no Brasil (princípio da extraterritorialidade, art. 7º 
do CP) (ex.: crime contra a vida do Presidente da República do Brasil ocorrido no estrangeiro). Em resumo, o Brasil aplica 
como regra o princípio da territorialidade (crimes cometidos no Brasil, julgamento no Brasil), mas permite a 
extraterritorialidade (crimes cometidos no estrangeiro, julgamento no Brasil). 
A Lei de Contravenções, de outra forma, só admite a aplicação do princípio da territorialidade, não 
punindo condutas ocorridas fora dos limites territoriais brasileiros. 
CRIMES
podem 
admitir 
tentativa
CONTRAVENÇÕES
nunca 
admitem 
tentativa
 
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9 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
 
 
ESTUDAMOS ATÉ AQUI QUE: 
1. No Brasil há duas espécies de infração penal: crime (ou delito) e contravenção penal; 
2. Os crimes estão previstos no Código Penal e nas Leis Penais Especiais, como na Lei de Drogas 
(Lei 11.343/2006); 
3. As contravenções estão previstas na Lei de Contravenções Penais; 
4. Em regra, crimes são mais graves que contravenções; 
5. O crime admite reclusão, detenção e multa; 
6. A contravenção só admite prisão simples e multa; 
7. Não existe possibilidade de tentativa em contravenção penal; 
8. Aos crimes aplica-se o princípio da extraterritorialidade. 
 
 
 
Teoria Geral do Crime 
1. Introdução 
O crime, como já dito, é um fenômeno social, ou seja, fato de natureza moral ou social, regido por leis 
especiais. Um sujeito, como exemplo, pretendendo matar um desafeto, saca uma arma de fogo e dispara contra a vítima 
ceifando-lhe a vida. 
Não podemos fracionar em elementos o “fenômeno crime” no sentido psicológico ou sociológico, assim 
como não podemos fracionar a violência, o medo, as paixões. O delito, no sentido que acabamos de expor, não interessa 
ao estudioso do Direito, mas sim ao sociólogo, ao filósofo, ao psicólogo, certo que pode ser objeto das mais variadas 
ciências, como a criminologia, política criminal, sociologia, medicina legal. Neste ponto, cabe-nos identificar corretamente 
quais desses fenômenos são jurídico-penais e quais pertencem a ciências outras. 
 
 
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10 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
Dessa forma, devemos admitir a Ciência do Direito Penal como autônoma, com finalidades, objetos e 
métodos próprios, uma ciência com verdadeiro caráter dogmático e cartesiano. As demais ciências criminais (criminologia, 
política criminal) têm acentuado caráter causal-explicativo, baseiam-se exclusivamente na experiência, como única fonte 
de conhecimentos (empirismo). A ciência do Direito Penal é uma ciência de aplicação prática e o penalista busca 
métodos, técnica e fórmulas para solução de problemas práticos. 
Partindo deste prisma, caso estivéssemos em uma aula de anatomia humana em um curso de Medicina, 
certamente o Professor dividira pedagogicamente as partes do corpo humano para melhor apreensão da matéria 
(cérebro, sistemas funções etc.). No ensino fundamental aprendemos a dividi-lo em cabeça, tronco e membros. Certo é 
que não podemos conceber um corpo perfeito sem cabeça, ou sem tronco. Podemos até concebê-lo sem membros, mas 
estaríamos diante de um corpo imperfeito. O cientista do Direito Penal adota método parecido para o estudo jurídico (e 
não social) do fato delituoso. 
A teoria do delito é uma construção teórica, que nos proporciona o caminho lógico para averiguar 
se há delito em cada caso concreto. 
Quando o operador do Direito (o Delegado, o Juiz, o Promotor, o Advogado etc.) se depara com um fato, 
quais são as etapas que ele deve seguir para constatar a realização de um ilícito com relevância penal? 
A resposta nos é dada pela Teoria Geral do Crime, que se ocupa, justamente, da exposição sistemática 
dos requisitos (ou fundamentos) necessários para a configuração do crime. 
O que eu quero dizer é que existe um processo, passo-a-passo, para se determinar se uma determinada 
conduta humana pode ou não ser considerada crime. “Matar Alguém” só será considerado crime, por exemplo, se todas 
as etapas forem preenchidas. E quais seriam essas etapas (ou requisitos)? É isso que vamos estudar a partir de agora. 
Considerando o estágio atual da Teoria do Delito, teremos como base de estudo a Teoria Finalista 
Tripartida de Hans Welzel. Teoria tripartida porque é divida em três partes: o crime como um fato típico, ilícito e 
culpável. 
Devo adverti-lo, no entanto, que os finalistas admitem outras estruturações do crime. Há concepções 
finalistas que dividem o crime em duas partes (teorias bipartidas). Na Alemanha, por exemplo, há inúmeros defensores da 
denominada concepção total do injusto (tipo global de injusto), em que o fato típico e a ilicitude se fundem em uma só 
realidade (teoria dos elementos negativos do tipo). No Brasil, há defensores de outra forma de teoria bipartida, 
concebendo a separação de tipicidade e ilicitude, mas excluindo a culpabilidade, mantendo-a como pressuposto para 
aplicação de pena (por todos, Damásio de Jesus). 
Por questões didáticas, elegi a sistema tripartido para abordagem em nossas aulas. Em momento próprio, 
tratarei da evolução dogmática da teoria do crime e nos aprofundaremos em outros sistemas existentes. 
Assim, a concepção que adotaremos será a seguinte: 
1º Fato típico: a verificação do enquadramento de determinada conduta humana em um modelo de 
conduta proibida (ex.: matar alguém); 
 
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11 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
2º Ilicitude: estudo de regras permissivas que excluem a contradição da ação típica com o ordenamento 
jurídico (ex.: matar alguém em legítima defesa); 
3º Culpabilidade: verificação da reprovabilidade ou não da conduta ilícita do agente (ex.: matar alguém 
em estado de alucinação mental). 
 
2. Conceito analítico (segundo a teoria finalista tripartida) 
Lembro-me que nas aulas de biologia do ensino fundamental estudamos o corpo humano. Lembro-me, 
ainda, que a professora Mariquinha dividiu o corpo humano em três partes: cabeça, tronco e membros. Será que 
podemos dividir o corpo humano de fato? Claro que não. O corpo humano é um todo indivisível. 
Existe corpo humano perfeito sem cabeça, tronco ou membros? Claro que não. O que a professora 
Mariquinha fez foi dividir o nosso estudo (e não o corpo) em partes. E para que ela fez isso? Por óbvio, para facilitar a 
abordagem da matéria. 
Assim como o corpo humano deve ser dividido pelo anatomista para seu estudo, assim o faremos com os 
elementos do crime. Para nós, o crime é um fato típico (cabeça), ilícito (tronco) e culpável (membros). Observe o quadro a 
seguir: 
 
Crime é fato típico + antijurídico + culpável. 
 
 Cabeça tronco membros 
 
 
Ao mesmo tempo, vamos dar uma olhadela geral na estrutura do conceito analítico de crime. Perceba que 
cada elemento (fato típico, ilicitude e culpabilidade) possui subcomponentes que devem ser memorizados. 
 
 
 
 
 
 
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12 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
 
 
Se você conhece a estrutura da teoria tripartida do crime (cabeça, tronco e membros), vai ficar muito mais 
fácil caminhar em terreno firme. 
Pois então, já memorizou os elementos do crime? Não? Então, retorne e gaste alguns minutos lendo a 
tabela acima antes de continuar. 
Agora, resolva as seguintes questões de concurso: 
(CESPE/PF/2009) São elementos do fato típico: conduta, resultado, nexo de causalidade, tipicidade 
eculpabilidade, de forma que, ausente qualquer dos elementos, a conduta será atípica para o direito penal, mas 
poderá ser valorada pelos outros ramos do direito, podendo configurar, por exemplo, ilícito administrativo. 
Item falso. 
 
(CESPE/2010/TRE-BA/Analista Judiciário) A imputabilidade penal é um dos elementos que 
constituem a culpabilidade e não integra a tipicidade. 
Item verdadeiro. 
 
2.1 Do Fato Típico 
De acordo com a estrutura acima apresentada, o crime tem como primeiro elemento o fato típico e como 
primeiro subelemento a conduta humana. Tudo parte da conduta de um ser humano. Sim, porque o Direito Penal nada 
fato típico
conduta
resultado
nexo causal
tipicidade
ilicitude
estado de 
necessidade
legítima 
defesa
exercício regular do 
direito
estrito cumprimento 
do dever legal
culpabilidade
imputabilidade 
potencial consciência  da 
ilicitude
exigibilidade de 
conduta diversa
 
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13 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
mais é do que um ramo do Direito e, portanto, regula a vida de pessoas em sociedade. Sem conduta humana, não há 
qualquer motivo para, sequer, a existência do Direito. 
 
2.1.1 Conduta 
 
Fato típico 
 
Lembre-se que o Direito Penal é uma ciência e, por isso, apresenta seus próprios conceitos. Preciso dizer 
isso porque é muito importante que você entenda as concepções corretas para os termos que utilizaremos. 
Como o Direito Penal concebe o termo “conduta”? 
Conduta para o Direito Penal é a ação ou omissão humana (a) consciente (b) e voluntária (c) voltada 
para uma finalidade (d). 
Temos, então, os seguintes elementos dentro desse conceito apresentado: 
. 
 
 a) Ação ou omissão deve ser humana (praticada por ser humano) 
O modelo de conduta que iremos estudar (modelo finalista) foi desenvolvido por Welzel, com contribuições 
de Maurach, Kaufmann, entre outros. Na concepção finalista, o ser humano age sempre psicologicamente com 
fato típico
conduta
ilicitude culpabilidade
CONDUTA
AÇÃO OU 
OMISSÃO 
HUMANA
CONSCIENTE
FINALIDADE
VONTADE
 
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14 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
capacidade potencial de calcular as consequências de seus atos. A conduta humana não pode ser cega, justamente 
porque temos a habilidade de antever os possíveis sequelas que podem advir de nossos comportamentos. 
Quando determinada pessoa atropela um pedestre por ter desrespeitado o semáforo, pode ser implicado 
pelo resultado, justamente porque qualquer um de nós poderia antever, pelo menos, a possibilidade do saldo danoso. 
A capacidade de antecipação das consequências de suas ações é atributo que somente o ser humano 
possui. É por isso que somente o ser humano pratica conduta penalmente relevante. Nesse sentido, animais 
irracionais não têm conduta, por exemplo. Animais não “agridem” (mas podem ser utilizados como verdadeiras armas por 
seus donos). A “conduta” do cachorro de morder alguém só terá relevância para o Direito Penal se por trás desse ataque 
houver um ser humano que, por exemplo, o provocou ou o esqueceu solto. A conduta foi do homem e não do animal. 
Mas, Valente, se o crime exige uma conduta de ser humano, como pode uma pessoa jurídica (criada 
pelo direito, como uma empresa, por exemplo) cometer crimes? 
Vamos fazer igual ao esquartejador. Vamos por partes! 
 É verdade sim que a pessoa jurídica não pode praticar condutas, mas pode responder criminalmente por 
um fato. 
Como isso é possível? Calma, eu explico. Mas para isso vamos nos lembrar das aulas de Direito 
Constitucional. 
Como vimos, somente o ser humano pode praticar condutas com relevância para o Direito Penal. Pessoa 
Jurídica não é ser humano (óbvio), mas responde por crime porque a Constituição Federal assim permite. 
Não entendeu? Tudo bem, olha só! 
Lembra-se do conceito de Poder Constituinte Originário? 
O poder constituinte originário é aquele que tem a prerrogativa de criar uma nova Constituição de um 
Estado. Quando a Assembleia Nacional Constituinte promulgou a nossa Constituição de 1988, achou por bem colocar ali 
duas situações em que pessoas jurídicas poderiam responder criminalmente por um determinado fato. 
E o constituinte poderia ter feito isso? 
Poderia sim, uma vez que uma das características do poder que elabora uma nova constituição é a 
liberdade total para fazê-lo. Lembre-se que o poder constituinte é “originário, “incondicionado” e “ilimitado”. 
Então, hoje, temos a seguinte situação: 
Pessoa Jurídica pratica crime? 
Resposta: para a Teoria do Crime, não. Para a nossa Constituição da República de 1988, sim. 
E o que você vai marcar em sua prova? 
Ora, o que está na Constituição Federal, pois é assim que o CESPE, por exemplo, tem cobrado. 
 
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15 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
Como vimos, então, pessoa jurídica pratica crime, uma vez que a Constituição da República assim 
permite. Essa permissão ocorre em duas situações: 
1ª hipótese: artigo 173, § 5º, CR. 
 “173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica 
pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse 
coletivo, conforme definidos em lei.” 
(...) 
“§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, 
estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos 
praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.” 
Conforme a norma constitucional acima apresentada, a primeira hipótese de atribuição de 
responsabilidade penal à pessoa jurídica seria nos crimes contra a ordem econômica e financeira e contra a economia 
popular. 
Essa situação ainda não pode ser aplicada porque, apesar de estar previsto na CR que pessoa jurídica 
pode responder por crimes contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular, ainda não existe 
uma lei que tenha complementado essa possibilidade na prática. Quero dizer que tem que existir uma lei 
infraconstitucional (inferior à Constituição) que instrumentalize essa hipótese prevista na Constituição Federal. 
Com efeito, a lei nº 8.137/90 (crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de 
consumo), a Lei nº 1521/51 (Crimes contra a economia popular) e Lei nº7492/86 (Crimes contra o sistema financeiro 
nacional) nada mencionam sobre responsabilidade penal da pessoa jurídica. 
2ª hipótese: art. 225, § 3º, CR. 
“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e 
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo 
para as presentes e futuras gerações.” 
(...) 
“§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, 
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os 
danos causados.” 
A segunda hipótese constitucional está inserida no texto acima e está relacionada aos crimes ambientais. 
Ao contrário da primeira hipótese, o art. 225§ 3º da CR foi regulamentado pela Lei de Crimes Ambientais (Lei 9605/98). 
No Brasil, portanto, pessoas jurídicas podem responder criminalmente por crimes contra o meio-ambiente, 
senão vejamos: 
 
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16 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
“(Art. 3º, Lei 93605/98) As pessoas jurídicas serãoresponsabilizadas administrativa, civil e penalmente 
conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou 
contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.” 
“Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, 
autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato.” 
 
 
 
Muito importante esse parágrafo único acima. Para solucionar o que eu falei sobre a impossibilidade da 
pessoa jurídica praticar conduta foi que a Lei Ambiental determinou que as pessoas físicas responsáveis pela pessoa 
jurídica em questão responderão em coautoria ou participação pelo crime desta última. 
O legislador sabe que quem praticou, de fato, a conduta criminosa foi uma pessoa física ou um grupo de 
pessoas físicas em nome da pessoa jurídica, simplesmente porque pessoas jurídicas não praticam condutas, como já 
dissemos. Explico, foi um funcionário da empresa que determinou que fossem jogados resíduos em um rio, agindo em 
nome da empresa e em seu benefício. 
Quem praticou o crime ambiental? O Funcionário em coautoria com a pessoa jurídica. É o que a doutrina 
denomina de TEORIA DA DUPLA IMPUTAÇÃO. 
Por essa teoria, sempre que uma pessoa jurídica responder por um crime ambiental, com ela 
responderá uma pessoa física. 
O STJ, por sua vez, já decidiu que se admite a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes 
ambientais desde que haja a imputação simultânea do ente moral e da pessoa física que atua em seu nome ou em seu 
benefício, uma vez que "não se pode compreender a responsabilização do ente moral dissociada da atuação de uma 
pessoa física, que age com elemento subjetivo próprio” (STJ, REsp 889.528/SC, Rel. Ministro FELIX FISCHER, DJ 
18/06/2007). 
Previsão 
Constitucional para 
responsabilização 
criminal da Pessoa 
Jurídica
Crimes Ambientais Crimes Financeiros
 
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17 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
Essa teoria se justifica porque, muitas vezes, as decisões de uma pessoa jurídica são impessoais, 
dependendo do tamanho da empresa. É por esse motivo que a lei diz que a responsabilidade da pessoa jurídica vai 
ocorrer sempre que a infração for cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão 
colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. 
 
(CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) Com relação à responsabilidade penal da pessoa jurídica, 
tem-se adotado a teoria da dupla imputação, segundo a qual se responsabiliza não somente a pessoa jurídica, mas 
também a pessoa física que agiu em nome do ente coletivo, ou seja, há a possibilidade de se responsabilizar 
simultaneamente a pessoa física e a jurídica. 
Item verdadeiro. 
 
(CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) A pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de crime, 
dependendo da sua responsabilização penal, consoante entendimento do STJ, da existência da intervenção de uma 
pessoa física que atue em nome e em benefício do ente moral. 
Item verdadeiro. 
 
 
b) a conduta humana deve ser consciente 
 Não existe conduta e, em consequência crime, para quem está inconsciente. Por exemplo, em estado de 
sonambulismo, hipnose, coma, sono profundo etc. 
Assisti nos noticiários um fato interessante. Um sujeito, na Inglaterra, hipnotizava a funcionária de um 
supermercado para fazer com que ela lhe entregasse todo o dinheiro de seu caixa. Perceba que, se isso for verdade 
mesmo, ela não possui conduta alguma, mas é um mero instrumento nas mãos do ladrão. Quem pratica a conduta é ele 
(o ladrão) e não a operadora de caixa. 
Teoria da Dupla Imputação
a responsabilização 
penal da pessoa jurídica 
não afasta a da pessoa 
física responsável por ela
 
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18 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
 
 
Cuidado só com uma coisa. Caso a pessoa se coloque em uma situação de inconsciência sabendo 
que pode causar um resultado criminoso, pode responder por esse resultado a título de Dolo ou Culpa. 
É o exemplo do caminhoneiro que está na estrada sem dormir faz 18 horas. Mesmo sabendo que pode 
causar um acidente, continua a viagem. Se dormir ao volante, atravessar a pista contrária e matar uma família inteira que 
vem no sentido contrário em outro carro vai responder criminalmente por essas mortes. É o que a doutrina chama de 
action libera in causa. 
A teoria da actio libera in causa (a ação é livre na causa) ensina que a conduta do caminhoneiro deve ser 
analisada na causa inicial, ou seja, antes dele dormir e causar o acidente. É como se perguntássemos: o motorista tem 
dolo ou culpa por ter dormido ao volante? A resposta é sim. Então, ele é culpado pelo acidente que decorreu de seu sono. 
Ele era livre para continuar a viagem ou não, mesmo sabendo que seria perigosa essa conduta. 
É muito parecido com o que ocorre com aquele sujeito que vai ao bar com os amigos, enche a cara de 
cachaça, fica completamente embriagado e volta dirigindo para casa. Se ele dormir ao volante, deve responder por um 
eventual acidente uma vez que a ação era livre na causa, quer dizer, ele era livre para escolher entre dirigir ou não 
naquelas situações. 
É diferente da situação daquela pessoa que, dirigindo o carro, tem repentino e inesperado desmaio. Caso 
atropele uma pessoa, deverá responder por esse resultado? Agora não, porque em estado de inconsciência não há crime 
por não haver conduta. 
Repito: não se pune a conduta de quem está inconsciente, exceto se o sujeito se colocou nessa situação 
querendo ou sabendo que poderia praticar um crime! 
18. voluntária: conduta requer vontade. O que significa “vontade”? Significa que o ânimo que está em 
minha mente permanece íntegro quando eu o transfiro para meu corpo. 
Não existe conduta por falta de 
CONSCIÊNCIA
Sono
Sonambulismo
Coma
Hipnose
 
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19 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
Imagine que você deseje beber água para matar a sede. Para tanto, você pega um copo com água e 
passa a bebê-la. Veja que sua VONTADE foi a de beber água, mas a sua FINALIDADE foi de matar a sede. São duas 
coisas completamente diferentes. Já falaremos da finalidade no próximo tópico. Importante que eu fale agora de uma 
situação que se pode afastar a vontade livre de uma conduta. 
Como eu afasto a vontade livre de alguém praticar uma conduta? Posso fazer isso através de coação, 
mais especificamente através da COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL. 
19. A coação física irresistível ( vis corporalis ou vis absoluta): a coação física ocorre quando a força 
física de alguém se sobrepõe à força física de outra pessoa. Veja o exemplo: 
Dagmar diz para seu esposo Alceu que vai para a casa de uma amiga estudar. Por volta das 23 horas, 
Alceu recebe uma ligação de um conhecido: 
- Alceu, cadê você? 
- Uai, to aqui assistindo ao jogo do Vasco! 
-Cara, cadê tua mulher, a Dagmar? 
-Uai, tá na casa de uma amiga estudando! Por que quer saber? 
-Deixa de ser trouxa, Alceu! A Dagmar tá aqui no Forró no maior assanhamento com um sujeito! 
Alceu inconformado com a possível traição de Dagmar vai até o forró dirigindo sua caminhonete. Ao 
chegar ao local, o segurança não deixa Alceu entrar prevendo uma confusão no recinto. Então, Alceu invade o bar 
utilizando sua caminhonete. 
Um sujeito que não tinha nada a ver com a estória, é atingido pelo impacto do veículo e acaba por acertar 
um golpe no rosto de uma moça, uma vez que ele segurava um copo de cerveja em uma das mãos. A moça fica 
gravemente ferida pela “copada” dada por esse rapaz. 
Pergunto: de quem é a conduta? Do Alceu (coator) ou do rapaz(coagido)? Claro que do Alceu. O rapaz 
estava sob coação física irresistível. Sobre ele foi exercida uma força física superior as suas próprias forças. 
Quem deve responder pela lesão corporal causada? O Alceu, por ter praticado a conduta criminosa e não 
o rapaz que estava sob coação física irresistível. 
Guarde uma coisa: TODA CONDUTA TEM VONTADE. NÃO EXISTE CONDUTA SEM VONTADE! 
Não existindo vontade por coação física, não há “fato típico”, por falta de um de seus elementos. 
Por fim, deve esclarecer que existe outro tipo de coação, a “coação moral”, que será estudada mais a 
frente em momento próprio. Portanto, não se preocupe agora. 
 
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20 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
 
 
(CESPE - 2010 - TRE-BA - Analista Judiciário) A coação física irresistível afasta a tipicidade, excluindo o 
crime. 
Item correto. 
 
CESPE – Agente de Polícia Federal 2004) A coação física e a coação moral irresistíveis afastam a 
própria ação, não respondendo o agente pelo crime. Em tais casos, responderá pelo crime o coator. 
Item errado. 
 
 
20. com finalidade: conduta requer vontade, consciência e finalidade. Atos sem estes elementos não 
podem ser considerados condutas penalmente relevantes. Toda a ação humana é eivada da capacidade de ação final, 
ou seja, toda ação tem uma FINALIDADE. 
Isso quer dizer que toda conduta está direcionada para um determinado fim. Lembre-se que quando você 
bebe água, você tem a finalidade de matar a sede. Isso ocorre porque você tem sede, ou tem a ideia, de que a sensação 
de sede é uma forma de o corpo te avisar que você precisa de hidratação. Como você sabe que o melhor líquido para 
esse fim é a água, a ingere em quantidade suficiente para saciá-la. 
Quero dizer com isso que você sabe qual o processo para atingir a sua finalidade, a sua vontade final. 
Então, um dado muito importante sobre a finalidade humana é que a possibilidade de realizar uma ação determinada 
requer o conhecimento (ou a possibilidade de conhecimento) da realização fática, o que Zaffaroni denominou de 
“antecipação biocibernética”. 
Exemplificando, a conduta de efetuar o disparo de arma de fogo em direção a uma determinada pessoa 
está contaminada pela antecipação mental das consequências deste ato (ferimento por munição de arma de fogo). Está 
contida na conduta, também, a previsibilidade do resultado morte da vítima. Ocorre que, caso a mãe da vítima venha a 
morrer ao ter notícia da trágica morte de seu filho, não podemos atribuir essa morte ao agente, uma vez que extrapolou o 
limite do curso causal hipotético (relação de causas e consequências). 
Afasta a vontade livre:
Coação Física 
Irresistível              
(Vis Corporalis)
 
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21 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
Puxa, compliquei um pouco agora? Deixa-me tentar ser mais claro. 
Vamos supor que Dicró queira matar Bezerra. Dicró, sabe que as pessoas respiram para viver, e que se 
houver impedimento das vias áreas de uma pessoa isso levará à morte. Então, Dicró aperta o pescoço da vítima até que 
esta não consiga respirar. 
Pois bem, a finalidade de Dicró por ser a de matar, dirige a sua vontade livre para essa finalidade, 
conhecendo o processo de causa e efeito de sua conduta (esganar e matar). 
É por isso que a teoria adotada pelo código pena é a TEORIA FINALISTA DA AÇÃO, pois se entende que 
toda a conduta tem vontade livre e dirigida a uma finalidade. 
Como último exemplo, podemos citar a situação do sujeito que sai de seu trabalho apressado para assistir 
ao jogo de futebol. Para tanto, dirige a sua vontade livre para essa finalidade: chegar a casa mais cedo para assistir ao 
jogo. Ocorre que nesse processo ele acaba acelerando o carro muito acima daquela de segurança da via e acaba por 
atropelar e matar alguém culposamente (por imprudência). Veja que a conduta dele teve vontade livre e finalidade. 
Esse último exemplo serve para confirmar que em toda a conduta, seja ela dolosa ou culposa, por ação ou 
omissão, possui todos os elementos acima estudados: 
 
Formas de conduta – ação e omissão. 
21. Conduta Comissiva (por ação). 
A conduta pode ser exteriorizada por um ato positivo (um fazer). Por exemplo, desferir facadas, falsificar 
um cheque, tomar um remédio abortivo, subtrair um objeto etc. 
A essas condutas realizadas por um fazer, dá-se o nome de condutas comissivas. É, inclusive, a forma 
com que a grande maioria dos crimes são praticados. A lei, em geral, descreve condutas que nos levam à ideia de ação, 
um fazer, um ato comissivo. 
CONDUTA
AÇÃO OU 
OMISSÃO 
HUMANA
CONSCIENTE
FINALIDADE
VONTADE
 
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22 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
Que ideia te dá a frase “matar alguém”, descrita no artigo 121 do Código Penal? Ao ler essa frase você 
pensa em uma conduta por ação ou por omissão (não fazer)? Claro que por fazer, por comissão. Então, em regra, mata-
se alguém através de um ato positivo, um fazer (desferir facadas, tiros, ministrar veneno, por exemplo). 
22. Conduta Omissiva (por omissão) 
As infrações penais também podem ser praticadas por um “não fazer”. Mas o que seria exatamente a 
omissão? 
A pergunta é pertinente porque enquanto a ação é algo fisicamente ligado ao resultado, a omissão não se 
realiza da mesma forma. Digo, a ação é a colocação de força em apontada direção, mas a omissão, em princípio é um 
nada. 
A análise da omissão relevante somente pode existir no campo do direito, porque na realidade “o nada, 
nada causa”. Nesse sentido, a doutrina tem ensinado que a omissão seria uma “omissão de algo esperado (ou 
determinado) pelo direito”. Espera-se, por exemplo, que uma mãe amamente seu filho recém nascido. Caso não o faça, 
poderá responder pelo resultado morte da criança. A mãe, deste modo, teria frustrado uma determinação ou expectativa 
que lhe é imposta pelo ordenamento. Trata-se da “teoria da ação esperada”. Essa é a posição majoritária. 
23. Autores como Zaffaroni e Pierangeli afastam-se da teoria da ação esperada por considerarem que o 
direito não espera ações, e sim as proíbe ou as ordena. Defendem estes magníficos professores que a conduta é sempre 
por ação, mas o tipo pode descrever uma ação ou uma omissão (deixar de fazer). De tal modo, quem se nega a prestar 
socorro à criança abandonada (art. 136, CPB), não está deixando de fazer algo, mas ao ir embora, efetivamente realiza 
uma ação (a de ir embora). Ao fazê-lo, deixa de respeitar a norma que determina o socorro a tal pessoa. Essa é a posição 
conhecida na doutrina com o nome de teoria do aliud agere ou aliud facere, que significa agir de outro modo, ou agir 
de modo diverso.1 
Independentemente da posição que se adote, o fato é que não existe relação física entre a omissão e o 
resultado. Ao deixar de prestar socorro à pessoa em perigo, o omitente não “causa” sua morte, apenas não a impede, 
quando deveria fazê-lo. Claro que existem situações em que o perigo é causado anteriormente pelo próprio omitente, 
como no exemplo do atropelador que deixa de prestar socorro. De qualquer forma, o que pode “causar” a morte é a ação 
de atropelar e não a consequente omissão de socorro. Em resumo, a omissão só é “causa” do resultado por força das 
normas jurídicas e não por força das leis da física. 
24. Mais adiante trataremos de nexo de causalidade nos crimes omissivos, mas adianto que nos crimes 
omissivos a relação entre a conduta de se omitir e eventual resultado é apenas normativa, ou seja, é hipoteticamente 
criada pela norma. Não existe, portanto, nexo causal físico entre omissão e resultado, mas apenas determinada relação 
criadapelo direito. Atribui-se significância ao “não fazer” por força da norma jurídica, pois no mundo “real” essa relação 
não existe. De qualquer forma, vamos voltar a esse assunto em aula específica. 
A omissão é tratada no direito penal da seguinte forma: 
a. Omissão Própria (pura) – a omissão própria gera os “crimes omissivos próprios”; 
                                                            
1   Eugenio Raúl Zaffaroni, José Henrique Pierangeli. Manual de Direito Penal Brasileiro – 5. ed. Editora RT, pg. 510. 
 
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23 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
b. omissão imprópria (impura ou comissiva por omissão) – a omissão imprópria gera “ os crimes 
omissivos impróprios, também chamados de crime comissivos por omissão. 
 
Não gaste seus neurônios para memorizar isso. Pense assim: 
25. Nos crimes omissivos próprios ou puros( omissão própria), a PRÓPRIA lei já descreve um não fazer 
(uma omissão). 
Como eu disse antes, a maioria dos tipos penais descreve uma conduta que dá a ideia de ação 
(homicídio, furto, falsificação etc.). Ocorre que alguns tipos penais nos trazem a ideia de uma conduta omissiva. Quero 
dizer, existem alguns crimes que a omissão está descrita na própria lei. Quer ver um exemplo? 
“Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou 
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o 
socorro da autoridade pública.” (Art. 135 do CPB, Omissão de Socorro). 
A expressão “deixar de” do crime de omissão de socorro no traz ideia de fazer ou não fazer? 
Não fazer. 
Então, como o crime de omissão de socorro já nos dá a ideia de “não fazer”, dissemos que esse crime é 
OMISSIVO PRÓPRIO (ou puro). 
Resumindo: NOS CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS, A PRÓPRIA LEI DESCREVE UMA OMISSÃO. 
26. Mais adiante trataremos do crime tentado, mas existe uma informação que merece ser apresentada 
neste momento. 
A tentativa nos crimes omissivos próprios não será possível. Nos crimes omissivos impróprios dolosos, ao 
contrário, ela é plenamente viável, como estudaremos oportunamente. 
OMISSÃO
Própria ‐ a própria lei descreve 
um "não‐fazer".
Impróprio (comissivo por 
omissão) ‐ a lei descreve um 
fazer, mas o autor atinge o 
resultado por omissão.
 
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24 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
O problema, neste ponto, é conciliar o conceito de tentativa descrito no art. 14 do CP (“considera-se 
tentado o crime quando iniciada sua execução não se atinge o resultado por circunstâncias alheias à sua vontade”) como 
um não fazer. Isso se deve ao fato de que a norma descreve “início de execução”, o que denota um ato positivo, um fazer. 
A doutrina, de qualquer sorte, admite a tentativa na omissão imprópria, fundado na perda da última ou da primeira 
oportunidade de realizar a ação mandada, criando ou ampliando, com isso, o perigo para o bem protegido. 
27. Observe, por fim, que nos tipos omissivos próprios, como a omissão de socorro, a lei não proíbe uma 
determinada conduta. Na verdade, ela exige que o sujeito pratique aquela conduta. Explico: o art. 121 (homicídio) 
descreve uma conduta proibida. A norma, então, é dita “proibitiva”. O art. 135 ( omissão de socorro), ao contrário, exige 
que o agente preste socorro. A lei não proíbe, ela manda. Essa norma é dita “mandamental”. Não se exige o resultado, 
basta a mera inatividade. 
(CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) No crime omissivo próprio, a consumação se verifica com a 
produção do resultado. 
Item correto. 
Resumindo: na norma proibitiva, o sujeito faz o que a norma proíbe; na norma mandamental, o sujeito não 
faz o que ela manda que ele faça. 
Veja mais dois exemplos de crimes omissivos próprios: 
“ Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos 
ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os 
recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; 
deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo.” Abandono material, art. 244 do 
CPB. 
“Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória”. Omissão de 
notificação de doença, art. 269 do CPB. 
25. Omissão Impura (imprópria ou crime comissivo por omissão) é quando a lei descreve um fazer, mas 
o sujeito atinge o resultado por um não fazer. 
Exemplo: mãe, com vontade de dar fim ao seu filho neonato, deixa de alimentá-lo, levando-o à morte. 
Matou (“matar” traz a idéia de ação) por um não fazer (não dar alimentos). 
Perceba que o tipo de homicídio traz-nos à mente uma idéia de fazer. Pensamos no verbo “matar” como 
algo que se faz por ação (desferir tiros, facadas, pauladas etc.). Ocorre que a lei admite que o verbo “matar” seja atingido 
por um “não fazer”, como no exemplo dado. 
(CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) Os crimes comissivos por omissão — também chamados de 
crimes omissivos impróprios — são aqueles para os quais o tipo penal descreve uma ação, mas o resultado é obtido por 
inação. 
 
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25 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
Item correto. 
 
Pense na seguinte proposição: É possível o sujeito responder pelo crime de estupro por um “não fazer”, 
aplicando-se o mesmo raciocínio utilizado no exemplo anterior? 
Agora a situação fica mais estranha, não é? 
Preste atenção no seguinte exemplo: 
Uma professora de educação primária percebe que sua aluna Ana, com doze anos de idade, está triste e 
cabisbaixa, atitude incomum para ela. A professora passa a conversar com a criança, quando ouve desta uma revelação 
terrível. Seu padrasto, Jorge, de 35 anos de idade, pediu que Ana praticasse sexo oral nele, no que foi atendido. 
Ana morava em um pequeno barraco em uma favela de Brasília, juntamente com seu irmão ainda bebê, 
além de sua mãe Socorro. 
Durante as investigações, constatou-se que Jorge praticara tal ato diversas vezes com Ana, sendo que 
Socorro, mesmo consciente do que ocorria, nada fazia para evitar a violência sexual. Também se verificou que Jorge 
contava tudo a um amigo e vizinho seu de nome Carlos. Este, da mesma forma, nada fez em socorro à criança. 
Qual a situação jurídica de Jorge, Ana e Carlos? 
Jorge, sem dúvida, responderá pelo tipo hoje descrito como “estupro de vulneráveis" (art. 217-A do CPB), 
provavelmente em continuidade delitiva. 
Como eu expliquei, Socorro, mesmo sabendo dos atos praticados por seu companheiro, nada fez para 
evitar o resultado. Então, deverá ela responder como partícipe dos estupros de Jorge. 
Mas por quê? 
Porque Socorro tinha em relação à Ana, por ser sua mãe, um dever especial de proteção ou de 
garantia. Socorro, mais do que qualquer outra pessoa, tinha o dever de evitar que sua filha sofresse tal violência. Tem 
ela, portanto, o dever legal de agir. 
Perceba que o tipo de estupro nos traz a ideia de “fazer” (comissivo), mas Socorro responde não por ter 
praticado a violência, mas por não tê-la evitado quando devia e poderia fazê-lo (omissão imprópria). Por isso que a 
doutrina denomina essa espécie de crime de “comissivo por omissão”. Só quem pode cometer o crime é quem tem o 
dever legal de agir, chamado garante ou garantidor da não ocorrência do resultado (art. 13, parágrafo 2º, CPB). 
Por fim, Carlos, apesar de tomar consciência da violência, não tinha nenhuma relação de especial dever 
de proteção em relação à Ana, motivo pelo qual deverá responder pela mera omissão (omissão desocorro, art. 135 do 
CPB). 
26. Dever legal (garantes) 
 
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26 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
Os crimes omissivos impróprios exigem do sujeito ativo certa qualidade, qual seja, uma especial relação 
de proteção com o bem juridicamente tutelado. Deve ele estar enquadrado em uma das hipóteses de omissão 
penalmente relevante descritas no CPB (art. 13, § 2º), quais sejam: 
a) quem tem o dever de cuidado, proteção e vigilância 
ex.: pais, médico, policiais, filhos em relação aos pais idosos, tutor etc. 
Imagine o exemplo de um delegado de polícia que tem conhecimento de que um preso recolhido na 
delegacia está para ser estuprado por outros internos, nada faz para evitar essa conduta. Como o delegado é garante ( ou 
seja, tem por lei o dever de cuidado proteção e vigilância ) do preso, caso não haja com possibilidade de ter agido 
para evitar o resultado, responde por estupro por omissão. 
Lembre-se do exemplo do estupro acima. A mãe era GARANTE da filha. Por esse motivo, caso não haja 
em condição de fazê-lo, deverá responder pelo resultado. 
b) quem com sua conduta anterior causou o perigo. Chamado de ingerência. 
(Delegado de Polícia/NCE-UFRJ/PCDF/2005) No direito penal entende-se como ingerência : 
a) o comportamento anterior que cria o risco da ocorrência do resultado, gerando o dever de agir, que 
torna a omissão penalmente relevante; 
b) a participação de menor importância, que importa em causa de diminuição de pena; 
c) o arrependimento que, nos crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa, motiva o agente a reparar 
o dano ou restituir a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa; 
d) a utilização de agente sem culpabilidade para a realização de um crime, importando em autoria 
mediata; 
e) a obediência por subalterno à ordem não manifestamente ilegal emanada de superior hierárquico. 
Item: A 
 
Ex.: Alpinista que leva um grupo para explorar uma montanha sem os devidos preparos e equipamentos 
de segurança. 
Ocorreu um fato em Brasília que se enquadra nessa hipótese: 
Um grupo de escoteiros foi fazer uma atividade em um parque de Brasília. Nessa ocasião, o chefe dos 
escoteiros determinou que os garotos, todos menores, fizessem uma competição no lago. Ocorre que um dos escoteiros 
não sabia nadar muito bem, tendo comentado tal fato ao chefe deles. 
 
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27 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
O tal chefe determinou que ele pulasse no lago mesmo assim, pois era a forma que aprenderia a nadar. O 
garoto acabou se afogando, sem ser salvo pelo chefe dos escoteiros. 
Perceba que ao determinar que o garoto pulasse no lago, o sujeito criou um risco para a vítima. Ao fazer 
isso, tornou-se seu garante. 
 
c) de qualquer forma, se comprometeu a evitar o resultado 
Imagine que você seja aprovado no concurso dos seus sonhos. Já no primeiro mês usa a grana para dar 
uma viajada e espairecer. 
Então, compra um pacote pra passar o fim de semana em Caldas Novas. Durante o banho do sol (parece 
coisa de presidiário, né?), é interrompida por um moleque correndo de um lado para o outro, gritando, fazendo bagunça e 
comendo “cheetos bolinha”. Que beleza! 
Quem é esse moleque? Ele mesmo. O Alceu Júnior, filho da Dagmar com o Alceu (supostamente). 
Alceu tinha saído para jogar bola com os amigos e Dagmar foi ao clube com o Alceuzinho. Mas como 
Dagmar, você sabe, era muito danadinha, começou a dar mole para o salva-vidas do clube. 
Dagmar pede, então, que você fique de olho no moleque por dez minutinhos para que ela vá comprar um 
refrigerante pra ele (Goianinho Cola, hehe). Na verdade ela foi paquerar o tal salva-vidas. 
Você aceitou? 
Parabéns! Agora você é garante do Alceuzinho, porque você se comprometeu a evitar qualquer dano ao 
diabinho. Sacou? 
Se ele cair na piscina, meu amigo, minha amiga, trate de pular para salvá-lo. Caso contrário, você poderá 
responder por homicídio por omissão. 
 
 
GARANTES
quem tem, por lei, obrigação de cuidado, 
proteção e vigilância
quem criou o risco do 
resultado
quem, de qualquer forma, se 
comprometeu a evitar o resultado
 
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28 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
PEGANDO O FIO DA MEADA! 
1. Dividimos o Crime em três partes: fato típico, ilicitude e culpabilidade; 
1. Estamos estudando o FATO TÍPICO; 
2. Dentro do Fato Típico estudamos a CONDUTA e dois de seus elementos (ação e omissão); 
3. A omissão pode ser própria (crime omissivo próprio), quando a própria lei descreve um não 
fazer; 
4. A omissão pode ser imprópria (crime comissivo por omissão), quando a lei descreve um fazer, 
mas o agente atinge o resultado por uma “não - fazer”; 
5. Somente os garantes respondem por omissão imprópria; 
6. os garantes são: a. quem tem, por lei, obrigação de cuidado proteção e vigilância; b. quem criou 
o risco do resultado; c. quem se comprometeu a evitar o resultado. 
 
Para terminar a primeira aula, me deixa falar só de mais uma coisa que é muito importante, até porque 
consta do edital. Tratam-se dos sujeitos do crime. 
Todo crime possui sujeitos ativos e passivos. 
Sujeitos do Crime 
27. Sujeito Ativo 
O sujeito ativo do crime é tanto aquele que pratica a conduta descrita no verbo do tipo penal (matar, 
subtrair, falsificar), como aquele que, mesmo não praticando o verbo o auxilia, instiga ou induz. 
( CESPE – Agente de Polícia Federal 2004) Sujeito ativo do crime é aquele que realiza total ou 
parcialmente a conduta descrita na norma penal incriminadora, tendo de realizar materialmente o ato correspondente ao 
tipo para ser considerado autor ou partícipe. 
 
28. Sujeito Passivo Direto, constante ou material 
Sujeito passivo eventual ou material é aquele que tem seu bem jurídico prejudicado. Bem jurídico é a vida, 
a liberdade, o patrimônio etc. 
O sujeito passivo pode ser o homem, como no Homicídio, art. 121; a pessoa jurídica como na Fraude 
para recebimento de indenização ou valor de seguro, art. 171, § 2º, V; o Estado (crimes contra a Administração Pública) e 
uma coletividade destituída de personalidade jurídica, como no Vilipêndio a cadáver, art. 212, estes últimos são 
chamados crimes vagos. “Entidade sem personalidade jurídica” é, por exemplo, a família, a coletividade, a sociedade etc. 
 
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29 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
Nem sempre o sujeito passivo é a vítima. Se eu empresto meu celular para um amigo, o qual é vítima de 
furto, continuo sendo o sujeito passivo. Isso porque foi meu bem jurídico (patrimônio) que foi atacado. 
29. Sujeito passivo constante ou formal: é o Estado. 
Sempre que alguém comete um crime, acaba por desrespeitar uma lei criada pelo Estado. Por esse 
motivo, diz-se que o Estado sempre é “vítima” indiretamente. 
Pode ocorrer de o Estado ser sujeito passivo direto. Lembra-se do furto que ocorreu no Banco Central de 
Fortaleza? Quem era o sujeito passivo? O Estado, pois o Banco Central é uma Autarquia Federal (pessoa jurídica). 
30. Não pode ser sujeito passivo de crime: o cadáver. 
CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) De acordo com o ordenamento penal vigente, o homem 
morto pode ser sujeito passivo de crime. 
Item errado. 
 
 No delito de vilipêndio à cadáver, art. 212 CP, o sujeito passivo é a coletividade; e no crime de calúnia 
contra os mortos ,art. 138, § 2º, do CP, sua família. São os crimes vagos de que falei acima. 
 
31. Observações: 
a. Civilmente incapaz – pode ser sujeito passivo de crime; 
b. Recém-Nascido - pode ser sujeitopassivo de crime (art. 123, infanticídio); 
c. Feto – também pode ser, como no aborto. 
d. Animais- não podem ser sujeitos passivos de crime. Os crimes contra a fauna (Lei 9.605.98) são 
crimes contra a humanidade. 
e. Crimes de subjetividade passiva única: o tipo penal apresenta um único sujeito passivo, como na 
ameaça (CP, art. 147); 
f. Crimes de dupla subjetividade passiva: o tipo penal prevê a existência de dois ou mais sujeitos passivos, 
como ocorre no aborto sem consentimento da mãe (CP, art. 125). No caso, tanto a mãe quanto o feto são sujeitos 
passivos. 
33. PERGUNTA IMPORTANTE: Pode uma pessoa ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo de 
crime? 
R. Regra geral, não. Exceção é o crime de Rixa (art. 137 CP). Nesse crime há uma briga generalizada 
onde todo mundo bate em todo mundo. 
 
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30 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
( MPE-MG - 2010 - MPE-MG – PROMOTOR DE JUSTIÇA ) A pessoa pode ser, ao mesmo tempo, sujeito 
ativo e passivo de um delito em face de sua própria conduta. 
Item correto. 
 
 
34. Destaques: 
a) Conceitos de ação: a abordagem realizada na aula teve como base a teoria finalista da ação, fruto da 
concepção da Teoria Finalista (Teoria Normativa Pura da Culpabilidade) de Hellmuth von Weber, Alexander Graf 
zu Dohna e Hans Welzel ). 
Essa teoria não vislumbra a ação (ou omissão) como mera processo causal equiparado aos processos da 
natureza. Ela se diferencia destes últimos por algo que lhe é próprio e único, a saber, a capacidade de atuar conforme fins 
estabelecidos de modo racional. No atuar humano, o agente concebe um determinado objetivo e, em seguida, para 
alcançá-lo, põe em marcha determinados processos causais dirigido por ele, de modo consciente, em direção ao fim 
pretendido.2 
Historicamente, existem outras concepções de conduta: 
1ª) Para Teoria Causal-Naturalista de Liszt/Beling (1906) a ação é um movimento corporal que causa 
uma modificação no mundo exterior. A conduta é dirigida pela vontade, mas essa vontade não tem finalidade. A vontade 
para os causalistas representa apenas um comportamento corporal produzido pelo domínio sobre o corpo, composto por 
um fazer ou não fazer (impulso mecânico/inervação muscular). 
                                                            
2   Prado, Luiz Regis. Curso de Direito Penal brasileiro, volume 1 : parte geral – 7ª ed. Ed. RT. Pg. 308. 
Sujeito Passivo
Direito: titular do 
direito tutelado
Constante ou formal: o Estado
Cadáver: não pode ser sujeito passivo de crime
Civilmente incapaz: pode ser sujeito passivo
Feto: pode ser sujeito passivo
Sujeito ativo e passivo simultâneo: ocorre na 
Rixa.
 
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31 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
O conteúdo da vontade – a finalidade – é deslocado para a culpabilidade. A conduta voluntária e dividida 
em duas partes: o externo-objetivo (ação/resultado) e o interno-subjetivo (conteúdo da vontade, dolo-culpa). O primeiro 
está no fato típico e o segundo na culpabilidade, que funciona como um nexo psicológico entre a conduta e o resultado. 
 
A ação se exaure na causação do resultado como quer o positivismo filosófico, fruto de uma idealização 
do conhecimento científico, uma crença romântica e onipotente de que os múltiplos domínios da indagação e da atividade 
intelectual pudessem ser regidos por leis naturais, invariáveis, independentes da vontade e da ação humana. 
O jurista dessa época não atribuía finalidade à conduta, pois isso significaria ter que valorá-la, o que não 
era concebível pela filosofia positivista dominante na época. O Direito Penal se firmava como ciência autônoma das 
demais 
 
 
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32 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
 
QUESTÕES 
1. (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 
2009) São elementos do fato típico: conduta, resultado, 
nexo de causalidade, tipicidade e culpabilidade, de 
forma que, ausente qualquer dos elementos, a conduta 
será atípica para o direito penal, mas poderá ser 
valorada pelos outros ramos do direito, podendo 
configurar, por exemplo, ilícito administrativo. 
2. (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 
2009) Os crimes comissivos por omissão — também 
chamados de crimes omissivos impróprios — são 
aqueles para os quais o tipo penal descreve uma ação, 
mas o resultado é obtido por inação. 
3. (CEPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 
2009) Com relação à responsabilidade penal da pessoa 
jurídica, tem-se adotado a teoria da dupla imputação, 
segundo a qual se responsabiliza não somente a 
pessoa jurídica, mas também a pessoa física que agiu 
em nome do ente coletivo, ou seja, há a possibilidade 
de se responsabilizar simultaneamente a pessoa física 
e a jurídica. 
4. (CESPE_Analista Judiciário 
_Execução de Mandados_TJDFT_2008) Com relação 
a elementos e espécies da infração penal, julgue os 
itens subseqüentes. 
Se o sujeito ativo do delito, ao praticar o 
crime, não quer diretamente o resultado, mas assume o 
risco de produzi-lo, o crime será culposo, na 
modalidade culpa consciente. 
5. CESPE_Procurador do 
MP_TC_GO_2007) Relativamente ao sujeito ativo e 
ao sujeito passivo do crime, à tentativa e ao crime 
consumado, julgue os itens: 
De acordo com o ordenamento penal 
vigente, o homem morto pode ser sujeito passivo de 
crime. 
6. (CESPE_Procurador do 
MP_TC_GO_2007) A pessoa jurídica pode ser sujeito 
ativo de crime, dependendo da sua responsabilização 
penal, consoante entendimento do STJ, da existência 
da intervenção de uma pessoa física que atue em nome 
e em benefício do ente moral. 
7. (CESPE_Procurador do 
MP_TC_GO_2007) No crime omissivo próprio, a 
consumação se verifica com a produção do resultado. 
8. (CESPE_PROCURADOR ESPECIAL 
DE CONTAS – TCE-ES_2009) São elementos do fato 
típico culposo: conduta humana voluntária 
(ação/omissão), inobservância do cuidado objetivo 
(imprudência/negligência/imperícia), previsibilidade 
objetiva, ausência de previsão, resultado involuntário, 
nexo de causalidade e tipicidade. 
9. (Delegado de Polícia/NCE-
UFRJ/PCDF/2005) No direito penal entende-se como 
ingerência : 
a) o comportamento anterior que cria o 
risco da ocorrência do resultado, gerando o dever de 
agir, que torna a omissão penalmente relevante; 
b) a participação de menor importância, 
que importa em causa de diminuição de pena; 
c) o arrependimento que, nos crimes 
sem violência ou grave ameaça à pessoa, motiva o 
agente a reparar o dano ou restituir a coisa até o 
recebimento da denúncia ou da queixa; 
d) a utilização de agente sem 
culpabilidade para a realização de um crime, 
importando em autoria mediata; 
e) a obediência por subalterno à ordem 
não manifestamente ilegal emanada de superior 
hierárquico. 
11. ( CESPE – Agente de Polícia 
Federal 2004) Sujeito ativo do crime é aquele que 
realiza total ou parcialmente a conduta descrita na 
 
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33 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
norma penal incriminadora, tendo de realizar 
materialmente o ato correspondente ao tipo para ser 
considerado autor ou partícipe. 
 12. (CESPE – Agente de Polícia 
Federal 2004) A coação física e a coação moral 
irresistíveis afastam a própria ação, não respondendo o 
agente pelo crime. Em tais casos, responderá pelo 
crime o coator. 
13. ( MPE-MG - 2010 - MPE-MG – 
PROMOTOR DE JUSTIÇA ) A pessoa pode ser, ao 
mesmo tempo, sujeito ativo e passivo de um delito em 
face de sua própria conduta. 
 
14. (CESPE - 2010 - TRE-BA - Analista 
Judiciário) A imputabilidade penal é umdos elementos 
que constituem a culpabilidade e não integra a 
tipicidade. 
15.( CESPE - 2010 - TRE-BA - Analista 
Judiciário - Área Administrativa) A coação física 
irresistível afasta a tipicidade, excluindo o crime. 
 
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COMENTÁRIOS 
1. (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) São elementos do fato típico: conduta, resultado, nexo de 
causalidade, tipicidade e culpabilidade, de forma que, ausente qualquer dos elementos, a conduta será atípica para o 
direito penal, mas poderá ser valorada pelos outros ramos do direito, podendo configurar, por exemplo, ilícito 
administrativo. 
Comentário: Os elementos do fato típico são: CO.RE.NE.TI. CONDUTA, RESULTADO, NEXO CAUSAL e 
TIPICIDADE. 
GABARITO: ERRADO. 
 
2. (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) Os crimes comissivos por omissão — também chamados 
de crimes omissivos impróprios — são aqueles para os quais o tipo penal descreve uma ação, mas o resultado é obtido 
por inação. 
Comentário: Perfeito! O exemplo clássico seria o da mãe que mata o próprio filho recém nascido por 
negar-lhe o peito. Lembre-se que só responde por esse crime quem estiver na posição de “garante”. 
GABARITO: CORRETO 
 
3. (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) Com relação à responsabilidade penal da pessoa jurídica, 
tem-se adotado a teoria da dupla imputação, segundo a qual se responsabiliza não somente a pessoa jurídica, mas 
também a pessoa física que agiu em nome do ente coletivo, ou seja, há a possibilidade de se responsabilizar 
simultaneamente a pessoa física e a jurídica. 
Comentário: Para essa teoria, sempre que uma pessoa jurídica responder por um crime ambiental, com 
ela responderá uma pessoa física. 
GABARITO: CORRETO 
4. (CESPE_Analista Judiciário _Execução de Mandados_TJDFT_2008) Com relação a elementos e 
espécies da infração penal, julgue os itens subseqüentes. 
Se o sujeito ativo do delito, ao praticar o crime, não quer diretamente o resultado, mas assume o risco de 
produzi-lo, o crime será culposo, na modalidade culpa consciente. 
Comentário: Se o sujeito não quer o resultado, mas assume o risco de produzi-lo, estamos falando de um 
crime doloso (dolo eventual). 
Culpa consciente é a aquela em que o sujeito causa o resultado por imprudência, negligência ou 
imperícia, tendo previsto o resultado mais gravoso. 
GABARITO: ERRADO 
 
5. CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) Relativamente ao sujeito ativo e ao sujeito passivo do 
crime, à tentativa e ao crime consumado, julgue os itens: 
De acordo com o ordenamento penal vigente, o homem morto pode ser sujeito passivo de crime. 
 
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35 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
Comentário: Só quem pode ser sujeito passivo de crime é a pessoa viva ou o feto vivo. No delito de 
vilipêndio à cadáver, por exemplo, art. 212 CP, o sujeito passivo é a coletividade ou a família do morto. 
 “Vilipendiar cadáver ou suas cinzas” (art. 212 do Código Penal). 
Exemplo: escarrar sobre o cadáver. 
GABARITO: ERRADO 
6. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) A pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de crime, 
dependendo da sua responsabilização penal, consoante entendimento do STJ, da existência da intervenção de uma 
pessoa física que atue em nome e em benefício do ente moral. 
Comentário: Para essa teoria, sempre que uma pessoa jurídica responder por um crime ambiental, com 
ela responderá uma pessoa física. 
GABARITO: CERTO 
 
7. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) No crime omissivo próprio, a consumação se verifica com 
a produção do resultado. 
Comentário: Nos crimes omissivos próprio, aqueles em que a própria lei descreve um “não-fazer”, a 
consumação se verifica no momento da conduta omissiva. Exemplo: O sujeito vê uma pessoa acidentada e, podendo, não 
a ajuda. O crime está consumado, independentemente de a vítima vir a falecer ou não. 
GABARITO: ERRADO 
 
8. (CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS – TCE-ES_2009) São elementos do fato típico 
culposo: conduta humana voluntária (ação/omissão), inobservância do cuidado objetivo 
(imprudência/negligência/imperícia), previsibilidade objetiva, ausência de previsão, resultado involuntário, nexo de 
causalidade e tipicidade. 
 
Comentário: A previsibilidade ou evitabilidade do resultado: todo crime culposo tem previsibilidade (a 
capacidade ou possibilidade de previsão). Se não há previsibilidade de ocorrer um crime não haverá culpa. Cumpre-nos 
observar a definição de Carrara de que a culpa é a voluntária omissão de diligência em calcular as conseqüências 
possíveis e PREVISÍVEIS do próprio fato. 
CORRETO 
 
9. (Delegado de Polícia/NCE-UFRJ/PCDF/2005) No direito penal entende-se como ingerência : 
a) o comportamento anterior que cria o risco da ocorrência do resultado, gerando o dever de agir, que 
torna a omissão penalmente relevante; 
 
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36 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
b) a participação de menor importância, que importa em causa de diminuição de pena; 
c) o arrependimento que, nos crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa, motiva o agente a reparar 
o dano ou restituir a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa; 
d) a utilização de agente sem culpabilidade para a realização de um crime, importando em autoria 
mediata; 
e) a obediência por subalterno à ordem não manifestamente ilegal emanada de superior hierárquico. 
Comentário: Crimes omissivos impróprios, também chamados comissivos por omissão, ocorrem quando 
o tipo descreve uma ação e o resultado é atingido por uma inação, por exemplo, a mãe que mata o filho neonato por não 
fornecer-lhe o peito. 
Para ser responsabilizado pelo resultado, o agente deve estar em uma das situações previstas no art. 13, 
§ 2º do CPB, ocasião em que será garante da não ocorrência do resultado. Uma dessas situações previstas no citado 
artigo é justamente o que a doutrina convencionou chamar de “ingerência”, ou seja, quando o dever de agir incumbe a 
quem com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
GABARITO: A 
 
11. ( CESPE – Agente de Polícia Federal 2004) Sujeito ativo do crime é aquele que realiza total ou 
parcialmente a conduta descrita na norma penal incriminadora, tendo de realizar materialmente o ato correspondente ao 
tipo para ser considerado autor ou partícipe. 
Comentário: O sujeito ativo pode cometer o crime como autor, coautor ou partícipe, conforme veremos 
em aula específica. Mas, não é necessário que o sujeito ativo pratique o verbo do tipo penal. Lembra-se do crime 
omissivo impróprio ou comissivo por omissão? Pois então. 
GABARITO: ERRADO 
 
12. (CESPE – Agente de Polícia Federal 2004) A coação física e a coação moral irresistíveis afastam a 
própria ação, não respondendo o agente pelo crime. Em tais casos, responderá pelo crime o coator. 
Comentário: A COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL, conforme estudamos, afasta a própria conduta, pois é 
elemento desta. A COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL, por sua vez, afasta a EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA, 
elemento do Culpabilidade. Estudaremos esta última em aula posterior deste curso. 
GABARITO: ERRADO 
 
13. ( MPE-MG - 2010 - MPE-MG – PROMOTOR DE JUSTIÇA ) A pessoa pode ser, ao mesmo tempo, 
sujeito ativo e passivo de um delito em face de sua própria conduta. 
 
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37 Lúcio Valente ‐ Direito Penal ‐ Parte Geral 
Comentário: Excepcionalmente, a pessoa pode ser sujeito ativo e passivo do crime, como ocorre no 
crime de Rixa (Participar de rixa, salvo para separar os contendores.

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