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Execução Penal

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Contratos Civis
Prof. Orlando Guarizi Júnior
Execução Penal
Prof. Antônio Carlos de Aguiar Desgualdo
AVALIAÇÃO CONTINUADA: 12/09 – entrega de fichamento
Bibliografia: 
	08/08/2011
	1. NULIDADES
	Nulidade é uma sanção ou um vício para o ato processual que não atenda o requisito mínimo exigido por lei. Como vício, ela torna o ato imperfeito. Como sanção considera o ato como não realizado (pena).
1.1. Princípios
1.1.1. do Prejuízo
	Significa dizer que no processo penal, para podemos falar em nulidade, tem que haver prejuízo para alguém. Se não houver alguma irregularidade no processo, não se fala em nulidade. A ideia é de economia processual.
	Alguns autores entendem que há uma distinção entre nulidade absoluta e relativa. Quando refere-se à nulidade absoluta, o prejuízo é presumido, evidente, como, por exemplo, uma condenação sem defesa. Por outro lado, na nulidade relativa o prejuízo deve ser demonstrado, ou seja, a pessoa que alega o prejuízo deve demonstrar que houve.
1.1.2. da Causalidade
	Quando falamos em principio da causalidade, alguns autores referem-se como nulidade originária ou nulidade derivada.
	Determinados atos interligam-se entre si. A lei estabelece um roteiro que um ato precede outro 
1.1.3. da Convalidação
	Via de regra, significa dizer que, sanado o vicio ou vencido o momento adequado para arguição do vício e se não trouxer prejuízo, tal ato será considerado como válido.
Art. 565, CPP – Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse.
Art. 566, CPP – Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa.
1.2. Classificação dos atos processuais
	O ato processual pode ser classificado em: a) ato inexistente; b) ato nulo; c) ato anulável.
1.2.1. Ato inexistente
	O ato inexistente é aquele cuja atipicidade é tão grande que chega a ser considerado um não-ato. Por isso se fala que não se trata de um ato típico nem atípico. Pode decorrer da falta do ato, por exemplo, da falta de denúncia (inexistência material), como também o ato desprovido de pressupostos (inexistência jurídica). Há falta de um elemento que o direito considera essencial, de sorte que juridicamente ele não existe.
	São exemplos de atos inexistentes:
A sentença feita por um não-juiz. Nesse caso, falta pressuposto de existência da relação (o órgão investido de jurisdição);
A sentença sem assinatura também é ato inexistente, embora para a jurisprudência seja considerada como meto ato irregular;
Ato praticado por juiz impedido;
1.2.2. Ato nulo
	Ato nulo é aquele que nasce sem qualquer eficácia. Nesse caso, a nulidade inclui uma atipicidade que compromete ou pode comprometer a validade do ato. Mesmo sendo nulo, somente será considerado como tal quando o juiz ou tribunal declarar a sua imprestabilidade.
	Se a sentença foi procedente, o trânsito em julgado não valida a nulidade, podendo ser rescindida a sentença através do habeas corpus.
Se a sentença foi improcedente, o trânsito em julgado valida a nulidade, não se admitindo a revisão pro societate.
1.2.2.1. Nulidade absoluta e relativa
Os atos nulos dividem-se em nulidade relativa (quando o ato é sanável) e em nulidade absoluta (quando é impossível a consolidação do ato).
	NULIDADE ABSOLUTA
	NULIDADE RELATIVA
	pode ser sanada ou não 
	sempre sanável
	se omite requisito ou termo expressamente declarado e exigido pela lei
	não se observa alguma formalidade
	pode ser alegada a qualquer momento
	deve ser invocada em momento oportuno
	o prejuízo é presumido
	o prejuízo deve ser comprovado
	a formalidade violada está estabelecida diretamente no texto constitucional
	há violação do ordenamento legal (infraconstitucional)
1.2.3. Ato anulável
	É aquele que produz efeito até que seja invalidado e, assim, sua eficácia está sujeita à condição resolutiva. Nasce válido, mas se perde com uma comunicação falha.
1.2.4. Ato irregular
	É o vício de forma que não afeta a validade do ato (defeito na estrutura sem reflexo na sua eficácia), ou ainda que não exerce influencia negativa na solução da lide. A formalidade violada está estabelecida em norma infraconstitucional.
	São exemplos de ato irregular:
memoriais ao invés de debates, na Lei de Tóxicos;
autoridade policial sem atribuição no inquérito policial, mas que acaba por presidi-lo.
	15/08/2011
	2. AÇÃO PENAL
	Ação penal é o direito de exigir do Estado a prestação da tutela jurisdicional, em face daquele que praticou um fato infringente da norma penal.
	Os crimes elencados no Código Penal e na legislação penal especial só podem ser de 3 (três) tipos: crimes de ação penal pública incondicionada, crimes de ação penal pública condicionada e crimes de ação penal privada. Para saber qual é o tipo de crime, deve-se ater às seguintes regras:
Se o Código Penal ou legislação extravagante silenciar, será pública incondicionada, como nos caso de homicídio, roubo, furto, etc. É a maioria dos crimes.
Se estiver escrito “somente se procede mediante representação”, a ação penal será pública condicionada à representação do ofendido, como na ameaça, lesão corporal leve, lesão culposa, etc.
Se estiver escrito “somente se procede mediante requisição”, trata-se de ação penal pública condicionada à representação do Ministério Público.
Se estiver escrito “somente se procede mediante queixa”, a ação será exclusivamente privada.
A ação penal subsidiária da pública, em tese, poderá ter lugar em todos os casos de ação penal pública, quando seu titular, o Ministério Público, não se manifestar no prazo legal.
2.1. Ação penal pública
2.1.1. Incondicionada
	Na ação penal pública incondicionada não há dependência da vontade do ofendido.
	Os primeiros atos desta ação são:
cota de oferecimento da denúncia feita pelo Ministério Publico;
conclusão dos autos ao juiz que, se não rejeitar a denúncia liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
A denúncia deve ser levada à decisão interlocutória do juiz para a chamada instauração da instância. Uma das verificações se refere ao disposto no art. 395, do CPP, que menciona as hipóteses de rejeição da petição inicial:
for manifestamente inepta;
faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal;
faltar justa causa para o exercício da ação penal.
A denúncia é a petição da ação penal pública, é a peça que formaliza a acusação. Os requisitos da denúncia, previstos no art. 41, CPP, são os seguintes:
exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstancias;
individualização do acusado;
classificação do crime;
rol de testemunhas, quando necessário.
No rito ordinário, cada parte poderá arrolar 8 (oito) testemunhas (art. 401, caput, CPP); e, nos ritos sumário e sumaríssimo, o número de testemunhas são de 5 (cinco) testemunhas arroladas por parte (art. 532, CPP).
O prazo para oferecimento da denúncia é, em regra, de 5 (cinco) dias, estando o indiciado preso, ou de 15 (quinze) dias, estando solto (art. 46, CPP).
Existem consequências quanto ao não oferecimento da denúncia no prazo, pelo Promotor de Justiça, a saber:
excesso de prazo na prisão se o indiciado estiver preso, caracterizando coação ilegal quando alguém estiver preso por mais tempo que determina a lei;
possibilidade de ação penal privada subsidiária (art. 29, CPP);
responsabilização administrativa do órgão do Ministério Público, se for o caso;
responsabilização criminal do órgão do Ministério Público, se for o caso;
perda dos vencimentos quantos forem os dias excedidos/perda do tempo de serviço da promoção e aposentadoria.
2.1.2. Condicionada
	Na ação penal pública condicionada existe uma condição para sua apresentação: a manifestação do ofendido ou da requisição do Ministro da Justiça.
	Consideram-selegitimados para oferecimento de ação penal pública condicionada:
pessoa física maior de 18 (dezoito) anos;
o representante legal sendo o ofendido menor de 18 (dezoito) anos ou sendo maior, mentalmente enfermo;
curador especial;
o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CADI), que terão, para representação, um prazo de 6 (seis) meses, contado a partir do dia em que se tomou conhecimento da autoria do delito;
pessoa jurídica nos casos exemplificativos de difamação ou calúnia, onde a representação deverá ser feita pela pessoa física indicado no contrato ou estatuto, ou, no silêncio, pelo diretor ou sócio-gerente por analogia ao art. 37, CPP;
procurador com poderes especiais.
Prevê o art. 102, CP e o art. 25, CPP, como regra, que a representação é irretratável após a denúncia. Se houver retratação, entende-se que o juiz deve julgar extinta a punibilidade. Todavia, há entendimento de que se deva aguardar o prazo decadencial.
No caso de violência doméstica contra a mulher, a retratação pode ser oferecida mesmo após a denúncia, até o momento da audiência em que o juiz ouve a vítima (art. 16, Lei Maria da Penha), tratando-se de lesão corporal dolosa contra a mulher.
2.2. Ação penal privada
	Sua iniciativa depende exclusivamente do ofendido, que avaliará a oportunidade e conveniência. São de alçada privada determinados crimes em razão do bem jurídico tutelado, do atingimento imediato do ofendido e mediato da sociedade e de se evitar o escândalo do processo.
	A iniciativa, ao contrário da ação pública, é do ofendido (art. 38, CPP). O Ministério Público velará pela indivisibilidade, podendo proceder ao aditamento (art. 48, CPP), que poderá incluir corréu se não houver exclusão intencional do querelante, no entanto, se houver, tratar-se-á de renúncia tácita.
2.2.1. Legitimidade ad causam e ad processum
	A queixa poderá ser intentada pelo ofendido e, sendo este pobre, será nomeado um advogado (art. 32, CPP). Dever-se-ia no próprio juízo, assim como na ação de alimentos, existir o pedido de nomeação de advogado para o oferecimento da queixa-crime.
	Se for de menor ou portador de deficiência mental, será representado pelo pai, mãe, curador ou tutor. Também poderá exercer o procurador, com poderes especiais, devendo constar no mandato a menção ao fato criminoso, isso a fim de delimitar a responsabilidade do querelante e de seu procurador.
	É preciso ressaltar que a legitimidade é ad causam e não ad processum, o que implica a presença de capacidade postulatória.
	No caso de falecimento ou ausência do ofendido, o direito de oferecer queixa caberá ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CADI).
2.2.2. Prazo para o exercício da ação penal privada
	Quanto ao prazo, este é decadencial e é de 6 (seis) meses contados do conhecimento do autor do fato (art. 38, CPP).
	O prazo é de 6 (seis) meses contado da data do trânsito em julgado da ação anulatória de casamento no caso do crime de induzimento a erro essencial (art. 236, CP), que é exemplo de ação penal privada personalíssima.
	Na Lei de Imprensa, o prazo é de 3 (três) meses da data da publicação ou transmissão (art. 41, § 1.º, Lei 5.250/67), mas, nessa hipótese, o prazo é prescricional porque dito pela lei e admite-se interrupção pelo art. 41, § 2.º, da mesma lei.
	As custas são devidas somente quando o querelante ou réu tenha condições de arcar com as mesmas.
2.2.1. Ação penal privada subsidiária da pública
A ação penal privada subsidiária da pública (APPSP) só ocorre quando o Ministério Público não cumpre sua função, não oferecendo a denúncia no prazo legal (art. 100, §3.º, CP e art. 29, CPP).
Neste caso, o ofendido (vítima) ou seu representante legal podem oferecer queixa e se tornam os titulares da ação. O Ministério Público, na condição de assistente, deve, no entanto, aditar a queixa caso seja necessário, oferecer denúncia alternativa, participar de todos os atos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recursos, etc.
Caso o querelante se mostre negligente (perca prazos, não interponha recursos, não compareça à audiências) o Ministério Público deve retomar a titularidade da ação.
No caso da ação penal privada subsidiária da pública, frente à inercia ministerial, o prazo é de 6 (seis) meses (art. 38, CPP), sendo decadencial.
A ação penal privada subsidiária da pública não cabe quando ocorre o arquivamento do inquérito a pedido do Ministério Público (súmula 524, do STF). No entanto, como diz Mirabete (Processo Penal, p. 111), é possível a ação penal privada subsidiária da pública quando for “proposta após o pedido de arquivamento que ainda não foi apreciado pelo juiz, se o Ministério Público só se manifestou pelo arquivamento após o prazo legal” ou referente a delitos não abrangidos na denúncia oferecida.
	22/08/2011
	3. REVISÃO CRIMINAL
	O objetivo da revisão criminal é ceder aos imperativos da justiça, sob o ponto de vista do réu, prevalecendo a verdade real e não a verdade formal.
	Não se trata propriamente de recurso. É uma ação autônoma destinada ao desfazimento dos efeitos de uma sentença condenatória transitada em julgado. É constitutiva, ação de conhecimento. O condenado pode pedir a qualquer tempo o reexame do processo já findo, a fim de ser absolvido ou beneficiado.
3.1. Antecedentes históricos
Pedido de indulgência ao soberano (rei imperador, etc.)
Provas: “ordálias ou “juízo de deus”. sendo a confissão a rainha das provas, principalmente na santa inquisição.
Brasil 1890 – ocorreu um caso de erro judiciário conhecido como “fera macabu”. Trata-se da condenação a morte de Manuel da Mota Coqueiro, que após ter sido condenado a morte, descobriu-se sua inocência.
3.2. Constituição Federal
Art. 5.º, XXXV. a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
Art. 5.º, XXXVI. a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
processar e julgar, originariamente:
a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
processar e julgar, originariamente:
as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados
3.3. Características
	Tem legitimidade (art. 623, CPP), para propositura, o próprio réu, independentemente do advogado. O Estatuto da OAB não revogou o dispositivo em razão da garantia da ampla defesa. Se for com Procurador habilitado, não se exigem poderes especiais.
	Em caso de morte, o interesse continua, de forma que a ação pode ser proposta pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CADI). Se o réu falecer durante o curso do processo, deverá haver nomeação de curador, pois há interesse no status dignitatis do condenado. O Ministério Público não tem legitimidade para a revisão criminal, já que não existe, nessa ação, direito de punir.
	Como pressuposto, deve-se existir um processo criminal com sentença condenatória transitada em julgado. Não existe revisão pro societate da sentença absolutória. Não deve caber recurso extraordinário ou especial.
29/08/2011
3.4. Indenização por erro judiciário (art. 630, CPP)
	O erro judiciário só existirá na hipótese do inciso I do art. 621 do CPP, isto é, sentença condenatória contrária a texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos.
	Há necessidade de dolo ou culpa por parte dos agentes do Estado, não bastando a absolvição por falta de provas. Se derivar da conduta do impetrante não será devida indenização. Na verdade, o tribunal só reconhece o direito à indenização, devendo haver liquidação no juízo cível.
4. HABEAS CORPUS
	Habeas corpus é remédio jurídico destinado a tutelar a liberdade física do individuo de ir, ficar e vir, tendo por finalidade evitar ou fazer cessar a violência ou a coação à liberdade de locomoção decorrente de ilegalidade ou abuso de poder. Inicialmente visava apenas fazer cessar a prisão considerada ilegal.
	Todavia, à falta de outro instrumentoeficaz, foi alargando a sua abrangência, alcançando quaisquer atos constritivos à liberdade.
	Etimologicamente significa “toma o corpo deste detido e vem submeter o homem e o caso”.
4.1. Origens
4.1.1. Brasil
ordenações (“carta de segurança”);
Código Criminal de 1830;
Código Processual Criminal imperial (1832);
Constituição de 1891.
4.2. Natureza jurídica
	Embora previsto no Código de Processo Penal, como recurso, é uma ação penal popular constitucional (art. 5.º, LXVIII). O habeas corpus é uma das modalidades da ação de impugnação e pode ser admitido como uma ação de conhecimento, objetivando uma declaração (extinção da punibilidade) ou um ato constitutivo negativo (anulação de um ato).
4.3. Espécies
	São espécies de habeas corpus: liberatório (ou repressivo) e preventivo.
05/09/2011
	O habeas corpus liberatório objetiva afastar o constrangimento ilegal já efetivo à liberdade de locomoção. 
	E o habeas corpus preventivo destina-se a afastar uma ameaça à liberdade de locomoção. Nas hipóteses de salvo-conduto deve existir um fundado receio, como, por exemplo, uma ordem de prisão mesmo com o pagamento do tributo sonegado.
	Em ambas as hipóteses, os juízes e Tribunais podem expedir ou conceder ordem de habeas corpus de ofício, nos autos, que oficiarem, independentemente de provocação (art. 654, § 2.º, CPP).
4.4. Condições da ação
4.4.1. Legitimidade ativa
	O habeas corpus pode ser impetrado por qualquer pessoa a seu favor ou de outrem, com ou sem capacidade postulatória, ou seja, com ou sem advogado. A regra geral é de que deve haver capacidade postulatória, excetuando-se situações em que prevalece o interesse do réu como no caso da revisão criminal e do habeas corpus.
	A pessoa jurídica não pode impetrar em favor de pessoa física. Tratando-se apenas de limitação de liberdade, há a vedação, embora exista atualmente a responsabilidade penal da pessoa jurídica e o habeas corpus sirva de instrumento para o trancamento da ação penal.
	O Promotor de Justiça, o Juiz de Direito e o Delegado de Polícia podem impetrar o habeas corpus, como qualquer do povo ou paciente. Não pode o Juiz e o Delegado que estiverem funcionando no inquérito ou processo-crime. O Promotor mesmo funcionando pode. O Juiz, todavia, pode conceder de ofício.
12/09/2011
4.4.2. Legitimidade passiva
ato ilegal de particular.
Não é só autoridade pública. Abrange outras hipóteses, como a retenção de paciente em hospital, internação compulsória de pessoa não interditada, pessoa retida por empregador.
ilegalidade ou abuso de poder de qualquer autoridade pública, vez que inexiste limitação pela Constituição.
4.4.3. Hipóteses controvertidas
Promotor como autoridade coatora.
O Ministério Público detém parcela da autoridade emanada pelo Estado e seus atos são passíveis de habeas corpus, quando viciados pela ilegalidade ou abuso de poder.
Todavia, se há requerimento do Ministério Público deferido pelo juiz de direito, para instauração do inquérito policial, o Juiz será a autoridade coatora. Agora, se requisitar diretamente, o Promotor de Justiça será a autoridade coatora.
Juiz como autoridade, se requisitar.
Se apenas remeter, será o Delegado de Polícia. Se o inquérito policial estiver findo e for remetido ao Judiciário, a autoridade coatora será o Juiz de Direito.
4.5. Admissibilidade
	O habeas corpus só é admitido quando há atentado à liberdade de locomoção. Exigem-se as condições da ação e também a prova do direito líquido e certo, não se admitindo dilação probatória.
	É vedado durante o estado de sítio (arts. 138 e 139, CF) e admitido na punição disciplinar, exceto na militar (art. 142, § 2.º, CF).
	A Súmula 395, STF prevê que é inadmissível habeas corpus na hipótese de pagamento de custas processuais. Não é admitida reiteração se não advier fato novo.
4.6. Cabimento
falta de justa causa para a prisão, para o inquérito, para a ação penal, visando a sua anulação (art. 648, I).
excesso de prazo (art. 648, II).
O réu, quando preso, deve ter o procedimento acelerado, devendo o procedimento terminar durante um período razoável. Havendo desobediência a esse prazo, haverá pedido de soltura do réu ou relaxamento do flagrante. No caso do procedimento ordinário, existe o prazo de 85 (oitenta e cinco) dias.
A contagem é global ou por inteiro, desprezando-se o desrespeito ao prazo individual. O termo final no procedimento ordinário é a finalização da instrução.
Em razão do elevado número de pedidos, o Superior Tribunal de Justiça acabou editando súmulas sobre a matéria. Nesse sentido, a Súmula 52 prevê que, finda a fase instrutória, não há que se falar em excesso; a Súmula 64, prevendo que não há excesso quando provocada pela defesa; e Súmula 21, dizendo que, no procedimento do Júri, pronunciado o réu fica superada a alegação de excesso de prazo.
habeas corpus por coação de autoridade incompetente, salvo prisão em flagrante (art. 648, III).
Um Juiz Federal ordena a prisão preventiva de um estelionatário em razão do atingimento de um órgão federal. Tempos depois, entende que é incompetente por inexistir afetamento do órgão federal, e encaminha o caso ao Juiz Estadual. Nesse caso, deveria revogar a prisão, pois nesse caso seria incompetente. Se não revogar, caberia habeas corpus ao Tribunal Regional Federal, pois a autoridade coatora é o Juiz Federal.
habeas corpus por ter cessado o motivo da coação (art. 648, IV).
Se já houve o vencimento do tempo de prisão cumprido, o paciente deveria ser liberado, mas não o foi.
habeas corpus pela não concessão de fiança (art. 648, V).
No crime de detenção, preso em flagrante delito por homicídio culposo, possui o agente criminoso direito à liberdade provisória com fiança a ser estipulada pela autoridade policial. Não estipulada, cabe a impetração de habeas corpus ao juiz.
habeas corpus por processo manifestamente nulo (art. 648, VI).
Exemplificando, ocorre se houver falta de condição da ação. Pode ser reconhecido durante o processo ou após o trânsito. Nesses casos, só substituirá a apelação ou a revisão criminal se o prejuízo for irreparável.
habeas corpus quando estiver extinta a punibilidade pelas causas do art. 107, CP (art. 648, VII).
O réu pede o reconhecimento da prescrição da pretensão executória (PPE) que já ocorreu e o juiz não a admite. Cabe habeas corpus impugnando essa decisão em razão do patente constrangimento ilegal.
O art. 107, CP, prevê as seguintes hipóteses de extinção da punibilidade:
pela morte do agente;
pela anistia, graça ou indulto;
pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
pela prescrição, decadência ou perempção;
pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
(Revogado pela Lei nº 11.106, de 29.03.05);
(Revogado pela Lei nº 11.106, de 29.03.05);
pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
19/09/2011
4.7. Competência
1ª instância: para trancar Inquérito Policial, quando a autoridade coatora for o delegado; ou coação exercida por particulares (competência do juiz criminal);
Tribunal de Justiça: quando a autoridade for o Ministério Público, inclusive o Promotor. Competência por prerrogativa de função;
Tribunal Regional Federal: quando a autoridade coatora for o Juiz Federal ou for Procurador da República que atue perante o Tribunal;
Superior Tribunal de Justiça: quando a autoridade coatora for Governador, Desembargador, membros do Tribunal de Contas dos Estados e do Distrito Federal, dos Tribunais Regionais Eleitorais, dos Tribunais Regionais do Trabalho, dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e do Ministério Público da União que oficiem perante os Tribunais, bem como quando o coator for Tribunal sujeito à sua competência, Ministro de Estado, o Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica.
Supremo Tribunal Federal: quando a autoridade coatora for Presidente da República, Vice-presidente, membros do Congresso, Ministrosdo STF e o Procurador-Geral da República. Ainda autoridade ou funcionário cujo ato esteja diretamente vinculado à competência do STF.
Juízes Eleitorais e Tribunais Eleitorais: competentes em relação a crimes eleitorais.
4.8. Processamento
	Qualquer pessoa pode interpor (art. 654, § 1º, a, b e c, CPP). O autor da ação (impetrante), pode ser ou não o paciente. Se for advogado, não há necessidade de petição.
	Não é aceita petição apócrifa, isto é, sem assinatura. Admite-se por telegrama, radiograma, telex, fax.
4.8.1. Provas
	Deve vir a petição instruídas com provas (documentos, certidões) e pode trazer o rol de testemunhas. O indeferimento não constitui irregularidade em razão da sumariedade.
	Prevalece o entendimento de que não cabe a produção de prova, devendo o impetrante apresentar toda a documentação necessária.
4.8.2. Liminar em habeas corpus
	É admissível, se os documentos evidenciarem a ilegalidade. Ao contrário, poderá o juiz rejeitar o habeas corpus liminarmente, quando as alegações forem manifestamente improcedentes (art. 663, CPP). Poderá mandar emendar.
	Recebida a inicial, o juiz poderá determinar que o impetrante seja imediatamente apresentado (art. 656, CPP), exceto se gravemente enfermo ou não estiver sob guarda da autoridade para qual foi expedida a ordem (art. 657, CPP). Se houver desobediência da ordem judicial, será expedido mandado de prisão contra o detentor (art. 656, paragrafo único, CPP).
	Verificada a cessação da violência ou coação, julgar-se-á prejudicado o pedido (art. 659, CPP). Serão requisitadas informações por escrito da autoridade coatora (art. 662, CPP), porém o habeas corpus pode ser concedido sem as informações.
4.8.3. Julgamento e efeitos
implica seja posto em liberdade (art. 660, § 1.º, CPP);
se for liberdade com fiança, o juiz a arbitrará, podendo ser prestada em juízo e, posteriormente, remetida para a autoridade coatora (art. 660, § 3.º, CPP);
se for preventivo, o juiz expedirá o salvo-conduto (art. 660, § 4.º, CPP);
a decisão poderá se estender ao corréu, desde que não trate de questões pessoais (efeito extensivo);
no caso de anulação, o habeas corpus será renovado a partir do momento em que verificado o vício (art. 652, CPP);
trancamento de inquérito policial ou ação penal, impedindo o curso normal.
4.8.4. Recursos
recurso de ofício da decisão que concede (art. 574, I, CPP);
recurso em sentido estrito (art. 581, X, CPP) da decisão concessiva ou denegatória de 1ª instância;
recurso ordinário constitucional (ROC) ao próprio Tribunal superior, da decisão denegatória de Tribunal ou de Presidente de Tribunal.
26/09/2011
QUESTÕES
1. A prisão em flagrante será obrigatoriamente convertida em prisão preventiva, de acordo com a nova Lei?
2. Da leitura da Lei nº 12.403 é possível afirmar que ainda existe a chamada liberdade provisória sem fiança?
	03/10/2011
	5. MANDADO DE SEGURANÇA
	É a terceira modalidade de ação impugnativa regulamentada pela Lei nº 1.533/51 e com previsão no art. 5.º, LXIX, da CF. Visa à proteção de direito líquido e certo não amparado por habeas corpus e habeas data, desde que haja ilegalidade ou abuso de autoridade. Não pode haver ameaça mesmo que indireta à liberdade, porque dai cabe habeas corpus. É, portanto, um remédio jurídico constitucional subsidiário.
É necessário que haja violação de direito líquido e certo ou ao menos ameaça ou perigo de lesão. O direito deve estar demonstrado por prova pré-constituída. O mandado de segurança só é cabível contra ato de autoridade ou agente público, não sendo possível impetrar contra ato de particular na esfera criminal.
Sujeito ativo é o titular do direito líquido e certo violado. Sujeito passivo é o Estado. A autoridade coatora é notificada com representante da pessoa jurídica de direito público.
Admite-se o mandado de segurança contra decisão judicial. A Súmula 267 do STF admite contra decisão desde que não caiba recurso ou correição parcial. Mesmo que caiba recurso, o mandado de segurança é muito utilizado para obter o efeito suspensivo. Exemplificando, Promotor de Justiça recorre em sentido estrito contra decisão do juiz que concede liberdade provisória ao réu. Para que o mesmo não seja liberado, o Promotor impetra mandado de segurança requerendo efeito suspensivo.
Não cabe mandado de segurança contra decisão com trânsito em julgado (Súmula 268 do STF).
5.1. Requisitos
Os requisitos do mandado de segurança são os descritos no art. 282 do CPC, sendo que o pedido deve revelar a ilegalidade ou abuso de poder; o valor da causa no caso de ato jurisdicional é inestimável, mas deve ser mencionado; a capacidade postulatória é indispensável; não cabe a produção de prova, pois o rito é sumário do Mandado de Segurança. O prazo é de 120 (cento e vinte) dias da ciência do ato ilegal.
Contra ato da autoridade policial (delegado de polícia estadual) cabe mandado de segurança endereçado ao juiz de direito. Se o ato for de juiz de direito, a competência é do tribunal de justiça. Contra ato de tribunal, abrangendo tribunais estaduais, regionais federais e STJ, a competência é do pleno ou do órgão especial. No STF, só cabe mandado de segurança contra ato do Presidente do tribunal.
5.2. Processamento
Feito o pedido, poderá haver liminar que poderá ter o efeito antecipatório ou cautelar. É antecipatório quando gera os efeitos na ação. É cautelar quando não antecipa esses efeitos, apenas assegurando.
A liminar pode ser revogada ou revigorada. A eficácia mínima é de 90 (noventa) dias, prorrogáveis por mais 30 (trinta) dias. O presidente do tribunal poderá sustar os efeitos para evitar grave lesão à ordem, saúde, segurança e à economia.
A autoridade coatora é notificada para prestar informações em dez dias. As informações são facultativas. O réu deve figurar como litisconsorte passivo no mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público (Súmula 701 do STF).
O Ministério Público sempre participa do mandado de segurança tanto em primeiro como em segundo grau, com prazo de 5 (cinco) dias. A prova é pré-constituída, mas pode haver requisição de documento em repartição pública. A sentença deve ser prolatada em cinco dias, não cabendo honorários advocatícios (Súmula 512 do STF).
Contra decisão de mandado de segurança em primeiro grau cabe apelação. Se o juiz conceder o mandamus, cabe o duplo grau de jurisdição obrigatório (recurso de ofício). Contra decisão em tribunal de mandado de segurança, denegando o pedido, cabe recurso ordinário constitucional (ROC) em 15 dias:
ao STJ contra decisão de Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal;
ao STF se for decisão de Tribunal superior.
	10/10/2011
	6. EXECUÇÃO PENAL (LEI 7.210/84)
6.1. Objeto da execução penal
6.1.1. Direito de punir e pretensão punitiva
	O Estado, como ente dotado de soberania, detém, exclusivamente, o direito de punir (jus puniendi). Tratando-se de manifestação de poder soberano, esse direito é exclusivo e indelegável. Mesmo na ação penal de iniciativa privada, o particular possui apenas a prerrogativa de dar início ao processo, por meio a queixa.
O jus puniendi, no entanto, continua com o Estado, tanto que é possível conceder anistia em crime de ação privada (ora, só quem detém o jus puniendi pode a ele renunciar). Esse direito existe abstratamente, independentemente de vir a ser praticada a infração penal, e se impõe a todos indistintamente.
O Estado não tem o poder de punir fulano ou beltrano, mas simplesmente tem o poder de punir (qualquer eventual infrator). No momento em que um crime é praticado, esse direito abstrato e impessoal concretiza-se e volta-se especificamente contra o delinquente.
Nesse instante, de direito passa a pretensão. Pretensão é a disposição de submeter um interesse alheio a um interesse próprio. O Estado passa a ter o interesse submeter o direito de liberdade daquele criminoso ao seu direito de punição. Punibilidade é a possibilidade de efetivação concreta da pretensão punitiva.
O direito de punir é, portanto,uma manifestação da soberania de um Estado, consistente na prerrogativa, in abstracto, de se impor coativamente a qualquer pessoa que venha a cometer alguma infração penal, desrespeitando a ordem jurídica vigente e colocando em perigo a paz social. A pretensão punitiva, disposição concreta que surge para o Estado, consiste em submeter alguém que efetivamente praticou uma infração penal a uma punição prevista em lei.
6.1.2. Persecução penal
Para satisfazer a sua pretensão de punir o autor de um fato típico e ilícito (infração penal), o Estado desenvolve uma atividade oficial denominada persecução (ou perseguição) penal. Essa atividade:
inicia-se com a instauração do inquérito policial (procedimento escrito e inquisitivo, de natureza investigatória, presidido pela autoridade policial, com a finalidade de apurar a prática de uma infração penal e respectiva autoria);
segue com a propositura da ação penal (pelo Ministério Público, que, nessa função, incorpora o próprio Estado, como ente dotado de soberania, ou pelo ofendido, em legitimidade extraordinária, postulando em nome próprio a defesa do interesse punitivo alheio, isto é, do Estado) e a instauração do devido processo legal;
finalmente, em caso de acolhimento da pretensão acusatória, encerra-se com a execução da pena, até a sua extinção, seja em face de seu cabal cumprimento, seja devido a qualquer causa extintiva da punibilidade.
6.1.3. Execução e sanção penal
Execução penal é a fase da persecução penal que tem por fim propiciar a satisfação efetiva e concreta da pretensão de punir do Estado, agora denominada pretensão executória, tendo em vista uma sentença judicial transitada em julgado, proferida mediante o devido processo legal, a qual impõe uma sanção penal ao autor de um fato típico e ilícito.
A sanção penal é gênero, do qual são espécies: a pena e a medida de segurança.
Pena é a sanção penal de caráter aflitivo, imposta pelo Estado, em execução de uma sentença, ao culpado pela prática de uma infração penal, consistente na restrição ou privação de um bem jurídico, cujas finalidades são aplicar a retribuição punitiva ao delinquente, promover a sua readaptação social e prevenir novas transgressões pela intimidação dirigida à coletividade. As penas podem ser classificadas em:
privativas de liberdade;
restritivas de direitos;
pecuniárias.
A medida de segurança é a espécie de sanção penal de natureza exclusivamente preventiva, imposta pelo Estado, em execução de uma sentença, proferida mediante o devido processo legal, com finalidade de submeter a tratamento e cura o autor de um fato típico e ilícito que seja portador de periculosidade. Trata-se de medida exclusivamente preventiva, visando a tratar o inimputável e o semi-imputável que demonstraram, pela prática delitiva, potencialidade para novas ações danosas.
17/10/2011
6.2. Finalidades da execução penal
De acordo com o art. 1.º, a execução penal tem dupla finalidade: a correta efetivação dos mandamentos existentes na decisão criminal e o oferecimento de condições para a readaptação social do condenado.
A finalidade precipuamente preventiva pela “proteção dos bens jurídicos e a reincorporação do autor à comunidade” (prevenção especial) está expressa na Exposição de Motivos da lei.
A execução aproxima-se da doutrina mista, tendo finalidade precipuamente utilitária e preventiva, embora conserve seu caráter aflitivo, por meio da efetivação da sanção imposta na sentença condenatória. Pune-se o delinquente, ao mesmo tempo em que se busca sua recuperação. No caso da medida de segurança, só há objetivo de prevenir a prática de novos delitos por meio do tratamento.
Em diversos dispositivos a lei revela sua preocupação com a reinserção do sentenciado na coletividade: arts. 3.º; 52; 10; 11; 25; 28; 40; 41; 45, 56, 82, § 1.º, 83, 84, § 1.º, 85, 112, 120, 122, 126, 131, 203 e seus parágrafos.
6.3. Natureza jurídica do processo de execução penal
Art. 2º. A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal.
Segundo o Código de Processo Penal e a Lei de Execução Penal, a execução da pena e da medida de segurança não é simples procedimento administrativo em que as decisões são tomadas livremente pela direção do estabelecimento penal.
Como em todo processo, o processo de execução é processo de partes, que assegura ao sentenciado as garantias do devido processo legal.
Ao processo de execução aplicam-se os princípios constitucionais da igualdade, da ampla defesa, do contraditório, do duplo grau de jurisdição e da publicidade.
O procedimento para solução das situações referentes aos direitos dos sentenciados será judicial (art. 194 da LEP), portanto decidido pelo Juiz no processo.
	24/10/2011
	7. ÓRGÃOS DA EXECUÇÃO PENAL
São competentes para a execução os seguintes órgãos, elencados no art. 61 da LEP, sem ordem de importância ou rigor hierárquico:
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária;
Juízo da execução;
Ministério Público;
Conselho Penitenciário;
Departamento Penitenciário;
Patronato;
Conselho da Comunidade.
Em vez de se excluírem, esses órgãos exercem uma atividade conjunta durante a execução da pena, com área de competência e atribuições bem delimitadas.
Convém anotar que, ao lado desses órgãos elencados pela lei, deve ser colocada a defesa, uma vez que, em face da jurisdicionalização da execução, também passa a ser elemento fundamental para a atividade executória.
7.1. Conselho nacional de política criminal e penitenciária (arts. 62 a 64)
É órgão subordinado ao Ministério da Justiça, com sede na Capital da República.
7.1.1. Composição
Integram-no 13 membros, nomeados pelo Ministro de Justiça, dentre especialistas de notável saber e representantes da comunidade sem conhecimento específico na área, o que não deixa de ser alvo de críticas, uma vez que esse é órgão normativo e de fiscalização, com tarefas bastante especializadas. Também o compõem representantes dos Ministérios da área social (Educação, Cultura, Previdência Social etc.).
7.1.2. Mandato de seus membros
Segundo a lei, o mandato é de 2 (dois) anos, com renovação de um terço dos membros a cada ano. Há um equívoco nessa fixação, uma vez que o projeto original determinava um mandato de 4 (quatro) anos e somente assim se daria a renovação, a cada ano, de um terço, sem atropelos. Ocorre que a renovação na forma prevista na lei permitiria em 2 (dois) anos a designação de apenas dois terços dos membros. Como solução, portanto, temos que devem ser renovados os mandatos de 6 (seis) e 7 (sete) membros a cada ano, alternadamente, em face da indivisibilidade do número de conselheiros (13).
7.1.3. Atribuições
Propor diretrizes da política criminal quanto à prevenção do delito, administração da Justiça criminal e execução das penas e das medidas de segurança;
Contribuir na elaboração de planos nacionais de desenvolvimento, sugerindo metas e prioridades da política criminal e penitenciária;
Promover a avaliação periódica do sistema criminal para a sua adequação às necessidades do País;
Estimular e promover a pesquisa criminológica;
Elaborar programa nacional penitenciário para formação e aperfeiçoamento do servidor;
Instituir regras sobre a arquitetura e construção de estabelecimentos penais e casas de albergados;
Estabelecer os critérios para a elaboração da estatística criminal;
Inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos penais, e informar-se, mediante relatórios do Conselho Penitenciário, requisições, visitas ou outros meios, acerca do desenvolvimento da execução penal nos Estados, Territórios e Distrito Federal, propondo às autoridades dela incumbidas as medidas necessárias ao seu aprimoramento;
Representar ao Juiz da execução ou à autoridade administrativa para instauração de sindicância ou procedimento administrativo, em caso de violação das normas referentes à execução penal;
Representar à autoridadecompetente para a interdição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal.
7.2. Juízo da execução (arts. 65 e 66)
7.2.1. Atividade jurisdicional
Consiste na tarefa pela qual o Juiz soluciona o confronto entre duas ou mais pretensões, pondo-lhe fim, mediante imposição da vontade do direito sobre a vontade das partes, e pacificando as relações sociais conflitantes. No processo de execução, haverá atividade jurisdicional toda vez que o sentenciado estiver ameaçado de sofrer qualquer restrição ou pretender algum benefício em face do Estado, devendo o Juízo verificar o que dispõe o ordenamento jurídico a respeito e solucionar o conflito de vontades e interesses.
A lei não jurisdicionaliza a execução, mas reconhece sua preponderância jurisdicional, uma vez que se trata de atividade híbrida.
As decisões jurisdicionais do Juiz da execução comportam o recurso de agravo em execução (art. 197 da LEP).
7.2.2. Atividade administrativa
O Juiz exerce não apenas funções jurisdicionais, mas também algumas de natureza administrativa, como zelar pelo correto cumprimento da pena e da medida de segurança, inspecionar mensalmente os estabelecimentos carcerários, interditando-os se necessário, e formar o Conselho da Comunidade.
As decisões administrativas também se submetem ao reexame formal e material, devendo a lei local estabelecer as formalidades necessárias à reapreciação do pronunciamento judicial, a fim de respeitar o princípio da legalidade da execução penal.
7.2.3. Competência do Juízo da execução
Caberá a execução penal ao Juiz indicado na Lei de Organização Judiciária local e, na sua ausência, ao da sentença.
A competência se inicia após o trânsito em julgado da sentença condenatória (art. 669 do CPP), de maneira que os conflitos relacionados aos presos provisórios serão de competência do Juiz do processo de conhecimento.
Desde que o réu tenha sido recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição comum, será competente o Juiz da execução, independentemente da Justiça pela qual foi condenado.
Será competente o Juiz sob cuja jurisdição estiver o estabelecimento penal onde o indivíduo cumpre sua pena.
O art. 66 elenca hipóteses de intervenção jurisdicional (incs. I e V) e administrativa (incs. VI e IX) do Juiz da execução.
Essa enumeração, entretanto, não é taxativa, havendo outros dispositivos na LEP prevendo a intervenção jurisdicional, como: arts. 43, parágrafo único, 54 (com a redação determinada pela Lei n. 10.792/2003), 144, 175, 176 e outros.
Assim, compete ao Juiz da execução (art. 66):
aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo favorecer o condenado;
O princípio constitucional da retroatividade da lei penal mais benéfica está previsto no art. 5.º, XL, da CF. No Código Penal esse princípio está encartado no art. 2.º, parágrafo único. Ao mesmo tempo em que a lei posterior mais benéfica retroage, a lei anterior menos gravosa é dotada de ultratividade, sempre que se relacionarem com o crime e com a pena.
Enquanto não transitar em julgado a condenação, a aplicação da lei mais benéfica compete ao Juiz do processo ou ao Tribunal incumbido de julgar eventual recurso.
Uma vez transitada em julgado a condenação, caberá ao Juízo da execução aplicar aos casos julgados lei posterior que, de qualquer modo, favoreça o condenado (art. 66, I). Dessa decisão caberá o recurso de agravo em execução, sem efeito suspensivo (art. 97).
A jurisprudência adotou, inicialmente, a posição de que seria possível a aplicação da lei mais benéfica, após o trânsito em julgado, por meio de revisão criminal. Pacificando a controvérsia, no entanto, veio a Súmula 611 do STF:
Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao Juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna.
Deve-se esse entendimento a 2 (dois) fatores. Em primeiro lugar, porque a aplicação da lei mais benéfica não está entre as hipóteses previstas pelo art. 621 do CPP, que elenca as hipóteses de cabimento da revisão criminal. Em segundo, porque o entendimento anterior à súmula inviabilizava o princípio do duplo grau de jurisdição, uma vez que suprimia a apreciação da matéria pelo Juízo de primeira instância. Admite-se a aplicação da lei mais benéfica por habeas corpus somente em casos extremos.
declarar extinta a punibilidade;
O art. 107 do CP contém um rol não taxativo de causas extintivas da punibilidade. Elas podem ocorrer antes ou depois do trânsito em julgado da sentença. Em regra, quando a punibilidade é extinta antes do trânsito em julgado, são afastados todos os efeitos da condenação, principais e secundários; se a extinção ocorre após o trânsito, subsistem os efeitos penais secundários e os extrapenais.
decidir sobre:
soma ou unificação de penas;
A medida que forem surgindo condenações transitadas em julgado nos mais diversos processos existentes contra o sentenciado, as guias de recolhimento serão expedidas e remetidas ao Juízo competente para a execução da pena, que será o do local em que o condenado está preso ou cumprindo a sua pena. Com a chegada de outras condenações, o Juiz da execução determinará que se proceda ao cálculo de liquidação de penas, mediante a soma ou unificação.
Dessa forma, com o trânsito em julgado da sentença condenatória, o Juiz da sentença determinará a expedição da guia de recolhimento do condenado. Existindo diversas condenações contra a mesma pessoa, à medida que o Juiz da execução for recebendo as guias de recolhimento, elas serão registradas em livro próprio, conforme a ordem cronológica de chegada, e anexadas ao prontuário do condenado.
Realizado o cálculo pelo contador, de soma ou unificação, o Juiz da execução, após ouvir o Ministério Público e o sentenciado, se o entender correto, proferirá uma decisão homologatória. A homologação do cálculo tem natureza jurisdicional, devendo submeter-se a todos os princípios do devido processo legal, inclusive o do duplo grau de jurisdição, estando, portanto, sujeita a recurso de agravo em execução.
A unificação de penas tem cabimento toda vez que a prolação de diversas sentenças separadamente propiciar execuções autônomas, burlando a regra do concurso de crimes. Por meio da unificação consegue-se, em sede de execução, a aplicação da regra do concurso formal e a do crime continuado, as quais não foram possíveis em face da equivocada separação dos processos de conhecimento. Recebendo as guias de recolhimento e observando que o caso era o de concurso de crimes, o próprio Juiz da execução aplicará o critério da exasperação, determinando a unificação, em vez da goma. Se o caso era o de concurso material entre os crimes ou de concurso foi mal impróprio, será determinada a soma. Assim, duas ou mais infrações praticadas em concurso formal próprio, crime continuado, erro na execução ou resultado diverso do pretendido terão suas penas unificadas. No concurso material e no formal impróprio, as penas serão somadas (art. 69 do CP).
A unificação deve ser feita mediante pedido ao Juízo da execução, que também pode aplicá-la de oficio, sendo inidôneo qualquer pedido de revisão criminal ao Tribunal competente.
A Lei 7.209/84, que criou a nova parte geral do Código Penal, deu origem a outra hipótese de unificação de penas em seu art. 75, segundo o mal o tempo de cumprimento das penas não poderá exceder a 30 (trinta) anos. Dessa maneira, institui-se uma nova forma de unificação.
Essa espécie de unificação deverá ser efetuada assim que o Juiz da execução receber as guias de recolhimento das várias condenações do executado. Essa unificação vale apenas para cumprimento da pena, não servindo de parâmetro para a obtenção de benefícios.
Após a unificação, se, cumprida uma parte da pena, sobrevier nova condenação, despreza-se o tempo cumprido, soma-se o restante com a nova pena imposta e, se for ultrapassado o limite de 30 (trinta) anos, faz-se nova unificação (art. 75, § 2.º, do CP). O tempo que será desprezado é o cumprido até a data do novo crime e não o de sua condenação.
A sentença que declarar a unificação de penas fazcoisa julgada com cláusula rebus sic stantibus, não podendo ser alterada enquanto se mantiver o mesmo status quo, só cabendo revisão criminal após o seu trânsito ou agravo em execução, antes dele.
O sentenciado precisa ser ouvido antes da decisão judicial a qual homologa o cálculo de liquidação de penas, pois o princípio do contraditório exige que todas as decisões jurisdicionais sejam precedidas da oportunidade de manifestação das partes, não podendo essa decisão, a qual influirá decisivamente no total da pena a ser cumprido e, portanto, na intensidade da pretensão punitiva, ser considerada mero cálculo aritmético de natureza administrativa.
progressão ou regressão nos regimes;
Na matéria pertinente ao regime de cumprimento da pena privativa de liberdade é possível falar-se em três modalidades: fechado, semiaberto e aberto (art. 33, do CP).
A passagem de regime mais rigoroso para regime menos rigoroso chama-se progressão; a passagem de regime menos rigoroso para mais rigoroso chama-se regressão. O regime inicial de cumprimento da pena é fixado pelo Juiz da sentença (art. 59, III, do CP).
Competirá, porém, ao próprio Juiz da execução determiná-lo sempre que ocorrer omissão por parte do Juiz da sentença ou, ainda, na hipótese de soma ou unificação de penas. Por outro lado, é também da competência do Juiz da execução a transferência de regime.
detração e remição da pena;
suspensão condicional da pena;
Com o sursis dá-se a suspensão da execução da pena, em face de determinadas condições.
O Juiz ou Tribunal que conceder o sursis deverá pronunciar-se motivadamente sobre ele, quer o conceda, quer o denegue. Ante a omissão do Juiz ou Tribunal, o benefício pode ser requerido ao Juiz da execução.
O Tribunal poderá conceder o sursis e deixar para o Juiz da execução a fixação das condições (art. 159, § 2.º).
No caso de omissão do Juiz ou Tribunal da condenação, quanto às condições do sursis, nada impede que o Juízo da execução as fixe, declarando como devem ser cumpridas.
livramento condicional;
É um incidente na execução da pena privativa de liberdade em que o indivíduo, depois de cumpridos certos requisitos e mediante determinadas condições, obtém a antecipação provisória de sua liberdade.
Compete ao Juízo da execução decidir sobre essa matéria, dispondo sobre sua concessão ou revogação, o agravamento das condições do livramento na hipótese de sua revogação facultativa (art. 140, parágrafo único, da LEP) e a modificação das condições especificadas na sentença (art. 144 da LEP).
incidentes da execução.
São questões incidentais ao processo de execução, as quais podem levar à redução, substituição ou extinção da execução da pena, de acordo com as novas situações surgidas no seu curso, levando a um procedimento acessório do principal.
Esses incidentes não são apenas os referidos no Título VII (conversões, excesso ou desvio, anistia e indulto), mas também os previstos em toda a Lei de Execução Penal (unificação, extinção da pena, medida de segurança etc.).
autorizar saídas temporárias;
A Lei de Execução Penal prevê as chamadas autorizações de saída, as quais comportam 2 (duas) espécies: a) permissões de saída; b) saídas temporárias.
A permissão de saída consiste em uma autorização concedida ao preso para sair do estabelecimento, mediante escolta, por ocasião de falecimento ou doença grave de cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão, ou para tratamento médico. Sua duração não pode exceder o estritamente necessário para atender a sua finalidade (arts. 120 e 121 da LEP). Trata-se de ato administrativo do Diretor do presídio (art. 120, parágrafo único, da LEP).
Saída temporária é uma autorização concedida exclusivamente aos condenados que cumprem pena em regime semiaberto, desde que preenchidos os requisitos legais. É a saída temporária do preso que deixa o estabelecimento, sem vigilância direta, com o objetivo de frequentar cursos supletivos, profissionalizantes, de segundo grau ou superior, ou para participar de atividades importantes para a sua reintegração social.
Os requisitos estão previstos no art. 123, I a III (bom comportamento, cumprimento de 1/6 (um sexto) da pena, ou 1/4 (um quarto), se reincidente, e compatibilidade da atividade ou curso com a recuperação social do condenado). A saída temporária é uma decisão de conteúdo jurisdicional e deve ser antecedida de manifestação do Ministério Público e do sentenciado em obediência ao princípio do contraditório, além de ser recorrível por agravo em execução.
determinar:
a forma de cumprimento da pena restritiva de direitos e fiscalizar sua execução;
a conversão da pena restritiva de direitos e de multa em privativa de liberdade;
a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos;
a aplicação da medida de segurança, bem como a substituição da pena por medida de segurança;
a revogação da medida de segurança;
a desinternação e o restabelecimento da situação anterior;
o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra comarca;
a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1.°, do art. 86, desta Lei.
Incumbem também ao Juiz da execução tarefas de cunho administrativo, a saber:
zelar pelo correto cumprimento da pena e da medida de segurança;
inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos penais, tomando providências para o adequado funcionamento e promovendo, quando for o caso, a apuração de responsabilidade;
interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal que estiver funcionando em condições inadequadas ou com infringência aos dispositivos desta Lei;
compor e instalar o Conselho da Comunidade (art. 66 da LEP).
7.3. Ministério Público
O art. 12, da Lei 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público), dispõe que, quando estiver em discussão matéria de ordem pública ou algum direito social ou individual indisponível, o Ministério Público deve intervir.
O Ministério Público atua como fiscal da lei, do início até o final da execução, dele não podendo ser subtraído o conhecimento de nenhuma medida de natureza jurisdicional, o que significa a necessidade de ter prévia ciência e oportunidade de manifestar-se, sob pena de nulidade.
Em razão disso, dispõe a LEP no seu art. 67 que caberá ao Ministério Público fiscalizar a execução da pena e da medida de segurança, oficiando no processo executivo e nos incidentes da execução.
O Promotor, como fiscal da lei, atua nas áreas processual e administrativa, devendo, portanto, ser inteirado de todas as decisões exaradas no curso do processo executivo para poder opinar, requerer ou recorrer do teor delas.
Se ao Ministério Público não for dada oportunidade de manifestação, ocorrerá nulidade, salvo nos casos elencados nos arts. 563, 565 e 566 do CPP.
A LEP determina que nos procedimentos judiciais terá o representante do Parquet o prazo de três dias para se manifestar (art. 196).
7.3.1. Atribuições
Incumbe ao Ministério Público:
fiscalizar a regularidade formal das guias de recolhimento e de internamento;
requerer:
todas as providências necessárias ao desenvolvimento do processo executivo;
a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de execução;
a aplicação de medida de segurança e a substituição da pena por medida de segurança;
a revogação da medida de segurança;
a conversão de penas, a progressão ou regressão nos regimes e a revogação da suspensão condicional da pena e do livramento condicional;
a internação, a desinternação e o restabelecimento da situação anterior.
interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade judiciária, durante a execução.
É de suma importância ressaltar que o rol do art. 68 é exemplificativo, pois hipóteses outras há em que se reclama a intervenção do Ministério Público (consultar os arts. 54, § 2.º, e 112, § 1.º, 123, 126, § 3.º, 131, 143 a 147, 158, § 2.º, 164, 173, § 1.º, 176,183).
Por fim, cabe salientar que o Promotor deverá visitar mensalmente os estabelecimentos penais, registrando sua presença em livro próprio, sob pena de incorrer em falta funcional.
7.3.2.Jurisprudência
Constitui ofensa ao art. 67, da Lei de Execução Penal, o Juízo da execução declarar extinta a punibilidade atribuída ao réu [...] sem que antes abrisse vista dos autos ao Ministério Público.
7.4. Conselho penitenciário
Trata-se de órgão colegiado de natureza consultiva, a quem incumbe utilizar e manifestar-se sobre livramento condicional, progressão de regime e demais incidentes que afetem a execução da pena, seja agravando, seja atenuando a sua forma de cumprimento.
7.4.1. Composição
O Conselho deve ser integrado por professores e profissionais das áreas de Direito Penal, Direito Processual Penal, Direito Penitenciário e ciências correlatas, e representantes da comunidade.
A composição do Conselho é determinada pela nomeação de seus membros pelo Governador do Estado e do Distrito Federal para mandato 4 (quatro) anos, com direito a recondução.
7.4.2. Atribuições
Incumbe ao Conselho Penitenciário:
emitir parecer sobre indulto e comutação de, excetuada a hipótese de pedido de indulto com base no estado de saúde do preso (art. 70, I);
inspecionar os estabelecimentos e serviços penais;
apresentar, no primeiro trimestre de cada ano, ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, relatório dos trabalhos efetuados no exercício anterior;
supervisionar os patronatos e a assistência aos egressos.
A enumeração do art. 70 é meramente exemplificativa, pois existem outras atividades desempenhadas pelo Conselho Penitenciário e que estão previstas na própria Lei de Execução Penal, como:
representar para a revogação do livramento condicional (art. 143);
emitir parecer sobre a suspensão do curso do livramento condicional (art. 145);
propor a modificação das condições da suspensão condicional da pena (art. 158, § 2.º);
suscitar o incidente de excesso ou desvio da execução (art. 186, II);
propor a anistia (art. 187).
7.5. Departamento penitenciário
O art. 71 da LEP, com fulcro no art. 24, I, da CF, prevê a existência do Departamento Penitenciário Nacional.
Trata-se de órgão superior de controle, subordinado ao Ministério da justiça, destinado a instrumentar a aplicação da Lei de Execução Penal e diretrizes da política criminal adotadas pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.
7.5.1. Atribuições
O art. 72 elenca as funções a serem desempenhadas pelo Departamento Penitenciário Nacional, dentre as quais se destacam:
acompanhar a fiel aplicação das normas de execução penal em todo o território nacional;
inspecionar e fiscalizar periodicamente os estabelecimentos e serviços penais;
assistir tecnicamente as unidades federativas na implementação dos princípios e regras estabelecidos nessa lei;
colaborar com as unidades federativas, mediante convênios, na implantação de estabelecimentos e serviços penais;
colaborar com as unidades federativas para a realização de cursos para formação de pessoal penitenciário e ensino profissionalizante do condenado e do internado;
estabelecer, mediante convênios com as unidades federativas, o cadastro nacional das vagas existentes em estabelecimentos locais destinadas ao cumprimento de penas privativas de liberdade aplicadas pela Justiça de outra unidade federativa, em especial para presos sujeitos a regime disciplinar.
É também função do Departamento Penitenciário Nacional a coordenação e supervisão dos estabelecimentos penais e de internamento federais e toda e qualquer atividade administrativa de natureza executiva a ser desempenhada nesses locais.
7.5.2. Departamento penitenciário local (art. 73)
A lei não previu a obrigatoriedade da instituição desses órgãos locais, mas facultou aos Estados-membros, de acordo com a lei local, a criação desses organismos, com o intento de combater as deficiências do sistema carcerário.
São suas atribuições supervisionar e coordenar os estabelecimentos penais do Estado, em conformidade com a lei local.
7.5.3. Direção e pessoal dos estabelecimentos penais
O art. 75 fixa os requisitos para a ocupação do cargo de Diretor do estabelecimento penitenciário, exigindo, dentre outros atributos, que o indivíduo tenha formação profissional nas ciências humanas (excluídas a medicina e a psiquiatria, portanto) e experiência administrativa no desempenho de atividades ligadas à administração penitenciária.
7.6. Patronato (art. 78)
O patronato, seja público ou particular, destina-se a prestar assistência aos albergados e aos egressos, e tem suas atividades confiadas à supervisão do Conselho Penitenciário (art. 70, IV, da LEP).
7.6.1. Composição
A lei federal é omissa a respeito, ficando essa incumbência afeta à regulamentação local de cada Estado.
7.6.2. Atribuições
Além da primordial atribuição de prestar assistência aos albergados e aos egressos, a LEP elenca outras tarefas ao patronato no art. 79. Dessa forma, determina que incumbe também ao patronato:
orientar os condenados à pena restritiva de direitos;
fiscalizar o cumprimento das penas de prestação de serviço à comunidade e de limitação de fim de semana;
colaborar na fiscalização do cumprimento das condições da suspensão e do livramento condicional.
7.7. Conselho da comunidade (arts. 80 e 81)
É necessário que a comunidade se mobilize no sentido de cumprir a missão que a lei lhe impõe para assistir todo àquele que transgrediu a lei penal.
Atuando dessa forma, a sociedade evitará o desconforto maior da reincidência, que advém muitas vezes do descaso com o preso e o egresso.
7.7.1. Composição (art. 80)
Determina a Lei de Execução Penal que em cada comarca deverá existir um Conselho da Comunidade composto por um representante de associação comercial ou industrial, um advogado indicado pela seção da OAB e um assistente social escolhido pela Delegacia Seccional do Conselho Nacional de Assistentes Sociais.
A lei dispõe apenas sobre a composição mínima de elementos, nada impedindo que o Magistrado nomeie outras pessoas escolhidas no seio da comunidade.
Uma vez composto o Conselho, passa a existir uma vinculação legal que acarreta aos seus membros o dever de corretamente desempenhar suas tarefas na execução.
7.7.2. Atribuições (art. 81)
A Lei de Execução Penal reserva ao Conselho da Comunidade as seguintes tarefas:
visitar, pelo menos mensalmente, os estabelecimentos penais existentes na comarca;
entrevistar presos;
apresentar relatórios mensais ao Juiz da execução e ao Conselho Penitenciário;
diligenciar a obtenção de recursos materiais e humanos para melhor assistência ao preso ou internado, em harmonia com a direção do estabelecimento.
O intuito de fixar como atribuição a entrevista de presos é o de ouvir fios próprios interessados as reclamações quanto às suas maiores carências, sejam de ordem material ou humana, a fim de que se possam elaborar relatórios mais precisos e adequados às necessidades da população carcerária. Esses relatórios serão realizados com o fim de oferecer à autoridade judiciária os subsídios necessários para que ela possa se valer dos meios e serviços adequados a regular a execução da pena e da medida de segurança. Quanto à assistência ao preso, trata-se da mais importante atribuição do Conselho da Comunidade, competindo-lhe diligenciar visando à obtenção de emprego em trabalho externo para os presos em regime semiaberto ou, ainda, à progressão de regime, enviando-os para o cumprimento da pena em regime aberto.
As tarefas deverão ser sempre executadas de modo a não interferir na harmonia traçada pela direção do estabelecimento.
Caberá, ainda, ao Conselho da Comunidade a fiscalização do cumprimento das condições da suspensão condicional da pena, conforme dispuserem as normas supletivas dos Estados e do Distrito Federal.
	31/10/2011
	8. DEVERES, DISCIPLINA E SANÇÕES AOS PRESOS
A execução da pena implica uma relação jurídica entre o Estado e o condenado, da qual se irradiam, em ambos os lados, direitos e obrigações.
8.1. Deveres do condenado
Comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença;
Obediência ao servidore respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se;
Urbanidade e respeito no trato com os demais condenados;
Conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina;
Execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;
Submissão à sanção disciplinar imposta;
Indenização à vítima ou aos seus sucessores;
Indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com a sua manutenção, mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho;
Higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
Conservação dos objetos de uso pessoal.
8.2. Direitos
Trata-se, este, de um tema relacionado à defesa dos direitos da pessoa humana. O preso, de acordo com a moderna doutrina penitenciária, preserva todos os direitos não atingidos pela sentença penal condenatória. Por essa razão, a LEP (art. 40) e a CF (art. 5.º, XLIX) recomendam às autoridades o respeito à sua integridade física e moral.
Cumpre salientar que, como qualquer dos Direitos Humanos, os direitos do preso são invioláveis, imprescritíveis e irrenunciáveis.
A Lei de Execução Penal, a esse respeito, enumerou uma série de direitos aos presos e internados, a saber:
alimentação suficiente e vestuário;
atribuição de trabalho e sua remuneração;
Previdência Social;
constituição de pecúlio;
proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação;
exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena;
assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
entrevista pessoal e reservada com o advogado;
visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;
chamamento nominal;
igualdade de tratamento, salvo quanto às exigências da individualização da pena;
audiência especial com o Diretor do estabelecimento;
representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;
contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes.
Merecem especial atenção os direitos elencados nas alíneas e, j e p, que, a teor do parágrafo único do art. 41, poderão ser suspensos ou restringidos em decorrência de ato motivado do Diretor do estabelecimento.
Direito de grande relevância é o que tem o preso de comunicar-se com seu advogado. Esse direito está intimamente relacionado com o princípio constitucional da ampla defesa (art. 5.º, LV, da CF), os meios e recursos a ela inerentes e com o art. 52, XXXV, da Carta Constitucional, que enfatiza a necessidade de apreciação pelo Poder Judiciário de qualquer lesão a direito individual. Essa proteção seria inexequível se ao preso fosse vedada a livre entrevista com seu advogado. Em função disso, ainda que incomunicável, o preso não perderá a titularidade sobre esse direito.
Outro direito que recomenda breve menção é o de visitas. O que se pretende preservar é o contato do preso com o mundo exterior e com as pessoas que lhe sejam próximas, facilitando-se, assim, a tarefa de ressocialização do condenado.
É importante frisar que, uma vez mantidos no estabelecimento prisional, os presos deverão ser tratados de maneira igualitária, ostentando os mesmos direitos e deveres, salvo quanto à exigência de individualização da pena (arts. 41, XII, da LEP e 5º, XLVI, da CF).
Os direitos elencados pela LEP formam um rol meramente exemplificativo, uma vez que a própria lei prevê outros, como os de remição (art. 126), recompensa (art. 56), autorizações de saída (arts. 120 e ss.), etc.
A inobservância de quaisquer desses direitos enseja o controle das ações da autoridade penitenciária pelo Poder Judiciário, mediante o exercício de representação e petição, com fundamento no princípio constitucional da independência dos Poderes.
Ao internado e ao preso submetido a tratamento ambulatorial, reserva-se, ainda, o direito à contratação de médico de sua confiança, com o fim de acompanhar o tratamento orientado pelo médico oficial. Em caso de divergência entre os médicos oficial e particular, o Juiz da execução solucionará a questão, exigindo, se for o caso, novas perícias por outros médicos. Convém notar que, em razão da necessidade do tratamento ou por razões de segurança, alguns direitos do internado poderão ser restringidos.
8.3. Disciplina
A Lei de Execução Penal prevê medidas de caráter disciplinar como consequência lógica do desatendimento ao quadro de deveres. Nesse sentido, elenca faltas disciplinares, sanções e recompensas, aplicação das sanções e procedimentos disciplinares, sem prejuízo das normas estaduais e dos regulamentos penitenciários. A atividade disciplinar é, em regra, administrativa, competindo, portanto, ao Diretor do estabelecimento.
Os condenados deverão ser cientificados das normas disciplinares, com o propósito de cumpri-las fielmente. Estão adstritos à disciplina os condenados às penas privativas de liberdade e restritivas de direitos, assim como o preso provisório (art. 44, parágrafo único). Excluiu-se, portanto, o submetido a medida de segurança, pois, se ele não possui discernimento para que se lhe imponha pena, não deverá, em tese, se sujeitar às normas disciplinares, exigindo-se-lhe, entretanto, o atendimento ao mínimo para preservação da ordem.
São vedadas também as sanções coletivas, em decorrência do princípio da individualização da pena (arts. 5.º, XLVI, da CF e 45, § 3.º, da LEP).
De acordo com a Lei de Execução Penal, não haverá falta nem sanção sem expressa e prévia disposição legal ou regulamentar, atendendo-se aos princípios da anterioridade e legalidade.
Do mesmo modo, não serão impostas sanções que atentem contra a moral do condenado ou que importem em encerramento em celas escuras, devendo a sanção de isolamento ser cumprida na própria cela ou em local adequado, uma vez que a finalidade precípua da execução é a ressocialização do indivíduo.
8.3.1. Faltas disciplinares
As infrações disciplinares subdividem-se em:
graves, previstas na própria Lei de Execução Penal (Lei Federal);
médias e leves, previstas na lei estadual.
Apesar de poder estabelecer quais as infrações médias e leves, o legislador estadual não poderá ampliar o rol das sanções elencadas no art. 53 da LEP.
Por sua vez, os regulamentos, como disposições de natureza infralegal, não podem, por si sós, prever infrações disciplinares e cominar sanções, pois se destinam à mera complementação das leis.
8.3.1.1. Faltas graves na pena privativa de liberdade
Estão elencadas no art. 50 e consistem em:
incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina;
fugir;
possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem;
provocar acidente de trabalho;
descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
ter em posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.
As faltas disciplinares classificam-se em leves, médias e graves. A legislação local especificará as leves e médias, bem assim as respectivas sanções.
Por consequência, a posse do telefone celular, também, não podia acarretar a perda dos dias remidos do condenado. 
Estão sujeitos à disciplina o condenado à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos e o preso provisório.
Mencione-se, ainda, que, de acordo com a Súmula 716 do STF:
Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.
Dessa forma, será possível decretar a regressão de regime no caso de preso provisório que for flagrado de posse de telefone celular. Além dessa inovação, a Lei 11.466/07 passou a prever como crime a seguinte conduta:
Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelhotelefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
A lei, portanto, procurou tipificar como crime a conduta daquele que, tendo o dever legal de impedir o acesso do preso ao aparelho telefônico, rádio ou similar, torna-se omisso. Não se pune criminalmente, no caso, o preso que utiliza o aparelho telefônico, rádio ou similar, mas tão somente o Diretor de Penitenciária ou agente público (por exemplo: carcereiro) que deixa de cumprir o dever de vedar ao preso o acesso ao aparelho. O criminoso, frise-se, apenas comete falta grave.
Finalmente, o art. 349-A, do CP, tipifica, com detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, como delito o ingresso, a promoção, intermediação, auxílio ou facilitação da entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional.
Trata-se, portanto, de crime comum, que pode ser praticado pelo particular, normalmente, por familiares dos presos, suprindo, assim, a antiga omissão do art. 319-A, que apenas incriminava a-conduta do agente público.
8.3.1.2. Faltas médias e leves
O legislador estadual, na fixação de faltas médias e leves, atenderá às peculiaridades de cada região, observando o tipo de criminalidade, a natureza do bem jurídico ofendido e outros aspectos. O elenco dessas faltas deverá guardar relação com o quadro de deveres (art. 39), surgindo como corolário de sua infringência. Inobservância de horários, infrações culposas e desordem moderada podem ser citadas como exemplos de faltas médias e leves.
8.3.2. Transferência disciplinar de estabelecimento carcerário
Na hipótese de ocorrência de motim, autoriza o art. 62 da Lei 10.792/03, que o Diretor do estabelecimento prisional determine a transferência do preso, comunicando-a ao Juiz competente no prazo de até 24 (vinte e quatro) horas.
8.3.3. Aplicação das sanções e recompensas
Segundo o disposto no art. 57, parágrafo único, da LEP, às faltas graves aplicam-se as sanções de suspensão ou restrição de direitos e o isolamento e inclusão no regime disciplinar diferenciado (de acordo com a redação determinada pela Lei 10.792/03).
A primeira só atingirá os direitos previstos nos incisos V, X e XV do art. 41; quanto ao isolamento, deverá ser comunicado imediatamente ao Juiz da execução. É importante salientar que quaisquer dessas sanções não poderão exceder a 30 (trinta) dias, ressalvada a hipótese do regime disciplinar diferenciado (art. 57, caput, da LEP).
Às faltas disciplinares médias e leves são cominadas a advertência verbal e a repreensão, de acordo com o que dispuser a legislação local (estadual).
De acordo com o art. 54, caput, com a redação determinada pela Lei 10.792/03, as sanções de advertência verbal, repreensão, suspensão ou restrição de direitos e isolamento (art. 53, I a IV) deverão ser aplicadas por ato motivado do Diretor do estabelecimento, ao passo que a inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado (art. 53, V) exigirá prévio e fundamentado despacho do Juiz competente.
Se alguma dessas medidas for determinada por autoridade incompetente, o ato eivado desse vício será passível de correção jurisdicional por via de mandado de segurança ou habeas corpus, conforme o caso.
Para facilitar a boa convivência prisional e o processo de readaptação do encarcerado, a Lei de Execução Penal instituiu um sistema de recompensas. Os fatos meritórios não são previstos especificamente, derivando da boa conduta do sentenciado durante o cumprimento de sua pena.
Anote-se que a recompensa outorgada não constitui mero favor pessoal ao sentenciado, mas verdadeiro ato de justiça individualizador da execução penal.
São espécies de recompensas o elogio e a concessão de regalias. A competência para sua concessão é de alçada das autoridades administrativas, na forma estabelecida pela legislação local e regulamentos (art. 56, parágrafo único).
Consoante os termos do art. 57, caput, da LEP, com alterações promovidas pela Lei 10.792/03:
Na aplicação das sanções disciplinares, levar-se-ão em conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e as consequências do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão.
	07/11/2011
	9. REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (RDD)
O art. 52 da LEP, com a redação determinada pela Lei 10.792/03, estabeleceu o chamado regime disciplinar diferenciado, para o condenado definitivo e o preso provisório que cometerem crime doloso capaz de ocasionar subversão da ordem ou disciplina internas.
Esse regime consistirá no recolhimento em cela individual; visitas de 2 (duas) pessoas, no máximo (sem contar as crianças), por 2 (duas) horas semanais; duas horas de banho de sol por dia, pelo prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias, sem prejuízo da repetição da sanção por nova falta grave da mesma espécie, até o limite de 1/6 (um sexto) da pena aplicada.
Aplica-se também esse regime ao condenado ou preso provisório, nacional ou estrangeiro, que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade, ou, ainda, sobre os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento com organizações criminosas, quadrilha ou bando.
A autorização para a inclusão do preso em regime disciplinar dependerá de requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa (art. 54, § 1.º, LEP)
Conforme visto anteriormente, essa sanção disciplinar somente poderá ser aplicada por prévio e fundamentado despacho do Juiz competente (art. 54, caput, LEP). Não se trata, portanto, de decisão meramente administrativa. Exige-se, finalmente, que o ato judicial de inclusão nesse regime seja precedido de manifestação tio Ministério Público e da defesa, devendo a decisão ser prolatada no prazo máximo de 15 dias (art. 54, § 2.º, LEP).
Mencione-se que o parágrafo único, do art. 87 da LEP, previu que a União Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios poderão construir penitenciárias destinadas, exclusivamente, aos presos provisórios e condenados que estejam em regime fechado, sujeitos ao regime disciplinar diferenciado, nos termos do art. 52 da LEP.
	Dispôs o art. 5.º, da Lei 10.792/03:
Art. 5º. Nos termos do disposto no inciso I do art. 24 da Constituição da República, observados os arts. 44 a 60 da Lei n. 7.210, de 11 de junho de 1984, os Estados e o Distrito Federal poderão regulamentar o regime disciplinar diferenciado, em especial para:
estabelecer o sistema de rodízio entre os agentes penitenciários que entrem em contato direto com os presos provisórios e condenados;
assegurar o sigilo sobre a identidade e demais dados pessoais dos agentes penitenciários lotados nos estabelecimentos penais de segurança máxima;
restringir o acesso dos presos provisórios e condenados aos meios de comunicação de informação;
disciplinar o cadastramento e agendamento prévio das entrevistas dos presos provisórios ou condenados com seus advogados, regularmente constituídos nos autos da ação penal ou processo de execução criminal, conforme o caso;
elaborar programa de atendimento diferenciado aos presos provisórios e condenados, visando a sua reintegração ao regime comum e recompensando-lhes o bom comportamento durante o período de sanção disciplinar.
	21/11/2011
	10. LIVRAMENTO CONDICIONAL
O livramento condicional consiste na antecipação da liberdade ao condenado que cumpre pena privativa de liberdade, desde que cumpridas determinadas condições durante certo tempo. Serve como estímulo à reintegração na sociedade daquele que aparenta ter experimentado uma suficiente regeneração.
Traduz-se na última etapa do cumprimento da pena privativa de liberdade no sistema progressivo, representando uma transição entre o cárcere e a vida livre.
Quanto à sua natureza jurídica, a doutrina diverge: para uns, é apenas a última fase do sistema progressivo; para os autores italianos, é uma fase de execução da pena, a qual sofre uma modificação em seu último

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