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RONDON DO PARÁ - TEORIA GRAMATICAL.doc

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CURSO DE LETRAS – LÍNGUA PORTUGUESA - LICENCIATURA
DISCIPLINA: TEORIA GRAMATICAL*
PROF. LAIRSON COSTA
*Agradeço à profa. Carmen Rodrigues, da Universidade Federal do Pará, por me autorizar a utilizar nesta apostila grande parte do material por ela preparado para suas aulas de Teoria Gramatical na UFPA.
Belém-PA
2011
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO...............................................................................................
PLANO DE CURSO 
UNIDADE 1 – Conceito de linguística, língua, gramática ……...
Características que dão cientificidade à Linguística …….
Duplo objeto da Linguística .............................................................
Conceito de Linguagem e Língua ...................................................
O que é Gramática ...............................................................................
ROTEIRO DE ATIVIDADES N.º 1 ....................................................................
UNIDADE 2 – PARTES DO DISCURSO, CATEGORIAS GRAMATICAIS 
OU CLASSES DE PALAVRAS ........................................................................
PALAVRA, LEXEMA E SINTAGMA ..................................................................
3.1. Classes abertas: nomes, verbos, adjetivos e advérbios 
3.2. Classes fechadas: conjunções, interjei-
ções, preposições etc. ....................................................................
Roteiro de Atividades N.º 2 ....................................................................
UNIDADE 3 – ORAÇÕES SIMPLES
4.1. Estrutura interna e distribuição dos elemen-
tos constituintes ..............................................................................
4.2. SISTEMA NOMINATIVO-ACUSATIVO .....................................................
4.3 SISTEMA ERGATIVO-ABSOLUTIVO ........................................................
4.4. Relações gramaticais e funções na oração .........................
4.5 Papéis semânticos e SINTÁTICOS ....................................................
4.6 PAPÉIS PRAGMÁTICOS ...........................................................................
. tempo, aspecto, modo E VOZES verbais .....................................
4.7 Sistema de marcação de caso .......................................................
APRESENTAÇÃO
Caro(a)s aluno(a)s,
Talvez alguns de vocês estejam se perguntando: - O que é Teoria Gramatical? Será que teremos que estudar novamente todas aquelas regras prescritas nos compêndios de gramática normativa?
O objetivo desta disciplina, com carga horária de 40 horas, é promover a discussão de vários fenômenos linguísticos que são ou tentam ser explicados pelas principais teorias gramaticais. Dessa forma, não limitaremos nossa discussão à língua portuguesa, mas a teorias gerais das línguas naturais, que incluem, por exemplo, o inglês, o japonês e as demais línguas do mundo.
Para atingirmos nosso objetivo, apresentamos a vocês este material impresso, que contém o programa e o conteúdo de nossa disciplina, bem como o modo pelo qual se dará o desenvolvimento dessas atividades - divididas em unidades de ensino. Para facilitar os debates e o aprendizado, os textos a serem utilizados em sala de aula já constam também deste material.
Colocamos à disposição de vocês uma “Bibliografia Básica”, que os auxiliarão na apreensão e aprofundamento dos assuntos aqui tratados, bem como, ao final de cada assunto tratado, disponibilizamos-lhes as “Referências”: livros, periódicos, etc.
Sejam bem-vindos!
Prof. Lairson Costa
lsmt.federal@gmail.com
 
PLANO DE ENSINO
IDENTIFICAÇÃO
Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - IFPA
Curso: Curso Letras – Língua Portuguesa - Licenciatura
Disciplina: Teoria Gramatical
Professor: Lairson Costa
CH TOTAL: 40h
I – EMENTA
Discussão dos principais fenômenos linguísticos com base nas teorias gerais das línguas naturais e principais teorias gramaticais.
II – COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
Conhecer as principais teorias gerais das línguas naturais; 
Distinguir o conceito de linguagem e língua;
Fazer a diferença entre gramática descritiva e gramática normativa;
Conhecer e distinguir as partes do discurso ou classes de palavras;
Conhecer a estrutura interna do português e de algumas outras línguas como o inglês, o espanhol, etc.
III - CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
UNIDADE 1 – Conceito de linguística, língua e gramática
1.1.Características que dão cientificidade à Linguística 
1.2 Duplo objeto da Linguística
1.3 Conceito de Linguagem e Língua
1.4 O que é Gramática
UNIDADE 2 – PARTES DO DISCURSO, CATEGORIAS GRAMATICAIS OU CLASSES DE PALAVRAS
2.1. Classes abertas: nomes, verbos, adjetivos e advérbios
2.2. Classes fechadas: conjunções, interjeições, preposições etc.
Roteiro de Atividades
Roteiro de Estudos N.º 1
UNIDADE 3 – ORAÇÕES SIMPLES
4.1. Estrutura interna e distribuição dos elementos constituintes
4.2. Relações gramaticais e funções na oração
4.4. Papéis semânticos e pragmáticos
4.3. Voz, tempo, aspecto e modo verbais
4.5. Sistema de marcação de caso
V- METODOLOGIA
Com o objetivo de utilizar melhor o tempo das aulas presenciais, estas serão ministradas principalmente por meio do Power Point, com a utilização de data show, mas também, quando necessário, por meio do quadro branco. Serão realizados debates, exercícios escritos, argüição oral, fichamentos e resumos acerca dos assuntos tratados. Este “Guia” que foi entregue a vocês será importante para dinamizar o processo de ensino-aprendizagem, pois facilitará a discussão em sala de aula.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
FROMKIN, Victoria & RODMAN, Robert. Introdução à Linguagem. Coimbra: Livraria Almedina, 1993.
DIXON, R.M.W. Ergativity. Cambridge: Cambridge University Press. 1994.
CHUNG, Sandra & TIMBERLAKE, Alan. Tense, aspect and mood. In: SHOPEN. Vol. III., 1985.
PAYNE, Thomas. Describing Morphosyntax. A guide for field linguistic. Cambridge: Cambridge
ROSA, Maria Carlota. Introdução à morfologia. São Paulo: Contexto, 2000.
SEKI, Lucy. Gramática do Kamaiurá: língua Tupí-Guaraní do Alto Xingu. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2000. 
SHOPEN, Timothy. Language typology and syntactic description: Gramaticalcategories and the lexicon. Vol. III. Cambridge University Press. Cambridge. 1985.
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UNIDADE 1
Conceito de linguística, língua, gramática
QUE CARACTERÍSTICAS DÃO CIENTIFICIDADE À LINGUÍSTICA
a) exigência de comprovação empírica (Estruturalismo, 1916, Cours de Linguistique Generale – Ferdinand de Saussure; b) caráter não-preconceituoso (oposição entre os estudos saussurianos e os estudos da gramática tradicional); c) caráter explicativo (após o gerativismo); d) caráter explícito (exigência de definição clara, precisa, coerente e pormenorizada dos processos teóricos da análise).
 
DUPLO OBJETO DA LINGUÍSTICA
A linguística lida tanto com línguas particulares como com a natureza geral dessas línguas particulares, tentando responder a dois tipos de pergunta:
a) O que as diferentes línguas têm em comum e o que as diferenciam entre si?
b) O que há nas línguas humanas que lhes atribui caráter único e as distingue dos demais sistemas de comunicação.
Segundo Perini (2006), a linguistica se ocupa da linguagem humana sob vários aspectos:
“aquisição da linguagem durante os primeiros anos de vida e os mecanismos mentais que nos permitem falar” (psicolinguística);
as variedades de uma língua segundo as regiões em que é falada (dialetologia);
as diferentes variedades de uma lingual falada por pessoas de diferentes classes sociais,
faixas etárias e grupos de atividades (sociolinguística);
a evolução de uma lingua ao longo de sua história (linguistica história ou diacrônica);
a maneira pela qual se organizam os textos falados ou escritos para atender as duas necessidades comunicativas (análise do discurso);
as condições de uso da linguagem em relação com a identidade do emissor e do receptor, assim como o conhecimento que cada um tem sobre o mundo e sobre a situação em que se dá a comunicação (pragmática);
aplicação dos resultados da linguistic à solução de problemas práticos, como o ensino de línguas, o aprendizado da leitura ou mesmo a elaboração de linguagem de computador (linguistica aplicada)”
Em Teoria Gramatical veremos “o estudo da organização dos enunciados linguísticos de cada lingua no que diz respeito à sua forma (realizada por meio dos sons da fala ou de símbolos escritos) quanto no que diz respeito ao seu significado”. Esse estudo será restrito a como as palavras se organizam para formar frases e outras unidades menores (sintaxe) e ao estudo do significado que os usuários da lingual atribuem às estruturas sintáticas (semântica).
Segundo Perini (2006), o princípio básico da descrição gramatical é o descrever as formas, os significados e as relações entre forma e siginificado. Por exemplo, no exemplo abaixo, nossa explicação explicita que o verbo abrir aparece em diversos ambientes gramaticais:
Rodolfo abriu a janela.
A janela, Rodolfo abriu.
A janela foi aberta por Rodolfo.
A janela abriu.
Exs: Helena incomodou Serginho à tarde.
Fazem parte da sintaxe afirmações como as seguintes:
a posição da palavra Helena é relativamente fixa, porque ela não pode ser transportada para outra posição na sentença:
*Incomodou Helena Serginho à tarde,
*Incomodou Serginho Helena à tarde,
*Incomodou Serginho à tarde Helena.
Diferentemente acontece com a expressão “à tarde”
Essas afirmações descrevem a forma da sentença, isto é, os aspectos diretamente observáveis, sem dizer nada sobre seu significado.
As afirmações abaixo fazem afirmações sobre o significado da frase:
Helena incomodou Serginho à tarde.
Ela indica um evento que se deu no passado;
O falante está falando de outra pessoa (em oposição a eu incomodei Serginho à tarde
Trata-se da ação de incomodar e não de beliscar, por exemplo.
Helena praticou uma ação e Serginho sofreu essa ação.
	
Conceito de Linguagem e Língua
Para Cunha et al. (2009, p. 15-16), o termo linguagem, geralmente, é usado “para referir-se a qualquer processo de comunicação, como a linguagem dos animais, a linguagem corporal, a linguagem das artes, a linguagem da sinalização, a linguagem escrita, entre outras. Nessa acepção, as línguas naturais, como o português ou o italiano, são formas de linguagem, já que constituem instrumentos que possibilitam o processo de comunicação entre os membros de uma comunidade”
Somente os seres humanos possuem a capacidade de se comunicar por meio de línguas.
Em geral, o termo “língua” é normalmente definido como um sistema de signos vocais (ou mesmo visuais, como é o caso das línguas de sinais).
A linguagem de que trata a linguística é específica ao homem e é universal. 
O que é Gramática?
Sentidos do termo gramática:
a) Pode ser usado para designar o funcionamento da própria língua, que é o objeto a ser descrito pelo linguista (Martelotta, 2009, p.44). Nesse sentido, chama-se gramática um sistema de regras, unidades e estruturas que o falante de uma língua tem programado em sua memória e que lhe permite usar a língua.
b) Entende-se gramática muitas vezes como o nome de uma disciplina que procura estabelecer o que é “certo” e o que é “errado” na língua. Essa é uma gramática prescritiva ou normativa (PERINI, 2006, p. 23).
Nesse sentido, a gramática tradicional pretende estabelecer as regras de uma língua e através delas ensinar a língua àqueles que já a dominam (SILVA, 1994, p. 12).
 Essa concepção normativa é estranha à linguística, ciência que se propõe a analisar e descrever a estrutura e funcionamento dos sistemas de língua, e não prescrever regras de uso para esses sistemas. 
Segundo Martelotta (2009), “por apresentar uma visão preconceituosa do uso da linguagem, a gramática tradicional não fornece ao estudioso da linguagem uma teoria adequada para descrever o funcionamento gramatical das línguas”. Esse autor afirma que “a chamada gramática tradicional tem origem na Grécia antiga, na qual os filósofos gregos se preocupavam em estudar a linguagem, por exemplo, para entender alguns aspectos associados à relação entre a linguagem, o pensamento e a realidade. Daí a discussão entre eles, por exemplo, sobre a relação entre as palavras e as coisas que elas designam. Outro aspecto ligado à visão aristotélica é o fato de que o mundo em que vivemos possui existência independente de nossa capacidade de expressá-lo... a linguagem seria uma mera representação de um mundo já pronto, um instrumento para nomear idéias preexistentes.
Ainda segundo Martelotta (2009), a gramática grega apresentava uma preocupação normativa, ditando padrões que refletissem o uso ideal da língua grega. Prisciano e Varrão deram valiosas contribuições para a evolução do conhecimento gramatical. Entretanto os romanos deram ênfase ao aspecto normativo, principalmente com o objetivo de uma unificação lingüística.
Martelotta (2009) diz ainda que “qualquer atitude de valorizar uma variação em detrimento de outra implica critérios de natureza sociocultural, e não critérios lingüísticos. Ou seja, a forma “correta” tende fortemente a se identificar a dos falantes de classes sociais privilegiadas, que habitam as regiões mais importantes do país.
c) Chama-se gramática descritiva a que faz o lingüística do sistema do item (a). Nesse caso, o gramático vai registrar como realmente se fala, retratando e sistematizando os fatos da língua.
ROTEIRO DE ATIVIDADES N.º 1
Segundo as teorias vistas acima, o que vem a ser Teoria Gramatical?
Comente os conceitos de “linguagem” e “língua”
Qual a diferença entre gramática descritiva e gramática normativa?
UNIDADE 2
PARTES DO DISCURSO, CATEGORIAS GRAMATICAIS OU CLASSES DE PALAVRAS
Antes de falarmos de classes de palavras, daremos uma breve noção do que seja palavra, lexema e sintagma, conceitos que veremos frequentemente daqui por diante.
Palavra – unidade linguística dotada de sentido, constituída por fonemas organizados numa determinada ordem, que pertence a uma (ou mais) categoria(s) sintática(s) e que “é marcada na escrita por meio de espaços em branco antes e depois”. Na fala não há espaço, e as palavras se pronunciam todas grudadas, o que às vezes apresenta dificuldade de análise... 
É importante distinguir palavra de lexema. A palavra é uma forma individual, com uma representação fonológica ou gráfica única; um lexema é uma classe de palavras relacionadas de determinadas maneiras. Por exemplo, flor e flores são duas palavras, mas pertencem ao mesmo lexema. Gramaticalmente de maneira muito sistemática e regular. Flor e florista pertencem a lexemas diferentes porque essa relação (com o sufixo –ista significando “pessoa que trabalha com”) só ocorre em alguns casos, e de maneira pouco regular. Por exemplo, casa e caseiro (caseiro não é uma “pessoa que trabalha com casas”.
As palavras menino, menina, meninos e meninas fazem parte de um mesmo lexema.
As palavras cantar, cantei, cantamos, cantarias e cante compõem um lexema verbal.
As palavras lindo, linda, lindos, lindas, lindinha e lindíssima integram o mesmo lexema adjetivo.
Em português, lexema é um conjunto de palavras de mesma classe morfológica que se diferem morfologicamente entre si unicamente por sufixos flexivos.
Através de exemplos, vamos entender melhor o que é um lexema.
As palavras cantora e cantar não compõem um lexema porque não pertencem à mesma classe morfológica.
A primeira é substantivo e a segunda, verbo.
As palavras cantoria, cantilena e cantata não pertencem ao mesmo lexema porque embora apresentem um radical comum e pertençam à classe dos substantivos, diferem entre si por sufixos derivativos e não por sufixos flexivos.
As palavras cantor, cantora, cantores e cantoras compõem um lexema porque pertencem à mesma classe morfológica, a dos substantivos, e diferem entre si unicamente por sufixos flexivos (morfema zero, -a, -es, -as). Além disso, se distribuem de forma complementar.
Sintagma – Termo estabelecido por Ferdinand de Saussure (1999: 42) com o objetivo de designar a combinação de formas mínimas em uma unidade linguística superior. Segundo Barreto, sintagma é um conjunto de elementos que forma uma unidade significativa dentro da sentença e que possuem entre si relações de dependência e de ordem. É um constituinte menor do que uma oração, e composto de uma ou mais palavras Ex.:
Meus dois irmãos vão mudar para o Rio de Janeiro.
Há algumas sequências de palavras que nos dão a sensação de grupos naturais, e outros que não dão essa sensação. Assim, preferimos a segmentação 2 à 3:
[Meus dois irmãos] [vão mudar] [para o Rio de Janeiro].
[Meus dois] [irmãos vão] [mudar para o] [Rio de] [Janeiro].
TIPOS DE SINTAGMAS
Nominais - Quando o nome (substantivo) pode ser substituído por uma expressão sem que se altere o sentido do enunciado, chamamos isso de sintagma nominal. 
Ex.: O menino é um gênio. 
Carlos é um gênio. 
Inglês: 
The boy live in New Jersey. 
Paul live in New Jersey. 
Espanhol: 
Las mujeres son mexicanas. 
Ellas son mexicanas. 
Sintagma adjetivo - Tem propriedades tradicionalmente atribuídas aos chamados “adjetivos” .
Ex.: Guarde aqui o livro [azul] 
Guarde aqui o livro [do Pedrinho] 
Guarde aqui o livro [da capa azul] 
Guarde aqui o livro [que você comprou] 
Espanhol: 
El chico se queda [muy cansado]. 
Inglês: 
[Something strange] happened last night. 
Sintagma verbal - corresponde ao “predicado” da gramática tradicional .
Ex.: Caminha [viaja para a Espanha amanhã]
Inglês: 
Sally [has to travel tomorrow]. 
Espanhol 
Pablo [viajará mañana por la noche]. 
Sintagma adverbial - se comporta como um advérbio. 
Ex.: Meu carro sempre dá problema. 
Meu carro quase todo dia dá problema. 
 
Espanhol: 
Llegó bastante tarde. 
Perini (2009) afirma que “todas as gramáticas incluem uma classificação de palavras. Isso sugere que a classificação das palavras (e das formas lingüísticas em geral) deve ser uma parte muito importante da descrição, e qualquer lingüista concordaria que realmente é. No entanto, quase nunca se consideram algumas perguntas básicas: para que classificar as formas lingüísticas. De onde vem a importância dessa classificação? E que princípios a norteiam.
...
Uma das coisas que temos que fazer para compreender uma frase é classificar suas partes. Ao ouvir ou ler o gato dormiu debaixo da cama, precisamos classificar o gato como um sintagma que pode se referir a um ser, e debaixo da cama como um sintagma que exprime um local. A palavra dormiu não pode designar um ser ou local, mas sim um evento, por isso é classificado como “verbo”
....
Para se classificar as palavras do português, por exemplo, é necessário estabelecer os objetivos dessa classificação. Segundo o objetivo descritivo do momento, uma característica pode ser ou não relevante. Cabe ao lingüista selecionar os traços que considera relevante para a tarefa descritiva que tem em mãos no momento.
...
Por isso não faz sentido perguntar simplesmente quais são as classes de palavras de determinada língua; uma classificação só faz sentido em função de um objetivo específico.
- Embora todas as línguas do mundo apresentem distinção entre as partes do discurso, existem diferenças entre as línguas quanto ao tipo e número de tais distinções.
- Sabe-se que, talvez, a única distinção universal entre classes seja entre o verbo e o nome.
- Em consequência da tradição gramatical, considera-se que as palavras do português pertencem a dez classes, presentes também nas descrições tradicionais do grego clássico, do francês, do inglês, do espanhol.
- Porém, nem sempre essas dez classes são identificadas numa língua. Há línguas, por exemplo, que não apresentam a classe de adjetivos ou mesmo a classe de advérbios.
- No entanto, isso não significa que, em qualquer dessas línguas, não se possam exprimir os significados que, em português, expressaríamos por meio dessas classes. 
Por exemplo, conforme Rosa (2000), o Haússa (língua afroasiática, falada na Nigéria), pode expressar a noção de adjetivo por meio de:
a) uma construção de posse (que utiliza de mài/màasú ‘possuidor-SG/possuidor-PL’) com um substantivo abstrato:
 mutum mai hankali (SCHACHTER, 1985, p. 15, apud ROSA, 2000, p. 93)
 pessoa tendo inteligência
 ‘pessoa inteligente’
 ou 
b) de uma construção nome–‘conectivo’–nome (algo como fazemos, no português, aos usarmos homem de fortuna no lugar de homem rico): 
 fárí-n zánèe (Newman, 1990, p. 720, apud ROSA, 2000)
 brancura-deroupa
 ‘roupa branca’
Em Kamaiurá (Língua Tupi-Guarani, do Alto Xingu), os elementos que exprimem conceitos que em Português e outras línguas indo-europeias são expressos por adjetivos são classificados como verbos descritivos, ou seja, como uma subclasse de verbo intransitivo. Um dos argumentos que justifica essa classificação, conforme Seki (2000, p. 67-68), é o fato de esses elementos admitirem o sufixo nominalizador (usado para indicar nome de ação, estado), que ocorre também com os verbos transitivos e os intransitivos ativos:
a-kwahaw=in i-tu-aw-a(V. intrans. ativo)
1sg-saber = Pot3-vir-Nom-N
‘eu sei que ele vem’
a-kwahaw = in ne = katu-taw-a(V. descritivo)
1sg-saber = Pot2sg = bom-Nom-N
‘eu sei que você é bom’
- Segundo Dixon(1977, apud ROSA, 2000, p. 105), a classe de adjetivos pode não existir numa língua ou existir como uma classe fechada. Neste último caso, os adjetivos dividem-se, normalmente, em quatro tipos semânticos que indicam dimensão (como ‘grande’, ‘pequeno’), cor (como ‘preto’, ‘branco’), idade (‘novo’, ‘velho’), avaliação (como ‘bom’,’mau’).
- Em Iana(língua indígena norte-americana), os significados que identificamos, normalmente, como adverbiais em português podem ser expressos por sufixos que se prendem ao verbo. Por exemplo: 
-sgin ‘pela manhã bem cedinho
’
-xkid ‘devagar’
-yaugu ‘certamente’
-ca(a) ‘à noite’
Em suma: o reconhecimento de diferentes classes de palavras é feito com base em critérios gramaticais particulares a cada língua.
Critérios para classificação das partes do discurso
- As partes do discurso devem ser agrupadas em classes conforme suas propriedades gramaticais que incluem: i) a distribuição da palavra, ii) o tipo de relações sintáticas funcionais da palavra e iii) as categorias morfológicas ou sintáticas para as quais a palavra é especificada. 
- Em português, por exemplo, as palavras ‘criança’ e ‘bebeu’ têm distribuições distintas: A criança bebeu água/ *Bebeu a criança água. 
- Essas palavras também têm funções distintas: ‘criança’ pode funcionar como sujeito, mas ‘bebeu’ não pode ter essa função.
- Além disso, apresentam categorizações distintas: ‘criança’ é categorizada para número, mas não para modo e tempo, enquanto que ‘bebeu’é categorizado para ambos (número, modo e tempo). 
- No entanto, as palavras ‘criança’ e ‘menino’ apresentam distribuição, funções sintáticas e categorizações similares, sendo classificadas, portanto, como membros das mesma classe das partes dos discurso.
É possível haver casos em que algumas partes do discursos apresentam similaridades parciais quanto a sua distribuição, função sintática relacional e categorização. Nesses casos, pode ser necessário dividir uma classe de partes do discurso em subclasses.
3.1. Classes abertas: nomes, verbos,
adjetivos e advérbios
3.2. Classes fechadas: conjunções, interjeições, preposições etc.
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- Em princípio, nas classes abertas, há a possibilidade de se criar novos itens a todo momento. Por exemplo:
a) Na década de 1990, foi criado pelo ex-ministro do Trabalho, Antônio Magri, o neologismo “imexível”;
b) Durante os escândalos políticos dos anos 70, entrou no inglês americano o verbo stonewall ‘ser obstrutivo’ (FROMKIN & RODMAN, 1993, p. 120).
- No entanto, nas classes fechadas, a possibilidade de se criar novos itens é mínima (ROSA, 2000, p. 103).
Nome (= substantivo)
- Conforme Lima (1957, apud Rosa, 2000, p. 103), é neste grupo que ocorre a maior parte dos nomes de pessoas, coisas, lugares.
- Sua função mais comum é a de funcionar como argumento (a) ou como núcleo de argumentos (b):
 a) Maria saiu.
 b) As crianças beberam o leite.
 crianças = núcleo do argumento sujeito
 leite = núcleo do argumento objeto
- É possível também a ocorrência do nome como predicado, com cópula, como em português, ou sem cópula, como no exemplo abaixo para russo:
Oni u citelja ‘Eles são professores’
eles professores
A classe de nomes (ou substantivos) são tipicamente especificados morfologicamente ou sintaticamente pelas categorias de:
- caso
Por exemplo, em Latim:
Femin-a mal- pull-ae um dedit
mulher-NOM maçã-AC garota-DAT deu
'A mulher deu uma maçã para a garota.‘
- número
Por exemplo, casa vs. casa-s, em português; house vs. house-s em inglês; iglu'casa' vs. iglu-t'casas' vs. iglu-k'duas casas' em eskimó; bahay'casa', mgabahay'casas‘, em tagalog.
- gênero
Por exemplo, menin-o vs. menin-a, em português; l’homme ' o homem' vs. la femme ‘a mulher‘, em francês. 
Verbo
- Nessa classe ocorre o maior número de palavras que expressam ações e processos.
-A função típica do verbo é a de predicado: ‘As crianças beberam água’
- No entanto, há línguas em que o verbo pode funcionar como argumento, como em nutka (língua do Canadá): 
i) Mamuk–ma qu/as-/i‘O homem está trabalhando’
trabalhando-PRES(IND) homem-DEF
ii) Qu/as-mamamuk-/i ‘Aquele trabalhando é um homem’
 homem-PRES (IND) trabalhando-DEF
 
Em algumas línguas, o verbo caracteriza-se morfologicamente pelas categorias de tempo, aspecto, modo, pessoa etc. 
Ex.: Em Lituano (Senn, 1966, apud Shopen, 1985, p. 204)
 a. dirb-au ‘Eu trabalhei/Eu estava trabalhando’
 trabalhar-1sg (PAS) 
b. dirb-u ‘Eu trabalho/ Eu estou trabalhando’
 trabalhar-1sg (PRES)
c. dirb-s-iu ‘Eu trabalharei/ Eu estarei trabalhando’
 trabalhar-FUT-1SG
OBS.: Perini chama a atenção para o fato de em português haver palavras que podem de acordo com o contexto serem classificadas como substantativos ou adjetivos, por exemplo. Ele chama essas palavras de ambivalentes. Exs.: O velho estava sentado na poltrona; O homem lia um jornal velho; O jovem estava apto para a profissão escolhida; Ele era um cientista jovem demais para os padrões da época.
Referências 
FROMKIN, Victoria & RODMAN, Robert. Introdução à Linguagem. Coimbra: Livraria Almedina, 1993.
ROSA, Maria Carlota. Introdução à morfologia. São Paulo: Contexto, 2000.
PERINI, MÁRIO A. Princípios de linguística descritiva: introdução ao pensamento gramatical. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
SEKI, Lucy. Gramática do Kamaiurá: língua Tupí-Guaraní do Alto Xingu. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2000. 
SHOPEN, Timothy. Language typology and syntactic description: Gramaticalcategories and the lexicon. Vol. III. Cambridge University Press. Cambridge. 1985.
ROTEIRO DE ATIVIDADES N.º 2
Qual a diferença entre palavra, lexema e sintagma?
Que características apresentam os sintagmas nominais?
Que características apresentam os sintagmas verbais?
O que caracteriza as classes abertas? Cite um exemplo de cada classe.
Segundo os conceitos constantes neste “Guia”, quais os critérios para a classificação das partes do discurso ou classes de palavras.
Separe em sintagmas os constituintes da frase “Estou trabalhando com um amigo do pai de Bia.”
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UNIDADE 3
UNIDADE 4 – ORAÇÕES 
4.1 Estrutura interna e distribuição dos elementos constituintes
4.2. Sistema de marcação de caso
Entre os vários parâmetros de ordem vocabular que têm sido extensivamente analisados na literatura tipológica, destacam-se a ordem dos constituintes principais da oração - sujeito, verbo, objeto - e a ordem dos constituintes dos sintagmas nominais. Há seis possibilidades lógicas de combinação dos constituintes oracionais, a saber, SOV, SVO, VSO, VOS, OVS e OSV, sendo que nem todos ocorrem com a mesma freqüência nas línguas do mundo.
Greenberg especifica entre as seis possibilidades de combinação de S, V e O, a existência de três tipos básicos de línguas, considerando a posição do verbo como fundamental: VSO (verbo inicial), SVO (verbo medial) e SOV (verbo final).
“Relações gramaticais são relações entre os argumentos e os predicados, e o sistema de marcação de caso é o conjunto de mecanismos ou operações de que a língua dispõe para codificar essas relações sintático-semânticos entre os argumentos em seus predicados.” (FERREIRA, 2003)
“Consoante Dixon (1979), Comrie (1981), Whaley (1997), Bobaljik (1993) e Adger (2003), a marcação de Caso no predicado verbal trata das relações gramaticais estabelecidas entre o verbo e seus argumentos. Essas relações expressam as funções sintática e semântica assumidas pelos argumentos na oração.” (apud LOPES, 2007)
Segundo Dixon (1979, apud Guirardello, 1992):
A Marcação de Caso permite distinguir os SN’s que ocorrem na oração transitiva. [...] o caso que inclui a função S é o termo não marcado no sistema. [...]. Assim, o absolutivo é o termo não marcado na oposição ergativo/absolutivo, e o nominativo é frequentemente o termo não marcado no sistema nominativo/acusativo.
4.3 Sistema Nominativo-Acusativo
“O sistema nominativo/acusativo se caracteriza por diferenciar o sujeito transitivo e o sujeito do verbo intransitivo do objeto do verbo transitivo. O caso nominativo é atribuído aos sujeitos dos verbos transitivo e intransitivo, enquanto que o objeto transitivo recebe o caso acusativo. 
Apesar de se tratar de uma língua com um sistema nominativo/acusativo. O português não é exemplar para a apresentação de um sistema deste tipo. Isto porque é necessário lançar mão de uma análise sintático-semântica para chegarmos a definição de que se trata de um sistema nominativo-acusativo. Todavia, há um resquício existente nas formas pronominais pessoais que se pode considerar como formas morfologicamente válidas para esta constatação. 
[02]	Ele (A) o (O) matou. 
 	1sg.suj.trans 3sg.obj 1sg = presente = do = indicativo = de = vencer
[03]	Ele (S) correu. 
	1sg.suj.intrans 1sg = pretérito = perfeito = do = indicativo = de = correr
Observe-se que em [02] o pronome pessoal "ele" indica o sujeito da ação de vencer que é um verbo transitivo, em [03] o pronome pessoal possui a mesma forma do apresentado em [02], ou seja, o símbolo "ele", e desta vez indica o sujeito de um verbo intransitive. Todavia, o pronome pessoal que representa o objeto do verbo transitivo destoa daquele que indica o sujeito de um verbo transitivo e o sujeito de um verbo intransitivo, isto é, em vez de ser utilizada a forma "ele", o que caracterizaria um sistema neutro, surge uma segunda que é "o". Com isso formaríamos aquele velho quadro conhecido por todos, quadro este que se encontrado detalhado em qualquer gramática de língua portuguesa. 
O sistema nominativo-acusativo é caracterizado por alinhar o sujeito do verbo transitivo (A) do mesmo modo que o sujeito do verbo intransitivo (S). Neste sistema, enquanto (S) e (A) são marcados pelo Caso nominativo, o objeto (O)
é marcado pelo Caso acusativo. (LOPES, 2007) 
S = A # 0
Sistema Ergativo-Absolutivo
Um sistema nominativo/acusativo se caracteriza pela oposição entre as formas morfológicas ou posições sintáticas dos sujeitos e o objeto, ou seja, o sujeito do modo transitivo e do modo intransitivo são tratados da mesma maneira diferentemente do objeto. 
Enquanto que um sistema ergativo/absolutivo se caracteriza pela oposição entre as formas morfológicas ou posições sintáticas do sujeito transitivo e do sujeito intransitivo, isto é, o sujeito transitivo tem uma expressão diferente daquela verificada com o sujeito do verbo intransitivo, que, por sua vez, tem a mesma expressão que o objeto do verbo transitivo. 
Um bom exemplo de uma língua que segue o sistema ergativo/absolutivo é o Kuikúru�[3], segundo dados de Franchetto (1990) e Franchetto, Vieira & Leite (1997), que possui uma marca casual, que é utilizada para expressar o elemento ergativo, ou seja, marcação do argumento A. A marcação em questão é a partícula "héke", que distingue A (ergativo) de S e O (absolutivo), que não são possuidores de uma marca casual, o que os torna com a mesma marca "Ø". 
O sistema ergativo-absolutivo ocorre quando o sujeito do verbo intransitivo (S) e o objeto do verbo transitivo (O) recebem o Caso absolutivo, diferindo do Caso ergativo atribuído ao sujeito do verbo transitivo ativo (A). (LOPES, 2007)
S = O # A
4.4. Relações gramaticais e funções na oração
4.3. Tempo, aspecto, modo e vozes verbais
Categoria de tempo 
A categoria de tempo localiza o evento no tempo. Conforme Payne (2006, p. 236), o tempo é a expressão gramatical da relação de tempo de um evento com algum ponto de referência no tempo, normalmente o momento em que a frase é pronunciada. Se pensarmos no tempo como uma linha, com o "agora" representado por um ponto se movendo da esquerda para a direita, podemos conceituar tempo a partir do seguinte diagrama: 
agora 
---------------------------->--------------------------- 
• As línguas dividem essa noção conceitual para fins de marcação gramatical de muitas maneiras diferentes. Um sistema de tempo comum é o passado, presente e futuro. 
passado presente futuro 
---------------------------⏐------->------⏐----------------------- 
O Lituano (língua indoeuropeia; Lituânia) é uma língua que apresenta o sistema tripartite de tempo, codificado diretamente na morfologia verbal. O passado é usado para eventos ocorridos antes do momento da fala, o presente é usado para eventos que se sobrepõem ao momento da fala (que podem ser eventos reais em curso ou eventos genéricos), e o futuro é usado para eventos posteriores ao momento da fala (SENN, 1966, apud CHUNG & TIMBERLAKE, 1985, p. 204) : 
a. dirb-au 
trabalhar-1SG(PAS) 
‘Eu trabalhei/ estava trabalhando’ 
b. dirb-u 
trabalhar-1SG(PRES) 
‘Eu trabalho/ estou trabalhando’ 
c. dirb-s-iu 
trabalhar-FUT-1SG 
‘Eu trabalharei/ estarei trabalhando’ 
• Provavelmente o mais comum, entretanto, são duas vias de distinção: passado/não-passado ou futuro não-futuro: 
passado não-passado 
-------------------------⏐--->---------------------- 
não-futuro futuro 
------------------->---⏐--------------------------- 
O Dyrbal (Austrália) distingue os tempos futuro versus não-futuro, com o uso do não-futuro para os eventos no passado e no presente (DIXON, 1972, apud CHUNG & TIMBERLAKE, 1985, p. 204). Por exemplo: 
1a. balga¯ ‘Ele baterá’ 
1b. balgan ‘Ele bateu/ está batendo’ 
2a. bani¯ ‘Ele virá’ 
2b. bani¯u ‘Ele veio/ está vindo’ 
Por outro lado, o Yidi¯ (Autrália) distingue tempo passado versus não-passado (Dixon, 1977). O passado é usado para eventos antes do momento da fala, seja em andamento ou concluído. O não passado é usado para eventos no presente, ou para eventos futuros que estão iminentes no presente: 
1a. Nayu gundi: ¯ 
Eu voltar(PAS) 
‘Eu voltei’ 
1b. Nayu gundiN-ala 
Eu voltar(NÃO-PAS)-agora 
‘Eu estou voltando agora’/ ‘Eu estou prestes a voltar agorar’ 
• Outra possibilidade, que podemos identificar nas línguas, é a distinção entre presente e não-presente. Em tal sistema, as ações de “passado” e “futuro” seriam codificadas da mesma forma: 
não-presente presente não-presente 
-------------------------⏐------->------⏐-------------------- 
• Algumas línguas fazem várias distinções de tempo. Apesar de algumas línguas demonstrarem ter até cinco distinções de tempo futuro, parece que nunca se tem, em uma mesma língua, mais distinções no futuro do que no passado. Por exemplo, o Yagua (Peru) permite cinco distinções de tempo passado e duas para o futuro: 
Passado um ano um ano uma semana hoje/ futuro futuro 
distante ⏐ antes ⏐ depois ⏐ antes ⏐ ontem ⏐ “agora” ⏐ imediato ⏐ 
----------⏐-------------⏐------------⏐--------------------⏐--------------⏐------------⏐------------⏐----------------- 
Ressalta-se que as operações de TAM (tempo, aspecto e modo) são, normalmente, associadas à palavra verbal (para as línguas polissintéticas) ou ao sintagma verbal (para as línguas isolantes). Em Inglês, por exemplo, o tempo pode ser expresso lexical, morfológica ou analiticamente: 
Is > was pas. : lexical 
walk > walked pas. : morfológico 
see > will see futuro: analítico 
O Espanhol e o português apresentam manifestações lexicais e morfológicas de tempo: 
Ir > fue “ir” > “foi” pas.: lexical 
Hablar > habló “falar > “falou” pas.: morfológico 
• Observe-se que, em relação à marcação de tempo, os marcadores de tempo futuro, muitas vezes, derivam historicamente de verbos significando ‘querer’, ‘vir’ ou ‘ir’. 
Em Swahili (Bantu, África Oriental) 
a. a-taka ku-ja 
3-querer INF-vir 
‘Ele/Ela quer vir’ 
b. a-taka-ye ku-ja 
3-querer-REL INF-vir 
‘(É) Ele/Ela quem virá’ 
c. a-ta-ku-ja 
3-FUT-INF-vir 
‘Ele/ela virá’ 
O exemplo (a) ilustra uma oração com a forma taka funcionando como um verbo significando "querer". Na oração relativa (b), a forma ainda é taka, mas já não significa "querer"; ao contrário, ele expressa o futuro simples. O exemplo (c) ilustra a forma totalmente gramaticalizada ta- funcionando como um prefixo de tempo no verbo principal. O prefixo ku- não funciona mais como marca de infinitivo, mas é simplesmente um reflexo da antiga estrutura do sintagma verbal. 
Em Bambara (África Ocidental), e em muitas outras línguas, o marcador de tempo futuro é a mesma forma do verbo que significa “vir”: 
a. a bE na 
3SG PRES vir 
‘Ele/Ela está vindo’ 
b. a na taa 
3SG vir ir 
‘Ele/Ela irá’ 
c. a na na 
3SG vir vir 
‘Ele/Ela virá’ 
O exemplo (a) ilustra uma frase simples com o verbo na que significa "vir". O exemplo (b) ilustra na funcionando como um marcador de tempo futuro. Em (c), ocorre na como marcador de tempo futuro e com a função de verbo principal. 
Referências 
PAYNE, Thomas E. Describing morphosyntax. Cambridge: Cambridge University Press. 2006. 
CHUNG, Sandra & TIMBERLAKE, Alan. Tense, aspect and mood. In: SHOPEN. Vol. III., 1985.
4.3.2 Aspecto Verbal
No que se refere ao estudo de valor e emprego dos tempos verbais, é possível perceber diferenças entre o pretérito perfeito e o pretérito imperfeito do indicativo. A diferença entre esses tempos é uma diferença de aspecto, pois está ligada à duração do processo verbal. Observe:
- Quando o vi, cumprimentei-o.
O aspecto é perfeito, pois o processo está concluído.
- Quando o via cumprimentava-o.
O aspecto é imperfeito, pois o processo não tem limites claros, prolongando-se por período impreciso de tempo.
O presente do indicativo e o presente do subjuntivo apresentam aspecto imperfeito, pois não impõem precisos ao processo verbal:
- Faço isso sempre.
- É provável que ele faça isso sempre.
Já o pretérito mais-que-perfeito, como o próprio nome indica, apresenta aspecto perfeito em suas várias formas do indicativo e do subjuntivo, pois traduz processos já concluídos:
- Quando atingimos
o topo da montanha, encontramos a bandeira que ele fincara ( ou havia fincado) dois dias antes.
- Se tivéssemos chegado antes, teríamos conseguido fazer o exame.
Outra informação aspectual que a oposição entre o perfeito  e imperfeito pode fornecer diz respeito à localização do processo no tempo. Os tempos perfeitos podem ser usados para exprimir processos localizados nos ponto. Os tempos perfeitos podem ser usados para exprimir processos localizados num ponto preciso do tempo:
 - No momento em que o vi, acenei-lhe.
- Tinha-o cumprimentado logo que o vira.
Já os tempos imperfeitos podem indicar processos frequentes e repetidos:
- Sempre que saía, trancava todas as portas.  
O aspecto permite a indicação de outros detalhes relacionados com a duração do processo verbal. Veja:
- Tenho encontrado problemas em meu trabalho.
Esse tempo, conhecido como pretérito perfeito composto do indicativo, indica um processo repetido ou frequente, que se prolonga até o presente.
- Estou almoçando. 
A forma composta pelo auxiliar estar seguido do gerúndio do verbo principal indica um processo que se prolonga. É largamente empregada na linguagem cotidiana, não só no presente, mas também em outros tempos (estava almoçando, estive almoçando, estarei almoçando, etc.).
	Obs.: em Portugal, costuma-se utilizar o infinitivo precedido da preposição a em lugar do gerúndio.
Por exemplo: Estou a almoçar.
- Tudo estará resolvido quando ele chegar. Tudo estaria resolvido quando ele chegasse.
As formas compostas: estará resolvido e estaria resolvido, conhecidas como futuro do presente e futuro do pretérito compostos do indicativo, exprimem processo concluído - é a ideia do aspecto perfeito - ao qual se acrescenta a noção de que os efeitos produzidos permanecem, uma vez realizada a ação. 
- Os animais noturnos terminaram de se recolher mal começou a raiar o dia.
Nas duas locuções destacadas, mais duas noções ligadas ao aspecto verbal: a indicação do término e do início do processo verbal.
- Eles vinham chegando à proporção que nós íamos saindo.  
As locuções formadas com os auxiliares vir e ir exprimem processos que se prolongam. 
- Ele voltou a trabalhar depois de deixar de sonhar projetos irrealizáveis.
As locuções destacadas exprimem o início de um processo interrompido e a interrupção de outro, respectivamente.
Papéis semânticos e sintáticos
Papéis semânticos versus Relações gramaticais
• Sabe-se que as línguas variam quanto ao grau de correlação entre relações gramaticais (por ex. sujeito e objeto) e papéis semânticos (por ex. agente, paciente, etc). Línguas como inglês e português, por exemplo, apresentam pouca correlação entre relações gramaticais e papéis semânticos: 
(1) João abriu a porta com a chave. (6) John opened the door with the key.
(AGENTE) 					(AGENTE)
(2) A chave abriu a porta. (7) The key opened the door.
(INSTRUMENTO)				(INSTRUMENTO)
(3) A porta abriu. (8) The door opened. 
(PACIENTE)					(PACIENTE)
4) O vento abriu a porta. (9) The wind opened the door.
(FORÇA)						(FORÇA)
5) Joãoviu o menino.		 (10) Johns awtheboy.
EXPERIENCIADOR)			(EXPERIENCIADOR) 
Papéis Semânticos 
Papéis semânticos (= papéis temáticos; relações temáticas)
“relação de significado que liga uma palavra que exprime ação, estado ou um evento (muitas vezes um verbo, mas nem sempre) com as unidades que exprimem os participantes dessa ação, estado ou evento”(Perini, 2006, p. 121). Cada sintagma constituinte de uma oração (exceto o próprio verbo) tem um papel temático dentro da oração (op. cit., p. 127).
Alguns dos principais papéis temáticos apresentados por diferentes autores, como Perini (2006) e Blake (1994), são:
- Agente: entidade que realiza uma ação ou provoca uma mudança de estado (Blake, 1994):
Ana quebrou o copo. 
A multidão aplaudiu. 
O sol derreteu o gelo.
Conforme Perini (2006), paciente “é a entidade que o sofre o efeito de uma ação ou evento, mudando de estado em consequência dela”:
O peso das caixas amassou o livro. 
O livro amassou. 
A criança amassou o livro.
Conforme Blake (1994, p. 68), paciente caracteriza-se como:
entidade existente em um estado ou em fase de mudança
O céu está azul. 
A chama brilhante cresceu. 
(ii) entidade localizada ou em movimento:
O leão está na caverna. 
Ele moveu a pedra. 
(iii) entidade afetada ou realizada por outra entidade:
O pássaro comeu a minhoca. 
O pássaro cantou uma música. 
- Experienciador: é uma entidade capaz de sentir experiências sensoriais, mas que não tem controle sobre essas experiências; “ou de alguma outra forma éo locusde algum evento ou atividade que não envolve nem vontade nem mudança de estado”(PAYNE, 1997, p. 50).
 Rita ama João. 
 Rita viu João
 A explosão foi ouvida por Rita. 
 Rita sentiu cheiro de fumaça. 
Segundo Perini, em frases como Rita ama João e Rita viu João, nem Rita pratica uma ação, nem João a sofre, mudando de estado. Nesses casos, é melhor dizer que João afetou (involuntariamente) Rita do que o oposto.
Existem muitas línguas que têm construções muito semelhantes com os verbos que se referem a vários tipos de experiências e sentimentos humanos, basicamente. Na maioria dos casos, a entidade que é o causador de experiência é marcado como sujeito e o experienciador (geralmente humano), como um dativo. Desse modo, conforme Shibatani (1985, apud PALMER, 1994, p. 40), tem-se os seguintes exemplos:
 Em Espanhol:
 Me gusta la cerveza 
 I+DAT like the beer 
‘I likethebeer’(sic) (‘Eu gosto de/da cerveja’)
•Me = Dat.; experienciador 
•La cerveza= Suj.; causador de experiência
Em Russo: 
Mne nravitsja kniga 
I + DAT like book 
‘I like the book’(sic) (‘Eu gosto de livro’)
Em Turco:
Ban-a para lâzim 
I-DAT money need 
‘I needmoney’(‘Eu preciso de dinheiro’)
Em Japonês:
Boku ni eigo ga wakaru 
I DAT English NOM understand 
‘I understand English’ (‘Eu entendo inglês’)
Boku ni = DAT.; experienciador 
Eigo ga = SUJ.; causador de experiência
- Instrumento: “relaciona o verbo com um objeto (concreto ou não) utilizado para desempenhar uma ação (Perini, 2006)”; “é o meio pelo qual uma ação ou mudança de estado é realizada”(Blake, 1994, p. 69). 
Ela esmagou a pedra com um chinelo. 
Ele abriu a janela com o alicate.
Local: especifica o lugar em que se dá o evento ou estado expresso pelo verbo. Conforme alguns autores, o papel temático local pode se referir a local, bem como a tempo, fazendo, assim, a distinção entre função espacial e função temporal (Blake, op. cit.).
Elas moram em Natal. 
O vaso está na mesa. 
O Aniversário de Rita caiu no domingo.
Localizando: “é o elemento cuja posição é expressa, ou seja, do qual se indica a localização” (Perini, 2006)
A caixa está na mesa. 
Eu estava com a solução na cabeça. 
Fonte: é a origem de um movimento. 
João viajou, durante dois dias, de Belém a Fortaleza.
Meta: é o destino final de um movimento.
João viajou, durante dois dias, de Belém a Fortaleza.
Conforme Perini, esse movimento pode ser real ou metafórico. Sendo assim, em:
O professor ensinou a matéria aos alunos. 
 fonte meta 
Os alunos passaram do entusiasmo ao tédio.
 fonte meta 
- Beneficiário: é uma entidade animada em favor da qual é exercida uma atividade.
Ela fez a blusa para sua mãe.
Papéis temáticos múltiplos
•É possível termos também mais de um papel temático para o mesmo sintagma. Por exemplo:
O professor ensinou a matéria aos alunos
 fonte/agente meta
Papéis pragmáticos
Papéis pragmáticos podem ser compreendidos como as diferentes formas em que essencialmente a mesma informação, ou o mesmo conteúdo semântico, pode ser estruturado de formas distintas para refletir o fluxo de informações velhas e novas (COMRIE, 1989). A correlação entre relações gramaticais e papéis pragmáticos também varia de acordo com a língua.
Em exemplos como (1a/2a) os interlocutores compartilham a 
informação de que alguém viu Marcos, mas não de quem foi especificamente a pessoa que viu Marcos.
(1) a. —Quem viu Marcos? (2) a. — Who did see Mark? 
 b. —[O João]FOCo viu. b. —[John]FOC saw him.
- O assunto sobre o que trata a sentença é o que se convencionou chamar tópico (sentencial) –“aquilo sobre o que se fala”–, ou seja, a informação velha, enquanto que o resto da sentença se convencionou chamar comentário –“o que se diz de algo”–, ou seja, a informação nova.
- Outra distinção entre tópico e comentário pode ser ilustrada com os 
exemplos (3) e (4):
(3) a. —... e que tal Maria?
b. —[A Maria] [continua viajando] 
 Top Com
(4) a. —... and what about Mary?
b. —[Mary] [still is traveling]
 Top Com
 
Sabemos que ao tratarmos das funções pragmáticas, não estamos restritos apenas aos sintagmas nominais – ao contrário dos papéis semânticos –, uma vez que a informação nova pode ser o sintagma verbal, como em (5) e (6), ou até mesmo toda a frase, como em (7) e (8). No entanto, para o que estamos tratando aqui, interessa-nos as funções pragmáticas de sintagmas nominais:
(5) a. O que (foi que) o João fez? 
b. –O João/ele[foi direto para casa].
Top Com 
(6) a. What did John do? b. –John/he[went straight home].
Top Com
(7) a. O que aconteceu? 
b. O João foi direto para casa.
Com
(8) a. What happened? b. –[Johnwent straight home]
Com
 
Em diferentes línguas, como o português, a maioria dos termos da oração podem ser“ topicalizados”, ao serem colocados no início da sentença: 
(9) a. João quebrou a janela
 pac.
b. A janela, João quebrou
 pac.
(10) a. Eu só tomo café de manhã cedo
 pac.
b. Café eu só tomo de manhã cedo
 pac.
c. De manhã cedo, eu só tomo café
(11)a.Eu conheço o João
pac.
b. O João, eu conheço.
 pac.
 
Casos morfológicos 
- O termo ‘caso’éusado para a categoria flexional, basicamente de substantivos, que geralmente marca o seu papel em relação a outras partes da oração. 
- As relações gramaticais nem sempre estão intimamente associadas aos casos morfológicos(i.e. às marcas de caso que consistem de formas morfológicas que ocorrem nos SN sujeito, SN objeto direto, SN objeto indireto etc.). 
Em russo, por exemplo, em frases afirmativas, o objeto direto normalmente é marcado pelo caso acusativo, mas, em frases negativas, o objeto direto pode vir morfologicamente tanto pelo caso acusativo como pelo caso genitivo.
Observe-se que, nos exemplos abaixo, a palavra para 'boné' em russo leva o caso acusativo -u, em (a), mas a mesma palavra leva o caso genitivo -i, em (b). 
Em ambos os casos, a palavra para 'boné' é o objeto direto do verbo; a única diferença é que no primeiro caso a sentença é afirmativa, enquanto que no segundo caso ela é negativa. 
(a) Mas.a kupilas.apku 
'Masha comprou um boné' 
(b) Mas.a nekupilas.apki 
'Masha não comprou um boné‘
 
“O LATIM E OS DIALETOS 
O latim era a língua falada no Lácio (Latium), região central da Itália, onde fica a cidade de Roma. Mas não era a única língua falada na península itálica, onde também se falava o osco, o umbro, o etrusco e também o grego. No entanto, o latim prevaleceu sobre as demais, ajudada pelas grandes conquistas militares dos romanos. 
O latim, como idioma, existia desde os tempos pré-históricos, porém foi a partir do século III a.C. que passou a adquirir uma forma literária, construindo-se aos poucos uma gramática com regras explícitas, cuja consolidação se deu por volta do século I a.C., que é considerado o período clássico do latim. 
Quando nos referimos ao latim clássico, estamos nos referindo ao latim da época de Cícero, César, Sêneca, ou seja, ao da época do apogeu do império romano. No entanto, ao lado desta língua erudita, castiça, falada e escrita pelas pessoas letradas, havia o latim popular, que assumia formas mais livres e sem a precisão das regras gramaticais, falada pelas pessoas do povo e, principalmente, pelos soldados romanos, que participavam das guerras de conquistas. 
Foi desta língua popular, no confronto com outros idiomas falados nas diversas localidades por onde passou o rolo compressor das legiões romanas, que se originaram as línguas românicas, dentre elas, o português, o espanhol, o francês, o italiano. 
Paralelamente a isto, a partir do século III d.C., com a expansão do cristianismo pelo império romano, temos o período cristão da língua latina, representado pelos escritores eclesiásticos a partir de então, sobretudo Santo Agostinho, São Jerônimo, Tertuliano, Santo Ambrósio, dentre outros. Este latim com influências eclesiásticas foi o que mais predominou no ensino do latim em nosso meio, de modo especial com a matiz italiana da pronúncia, ensinada nas escolas brasileiras até o início dos anos 60. 
Elementos de gramática básica 
1. Declinações 
O latim é uma língua declinável. Isto significa que a terminação ou desinência da palavra se modifica de acordo com a sua função sintática na oração. Por exemplo, a palavra ''puella'' (garota) se escreve assim se for sujeito na frase.
Se for objeto indireto, escreve-se ''puellae'' e se for objeto direto, escreve-se ''puellam''. Outro exemplo: a palavra ''puer'' (garoto) será escrita assim, se for sujeito; ''puero'', se for objeto indireto e ''puerum'' se for objeto direto.
A forma básica da palavra é sempre aquela que ela assume quando exerce a função de sujeito. As demais são formas derivadas. O latim possui cinco declinações, que se distinguem pela terminação da palavra na sua forma básica e primeira derivação. Ao consultar uma palavra num dicionário latino, ela está geralmente na sua forma básica, indicando-se logo a seguir a primeira derivação. Nos casos já citados acima, a palavra ''garota'' aparece assim: ''puella, ae'' e a palavra ''garoto'' aparece assim: ''puer, i''. Veja a tabela das declinações, para melhor compreensão. 
EXPLICAÇÕES GERAIS SOBRE DECLINAÇÕES, DESINÊNCIAS E 
CASOS 
O latim é uma língua declinável. Isto significa que a terminação das palavras muda de acordo com a sua função dentro da frase. Da mesma maneira como os verbos assumem uma forma diferente para cada pessoa (eu, tu, ele, nós, vós, eles), os substantivos e adjetivos em latim também alteram a terminação de acordo com o contexto. A isto se chama ‘declinação’. 
As declinações se identificam pelas desinências. Chama-se ‘desinência’ à parte final da palavra, que se altera de acordo com a sua função sintática; chama-se ‘radical’ à parte fixa da palavra. Assim, todas as palavras têm um radical e uma desinência. Isto vale para todas: verbos, substantivos e adjetivos. Note ainda que os verbos se conjugam, enquanto as outras palavras se declinam. 
No latim, há cinco declinações, dentro das quais se enquadram todas as 
palavras. Cada declinação tem seis casos, assim identificados: 
CASO 
FUNÇÃO DA PALAVRA 
Nominativo 
sujeito e predicativo do sujeito (ex.: Maria é bonita). 
Vocativo 
exclamação, interpelação (ex.: Ó Maria, és bonita). 
Acusativo 
objeto direto (ex.: Amo Maria) 
Dativo 
objeto indireto (ex.: Dei uma rosa a Maria) 
Genitivo 
possessivo, complemento do nome (ex.: A casa de Maria) 
Ablativo 
indica modo, meio, origem, condição, lugar, tempo. 
A regra básica para se identificar a que declinação pertence uma palavra é verificar a sua desinência do genitivo singular. Nos dicionários,
a palavra sempre aparece na sua forma do nominativo, seguida pelo genitivo. Portanto, assim se reconhecem as declinações das palavras: 
1a. declinação 
desinência do genitivo singular em ‘æ’; 
2a. declinação 
desinência do genitivo singular em ‘i’; 
3a. declinação 
desinência do genitivo singular em ‘is’; 
4a. declinação 
desinência do genitivo singular em ‘us’; 
5a. declinação 
desinência do genitivo singular em ‘ei’. 
Pergunta: por que se usa o genitivo para identificar as declinações e não o nominativo, que é a forma original da palavra? 
Resposta: porque em algumas declinações, o nominativo assume
terminações diversas, mas no genitivo a terminação é sempre a mesma.”
 
ROTEIRO DE ATIVIDADES N.º 3
Qual(is) a(s) diferenças entre os sistemas nominativo-acusativo e ergativo-absolutivo?
Em “O gato arranhou Toninho”, quais os papéis temáticos (semânticos) desempenhados por O gato e Toninho, respectivamente?
Em “Toninho foi arranhado pelo gato”, quais os papéis sintáticos e temáticos (semânticos) desempenhados, respectivamente, por Toninho e gato?
Em “Alda pagou oito mil reais a Renato por um carro”, quais as funções temáticas desempenhadas por Alda e Renato, respectivamente?
Em “... e que tal André?
André ficou rico”, qual o tópico e qual o comentário.
�[3] Língua da família Karíb, situada ao sul do rio Amazonas, precisamente no alto Xingu. Esta língua é estudada por Bruna Franchetto - Museu Nacional/UFRJ, de onde foram retirados os dados.

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