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ABANDONO AFETIVO: VALORES OU “VALORES”?

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ABANDONO AFETIVO: VALORES OU “VALORES”? 
GT4: DIREITO DE FAMÍLIA E SUCESSÕES 
Esp. Tatiana Manna Bellasalma e Silva (FAMMA/UNICESUMAR)
Georges Rodrigo Nogueira de Oliveira (FAMMA)
Gleysa Taíz Machado de Almeida (FAMMA)
RESUMO: A questão do abandono afetivo está enraizado na sociedade desde a época em que a quantidade de filhos era sinônimo de mão de obra. Há pessoas que não estão prontas, disponíveis ou tem a capacidade de amar, dar afeto. Sabe-se que é na família que acontece o primeiro contato com o mundo, que é nela que nascem as primeiras responsabilidades e deveres, as noções de relacionamentos sociais e morais, que mais do que ensinamentos, é na convivência, nos exemplos diários que se forma a personalidade de uma criança. O descaso dos genitores para com seus filhos, não é nenhuma novidade nesta sociedade em que o avanço tecnológico e o desenvolvimento econômico, fazem desta, um ambiente cada vez mais frio, afetivamente, e menos humanizado. A afetividade tem sido figurada como princípio constitucional implícito. Mas, como obrigar um pai ou uma mãe a dar carinho, atenção e a amar um filho? Quais critérios a serem adotados para fixar o quantum nessa relação, que teoricamente, deveria ser espontânea, natural? O dever de assistência material, é fundamental para o desenvolvimento do filho, é inquestionável e é de direito. Mas, como tornar real a obrigação afetiva desses pais? Ninguém consegue obrigar outra pessoa a amar, dar carinho, atenção, a ter afeto por outro. Como transformar tais valores (afetivos) em “valores” (monetários)? Os pais têm o dever de dar condições para que seus filhos tenham um bom desenvolvimento físico, psíquico e moral, e isso está intimamente vinculado aos cuidados oferecidos nos primeiros anos de vida. Faltar com essa responsabilidade, além de reprovável, é imoral. Porém, conviver sob o mesmo teto não significa, necessariamente, que a prole terá a assistência moral e material que precisam. Muitos genitores, que moram longe de seus filhos, os assistem efetivamente de maneira eficaz, diferentemente de outros, que mantem de maneira superficial, o contato diário. O sentimento de rejeição está acima de qualquer parecer, sentença ou ordem jurídica, sendo que as consequências desses “desafetos” são incomensuráveis. Ao contrário de outros ramos do direito, a principal dificuldade é a de levar a responsabilidade civil para o Direito de Família, por se tratar de relações familiares e de cunho existencial. Admitir que haja reparação civil, é o mesmo que dar ensejo a monetarização das relações familiares. A indenização seria uma ação educativa, punitiva, uma maneira de fazer com que os genitores sintam-se responsáveis pelo desenvolvimento emocional de seus filhos. As consequências do abandono afetivo serão carregadas ao longo da existência de cada ser, que sentiu o peso da palavra “rejeição”. 
PALAVRAS-CHAVE: Abandono. Filhos. Afetividade.
PROBLEMA DA PESQUISA: Existe diferença entre valores (afetivos) e valores (monetários)? O afeto pode ser valorado e a reparação pecuniária é eficaz?
OBJETIVOS: Busca demonstrar que o valor recebido nesse tipo de ação judicial, não apagará as cicatrizes provocadas pela ausência de afetividade, podendo inclusive, aumentar o abismo afetivo entre as partes. Ainda, tem como objetivo, salientar que o “amor” é algo que acontece ou não, inclusive nas relações entre pais e filhos, que não há qualquer fundamento a crença, que permeia o senso comum, de que o “amor parental” seja incondicional, espontâneo, natural, pois quando se trata de relacionamentos humanos há espaço para o incompreensível, injustificável. E que, em muitas situações, até mesmo o genitor não é capaz de explicar tais comportamentos, ou a ausência deles. Nem todos estão prontos, disponíveis ou têm a capacidade de amar e dar afeto.
REFERÊNCIAS TEÓRICOS METODOLÓGICAS: Foi empregado o método teórico, consistente na pesquisa de obras, periódicos e documentos eletrônicos que abordam o tema.
RESULTADOS ALCANÇADOS: O presente trabalho não questiona o dever do genitor de ter o filho em sua companhia, tanto que a visitação tem sido entendida como um direito, um dever. A dificuldade se encontra em exigir a qualidade afetiva dessa convivência, até pela complexidade existente em conceituar “convivência ideal”. Como obrigar a uma prestação cujo o cumprimento não pode ser mensurado? É inegável que o abandono afetivo causa danos aos filhos, variando de acordo com as características pessoais de quem sofreu e/ou sofre pela ausência alheia. Todavia, o valor recebido em ações judiciais, não apagará cicatrizes provocadas pela ausência de afeto.
BIBLIOGRAFIA:
BARROS, Sérgio Resende de. A ideologia do afeto. Porto Alegre: Revista Brasileira de Direito de Família, 2002.
BARBOZA, Heloisa Helena. Paternidade Responsável: o Cuidado como Dever Jurídico. In: PEREIRA, Tânia da Silva; OLIVEIRA, Guilherme de., coordenadores. Cuidado e Responsabilidade. São Paulo: Atlas, 2011.
FERMENTÃO, Cleide Aparecida Rodrigues Gomes; LOPES Sarila Hali Kloster. O dever da prestação de afeto na filiação como consequência da tutela jurídica da afetividade. Disponível em http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=ddcbe25988981920 Data de acesso: 20/10/2014
VIII Simpósio Jurídico da FAMMA: Políticas Públicas
Maringá – Paraná - Brasil

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