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DOS DELITOS E DAS PENAS - RESUMO DESCOMPLICADO LIVRO BECCARIA

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DOS DELITOS E DAS PENAS
1. Qual a origem do direito de punir?
R: Para Beccaria o direito de punir se origina no interesse do soberano em preservar o pacto social, manter o respeito à parcela de liberdade que cada indivíduo concedeu ao Estado.
As penas visam evitar que o indivíduo transgrida as leis pactuadas pelo povo. Só o Estado/Soberano, o depositário de todas as parcelas de liberdades alienadas por todos os indivíduos de uma sociedade, que é competênte para punir, através de leis por ele mesmo editadas. 
2. A quem cabe interpretar as leis?
R: Somente o soberano pode interpretar as leis, haja vista que ele próprio é o legislador. Aos juízes é vedado utilizar-se de qualquer forma de interpretação quando este estiver julgando alguém, o seu papel é tão somente fazer o silogismo entre fato e lei, determinando se houve ou não ilícito que merece punição (Segundo Beccaria, se ao juiz fosse permitido interpretar as leis haveria insegurança jurídica, uma vez que em um mesmo tribunal o mesmo juiz poderia decidir casos idênticos de maneiras diversas; o que geraria insegurança ao acusado).
3. O Beccaria entende sobre as leis obscuras?
R: Para Beccaria, as leis dúbias e vagas são ruins pois forçam o juiz a interpretá-las, o que, como exposto anteriormente, não é bem visto pelo autor. Quando ao juiz cabe interpretar a lei, Beccaria entende que a insegurança se instala para o acusado, tendo em vista que aquele terá margem para decidir discricionariamente.
De igual modo, Beccaria defende que as leis devem ser claras, ou seja, devem ser escritas na linguagem do povo e não em “linguagem morta”, de difícil compreensão. Quanto mais claras forem as leis, certamente menos delitos se terá, pois, a certeza de que determinada conduta constitui crime e que a ela há uma sanção que lhe esta vinculada faz com que o agente desista de praticá-lo.
4. Como Beccaria entende que as prisões devam se dar? E como, do mesmo modo, deve se dar o julgamento do acusado? Sob que indícios ele poderá ser preso? 
R: No entender de Beccaria as prisões só seriam legítimas quando se dessem exclusivamente a partir do que prescrever a lei, dos indícios que esta desginar como válidos para a aplicação da prisão. Sendo que só as provas perfeitas, ou seja, aquelas que não deixam dúvidas de que o agente é o culpado do crime que lhe esta sendo imputado, é que justificariam a prisão; as provas impefeitas (quando há a possibilidade do acusado ser inocente) não são suficientes para a decretação da prisão. 
Do mesmo modo, Beccaria entende que os julgamentos, bem como as provas que compoem o processo devem ser publicos, afim de que o povo possa evidenciar possíveis arbitrariedades. De igual modo, deve ser designado juiz que possibilite a igualdade de condições entre acusado e ofendido, juiz que seja igual às partes (ideia de imparcialidade – Igualdade).
5. E sobre as testemunhas, o que Beccaria entende?
R: Sobre as testemunhas Beccaria afere que deve ser conferido “peso” ao testemunho destas de acordo com o interesse ou na proporção do ódio ou amizade que ela possui para com o acusado; deve-se conferir confiança ao que a testemunha diz na medida do interesse que esta possuiu em dizer ou não a verdade. Deste modo, o ideal é que preste testemunho apenas aquelas pessoas que não possuam qualquer interesse em mentir.
Beccaria critica já naquele tempo o fato de as mulheres (por serem fracas) e os condenados (por já estarem em morte civil, pois foram condenados) não poderem prestar testemunho, dizendo que estes, quando não possuem nenhum interesse em mentir, são aptos a prestar testemunho. Critica também o fato de não se permitir que os condenados (do processo em curso), ou seus cúmplices, possam testemunhar em juízo, seja para se justificarem ou para trazer nos fatos ao caso.
Acrescenta o autor que só uma testemunha não é suficiente para a análise do caso concreto, uma vez que se esta afirma algo que o acusado nega dificilmente se conhecerá a verdade. Ressalta ainda Beccaria que os procedimentos criminais devem ser solenes, pois as formalidades são necessárias uma vez que conduzem o pensamento daqueles que se movem pelas paixões (inclusive coibindo possíveis arbitrariedades dos juízes) no sentido de que os procedimentos crimais se dão de acordo com regras já prederminadas. 
6. E sobre as acusações secretas, os interrogatórios sugestivos e os juramentos no interrogatório, o que Beccaria pronuncia?
R: O autor não vê as acusações secretas com bons olhos, em suas próprias palavras este diz que “consituem evidente abuso...,representam a fraqueza de uma constituição”. Essa visão decorre do fato de que aquele acusa secretamente dissimula a si mesmo, não possibilita ao acusado a possibilidade de defender-se plenamente e nem contribui para o crescimento da nação; aquele que acusa secretamente vive em infâmia (é indgno), pois os demais cidadãos o tomarão como um inimigo.
Os interrogatórios sugestivos já naquela época eram proibidos, haja vista que não era permitido aos juízes indagarem de forma direta, conduzindo o acusado ao uma resposta que o salve ou a acusar-se a si próprio. Todavia, Beccaria critica o contrasenso existente entre os fatos de que, ao mesmo tempo em que eram vedados os interrogatórios sugestivos, se permitia a aplicação da tortura em interrogatórios (quer método mais sugestivo que a tortura?). É importante ressaltar que o autor não gostava da ideia de que o acusado se silênciasse em pleno interrogatório, pois, via o autor nessa atitude uma ofensa ao povo e à justiça (diferente do entendimento atual né).
Sobre o juramento em interrogatório o autor entende que este é uma mera formalidade que se impõe ao acusado, a qual, na quase totalidade das vezes, é desrespeitada. Afinal, em determinados casos, é razoável exigir que o acusado diga a verdade quando o que este mais quer é escondê-la? Beccaria também faz um paralelo entre as leis humanas e as leis divinas, dizendo que tal exigência conduziria o condenado a ofender a Deus ou a decretar sua própria perdição (o que, para o autor, não era razoável exigir).
7. Ponto importante, qual é o posicionamento de Beccaria em relação à tortura?
R: Beccaria contesta veementemente a aplicação da tortura em qualquer procedimento criminal, entende o autor que o acusado goza de proteção pública enquanto não houver sentença do juiz atestando que o mesmo tenha violado a lei (hoje estado de inocência). Adotando este posicionamento, Beccaria refuta as principais justificativas para a aplicação da tortura: 
A). Seja para que o acusado confesse a autoria do crime:
Este fundamento para Beccaria é por demais descabível, uma vez que aquele que confessa mediante tortura o faz na maioria das vezes por não suportar os tormentos que esta produz. Ressalta ainda o autor que aqueles com maior propensão (robustos) a suportar a dor certamente serão inocentados, ao passo que aqueles mais fracos inevitavelmente serão condenados.
Na aplicação da tortura os inocentes sempre terão maior prejuizo, uma vez que serão submetidos à tortura mesmo não sendo eles os autores do delito. Contrário sendo, os criminosos só têm a ganhar, pois, se conseguirem suportar os tormentos da tortura, serão inocentados.
B). Seja para esclarecer as contradições em que tenha caído o acusado.
Como alude Beccaria, é natural que o cidadão (culpado ou inocente) se contradiga em âmbito criminal em virtude de diversos elementos que o aflingem (a incerteza do julgamento, o juiz, a própria ignorância em relação ao procedimento criminal). Se é natural esperar que ocorram essas contradições na normalidade do procedimento criminal, será razoável alegar que submentendo o acusado a métodos torturosos o mesmo recobrará a razão e não mais se contradiga? E ainda, terá o acusado a precisão em apontar as razões que anteriormente o conduziu à contradição? No entender de Beccaria não.
C).Seja para descobrir possíveis cúmplices na execução do delito;
Tal argumento é ainda mais refutável que os demais, haja vista que aquele que sofre a tortura não
exita em acusar a si próprio, não é razoável esperar que este não acuse a terceiros sem maiores preocupações. Na expectativa de ver cessado o seu martírio o acusado indicará cúmplices sem titubear, ainda que na realiadade estes não existam. 
 E). Seja para descobrir se o acusado praticou outros crimes dos quais não esta sendo acusado, porém, poderia ter praticado:
É descabível tentar imputar ao acusado, mediante tortura, outros crimes dos quais este não esta sendo processado. Do mesmo modo que o acusado inocente, por não suportar os suplícios da tortura, confessa a autoria de um crime, este certamente proceder-se-á de igual modo quando aquele que o acusa empregar, com ímpeto forte, métodos de tortura que o constranjam a confessar a autoria de mais outros crimes.
F). Seja para se insentar da infâmia.
A infâmia (desonra que afeta a pessoa) é obra exclusiva da opinião, como esperar que a tortura retire a infâmia do acusado? Beccaria entende que este argumento esta ligado a convicções religiosas oriundas de antepassados, onde estes acreditavam que a confissão dos pecados era a condição de salvação.
8. Qual o posicionamento de Beccaria a cerca da duração do processo e de sua prescrição?
R: Beccaria entende que o processo deve se dar de maneira célere, de modo que possa desestimular, por sua celeridade, aqueles tendenciosos à pratica de algum crime. Entende também o autor que deve ser possibilitado ao acusado os meios para que este possa se justificar, quando for possível, pela prática do ato delituoso.
O autor correlaciona ainda a duração do processo e a prescrição do crime de acordo com a gravosidade do delito. Os crimes hediondos, aqueles crimes mais reprováveis e nefastos para sociedade devem possuir menor duração do processo criminal e maior prazo prescricional a fim de que se possa evitar que o criminoso fique impune. Já os crimes de menor relevância (que afetam geralmente o patrimônio) devem possuir duração do processo criminal maior e prazo prescricional menor, haja vista que são de menor relevância e a impunidade do criminoso é menos perigosa. 
9. Fale um pouco a cerca do que Beccaria discursou sobre os crimes iniciados, sobre a participação dos cúmplices no delito e sobre a impunidade de um dos cúmplices quando este trai os demais?
R: Beccaria, sobre os “crimes iniciados”, posiciona-se em igual sentido à postura adotada pelo código penal hoje. Entende o autor que aqueles crimes apenas iniciados (atuais tentativas) merecem penas mais brandas do que os delitos consumados. De igual modo, Beccaria entende que quando há o concurso de pessoas para a prática de um delito, cada qual deverá responder pelo quinhão de sua atuação no crime (princípio da individualização da pena); contudo, aqueles cúmplices que concederem vantagens a outros para que estes possam consumar o delito sozinhos deverão responder em proporcionalidade igual aos demais (exemplo é quem paga outro para que este cometa um homicídio).
Beccaria trata com imprecisão a possibilidade de se deixar impune aquele que viola o pacto criminoso e entrega seus comparsas. Para o autor, do mesmo modo que seria um obstáculo para a prática de delitos a possibilidade de que um dos concorrentes para o crime possa se eximir da consequente punição se trair os demais criminosos, tal ato acabaria por atestar a própria fraqueza da lei, implorando esta a ajuda do próprio criminoso que as violou (ou seja, o autor vê vantagens e desvantagens nesta ação, contudo, no fim, não concorda com essa possibilidade de impunidade). 
10. E sobre a moderação das penas, qual é o pensamento de Beccaria ?
R: Em suma, entende o autor que as penas devem servir de impressões sensíveis que desestimulem os indivíduos tendenciosos à prática de delitos de concorrer para estes. Devem as penas deixar no coração do provável criminoso a sensação de que a vantagem auferida com a prática do crime será menor do que as consequências oriundas da prisão.
Do mesmo modo, afirma o autor que as penas devem servir às finalidades a que se destinam, que são afastar os cidadãos do caminho do crime e também evitar que aquele que já o praticou no passado não se torne reincidente. Sendo assim, ratifica o autor que penas aplicadas de modo tirano (ex. Tortura) são prejudiciais para a sociedade, haja vista que o criminoso que é punido com penas tiranicas se revolta com a aplicação desta e certamente retornará a praticar novos crimes na tentativa de compensar o excesso de pena oriunda do primeiro delito. 
Os crimes hediondos devem ser punidos com penas mais severas (aplicadas de acordo com o limite da força humana para não ser considerada excesso), ao passo que os crimes de menor expressão devem ser punidos com penas mais brandas do que as dos crimes hediondos.
11. Outro ponto importante, qual o entendimento de Beccaria a cerca da pena de morte ?
R: Beccaria questiona a legitimidade e a eficácia da aplicação da pena de morte como meio de coibir a prática de determinados delitos. Em primeiro momento, entende o autor que a pena de morte é ilegitima pois o direito de punir conferido ao soberano não se estende à possibilidade de suprimir o bem mais precioso que o indivíduo possui (a vida); se o cidadão concordou em confiar parte de sua liberdade ao soberano foi a fim de que o restante desta se mantivesse preservada e não para que seu bem mais precioso pudesse ser suprimido.
Doutro lado, Beccaria afirma que a aplicação da pena de morte como método para coibir a prática de delitos é um meio ineficaz, pois, ao invés de gerar temor e, consequentemente, desistimular o indivíduo da prática de um crime, tal método concorre para originar nos cidadãos os sentimentos de piedade e indignação com o súplicio de outro igual. Sustenta o autor que nós seres humanos somos mais sensíveis às impressões menos intensas e mais duradouras do que àquelas impressões de extrema intensidade porém passageira. 
De acordo com esta linha de raciocínio a pena de morte não produziria o temor necessário, haja vista que o indivíduo acreditaria que um só momento de dor seria aceitável tendo em vista os crimes já práticados. Por outro lado, uma pena de prisão perpétua faria com que os indivíduos não concorressem para a prática de delitos, pois a certeza de uma punição ligeira, porém duradoura, faria com que aqueles desistissem da ação. 
Beccaria entende que a pena de morte se justifica em apenas 2 (duas) hipóteses:
1ª_ Nos momentos de desistabilidade da ordem interna do Estado, onde impera a desordem e o desrespeito as leis; ou quando o Estado esta na eminência de perder o recuperar sua liberdade (soberania).
2ª_ Quando o indivíduo, apesar de ter suprimida sua liberdade, representar perigo à segurança pública ou á integridade do governo estabelecido.
12. Discorra sobre o que pensa Beccaria a cerca dos banimentos e das confiscações, e da infâmia?
R: A cerca do banimento Beccaria entende que aqueles indivíduos que pertubem a tranquilidade pública, violem as leis e/ou as convenções particulares, ou sejam acusados de crimes hediondos com grande probabilidade de serem eles os culpados, devem ser banidos para sempre da sociedade da qual faziam parte. Contudo, ressalta o autor que deve ser dado àquele que foi banido a possibilidade de provar sua inocência e seus bens não devem ser confiscados, haja vista que Beccaria vê nas confiscações o conduzimento do banido aos delitos pois provocam-no desepero e indigência (pobreza extrema). 
Sobre a infâmia, mais precisamente as leis que atribuiem a determinadas pessoas o caráter de infame por praticarem certas condutas, Beccaria entende que essas leis devem ser raras, limitando-se a punir aqueles crimes baseados no orgulho e na vaidade. O autor discorre que a infâmia (que é a desaprovação pública, a desonra) é oriunda da opinião pública, indenpendendo, deste modo, das leis.
13. Explique sobre a presteza e publicidade das penas segundo Beccaria?
R: Neste ponto, Beccaria disserta que quanto mais rápida for a aplicação da pena mais útil e justa ela será. Útil porque
demonstrará àqueles propensos à pratica de delitos que o crime esta ligado a uma consequente e imediata punição, tal demonstração coibirá possíveis delitos tendo em vista que a certeza da punição desestimulará o agente a concorrer para a prática do delito.
Será justa pois a prisão deve se dar na exata medida de tempo que é necessário para se confirmar a autoria do crime ou para evitar que o acusado fuja ou destrua provas que possam comprometê-lo. Se a prisão durar mais que este período, será reputada como injusta, pois poderá cercear a liberdade de um inocente.
A punição pública é necessária pois causa impressão nos sentimentos dos espectadores, desestimulando-os a praticarem atos criminosos. Contudo, a punição pública deve ser realizada de modo proporcional ao delito para não ser considerada injusta. Como a maioria dos indivíduos não se entregam à praticas de crimes mais atrozes, a punição pública também deve ser aplicada a crimes de menor monta para coibir os indivíduos de praticarem qualquer forma de crime. 
14. O que diz Beccaria sobre a inevitabilidade das penas e das graças?
R: Para Beccaria é a certeza da pena - da punição - que faz com o cidadão se desvincule do caminho do crime, pois, se a este for possibilitado a esperança da impunidade, certamente a pena não será mais um limitador para que este pratique um delito. É neste ponto que o autor ressalta que a concessão de graça pelo soberano, apesar de ser uma atitude de benevolência, também ratifica a possibilidade de impunidade, fazendo com que o criminoso, por possuir a esperança da impunidade, receba a pena não como um instrumento da justiça e sim como um ato de violência.
Portanto, fundamental é que as penas sejam inevitaveis para aqueles que cometam delitos, pois, só assim a prática de crimes será desestimulada.
15. Agora comente um pouco a cerca do asilo (político) em determinado soberano e sob o uso de se por a cabeça a prêmio?
R: A cerca do asilo político Beccaria faz duas análises. 
Em um primeiro momento o autor afirma que da mesma forma que a esperança de impunidade faz com a certeza da pena não surta os efeitos desejados, a possibilidade de asilo político em igual sentido contribuiria para que os indivíduos se conduzissem ao caminho do crime na esperança de ficarem impunes (para Beccaria o crime deve estar aliado à certeza de sua punição). Em um segundo momento, Beccaria afirma que o direito de punir reserva-se apenas àquele Estado em que tenha ocorrido a violação às leis, pois é neste país que as convenções estabelecidas forem violadas, sendo competência deste o direito de punir (seria ideal se o crime pudesse ser punível em âmbito mundial, mais o autor não se arriscar a afirmar isso).
Já sobre a possibilidade de se por a cabeça de alguém a prêmio, tal atitude só reforçaria a fragilidade das leis de um Estado, atestando a debilidade deste e favorecendo a desunião entre um povo. Este método estimularia a traição e as guerras clandestinas, onde, para punir um crime, muitos outros são praticados.
16. Disserte agora sobre a proporcionalidade das penas em relação aos delitos; sobre a medida e divisão destes.
R: De início, Beccaria afirma que o objetivo geral das penas não é apenas coibir a prática de delitos ou evitar que estes, uma vez praticados, voltem a ocorrer, o autor afirma ainda que as penas devem contribuir para que os crimes mais gravosos sejam os que menos aconteçam. Neste sentido, define o autor que as penas devem ser proporcionais à ofensividade do delito à sociedade, sendo punidos com maior severidade aqueles delitos que atentem contra a própria sociedade de maneira considerável, e, complementarmente, aqueles delitos que atentem contra a honra ou patrimônio do particular devem ser punidos com penas menos severas do que as primeiras.
Esta linha de raciocínio se dá pois, como o próprio autor entende que a intensidade do delito se mede pelo prejuízo que é causado à sociedade, se o legislador atribuisse igual pena a delitos de intensidade diversas, aquele propenso ao crime não exitaria em praticar crimes mais gravosos pelo fato de que estes seriam mais vantajosos em relação ao risco que o agente corre de ser punido. Não obstante, Beccaria entende que a medida do delito não se dá pela intenção do agente, nem pela dignidade da pessoa atingida e nem pela ofensa feita a Deus, para o autor , mede-se a lesividade do delito pelo prejuízo causado à sociedade.
Beccaria divide os delitos em: A) Delitos que tenham como objetivo a destruição da sociedade; B) Delitos que afetam o particular em sua existência, seus bens ou sua honra; C) E delitos que são atos contrários ao que prescreve a lei, tendo esta em mira o bem público.
17. Fale um pouco agora sobre o entendimento de Beccaria a cerca dos atentados contra a segurança dos particulares e respectivos atos de violências, sobre a injúria e sobre os duelos?
R: Como anteriormente exposto na divisão dos delitos e na proporcionalidade das penas, Beccaria entende que em primeiro lugar devem ser punidos com penas mais severas aqueles delitos que concorram para a lesão efetiva da sociedade (contra o povo como um todo ou contra o soberano que representa o Estado). Já em segundo lugar nesta escala de gravosidade de delitos estão os crimes que atentem contra a segurança do particular, aos quais atentam contra a pessoa deste, seus bens ou sua honra.
 O autor compreende que estas espécies de delitos devem ser punidas com penas mais severas (de modo inferior às acima citadas), sendo aplicadas de igual modo àqueles que utilizam-se de sua condição (juiz) ou dos privilégios (homens poderosos e ricos) que possuem para praticar delitos da mesma natureza contra o cidadão comum. Não haverá distinção entre a aplicação da pena a um comum ou a um homem que possui poder ou privilégios, o posicionamento em sentido contrário só contribuiria para o depotismo e para a tirania.
Com relação à injúria Beccaria entende que tal conduta deve ser punida pela infâmia (desonra para com os demais), pois a opinião pública seria a responsável por resgatar a honra daquele que foi ofendido. Em igual passo, para o autor os duelos representariam um modo do cidadão preservar sua honra, haja vista que a recusa a um duelo resultaria na degradação social do indivíduo (era desonroso, causava o isolamento social e chacotas); muito embora a legislação da época de Beccaria probisse, sob pena de morte, os duelos, o autor entendia que a maneira mais adequada de coibir os duelos seria punindo o agressor, ou seja, aquele que provocou o duelo, declarando inocente aquele que teve de se defender sem a intenção de duelar.
 18. Disserte sobre o roubo, o contrabando e sobre as falências a partir ótica de Beccaria?
R: Sobre o roubo Beccaria faz uma distinção a cerca das condições pessoais do agente e dos meios empregados por este para a prática do delito. Segundo o autor, se o roubo tem como agente um cidadão comum, possuidor de propriedade igual aos demais cidadãos, e sem o emprego de violência, a pena justa seria o ressarcimento da importância roubada. Em se tratando de cidadão miserável economicamente, a pena mais justa seria a de escrividão temporária (pois a pena pecuniária acabaria por aguavar a situação do miserável), onde o indivíduo através do trabalho iria recompensar a sociedade do prejuízo (violação do pacto social) causado. Contudo, se na consecução do roubo o agente empregou métodos violentos, este terá como pena, além da escrividão, penas corporais.
Já o contrabando, por atingir bens patrimoniais do soberano (logo, do Estado), não é visto como delito gravoso pela ótica da sociedade segundo Beccaria. Afirma o autor que este delito, por não atingir diretamente os indivíduos, provoca impressõe de fraca sensibilidade nestes, o que acaba por não conferir ao contrabando o caráter de infâme. Contudo, ressalta Beccaria que a este delito deve ser atribuida atenção especial, isto porque este crime envolve bens do Estado que são igualmente importantes para a sociedade, e, portanto, além do confisco das mercadorias
apreendidas como objeto de contrabando, devem ser punidos com prisão e escravidão (com menos severidade em relação a delitos como homicídio, roubo com violência, etc) dos criminosos. 
Com relação à falência, Beccaria defende que de acordo como esta se deu, penas distintas devem ser aplicadas; se se der em decorrência da aplicação de métodos fraudulentos a pena deve ser mais gravosa, contudo, se se der em decorrência dos riscos da atividade econômica e agindo o indivíduo com boa-fé e honestamente em suas atividades, este deverá ser penalisado de forma mais branda. Neste último caso, o indíviduo deverá ser obrigado a saldar suas dívidas completamente para com seus credores, sendo obrigado por estes a exercer suas atividades laborais a fim de se tornar novamente adimplente com suas obrigações.
19. Comente agora sobre os crimes que pertubam a tranquilidade pública, sobre a ociosidade e sobre o suicídio a partir do entendimento de Beccaria.
R: Os delitos que pertubam a tranquilidade pública (arruaça e discussões públicas, discursos fanáticos que instigam paixões irrazoáveis, etc) compõe o terceiro degrau de gravosidade dos delitos (1º Delitos diretamente contrários à sociedade; 2º Delitos que afetam o particular, inclusive a sua segurança). Os magistrados de polícia devem ocupar-se, nos ditames da lei, de meios para coibir tais delitos.
Beccaria não vê com bons olhos o indivíduo ocioso, ou seja, aquele que não trabalha nem gera riqueza para o Estado. Segundo o autor, deve o legislador estabelecer qual tipo de aciosidade deverá ser punida pelo soberano.
Com relação ao suicídio, Beccaria defende que este não é um ato considerado delito entre os homens, mais sim é um delito perante Deus. Para o autor, qualquer pena que se pretendesse atribuir ao corpo já sem vida do indivíduo, ou a seus familiares, seria por demais injusta, pois, no primeiro caso, atingiriam a algo já sem vida, não causando nenhuma impressão sensível aos demais indivíduos; no segundo caso seria injusta pois ultrapassaria a pessoa do indivíduo, o que é descabível para o autor.
Beccaria ainda discorre que o suicído é menos prejudicial do que a emigração de um cidadão para outra pátria, haja vista que este além de si leva também seu patrimônio, o que é prejudicial para o Estado. Neste último caso, o autor defende que não é prudente punir aquele que emigra de sua pátria, deve o soberano, nesta situação, proporcionar ao seu povo o bem estar e a felicidade necessários para que estes não abandonem sua terra. 
20. Beccaria discursava sobre alguns delitos que eram difíceis de serem constatados, sobre uma espécie particular de crime e sobre algumas fontes gerais de erro e injustiças na legislação. Aponte as principais argumentações do autor sobre estes temas.
R: De início, Beccaria pronuncia que algumas espécies de delitos são difíceis de serem constatados, pois ocorrem frequentemente e provar a ocorrência destes não é fácil. A autor apresenta 3 exemplos desses delitos: o adultério, a pederatia (relação sexual entre um homem mais velho e um jovem rapaz) e o infanticídio.
Sobre o adultério Beccaria entende que esta espécie de delito resulta de um necessidade natural e permanente do ser humano, a qual, embora existam leis que a proibam, naturalmente sempre irão ocorrer porque homem e mulher estão fadados a atrairem-se um pelo outro. Alude o autor que a religião e o casamento com a pessoa que se ama, são ferramentas capazes de limitar este delito. Já em relação à pederastia, o autor acredita que esta espécie de delito esta mais ligada à falta de uma educação sexual para o indivíduo do que a um desvio de paixões ou desejo de saciedade de prazeres; este delito já naquela época era punido severamente.
Por fim, o autor afirma que o infanticído é resultado da desgraça de uma mulher que cedeu a seus desejos (teve relações sexuais antes de casamento) ou sucumbiu á violência (acredito que foi vítima de estupro). Como naquela época a mulher que fosse mãe solteira era vista com péssimos olhos, grande parte das gestantes optvam por retirar a vida de sua prole. Contudo, entende o autor que este delito deve ser punido com penas mais severas, a fim de se desestimular a ocorrência de fatos com este.
Observação: A espécie particular de crime a que Beccaria se refere, acredito eu ser de ordem religiosa, precipuamente relacionada a determinados castigos que eram empregados em virtude do não acatamento a preceitos religiosos. Como o autor pouco fale sobre este tópico, possivelmente devido ao medo de futuras represálias, não é possível apontar com precisão que delitos são esses.
A má interpretação de que muitos legisladores fizeram acerca do que realmente vem a ser a ideia de utilidade são fontes de erros e injustiças, uma vez que trazem em muitos momentos uma preocupação que invade os inconvenientes particulares, comprimindo sentimentos e pensamentos, quando deveriam se ater especialmente aos inconvenientes públicos.
De modo resumido, pode-se dizer que é a idéia de utilidade é falsa se em detrimento do bem geral se privilegie motivos remotos e interesses particulares através de uma atitude erroneamente generalizante pensamentos. E tanto o será, aponto de que o soberano que estimular a disseminação do medo nas leis corre o risco de que seus súditos se rebelem contra esse panorama havendo conflitos maiores do que possa prever.
Beccaria defende ainda que a proibicão do porte de armas também constitui uma idéia de utilidade falsa que causa erro injustiças. Para o autor, o desarmamento do cidadão acabaria por violar sua liberdade pessoal, fazendo com que este ficasse mais vulnerável em relação àqueles tendenciosos à prática de delitos (tiraria a possibilidade de defesa do inocente e colocaria a arma na mão do criminoso).
21. Disserte agora sobre os espíritos de família e do fisco?
R: Beccaria, a cerca do espítito de família, pronuncia que este é uma fonte geral de injustiças na legislação. O autor adota esta postura por entender que em uma sociedade onde impera o espírito de família, entendido como aquele onde o patriarca é soberano, a liberdade do povo fica limitada, sendo a sociedade composta por leis e usos determinados em conformidade com a vontade daqueles que são o centro da família (naquela época o pai). Para Beccaria, a sociedade deveria ser composto por homens livres, submetidos ao seio familiar por laços afetivos ou por apreço à companhia de seus familiares.
Ainda neste contexto, o autor alude que uma sociedade regida pelo espírito de família não seria uma república, mas sim diversas monarquias compondo uma républica. Do mesmo modo, o espírito familiar resultaria em apreço a uma moral privada e não á moral pública; a moral privada submete os indivíduos aos interesses da família, já a moral pública faz com que o indivíduo se comprometa com o interesse público, dentre os quais esta respeito às leis.
A cerca do espírito do fisco, Beccaria primeiramente relembra que em tempos anteriores ao dele todos os delitos eram punidos com penas pecuniárias, sendo que, nesta época, o processo criminal não passava de um negócio jurídico onde o magistrado “atuava” como advogado do fisco (totalmente parcial) e ao acusado era reservado o dever de pagar a aquele. A partir de tal perspectiva, a autor afirma que o processo criminal da época dele caminha no mesmo sentido (tendencioso), só que agora o juiz não tem status de “advogado” da parte contrária, o magistrado agora atua como inimigo do acusado, como alguém que quer identificar neste o culpado. Neste procedimento criminal é o juiz quem determina que indícios serão suficientes para justificar a prisão de alguém; o acusado que confessa o delito sofrerá mais do que aquele que não confessa, isto porque quando o acusado não confessa o magistrado lhe isenta de torturas maiores, contudo, quando aquele confessa, o magistrado irá torturá-lo com maior fervor na tentativa de arrancar do acusado mais delitos que perventura este possa ter cometido ou não (lastimável)
22. Para encerrar, discorra um pouco sobre quais
meios Beccaria indica para previnir crimes.
R: Neste último capítulo Beccaria ressalta a importância que se deve dar à prevenção do crime, nas palavras do autor, é preferível prevenir os delitos a ter de puni-los; antes procurar impedir o mal que repará-lo. Isto ocorre porque o soberano deve dedicar-se a promover o bem estar dos seus súditos, livrando-os dos possíveis pesares que lhe possam ser causados (previnir o delito é contribuir para que nenhum cidadão seja penalizado com prisões e suas respectivas sanções).
De início o autor pronuncia que o legislador deve previnir, atribuir como delito, somente aqueles crimes que sejam consideravelmente relevantes para a sociedade. Na ótica de Beccaria, se o legislador tornar exaustivo demais o rol de delitos, fazendo com que nele figurem más condutas de pequena relevância, isto contribuirá para o aumento da prática de delitos, uma vez que aquelas más condutas de menor expressão dificilmente não serão praticadas de pelo povo. 
Um segundo ponto observado por Beccaria é que na tentativa de se previnir os crimes é necessário que as leis sejam claras, isto é, de fácil entendimento aos olhos do povo. Para isso, segundo o autor, é necessário que os legisladores também sejam homens esclarecidos, que possam analisar o contexto social e partir dele editar normas jurídicas adequadas ao povo (isto fará com o os cidadãos reconheçam a legitimidade da norma é assim a respeitem).
Beccaria ainda aponta que para previnir-se os delitos é necessário que a corrupção seja afastada da cadeira dos juízes, aos quais tem o dever de agir com imparcialidade e honestidade no exercício de suas atribuições. O aumento do número de juízes que contituem um tribunal ajudaria nesta tarefa, haja vista que uns iriam fiscalizar os outros, diminuindo assim a possibilidade de depotismo.
Por fim, o autor de maneira breve diz que a premiação honrosa por ações virtuosas também contribuiria para a prevenção de delitos. Contudo, segundo Beccaria, é o aperfeiçoamento da educação de toda a nação que inevitavelmente contribuiria para a prevenção de delitos, haja vista que o povo se tornaria mais esclarecido, mais pensante, consequentemente, menos proprenso ao crime.

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