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Disciplina Farmácia Hospitalar Caroline Tannus Farmácia Hospitalar e o Farmacêutico A profissão farmacêutica pode ser considerada como uma das mais antigas e fascinantes, tendo como seu princípio fundamental a cura e a melhoria da qualidade de vida da população. O farmacêutico deve nortear-se pela ética, apresentando-se como essencial para a sociedade, pois é a garantia do recebimento de toda a informação adequada e voltada ao uso do medicamento. Ainda sobre seus aspectos históricos, as atividades farmacêuticas datam da época de gregos e troianos e, por muitos anos, foram confundidas com as atividades médicas, sendo separadas somente alguns séculos depois. No segmento hospitalar, podemos afirmar que no começo do século XX, a Farmácia se apresentava como imprescindível ao funcionamento normal do hospital, talvez fosse a unidade mais evoluída, no seu antigo e verdadeiro conceito, sempre de presença obrigatória e jamais esquecida pelas administrações, pois mantinha seu papel na preparação de receitas magistrais e oficinais. A partir de 1930, e de forma mais importante em meados de 1940, de modo crescente, acentuou-se a influência da indústria farmacêutica que levou a mudança do Conceito de Farmácia, que de manipuladora ativa se transformava passivamente em simples dispensário de medicamentos, onde o corpo técnico de farmacêuticos foi sendo substituído por leigos. Isto ocorreu em todo o âmbito farmacêutico. A partir de 1950, os Serviços de Farmácia Hospitalar, representados na época pelas Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Escola, passaram a se desenvolver e a se modernizar. O professor José Sylvio Cimino, diretor do Serviço de Farmácia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, foi o farmacêutico que mais se destacou nesta Disciplina Farmácia Hospitalar Caroline Tannus luta, sendo, inclusive, o autor da primeira publicação a respeito da Farmácia Hospitalar no país. De acordo com publicação e com a visão da época, o principal objetivo da Farmácia Hospitalar era produzir e distribuir medicamentos e produtos afins às unidades requisitantes e servir ao Hospital como órgão controlador da qualidade dos produtos, não só químicos como alimentícios adquiridos para seu consumo, assim como cooperar pelas suas seções competentes, nas pesquisas, diagnósticos e investigações científicas da entidade. O professor Cimino definiu Farmácia Hospitalar como “unidade tecnicamente aparelhada para prover as clínicas e demais serviços dos medicamentos e produtos afins de que necessitam para normal funcionamento”. Se até o início da década de 70, na Europa e nos Estados Unidos, os objetivos da Farmácia eram restritos, ficando apenas na obrigatoriedade de distribuir produtos industrializados aos pacientes, no Brasil não era diferente, e o farmacêutico hospitalar tinha como função o fornecimento dos medicamentos e o controle dos psicotrópicos e entorpecentes. As funções do farmacêutico hospitalar no Brasil foram definidas a partir da Resolução 208, do Conselho Federal de Farmácia, em 19 de junho de 1990, embasadas em publicação espanhola que regulamenta o exercício em Farmácia de Unidade Hospitalar, sendo depois atualizada através da resolução 300 no ano de 1997. A partir dos anos 90 a Farmácia Hospitalar brasileira passa a ser essencialmente assistencial e com um enfoque logístico muito importante. A Portaria do Ministério da Saúde 3916/98 criou a Política Nacional de Medicamentos, a Política Nacional de Saúde definiu as premissas e diretrizes, e ambas estabeleceram a reorientação da Assistência Farmacêutica voltando- se, fundamentalmente, à promoção do uso racional, otimizando e efetivando os sistemas de acesso e dispensação Disciplina Farmácia Hospitalar Caroline Tannus A valorização do farmacêutico se dá quando a Política de Medicamentos enfatiza o processo educativo dos usuários e consumidores relativo à adesão do tratamento e aos riscos de automedicação, valorizando as atividades ao subscritor (dispensador), sobretudo, no estabelecimento de saúde. A farmácia é um setor do hospital que necessita de elevados valores orçamentários e o farmacêutico hospitalar deve estar habilitado a assumir atividades clínico-assistenciais (participação efetiva na equipe de saúde), contribuindo para a racionalização administrativa com conseqüente redução de custos. Tem como principal função garantir a qualidade da assistência prestada ao paciente, por meio do uso seguro e racional de medicamentos e materiais médicos hospitalares, adequando sua aplicação à saúde individual e coletiva, nos planos assistencial, preventivo, docente e investigativo. DEFINIÇÃO “Unidade tecnicamente aparelhada para prover às clínicas e demais serviços, dos medicamentos e produtos afins de que necessitam para seu normal funcionamento” Cimino,1973 “É uma unidade clínica administrativa e econômica, dirigida por profissional farmacêutico, ligada hierarquicamente à direção do hospital e integrada funcionalmente com as demais unidades de assistência ao paciente.” SBRAFH, PADRÕES MÍNIMOS, 1997 A Farmácia Hospitalar é um órgão de abrangência assistencial, técnico- científica e administrativa, em que se desenvolvem atividades ligadas à produção, armazenamento, controle, dispensação e distribuição de medicamentos e materiais médico-hospitalares. É igualmente responsável pela orientação de pacientes internos e ambulatoriais, visando sempre a eficácia da Disciplina Farmácia Hospitalar Caroline Tannus terapêutica, racionalização dos custos, voltando-se também para o ensino e a pesquisa, propiciando assim um vasto campo de aprimoramento profissional. A legislação que regulamenta o exercício profissional da Farmácia em Unidade Hospitalar é a Resolução nº. 300, de 30 de janeiro de 1997. De acordo com esta resolução, “Farmácia Hospitalar é uma unidade técnico-administrativa dirigida por um profissional farmacêutico, ligada funcional e hierarquicamente a todas as atividades hospitalares”. PRINCIPAIS OBJETIVOS “Contribuir para a qualidade da assistência prestada ao paciente, promovendo o uso racional de medicamentos e correlatos” “A FH deve estar comprometida com os resultados da assistência prestada ao paciente e não apenas com a provisão de produtos e serviços.” SBRAFH,PADRÕES MÍNIMOS, 1997 FOCO O paciente e suas necessidades O PROFISSIONAL : PERFIL E ATRIBUIÇÕES “O farmacêutico é o profissional que melhores condições reúne para orientar o paciente sobre o uso correto dos medicamentos, esclarecendo dúvidas e favorecendo a adesão e sucesso do tratamento prescrito” Rech, 1996; Carlini,1996. Em 1997, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um documento denominado “The role of the pharmacist in the health care system” (“O papel do farmacêutico no sistema de atenção à saúde”) em que se destacaram 7 qualidades que o farmacêutico deve apresentar. Foi, então, chamado de farmacêutico 7 estrelas. Disciplina Farmácia Hospitalar Caroline Tannus Este profissional 7 estrelas deverá ser: � Prestador de serviços farmacêuticos em uma equipe de saúde; Capaz de tomar decisões; � Comunicador; � Líder; � Gerente; � Atualizado permanentemente; � Educador. O farmacêutico hospitalar deve estar habilitado a ser o responsável por todo fluxo logístico de medicamentos e materiais médico-hospitalares, além do exercício da Assistência Farmacêutica. Suas principais atribuições são voltadas para: - organização e gestão: administra a seleção de medicamentos, aquisição, estocagem, sistemática de distribuição de medicamentos e materiais médico-hospitalares; - participação nas equipes de suporte nutricional e quimioterapia; desenvolver farmacotécnicahospitalar; - controle de qualidade; - farmácia clínica; - farmacovigilância/tecnovigilância; ensaios clínicos, radiofármacos e ensino e pesquisa. ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA A Assistência Farmacêutica caracteriza-se como um conjunto de ações relacionadas à dispensação de medicamentos, enfatizando a orientação com o objetivo de contribuir para o sucesso da terapêutica. Por meio da Assistência Farmacêutica, o profissional torna-se co-responsável pela qualidade de vida do paciente. Sua ação envolve o abastecimento e o Disciplina Farmácia Hospitalar Caroline Tannus controle de medicamentos em todas as etapas do fluxo do medicamento (da aquisição à dispensação). ATENÇÃO FARMACÊUTICA É o conjunto de ações e serviços que visam assegurar a assistência integral, a promoção, a proteção e a recuperação da saúde nos estabelecimentos públicos ou privados, desempenhados pelo farmacêutico ou sob sua supervisão. (Resolução Nº. 357/2001 do CFF). ATRINUIÇÕES ESSENCIAIS Destacamos as principais atribuições do farmacêutico dentro das instituições hospitalares salientando que, em relação às características e a complexidade delas, pode ser necessária a participação em outras atividades. ATRIBUIÇÕES ESSENCIAIS MAIA NETO, 2005 � PLANEJAMENTO, AQUISIÇÃO, ANÁLISE, ARMAZENAMENTO, DISTRIBUIÇÃO E CONTROLE DE MEDICAMENTOS E CORRELATOS; O farmacêutico é o responsável legal por todo o fluxo do medicamento dentro da unidade hospitalar, tendo papel fundamental na seleção de medicamentos (padronização), elaboração de normas e controles que garantam a sistemática de distribuição e critérios de qualificação de fornecedores. Deve haver controles administrativos específicos para itens sob regime de vigilância legal, tais como a Portaria 344/98, nutrição parenteral, entre outros. - PLANEJAR - Utilizar método definido; conhecer as necessidades e a realidade da instituição e do mercado; Disciplina Farmácia Hospitalar Caroline Tannus - AQUISIÇÃO - Ágil, compatível com as necessidades da instituição, baseada em especificações corretas, utilizando ferramentas que assegurem a qualidade dos produtos. A legislação específica que regulamenta as normas para aquisição de bens no serviço público é a Lei nº 8.666 de 21/06/1993, que regulamenta o art. 37, inciso XXI da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da administração pública e dá outras providências. Os farmacêuticos, servidores públicos federais, estaduais ou municipais, atuando em qualquer área que envolva a utilização de dinheiro público, devem conhecer as determinações desta lei, sob pena de incorrer nas penas previstas, que prevêem detenção e multa. - ANÁLISE - Laudo de controle de qualidade, Fluxos e POPs de recepção bem definidos, análise macroscópica dos produtos. - ARMAZENAMENTO - Condições adequadas, controles, Fluxos e POPs, área e equipamentos compatíveis com o volume armazenado. - DISTRIBUIÇÃO/DISPENSAÇÃO - Tipos de sistemas, eficácia, economia, segurança e comodidade. - CONTROLE - manual ou informatizado, registro temporal organizado. � CONTROLE DE ESTOQUES; � DESENVOLVIMENTO E OU MANIPULAÇÃO DE FÓRMULAS MAGISTRAIS E OFICINAIS, NPT E QT; - Adequação às necessidade do hospital; A produção de medicamentos em alguns hospitais visa atender a demanda da instituição, geralmente restringe-se aos órfãos terapêuticos. Disciplina Farmácia Hospitalar Caroline Tannus - Economia; Proporcionar a qualquer momento, medicamentos com qualidade aceitável, adaptados à necessidade da população que atende, contribuir com as demais áreas da Farmácia hospitalar, desenvolver fórmulas de medicamentos e produtos de interesse estratégico e/ou econômico, fracionar e/ou “reenvasar” medicamentos elaborados pela indústria farmacêutica a fim de racionalizar sua administração e distribuição e ainda preparar, diluir ou “reenvasar” germicidas necessários para realização de anti-sepsia, limpeza, desinfecção e esterilização. - Adequação às Boas Práticas de Manipulação em Farmácia RDC 33/2000 Farmácia Hospitalar com escala produtiva industrial: segue todos os procedimentos da industrialização de produtos farmacêuticos com a exigência de existência e cumprimentos das Boas Práticas de Fabricação. � DESENVOLVER ATIVIDADES DIDÁTICAS; Estágios: curricular, extra-curricular, residência, especialização, mestrado, doutorado, cursos de atualização O ensino se faz presente nos hospitais através da realização de estágios curriculares de cursos de Farmácia ou especialização em Farmácia. Quanto maior a difusão do conhecimento, maior a capacitação e o prestígio do farmacêutico perante a comunidade hospitalar � DESENVOLVIMENTO DE PESQUISAS; - Campo vasto - Pesquisas: aplicadas, clínicas, etc. Toda farmácia hospitalar deve possuir manual(is) de normas, rotinas e procedimentos documentado(s), atualizado(s), disponível(is) e aplicado(s); estatísticas básicas para o planejamento de melhorias; programa de capacitação e educação permanente; evidências de integração com outros processos e serviços da Organização. Disciplina Farmácia Hospitalar Caroline Tannus � ADEQUAR-SE AOS PROBLEMAS POLÍTICOS, FINANCEIROS E CULTURAIS DO HOSPITAL; Adaptabilidade, versatilidade, iniciativa, visão empreendedora, curiosidade, conhecimento administrativo � ESTIMULAR A IMPLANTAÇÃO DA FARMÁCIA CLÍNICA Segundo o Comitê de Farmácia Clínica da Associação Americana de Farmacêuticos Hospitalares, esta área pode ser definida como: “Ciência da Saúde cuja responsabilidade é assegurar mediante aplicação de conhecimentos e funções que o uso do medicamento seja seguro e apropriado, necessitando, portanto, de educação especializada e interpretação de dados, motivação pelo paciente e interação multiprofissional”. � GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS Apresenta como principal objetivo minimizar a produção de resíduos e proporcionar um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando a proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente. � DESENVOLVIMENTO DA INFRA-ESTRUTURA � OTIMIZAÇÃO DA TERAPIA MEDICAMENTOSA – FARMACOVIGILÂNCIA Seus objetivos se resumem em: identificar os efeitos indesejáveis desconhecidos, quantificar e identificar os fatores de risco, informar e educar os profissionais sanitários e a população, além de subsidiar as autoridades sanitárias na regulamentação, aumentando a segurança na utilização dos medicamentos. � TECNOVIGILÂNCIA Tecnovigilância vem a ser o acompanhamento do uso de materiais e equipamentos médico-hospitalares, em especial quanto a sua eficácia, Disciplina Farmácia Hospitalar Caroline Tannus adequação ao uso e segurança. Entre as ompetências da tecnovigilância incluem-se: 1) Monitorar, agregar e analisar as notificações de queixas técnicas e ocorrência de eventos adversos com suspeita de envolvimento de equipamentos, produtos de diagnósticos de uso in vitro e materiais de uso em saúde em estabelecimentos sujeitos à vigilância sanitária, 2) Fomentar estudos epidemiológicos que envolvam equipamentos, produtos de diagnósticos de uso in vitro e materiais de uso em saúde, e 3) Identificar e acompanhar a presença no mercado de equipamentos, produtos de diagnósticos de uso in vitro e materiais de uso em saúde tecnologicamente obsoletos que comprometam a segurança e a eficácia. � FARMACOECONOMIA Definida como a descrição, a análise e a comparação dos custos e das conseqüências das terapias medicamentosas para os pacientes, os sistemas de saúde e a sociedade, com o objetivo de identificar produtos e serviços farmacêuticos, cujas características possam conciliar as necessidades terapêuticas com as possibilidades de custeio. Propõe o trabalhointegrado nas áreas clínica e administrativa. � PARTICIPAR NAS COMISSÕES HOSPITALARES PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES DE UM FARMACÊUTICO HOSPITALAR � SELEÇÃO/AQUISIÇÃO DE MEDICAMENTOS, GERMICIDAS E CORRELATOS; � ARMAZENAMENTO, CONTROLE DE ESTOQUE E DISTRIBUIÇÃO DOS MEDICAMENTOS E CORRELATOS; � ADOÇÃO DE SISTEMA EFICIENTE E SEGURO DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS AOS PACIENTES INTERNADOS E AMBULATORIAIS; � FARMACOTÉCNICA � FRACIONAMENTO DE DOSES; Disciplina Farmácia Hospitalar Caroline Tannus � CONTROLE DE QUALIDADE; � PRODUÇÃO; � ELABORAR MANUAIS TÉCNICOS E FORMULÁRIOS; � MANTER MEMBRO PERMANENTE NAS COMISSÕES; � ATUAR JUNTO À CENTRAL DE ESTERILIZAÇÃO; � ATUAR NOS ESTUDOS DE ENSAIOS CLÍNICOS E FARMACOVIGILÂNCIA; � EDUCAÇÃO CONTINUADA; � ESTIMULAR A IMPLANTAÇÃO DA FARMÁCIA CLÍNICA; � ATIVIDADES DE PESQUISA; � DESENVOLVIMENTO E TECNOLOGIA FARMACÊUTICA; PADRÕES MÍNIMOS PARA FARMÁCIA HOSPITALAR � PARÂMETROS MÍNIMOS: PARA AMBIENTES - Área de fácil acesso a provisão de serviços a pacientes; - Deve contar com recursos de comunicação e transporte ; � AMBIENTES MÍNIMOS: - Área para administração; - Área para armazenamento; - Área de dispensação e orientação farmacêutica; - Área privativa para chefia; - Recursos para informações sobre medicamentos; � PARÂMETROS MÍNIMOS PARA RH: - 1 farmacêuticos para cada 50 leitos; - 1 auxiliar para cada 10 leitos;
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