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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO OESTE – UNICENTRO MARIANNA WIRTHMANN POMPEO FLAUZINO ANDRESSA WIONZEK FARMÁCIA HOSPITALAR Trabalho apresentado na disciplina de Introdução às Ciências Farmacêuticas, apresentado ao professor Daniel Brustolin, para obtenção de nota semestral. GUARAPUAVA 2017 Farmácia Hospitalar 1. Introdução Atualmente, nos hospitais podem ser encontrados equipamentos sofisticados e complexos procedimentos cirúrgicos, sem contar os recursos de informática, que vêm conquistando cada vez mais espaço nessa área. Dentro do hospital existe a Farmácia Hospitalar, cujo objetivo é garantir o uso seguro e racional dos remédios que serão prescritos pelo profissional médico, para isso tem que fazer um bom planejamento na aquisição de medicamentos e materiais hospitalares para suprir à demanda e necessidades dos pacientes hospitalizados, na mesma proporção da sua utilização. O medicamento permanece como um dos insumos mais importantes, representando um poderoso instrumento capaz de curar, remediar e prevenir doenças. O medicamento, no entanto, não pode ser considerado sinônimo de saúde, pois sua efetividade só é garantida quando usado de forma racional. Para maximizar os benefícios e minimizar os riscos, é incontestável a necessidade de um profissional responsável por todo o ciclo do medicamento dentro do hospital, desde sua seleção, negociação com fornecedores, armazenamento, controles, até a dispensação e o uso pelo paciente. O reconhecimento da importância do uso racional do medicamento faz com que a Farmácia Hospitalar seja cada vez mais valorizada. Ela atua em todas as fases da terapia medicamentosa, cuidando, em cada momento a utilização nos planos assistenciais, econômicos, de ensino e de pesquisa. O mercado de trabalho neste segmento encontra-se em franca expansão por uma série de razões, dentre as quais a necessidade de adequação às normas legais, busca por selos de certificação e, principalmente, porque os gestores dos hospitais públicos e privados entendem os benefícios de incluir o farmacêutico como parte integrante da equipe de profissionais da saúde. Neste trabalho será apresentado um breve panorama da atuação do farmacêutico hospitalar, descrevendo as principais atividades que podem ser desenvolvidas nessa área. O grau de complexidade de suas atribuições dependerá não só das exigências da instituição, como também do interesse e competência demonstrados pelo profissional, que deverá estar atento às possibilidades de contribuir com a equipe de saúde, corresponsabilizando-se pela recuperação da saúde e melhora da qualidade de vida dos pacientes atendidos. 2. Histórico No começo do século XX, dentre os demais setores que estruturavam o hospital, o qual mais se destacava pela sua autonomia, capacidade de produção e atendimento, superioridade financeira a partir de recursos levantados, era a Farmácia, que mesmo importando drogas para satisfazer as prescrições médicas e elaborar fórmulas, o lucro era evidente. Médico e boticário discutiam sobre as prescrições já existentes e possíveis inovações nas fórmulas. O trabalho do farmacêutico e do medico eram bastante valorizados, em vista que quase não existiam especialidades farmacêuticas, principalmente na arte de manipular e formular. O curso médico tinha a disciplina de terapêutica, e isso ajudava muito no conhecimento das fórmulas. Em 1920-30, com a chegada da indústria farmacêutica, os medicamentos passaram a ser industrializados e a propagando era maciça. Os médicos adotaram a ideia da nova tecnologia e deixaram de formular pouco a pouco, e o dialogo com o farmacêutico foi ficando cada vez mais raro. Agora a farmácia abre lugar a leigos e espaço para armazenar medicamentos industrializados, o farmacêutico quase não manipulava mais e isso gerou um abalo na economia desse setor, que antes tinha sido tão viável. Foi uma época lamentável para a farmácia hospitalar. Nos anos 40 surgiram as sulfas e em seguida, os antibióticos. A partir daí, muitas especialidades farmacêuticas, usadas até então, vieram a ser substituídas. O espectro das sulfas e antibióticos era grande e substituía muitos medicamentos indicados isoladamente para patologias especificas. E é justamente nessa época que as Farmácias Hospitalares revitalizaram-se e ganharam importância novamente, já que os lucros e a profissionalização vieram à tona. Essa atitude de se reerguer teve sustentação nos anos que decorreram. A partir de 1950, os serviços de Farmácia, representados na época pelas Santas Casas de Misericórdia e Hospital das Clínicas de São Paulo, passaram a desenvolver-se e modernizar-se. Um nome inesquecível no reerguimento da Farmácia Hospitalar Brasileira que, até hoje, espelha e disciplina diversos profissionais da área do país, é o professor José Sylvio Cimino, que dirigia o Serviço de Farmácia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Em 1975, a Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais incluiu em seu currículo a disciplina Farmácia Hospitalar, com 75 horas/aula. Em 1980, foi implantado o primeiro curso de especialização em farmácia Hospitalar na Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1979 era instalado no Brasil o primeiro Serviço de Farmácia Clínica, especialidade da Farmácia Hospitalar, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (hoje, Hospital Universitário Onofre Lopes). Em 1982, o MEC passou a incentivar programas de desenvolvimento para a Farmácia Hospitalar, que vem obtendo sucesso crescente em todo o país, despertando e formando novos profissionais na área. A partir de 1985, o Ministério da Saúde, preocupado com os problemas de infecção hospitalar, também passou a incentivar a reestruturação das Farmácias Hospitalares, promovendo cursos de especialização junto ao MEC. Em 1984, foi criada na UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a primeira disciplina obrigatória de Farmácia Hospitalar, no currículo do curso de Farmácia e hoje, esta disciplina está sendo ministrada na maioria dos cursos de Farmácia do país. Os cursos de especialização já estão sendo difundidos e ministrados em diversos estados brasileiros, formando um contingente expressivo na área de Farmácia Hospitalar. Já está sedimentada e em plena expansão a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar, que realiza com sucesso, a cada biênio, um congresso brasileiro, reunindo profissionais de todo o país, além de estar normatizando, criando conceitos e padrões mínimos para o segmento. Com tudo isso, fica claro como a evolução histórica da farmácia hospitalar no Brasil está vinculada à estruturação do complexo médico industrial. No início do século XX, o farmacêutico era o profissional de referência para a sociedade nos aspectos do medicamento. Nesta fase artesanal, além da guarda e dispensa de medicamentos, o farmacêutico hospitalar era responsável também, pela manipulação. A expansão da indústria farmacêutica, o abandono da prática de formulação pela classe médica e a diversificação do campo de atuação do profissional farmacêutico, levaram-no distanciar da área de medicamentos descaracterizando a farmácia. A Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar – SBRAFH foi criada em 1995 e tem contribuído muito para a dinamização da profissão e para o desenvolvimento da produção técnico-científica nas áreas de assistência farmacêutica hospitalar. 3. Conceito e definição Com a amplitude da Farmácia Hospitalar de hoje, o envolvimento e necessidade de conhecimento de outras áreas, conceitua-se como sendo uma “unidade de assistência técnica, administrativa e contábil, dirigida por profissionais farmacêuticos, tecnicamente habilitados, que visa assistir toda a comunidade hospitalar, no âmbito do medicamento e demaisprodutos da área da saúde”. Segundo a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar, o conceito de farmácia hospitalar é uma unidade clínica, administrativa e econômica, dirigida por farmacêutico, ligada hierarquicamente à direção do hospital e integrada funcionalmente com as demais unidades administrativas e de assistência ao paciente. A farmácia hospitalar é um órgão de abrangência assistencial, técnico- científica e administrativa, onde se desenvolvem atividades ligadas à produção, armazenamento, controle, dispensação e distribuição de medicamentos e correlatos às unidades hospitalares. A execução de suas atividades é ligada aos resultados para o paciente e não apenas aos correlacionados aos produtos e serviços. É igualmente responsável pela orientação de pacientes internos e ambulatoriais, visando sempre a eficácia da terapêutica, além da redução dos custos, voltando-se também para o ensino e pesquisa, propiciando assim um vasto campo de aprimoramento profissional. Um serviço de farmácia em um hospital é o apoio clínico integrado, funcional e hierarquicamente, em um grupo de serviços que dependem diretamente da Direção Central e estão em constante e estreita relação com sua administração. A principal razão de ser da Farmácia é servir ao paciente, objetivando dispensar medicações seguras e oportunas. Sua missão compreende tudo o que se refere ao medicamento, desde sua seleção até sua dispensação, velando a todo o momento por sua adequada utilização no plano assistencial, econômico, investigativo e docente. O farmacêutico tem, portanto, uma importante função clínica, administrativa e de consulta. A Assistência Farmacêutica desenvolve-se em sua plenitude, destacando-se uma preocupação na prática da Atenção Farmacêutica, que deve ser realizada conforme as condições do hospital, levando ao paciente as informações necessárias para avaliações futuras de suas qualidades de vida. A questão referente ao gerenciamento dos medicamentos e as formas como são distribuídos entre seus vários setores como, a farmácia central, farmácias satélites, centro de tratamento intensivo, centro cirúrgico, esclarece muito em relação à qualidade da prestação deste serviço pela farmácia. Planejar e controlar a distribuição de medicamentos dentro de um hospital é uma das formas que podem garantir que a instituição hospitalar sobreviva financeiramente. A importância do gerenciamento dos estoques implicará em lucros para o hospital, pois um bom controle evitará perdas e desperdícios de medicamentos. Estes serviços de controle e distribuição serão de inteira responsabilidade da farmácia. Quanto melhor for a organização da farmácia hospitalar em administração de medicamentos proporcionará uma melhor qualidade e baixo custo para os serviços prestados aos seus clientes. O sistema de distribuição de medicamentos pela farmácia é um dos pontos mais importantes para garantir uma boa qualidade do serviço prestado pela mesma. Dependendo do método de distribuição utilizado, podemos garantir que o paciente estará recebendo os seus medicamentos dentro de critérios que possam assegurar a sua qualidade, segurança e eficácia. 4. Objetivos Há muitos propósitos na Farmácia Hospitalar, porém deve-se atentar-se para o alcance dos mesmos, conscientemente e apropriadamente. Só alcançá-los não é suficiente, mas o modo como é feito e a seriedade. Segue alguns dos objetivos, destacados pela sua importância e abrangência. A estes estão envolvidos a Farmácia propriamente dita e o farmacêutico hospitalar em si. São eles: Planejamento, aquisição, análise, armazenamento, distribuição e controle de medicamentos; Desenvolvimento e manipulação de fórmulas magistrais e/ou oficinais; Produção de medicamentos e correlatos; Pesquisas e trabalhos próprios ou com a colaboração de profissionais de outras áreas; Atividades didáticas; Adequar-se aos problemas políticos, sociais, econômicos, financeiros e culturais do hospital; Estimular a implantação e desenvolvimento da farmácia clínica. 5. O Profissional (Perfil e atribuições) Em 1997, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um documento denominado “The role of the pharmacist in the health care system” (O papel do farmacêutico no sistema de atenção à saúde), em que se destacaram sete qualidades que o farmacêutico deve apresentar. Foi, então, chamado de farmacêuticos sete estrelas. Estes profissionais sete estrelas devem ser: Prestador de serviços farmacêuticos em uma equipe de saúde; Capaz de tomar decisões; Comunicador; Líder; Gerente; Atualizado permanentemente e Educador. O farmacêutico que deseja atuar em instituições hospitalares e de saúde deve possuir conhecimentos básicos de administração, habilidade para coordenação e liderança, e uso das ferramentas da qualidade total, incluindo competências para implantação da Farmácia Clínica, bem como para a atuação em programas de assistência e atenção farmacêutica. Estes pré-requisitos podem se estender a outras instituições de serviços de saúde, como atendimento pré-hospitalar, postos de saúde, ambulatórios, centros de diagnóstico e/ou medicina nuclear, equipes de visita domiciliar (home care) e congêneres. O farmacêutico hospitalar é o profissional responsável pela orientação de pacientes internados e ambulatoriais, visando sempre à eficácia terapêutica, racionalização dos custos e uso racional dos medicamentos, promovendo o ensino e a pesquisa, além de propiciar um vasto campo de aprimoramento profissional. Também atua na gestão dos estoques e logística farmacêutica, tendo o medicamento como insumo mais importante. Representa a Farmácia nas mais variadas comissões hospitalares, sendo uma referência em tudo o que cerca o medicamento. De acordo com Portaria do Ministério da Saúde 3.916/1998 - Política Nacional de Medicamentos, a gestão da Farmácia Hospitalar, de responsabilidade exclusiva de Farmacêutico e deve estar focada em prestar assistência farmacêutica. O Farmacêutico Hospitalar responsabiliza-se por todo o ciclo do da assistência farmacêutica, desde sua seleção (ativos e fornecedores), armazenamento, controles, até o último momento, a dispensação e o uso pelo paciente. A atuação do farmacêutico hospitalar é muito abrangente e com isso através de conhecimentos especializados, ele tem habilidade para assumir inúmeras responsabilidades, tanto na administração pública quanto na fabricação e no abastecimento de medicamentos; atuando em várias áreas como: na direção e administração da assistência farmacêutica; na regulamentação e no controle dos medicamentos; na formulação e no controle de qualidade dos produtos farmacêuticos; na inspeção e avaliação das instalações para fabricação de medicamentos; na garantia da qualidade dos produtos ao longo da cadeia de distribuição; nas agências de aquisição de medicamentos; e nos comitês nacionais e institucionais de seleção de medicamentos. As atribuições do farmacêutico hospitalar no Brasil são definidas pela Resolução CFF nº 568/12, que regulamenta o exercício profissional nos serviços de atendimento pré- hospitalar, na farmácia hospitalar e em outros serviços de saúde, de natureza pública ou privada no Brasil. Para fins didáticos, as principais atribuições do farmacêutico foram agrupadas em cinco grandes áreas. Atividades logísticas; Atividades de manipulação/produção; Atividades focadas no paciente; Controle de qualidade; Atividades intersetoriais. Dentre estas, serão destacadas algumas áreas neste estudo, a seguir: 5.1 Atividades Logísticas O farmacêutico é o responsável legal por todo o fluxo do medicamento dentro da unidade hospitalar. As atividades de logística hospitalar englobam o planejamento, implementação e controle eficiente, ao correto custo, do fluxo e armazenagem de materiais médico-hospitalares, medicamentose outros materiais. Além disso, inclui também a elaboração de normas e controles que garantam a sistemática da distribuição e a qualificação de fornecedores. A logística farmacêutica é essencial para o perfeito funcionamento da unidade hospitalar, de modo a poder preservar a vida e/ou restaurar a saúde dos pacientes com ótima qualidade, custo baixo e retorno satisfatório para a instituição. 5.1.1 Dispensação A dispensação é a principal atividade logística da farmácia hospitalar, é o ato profissional farmacêutico de proporcionar um ou mais medicamentos a um paciente, geralmente como resposta à apresentação de uma receita elaborada por um profissional autorizado. A dispensação deve ser realizada nas quantidades e especificações solicitadas, de forma segura e no prazo requerido, promovendo o uso adequado e correto de medicamentos e correlatos. Os procedimentos devem ser realizados em fluxos organizacionais racionais, buscando minimizar a ocorrência de erros. Desta forma, quanto maior a eficiência e a eficácia do sistema de distribuição de medicamentos, maiores as chances de sucesso dos tratamentos e profilaxias instaurados. Em outras palavras, a dispensação deve garantir o “3C”: fazer com que o medicamento certo chegue ao paciente certo, no momento certo. Os principais sistemas de dispensação de medicamentos são: Dose coletiva A farmácia repassa os medicamentos em suas embalagens originais mediante requisição, que é feita em nome da unidade solicitante. Nesse sistema, quem mais executa as atividades de dispensação farmacêutica é o pessoal de enfermagem, que acaba gastando grande parte do seu tempo nesta atividade, em detrimento das atividades de cuidado com o paciente. Dentre as vantagens deste sistema, podem-se destacar a rápida disponibilidade de medicamentos na unidade assistencial, mínima taxa de devolução à farmácia, baixa necessidade de recursos humanos e reduzido investimento inicial, além de mínima espera na execução das prescrições. Por outro lado, ocorre um alto custo de estocagem, grande perda, devido a problemas com o controle de estoque, aumento da incidência de erros e contaminações, maior facilidade para desvios, além de dificuldade no acompanhamento da farmacoterapia pelo farmacêutico. Dose individualizada Pode ser realizado de maneira indireta, pela qual a farmácia recebe a transcrição da prescrição realizada pela enfermagem; ou de maneira direta, por cópia da prescrição médica realizada pela farmácia. Os medicamentos são fornecidos em nome do paciente, em doses individualizadas. Este tipo de sistema possibilita uma maior integração do farmacêutico com a equipe de saúde, um controle mais efetivo sobre os medicamentos, redução do tempo do pessoal da enfermagem com atividades relacionadas a medicamentos, possibilidade de redução de erros de medicação e diminuição dos subestoques. Com relação às desvantagens, o sistema leva a um aumento das necessidades de recursos humanos e estruturais da farmácia hospitalar, além de um incremento das atividades da farmácia, com consequente necessidade de plantão. Š Dose unitária A prescrição ou cópia é enviada à farmácia e os medicamentos são dispensados prontos para a administração, em embalagens unitárias, organizados de acordo com o horário de administração e identificados para cada paciente. Este sistema leva a um aumento das necessidades de recursos humanos e estruturais da farmácia hospitalar, incremento das atividades da farmácia e exige a aquisição de materiais e equipamentos especializados. O sistema de dose unitária permite que o farmacêutico prepare a folha de dispensação e o perfil farmacoterapêutico do paciente, o que possibilita um maior controle da terapia e minimiza drasticamente problemas relacionados a medicamentos e erros de medicação. Além disso, os estoques das unidades assistenciais são reduzidos ao mínimo, há uma otimização das devoluções à farmácia, aumento do tempo pessoal da enfermagem para realização de outras atividades, aumento da segurança do médico e possibilidade de integração efetiva do farmacêutico com a equipe de saúde, aprimorando a qualidade assistencial. O melhor sistema de dispensação dependerá das necessidades do hospital, bem como dos recursos disponíveis. Vale destacar que, na prática, muitos hospitais adotam sistemas mistos de dispensação. Ou seja, dependendo da situação, pode ser mais vantajoso adotar um ou outro sistema. Por exemplo: soluções parenterais de grande volume podem ser fornecidas pelo sistema coletivo por uma questão logística (facilidade de transporte e armazenamento), enquanto os medicamentos orais são fornecidos em dose unitária (prontos para uso) e os medicamentos injetáveis são entregues em dose individualizada, pela inexistência de uma sala limpa que garanta condições assépticas de fracionamento das doses. 5.1.2 Gases Medicinais O farmacêutico deve garantir a segurança e a eficácia dos gases e misturas de uso terapêutico e para fins diagnósticos, prezando pelo transporte, armazenamento e uso dos gases, inclusive orientando cuidadores e pacientes sobre o uso dos mesmos. 5.1.3 Gerenciamento de Resíduos O principal objetivo é minimizar a produção de resíduos e proporcionar seu encaminhamento seguro, visando à proteção dos trabalhadores e à preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente. Segundo a Resolução RDC ANVISA nº 306/2004, o gerenciamento de resíduos deve abranger todas as etapas de planejamento dos recursos físicos, dos recursos materiais e da capacitação dos recursos humanos envolvidos no manejo dos resíduos. O hospital deve elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), com base nas características dos resíduos gerados e na classificação dos mesmos, estabelecendo as diretrizes de manejo dos resíduos. Além disso, o PGRSS deve ser compatível com as normas locais relativas à coleta, transporte e disposição final dos resíduos gerados nos serviços de saúde, estabelecidas pelos órgãos locais responsáveis por tais etapas. 5.1.4 Farmacoeconomia Análise e comparação de custos e consequências das terapias medicamentosas aos pacientes, sistemas de saúde e sociedade, com o objetivo de identificar produtos e serviços farmacêuticos cujas características possam conciliar as necessidades terapêuticas com as possibilidades de custeio. Propõe o trabalho integrado nas áreas clínica e administrativa. 5.2 Atividades de Manipulação/Produção O objetivo da manipulação de fórmulas magistrais, oficinais e parenterais é proporcionar medicamentos com segurança e qualidade, adaptados à necessidade da população atendida, além de desenvolver fórmulas de medicamentos e produtos de interesse estratégico ou mesmo econômico. Possibilita o fracionamento e diluição dos medicamentos elaborados pela indústria farmacêutica, a fim de racionalizar sua utilização e distribuição, e ainda preparar ou diluir germicidas necessários para realização de antissepsia, limpeza, desinfecção e esterilização. A manipulação de fármacos, por exigência ética e jurídica, deve seguir os princípios das Boas Práticas de Manipulação em Farmácia, conforme a RDC Anvisa nº 67/2007. Segundo esta resolução, para realizar atividades de manipulação, a farmácia deve dispor de áreas para as atividades administrativas, de armazenamento, controle de qualidade e dispensação e salas exclusivas para a pesagem e para a manipulação propriamente dita. Muitas vezes, para hospitais de pequeno porte, não é viável manter um serviço de manipulação, sendo permitida a contratação de terceiros (neste caso, a empresa contratada deverá atender aos requisitos da resolução). No caso da manipulação de produtos com maior toxicidade e consequente risco ocupacional e ambiental elevado, faz-se necessária a observação de aspectos específicos, observados a seguir:5.2.1 Antibióticos, Hormônios e Citostáticos A RDC ANVISA nº 67/07 determina que, para a manipulação destas classes terapêuticas, as farmácias devem possuir salas exclusivas para cada classe, contendo uma antecâmara, com sistemas de ar independentes e de eficiência comprovada. Estas salas devem possuir pressão negativa em relação às áreas adjacentes, para evitar contaminação cruzada e proteger o manipulador e o meio ambiente. Em adição a estes parâmetros, a manipulação de medicamentos citostáticos para terapia antineoplásica (TA), deve seguir os requisitos mínimos determinados pela RDC ANVISA nº 220/04. Dentre esses requisitos, destacam-se: Necessidade de área destinada à paramentação; Cabine de segurança biológica da Classe II B2, conforme a RDC ANVISA nº 50/02; Sala exclusiva para a preparação de medicamentos para TA com área mínima de 5 m2 por cabine de segurança biológica; Área de armazenamento exclusiva para medicamentos da TA. 5.2.2 Radiofarmácia A radiofarmácia é o ramo da ciência farmacêutica que se ocupa da pesquisa e desenvolvimento, produção, controle de qualidade, garantia da qualidade e demais aspectos relacionados aos radiofármacos. Visando à proteção da saúde dos pacientes, dos profissionais envolvidos e do público em geral, os Serviços de Medicina Nuclear devem atender aos requisitos e parâmetros de instalação e funcionamento estabelecidos pela RDC ANVISA nº 38/08. A Resolução CFF nº 486/08 dispõe sobre as atribuições do farmacêutico na área de radiofarmácia. O farmacêutico é responsável pela aquisição e controle de insumos, preparação e fracionamento de doses, marcação com radioisótopos de gerador ou precursores, marcação de células sanguíneas e controle de qualidade em ambiente hospitalar. As áreas onde são manipulados materiais radioativos devem ser projetadas levando em consideração os aspectos relacionados à radioproteção, condições de limpeza e esterilidade. Os requisitos mínimos para a manipulação de radiofármacos são estabelecidos pela RDC ANVISA nº 63/09 5.2.3 Nutrição Parenteral Apesar de não apresentar riscos ocupacionais e ambientais, a manipulação de nutrição parenteral exige condições específicas e controladas, principalmente pela necessidade de esterilidade, apirogenicidade e ausência de partículas. Para isso, devem ser observados os aspectos destacados pela Portaria MS/SNVS nº 272/98, que determina o Regulamento Técnico para a Terapia de Nutrição Parenteral. 5.3 Atividades focadas no paciente A farmácia clinica propõe a prestação do serviço farmacêutico voltado diretamente ao paciente, realizando a intervenção farmacoterapêutica e com isso melhorando a qualidade de vida do mesmo. Também estabelece relação entre o farmacêutico e o paciente, permitindo um trabalho com o objetivo de buscar, identificar, prevenir e resolver problemas que poderão surgir durante o tratamento farmacológico. Em vários ambientes hospitalares tem facilitado o desenvolvimento de equipes interdisciplinares promovendo o mais apropriado cuidado ao paciente e os farmacêuticos representam um papel integral nessa equipe. A intervenção farmacêutica pode ser definida como ações que possam prevenir problemas com medicamentos e aperfeiçoar a terapia medicamentosa para cada paciente, em cooperação com outros profissionais de saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS), o farmacêutico é um promotor da saúde, tem responsabilidade de identificar sinais e sintomas menores de agravos à saúde e a tomada de decisão, no que se refere ao encaminhamento do paciente a outro membro da equipe, principalmente quando for identificado situações de risco a saúde. A farmácia clinica compreende em uma série de atividades voltadas para maximizar os efeitos da terapêutica, minimizando os riscos e os custos do tratamento do paciente. O Farmacêutico clínico trabalha para obtenção de resultados positivos, otimizando a qualidade de vida dos pacientes, sem perder de vista a questão econômica da terapia. A Atenção farmacêutica é elaborada a partir da farmácia clínica, em que o farmacêutico assume a responsabilidade em relação ao paciente e junto com outros profissionais, programa e monitora a conduta terapêutica estabelecida, deve ocorrer de forma a assegurar confiança, comunicação e cooperação para a decisão conjunta seja mantida. 6. Ambiente de Trabalho O farmacêutico deve estar preparado para trabalhar muitas horas de pé. Os laboratórios são geralmente ambientes limpos, climatizados e bem iluminados. A atividade pode exigir o uso de luvas ou máscaras e de aparelhos de precisão, como microscópios e balanças. Nas farmácias hospitalares, a jornada de trabalho pode ser longa, com plantões noturnos e nos fins de semana. Lidam com materiais tóxicos, fazendo jus a acréscimos salariais por conta da insalubridade. 7. Características Pessoais: • Atenção a detalhes; • Boa visão; • Bom olfato; • Capacidade de concentração; • Capacidade de observação; • Curiosidade; • Espírito de investigação; • Facilidade para matemática; • Gosto pela pesquisa e pelos estudos; • Habilidade manual; • Interesse pelas ciências; • Método; • Senso de responsabilidade. 8. Mercado de trabalho Na contramão da crise, o profissional farmacêutico conta atualmente com uma das maiores taxas de ocupação do mercado, ou seja, quem se forma tem vaga praticamente garantida ao se formar. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a taxa de empregabilidade chega a mais de 90%, e está em crescimento, em parte por causa da lei dos medicamentos genéricos, e em parte devido às políticas de saúde pública que levou a assistência farmacêutica até o SUS (Sistema Único de Saúde). O profissional pode atuar em laboratórios de análises clínicas, farmácias hospitalares, farmácias de manipulação homeopática e alopática, indústrias farmacêuticas, indústria cosmética, na área de toxicologia forense, fiscalização, vigilância sanitária e perícia criminal, na indústria alimentícia e ainda como professor em docência superior. Segundo os especialistas, os profissionais farmacêuticos têm novas possibilidades de carreira na biotecnologia ligada à farmácia e pesquisas para a interpretação do DNA. Uma tendência que favorece este caminho é o crescente uso de fármacos relacionados à qualidade de vida, e a demanda por remédios que satisfaçam esta busca. A carreira farmacêutica especializada em farmácia hospitalar é bastante valorizada no mercado e permite ao profissional atuar em hospitais filantrópicos, públicos e privados. Os profissionais que atuam em grandes centros urbanos são financeiramente mais valorizados devido ao porte dos hospitais privados existentes nessas localidades. No Sudeste, a capital paulista detém um tradicional polo hospitalar. Já no Nordeste, Recife (PE) se destaca como centro hospitalar da região. O profissional que pretende exercer essa carreira em instituições públicas muitas das vezes depara com estruturas precárias que impedem o pleno exercício da profissão. Vale ressaltar a necessidade de aprovação em concursos para exercícios da profissão nesses hospitais. Ser especialista em farmácia hospitalar exige que o profissional tenha um perfil multidisciplinar, unindo, muitas vezes, habilidades da carreira de farmacêutico gestor e farmacêutico clínico, com conhecimentos básicos de administração, habilidade para coordenação e liderança, além de conhecer as ferramentas de gestão da qualidade. É necessário também possuir competência para implantação da farmácia clínica, bem como capacidade de atuar em programas de atenção farmacêutica. 9. Média Salarial Um farmacêutico concursado para trabalhar na rede municipal tem Plano de Carreira e salário inicial de R$ 6.760,00. Já o piso da categoria, no estado, é de R$ 2.945,00 para quem trabalha em farmácias e drogarias.O farmacêutico hospitalar, empiricamente, atua em farmácia clínica e realiza atividades voltadas à segurança de pacientes, zelando pelo uso racional de medicamentos, dentro de princípios éticos profissionais; coordena a farmácia hospitalar e demais serviços da área da saúde e supervisionar ciclo de medicamentos e processos de assistência farmacêutica. Tem uma média salarial demonstrada na tabela a seguir: Nível Profissional Requisitos Trainee Júnior Pleno Sênior Master Experiência (em anos) Até 2 2 a 4 4 a 6 6 a 8 + de 8 Porte Empresarial Critérios Pequeno Média Grande Receita Bruta Anual (R$) Até 10,5 mil 10,5 - 300 mil + 300 mil Número de Funcionários Até 99 100 - 499 + de 499 População: 42580 salários Amostragem: 42088 salário(s) 3 contribuições. Metodologia utilizada: salários pretendidos e contribuições salariais Fonte: SINE Porte da Empresa Trainee Júnior Pleno Sênior Master Pequena R$ 1958.86 R$ 2448.58 R$ 3060.73 R$ 3825.91 R$ 4782.39 Média R$ 2546.53 R$ 3183.16 R$ 3978.95 R$ 4973.69 R$ 6217.11 Grande R$ 3310.49 R$ 4138.11 R$ 5172.64 R$ 6465.8 R$ 8082.25 10. Como se preparar? O curso de graduação em Farmácia é imprescindível para profissionais que desejam seguir carreira em farmácia hospitalar. Uma boa dica para alunos que ainda não terminaram a graduação é a realização de estágios extracurriculares na área, que pode ser intermediado pela própria faculdade. Especialização em farmácia hospitalar ou assistência farmacêutica é obrigatória. Existe também a opção de cursar uma pós-graduação em farmácia clínica para os profissionais que atuam especificamente nessa área. O ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico é pioneiro no curso de especialização intitulado Assistência Farmacêutica nos Serviços Públicos de Saúde e no curso Farmácia Hospitalar e Oncologia, Este curso, exclusivo do ICTQ, desenvolve conhecimentos técnicos e científicos aplicados na gestão hospitalar, além de ser o único que possui em seu quadro professores renomados. 11. Conclusão Atuar na Farmácia Hospitalar requer muita responsabilidade e organização, além de depender de uma equipe multiprofissional. Deve priorizar o contato com o paciente, a atenção farmacêutica, atuar em vários níveis disciplinares e saber trabalhar em equipe. É uma carreira promissora, pois quanto maior o nível e tempo de experiência, maior o salário e reconhecimento. Mas impõe ao atuante grande conhecimento e engajamento, afinal ele será o profissional responsável por todo o fluxo do medicamento na unidade de saúde e pela orientação e ensino aos pacientes internos e ambulatoriais, atua conjuntamente na eficácia do tratamento, coopera para a redução dos custos. Busca o ensino, a pesquisa e o aprimoramento profissional. 12. Referências Bibliográficas GOMES, Maria José Vasconcelos de Magalhães. REIS, Adriano Max Moreira. Ciências farmacêuticas: uma abordagem em farmácia hospitalar. São Paulo: Atheneu, 2006. MAIA NETO, Julio Fernandes. Farmácia hospitalar e suas interfaces com a saúde. São Paulo: RX, 2005. BEZERRA DE ANDRADE, Luciano. O papel do farmacêutico no âmbito hospitalar. Monografia de Pós-Graduação apresentada ao Centro de Capacitação Educacional, como exigência do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu e Farmácia Hospitalar e Clinica. Recife, 2015. ICTQ. A carreira do farmacêutico hospitalar. Disponível em http://www.ictq.com.br/guia-de-carreiras/295-a-carreira-do-farmaceutico- hospitalar. Acesso em 23 de Junho de 2017. FARMÁCIA HOSPITALAR. Farmácia Hospitalar. Disponível em www.farmaciahospitalar.com.br. Acesso em 23 de Junho de 2017. SINE – SITE NACIONAL DE EMPREGOS. Função: Farmacêutico Hospitalar e Clínico. Disponível em https://www.sine.com.br/media-salarial-para- farmaceutico-hospitalar-e-clinico. Acesso em 23 de Junho de 2017. http://www.ictq.com.br/guia-de-carreiras/295-a-carreira-do-farmaceutico-hospitalar http://www.ictq.com.br/guia-de-carreiras/295-a-carreira-do-farmaceutico-hospitalar http://www.farmaciahospitalar.com.br/ https://www.sine.com.br/media-salarial-para-farmaceutico-hospitalar-e-clinico https://www.sine.com.br/media-salarial-para-farmaceutico-hospitalar-e-clinico
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