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Bioenergética: Metabolismo e Glicólise

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Bioquímica 2
Bioenergética							 Stéphanie Casali
METABOLISMO
O metabolismo ocorre por meio de uma série de reações catalisadas por enzimas. Cada uma das etapas consecutivas em uma via metabólica produz uma pequena alteração química específica, em geral a remoção, a transferência ou a adição de um átomo ou um grupo funcional.
O catabolismo é a fase de degradação do metabolismo, na qual moléculas nutrientes orgânicas são convertidas em produtos finais menores e mais simples. As vias catabólicas liberam energia, sendo uma parte conservada em ATP e transportadores de elétrons reduzidos e a outra perdida na forma de calor. 
No anabolismo, precursores pequenos e simples formam moléculas mais complexas. As reações anabólicas necessitam de fornecimento de energia. 
A maioria das células possui enzimas para realizar tanto a degradação quanto a síntese das categorias importantes de biomoléculas. No entanto, a síntese e a degradação simultânea seria inútil, sendo prevenida pelo sistema de regulação. 
	
ENERGIA
De acordo com a segunda lei da termodinâmica, o universo sempre tende para o aumento de desordem (entropia, S). Porém, os organismos vivos são extremamente organizados, como é possível sem violar a 2a lei? A constante interação entre sistema e o meio explica como o organismos podem se auto organizar enquanto operam de acordo com a 2a lei da Termodinâmica. Os organismos vivos preservam sua organização interna por captarem a energia livre do meio na forma de nutrientes ou luz solar, e devolverem a ele uma quantidade de energia igual, na forma de calor e entropia.
Energia livre de Gibbs, G
Expressa a quantidade de energia capaz de realizar trabalho biológico durante uma reação a temperatura e pressão constantes. Quando uma reação ocorre com a liberação de G, a variação de energia livre, ΔG, é negativa e a reação é exergônica. Nas reações endergônicas, o sistema adquire energia livre e o ΔG é positivo.
A energia que as células podem e devem utilizar é a energia livre de Gibbs. As células heterotróficas adquirem energia livre a partir das moléculas de nutrientes e as células fotossintetizantes adquirem energia livre da radiação solar absorvida. Os dois tipos de células transformam essa energia livre em ATP e em outros compostos ricos em energia, capazes de fornecer energia para a realização de trabalho biológico em temperatura constante.
ΔG = ΔH - TΔS
ΔG’° = - RT ln K’eq
Quando o K > 1,0, o ΔG é negativo e a reação ocorre no sentido direto, pois os produtos contêm menos energia livre que os reagentes reação espontânea
Quando o K = 1,0, o ΔG é zero e a reação está no equilíbrio
Quando o K < 1,0, o ΔG é positivo e a reação ocorre no sentido inverso, pois os produtos contêm mais energia livre que os reagentes. reação não espontânea
GLICÓLISE 
A glicose não é só um excelente combustível, sendo também um percursor versátil, capaz de suprir uma enorme variedade de intermediários metabólicos em reações biossintéticas.
Em animais e vegetais vasculares, a glicose possui quatro destinos principais: ela pode ser usada na síntese de polissacarídeos complexos direcionados aos espaço extracelular; ser armazenada na célula como polissacarídeo; ser oxidada a piruvato por meio da glicólise para fornecer ATP e intermediários metabólicos; ou ser oxidada pela via das pentoses-fosfato para a síntese de Ác.Nucléicos e NADPH para processos biossintéticos redutores.
A glicólise é o processo que ocorre no citosol pelo qual a glicose é degrada em uma serie de reações catalisados por enzima, gerando duas moléculas de piruvato. Durante essas reações, parte da energia livre é conservada na forma de ATP e NADH. A quebra glicolítica da glicose é a única fonte de energia metabólica em alguns tecidos e células de mamífero, como nos eritrócitos, na medula renal, no cérebro e no esperma.
A quebra de glicose em duas moléculas de piruvato ocorre em 10 etapas, sendo as 5 primeiras constituintes da fase preparatória e as outras 5 da fase de compensação. 
Fase preparatória: a energia do ATP é consumida, aumentando o conteúdo de energia livre dos intermediários.
A D-glicose é ativada, fosforilada pela hexocinase no grupo hidroxil do C-6, originando a D -Glicose 6 –fosfato. O ATP doa grupo fosforil.
A D-glicose – 6- fosfato é assim convertida a D – frutose – 6 –fosfato, com o auxílio da fosfo-hexose-isomerase.
A frutose–6 –fosfato é também fosforilada pela fosfofrutocinase-1 (PFK1), desta vez no C-1, formando a frutose -1,6 – bifosfato. O ATP doa grupo fosforil.
A Frutose – 1,6 – bifosfato é dividida em 2 moléculas de três carbonos, a diidroxiacetona – fosfato e o gliceraldeído – 3 – fosfato, com o auxílio da aldolase.
Nesta etapa, a diidroxiacetona – fosfato é isomerizada pela triose-fosfato-isomerase a uma segunda molécula de gliceraldeído- 3 –fosfato. 
Fase de compensação: ganho de energia livre de Gibbs.
Cada molécula de gliceraldeído – 3 – fosfato é oxidada e fosforilada (adição de fosfato inorgânico) em 2 moléculas 1, 3 – bifosfoglicerato, com o auxílio da gliceraldeído – 3 – fosfato desidrogenase. Há também a redução de duas moléculas de NAD+ em duas de NADH + H+.
Nesta etapa, há formação de 2 moléculas de ATP a partir da hidrólise e ionização dos dois 1,3 – bifosfoglicerato em dois 3-fosfoglicerato, com a ajuda da fosfogliceratocinase.
Essas duas moléculas de 3-fosfoglicerato são isomerizadas pela fosfogliceratomutase em 2-fosfoglicerato
A desidratação catalisada pela enolase transforma 2 – fosfoglicerato em fosfoenolpiruvato (PEP) e libera 2 H2O.
 Por último, as duas moléculas de (PEP) são hidrolisadas e tautomerizadas em duas moléculas de piruvato, liberando 2 moléculas de ATP e 2 de Pi. Essa reação é catalisada pela piruvatocinase.
Rendimento líquido: 2 moléculas de piruvato, 2 moléculas de ATP e 2 moléculas de NADH + H+. Esses dois últimos grupos são responsáveis por conservar a energia formada neste processo. No entanto, as duas moléculas de piruvato formadas ainda contêm a maior parte da energia potencial química existente na glicose.
Etapas irreversíveis: As fases 1, 3 e 10 são etapas irreversíveis, sendo assim alvos de regulação da glicólise.
O piruvato formado na glicólise é mais adiante metabolizado por, geralmente, três rotas metabólicas,. A primeira rota é a transformação de piruvato em acetil CoA, que é incorporado no ciclo do ácido cítrico e, culmina na fosforilação oxidativa. A segunda é a redução do piruvato a lactato por meio da fermentação láctica, o que regenera o NAD+. A terceira rota principal é a produção de etanol a partir de piruvato na fermentação alcoólica, que também regenera o NAD+. 
Em situações aeróbicas:
2 Piruvatos 2 Acetil CoA 4 CO2 + 4 H2O
Em situações anaeróbicas:
2 Piruvatos (lactato desidrogenase) 2 Lactatos (Regeneração de NAD+)
2 Piruvatos (piruvato descarboxilase) 2 Acetalaldeídos (álcool desidrogenase) 2 Etanóis (Liberação de CO2 e NAD+).
A fosforilação dos intermediários os retém no citoplasma das células, pois a membrana plasmática geralmente não tem transportadores para açúcares fosforilados. Assim, não é necessário gasto energético para reter esses intermediários dentro das células.
A energia de ligação resultante do acoplamento de grupos fosfato ao sítio ativo de enzimas reduz a energia de ativação e aumenta a especificidade das reações enzimática. Os grupamentos fosfato do ADP, do ATP e dos intermediários glicolíticos formam complexos com Mg2+ (protege as cargas negativas do grupo fosforil) , e os sítios de ligação ao substrato de muitas enzimas glicolíticas são específicos para esses complexos. Muitas enzimas da glicólise requerem Mg2+ para a sua atividade.
Isoenzimas: enzimas que catalisam a mesma reação química, mas atuam em diferentes tecidos e possuem diferentes composições de Aas.
Exemplo: A glicocinase a a hexocinase são isoenzimas que atuam, respectivamente, no fígado & pâncreas e nos demais órgãos. A hexocinase possui maior afinidade por glicose (menor Km), o que permite a
capitação preferencial de glicose pela maioria dos tecidos. Somente o excesso é então capitado pelas células do fígado, que o transformam em glicogênio. Uma outra diferença é o fato da glicocinase não ser inibida pelo seu produto, a glicose – 6 – fosfato, o que permite que haja a estocagem sem a inibição da própria enzima.
Proteínas GLUT: Na falta de glicose, as ptns GLUT 4 (sensíveis a insulina) são armazenadas em vesículas no citoplasma das células musculares, e adiposas. Na presença de glicose no sangue e, portanto, produção de insulina esses transportadores são liberados e se tornam ptns de membrana, capazes de capitar glicose para dentro das células.
A entrada de glicose nas células β do pâncreas pela GLUT 2 aumenta a produção de ATP e NADH, o que bloqueia a saída de K+ e permite a entrada de Ca++. Esse processo ativa a liberação de vesículas com insulina (exocitose), estimulando a ida de GLUT 4 para a membrana nas demais células.
REGULAÇÃO METABÓLICA
Manipulação da velocidade e sentido das reações de degradação de glicose, a fim de manter a homeostasia. Foco: enzimas catalisadoras das reações irreversíveis, PFK1, hexocinase e piruvatocinase. As enzimas podem ser alteradas em sua quantidade ou em sua atividade.
As enzimas podem ser reguladas de forma alostérica, alterando sua atividade, de duas maneiras. A primeira, por alterações na concentração local de uma molécula pequena - um substrato da via na qual sua reação é uma das etapas (ex.: glicose), um produto da via (ex.: ATP) ou um cofator que indica o estado metabólico da célula (ex.: NADH). A outra é por segundos mensageiros intracelulares (AMPc e Ca2+) em resposta a sinais extracelulares (ex.: hormônios, fatores de crescimento). 
Já o número de moléculas de uma determinada enzima em uma célula é função das taxas relativas de síntese e degradação desta enzima. A taxa de síntese pode ser ajustada pela ativação ou repressão por um fator de transcrição, que é uma ptn nuclear que quando ativada se liga a regiões específicas do DNA. Uma outra forma de ajustar a síntese é na regulação da tradução dos RNAm e no aumento da degradação da enzima. É importante se ressaltar que ainda há outras formas de regular a quantidade e a atividade enzimática na células.
Via Reguladora da Glicólise
A frutose – 2,6 - bifosfato
Complexo enzimático bifuncional: PFK2 + Frutose – 2,6 - bifosfatase
A PFK2 é a enzima que catalisa a reação de frutose – 6 – fosfato em frutose – 2, 6 – bifosfato. 
A frutose – 2, 6 – bifosfatase degrada a frutose – 2,6 – bifosfato em frutose – 6 – fosfato. 
 PFK2
ATP ADP
F26BP
As duas vias não ocorrem ao mesmo tempo para não haver um ciclo fútil, envolvendo um gasto desnecessário de ATP. Para evita-lo, a célula possui um mecanismo de modificação covalente por meio da fosforilação e da desfosforilação.
Com a baixa concentração de glicose no sangue e a produção de glucagon pelo pâncreas, uma proteína quinase fosforila o complexo, ativando a frutose – 2, 6 – bifosfatase. Esta ptn age na frutose – 2, 6 – fosfato, degradando-a. Desta forma, a PFK1 tem seu Km aumentado, o que de certa forma bloqueia a glicólise.
Já em altas concentrações de glicose no sangue e produção de insulina pelo pâncreas, uma proteína fosfatase desfosforila o complexo, ativando a PFK2. Esta ptn age na frutose – 6 – fosfato, aumentando a produção de frutose – 2, 6- fosfato. Com isso, a PFK1 tem seu Km diminuído, o que ativa a via glicolítica.
De que forma o glucagon atua na proteína cinase?
A entrada de glucagon na célula ativa a hidrólise pela adenilato ciclase de ATP em cAMP, uma espécie de 2o mensageiro. O cAMP é quem ativa a ptn quinase, desencadeando a fosforilação do complexo PFK2-F26BP.
PRODUÇÃO DE ACETIL COA
NAD+ NADH
Piruvato + CoASH Acetil CoA + CO2
Complexo piruvato –
Desidrogenase
(E1 + E2 + E3)
 
TPP = pirofosfato de tiamina, estabiliza o carbônio do piruvato
Vitamina B1 TPP
O complexo piruvato desidrogenase fica inativo quando fosforilado e ativo desfosforilado.
PD fosfatase desfosforilação PD ativa
+ Mg+
PD quinase fosforilação PD inativa
- NAD, CoA, Piruvato
+ NADH, Acetil CoA
Corpos Cetônicos
Moléculas sintetizadas no fígado: Acetoacetato, acetona e ß-Hidrobutirato.
Ácidos graxos acetil CoA Corpos cetônicos
Em situações emergenciais, essas moléculas podem servir de fonte energética para o cérebro, que não aceita a entrada de ácidos graxos (barreira hematoencefálica). Ao chegar no cérebro, os corpos cetônicos são então reconvertidos em acetil CoA e o processo de síntese de ATP continua.
CICLO DE KREBS
A função do ácido ciclo de Krebs é colher elétrons de alta energia de moléculas energéticas. Além de ser a continuação do metabolismo anaeróbico, esse processo também é uma importante fonte de precursores, não somente para as formas de armazenamento de energia, mas também para o anabolismo de moléculas de aminoácidos, esteróis, bases nucléicas e porfirinas. Essas rotas adjacentes compõem o chamado metabolismo intermediário do Ciclo de Krebs. 
O ciclo por si próprio não gera uma grande quantidade de ATP, nem inclui o oxigênio como reagente. Na verdade, ele remove elétrons do acetil CoA e os utiliza para formar NADH e FADH2, que transportarão esses elétrons para a cadeia respiratória. 
Etapas:
Condensação pela citrato sintase do oxalacetato (4C) com o acetil CoA (2C), originando citrato e liberando CoA – SH, que volta à rota de formação de acetil CoA.
A isomerização do citrato (6C) é dividida em duas reações
Desidratação do citrato pela aconitase, formando [cis - aconitato], que não chega nem a sair do sítio ativo da enzima.
[cis – aconitato] é hidratado a isocitrato também pela aconitase
O isocitrato é descarboxilado oxidativamente a α-cetoglutarato pela isocitrato desidrogenase. Essa reação libera Co2 e NADH + H+.
Mais uma descarboxilação oxidativa ocorre nesta etapa. O α-cetoglutarato é transformado com a adição de CoA em Succinil – CoA pela ação da α cetoglutarato desidrogenase. Essa reação, portanto, também libera NADH+ H+ e Co2.
O succinil CoA é submetido a uma fosforilação a nível de substrato pela succinil CoA sintetase. Essa reação forma succinato e libera GTP (ATP) e CoA.
A desidrogenação do succinato pela succinato desidrogenase gera fumarato e FADH2. 
A fumarase catalisa a hidratação do fumarato em malato
Por último, o malato é desidrogenado e oxidado a oxalacetato pela malato desidrogenase. Essa reação libera NADH+ H+.
Sem a presença de O2, as moléculas de NAD+ não são regeneradas pela cadeia respiratória, travando o clico de Krebs. Obs: Efeito Warburg - mesmo em situações aeróbias, as células tumorais seguem a glicólise pela fermentação, sendo a regulação glicolítica alvo de terapias.
Irreversibilidade: etapas 1, 3 e 4
Rendimento por molécula de glicose: 6NADH + H+, 2FADH2, 2 ATP
Regulação do ciclo de Krebs
1) Citrato sintase: x NADH, succinil CoA, citrato e ATP
 + ADP
3) Isocitrato desidrogenase: x ATP
 + ADP, Ca2+
4) α Cetoglutarato desidrogenase: x Succinil CoA, NADH
 + Ca2+
Reações anapleróticas
Reações que nutrem o Ciclo de Krebs de oxalacetato
Fosfoenolpiruvato (PEP carboxilase) Oxalacetato
Fosfoenolpiruvato (PEP carboxicinase) Oxalacetato
Piruvato (Piruvato carboxilase) Oxalacetato
Piruvato (enzima málica) Malato (Malato desidrogenase) Oxalacetato
FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA
É o processo no qual se forma ATP quando se transfere elétrons de NADH ou FADH2 para O2 por uma série de transportadores de elétrons presentes na membrana mitocondrial.
Constituição da mitocôndria
A mitocôndria é formada por duas membranas (externa e interna), separadas por um espaço entre membranas. Sua membrana externa é lisa e permeável,
ao contrário da interna, cuja superfície é formada de cristas e é altamente impermeável.
Na membrana mitocondrial interna, há 4 complexos enzimáticos capazes de oxidar os transportadores de elétrons (NADH e FADH2), reduzindo os cofatores a eles acoplados. Esses quatro complexos são constituídos de três bombas de prótons e uma proteína periférica. Os complexos I, III e IV recebem elétrons do NADH e apenas o complexo II aceita os elétrons do FADH2. 
Transferência de elétrons pelos complexos
De um complexo para o outro, é necessário que haja carreadores especiais, capazes de carregar esses elétrons. Do complexo I para o III, a coenzima Q realiza esse papel sob a ação da enzima NADH desidrogenase. A ubiquinona, como também é conhecida, é estável em suas formas oxidada ou reduzida e é hidrofóbica. Por isso, se aloja no interior da membrana mitocondrial interna. O fluxo de dois elétrons do NADH para a coenzima Q leva ao bombeamento de quatro prótons para fora da matriz da mitocôndria. Ao aceitar dois elétrons, a ubiquinona capta dois prótons da matriz e se reduz a QH2(ubiquinol).
Do complexo II para o III também há a ação da coenzima Q. Neste caso, os elétrons provenientes do FADH2 são inicialmente transferidos para a ubiquinona, que se reduz, e daí se direciona para o complexo III. Enzima: succinato desidrogenase.
O citocromo C, uma proteína solúvel que contém grupamentos hemo, é que carreia os elétrons do complexo III para o complexo IV. Esta proteína circula livremente entre os complexos III e IV, pois não faz parte de nenhum dos dois complexos enzimáticos. Caso o citocromo C saia da membrana, a célula morre, uma vez que não será possível a continuação da cadeia respiratória. A sua presença no citoplasma é então uma forma de sinalização de apoptose à célula.
No complexo III, há a ubiquinona citocromo c oxidoredutase que catalisa a transferência dos elétrons do ubiquinol para o citocromo c, oxidando-o e bombeando, ao mesmo tempo, prótons para fora da matriz mitocondrial. O fluxo de elétrons por esse complexo gera o transporte de 4H+ para o lado citoplasmático. 
No último complexo, o IV, a citocromo oxidase catalisa a transferência de elétrons da forma reduzida do citocromo ao oxigênio, o aceptor final de elétrons. Concomitantemente, são bombeados 2H+ da matriz para fora. Como resultado, forma-se H2O e citocromo C oxidado.
Cada um desses complexos são formados de grupamentos prostéticos e eles é que na verdade recebem os elétrons do NADH e do FADH2, sofrendo reações redox. No complexo I esses grupamentos são flavina mononucleotídeo (FMN) e aglomerados Fe-S. O segundo complexo contém FAD, centros F-S e a enzima succinato desidrogenase. O terceiro, grupamentos hemo, Fe-S e citocromo B. Por último, o quarto complexo apresenta grupamentos hemo, iontes cobre e citocromo A em seu interior. 
Inibidores
Rotenona: complexo I
Antimicina A: complexo III
CO, NaN3 ou CN- : complexo IV
Potencial eletroquímico
O bombeamento de prótons para fora da matriz mitocondrial gera um potencial eletroquímico ou força próton-motriz a partir da diferença de concentração de prótons e de carga entre os espaço matricial e o espaço entre membranas. A formação de ATP pela ATPsintase (ou F1Fo - ATPase) é devido a esse potencial momentâneo, uma vez que a drenagem de H+ por essa proteína é que gera energia suficiente para a fosforilação do ADP em ATP. Durante este processo ocorre, então, uma transdução de energia.
Desacopladores 
Diz-se que a cadeia respiratória e a ATPsintase são sistemas separados, mas acoplados, uma vez que em situações normais o consumo de O2 necessariamente está ligada a formação de um potencial eletroquímico, que é usado para a síntese de ATP. Porém, inibidores da ATP sintase (veturicina, oligomicina) e DNP são capazes de desacoplar esses dois sistemas.
O DNP, por exemplo, é capaz de atravessar a membrana mitocondrial externa em sua forma reduzida e, no espaço entre membranas, captar prótons. Com isso, ele se oxida e diminui o potencial eletroquímico, reduzindo a síntese de ATP também. No entanto, o oxigênio continua sendo consumido. O DNP é, portanto, um desacoplador metabólico.
ATPsintase ou F1Fo – ATPase
A ATPsintase é composta de duas subunidades: uma condutora de prótons e presa na porção transmembranar, a Fo, e uma catalítica, voltada para a matriz mitocondrial.
A subunidade F1 é constituída de 5 tipos de cadeias peptídicas: 3α, 3β, γ, δ e ε; sendo as cadeias α e β as principais, organizadas de modo alternado em um hexâmero. A subunidade Fo é hidrofóbica e contém o canal de prótons do complexo. 
Experimentos comprovaram que o papel do gradiente de prótons não é formar ATP, mas sim liberá-lo do centro catalítico. Os três sítios de α e β da F1 encontram-se em três fases diferentes durante o funcionamento da ATPsintase e cada próton que passa pela Fo permite a mudança conformacional dessas subunidades, por meio da rotação da cadeia γ. As fases são chamadas de aberta (reconhecimento de ADP e Pi), frouxa (encaixe de ADP + Pi) e fechada (síntese de ATP). Quando há a conversão da fase fechada para a frouxa, o ATP é liberado. 
Obs.: não há reguladores da ATPsintase, ela sintetiza ATP contanto que haja ADP, Pi e o potencial. Porém, ADP e Pi não são capazes de sozinhos chegarem a matriz mitocondrial. Ambos estão conectados a um sistema de transporte secundário. A ADP possui um antiporte com o ATP e o Pi um simporte com H+.
Lançadeiras – Glicólise e Fosforilação Oxidativa
Lançadeira Malato –Aspartato (Fígado, Rim, Coração)
O NADH produzido na Glicólise (NADH citoplasmático) não é capaz de atravessar a membrana mitocondrial interna. Por esse motivo, existe no citoplasma uma enzima, a malato desidrogenase, que transforma oxalacetato em malato ao oxidar NADH em NAD+. O malato, em contrapartida, é capaz de atravessar a membrana mitocondrial interna e, na matriz, ele é revertido a oxalacetato, reduzindo NAD+ em NADH mitocondrial. Pode-se dizer que o malato é um transportador temporário de elétrons do NADH. Uma vez que o oxalacetato não tem transportador na mitocôndria, também se faz necessário a sua conversão em aspartato para regenerar oxalacetato no citoplasma.
Lançadeira Glicerol – 3, fosfato (Músculo e Cérebro)
Nestes locais, o mecanismo de passagem de NADH citoplasmático ocorre de maneira diferente. No espaço entre membranas, a glicerol – 3, fosfato desidrogenase oxida NADH em NAD+, ao passo que reduz dihidroxicetona fosfato em glicerol- 3, fosfato. A reconversão de glicerol- 3, fosfato em dihidroxicetona, reduz FAD em FADH2, cujos elétrons são transferidos para ubiquinona na cadeia respiratória. 
É importante destacar que neste caso há uma queda de rendimento, pois FADH2 bombeia uma menor quantidade de prótons que o NADH.
Termogenina
A termogenina é uma proteína desacopladora presente na membrana interna mitocondrial, uma vez que permite a passagem de H+ sem a produção de ATP. Essa ptn produz calor a patir do gradiente, diminuindo a eficácia da ATPsintase.
Tipos: 
UCP1: usa o calor para aquecer os bebês e os animais que hibernam tecido adiposo marrom
UCP2 e 3: presentes em outros órgãos, participam de processos de stress oxidativo
Stress oxidativo na mitocôndria
Em alguns momentos, elétrons podem escapar da mitocôndria durante a cadeia respiratória. Os processos de transferência de elétrons para a ubiquinona e para o complexo 3 aparentam ser etapas críticas quanto ao escape de elétrons.
Assim, ao entrar na matriz mitocondrial, esses elétrons são capazes de reagir com o O2 e gerar espécies ativas de oxigênio (EAOs), altamente reativas e prejudiciais para a célula. Contudo, a élula possui mecanismos que atuam contra o stress oxidativo, dentre eles as enzimas catalase (H2O2 H2O), glutationa peroxidase e superóxido desmutase (H2O4 H2O2).
A produçãoo de EAOs é diretamente proporcional à produção de ATP, sendo portanto mais comun quando o indivíduo está realizando atividades mais energéticas.

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