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Prof. Thiago Leite, Prof. Matthaus Marçal Pavanini Cardoso 2 Introdução ao Direito Ambiental Direito Ambiental Carreiras Jurídicas Documento última vez atualizado em 27/11/2024 às 14:39. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 1/146 4 14 22 25 31 36 39 41 45 52 67 74 76 80 81 86 92 100 103 108 114 120 121 124 Índice 2.1) Conceito de Meio Ambiente 2.2) Aspectos Caracterizadores do Conceito de Meio Ambiente 2.3) Conceito de Direito Ambiental 2.4) Objeto do Direito Ambiental 2.5) O Direito Ambiental como um Direito Difuso, Indivisível e Transindividual 2.6) O Direito Ambiental como Direito Fundamental de Terceita Dimensão 2.7) Concepções do Meio Ambiente, Teorias Éticas Ambientais 2.8) Bem Ambiental, Bem Público e Bem Privado 2.9) Relação do Direito Ambiental com outros Ramos do Direito 2.10) Fontes do Direito Ambiental 2.11) Princípios Estruturantes do Direito Ambiental 2.11.1) Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e sua Dimensão Ecológica 2.11.2) Princípio do Desenvolvimento Sustentável 2.11.3) Princípio do Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado 2.11.4) Princípio da Prevenção 2.11.5) Princípio da Precaução 2.11.6) Princípio do Poluidor - Pagador 2.11.7) Princípio do Usuário - Pagador 2.11.8) Princípio do Protetor - Recebedor 2.11.9) Princípio da Solidariedade Intergeracional 2.11.10) Princípio do Direito à Informação 2.11.11) Princípio da Participação Comunitária 2.11.12) Princípio da Ubiquidade ou da Transversalidade 2.11.13) Princípio da Responsabilidade Comum, mas diferenciada 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 2/146 125 134 144 2.11.14) Princípio da Proibição do Retrocesso Ambiental 2.11.15) Princípio da Função Socioambiental da Propriedade 2.12) Lista de questões 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 3/146 Conceito de Meio Ambiente Iniciando os aspectos conceituais do Direito Ambiental é fundamental que o candidato memorize, no mínimo, um conceito doutrinário e um conceito legal de meio ambiente. Para isso, analisaremos os diversos conceitos em diferentes vertentes, considerando que as provas objetivas de concurso tangenciam, principalmente, seu aspecto legal. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Para a ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU, o meio ambiente é o conjunto de elementos físicos, químicos, biológicos e sociais que podem causar efeitos diretos ou indiretos sobre os seres vivos e as atividades humanas. Segundo ROBERT ERICK RICKLEFS, o meio ambiente é os arredores de um organismo, incluindo as plantas, os animais e os micróbios com os quais interage. Esse conceito tem a visão centrada no organismo. A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT definiu o meio ambiente como a circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo-se ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações. O constitucionalista JOSÉ AFONSO DA SILVA entende que o meio ambiente corresponde a tudo que nos cerca podendo ser decomposto em três aspectos: artificial, cultural e natural. Na Jurisprudência, o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF define meio ambiente em diferentes aspectos, notadamente o natural, o cultural, o artificial e o laboral. Essa concepção múltipla de meio ambiente já foi cobrada em diversas provas de concursos, notadamente em questões objetivas. Vejamos o julgado esclarecedor emanado pela Corte Constitucional em 2005, na ADI 3540 MC, de relatoria do Ministro Celso de Mello em que se fixou a tese das múltiplas vertentes no conceito de meio ambiente: A incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por interesses empresariais nem ficar dependente de motivações de índole meramente econômica, ainda mais se se tiver presente que a atividade econômica, considerada a disciplina constitucional que a rege, está subordinada, dentre outros princípios gerais, àquele que privilegia a "defesa do meio ambiente" (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e abrangente das noções de meio ambiente natural, de meio ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espaço urbano) e de meio ambiente laboral. Doutrina. Os instrumentos jurídicos de caráter legal e de natureza constitucional objetivam viabilizar a tutela efetiva do meio ambiente, para que não se alterem as propriedades e os atributos que lhe são inerentes, o que provocaria inaceitável 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 4/146 comprometimento da saúde, segurança, cultura, trabalho e bem-estar da população, além de causar graves danos ecológicos ao patrimônio ambiental, considerado este em seu aspecto físico ou natural. Na verdade, essa visão quadripartite de meio ambiente fixada pela Suprema Corte já era conhecida na doutrina de Celso Antonio Pacheco Fiorillo, que sempre defendeu a tese de que o meio ambiente é formado por quatro significativos aspectos, quais sejam, o natural, o cultural, o artificial e o laboral. O conceito legal compreende as definições de meio ambiente nos instrumentos que compõem o arcabouço jurídico normativo em matéria ambiental no Brasil. Os principais diplomas normativos são: a Lei nº 6.938/81 que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA e a RESOLUÇÃO CONAMA nº 306/12 que estabeleceu os requisitos mínimos e o termo de referência para realização de auditorias ambientais. Vejamos cada um deles. Lei nº 6.938/81 – Política Nacional do Meio Ambiente Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; Observe que esse conceito legal foi estabelecido em 1981, antes da edição da Constituição Federal de 1988, e que, segundo a doutrina majoritária, não abrange todos os aspectos do meio ambiente, dando ênfase somente ao natural, apresentando um conceito limitador do instituo em uma interpretação literal do dispositivo. Tentando corrigir parte dessa deficiência conceitual, a RESOLUÇÃO CONAMA n° 306/12 definiu meio ambiente como um conjunto de condições, leis, influência e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas, incorporando o posicionamento do STF sobre o tema. Vejamos: 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 5/146 Questão 2015 | 61943753 Com base nas normas jurídicas que de�nem o meio ambiente e que versam sobre licenciamento ambiental e proteção ao patrimônio histórico e artístico nacional, assinale a opção correta. RESOLUÇÃO CONAMA nº 306/2012 Art. 2º Para os fins do disposto nesta Resolução, são adotadas as definições constantes do Anexo I. (...) ANEXO I DEFINIÇÕES (...) XII - Meio ambiente: conjunto de condições, leis, influência e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Nesse conceito, nota-se uma concepção mais ampla e integrativa de meio ambiente criando uma verdadeira simbiose entre os aspectos bióticos, abióticos, culturais, urbanos e sociais. Para fins de prova objetiva, é fundamental o conhecimento dos conceitos apresentados nos dois normativos, considerando a incidência periódica nos concursos. Vamos esquematizar para simplificar: 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 6/146 A) De acordo com a CF, o meio ambiente é de�nido com base em seus componentes bióticos e abióticos, sem conexão especí�ca com a qualidade de vida. B) No licenciamento ambiental de determinada atividade, analisa-se de modo fragmentado o possível impacto ambiental dessa atividade sobre as águas, o ar, o som ambiente e o solo. C) O patrimônio histórico e artístico nacional, conceito jurídico conexo com o de meio ambiente cultural, é de�nidoprerrogativa quali�cada por seu caráter de metaindividualidade, limita o princípio da liberdade e acentua o princípio da igualdade, conforme entendimento do STF de 1995: "O direito à integridade do meio ambiente - típico direito de terceira geração - constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, re�etindo, dentro do processo de a�rmação dos direitos humanos, a expressão signi�cativa de um poder atribuído, não ao indivíduo indenti�cado em sua singularidade, mas, num sentido verdadeiramente mais abrangente, à própria coletividade social. Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) - que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais - realçam o princípio da liberdade e os direitos da segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais) - que se identi�ca com as liberdades positivas, reais ou concretas - acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 34/146 formações sociais, consagram o princípio da solidariedade". (MS 22164, Relator(a): CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 30/10/1995, DJ 17-11-1995 PP-39206 EMENT VOL- 01809-05 PP-01155) A alternativa E está incorreta, pois não há faculdade para o Estado, ele é obrigado a proteger o meio ambiente. Nesse sentido, quando for necessária a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de signi�cativa degradação do meio ambiente, o Estado deverá exigir, obrigatoriamente, o estudo prévio de impacto ambiental (EIA). Art. 225. [...] § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: [...] IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de signi�cativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; Questão 2012 | 2012 | 51379095 O direito ao meio ambiente é um direito de interesse A) individual homogêneo de grande relevância social. B) coletivo. C) difuso. D) meramente individual. E) exclusivo do poder público. Solução Gabarito: C) difuso. A questão exige o conhecimento da natureza jurídica do bem ambiental, o qual é decorrente do art. 225 da CF/88, "Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo". O bem ambiental possui natureza jurídica DIFUSA. Note-se o que FIORILLO (2013, p. 45) aduz sobre o BEM DE NATUREZA DIFUSA: 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 35/146 Por sua vez, a Constituição Federal de 1988 inova o ordenamento, destacando do bem ambiental alguns desses direitos e protegendo bens que não são suscetíveis de apropriação, seja pela pessoa física, seja pela pessoa jurídica. Na verdade, a Constituição formulou inovação revolucionária no sentido de criar um terceiro gênero de bem , que, em face de sua natureza jurídica, não se confunde com os bens públicos e muito menos com os privados. Isso passa a exigir do intérprete uma nova compreensão da estrutura apresentada pelo art. 20 da Constituição Federal, que estabelece quais os bens da União, porque diversos deles possuem características de bem ambiental, como os lagos, rios, ilhas�uviais e o próprio mar territorial, cabendo à União não a sua propriedade, porquanto o bem difuso é insuscetível de apropriação, mas sim a possibilidade de “gerenciá-los”. GABARITO LETRA C O Direito Ambiental como Direito Fundamental de Terceita Dimensão O direito ao meio ambiente equilibrado, embora não previsto no rol do art. 5°, da CF/88, é considerando um direito fundamental. Isso porque, conforme doutrina majoritária, admite-se a existência de direitos fundamentais não previstos no Título II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais), da Constituição Federal de 1988. O grau de fundamentalidade não se caracteriza pelo simples fato de um enquadramento topológico normativo, mas sim pela importância desse direito na efetivação da dignidade da pessoa humana. Nesse momento entendemos importante apresentar um breve comentário sobre à tradicional classificação dos direitos fundamentais em dimensões (gerações) com o consequente enquadramento do direito ao meio ambiente. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Os direitos fundamentais passaram por diversas transformações e são frutos da evolução do corpo social de um país, sofrendo profundas mutações em relação ao conteúdo e à titularidade, tendo como origem desse processo transformacional o reconhecimento deles nas primeiras constituições positivas que surgiram com o advento do Estado Moderno. Segundo Marmelstein Lima, Karel Vasak criou uma teoria em que demonstrou a evolução dos direitos humanos com base no lema da revolução francesa liberdade, igualdade e fraternidade, introduzindo a ideia de gerações de direitos, isto é, direito vistos como ideais existentes em uma determinada época consagrando os dogmas preponderantes no corpo social analisado. Embora haja em âmbito doutrinário uma discussão quanto às expressões “gerações” ou “dimensões”, o termo “gerações” é estabelecido apenas com o propósito de situar os diferentes momentos em que esses grupos de direitos surgem como reinvindicações acolhidas pela ordem jurídica, não significando que tenha sido suplantado por aqueles surgidos em momento posterior. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 36/146 Os direitos fundamentais de primeira dimensão são frutos do pensamento liberal-burguês do século XVIII, com forte influência individualista, abarcando os direitos civis e políticos, tendo como ponto fulcral a liberdade e como âmbito de incidência os direitos referidos nas Revoluções Americana e Francesa, sendo os primeiros a serem positivados. Esses direitos foram frutos de uma proteção contra o decadente Estado Absolutista do século XVII, na busca de fortalecer os direitos dos indivíduos frente ao Estado. É nessa concepção que nasce o Estado Moderno garantidor dos direitos civis e políticos, não intervindo na vida pessoal de cada um. Destacam-se assim, nessa geração, os direitos à vida, à liberdade, à propriedade, bem como o direito à igualdade, entendida unicamente quanto ao seu aspecto formal (perante a lei). A segunda geração (dimensão) de direitos compreende os direitos econômicos, sociais e culturais, baseados na igualdade em seu aspecto material. Assim, o princípio da igualdade ganha em substancialidade passando a ser entendido como direito prestacional e pelo reconhecimento de liberdades socias, como o direito à sindicalização. Segundo Ingo Sarlet, a nota distintiva dessa geração de direitos, contrapondo a inércia do Estado quanto aos direitos de primeira geração, é sua dimensão positiva, tendo em vista que não procura evitar o intervencionismo estatal na esfera de liberdade individual, atribuindo ao Estado um comportamento ativo na realização da justiça social. Esses direitos estão atrelados ao conceito de justiça social por se ligarem a reinvindicações de equidade social, notadamente das classes menos favorecidas. A terceira geração de direitos fundamentais refere-se aos direitos de solidariedade e fraternidade, em especial o direito ao desenvolvimento, à paz, à autodeterminação dos povos e à utilização do patrimônio histórico e cultural, tendo esses direitos como características distintivas a titularidade coletiva ou difusa, haja vista se destinarem a proteção de grupos humanos. O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é considerado, nessa tríade de gerações de Vasak, direito fundamental de terceira geração (dimensão), tendo em vista sua titularidade difusa, indefinida e indeterminável, de natureza nitidamente transindividual que exige esforços do Estado para sua efetivação e defesa. Neste sentido, trata-se de um direito de proteção, buscando-se a defesa do meio ambiente por intermédio de normas proibitivas e ao mesmo tempo prestacionais, exigindo comportamentoativo do Estado e da sociedade na sua preservação e defesa (caráter bifronte). Nessa quadratura, não restam dúvidas quanto à natureza difusa do bem jurídico ambiental considerado tratar-se de um bem de uso comum do povo atraindo o interesse de toda a coletividade. Isso justifica o fato de todos os indivíduos serem diretamente interessados na tutela do meio ambiente, tendo em vista que esse direito está umbilicalmente ligado ao direito à vida. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 37/146 Questão 2017 | 661761488 A tutela do meio ambiente representa exemplo de A) direito ou interesse coletivo em sentido estrito. B) direito ou interesse difuso. C) direito ou interesse individual homogêneo. D) direito fundamental de primeira dimensão. E) direito fundamental de segunda dimensão. Solução Gabarito: B) direito ou interesse difuso. A questão exige o conhecimento da natureza jurídica do bem ambiental, o qual é decorrente do art. 225 da CF/88, "Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo". O bem ambiental possui natureza jurídica DIFUSA, ou seja, é destinado a TODOS (UNIVERSALIDADE) e são superiores até mesmo ao querer ser do Estado ou à supremacia do interesse público sobre o privado. Cumpre destacar que se o direito ao meio ambiente é um direito fundamental e sobre ele incidem todas as características típicas dos direitos fundamentais, quais sejam, a universalidade, complementaridade, inviolabilidade, vedação ao retrocesso, irrenunciabilidade, indivisibilidade, inalienabilidade, historicidade, imprescritibilidade, dentre outras. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 38/146 Em resumo, o BEM AMBIENTAL não é nem privado, nem público, mas superior à vontade do Estado, é como se fosse um bem "SUPREMO", que no direito é chamado BEM DE USO COMUM DO POVO, cuja gerência pertence ao Estado, que deve cuidá- lo para que as presentes e futuras gerações venham a usufruir de sua totalidade e integralidade. Note-se o que FIORILLO (2013, p. 45) aduz sobre o BEM DE NATUREZA DIFUSA: Por sua vez, a Constituição Federal de 1988 inova o ordenamento, destacando do bem ambiental alguns desses direitos e protegendo bens que não são suscetíveis de apropriação, seja pela pessoa física, seja pela pessoa jurídica. Na verdade, a Constituição formulou inovação revolucionária no sentido de criar um terceiro gênero de bem , que, em face de sua natureza jurídica, não se confunde com os bens públicos e muito menos com os privados. Isso passa a exigir do intérprete uma nova compreensão da estrutura apresentada pelo art. 20 da Constituição Federal, que estabelece quais os bens da União, porque diversos deles possuem características de bem ambiental, como os lagos, rios, ilhas �uviais e o próprio mar territorial, cabendo à União não a sua propriedade, porquanto o bem difuso é insuscetível de apropriação, mas sim a possibilidade de “gerenciá-los”. Abaixo, deixo um esclarecimento sobre os direitos individuais homogêneos, direitos ou interesses coletivos e os direitos e interesses difusos, pois geralmente causam bastantes dúvidas, para apoio: - direito difuso: o objeto é indivisível e os titulares são indeterminados e ligados por circunstâncias de fato; - direito coletivo stricto sensu: a natureza do bem também é indivisível, mas se pode identi�car os titulares do direito como sendo um grupo, categoria ou classe de pessoas com uma relação jurídica comum (determinável); - direito individual homogêneo, direitos não mais de destinação coletiva, mas de direitos individuais , sendo, por isso, de natureza divisível, atingindo um sujeito determinado, com uma relação jurídica comum. GABARITO LETRA B Concepções do Meio Ambiente, Teorias Éticas Ambientais Inicialmente, cumpre indagarmos: quem são os destinatários da proteção ambiental, o homem, a biota ou ambos? Pois bem! Existem doutrinas éticas ambientais que abordam essa temática. São três as principais teorias: o antropocentrismo, o biocentrismo e o ecocentrismo. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 39/146 Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. No Antropocentrismo, o meio ambiente é apenas um instrumento para satisfação das necessidades humanas (instrumentalidade da natureza). As normas ambientais devem ser elaboradas visando à proteção do homem, como destinatário final da tutela do meio ambiente. A proteção dos demais seres integrantes do meio ambiente é apenas uma forma de proteger o ser humano. Esse é a visão que prevalece na maioria da doutrina e no Supremo Tribunal Federal, entendendo que o art. 225 da CF/88 adota essa concepção antropocêntrica de proteção ao meio ambiente. Ingo Wolfgang Sarlet defende que o ordenamento jurídico pátrio adotou o antropocentrismo. Porém, entende que o antropocentrismo clássico de matriz filosófica cartesiana, em que o meio ambiente é mero instrumento de satisfação de necessidades humanas, não foi contemplado pela Carta Política de 1988. Assevera que há no Brasil um antropocentrismo jurídico ecológico (alargado ou relativo) em que se reconhece valores intrínsecos e não meramente instrumentais atribuídos as demais formas de vida. Nesse ponto, reforça a tese de que a dignidade da pessoa humana tem uma vertente ecológica. Para os adeptos do Biocentrismo, coloca-se no mesmo patamar o homem e os demais seres vivos integrantes do meio ambiente. Com isso, as normas devem ser elaboradas objetivando não só a proteção do homem, como também das demais espécies. Independentemente da existência do homem, os demais seres vivos devem ter valor próprio e não são meros instrumentos de salvaguarda do homem. Embora no Brasil não se adote essa concepção, os animais e demais formas de vida (consideradas como objeto de direitos) gozam de uma proteção jurídica especial, como no caso da punição dos infratores que provocarem maus- tratos aos animais silvestres. Ao seu turno, a doutrina filosófica do Ecocentrismo tem como objeto a proteção à biosfera (todo o planeta). Nesse sentido, as normas de Direito Ambiental devem proteger todos os sistemas bióticos e abióticos, independentemente de ter forma humana. O homem é visto como mais um ser vivo dentro da concepção global de ecosfera. Busca-se a valorização do coletivo (visão ecossistêmica) para manutenção das diversas formas de vida existentes no planeta. Há uma supervalorização do meio ambiente em si mesmo considerado independentemente de qualquer interesse humano. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 40/146 Bem Ambiental, Bem Público e Bem Privado A classificação de determinado objeto ajuda a compreensão e a percepção de suas características pelo intérprete, razão pela qual muitos doutrinadores utilizam-se dessa técnica para melhor entender o objeto de estudo. Classificar, nada mais é que sistematizar as características de um objeto, adotando um critério específico não excludente para observância diferenciada que existe entre o objeto da análise e o de referência. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. A classificação de determinado objeto ajuda a compreensão e a percepção de suas características pelo intérprete, razão pela qual muitos doutrinadores utilizam-se dessa técnica para melhor entender o objeto de estudo. Classificar, nada mais é que sistematizar as características de um objeto, adotando um critério específico não excludente para observância diferenciada que existe entre o objeto da análise e o de referência. Código Civil 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 41/146 Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Nesse sentido, pelo critério adotado na norma, serão públicos todos os bens que estiverem sobre o domínio de algum ente federativo, seja União, Estados,Distrito Federal ou Municípios, sendo os demais, por exclusão, particulares (critério residual). A divisão desses bens, aí incluindo os ambientais, foi disciplinada na Constituição Federal de forma que cada ente federativo pudesse ter domínio sobre bens específicos dentro da ideia da manutenção do equilíbrio do pacto federativo (arts. 20, 26 e 30 da CF/88). Os bens Públicos são classificados, quanto à destinação, em “bens de uso comum do povo”, “bens de uso especial” e “bens dominicais”. Há previsão legal no art. 99 do Código Civil: Código Civil Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 42/146 Pelo que foi exposto, entendemos ser necessário uma análise desse critério quanto à classificação dos bens ambientais utilizando inicialmente uma visão clássica da doutrina que entende ser o bem ambiental um bem público, razão pela qual poderão ser classificados, dentro do critério de destinação, em: de uso comum do povo, de uso especial ou dominical. Código Civil Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 43/146 Analisaremos agora o pensamento doutrinário que defende a ideia de que o bem ambiental não é um bem público, mas sim um bem difuso, criando-se assim uma terceira classe de bens fugindo da dicotomia da tradicional classificação dos bens em públicos e privados. A corrente doutrinária que defende a tese de o bem ambiental ser um bem difuso é capitaneada por Celso Antônio Pacheco Fiorillo, com base na doutrina italiana, em sua obra Curso de Direito Ambiental Brasileiro. Segundo o autor, a Constituição Federal de 1988 criou um terceiro gênero de bem em face do surgimento dos direitos metaindividuais. Argumenta que ao estabelecer a existência de um bem que tem duas características específicas, a saber, ser “essencial à sadia qualidade de vida” e “de uso comum do povo”, a Constituição Federal de 1988 formulou inovação verdadeiramente revolucionária, no sentido de criar um terceiro gênero de bem, que em face de sua natureza jurídica, não se confunde com os bens públicos e muito menos com os bens privados. Nesse sentido, a Constituição Federal ao estabelecer que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, (1) bem de uso comum do povo e (2) essencial à sadia qualidade de vida, estatuiu um novo bem que tem como base estruturante ser de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, configurando nova realidade jurídica que não encontra respaldo na classificação de bens vigente antes da CF/88. Disciplinando a previsão constitucional do novel bem jurídico, informa ainda o doutrinador que o Código de Defesa do Consumidor – Lei 8.078/90 criou a estrutura infraconstitucional que fundamenta a natureza jurídica desse novo bem, que não é público e nem privado, mas sim um bem difuso, de caráter transindividual de natureza indivisível tendo como titulares pessoas indeterminadas e ligadas por uma circunstância de fato (art. 81, parágrafo único, I, da Lei 8.078/90). Assim, até o advento do CDC, havia a dicotomia entre público e privado e os bens difusos eram enquadrados sempre na categoria de bens públicos. O bem ambiental é um bem difuso que tem como característica constitucional mais relevante ser essencial à sadia qualidade de vida (bens fundamentais à garantia da dignidade humana), sendo de uso comum do povo, podendo ser desfrutado por toda e qualquer pessoa dentro dos limites constitucionais. Reforça que o bem público tem como titular o Estado, ao passo que o bem de natureza difusa repousa sua titularidade no próprio povo e que eventuais condenações ao ressarcimento de um dano em bens de natureza pública serão destinadas ao Estado, e sendo em bens difusos, serão destinados ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, em regra (Lei 7.347/85). Por fim, cumpre assinalar que o papel do Estado nessa concepção de bens difusos não é de proprietário como defendido pela doutrina clássica, mas de mero gestor dos bens ambientais, considerando que não existe titularidade prevista para estes bens. Podemos, portanto, resumir da seguinte forma: O bem ambiental é um bem difuso (tertium genius), indisponível, transindividual, que tem como titular toda a coletividade e não obedece à visão dicotômica clássica civilista de bens 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 44/146 Relação do Direito Ambiental com outros Ramos do Direito públicos e privados. Doutrina contemporânea defende a necessidade de reformulação da classificação dos bens em três categorias, no que tange ao critério da titularidade, quais sejam, bens públicos, bens privados e bens difusos. O Direito Ambiental por ser uma disciplina transversal se entrelaça com outros ramos do Direito e com outras ciências não jurídicas mantendo com eles uma relação sinestésica interdisciplinar. Essa relação enaltece o Aspecto Horizontal do Direito Ambiental. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Essa temática não é corriqueira em concursos públicos, portanto, faremos um resumo esquemático sobre o tema da transversalidade, sem ter a intenção de exauri-lo. TRANSVERSALIDADE do DIREITO AMBIENTAL (Aspecto Horizontal) Direito Ambiental e Direito Constitucional - A Constituição Federal é a base principiológica e normativa do Direito Ambiental brasileiro; - As normas constitucionais servem como instrumento de interpretação e de aplicabilidade imediata na proteção do bem ambiental; - A Constituição brasileira 1988 produziu uma espécie de constitucionalização do Direito Ambiental (muitas normas legais ganharam status constitucional); - O art. 225 da CF/88 normatiza regras protetivas do meio ambiente que são disciplinadas pelas normas infralegais; - Há na Carta Política a consagração da proteção ao meio ambiente cultural, natural, artificial e do trabalho. - A Carta Magna garantiu a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e definiu que a ordem econômica deve respeitar este princípio básico. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 45/146 Questão 2014 | 16262088 Segundo a Constituição Federal, A) todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. B) todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso especial do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. C) todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso especial do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se apenas à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.D) todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso especial do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se apenas ao Poder Público o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. E) todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, facultando-se ao Poder Público defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Solução Gabarito: A) todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. O enunciado requer do candidato conhecimentos especí�cos voltados à proteção do meio ambiente na Constituição Federal. A tutela ambiental constitucional tem base no artigo 225, da CF/88, que integra o Capítulo VI (Meio Ambiente), do Título VIII (Ordem Social). Portanto, a Carta Magna elevou a tutela ambiental a um nível constitucional, como direito fundamental. Lembrando que em sede de direitos fundamentais sua e�cácia também é horizontal, ou seja, os direitos fundamentais são aplicados nas relações particulares, com fundamento na força normativa da Constituição e mais especi�camente no artigo 5º, §1º da Constituição Federal de 1988, segundo o qual as normas que de�nem direitos fundamentais têm aplicação imediata. CF/88 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 46/146 coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e �scalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - de�nir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justi�quem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de signi�cativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a �ora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. § 2º Aquele que explorar recursos minerais �ca obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato- Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 47/146 § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização de�nida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. § 7º Para �ns do disposto na parte �nal do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei especí�ca que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. A letra A está correta. ERRADA. Segundo o artigo 225, da CF, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A alternativa corresponde à literalidade do caput do artigo 225 da CF/88. Ela está, portanto, CERTA. Erro no gabarito. CF/88 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A letra B está incorreta. CERTA. Segundo o artigo 225, da CF, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A alternativa não corresponde à literalidade do caput do artigo 225 da CF/88. Ela está, portanto, ERRADA. Erro no gabarito. CF/88 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A letra C está incorreta. ERRADA. Segundo o artigo 225, da CF, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 48/146 ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. CF/88 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A letra D está incorreta. ERRADA. Segundo o artigo 225, da CF, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. CF/88 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A letra E está incorreta. ERRADA. Segundo o artigo 225, da CF, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. CF/88 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Direito Ambiental e Direito Internacional - As questões ambientais ultrapassam as fronteiras físicas do Estado- Nação, deixando deser um assunto de natureza interna e passando a ser de interesse internacional (a poluição não tem fronteiras). - A preocupação da sociedade internacional com as alterações dos ecossistemas naturais do planeta tem ensejado a produção de vários tratados e convenções internacionais sobre o tema. - Nesse cenário, surge o Direito Internacional como fonte formal do Direito Ambiental Brasileiro, mantendo relação de harmonia recíproca. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 49/146 - O Brasil é signatário de vários tratados no âmbito internacional em matéria ambiental, fato que evidencia a estrita relação entre o Direito Ambiental e o Internacional. Direito Ambiental e Direito Civil - As relações entre particulares disciplinada no Código Civil devem estar atreladas ao cumprimento da função socioambiental dos negócios jurídicos celebrados. - É inconcebível que seja realizado um contrato de compra e venda de imóvel rural sem que o imóvel atenda a função socioambiental da propriedade; - Nesse sentido, esses ramos se comunicam de forma simbiótica, seja pela influência do Direito Ambiental no Direito Civil (determina que o proprietário de uma área rural deve respeitar a flora e a fauna e evitar a poluição do ar e das águas) seja pela influência do Direito Civil no ambiental, quando fixa o regime jurídico dos bens ambientais (doutrina clássica). Direito Ambiental e Direito Econômico - O Direito Econômico fixa as regras básicas da intervenção do Estado no domínio econômico seja na forma de intervenção direta (por meio de desenvolvimento de atividades econômicas – estado empresa) seja na forma de intervenção indireta como agente indutor da atividade econômica (praticando atividades de fiscalização controle e fomento). - A relação harmônica entre os dois ramos do Direito foi disciplinada na Constituição Federal de 1988 quando previu expressamente que a proteção ao meio ambiente é um dos objetivos da ordem econômica (art. 170, VI). - Um exemplo típico da interdisciplinaridade desses ramos está no fato de que os bens ambientais têm valor econômico. Isso autoriza o Estado a intervir no domínio econômico para induzir comportamentos daqueles que exploram atividade econômica, como no caso das concessões florestais realizadas pelo Serviço Florestal Brasileiro em Unidades de Conservação Federal. Direito Ambiental e Direito Administrativo - A transversalidade do Direito Ambiental atinge também o Direito Administrativo, considerando que as normas bases do Direito Administrativo, como normas sobre: processo administrativo, poder de polícia, direito material, (prescrição e decadência) e licenciamento que são utilizadas constantemente no âmbito do Direito Ambiental. Assim, o Direito Ambiental se embebeda nas fontes basilares do Direito Administrativo. - Ao seu turno, o Direito Administrativo também é influenciado por normas ambientais, como exemplo das licitações sustentáveis em que é obrigatório 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 50/146 em processos licitatórios para aquisição de bens ou contratação de serviços a promoção do desenvolvimento nacional sustentável. Direito Ambiental e Direito Tributário - Essa relação é facilmente percebida entre esses ramos do Direito quando o tributo (impostos, taxas, contribuições) é usado como instrumento de proteção ambiental (característica extrafiscal dos tributos – não visando necessariamente a acumulação de riqueza, mas a indução de determinados tipos de comportamentos). - Isso ocorre quando se diminui o valor da alíquota do imposto sobre produtos industrializados – IPI para veículos elétricos que serão menos poluentes que os convencionais. - Outro exemplo típico dessa interrelação ocorre quando um tributo não incide (isenção ou imunidade) sobre determinados fatos geradores. É o caso de proprietários que desenvolvem determinados comportamentos que favorecem a proteção e a melhoria da qualidade do meio ambiente. Temos como exemplo o caso da não cobrança do Imposto Territorial Rural – ITR para preservação de áreas especialmente protegidas a exemplo das Áreas de Preservação Permanente (caso de isenção). Direito Ambiental e Direito Penal - Os danos provocados ao meio ambiente implicam a responsabilização do Infrator na esfera administrativa (pagamento de multa ambiental) civil (necessidade de recuperar o dano ambiental perpetrado) e penal (fixação de uma sanção de natureza penal); - O Direito Penal é um indutor de comportamentos quando tutela os bens jurídicos mais relevantes no âmbito do meio ambiente. Um dos objetivos das normas penais é a proteção da integridade do bem jurídico tutelado e, secundariamente, a mudança de comportamento do infrator. - Existem normas penais específicas que protegem os bens ambientais como as normas previstas na Lei 9.605/98 que fixa os crimes ambientais mais relevantes e a Lei 6.766/79 que disciplina o parcelamento do solo urbano e define outros crimes ambientais. - A relação de transversalidade é perfeitamente perceptível entre os ramos do Direito, seja pela importância do Direito Penal para o Direito Ambiental como instrumento indutor de comportamentos positivos, seja pela necessidade de o intérprete conhecer o significado de termos próprios desse ramo, como das expressões “unidade de conservação”, “área de reserva legal” e “área de preservação permanente” que servem de elementos normativos nos tipos penais incriminadores. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 51/146 Fontes do Direito Ambiental Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. As fontes do Direito Ambiental representam o locus de onde provém as diversas formas de manifestação sobre os temas relacionados ao meio ambiental, seja por meio de reinvindicações populares, tragédias ambientais ou mesmo pela edição de uma norma jurídica que tutela especialmente um bem jurídico ambiental. Nessa quadratura, as fontes do Direito Ambiental se dividem, segundo melhor doutrina, em fontes materiais e fontes formais. As fontes materiais representam todos os fatos sociais e problemas oriundos da sociedade no que tange à questão ambiental. Incluem-se nesse conceito os movimentos populares, as descobertas científicas e a doutrina jurídica. Ao seu turno, as fontes formais são as diversas maneiras que o Direito Ambiental tem de se expressar em sociedade, ou, melhor dizendo, são as formas como as normas jurídicas se exteriorizam, podendo ocorrer por meio de leis, atos internacionais e normas administrativas. Uma forma geral de identificar se a fonte é formal ou material é verificar se há positivação do fato social no ordenamento jurídico em exame. Em havendo, será formal, caso contrário, material. As fontes materiais do Direito Ambiental são estruturantes e fundamentais para a proteção jurídica do bem ambiental. Qualquer fato social que tenha relação com o tema ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 52/146 poderá ser considerado uma fonte material desse ramo do Direito. Exemplo disso é o aquecimento global acarretado por ações antrópicas consubstanciadas em emissão de gases estufa e as tragédias ambientais que ocorreram nas últimas décadas, como o acidente nuclear de Fukushima em 2011. Sistematicamente é predominante na doutrina brasileira que uma das fontes materiais do Direito Ambiental são os movimentos populares, como o ocorrido em 1971 em que um grupo de ambientalistas saíram do porto de Vancouver no Canadá para protestar contra os testes nucleares realizados pelos Estados Unidos, fato que deu origem a uma organização não governamental (ONG) denominada Greenpeace que atua hodiernamente na defesa o meio ambiente em várias partes do mundo, influenciando na positivação de várias questões ambientais. Outra fonte material são as descobertas científicas como a feita pelos químicos Mário J. Molina e F. Sherwood Rowland querelataram pela primeira vez, em 1974, que o ozônio poderia ser destruído pelos Compostos de Clorofluorcarbonos – CFCs, fato que resultou na elaboração do Protocolo de Montreal, em 1987, sobre substâncias que destroem a camada de ozônio, ratificado pelo Brasil pelo Decreto 99.280 de 06 de junho de 1990. A Doutrina Jurídica, enquanto fonte material do Direito Ambiental, representa a contribuição dos jurisconsultos na consolidação e na construção das bases teóricas desse ramo do Direito, influenciando e participando na elaboração das fontes formais protetivas do meio ambiente. Um exemplo disso é a contribuição doutrinária para a positivação do princípio ambiental da Precaução. As Fontes Formais do Direito Ambiental - Normas Internacionais CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO – CNUMAD (ECO-92 ou RIO-92) Muitas são as denominações atribuídas à esta conferência. O concurseiro deve ficar atento às seguintes nomenclaturas sinônimas: Rio – 92, ECO – 92, Cúpula da Terra ou CNUMAD. A Rio- 92 foi realizada na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil, no ano de 1992, chegando a reunir 172 líderes de países e mais de 1000 organizações não governamentais. O Objetivo principal da ECO-92 foi reafirmar a Declaração de Estocolmo, com a retomada dos pontos discutidos na convenção pretérita, bem como debater sobre o modelo de desenvolvimento que deve ser utilizado na busca do equilíbrio socioambiental, considerando que o modelo econômico vigente era insustentável, pois não possibilitaria o sustento das gerações futuras. Nesse sentido, ressalta Romeu Thomé que as discussões e os documentos elaborados no âmbito da ECO-92 visaram incentivar o desenvolvimento econômico-social em harmonia com a preservação do meio ambiente, consagrando-se, a partir de então, a expressão “desenvolvimento sustentável”. A Rio-92 teve como resultado a elaboração de vários documentos importantes como: (1) Agenda 21; (2) Declaração dos Princípios sobre Florestas de Todo o Tipo (3) Convenção- 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 53/146 Quadro sobre Mudança no Clima; (4) Convenção sobre Diversidade Biológica (5) Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nesse ponto, entendemos que o candidato deve ter noção mínima do conteúdo e da importância de cada um dos documentos supracitados. Assim, veremos uma análise genérica de cada um: Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Conhecida também por Declaração do Rio; Declarou 27 princípios na busca do equilíbrio entre o desenvolvimento econômica e a preservação do meio ambiente; Há princípios que utilizam expressamente a denominação “desenvolvimento sustentável” (consagrado na Rio-92). Há uma diversidade muito grande de temas abordados nos princípios para busca do desenvolvimento sustentável, desde a necessidade de inclusão de índios, jovens e mulheres no debate sobre o tema até a erradicação da pobreza. Vejamos um resumo das temáticas abordadas nos 27 princípios. ���O ser humano como centro do desenvolvimento sustentável. ���Soberania e responsabilidade dos Estados na exploração de seus recursos. ���Necessidades das gerações presentes e futuras. ���Integração entre proteção ambiental e meio ambiente. ���Erradicação da pobreza. ���Tratamento especial aos países em desenvolvimento ���Responsabilidades diferenciadas dos Estados na cooperação global em benefício do meio ambiente. ���Redução e eliminação dos padrões insustentáveis de produção e de consumo. ���Intercâmbio de conhecimentos científicos e tecnológicos. ����Conscientização e participação popular nas questões ambientais, e garantia de acesso às informações. ����Legislação ambiental eficaz e adequada a cada Estado. ����Sistema econômico internacional aberto e favorável, propício ao crescimento econômico e ao desenvolvimento sustentável. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 54/146 ����Responsabilização e indenização de vítimas de danos ambientais. ����Realocação e transferência, para outros Estados, de atividades e substâncias danosas aos seres humanos e ao meio ambiente. ����Princípio da Precaução. ����Internacionalização de custos ambientais e uso de instrumentos econômicos. ����Aplicação da avaliação de impacto ambiental. ����Comunicação imediata de desastres naturais aos Estados que possam sofrer os prejuízos ambientais. ����Notificação prévia de atividades que possam causar impacto transfronteiriço negativo sobre o meio ambiente. ����Participação plena da mulher em prol do desenvolvimento sustentável. ����Parceria global entre os jovens, tendo em vista o desenvolvimento sustentável. ����Papel e importância dos povos indígenas e de outras comunidades locais. ����Proteção dos bens naturais de povos oprimidos. ����Respeito à proteção ambiental, mesmo em tempos de guerra. ����Interdependência entre a paz, o desenvolvimento e a proteção ambiental. ����Uso de soluções pacíficas para todas as controvérsias ambientais. ����Cooperação entre povos e Estados para execução dos princípios e evolução do direito internacional na esfera do desenvolvimento sustentável. Agenda 21 A Agenda 21 é um documento que constitui um programa de ações para viabilizar o novo modelo de desenvolvimento sustentável proposto na Rio-92. Esses programas de ação (cartilha) ensinam como desenvolver e ao mesmo tempo preservar o meio ambiente; Utiliza como ponto fulcral o combate à pobreza previsto no princípio 5 da Declaração do Rio e a criação do sistema de parcerias entre as nações para melhoria do desenvolvimento sustentável dos países desenvolvidos, combate ao desmatamento e a busca pela conservação da biodiversidade. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 55/146 A Agenda 21 não é um tratado internacional, mas apenas um instrumento basilar e principiológico para que os países possam proceder de forma mais equânime na busca do desenvolvimento sustentável. Esse tipo de documento que não obriga diretamente os países é conhecida no Direito Internacional como uma norma soft law (o seu descumprimento não acarreta sanção. Não tem imperatividade). Esses documentos são redigidos na forma de soft law quando não há consenso entre os países em definir as regras que devam ser adotadas para execução de um determinado programa. Declaração dos Princípios sobre Florestas de Todo o Tipo Trata-se de um documento, sem força jurídica obrigatória (soft law), que faz uma série de recomendações para a conservação e o desenvolvimento sustentável das florestas. A Declaração é um documento não vinculativo que apresenta princípios para um consenso global sobre o manejo, conservação e desenvolvimento sustentável de todos os tipos de florestas. Convenção sobre Diversidade Biológica A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) é um tratado gerenciado pela Organização das Nações Unidas sendo estabelecida durante a ECO-92 sendo hoje o principal fórum mundial para questões relacionadas ao tema (hard law). A Convenção já foi assinada por 194 países, dos quais 168 a ratificaram, incluindo o Brasil através do Decreto nº 2.519 de 16 de março de 1998 [2]. A Convenção tem como objetivos a conservação da diversidade biológica, a utilização sustentável de seus componentes e a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos, mediante, inclusive, o acesso adequado aos recursos genéticos e a transferência adequada de tecnologias pertinentes, levando em conta todos os direitos sobre tais recursos e tecnologias, e mediante financiamento adequado. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas tem o objetivo de estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera em um nível que impeça uma interferência humana perigosa no sistema climático. Esse nível deverá ser alcançado em um prazo suficiente que permita aos ecossistemasadaptarem-se naturalmente à mudança do clima, assegurando que a produção de alimentos não seja ameaçada e permitindo ao desenvolvimento econômico prosseguir de maneira sustentável. A Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), tem como órgão supremo a Conferência das Partes (COP) da qual reúne anualmente os países-Parte em conferências mundiais. Suas decisões, coletivas e consensuais, só podem ser tomadas se forem aceitas unanimemente pelas Partes, sendo soberanas e valendo para todos os países signatários. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 56/146 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2519.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2519.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2519.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2519.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2519.htm Com frequência mínima anual, os países signatários se reúnem na COP para então discutir o progresso de implementação da Convenção-Quadro. Já foram realizadas 29 Conferências das Partes. A COP considerada como sendo a mais importante, foi aquela realizada no Japão (Kioto) em 1997 (COP3) em que houve a assinatura do protocolo de Kioto, um documento complementar a UNFCCC. Esse acordo estabeleceu metas para que os países reduzissem a emissão de gases de efeito estufa definindo metas rigorosos quanto ao aquecimento global. Outra Conferência das Partes importante é a COP21, realizada em Paris, no ano de 2015, onde se adotou um novo acordo com o objetivo central de fortalecer a resposta global à ameaça da mudança do clima e de reforçar a capacidade dos países para lidar com os impactos decorrentes dessas mudanças (Acordo de Paris). O acordo firmado visou manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais e de envidar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C. O Brasil ratificou o acordo de Paris em 2016 (Decreto n. 9.073 de junho de 2017). [3] A Conferê [4]ncia mais recente, a COP 29, foi sediada em Baku, no [5] Azerbaijão, entre os dias 11 e 22 de novembro de 2024. A escolha do Azerbaijão como sede da COP foi muito criticada, por se tratar de um país produtor de petróleo, o que conflita com os interesses ambientais de redução da utilização de combustíveis fósseis. Além disso, uma outra crítica foi o fato de ser um país de governo autoritário. [6] Depois de recusar sediar a COP 25, o Brasil se mostrou interessado em sediar a COP 30, que ocorrerá em 2025, tendo como sede alguma cidade amazônica. Tal proposição encontrou apoio de países como Portugal e França. Assim, a próxima Conferência, a COP 30, será sediada em Belém, no Pará, sendo a primeira realizada [7] no Brasil. CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (Rio + 10) É denominada também de Rio + 10 (dez anos após a Rio-92), Conferência de Joanesburgo, ou Cúpula da Terra II [8], tendo ocorrido na África do Sul, na cidade de Joanesburgo, em 2002, reunindo 189 líde [9]res de países. A Conferência reafirmou os compromissos fixados na Rio -92 e as metas previstas na Agenda-21. Os principais documentos produzidos foram a Declaração de Joanesburgo e o Plano de Implementação. A Declaração de Joanesburgo reafirmou o compromisso das nações com o desenvolvimento sustentável buscando construir uma sociedade global humanitária, equitativa e solidária para efetivar o princí [10]pio da dignidade humana. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 57/146 http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocumentRatificou a importância que teve a Cúpula do Rio como marco significativo, que estabeleceu uma nova agenda para o desenvolvimento sustentável. Reconheceu que a erradicação da pobreza, a mudan [11]ça dos padrões de consumo e produção, bem como a proteção e manejo da base de recursos naturais para o desenvolvimento econômico e social são objetivos fundamentais e requisitos essenciais do desenvolvimento sustentável. Reafirmou o papel vital dos povos indígenas no desenvolvimento sustentável. Por fim, o Documento ressalta que para alcançar os objetivos do desenvolvimento sustentável, há necessidade de que existam instituições multilaterais mais eficazes, democráticas e responsáveis. Ao seu turno, o Plano de Implementação fixou as metas a serem atingidas pelos países signatários. Nesse Plano, existem diversos temas que os países se comprometeram em efetivá- los para a busca do desenvolvimento sustentável. Podemos citar, a título de exemplo, a criação do fundo de solidariedade mundial visando erradicar a pobreza e promover o desenvolvimento social nos países em desenvolvimento, a necessidade de combater a geração de resíduos e da poluição, bem como a garantia da conservação dos ecossistemas marinhos e da biodiversidade. Apesar desse discurso sustentável, segundo especialistas, a Conferência de Joanesburgo não atendeu aos anseios de uma sociedade que esperava por medidas mais radicais para implementação de ações mais eficazes e efetivas na salvaguarda do meio ambiente. Um dos problemas apontados foi a falta de fixação de prazos peremptórios e a falta de previsão de sanções a serem aplicadas pelo não cumprimento das metas traçados no Plano de Implementação. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 58/146 http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.073-2017?OpenDocument CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (Rio + 20): Conhecida também como Rio+20 (20 anos após a Rio-92) foi realizada na cidade do Rio de Janeiro, em 2012, reunindo 193 países-membros da ONU. O objetivo geral da Rio+20 foi a renovação do compromisso dos países membros da ONU com a busca pelo desenvolvimento sustentável, seja por meio da utilização da economia verde (sua importância e seus processos), da erradicação da pobreza, ou mesmo pela busca da estrutura institucional para se atingir esse objetivo. O principal documento produzido na Conferência foi denominado de “O futuro que queremos”. Ele ratificou o compromisso assumido nas Conferências anteriores com o desenvolvimento sustentável propondo uma série de medidas que deveriam ser implementadas para erradicar a pobreza, proteger os recursos naturais das ações antrópicas, mudar a forma de consumo da sociedade de massa, reduzir as desigualdades globais, regionais e locais em busca da melhoria das condições básicas de vida (busca do mínimo existencial). A Economia Verde foi um dos principais temas da Rio+20 e corresponde a um conjunto de processos produtivos que ao ser aplicado em um determinado local, possa gerar um desenvolvimento sustentável nos aspectos ambiental e social. Isso pode ser feito, a título de exemplo, por meio de uso de energia renovável e do tratamento adequado do lixo com sistemas eficientes de reciclagem. O principal objetivo da Economia Verde é possibilitar o desenvolvimento econômico compatibilizando-o com igualdade social, erradicação da pobreza e melhoria do bem-estar dos seres humanos, reduzindo os impactos ambientais negativos e a escassez ecológica. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 59/146 Questão 2016 | 959115891 Acerca dos princípios, histórico, conceito, fontes e fundamentos do Direito Ambiental, assinale a opção INCORRETA. A) Na relação homem-natureza, a concepção sobre sustentabilidade a partir da con�guração antropocêntrica utilitarista, denota a natureza como um bem coletivo essencial que deve ser preservado como garantia de sobrevivência e bem-estar do homem. B) A Convenção de Joanesburgo, realizada dez anos depois da Rio 92, gerou dois documentos importantes, a Declaração de Joanesburgo em Desenvolvimento Sustentável e o Plano de Implementação (PI). O segundo documento identi�cou várias metas, como a erradicação da pobreza e alteração dos padrões de consumo e de produção e proteção dos recursos naturais. C) O esgarçamento da camada de ozônio, o aquecimento global e mudanças climáticas, a escassez de água no planeta e tragédias ambientais como a de Tchernobyl e Exxon Valdez, contribuíram para o surgimento da consciência ambiental e, portanto, sendo acontecimentos considerados fontes materiais do Direito Ambiental. D) O efeito cliquet ambiental não admite o recuo da salvaguarda ambiental para níveis de proteção inferiores aos já consagrados, a não ser que circunstâncias de fato sejam signi�cadamente alteradas. E) A Conferência de Estocolmo de 1972 e o Protocolo de Kyoto de 1997, são algumas das principais fontes formais internacionais do Direito Ambiental. Solução Gabarito: A) Na relação homem-natureza, a concepção sobre sustentabilidade a partir da con�guração antropocêntrica utilitarista, denota a natureza como um bem coletivo essencial que deve ser preservado como garantia de sobrevivência e bem-estar do homem. A questão cobra conhecimento introdutório e conceitual acerca de institutos, marcos temporais e principiologia afeta ao Direito Ambiental. Segundo a Constituição Federal, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. A letra A está correta. ERRADA 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 60/146 A alternativa apresenta incorreção, ao conceituar a concepção antropocêntrica-utilitarista. A concepção ANTROPOCÊNTRICA UTILITARISTA foi adotada até 1972, sendo aquela pela qual a manutenção e a preservação do Meio Ambiente eram feitas com o �m de atender as necessidades humanas. Após essa data, com a Declaração de Estocolmo, essa ótica vai perdendo espaço para uma concepção ECOCÊNTRICA, na qual o meio ambiente recebe maior destaque e o ser humano é encarado como mais uma espécie componente. Atualmente, há ainda uma terceira concepção, chamada de HOLISMO AMBIENTAL, segundo a qual existe uma relação harmônica e interdependente entre meio ambiente e ser humano. A letra B está incorreta. CERTA A chamada Convenção Rio + 10, de fato, gerou: Declaração de Joanesburgo em Desenvolvimento Sustentável, na qual as nações signatárias rea�rmaram seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e com o desenvolvimento econômico, social e ambiental. Plano de Implementação (PI), documento que identi�cou várias metas, como a erradicação da pobreza e alteração dos padrões de consumo e de produção e proteção dos recursos naturais. A letra C está incorreta. CERTA Os acontecimentos citados são, de fato, questões ambientais contemporâneas que fazem parte das fontes materiais do Direito Ambiental. As fontes materiais do Direito Ambiental são formadas por uma cadeia de eventos que contribuíram para o surgimento da consciência ambiental mundial. São considerados fundamentais para que se percebesse a necessidade de elaboraçãodos primeiros princípios de proteção ambiental. A letra D está incorreta. CERTA As denominações utilizados no mundo jurídico, não raro, são retirados de outros ramos da vida, em trabalho criativo e imaginativo dos doutrinadores. É o que acontece com o Efeito cliquet, derivado de expressão utilizada pelos alpinistas para de�nir um movimento após o qual só há possibilidade de subir, não lhe sendo possível retroceder, em seu percurso. Quando aplicado nos Direitos Humanos, esse efeito signi�ca a impossibilidade de os mesmos retroagirem. Certa, portanto, a alternativa. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 61/146 A letra E está incorreta. CERTA Fontes formais internacionais são aquelas positivadas, no ordenamento jurídico internacional. De fato, as fontes citadas são algumas das fontes formais internacionais do Direito Ambiental, ao lado de algumas outras, como a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – CNUMAD (ECO 92), a Cúpula Mundial Sobre Desenvolvimento Sustentável (Joanesburgo 2002) e a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (2012). As Fontes Formais do Direito Ambiental - Normas Internas A forma de exteriorização das normas ambientais no território nacional ocorre por meio da Constituição Federal, principal instrumento normativo em matéria ambiental, das leis, sejam ordinárias, complementares ou delegadas (não muito comum em Direito Ambiental), dos Decretos emanados pelo chefe do Poder Executivo, bem como pelas normas editadas pelos órgãos ambientais pertencentes ao Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, como portarias e instruções normativas. Destacamos também a força normativa dos princípios como fonte formal do Direito Ambiental (será apresentado em tópico próprio). Nos próximos capítulos estudaremos de maneira pormenorizada as principais normas federais em matéria ambiental, começando pela análise do art. 225, da Constituição Federal, e se espraiando nas demais normas que tutelam o meio ambiente natural, como o Código Florestal (Lei 12.651/2012) e o Sistema Nacional de Unidade de Conservação – SNUC (Lei 9.985/2000), chegando às normas protetivas do meio ambiente artificial com a análise do Estatuto da cidade (Lei 10.257/2001). Portanto, neste momento, faremos apenas uma apresentação as principais normas que tratam de matéria ambiental no Brasil visando que o candidato possa compreender a estruturação da tutela normativa ao meio ambiente no âmbito federal. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 62/146 Em relação ao Meio Ambiente Natural 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 63/146 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 64/146 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 65/146 Em relação ao Meio Ambiente do Trabalho Em relação ao Meio Ambiente Artificial 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 66/146 Princípios Estruturantes do Direito Ambiental Em relação ao Meio Ambiente Cultural De início, é importante diferenciar os institutos jurídicos denominados regras e princípios. Ambos são espécies de normas jurídicas, sendo denominados por muitos doutrinadores como 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 67/146 Questão 2016 | 61958556 No que concerne à Constituição Federal de 1988 (CF) e ao meio ambiente, assinale a opção correta. norma-regra e norma-princípio, típico modelo dúplice de Robert Alexy. Nesse sentido, o Direito se manifesta por meio de normas que são denominadas de regras e princípios. As regras (normas-regras) disciplinam uma determinada situação específica, criando ou restringindo determinados direitos. Há apenas uma regra aplicável para cada hipótese (regra do tudo ou nada). Os princípios (normas-princípios) não são excludentes, podendo haver maior aplicação de um princípio em um caso específico em detrimento de outro, mas, diferentemente das normas- regras, não será ele completamente afastado, uma vez que princípios não se vinculam a uma situação específica. Isso porque os princípios servem para interpretação das demais regras postas no ordenamento jurídico, sendo balizas norteadoras para o alcance de seu exato sentido. São os valores fundamentais de uma matéria, que enquanto normas jurídicas, suprem a ausência de regra. É possível concluir que toda essa carga normativa atribuída aos princípios, de um modo geral, é perfeitamente aplicável às normas-princípios do Direito Ambiental, sendo dotadas de eficácia e aplicabilidade imediata. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Segundo Ingo Sarlet, os princípios ambientais consagrados na Constituição Federal são frutos de um movimento de consolidação da busca pela tutela ao meio ambiente que se iniciou no plano internacional e se internalizou nas diversas constituições dos países. Nesse cenário, a Constituição brasileira, desde a primeira Conferência sobre meio ambiente (Estocolmo – 1972), vem incorporando princípios que se consagram no âmbito internacional, como, a título ilustrativo, o princípio da precaução e da prevenção (Constitucionalização do Direito Ambiental). Nesse contexto, a doutrina brasileira utiliza uma diversidade significativa de princípios ambientais consagrados em diplomas normativos no plano nacional ou internacional. Para o objetivo desta aula, abordaremos apenas os princípios ambientais mais cobrados em concursos e destacados pela doutrina e jurisprudência, estejam ou não positivados em nosso ordenamento jurídico. Assim, passaremos a análise pormenorizada dos seguintes princípios ambientais: dignidade da pessoa humana em sua dimensão ecológica; desenvolvimento sustentável; ambiente ecologicamente equilibrado; precaução; prevenção; poluidor-pagador; usuário- pagador; protetor – recebedor; solidariedade intergeracional; direito à informação; participação comunitária; ubiquidade ou transversalidade; responsabilidade comum, mas diferenciada; proibição do retrocesso ambiental; e função socioambiental da propriedade. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 68/146 A) Entende-se a previsão constitucional de um meio ambiente ecologicamente equilibrado tanto como um direito fundamental quanto como um princípio jurídico fundamental que orienta a aplicação das regras legais. B) O princípio da livre iniciativa impede que o poder público �scalize entidades dedicadas à pesquisa e à manipulação de material genético. C) O estudo prévio de impacto ambiental será dispensado nos casos de obras públicas potencialmente causadoras de signi�cativa degradação ambiental quando elas forem declaradas de utilidade pública ou de interesse social. D) Os espaços territoriais especialmente protegidos, de�nidos e criados por lei ambiental, poderão ser suprimidos por meio de decreto do chefe do Poder Executivo municipal para permitir a moradia de população de baixa renda em área urbana. E) A competência para proteger o meio ambiente e combater a poluição em todas as suas formas é concorrente entre a União, os estados, o Distrito Federal (DF) e os municípios, de modo que a ação administrativa do órgão ambiental da União prevalece sobre a ação dos demais entes federativos. Solução Gabarito: A) Entende-se a previsão constitucional de um meio ambiente ecologicamente equilibrado tanto como um direito fundamental quanto como um princípio jurídico fundamental que orienta a aplicação das regras legais. A partir da edição da Lei nº 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente) o meio ambiente recebeu uma tutela especial, haja vista que passou a ser protegido como bem essencial em si mesmo, e não mais de forma indireta, como um meio de se assegurar outros direitos. Seguiram-se, então, diversas leis complementando a tutela ambiental, formando uma espécie de teia legislativa de proteção do meio ambiente. Essa ideia de tutelairrestrita do meio ambiente foi agasalhada pela Constituição Federal de 1988, que deu o suporte valorativo e serviu de fundamento de validade para a consolidação do sistema de proteção ambiental vigente em nosso país. Portanto, a Carta Magna elevou a tutela ambiental a um nível constitucional, como direito fundamental, tratando do tema no artigo 225. Lembrando que em sede de direitos fundamentais sua e�cácia também é horizontal, ou seja, os direitos fundamentais são aplicados nas relações particulares, com fundamento na força normativa da Constituição e mais especi�camente no artigo 5º, §1º da Constituição Federal de 1988, segundo o qual as normas que de�nem direitos fundamentais têm aplicação imediata. Um exemplo do reconhecimento da e�cácia horizontal dos direitos fundamentais pelo STF foi a legitimidade da aplicação direta das garantias fundamentais decorrentes da cláusula constitucional do due process of law no tocante ao processo de exclusão de associado de entidade de direito privado. A letra A está correta. CERTA. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 69/146 Essa ideia de tutela irrestrita do meio ambiente foi agasalhada pela Constituição Federal de 1988 deu o suporte valorativo e serviu de fundamento de validade para a consolidação do sistema de proteção ambiental vigente em nosso país. Portanto, a Carta Magna elevou a tutela ambiental a um nível constitucional, como direito fundamental, tratando do tema no artigo 225. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Lembrando que em sede de direitos fundamentais sua e�cácia também é horizontal, ou seja, os direitos fundamentais são aplicados nas relações particulares, com fundamento na força normativa da Constituição e mais especi�camente no artigo 5º, §1º da Constituição Federal de 1988, segundo o qual as normas que de�nem direitos fundamentais têm aplicação imediata. Um exemplo do reconhecimento da e�cácia horizontal dos direitos fundamentais pelo STF foi a legitimidade da aplicação direta das garantias fundamentais decorrentes da cláusula constitucional do due process of law no tocante ao processo de exclusão de associado de entidade de direito privado. A letra B está incorreta. ERRADA. Segundo o artigo 225, §1º, II, da CF/88, é dever do Poder Público, dentre outros, preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e �scalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético. Além do mais, o princípio do desenvolvimento sustentável signi�ca exatamente a harmonização do crescimento econômico, com justiça social e preservação do meio ambiente. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; (Regulamento) II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e �scalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - de�nir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 70/146 através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justi�quem sua proteção; (Regulamento) IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de signi�cativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (Regulamento) V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; (Regulamento) VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a �ora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. A letra C está incorreta. ERRADA. Não existe exceção para a dispensa da elaboração do Estudo de Impacto Ambiental - EIA (desde que exista possibilidade de signi�cativa degradação do meio ambiente). Segundo o artigo 225, §1º, IV, da CF/88, é dever do poder público exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de signi�cativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: ... IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de signi�cativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (Regulamento) A letra D está incorreta. ERRADA. Segundo o artigo 225, §1º, III, da CF/88, é dever do Poder Público de�nir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 71/146 protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justi�quem sua proteção. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: ... III - de�nir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justi�quem sua proteção; (Regulamento) A letra E está incorreta. ERRADA. A competência para proteger o meio ambiente e combater a poluição em todas as suas formas é COMUM (não concorrente) entre a União, os estados, o Distrito Federal (DF) e os municípios, de modo que a ação administrativa do órgão ambiental da União deve estar em harmonia (não prevalecer) com a ação dos demais entes federativos, conforme distribuição de competências feita pela LC 140/11. CF/88 Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: ... III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as �orestas, a fauna e a �ora; ... Parágrafo único. Leis complementares �xarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. Questão 2014 | 62031407 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 72/146 No que se refere ao direito-dever fundamental ao meio ambiente e aos princípios relacionados à proteção ambiental,como o conjunto de bens móveis e imóveis existentes no país, sendo de interesse público a sua conservação. D) A legislação ambiental que estabelece os requisitos do estudo de impacto ambiental é silente em relação à necessidade de se demonstrar, no diagnóstico ambiental, a inexistência de impacto aos aspectos históricos e culturais da sociedade. E) A PNMA estabelece expressamente que o meio ambiente é bem de uso comum do povo, a ser necessariamente assegurado e protegido, haja vista o seu uso coletivo ou particular, quando legalmente autorizado. Solução Gabarito: C) O patrimônio histórico e artístico nacional, conceito jurídico conexo com o de meio ambiente cultural, é de�nido como o conjunto de bens móveis e imóveis existentes no país, sendo de interesse público a sua conservação. O enunciado requer do candidato conhecimentos especí�cos relacionados à proteção do meio ambiente na Constituição Federal (art. 225 da CF), e sobre o licenciamento ambiental, um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, arrolado no art. 9º da Lei 6.938/81. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; (Regulamento) II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e �scalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento) III - de�nir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justi�quem sua proteção; (Regulamento) 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 7/146 IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de signi�cativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (Regulamento) V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; (Regulamento) VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a �ora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento) § 2º Aquele que explorar recursos minerais �ca obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato- Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. (Regulamento) (Regulamento) § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização de�nida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. § 7º Para �ns do disposto na parte �nal do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei especí�ca que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017) Art 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 8/146 II - o zoneamento ambiental; (Regulamento) III - a avaliação de impactos ambientais; IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; VI - a criação de reservas e estações ecológicas, áreas de proteção ambiental e as de relevante interesse ecológico, pelo Poder Público Federal, Estadual e Municipal; VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989) VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental. X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989) XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzí-las, quando inexistentes; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989) XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989) XIII - instrumentos econômicos, como concessão �orestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) A letra A está incorreta. ERRADA. Segundo o artigo 225 da CF/88 todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. Portanto, o conceito de meio ambiente tem conexão direta com a garantia da qualidade de vida. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 9/146 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; (Regulamento) II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e �scalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento) III - de�nir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justi�quem sua proteção; (Regulamento) IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de signi�cativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (Regulamento) V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodosjulgue o item a seguir. A despeito da falta de consenso na doutrina sobre a matéria, é possível elencar, além do princípio do direito fundamental ao ambiente equilibrado, os seguintes princípios constitucionais ambientais estruturantes: prevenção, precaução, poluidor-pagador, participação e informação. Solução Gabarito: CERTA. Em junho de 1.972 a ONU organizou em Estocolmo, na Suécia, a 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, onde fora aprovado a "Declaração Universal do Meio Ambiente" que declarava que os recursos naturais, devem ser conservados em benefício das gerações futuras, sendo que, cabe a cada país regulamentar os princípios nas respectivas legislações para que a natureza permaneça imune. No entendimento de Celso Antônio Pachêco Fiorillo, os princípios do Direito Ambiental são os seguintes: desenvolvimento sustentável, poluidor pagador, prevenção, participação (de acordo com o autor, a informação e a educação ambiental fazem parte deste princípio) e ubiquidade. (FIORILLO, Celso Antonio Pachêco. Curso de direito ambiental brasileiro. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 23/42.) Luís Paulo Sirvinskas, enumera os seguintes princípios do Direito Ambiental: direito humano, desenvolvimento sustentável, democrático, prevenção (precaução ou cautela), equilíbrio, limite, poluidor-pagador e responsabilidade social. (SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de direito ambiental. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 34/38.) Edis Milaré, elenca como princípios do Direito Ambiental: meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana, natureza pública da proteção ambiental, controle de poluidor pelo Poder Público, consideração da variável ambiental no processo decisório de políticas de desenvolvimento, participação comunitária, poluidor-pagador, prevenção, função social da propriedade, desenvolvimento sustentável e cooperação entre os povos. (MILARÉ, Edis. Direito do ambiente. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p. 136/152.) Para Rui Piva, o Direito Ambiental possui os princípios a saber: participação do Poder Público e da coletividade, obrigatoriedade da intervenção estatal, prevenção e precaução, informação e noti�cação ambiental, educação ambiental, responsabilidade das pessoas física e jurídica. (PIVA, Rui. Bem ambiental. São Paulo: Max Limonad, 2000, p. 51.) 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 73/146 Paulo A�onso Leme Machado, classi�ca os seguintes princípios do Direito Ambiental: acesso equitativo aos recursos naturais, usuário-pagador e poluidor-pagador, precaução, prevenção, reparação, informação e participação. (MACHADO, Paulo A�onso Leme Machado. Direito ambiental brasileiro. 9ª ed. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 43/78.) Toshio Mukai, trabalha com os seguintes princípios do Direito Ambiental: prevenção, poluidor-pagador ou responsabilização e cooperação. (MUKAI, Toshio. Direito ambiental sistematizado. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002, p. 37/40.) Marcos Destefenni, enumera os seguintes princípios do Direito Ambiental: obrigatoriedade da intervenção estatal, prevenção, precaução, usuário e poluidor pagador, ampla responsabilidade da pessoa física e jurídica e desenvolvimento sustentável. (DESTEFENNI, Marcos. Direito penal e licenciamento ambiental. São Paulo: Memória Jurídica, 2004, p. 27/42.) A alternativa está certa, pois em igualdade com a doutrina predominante, que são princípios constitucionais ambientais estruturantes o da prevenção, precaução, poluidor-pagador, participação e informação. Segundo Carmen Lúcia Antunes: "(...) o princípio da prevenção, que é aquele que determina a adoção de políticas públicas de defesa dos recursos ambientais como uma forma de cautela em relação à degradação ambiental (...)". (ROCHA, Carmem Lúcia Antunes. Princípios constitucionais de direito ambiental. Revista da Associação dos Juízes Federais do Brasil, ano 21 nº 74 (2º semestre de 2003), p. 56/57.) Já o princípio da precaução veda as intervenções no meio ambiente, salvo se houver a certeza que as alterações não causarão reações adversas. O princípio do poluidor-pagador tem como síntese forçar a iniciativa privada a internalizar os custos ambientais gerados pela produção e pelo consumo na forma de degradação e de escasseamento dos recursos ambientais. Como a�rma Paulo A�onso Leme Machado: "(...) ao causar uma degradação ambiental o indivíduo invade a propriedade de todos os que respeitam o meio ambiente e afronta o direito alheio. (...)" (MACHADO, Paulo A�onso Leme Machado. Direito ambiental brasileiro. 9ª ed. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 47.) O princípio da gestão democrática é chamado de princípio democrático ou de princípio da participação, devendo ser aplicado tanto na relação aos três Poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário) e nas funções do Estado. Já o princípio da gestão democrática (ou da informação) dispõe o direito da pessoa à informação e a participação em elaborar políticas públicas ambientais, sendo assegurado todos os princípios norteadores. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e sua Dimensão Ecológica Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 74/146 O princípio da dignidade da pessoa humana e sua dimensão ecológica foi consagrado primeiramente na Conferência de Estocolmo de 1972, mais precisamente no Princípio 1 da Declaração de Estocolmo, vejamos: Princípio 1 O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar, tendo a solene obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente para as gerações presentes e futuras. A este respeito, as políticas que promovem ou perpetuam o apartheid, a segregação racial, a discriminação, a opressão colonial e outras formas de opressão e de dominação estrangeira são condenadas e devem ser eliminadas. O normativo internacional deixa transparecer a regra de que a manutenção da qualidade do meio ambiente é fundamental para que uma pessoa possa efetivamente concretizar todos os demais direitos e garantias previstos nos ordenamentos internos. Mas essa visão não pode ter conotação reducionista a entender que o princípio da dignidade da pessoa humana fique restrito ao indivíduo. É nessa visão multidimensional do princípio que Ingo Sarlet adverte que a dignidade do indivíduo nunca é a do indivíduo isolado ou socialmente irresponsável, exigindo também igual dignidade de todos os integrantes do grupo social. É nessa versão comunitária ou social do princípio da dignidade da pessoa humana que se insere sua dimensão ecológica, exigindo que existam condições equilibradas do ambiente, seja de ordem química, física e/ou biológica, para a regular manutenção da vida e a plena concreção do princípio da dignidade da pessoa humana. A Lei 6.938/81 que disciplina a Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA é o normativo mais preciso que internalizou a dimensão ecológica no princípio da dignidade da pessoa humana. Isso é perceptível na disposição do art. 2º que prevê como objetivo da PNMA a melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida visando, dentre outros pontos, à proteção da dignidade da pessoa humana. Vejamos o regramento: Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 75/146 Princípio do Desenvolvimento Sustentável Para fins de concurso, é perfeitamente possível concluir que o ordenamento jurídico brasileiro contempla o princípio da dignidade da pessoa humana não só em seu aspecto individual, mas também em seu aspectocomunitário, por meio de sua dimensão ecológica. Outro princípio de notória importância para o Direito Ambiental é o do desenvolvimento sustentável que também teve sua origem histórica na Conferência de Estocolmo de 1972 e seu apogeu com a Cúpula da Terra (Rio-92). Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. O termo “desenvolvimento sustentável” tem como ponto fulcral a harmonização do crescimento econômico com a preservação ambiental e a busca da equidade social. Isso porque só há desenvolvimento sustentável quando todas as referidas vertentes forem respeitadas. Romeu Thomé, sustenta que a Rio-92 consolidou muitos princípios norteadores do Direito Ambiental no documento intitulado Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Um deles foi o princípio do desenvolvimento sustentável em suas três dimensões: proteção ambiental, crescimento econômico e equidade social. A proteção ambiental e o crescimento econômico ficaram consolidados no princípio 4 do documento, estatuindo que para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental constituirá parte integrante do processo de desenvolvimento e não se dissociar deste. Vejamos a previsão: Declaração do Rio Princípio 4 Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental deve constituir parte integrante do processo de desenvolvimento, e não pode ser considerada isoladamente deste. Por outro lado, a equidade social foi ventilada no princípio 5 que tem como pano de fundo a erradicação da pobreza e a redução das disparidades sociais com o desenvolvimento sustentável. Eis o regramento: 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 76/146 Princípio 5 Todos os Estados e todos os indivíduos, como requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável, devem cooperar na tarefa essencial de erradicar a pobreza de forma a reduzir as disparidades nos padrões de vida e melhor atender às necessidades da maioria da população do mundo. O princípio do desenvolvimento sustentável também está positivado em nosso ordenamento jurídico sendo um dos objetivos da PNMA visando a compatibilização do desenvolvimento econômico e social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico (Art. 2º). O Código Florestal expressamente define o princípio como fundamental para se atingir os objetivos de um desenvolvimento sustentável. Vejamos o normativo do art.1º-A, da Lei 12.651/12: Código Florestal – Lei 12.651/12 Art. 1º-A. Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos. Parágrafo único. Tendo como objetivo o desenvolvimento sustentável, esta Lei atenderá aos seguintes princípios: (...) O conceito de desenvolvimento sustentável vem previsto em diversos diplomas normativos e em normas internacionais tipo soft law, mas podemos seguramente defini-lo como aquele que faz face às necessidades das gerações presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras na satisfação de suas próprias necessidades. É a busca do equilíbrio entre o crescimento econômico e a preservação do meio ambiente. Por fim, é possível inferir que a Constituição Federal consagrou tal princípio, embora não expressamente, ao prever no art. 170 todas as vertentes do princípio do desenvolvimento sustentável. De fato, da análise do normativo, nota-se que o constituinte buscou encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento (crescimento econômico), nos incisos II e IV, a 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 77/146 Questão 2018 | 62136675 O conceito clássico de desenvolvimento sustentável a�rma que “É o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de preservação do meio ambiente, nos incisos III e VI, e a equidade social, nos incisos VII e VIII. Eis os normativos: Constituição Federal Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; Por outro lado, embora não previsto expressamente na Carta Política, o princípio do desenvolvimento sustentável foi normatizado no art. 6º, IV, da Lei de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/12). Vejamos: Lei de Resíduos Sólidos – Lei 12.305/12 Art. 6o São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos: (...) IV - o desenvolvimento sustentável; 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 78/146 atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro” (BRUNDTLAND,1991). São os componentes de desenvolvimento sustentável os A) econômico, ambiental e natural. B) político, econômico e ambiental. C) econômico, sociopolítico e ambiental. D) socioeconômico, ambiental e direitos humanos. Solução Gabarito: C) econômico, sociopolítico e ambiental. ALTERNATIVA "C". A questão pede os componentes do conceito de desenvolvimento sustentável, que são os seguintes: os econômico, sociopolítico (também chamado de social) e ambiental. Logo, esse conceito deve se preocupar com o crescimento econômico, com o meio ambiente e com o bem-estar das pessoas. Segundo o site do jornal “o Estado de SP”, o “conceito de sustentabilidade, assim como do desenvolvimento sustentável, é amparado por três pilares: econômico, social e ambiental. Seu objetivo é manter a harmonia entre os componentes para garantir a integridade do planeta, da natureza e da sociedade no decorrer das gerações”. Assim, percebe-se que o campo do desenvolvimento sustentável pode ser conceptualmente dividido em três componentes: a sustentabilidade ambiental, sustentabilidade econômica e sustentabilidade sociopolítica. Professor, o que signi�cam esses três componentes do conceito de desenvolvimento sustentável? Segundo o site do Instituto Brasileiro de Sustentabilidade, signi�cam o seguinte: "Sustentabilidade ambiental: consiste na manutenção das funções e componentes do ecossistema, de modo sustentável, podendo igualmente designar-se como a capacidade que o ambiente natural tem de manter as condições de vida para as pessoas e para os outros seres vivos, tendo em conta a habitabilidade, a beleza do ambiente e a sua função como fonte de energias renováveis. Sustentabilidade econômica: trata-se do conjunto de medidas e políticas que visam a incorporação de preocupações e conceitos ambientais e sociais ao princípio de 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 79/146 desenvolvimento. Assim, além do foco no crescimento econômico, devemos considerar fatores ambientais e socioeconômicos ao se pensar em desenvolvimento. Sustentabilidade sociopolítica: centra-se no equilíbrio social, tanto na sua vertente de desenvolvimento social como socioeconômica. É um veículo de humanização da economia, e, ao mesmo tempo, pretende desenvolver o tecido social nos seus componenteshumanos e culturais". Professor, o que foi o relatório Brundtland? Relatório Brundtland é o "documento intitulado Nosso Futuro Comum (Our Common Future), publicado em 1987. Neste documento o desenvolvimento sustentável é concebido como: “O desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades. Foi elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, faz parte de uma série de iniciativas, anteriores à Agenda 21, as quais rea�rmam uma visão crítica do modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e reproduzido pelas nações em desenvolvimento, e que ressaltam os riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas. O relatório aponta para a incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo vigentes". Fontes: https://economia.estadao.com.br/blogs/ecoando/os-tres-pilares-da-sustentabilidade- como-o-desenvolvimento-economico-pode-contribuir-para-os-negocios-a-natureza-e-a- sociedade/ https://www.inbs.com.br/o-que-e-desenvolvimento-sustentavel/ https://nacoesunidas.org/acao/meio-ambiente/ Acessos em 26 abr. 2020. Princípio do Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. O princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado, segundo Paulo Machado, é corolário do princípio da dignidade da pessoa humana, pois cada ser humano só fluirá plenamente de um estado de bem-estar e de equidade se lhe for assegurado o direito fundamental de viver num ambiente ecologicamente equilibrado. O meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito fundamental previsto na Constituição Federal de 1998, no art. 225, que embora não previsto no art. 5º, que trata dos direitos fundamentais, tem essa qualificação, tendo presente a norma de extensão de seu §2º. Vejamos: 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 80/146 Princípio da Prevenção Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Nesse sentido, Édis Milaré argumenta que o reconhecimento do meio ambiente saudável como direito fundamental da pessoa humana está também relacionado ao princípio do mínimo existencial ecológico, pois nada mais é do que a extensão do direito à vida e à proteção da dignidade da vida humana em sua concepção mínima. Podemos inferir, então, que o princípio do ambiente ecologicamente equilibrado está expressamente previsto no art. 225, caput, da CF/88, constituindo-se em direito fundamental de terceira dimensão de natureza transindividual. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Segundo Édis Milaré, o princípio da prevenção busca evitar que o dano possa se concretizar, tendo por base uma certeza científica dos impactos ambientais produzidos por determinada atividade. Esse princípio contempla os riscos certos, conhecidos pelo expert na área da atividade. Busca antecipar a ocorrência do dano ambiental em sua origem. É nesse sentido que se procura impedir os impactos previamente conhecidos. Constitucionalmente esse princípio se corporifica na necessidade de elaboração de estudo prévio de impacto ambiental (EPIA), para as atividades potencialmente causadoras de significativa degradação ao meio ambiente, nos termos, do art. 225, § 1º, IV, da CF/88. Vejamos o normativo: Constituição Federal Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 81/146 Questão 2017 | 29506878 Para a realização de determinada atividade econômica, a pessoa física interessada solicitou ao órgão estadual ambiental competente a licença necessária. Entretanto, por ser a atividade econômica considerada potencialmente causadora de degradação ao meio ambiente, o referido ente público informou ao interessado da necessidade do prévio estudo de impacto ambiental. Na situação apresentada, a realização do referido estudo consagra a aplicação do princípio ambiental A) do usuário-pagador. B) da precaução. C) da prevenção. D) do poluidor-pagador. Solução Gabarito: C) da prevenção. O enunciado requer do candidato conhecimentos especí�cos relacionados aos princípios do direito ambiental, lembrando que princípio é a base, o fundamento de qualquer dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...) IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; Por outro lado, embora não previsto expressamente na Carta Política, o princípio da prevenção foi normatizado no art. 6º, I, da Lei de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/12). Vejamos: Lei de Resíduos Sólidos – Lei 12.305/12 Art. 6o São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos: I - a prevenção e a precaução; 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 82/146 instituto que se estude. Na seara jurídica, princípio é espécie de norma jurídica (regra é a outra espécie de norma jurídica). Portanto, como espécie de norma jurídica, o princípio jurídico possui e�cácia normativa (é capaz de criar, modi�car ou extinguir direitos). A diferença para a regra jurídica é a carga de abstração, que é maior nos princípios. O estudo de impacto ambiental é um dos instrumentos da PNMA e tem previsão constitucional no artigo 225, §1º, IV, da Carta Magna. CF/88 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: ... IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de signi�cativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; A letra A está incorreta. ERRADA. O princípio do usuário-pagador visa imputar ao usuário dos bens ambientais o custo por seu uso, não sendo fundamento da exigência do Estudo de Impacto Ambiental. Segundo o art. 4º, VII, da Lei 6.938/81, a Política Nacional do Meio Ambiente visará à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com �ns econômicos. A letra B está incorreta. ERRADA. O Princípio da precaução visa impedir a ocorrência de danos potenciais que, de acordo com o atual estágio do conhecimento, não podem ser identi�cados. Portanto, ainda não há certeza cientí�ca acerca dos potenciais danos causados por uma atividade, por isso tal atividade deve ser evitada. Não confundir com o princípio da prevenção. Lá, os riscos já são conhecidos, e, portanto, podem ser evitados com a adoção de certas medidas. Aqui, como os riscos não são conhecidos, a atividade não pode ser exercida, sob pena de se colocar em perigo o meio ambiente. O princípioda precaução não deve ser visto como obstáculo ao progresso da ciência, mas sim como importante instrumento de proteção de um bem tão caro para a humanidade (meio ambiente). Aplica-se o princípio em tela às questões de engenharia genética e clonagem de seres vivos. Nada impede que, tempos depois, a ciência evolua e consiga descobrir as consequências ambientais de uma determinada atividade, momento no qual passará a ser aplicado o princípio da prevenção, e não mais o princípio da precaução. En�m, em caso de desconhecimento cientí�co acerca da possibilidade de uma 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 83/146 atividade ser danosa ao meio ambiente aplica-se o princípio da precaução, e a atividade deve ser evitada. OBS: O CESPE/CEBRASPE, posteriormente, anulou questão idêntica, considerando que o EIA tem fundamento tanto no princípio da prevenção quanto no princípio da precaução, pois, segundo Frederico Amado, o EIA deve ser realizado nos casos de signi�cativa degradação ambiental, EFETIVA OU POTENCIAL. A letra C está correta. CERTA. O Princípio da prevenção visa impedir a ocorrência do dano ambiental, através da adoção de medidas de cautela antes da execução de atividades potencialmente poluidoras ou utilizadoras de recursos naturais. Aplica-se o princípio da prevenção naqueles casos em que os riscos já são conhecidos e previstos, de modo a se exigir do responsável pela atividade potencialmente poluidora a adoção de medidas que impeçam ou diminuam os danos ambientais. O princípio da prevenção se impõe devido ao caráter frequentemente irreversível do dano ambiental causado. A noção de prevenção leva em conta o conhecimento antecipado dos danos que podem ser causados ao meio ambiente em determinada situação, a �m de que se sejam tomadas medidas tendentes a evitar a ocorrência de tais danos. Há, portanto, um nexo de causalidade cienti�camente conhecido entre a atividade a ser exercida e o potencial de dano decorrente dessa atividade. Não confundir o princípio da prevenção com o princípio da precaução. Podemos citar, como instrumentos implementadores do princípio da prevenção, o estudo prévio de impacto ambiental, o licenciamento ambiental, o zoneamento, o tombamento, a ação civil pública, a ação popular, as restrições administrativas, etc. En�m, em caso de dano conhecido o Poder Público e a coletividade devem agir de modo a evitar/mitigar a sua ocorrência. A letra D está incorreta. ERRADA. Surgiu o�cialmente por intermédio da OCDE, em 1972, signi�cando que o poluidor ou usuário de recursos naturais deverá arcar com os custos das medidas de prevenção e controle da poluição (internalização dos custos ambientais). A internalização dos custos ambientais nada mais é que o computo, no valor �nal do produto/serviço, dos ganhos e das perdas ambientais veri�cados. Portanto, está mais relacionado à imposição dos custos ambientais do que à exigência de estudos ambientais. Segundo o Princípio nº 16 da Declaração do Rio-92: "As autoridades nacionais devem procurar promover a internacionalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 84/146 econômicos, tendo em vista a abordagem segundo a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais" Questão 2011 | 4000106682 Quanto aos princípios fundamentais do Direito Ambiental, é CORRETO a�rmar que: I. A a�rmação: “Os seres humanos constituem o centro das preocupações relacionadas com o desenvolvimento sustentável. Tem direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com o meio ambiente” (princípio 1 – Rio 92), nos leva a reconhecer o princípio da dignidade da pessoa humana como um dos mais relevantes aplicáveis ao Direito Ambiental. II. O princípio da prevenção caracteriza-se pela ausência de absoluta certeza cientí�ca acerca do dano ambiental causado por determinado empreendimento. III. O caráter inter geracional do Direito Ambiental pode ser reconhecido no princípio do desenvolvimento sustentável insculpido no caput do artigo 225, in �ne da Constituição Federal. A) Somente as a�rmativas I e II são verdadeiras. B) Somente as a�rmativas II e III são verdadeiras. C) Somente as a�rmativas I e III são verdadeiras. D) Todas as a�rmativas são verdadeiras. Solução Gabarito: C) Somente as a�rmativas I e III são verdadeiras. ASSERTIVA I. CERTA. A assertiva está certa, pois o princípio da dignidade da pessoa humana está intimamente atrelado ao Direito Ambiental. O meio ambiente é essenciaa à sadia qualidade de vida das pessoas, sendo imprescindível para que o ser humano sobreviva com a devida dignidade, observando a preservação dos recursos naturais �nitos. A vida do ser humano depende da relação harmoniosa com o meio ambiente. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 85/146 ASSERTIVA II. ERRADA. A assertiva está errada, não traz a característica certa do princípio da prevenção. O princípio da prevenção é aplicado nas situações em que há absoluta certeza cientí�ca de degradação ambiental potencialmente danosa ao meio ambiente, devido a implementação de determinado empreendimento. Por sua vez, o princípio da precaução utiliza como base a ausência de absoluta certeza de degradação ambiental potencialmente danosa ao meio ambiente. Visa materializar o indubio pro natura, no caos de dúvida sobre empreendimento ou atividade ser degradadora ao meio ambiente, o intérprete deve zelar pela proteção ao meio ambiente. ASSERTIVA III. CERTA. A assertiva está certa, pois o artigo 225, caput da CF/88 descreve o meio ambiente como bem de uso comum do povo, essencial a qualidade de vida das gerações presentes e futuras, além de alinhar o desenvolvimento econômico com a proteção do meio ambiente, preservando os recursos naturais. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. Princípio da Precaução O princípio da precaução busca também evitar que o dano possa se concretizar, mas diferentemente do princípio da prevenção, há ausência de certeza científica sobre a atividade analisada. Tem-se um risco incerto. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Foi previsto incialmente no Declaração da RIO-92 no princípio 15. Vejamos: Princípio 15 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 86/146 De modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com as suas capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental Essa falta de certeza científica absoluta não deve servir de pretexto para postergar a adoção de medidas efetivas de modo a evitar a degradação ambiental. Isso porque a incerteza milita a favor do meio ambiente, cabendo àquele que pretende desenvolver atividade potencialmente poluidora o ônus de provar que sua atividade não é perigosa e/ou poluente. Resumindo, a relação de causalidade entre o dano e a atividade é presumida. Embora não previsto expressamente na Carta Política, o princípio da precaução também foi normatizado no art. 6º, I, da Lei de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/12). Vejamos: Lei de Resíduos Sólidos – Lei 12.305/12 Art. 6o São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos: I - a prevenção e a precaução; (...) Eis as características principais dos princípios da prevenção e da precaução: Princípio da Prevenção Princípio da Precaução Certeza científica sobre a ocorrência do dano Incerteza científica sobre a ocorrência do dano Risco Certoe Conhecido Risco Incerto e Desconhecido 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 87/146 Questão 2019 | 28003380 Uma associação de moradores de um bairro de determinado município da Federação propôs uma ação civil pública (ACP) em desfavor da concessionária de energia local, para que seja determinada a redução do campo eletromagnético em linhas de transmissão de energia elétrica localizadas nas proximidades das residências dos moradores do bairro, alegando eventuais efeitos nocivos à saúde humana em decorrência desse campo eletromagnético. Apesar de estudos desenvolvidos pela Organização Mundial da Saúde a�rmarem a inexistência de evidências cientí�cas convincentes que con�rmem a relação entre a exposição humana a valores de campos eletromagnéticos acima dos limites estabelecidos e efeitos adversos à saúde, a entidade defende que há incertezas cientí�cas sobre a possibilidade de esse serviço desequilibrar o meio ambiente ou atingir a saúde humana, o que exige análise dos riscos. Nessa situação hipotética, o pedido da associação feito na referida ACP se pauta no princípio ambiental A) da precaução. B) da proporcionalidade. C) da equidade. D) do poluidor-pagador. E) do desenvolvimento sustentável Solução Gabarito: A) da precaução. O enunciado cobra o conhecimento no tocante ao princípio da precaução, o qual representa a ideia do in dubio pro natura, ou seja, quando não houver certeza da ausência de dano ambiental, se faz necessário interpretar o melhor para o meio ambiente. Em uma primeira análise deve-se atenção ao informativo 829 do STF: "Princípio da precaução, campo eletromagnético e legitimidade dos limites �xados pela Lei 11.934/2009. No atual estágio do conhecimento cientí�co, que indica ser incerta a existência de efeitos nocivos da exposição ocupacional e da população em geral a campos Risco Concreto Risco Abstrato 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 88/146 elétricos, magnéticos e eletromagnéticos gerados por sistemas de energia elétrica, não existem impedimentos, por ora, a que sejam adotados os parâmetros propostos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), conforme estabelece a Lei nº 11.934/2009. STF. Plenário.(repercussão geral)." Se faz necessário compreender que, o princípio da precaução, na visão do professor Romeu Thomé, ( Thomé, Romeu. Manual de Direito Ambiental, 5ed, página 92) é conceituado como: "O princípio da precaução é considerado uma garantia contra os riscos potenciais que, de acordo com o estado atual do conhecimento, não podem ser ainda identi�cados." Assim, quando para a realização de uma ação não houver certeza do cometimento de um dano ao meio ambiente, é preciso evitar que essa ação ocorra. A letra A está correta. CERTA. É necessário compreender que o princípio da Precaução é invocado nas hipóteses em que há uma incerteza cientí�ca de que aquela ação não causará danos ambientais. Isso ocorre porque o direito ambiental é pautado pelo princípio do in dubio pro natura, ou seja, em casos de dúvidas sobre as reais consequências daquela ação, deve-se prevalecer a interpretação mais favorável à natureza. Dessa forma, quando o enunciado informa que há incertezas cientí�cas sobre a possibilidade de danos nocivos à saúde humana ocasionados pelo campo eletromagnético das linhas de transmissão de energia elétrica, deve-se atentar para o princípio da precaução, uma vez que na falta de comprovação cientí�ca, prevalecerá a interpretação mais favorável à natureza. Ademais, há entendimento por parte do Supremo Tribunal Federal através do informativo 829: "Princípio da precaução, campo eletromagnético e legitimidade dos limites �xados pela Lei 11.934/2009. No atual estágio do conhecimento cientí�co, que indica ser incerta a existência de efeitos nocivos da exposição ocupacional e da população em geral a campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos gerados por sistemas de energia elétrica, não existem impedimentos, por ora, a que sejam adotados os parâmetros propostos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), conforme estabelece a Lei nº 11.934/2009. STF. Plenário.(repercussão geral)." A letra B está incorreta. ERRADA. O enunciado faz menção ao princípio da precaução e não ao da proporcionalidade, uma vez que há incertezas cienti�cas sobre o real dano a saúde humana dos campos eletromagnéticos das linhas de energia. Entende-se como princípio da proporcionalidade ambiental como uma adequação das providências adotadas pelo Poder Público, uma vez que devem se mostrar em consonância 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 89/146 como o objetivo ambiental pretendido, como também, necessária atenção a uma ponderação entre os meios empregados para alcançar o �m social e as consequências a serem suportadas pelo meio ambiente. Além de que, o princípio da proporcionalidade também se refere ao princípio da função socioambiental da propriedade, uma vez que, incumbe ao proprietário utilizar toda sua propriedade dando-a função social sem que, portanto, alargue os impactos ambientais ocasionados pelo desempenho dessa atividade. A letra C está incorreta. ERRADA. Uma vez que o enunciado faz menção ao princípio da precaução e não da equidade. Isso ocorre porque, não há comprovação cientí�ca dos impactos ocasionados pelo campo eletromagnético da linhas de transmissão de energia elétrica. Cumpre-se ressaltar que o princípio da equidade ambiental se con�gura por apresentar uma atenção aos recurso naturais atuais a serem utilizados pelas gerações futuras. Assim, deve-se atenção ao fato de que os recursos naturais por serem �nitos precisam possuir um caráter de limitação pela sociedade atual, ao passo que, a utilização desenfreada desses recursos culminará em um esgotamento dos mesmos. Dessa forma, as gerações futuras não usufruirão dos recursos naturais. Nota-se, portanto, que o enunciado não faz uma relação com a utilização dos recursos naturais, ao passo que não há que se mencionar a utilização do princípio da equidade para pautar o pedido referido na ACP. A letra D está incorreta. ERRADA. O enunciado não faz referência ao princípio do poluidor-pagador, todavia se refere ao princípio da precaução ambiental O princípio do poluidor-pagador é entendido como o poluidor internalizar os custos referentes ao impacto ambiental causado pela a sua atividade desempenhada. Isso ocorre porque, deve-se evitar que os lucros sejam privatizados e os prejuízos socializados. Ademais, tal princípio possui a feição preventiva, pois busca evitar que os evitar o agravamento dos danos ambientais, como também, a feição repressiva, uma vez que se faz presente um ressarcimento do dano causado. No enunciado em questão não há qualquer referência ao princípio do poluidor-pagador, referindo-se, portanto, ao princípio da precaução. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 90/146 A letra E está incorreta. ERRADA. Não há no enunciado menção ao princípio do desenvolvimento sustentável, e sim referência ao princípio da da precaução. O princípio do desenvolvimento sustentável se refere ao desenvolvimento da sociedade através de uma manutenção dos valores sociais humanos, como a reprodução do homem e suas atividades, e um maior desenvolvimento econômico, sem, contudo, causar impactos ambientais irreversíveis. Isso ocorre porque, o princípio do desenvolvimento sustentável busca harmonizar a exploração e desenvolvimento da economia com uma maior preservação do meio ambiente. Questão 2013 | 28953993 Uma empresa brasileira de exploração de gás e petróleo, pretendendo investir na exploração de gás de xisto, obteve autorização de pesquisa do órgão competente e identi�cou, no início das primeiras pesquisas exploratórias, um potencial razoável para a exploração do gás em determinada área federal. Apesar de ainda não dispor de tecnologia que garantisse totalmente a proteção ambiental da área de exploração, principalmente, no que tangeà água subterrânea, a empresa obteve a licença prévia para proceder à exploração de gás de xisto. Com base nessa situação hipotética, nas normas de proteção ao meio ambiente e na jurisprudência, julgue o item seguinte. O princípio da precaução poderá ser aplicado como um dos argumentos para a suspensão, pelo o órgão competente, da licença prévia da empresa, caso se identi�que risco de dano ambiental. Solução Gabarito: CERTA. De início, é importante o candidato saber que o licenciamento de “atividades efetiva ou potencialmente poluidoras” é um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, nos termos do art. 9º, inciso IV e art. 10 da Lei Federal n. 6.938/1981. O licenciamento ambiental está regulamentado pela Resolução CONAMA n. 237, de 19 de dezembro de 1997. Nos termos do art. 8º, inciso I, da Resolução CONAMA n. 237/1997, a licença prévia é a “concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 91/146 estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação”. Por sua vez, as hipóteses de suspensão da licença estão previstas no art. 19 da Resolução CONAMA n. 237/1997, nos seguintes termos: Art. 19. O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modi�car os condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer: I – violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais; II – omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença; III – superveniência de graves riscos ambientais e de saúde. Assim, identi�cado risco de dano ambiental, a licença prévia da empresa pode ser suspensa pelo órgão competente. Além disso, a questão exige do candidato o conhecimento da diferenciação entre princípio da precaução e princípio da prevenção. E, nesse ponto, o principal critério de diferenciação é a certeza cientí�ca, decorrente da redação do Princípio 15 da Declaração das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992: “de modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com as suas capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza cientí�ca não deve ser utilizada como razão para postergar medidas e�cazes e economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental”. Assim, a precaução é uma medida para evitar o mero risco de ocorrência de dano ambiental, ainda que não se tenha absoluta certeza a respeito, e, por outro lado, a prevenção é a medida necessária para evitar um dano conhecido. Portanto, a a�rmação está certa, uma vez que se menciona um risco de dano ambiental – de forma que se pode invocar o princípio da precaução como fundamento da suspensão da licença prévia concedida. Princípio do Poluidor - Pagador O princípio do poluidor-pagador, por sua vez, tem previsão expressa no art. 225, §§ 2º e 3º, da Constituição Federal de 1988, art. 4, VII, da Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA e na Lei de Resíduos Sólidos, como um princípio fundamental da Política Nacional de Resíduos Sólidos, em seu Art. 6º, III. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 92/146 Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Eis os normativos: Constituição Federal de 1988 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (...) § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Lei da PNMA- Lei 6.938/81 Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. Lei de Resíduos Sólidos – Lei 12.305/12 Art. 6o São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos: II - o poluidor-pagador e o protetor-recebedor; O princípio do poluidor-pagador é um instrumento econômico que exige que o poluidor suporte as despesas de prevenção, reparação e repressão de danos ambientais. O poluidor deve responder pelos custos socais pela degradação causada, como também suportar as consequências negativas de sua atividade e não deixar para sociedade o ônus da degradação ambiental por ele produzida, buscando-se, com isso, evitar a privatização de lucros e a socialização de perdas. Ele tem o dever de eliminar essas externalidades negativas. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 93/146 Questão 2018 | 635588600 A internalização do custo ambiental, transformando a externalidade negativa, ou custo social, num custo privado, visa impedir a socialização do prejuízo e a privatização dos lucros. Este é o objetivo do princípio A) do poluidor-pagador. B) da função social da propriedade. C) da prevenção. D) da precaução. E) da cooperação. Solução Gabarito: A) do poluidor-pagador. O enunciado requer do candidato conhecimentos especí�cos relacionados aos princípios do direito ambiental, lembrando que princípio é a base, o fundamento de qualquer instituto que se estude. Na seara jurídica, princípio é espécie de norma jurídica (regra é a outra espécie de norma jurídica). Portanto, como espécie de norma jurídica, o princípio jurídico possui e�cácia normativa (é capaz de criar, modi�car ou extinguir direitos). A diferença para a regra jurídica é a carga de abstração, que é maior nos princípios. A letra A está correta. CERTA. O princípio do poluidor pagador surgiu o�cialmente por intermédio da OCDE, em 1972, signi�cando que o poluidor deverá arcar com os custos das medidas de prevenção e controle da poluição (internalização dos custos ambientais). O fornecedor, portanto, está obrigado a levar em consideração no preço �nal de seu produto os custos necessários para a preservação do meio ambiente. A linha de raciocínio do referido princípio passa pela responsabilização jurídica e econômica do poluidor pelos danos causados ao meio ambiente, a �m de que a sociedade seja desonerada desse ônus. É a chamada internalização das externalidades negativas ambientais. Expliquemos melhor. As externalidades, segundo Marcelo Abelha Rodrigues, são os re�exos sociais (positivos ou negativos) que um produto/serviço causa a ser lançado no mercado. Por ser quase impossível medi-las quantitativamente, essas consequências não são incluídas no Nessa quadratura, o poluidor deve internalizar os custos das externalidades negativas para que a sociedade não venha suportar o ônus da produção. Isso pode ser concretizado por meio do Estado (dever), através de ações de fiscalização, ou mesmo por meio de políticas públicas que fixem obrigações para as atividades potencialmente poluidoras do meio ambiente. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 94/146 preço �nal do produto/serviço, gerando um desvio de mercado, ou seja, o preço de uma mercadoria/serviço não re�ete seu valor social. A letra B está incorreta. ERRADA. Por meio do princípio da função ambiental da posse e da propriedade, estes direitos [a posse e a propriedade] devem se amoldar, de forma que o seu exercício não cause danos ao meio ambiente. Sua aplicação traz ao possuidor/proprietário um conjunto de deveres (obrigação real ou propter rem) ligados à defesado meio ambiente. Em consequência, nasce para a coletividade e para o Poder Público o direito de exigir que o possuidor/proprietário exerça seu direito de posse/propriedade dentro de limites que garantam a preservação do meio ambiente. Podemos dizer, en�m, que o princípio em tela serve como um limitador/balizador do direito de posse/propriedade, gerando para seu titular o dever de exercer seu direito sem que tal exercício gere danos ao meio ambiente. Portanto, o direito de posse/propriedade não é absoluto, mas deve ser compatibilizado com a preservação do ecossistema. Nessa toada, caso o exercício da posse/propriedade cause danos ao meio ambiente, tal exercício mostra-se abusivo, e, portanto, ilegal, devendo ser responsabilizado não só o causador do dano, mas também o possuidor/proprietário, já que a obrigação acompanha a coisa (natureza real ou propter rem). Tal princípio, portanto, não está ligado a ideia de evitar a socialização dos prejuízos e a internalização dos lucros. A letra C está incorreta. ERRADA. Visa impedir a ocorrência do dano ambiental, através da adoção de medidas de cautela antes da execução de atividades potencialmente poluidoras ou utilizadoras de recursos naturais. Aplica-se o princípio da prevenção naqueles casos em que os riscos já são conhecidos e previstos, de modo a se exigir do responsável pela atividade potencialmente poluidora a adoção de medidas que impeçam ou diminuam os danos ambientais. O princípio da prevenção se impõe devido ao caráter frequentemente irreversível do dano ambiental causado. É muito difícil conseguir que o meio ambiente retorne ao seu estado de equilíbrio após um dano ambiental. Portanto, certo está o ditado popular em dizer que “melhor é prevenir do que remediar”. A noção de prevenção leva em conta o conhecimento antecipado dos danos que podem ser causados ao meio ambiente em determinada situação, a �m de que se sejam tomadas medidas tendentes a evitar a ocorrência de tais danos. Há, portanto, um nexo de causalidade cienti�camente conhecido entre a atividade a ser exercida e o potencial de dano decorrente dessa atividade. Não confundir o princípio da prevenção com o princípio da precaução. Podemos citar, como instrumentos 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 95/146 implementadores do princípio da prevenção, o estudo prévio de impacto ambiental, o licenciamento ambiental, o zoneamento, o tombamento, a ação civil pública, a ação popular, as restrições administrativas, etc. En�m, em caso de dano conhecido o Poder Público e a coletividade devem agir de modo a evitar/mitigar a sua ocorrência. Tal princípio, portanto, não está ligado a ideia de evitar a socialização dos prejuízos e a internalização dos lucros. A letra D está incorreta. ERRADA. Visa impedir a ocorrência de danos potenciais que, de acordo com o atual estágio do conhecimento, não podem ser identi�cados. Portanto, ainda não há certeza cientí�ca acerca dos potenciais danos causados por uma atividade, por isso tal atividade deve ser evitada. Não confundir com o princípio da prevenção. Lá, os riscos já são conhecidos, e, portanto, podem ser evitados com a adoção de certas medidas. Aqui, como os riscos não são conhecidos, a atividade não pode ser exercida, sob pena de se colocar em perigo o meio ambiente. O princípio da precaução não deve ser visto como obstáculo ao progresso da ciência, mas sim como importante instrumento de proteção de um bem tão caro para a humanidade (meio ambiente). Aplica-se o princípio em tela às questões de engenharia genética e clonagem de seres vivos. Nada impede que, tempos depois, a ciência evolua e consiga descobrir as consequências ambientais de uma determinada atividade, momento no qual passará a ser aplicado o princípio da prevenção, e não mais o princípio da precaução. En�m, em caso de desconhecimento cientí�co acerca da possibilidade de uma atividade ser danosa ao meio ambiente aplica-se o princípio da precaução, e a atividade deve ser evitada. Tal princípio, portanto, não está ligado a ideia de evitar a socialização dos prejuízos e a internalização dos lucros. A letra E está incorreta. ERRADA. O princípio da cooperação dos povos decorre do princípio da ubiquidade. Como o bem ambiental não encontra fronteiras, nasce o dever de união, cooperação entre os povos com a �nalidade de garantir o equilíbrio ecológico. Políticas regionais ou nacionais de proteção ao meio ambiente as vezes não são su�cientes para a preservação ambiental, sendo necessária uma atuação coordenada da comunidade internacional no sentido de implementar mecanismos que garantam a preservação dos recursos naturais. A manutenção do equilíbrio ecológico mundial deve suplantar interesses individuais, não signi�cando violação à soberania nacional. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 96/146 O princípio nº 2 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (documento extraído da Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 2002) é claro ao informar que “Os Estados, de acordo com a Carta das Nações Unidas e com os princípios do direito internacional, têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos segundo suas próprias políticas de meio ambiente e de desenvolvimento, e a responsabilidade de assegurar que atividades sob sus jurisdição ou seu controle não causem danos ao meio ambiente de outros Estados ou de áreas além dos limites da jurisdição nacional”. Tal princípio, portanto, não está ligado a ideia de evitar a socialização dos prejuízos e a internalização dos lucros. Questão 2013 | 31715996 De acordo com o princípio do poluidor-pagador, é correto a�rmar: A) Quem tem condições econômicas de indenizar está autorizado a praticar ações que causem danos ao ambiente. B) O princípio somente se aplica ao dano contra o patrimônio ambiental cultural. C) Assegura o direito à indenização das vítimas de poluição e de outros danos ambientais. D) O poluidor que indeniza as vítimas do dano causado se exime de responsabilidade nas esferas administrativa e civil. Solução Gabarito: C) Assegura o direito à indenização das vítimas de poluição e de outros danos ambientais. A solução da questão exige o conhecimento do princípio do poluidor-pagador no âmbito do Direito Ambiental. O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado tem previsão constitucional, no artigo 225, e possui natureza jurídica de direito difuso, considerado essencialmente coletivo (doutrina de Barbosa Moreira), cujas características são a transindividualidade, a indivisibilidade, e seus titulares serem indeterminados e indetermináveis e ligados por circunstâncias de fato. Assim, se enquadra dentre os direitos chamados de terceira geração ou dimensão, ligado a ideais de solidariedade social e fraternidade, cuja proteção interessa indistintamente a todos os cidadãos. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 97/146 Além disso, é de destacar que o papel de tutela dos direitos coletivos foi atribuído, precipuamente, ao Ministério Público, dentre suas funções institucionais especiais dos incisos do art. 129. Isso porque a Constituição Federal de 1988, ao tratar do papel do Ministério Público, lhe conferiu o status de instituição permanente e essencial à Justiça, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, conforme se veri�ca no artigo 127 de seu texto, bem como previu algumas funções especiais e privativas a serem desempenhadas pela instituição, incumbindo aos órgãos de execução do Parquet a promoção do inquérito civil e da ação civil pública para alcançar tais �ns, conforme inciso III do artigo 129 da Carta Política. Ainda, importa ressaltar que a doutrina leciona que o período de construção do direito coletivo e a tutela dos bens transindividuais se iniciou com a Lei de Ação Popular (4.717/65), com a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81) e coma Lei de Ação Civil Pública (Lei 7.347/85), mas a sua consolidação e o seu aperfeiçoamento se deram no período pós-Constituição de 1988, em especial com o advento do Código de Defesa do Consumidor. A letra A está incorreta. INCORRETA. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, não há direito adquirido à manutenção de situação que gere prejuízo ao meio ambiente, ainda que haja reparação econômica dos prejuízos ambientais causados. Esse é o entendimento foi cristalizado no enunciado da Súmula 613 do STJ, que aduz que "não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito Ambiental." A previsão normativa do referido princípio, conforme a doutrina, se extrai do artigo 14, § 1º da Lei 6.938/81: "Art 14 - Sem prejuízo das penalidades de�nidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente." A letra B está incorreta. INCORRETA. O princípio do poluidor-pagador é geral e se aplica a todas as ações de tutela do bem ambiental. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 98/146 Sobre o tema da reparação dos danos ambientais, re�ra-se ao teor do enunciado da súmula 629 do STJ, que ampliou o alcance dos ditames do art. 3º da Lei de Ação Civil Pública, consagrando a CUMULAÇÃO – e não a alternatividade - de providências voltadas para a reparação integral do direito violado: “Súmula 629 - Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à obrigação de fazer ou à de não fazer cumulada com a de indenizar.” A letra C está correta. CORRETA. Por se tratar de direito difuso, a tutela do meio ambiente ecologicamente sadio re�ete, positivamente, na situação jurídica das vítimas do evento lesivo, que poderão se aproveitar da sentença erga omnes em demandas individuais, por meio do instituto do transporte in utilibus da coisa julgada coletiva. De acordo com a jurisprudência dominante do STJ, as ações para reparação ao dano ambiental são tidas por imprescritíveis. É o que consta da Edição 119 da Jurisprudência em teses do STJ, sobre Responsabilidade por Dano Ambiental, cujo item 5) traz tese jurídica no sentido de que "é imprescritível a pretensão reparatória de danos ao meio ambiente (REsp: 1.081.257/SP, de 2018) ". Mas não serão imprescritíveis as pretensões individuais de cumprimento da sentença coletiva, sujeitas ao prazo de 5 anos da Lei de Ação Popular, por força do princípio da integratividade do microssistema de tutela coletiva. A letra D está incorreta. INCORRETA. Conforme o artigo 225, § 3º da Constituição Federal, o poluidor será responsabilizado nas instâncias criminal, administrativa e civil: "Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. (...) § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados." Atualmente, é pací�co tanto no STF quanto no STJ que NÃO se aplica a teoria da dupla imputação para �ns de responsabilização das pessoas jurídicas por crimes ambientais. Ou seja, não é necessário que se responsabilize uma pessoa física para que se possa responsabilizar criminalmente a pessoa jurídica. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 99/146 Para �ns de conhecimento, o STJ, ao interpretar o artigo 3º da Lei 9.605/98 e o artigo 225, § 3º da Constituição Federal, conforme se extrai do Recurso Especial n° 564.960 de 2003, entendia que "a pessoa jurídica só pode ser responsabilizada quando houver intervenção de uma pessoa física, que atua em nome e em benefício do ente moral" Até outubro de 2014, o STF seguia a mesma posição do STJ, aplicando a teoria da dupla imputação nos processos que envolviam pessoas jurídicas nos crimes ambientais. Esse entendimento perdurou até o julgamento do Recurso Extraordinário n° 548.181 em 2014, em que o STF mudou seu entendimento até então prevalente, entendendo que a Constituição "não teria condicionado a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa", posicionamento que foi seguido pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do RMS 39.173/BA, em 2015. Princípio do Usuário - Pagador Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. O princípio do usuário-pagador tem fundamento no mesmo matiz principiológico do princípio do poluidor-pagador, qual seja, a responsabilização jurídica e econômica pelos danos causados ao meio ambiente com o propósito de evitar que as externalidades negativas geradas pelas atividades de produção e consumo sejam suportadas pela sociedade. Embora não previsto expressamente na Carta Política, o princípio do usuário-pagador foi normatizado no art. 4º, I, da Lei da PNMA (Lei 6938/81). Vejamos: Lei da PNMA – Lei 6.938/81 Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos O objetivo do princípio, segundo Ingo Sarlet, é orientar normativamente o usuário de recursos naturais no sentido de adequar suas práticas de consumo buscando despertar a consciência para o uso racional e sustentável do bem ambiental. O usuário, portanto, tem a 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 100/146 Questão 2016 | 61901674 De acordo com os princípios do direito ambiental, julgue o item que se seguem. Ao usuário será imposta contribuição pelos custos advindos da utilização de recursos ambientais com �ns econômicos. Solução Gabarito: CERTA. Pelo princípio do usuário-pagador se imputa, ao usuário de recursos naturais, uma contribuição pelos custos advindos da utilização desses recursos ambientais com �ns econômicos. Tal princípio visa fomentar o uso racional e e�caz dos recursos naturais, evitando o desperdício. Está previsto, também, no artigo 4º, VII, da Lei nº 6.938/81, como sendo um dos objetivos da PNMA. Vejamos: Lei 6.938/81 Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: ... VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com �ns econômicos. Questão 2013 | 28953710 No que se refere ao princípio do usuário-pagador no âmbito do direito ambiental, entre outras normas ambientais, julgue o item que se segue. Não é permitida a gestão das �orestas públicas por meio de concessão �orestal a pessoas que não se enquadrem no conceito de populações tradicionais. obrigação de pagar pela utilização dos recursos naturais, mesmo que não venha provocar qualquer tipo de dano ao meio ambiente. Outras normas têm previsão expressa desse princípio, como a Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428/06, art. 6º, parágrafo único) e a Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97) que fixa a cobrança de valores pelo uso dos recursos hídricos. Nesse sentido, não seria desarrazoado, com base no princípio do usuário-pagador, a cobrança de uma tarifa mínima pela utilização dos recursos hídricos se o usuário tem poço artesiano e não utiliza regularmente o sistema de fornecimentode água pela concessionaria. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 101/146 Solução Gabarito: ERRADA. Conforme artigo 3º, VII, da Lei 11.284/2006, a concessão �orestal é a delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do direito de praticar manejo �orestal sustentável para exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo, mediante licitação à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências do respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para seu desempeno, por sua conta e risco e por prazo determinado. Não há previsão na Lei 11.284/2006 de que a gestão das �orestas públicas, a ser conduzida por comissão instituída para essa �nalidade, tenha de conter integrantes quali�cados no conceito de populações tradicionais do art. 3º, X da mesma lei. Lei 11.284/2006 Art. 3º Para os �ns do disposto nesta Lei, consideram-se: ... VII - concessão �orestal: delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do direito de praticar manejo �orestal sustentável para exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo, mediante licitação, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências do respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado; ... X - comunidades locais: populações tradicionais e outros grupos humanos, organizados por gerações sucessivas, com estilo de vida relevante à conservação e à utilização sustentável da diversidade biológica; Questão 2013 | 28953387 No que se refere ao princípio do usuário-pagador no âmbito do direito ambiental, entre outras normas ambientais, julgue o item que se segue. De acordo com o referido princípio, deve-se proceder à quanti�cação econômica dos recursos ambientais, de modo a garantir reparação por todo o dano ambiental causado. Solução Gabarito: ERRADA O princípio do usuário-pagador revela sistema de incentivo visando à utilização racional dos recursos naturais, evitando o desperdício, independentemente de dano ao meio 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 102/146 ambiente, ao preci�car a utilização do recurso natural, podendo tal valor dispendido ser revertido à proteção do meio-ambiente. Tem como lógica econômica estatuir preços a usos de recursos ambientais, que devem re�etir todos os custos sociais do uso e esgotamento do recurso natural. Difere-se do princípio do poluidor-pagador, pois nesse último a contrapartida pecuniária depende de dano ou de violação à lei ambiental. Nos dois casos, visam à O princípio do usuário-pagador encontra arrimo no art. 4º, VII da Lei 6938/1981, que versa sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com �ns econômicos. Por sua vez, também vem instanciado em outras normas jurídicas setoriais, como a Lei instituidora do Sistema Nacional das Unidades de Conservação (l. 9985/2000), em seu art. 36: Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de signi�cativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei. (Regulamento) OBS: o referido artigo foi declarado constitucional pelo STF, que reconheceu e sufragou a existência do princípio do usuário-pagador na ordem jurídica brasileira, conforme julgamento da ADI 3378. Princípio do Protetor - Recebedor Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. O princípio do protetor-recebedor, conforme leciona Frederico Amado, seria a outra face da moeda do Princípio do Poluidor-Pagador, ao defender que as pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pela preservação ambiental devem ser agraciadas com benefícios de alguma natureza (sanção premial), pois estão colaborando com toda a comunidade para a consecução do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Assim, haverá uma espécie de compensação pelos serviços ambientais em favor daqueles que atuam na defesa do meio ambiente. Esse princípio estabelece que cabe pagamento àquele que de alguma forma presta um serviço ambiental, preservando, melhorando ou recuperando a qualidade do meio ambiente. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 103/146 A ideia é dar uma retribuição financeira como incentivo ao agente que protege um bem ambiental em benefício da sociedade. Por outro lado, embora não previsto expressamente na Constituição Federal, o princípio do protetor-recebedor foi normatizado no art. 6º, I, da Lei de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/12). Eis o normativo: Lei de Resíduos Sólidos – Lei 12.305/12 Art. 6o São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos: II - o poluidor-pagador e o protetor-recebedor; Outra lei que normatizou o princípio, foi o Código Florestal em seu art.1º -A, caput, e em seu parágrafo único, VI. Vejamos: Código Florestal – Lei 12.651/2012 Art. 1º-A. Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos. Parágrafo único. Tendo como objetivo o desenvolvimento sustentável, esta Lei atenderá aos seguintes princípios: VI - criação e mobilização de incentivos econômicos para fomentar a preservação e a recuperação da vegetação nativa e para promover o desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis O Código Florestal disciplinou no art. 41 a forma como os incentivos econômicos serão usados para fomentar a conduta positiva dos agentes no sentido de prestarem serviços ambientais. O referido normativo autorizou o Poder Executivo Federal a criar o programa de apoio e incentivo à preservação e recuperação do meio ambiente, com a possibilidade de retribuição financeira ou não, para os seguintes serviços ambientais, como conservação da biodiversidade, conservação e o melhoramento do solo, dentre outros. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 104/146 Código Florestal – Lei 12.651/2012 Art. 41. É o Poder Executivo federal autorizado a instituir, sem prejuízo do cumprimento da legislação ambiental, programa de apoio e incentivo à conservação do meio ambiente, bem como para adoção de tecnologias e boas práticas que conciliem a produtividade agropecuária e florestal, com redução dos impactos ambientais, como forma de promoção do desenvolvimento ecologicamente sustentável, observados sempre os critérios de progressividade, abrangendo as seguintes categorias e linhas de ação: I - pagamento ou incentivo a serviços ambientais como retribuição, monetária ou não, às atividades de conservação e melhoria dos ecossistemas e que gerem serviços ambientais, tais como, isolada ou cumulativamente: (...) II - compensação pelas medidas de conservação ambiental necessárias para o cumprimento dos objetivos desta Lei, utilizando-se dos seguintes instrumentos, dentre outros: a) obtenção de crédito agrícola, em todas as suas modalidades, com taxas de juros menores, bem como limites e prazos maiores que os praticados no mercado; b) contratação do seguro agrícola em condições melhores que as praticadas no mercado; c) dedução das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, gerando créditos tributários; d) destinação de parte dos recursos arrecadados com acobrança pelo uso da água, na forma da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, para a manutenção, recuperação ou recomposição das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito na bacia de geração da receita; e) linhas de financiamento para atender iniciativas de preservação voluntária de vegetação nativa, proteção de espécies da flora nativa ameaçadas de extinção, manejo florestal e agroflorestal sustentável realizados na propriedade ou posse rural, ou recuperação de áreas degradadas; f) isenção de impostos para os principais insumos e equipamentos, tais como: fios de arame, postes de madeira tratada, bombas d’água, trado de perfuração de solo, dentre outros utilizados para os processos de recuperação e manutenção das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito; III - incentivos para comercialização, inovação e aceleração das ações de recuperação, conservação e uso sustentável das florestas e demais formas de vegetação nativa, tais como: a) participação preferencial nos programas de apoio à comercialização da produção agrícola; 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 105/146 Questão 2012 | 672935034 Em relação aos princípios de Direito Ambiental, analise as assertivas abaixo. I. Segundo o princípio do poluidor pagador, é dever do Estado criar instrumentos que bene�ciem atividades dos particulares que venham a causar benefícios ambientais, ou seja, a pessoa que por sua conta cria mecanismos de proteção ambiental deverá ser recompensada. II. O princípio do usuário pagador determina a contribuição pela utilização de recursos ambientais com �ns econômicos como forma de externalizar os lucros decorrentes de atividades que se bene�ciem dos recursos ambientais. III. O princípio do protetor recebedor impõe ao poluidor e ao predador a obrigação de recuperar ou indenizar os danos causados ao meio ambiente. É correto o que se a�rma em b) destinação de recursos para a pesquisa científica e tecnológica e a extensão rural relacionadas à melhoria da qualidade ambiental. O normativo é claro ao prever a compensação financeira direta ou indireta ao agente que de alguma forma preste serviços ambientais para a preservação do meio ambiente prestando serviços ambientais, consolidando o princípio do protetor-recebedor no ordenamento jurídico pátrio. Dando concretude ao princípio do protetor – recebedor, a Lei 14.119/2021 institui mecanismos para a implementação da Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais – PNPSA que definiu serviços ambientais como as atividades individuais ou coletivas que favorecem a manutenção, a recuperação ou a melhoria dos serviços ecossistêmicos (art. 2º, III), sendo considerado pagamento por serviços ambientais transação de natureza voluntária, mediante a qual um pagador de serviços ambientais transfere a um provedor desses serviços recursos financeiros ou outra forma de remuneração, nas condições acertadas, respeitadas as disposições legais e regulamentares pertinentes (art. 2º, IV). A Lei também definiu, em seu art. 3º, as modalidades de pagamento por serviços ambientais, em que se destacam, a título exemplificativo, o pagamento direto, monetário ou não monetário; a prestação de melhorias sociais a comunidades rurais e urbanas; a compensação vinculada a certificado de redução de emissões por desmatamento e degradação; os títulos verdes (green bonds); o comodato; e a Cota de Reserva Ambiental (CRA), instituída pela Lei nº 12.651/2012. Outras modalidades de pagamento por serviços ambientais poderão ser estabelecidas por atos normativos do órgão gestor da PNPSA. As modalidades de pagamento deverão ser previamente pactuadas entre pagadores e provedores de serviços ambientais. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 106/146 A) II e III, apenas. B) I e II, apenas. C) III, apenas. D) II, apenas. E) I, II e III. Solução Gabarito: D) II, apenas. Assertiva I: INCORRETA. O princípio do poluidor-pagador consta do Princípio 16 da Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, no sentido de que “o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo decorrente da poluição”. Isso não signi�ca, contudo, um “direito” de poluir, mas a ideia de que os custos de medidas de prevenção, bem como de reparação, deem repercutir no preço dos bens e dos serviços, originários da poluição. Ligado a isso, nos termos do art. 14, § 1º da Lei Federal n. 6.938/1981: “sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade (...)”. Ou seja, trata-se da internalização das externalidades negativas, devendo o poluidor arcar com os seus custos. O princípio enunciado nessa assertiva é, na verdade, o princípio do protetor-recebedor. Assertiva II: CORRETA. O princípio do usuário-pagador refere-se ao uso autorizado de um recurso natural – de acordo com Maria Luiza Machado Granziera, “trata-se de pagar pelo uso privativo de um recurso ambiental de natureza pública, em face de sua escassez, e não como uma penalidade decorrente de ilícito” (In: Direito Ambiental, 3ª ed., São Paulo: Ed. Atlas, 2014, p. 72). No mesmo sentido, de acordo com Paulo A�onso Leme Machado, esse princípio “signi�ca que o utilizador do recurso deve suportar o conjunto dos custos destinados a tornar possível a utilização do recurso e os custos advindos de sua própria utilização”, 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 107/146 mas não como uma penalidade (In: Direito Ambiental Brasileiro, 20ª ed., São Paulo: Ed. Malheiros, 2012, pp. 93-94). Assim, a assertiva descreve corretamente o princípio do usuário-pagador e, portanto, está correta. Assertiva III: INCORRETA. O princípio da protetor-recebedor implica no pagamento ou incentivo a serviços ambientais é um instrumento econômico, visando a internalização de externalidades positivas, com vistas a promover a preservação do meio ambiente. Ele é admitido em nosso ordenamento jurídico, por exemplo, nos termos do art. 9, inciso XIII da Lei Federal n. 6.938/1981. Esse fundamento contrapõe-se ao princípio do poluidor-pagador, visando a internalização de externalidades negativas. O princípio enunciado nessa assertiva é, na verdade, o princípio do poluidor-pagador. Dessa forma, a ALTERNATIVA CERTA é a “D”. Princípio da Solidariedade Intergeracional O princípio da solidariedade intergeracional está relacionado à equidade social. É a aplicação do princípio da solidariedade com um viés à proteção do meio ambiente. O princípio busca destacar a responsabilidade que existe entre gerações humanas partindo da ideia de que as gerações presentes devem zelar pela qualidade do meio ambiente para que as gerações futuras possam usufruir desse direito em outro momento. A Constituição Federal previu no art. 225, caput, a necessidade de preservação da qualidade do meio ambiente para as presentes e futuras gerações impondo um dever ao Poder Público e à coletividade em garantir um estado mínimo de qualidade ambiental visando assegurar a existência das gerações futuras. Vejamos o normativo: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 108/146 Questão 2015 | 61963058 Tomando por fato real e cienti�camente comprovado que o rápido avanço do desmatamento irregular da �oresta amazônica é um fator gerador da grave e crescente crise hídrica que atinge as regiões nordeste e sudeste brasileiras, essa atividade A) está amparada pelo Princípio do Usuário Pagador. B) está amparada pelo Princípio do Poluidor Pagador C) fere o Princípio da Solidariedadee substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; (Regulamento) VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a �ora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento) § 2º Aquele que explorar recursos minerais �ca obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 10/146 § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato- Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. (Regulamento) (Regulamento) § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização de�nida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. § 7º Para �ns do disposto na parte �nal do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei especí�ca que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017) A letra B está incorreta. ERRADA. No licenciamento ambiental, que é um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (art. 9º, IV, da Lei nº 6.938/81), não há análise fragmentada do impacto causado pela atividade, mas sim análise de sua aptidão para causar qualquer tipo de degradação ambiental, o que deve ser feito de um modo geral, global, e não particularizado. Vide artigo 2º, I, da LC 140/11 c/c artigo 3º, II, da LPNMA. Art. 2o Para os �ns desta Lei Complementar, consideram-se: I - licenciamento ambiental: o procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental; Art 3º - Para os �ns previstos nesta Lei, entende-se por: ... II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente; 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 11/146 A letra C está correta. CERTA. Segundo o artigo 1º do Decreto-Lei nº 25/37, de�ne-se o patrimônio histórico e artístico nacional como o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográ�co, bibliográ�co ou artístico. Lembrando que, segundo o STF (ADI 3540), o conceito moderno de meio ambiente abarca o MA natural, o MA arti�cial, o MA cultural e o MA do trabalho. Decreto-Lei 25/37 Art. 1º Constitue o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interêsse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográ�co, bibliográ�co ou artístico. “A ATIVIDADE ECONÔMICA NÃO PODE SER EXERCIDA EM DESARMONIA COM OS PRINCÍPIOS DESTINADOS A TORNAR EFETIVA A PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. - A incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por interesses empresariais nem �car dependente de motivações de índole meramente econômica, ainda mais se se tiver presente que a atividade econômica, considerada a disciplina constitucional que a rege, está subordinada, dentre outros princípios gerais, àquele que privilegia a "defesa do meio ambiente" (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e abrangente das noções de meio ambiente natural, de meio ambiente cultural, de meio ambiente arti�cial (espaço urbano) e de meio ambiente laboral...” (STF, ADI 3540) A letra D está incorreta. ERRADA. A legislação ambiental que estabelece os requisitos do estudo de impacto ambiental trata especi�camente da necessidade de se demonstrar, no diagnóstico ambiental, a inexistência de impacto aos aspectos históricos e culturais da sociedade, conforme consta na Resolução CONAMA 01/86, em seu artigo 6º, C. Lembrando que o estudo de impacto ambiental é reservado àquelas atividades que possam causar SIGNIFICATIVO impacto ambiental, conforme artigo 225, §1º, IV, da CF. RESOLUÇÃO CONAMA 1/86 Artigo 6º - O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as seguintes atividades técnicas: 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 12/146 I - Diagnóstico ambiental da área de in�uência do projeto completa descrição e análise do recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topogra�a, os tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas; b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a �ora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor cientí�co e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente; c) o meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a sócio- economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: ... IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de signi�cativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; A letra E está incorreta. ERRADA. O conceito trazido na alternativa misturou aquele trazido pelo artigo 225 da CF, onde se extrai que o meio ambiente ecologicamente equilibrado é bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações, com um dos princípios da política nacional do meio ambiente (art. 2º, I, da LPNA), que elenca como um dos princípios a ser seguido pela PNMA a ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo. CF/88 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 13/146 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. LPNMA Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar,Intergeracional. D) Fere o Princípio da Taxatividade. E) fere o Princípio da Fragmentariedade Solução Gabarito: C) fere o Princípio da Solidariedade Intergeracional. A questão cobra conhecimento acerca da tutela da fauna brasileira, levando em conta os princípios aplicáveis ao Direito Ambiental. Os Princípios, no direito, são normas dotadas de grande abstração, cuja importância deriva do fato de ser formados a partir da seleção do que é essencial, à sociedade em que está inserido. Os Princípios são complementados pelas regras gerais, fazendo parte do arcabouço normativo a ser considerado, para a resolução de um con�ito. A letra A está incorreta. ERRADA Segundo Ingo Sarlet, o princípio da solidariedade intergeracional estabelece responsabilidades (morais e jurídicas) para as gerações humanas presentes em vista da ideia de justiça intergeracional, ou seja, de justiça (e equidade) entre gerações humanas distintas. Esse princípio ficou consagrado no princípio 3 da Declaração da Rio-92. Vejamos: Declaração do Rio Princípio 3 O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades ambientais e de desenvolvimento de gerações presentes e futuras. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 109/146 O Princípio do Usuário Pagador não visa amparar o desmatamento irregular. Esse princípio apenas traz que as pessoas que usam os recursos da natureza devem dar contraprestação, por tal uso. No entanto, isso não deve ser interpretado como uma venda de recursos naturais, de maneira a estar incorreta a alternativa. A letra B está incorreta. ERRADA O princípio do poluidor está contido na Conferência Rio-92, veja: Princípio 13 - Os Estados devem desenvolver legislação nacional relativa à responsabilidade e indenização das vítimas de poluição e outros danos ambientais. Os Estados devem ainda cooperar de forma expedita e determinada para o desenvolvimento de normas de direito internacional ambiental relativas à responsabilidade e indenização por efeitos adversos de danos ambientais causados, em áreas fora de sua jurisdição, por atividades dentro de sua jurisdição ou sob seu controle. Princípio 16 - Tendo em vista que o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo decorrente da poluição, as autoridades nacionais devem procurar promover a internacionalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, levando na devida conta o interesse público, sem distorcer o comércio e os investimentos internacionais. Considerando que o poluidor será penalizado, além de ter de indenizar integralmente os danos causados, percebe-se que o princípio não tem somente o �m de responsabilização, mas também de conscientização, posto a aplicação de penalidade e a necessidade da integral reparação do dano terem caráter pedagógico. O princípio do poluidor pagador não serve de embasamento para o desmatamento ilegal, estando, portanto, incorreta a alternativa. A letra C está correta. CERTA Nos termos do contido no art. 225 da CRFB/88, o pacto da solidariedade intergeracional tem como objetivo a preservação do ambiente para as futuras gerações. Veja: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. De fato, o desmatamento ilegal o fere, pois gera inúmeros riscos ambientais. Correta, portanto, a alternativa. A letra D está incorreta. ERRADA 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 110/146 O princípio da taxatividade é ligado ao Direito Penal, e não ao Direito Ambiental. Assim, considerando que o enunciado pede que se assinale alternativa referente ao princípio ligado ao Direito Ambiental, essa não deve ser assinalada. A título de informação complementar, observe-se que o Princípio da Taxatividade é aquele segundo o qual a lei penal deve ser precisa, exata, quando prevê condutas tipi�cadas como crime. A letra E está incorreta. ERRADA O princípio da fragmentariedade é ligado ao Direito Penal, e não ao Direito Ambiental. A título de curiosidade, observe-se que tal princípio estabelece que nem todos os ilícitos con�guram infrações penais, mas apenas os que atentam contra valores fundamentais para a manutenção e o progresso do ser humano e da sociedade. Questão 2014 | 867090409 O art. 225 da CF/88 dispõe que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo- se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e de preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Esse dispositivo está relacionado ao desenvolvimento sustentável e representa o princípio da A) equidade intergovernamental. B) qualidade de vida. C) solidariedade governamental. D) equidade intergeracional. E) qualidade e equilíbrio intergovernamental. Solução Gabarito: D) equidade intergeracional. A questão exige, do candidato, conhecimento sobre os princípios de Direito Ambiental, ou seja, vetores reconhecidos pela doutrina, jurisprudência e, implícita ou explicitamente, pela lei, em matéria ambiental. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 111/146 O art. 225 da Constituição Federal veicula o princípio da "equidade intergeracional", e como dispõe o enunciado, relaciona-se a outro, o "princípio do desenvolvimento sustentável". Isto porque este último reconhece a disponibilidade limitada de recursos naturais e da capacidade limitada de o meio ambiente se recompor a partir de sua exploração. De tal modo, a garantia de meios de sobrevivência para as futuras gerações demanda a realização de um desenvolvimento econômico que seja sustentável, assim de�nido pelas Organização das Nações Unidas em 1987, por meio do Relatório Nosso Futuro Comum (Relatório Brundtland): "o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades". O princípio da equidade intergeracional além de implicitamente presente em diversas leis que versam sobre matéria ambiental, aparece de forma explicita na Lei nº 11.428/06, que dispõe sobre a proteção e utilização do Bioma Mata Atlântica: Art. 6º A proteção e a utilização do Bioma Mata Atlântica têm por objetivo geral o desenvolvimento sustentável e, por objetivos especí�cos, a salvaguarda da biodiversidade, da saúde humana, dos valores paisagísticos, estéticos e turísticos, do regime hídrico e da estabilidade social. Parágrafo único. Na proteção e na utilização do Bioma Mata Atlântica, serão observados os princípios da função socioambiental da propriedade, da eqüidade intergeracional, da prevenção, da precaução, do usuário-pagador, da transparência das informações e atos, da gestão democrática, da celeridade procedimental, da gratuidade dos serviços administrativos prestados ao pequeno produtor rural e às populações tradicionais e do respeito ao direito de propriedade. Do mesmo modo, o princípio do desenvolvimento sustentável, implícito em diversas leis ambientais, é explicitamente tratado na Lei nº 12.187/09 e na Lei 12.305/10: Lei nº 12.187/09 (Política Nacional sobre Mudança do Clima) Art. 3º A PNMC e as ações dela decorrentes, executadas sob a responsabilidade dos entes políticos e dos órgãos da administração pública, observarão os princípios da precaução, da prevenção, da participação cidadã, do desenvolvimento sustentável e o das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, este último no âmbito internacional, e, quanto às medidas a serem adotadas na sua execução, será considerado o seguinte: (...) IV - o desenvolvimento sustentável é a condição para enfrentar as alterações climáticas e conciliar o atendimento às necessidades comuns e particulares das populações e comunidades que vivem no território nacional; Art. 5º São diretrizes da Política Nacional sobre Mudançado Clima: (...) II - as ações de mitigação da mudança do clima em consonância com o desenvolvimento sustentável, que sejam, sempre que possível, mensuráveis para sua adequada quanti�cação e veri�cação a posteriori; 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 112/146 Lei nº 12.305/10 (Política Nacional de Resíduos Sólidos) Art. 6º São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos: (...) IV - o desenvolvimento sustentável; A letra A está incorreta. ERRADO. Não há, no Direito Ambiental, o princípio da "equidade intergovernamental", mencionado pela questão. Tampouco versa o art. 225 da Constituição Federal sobre norma principiológica de tal conteúdo. O máximo que se aproximaria de "intergovernamental" seria o "princípio da cooperação entre os povos", este sim reconhecido pela doutrina de Direito Ambiental. Tendo em vista que a dinâmica existente entre os diversos ecossistemas que compõem a biosfera, que abrange todo o planeta Terra, o "princípio da cooperação entre os povos" veicula a necessidade de cooperação entre as nações para a operacionalização de medidas que só terão e�cácia mediante a atuação integrada entre os países (ex: controle da poluição do ar, uma vez que gases poluentes emitidos não se detêm nos limites nacionais). A letra B está incorreta. ERRADO. Não há, no Direito Ambiental, o princípio da "qualidade de vida", mencionado pela questão. Tampouco versa o art. 225 da Constituição Federal sobre norma principiológica de tal conteúdo. A letra C está incorreta. ERRADO. Não há, no Direito Ambiental, o princípio da "solidariedade governamental", mencionado pela questão. Tampouco versa o art. 225 da Constituição Federal sobre norma principiológica de tal conteúdo. O máximo que se aproximaria de "intergovernamental" seria o "princípio da cooperação entre os povos", este sim reconhecido pela doutrina de Direito Ambiental. Tendo em vista que a dinâmica existente entre os diversos ecossistemas que compõem a biosfera, que abrange todo o planeta Terra, o "princípio da cooperação entre os povos" veicula a necessidade de cooperação entre as nações para a operacionalização de medidas que só terão e�cácia mediante a atuação integrada entre os países (ex: controle da poluição do ar, uma vez que gases poluentes emitidos não se detêm nos limites nacionais). A letra D está correta. CORRETO. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 113/146 A redação do art. 225 da Constituição Federal veicula o princípio da "equidade intergeracional", segundo o qual se pressupõe a existência de um pacto entre as gerações de seres humanos, de modo que a utilização dos recursos naturais pelas presentes gerações se dê de forma sustentável, garantindo a sobrevivência das futuras gerações. A Lei nº 11.428/06, que dispõe sobre a proteção e utilização do Bioma Mata Atlântica, chega a fazer menção expressa a tal princípio em seu art. 6º, parágrafo único: Art. 6º A proteção e a utilização do Bioma Mata Atlântica têm por objetivo geral o desenvolvimento sustentável e, por objetivos especí�cos, a salvaguarda da biodiversidade, da saúde humana, dos valores paisagísticos, estéticos e turísticos, do regime hídrico e da estabilidade social. Parágrafo único. Na proteção e na utilização do Bioma Mata Atlântica, serão observados os princípios da função socioambiental da propriedade, da eqüidade intergeracional, da prevenção, da precaução, do usuário-pagador, da transparência das informações e atos, da gestão democrática, da celeridade procedimental, da gratuidade dos serviços administrativos prestados ao pequeno produtor rural e às populações tradicionais e do respeito ao direito de propriedade. A letra E está incorreta. ERRADO. Não há, no Direito Ambiental, o princípio da "qualidade e equilíbrio intergovernamental", mencionado pela questão. Tampouco versa o art. 225 da Constituição Federal sobre norma principiológica de tal conteúdo. Princípio do Direito à Informação A informação adequada é requisito fundamental para que um indivíduo possa conhecer melhor o objeto de seu interesse e tomar decisões que possam influenciar na formação das políticas públicas correlatas. O meio ambiente é um bem difuso de natureza transindividual que tem como titular toda a coletividade. Isso nos remete à ideia de que o seu proprietário deve ser regularmente informado de sua gestão para que possa tomar as medidas administrativas ou judiciais necessárias à tutela desse bem. O direito à informação não é um princípio que rege apenas as relações ambientais. Ele tangencia também outros ramos do Direito, tendo como matriz identificadora a titularidade coletiva do bem jurídico, fato que obriga o Poder Público a manter seu legítimo titular informado sobre a administração desse patrimônio. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 114/146 A Constituição Federal de 1988 previu esse princípio de forma genérica no art. 5º, XXXIII, eis o normativo: Direito Constitucional Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Ao seu turno, a lei 12.597/11 regulamentou o direito fundamental de acesso à informação obrigando o Poder Público a prestá-la, estatuindo expressamente que esse direito deve ser executado em conformidade com os princípios básicos da Administração Pública. Vejamos o dispositivo: Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim de garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º , [12]no inciso II do § 3º do art. 37 [13]e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal. [14] Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei: I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público; II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Art. 2º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realização de ações de interesse público, recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres. Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as entidades citadas no caput refere-se à parcela dos recursos públicos recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das prestações de contas a que estejam legalmente obrigadas. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 115/146 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art5xxxiii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art5xxxiii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art5xxxiii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art5xxxiii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art5xxxiii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art37%C2%A73ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art37%C2%A73ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art37%C2%A73ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art37%C2%A73ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art37%C2%A73ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art216%C2%A72http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art216%C2%A72 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art216%C2%A72 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art216%C2%A72 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art216%C2%A72 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art216%C2%A72 Na seara ambiental, a Lei 6.938/81 previu como instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente a garantia da prestação de informações ambientais pelo Poder Público, assegurando a toda sociedade o acesso a elas. Eis o normativo: Lei da PNMA- Lei 6.938/81 Art. 9º - São Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; Regulamentado os referidos incisos, a Lei 10.650/03 dispôs sobre o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente-Sisnama. Em face do interesse de todos sobre as informações ambientais, os órgãos e entidades da Administração Pública, direta, indireta e fundacional, integrantes do Sisnama, ficam obrigados a permitir o acesso público aos documentos, expedientes e processos administrativos que tratem de matéria ambiental e a fornecer todas as informações ambientais que estejam sob sua guarda, em meio escrito, visual, sonoro ou eletrônico, especialmente as relativas (art. 2º, da Lei 10.650/03). Deve-se destacar que qualquer indivíduo, independentemente da comprovação de interesse específico, terá acesso às informações, mediante requerimento escrito, no qual assumirá a obrigação de não utilizar as informações colhidas para fins comerciais, sob as penas da lei civil, penal, de direito autoral e de propriedade industrial, assim como de citar as fontes, caso, por qualquer meio, venha a divulgar os aludidos dados (art. 2º, §1º, da Lei 10.650/03). Por fim, o princípio da informação também está previsto expressamente na lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/10): Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos – Lei 12.305/12 Art. 6o São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos: (...) X - o direito da sociedade à informação e ao controle social; 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 116/146 Questão 2015 | 848518083 Em relação aos princípios do Direito Ambiental e à proteção constitucional ao meio ambiente, A) o princípio da precaução corresponde a uma evolução do princípio da reparação de danos, cujo sentido é prevenir e eliminar danos ao ambiente e à biosfera B) os bens ambientais são de propriedade da União e dos Estados, que os administram no interesse da coletividade em geral. C) o uso de um bem ambiental, segundo o princípio do poluidor-pagador, deve ser cobrado, tendo em vista que está sendo utilizado um patrimônio da coletividade em proveito particular. D) o dever do Poder Público em promover a educação ambiental e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente diz respeito ao princípio da informação. Solução Gabarito: D) o dever do Poder Público em promover a educação ambiental e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente diz respeito ao princípio da informação. Trata-se de questão que exige o conhecimento do candidato sobre os princípios do Direito Ambiental e à proteção constitucional ao meio ambiente. Mais especi�camente para a resolução da questão é exigido o conhecimento dos arts. 15 da Declaração do Rio (ECO/1992), e 225 da CF/88, bem como da conceituação doutrinária no que tange ao tema. Boa sorte e bons estudos! A letra A está incorreta. ERRADA O princípio da precaução consiste em exigir que o empreendedor adote as medidas de precaução para elidir ou reduzir os riscos ambientais para a população. Quer dizer, se uma determinada atividade puder causar danos ambientais, porém, não exista certeza cienti�ca quanto aos efetivos danos e a sua extensão, o empreendedor deve adotar as medidas para elidir/reduzir danos. Tal princípio é previsto no art. 15 da Declaração do Rio (ECO/1992), in verbis: 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 117/146 Principio 15 - Com o �m de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza cientí�ca absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. A letra B está incorreta. ERRADA A alternativa está em dissonância com o art. 225 da CF/88. Vejamos a redação do dispositivo constitucional: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. Portanto, o meio ambiente é bem de uso comum do povo, não sendo de propriedade da União ou dos Estados. A letra C está incorreta. ERRADA O princípio do poluidor-pagador exige que o poluidor deverá responder pelos custos sociais da degradação causada por sua atividade impactante, devendo agregar esse valor no custo da atividade, para evitar que se privatizem os lucros e se socializem os prejuízos ambientais. Na lição Frederico Amado: “Por este princípio, deve o poluidor responder pelos custos sociais da degradação causada por sua atividade impactante (internalização dos prejuízos ambientais), devendo-se agregar esse valor no custo produtivo da atividade, para evitar que se privatizem os lucros e se socializem os prejuízos ambientais, voltando-se principalmente aos grandes poluidores.” A letra D está correta. CERTA De acordo com a doutrina pátria, o dever do Poder Público em promover a educação ambiental e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente diz respeito ao princípio da informação. Na lição de Frederico Amado: 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 118/146 “Ele mantém íntimo contato com o princípio da participação comunitária e da publicidade, que informa a atuação da Administração Pública, notadamente no que concerne aos órgãos e entidades ambientais, que �cam obrigados a permitir o acesso público aos documentos, expedientes e processos administrativos que tratem de matéria ambiental e a fornecer todas as informações ambientais que estejam sob sua guarda, em meio escrito, visual, sonoro ou eletrônico (art. 2º, caput, da Lei 10.650/2003)”. Questão 2013 | 28954828 No que se refere ao direito ambiental, julgue o item a seguir. O acesso à informação ambiental é um princípio de direito ambiental previsto tanto na CF quanto em normas infraconstitucionais. Solução Gabarito: CERTA. De uma forma geral, o art. 5º, inciso XXXIII, da Constituição Federal assegura a todos o “direito [fundamental] a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”. Esse direito abrange também o acesso à informação ambiental – posto que se trata de interesse coletivo. Na ordem infraconstitucional, a Lei Federal n. 6.938, de 31 de agosto de 1981 dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Um de seus objetivos é a “divulgação de dados e informações ambientais e a formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico”, nos termos de seu art. 4º, inciso V. Além disso, nos termos do art. 9º, incisos VII e XI, são instrumentos tanto um “sistema nacional de informações sobre o meio ambiente”, quanto “a garantia aprestação de informações relativas ao meio ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes”. Posteriormente, editou-se ainda a Lei Federal n. 10.650, de 16 de abril de 2003, que dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do SISNAMA. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 119/146 Princípio da Participação Comunitária O princípio da participação democrática ou da participação comunitária ventila a ideia de que a sociedade tem o direito de ter participação efetiva nas decisões políticas que afetem diretamente seus interesses ambientais, considerando a natureza transindividual do bem jurídico tutelado. O princípio da participação comunitária ficou consagrado no princípio 10 da Declaração da Rio-92. Vejamos: Declaração do Rio Princípio 10 A melhor maneira de tratar questões ambientais e assegurar a participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos interessados. No nível nacional, cada indivíduo deve ter acesso adequado a informações relativas ao meio ambiente de que disponham as autoridades públicas, inclusive informações sobre materiais e atividades perigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade de participar de processos de tomada de decisões. Os Estados devem facilitar e estimular a conscientização e a participação pública, colocando a informação à disposição de todos. Deve ser propiciado acesso efetivo a procedimentos judiciais e administrativos, inclusive no que diz respeito à compensação e reparação de danos. O Estado tem o dever de garantir não apenas a participação formal (cumprimento da norma legal) mas também a necessidade de participação substancial por meio de garantia da informação de qualidade e do acesso ao processo judicial ou administrativo. Nesse sentido, a participação substancial só se configura com a participação pública na tomada de decisão, com o acesso à informação e o efetivo acesso à justiça. Cumpre destacar que do caput do art. 225 da CF/88 é possível inferir a existência de tal princípio, considerando que a responsabilidade e o dever de participar ativamente na preservação e melhoria da qualidade do meio ambiente é tanto do Poder Público quanto da coletividade. Um dos instrumentos de incidência do princípio democrático está na exigência de audiências públicas que devem ser obrigatoriamente realizadas no caso de processo de licenciamento de atividades potencialmente causadoras de significativos impactos ambientais (Resolução Conama Nº 001/86) ou quando da criação de unidades de conservação da natureza (Lei 9.985/00). 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 120/146 Princípio da Ubiquidade ou da Transversalidade Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. A ubiquidade é uma qualidade atribuída a um ser que está presente em diversos lugares ao mesmo tempo (onipresente). Uma característica típica dos deuses mitológicos. É nesse sentido que ao meio ambiente é atribuída a característica da ubiquidade, pois, enquanto macrobem, está presente praticamente em todos os lugares sem limites territoriais (o bem ambiental é onipresente). Por outro lado, esse atributo deixa transparecer a ideia da necessidade de cooperação entre os povos para a proteção e melhoria da qualidade do meio ambiente, considerando que esse bem pertencente a toda a coletividade (natureza difusa e transindividual). Nessa quadratura, a variável meio ambiente deve ser considerada pelos diversos atores antes da prática de qualquer atividade, regulando e disciplinando todas as demais condutas humanas de forma a preservar sua integridade e a dignidade da pessoa humana, ressaltando sua interrelação com outras áreas (caráter transversal). Assim, todos os projetos públicos ou privados devem conter em seu planejamento e nas tomadas de decisões a variável ambiental, considerando a necessidade de proteção da pessoa humana em última análise. É nesse sentido que Celso Antônio Pacheco Fiorillo vislumbra o referido princípio: Este princípio vem evidenciar que o objeto de proteção do meio ambiente, localizado no epicentro dos direitos humanos, deve ser levado em consideração toda vez que uma política, atuação, legislação sobre qualquer tema, atividade, obra etc. tiver que ser criada e desenvolvida. Isso porque, na medida em que possui como ponto cardeal de tutela constitucional a vida e a qualidade de vida, tudo que se pretende fazer, criar ou desenvolver deve antes passar por uma consulta ambiental, enfim, para saber se há ou não a possibilidade de que o meio ambiente seja degradado (...) De fato, não há como pensar no meio ambiente dissociado dos demais aspectos da sociedade, de modo que ele exige uma atuação globalizada e solidária, até mesmo porque fenômenos como a poluição e a degradação ambiental não encontram fronteiras e não esbarram em limites territoriais. Para Romeu Thomé, em Direito Ambiental, tem-se que, pelo princípio da ubiquidade, o bem ambiental é onipresente, de forma que uma agressão ao meio ambiente em determinada localidade é capaz de trazer reflexos negativos a todo o planeta. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 121/146 Questão 2018 | 555482755 Considere as assertivas a seguir: I. Uma das facetas do princípio do poluidor-pagador é evitar as externalidades negativas. II. Para a maioria da doutrina que faz a diferenciação entre estes dois princípios, o princípio da precaução é aplicável aos casos em que os impactos ambientais são conhecidos e devem ser evitados ou mitigados, enquanto o princípio da prevenção é aplicável aos casos em que não há certeza cientí�ca sobre os riscos e os impactos ambientais da atividade a ser exercida. III. As Resoluções do CONAMA que tratam de padrões máximos de emissão de poluentes têm por fundamento o princípio do limite ou controle. IV. O princípio da Ubiquidade é aquele segundo o qual as presentes gerações não podem utilizar os recursos ambientais de maneira irracional, de modo a privar as gerações futuras de um ambiente ecologicamente equilibrado. V. A cobrança pelo uso da água prevista na Lei de Recursos Hídricos e a compensação ambiental prevista na Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação são exemplos de aplicação prática do princípio do usuário pagador. Em atenção aos princípios do Direito Ambiental, assinale a alternativa correta: A) Todas as assertivas estão corretas. B) Somente as assertivas I, III e V estão corretas. C) Somente as assertivas I, II, IV e V estão corretas. D) Somente as assertivas II, III, IV e V estão corretas. E) Somente as assertivas II, III e IV estão corretas. Solução Gabarito: B) Somente as assertivas I, III e V estão corretas. ALTERNATIVA CORRETA LETRA B A questão tratou sobre princípios que são considerados como estruturantes do Direito Ambiental, constituindo seu núcleo essencial como defende a doutrina de Frederico Amado (2016). Cabe aqui destacar, que Princípios, nas palavras de Humberto Ávila (2012) podem ser considerados como o estabelecimento de �ns por meio de prescrições normativas e 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 122/146 expressam valores dominantes no ordenamento jurídico. Na seara do Direito Ambiental Edis Milaré (2004) identi�ca os princípios do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana, da natureza pública da proteção ambiental, do controle do poluidor pelo poder público, da consideração da variável ambiental no processo decisório de políticas de desenvolvimento, da participação comunitária, do poluidor-pagador, da função socioambiental da propriedade, do direito ao desenvolvimento sustentável e da cooperação entre os povos. ASSERTIVA I CERTA Pelo Princípio do Poluidor-Pagador, o poluidor deve responder pelos custos sociais da degradação causada por sua atividade impactante, internalizando os prejuízos ambientais, para evitar que se privatizemos lucros e se socializem os prejuízos ambientais. A Internalização das Externalidades Negativas, visa impedir que a sociedade arque com a degradação ambientar provocada pela atividade poluidora, mesmo que amparada em regular licença ou autorização ambiental, exigindo do responsável pela atividade poluidora o pagamento de uma quantia, que não se trata de uma penalidade, mas sim de um ressarcimento ao meio ambiente. ASSERTIVA II ERRADA O erro da assertiva foi confundir os conceitos dos princípios da Precaução e Prevenção. De acordo com o Principio da Prevenção, implicitamente consagrado no art. 225 da CF e presente em resoluções do CONAMA, os impactos ambientais negativos decorrentes de determinada atividade lesiva ao meio ambiente, tem base cientí�ca e devem ser evitados por meio de condicionamentos à autorização da atividade, para mitigar ou elidir os prejuízos considerados como risco certo Por sua vez, no princípio da Precaução, que não tem previsão literal na CF, mas a�rma- se que foi implicitamente consagrado no art. 225, inexiste certeza quanto aos efetivos danos e a sua extensão, envolve perigo abstrato, fundado em juízo de probabilidade não remoto da sua potencial ocorrência, e na dúvida, o empreendedor deverá ser compelido a adotar medidas de precaução para elidir ou reduzir os riscos ambientais para a população. ASSERTIVA III 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 123/146 CERTA O princípio do limite trata do dever estatal de editar e efetivar normas jurídicas que instituam padrões máximos de poluição, a �m de mantê-la dentro de bons níveis para não afetar o equilíbrio ambiental e a saúde pública. O estabelecimento de padrões de qualidade ambiental é um dos instrumentos para a execução da PNMA (art. 9º, I, da Lei 6.938/81). ASSERTIVA IV ERRADA O princípio segundo o qual as presentes gerações não podem utilizar os recursos ambientais de maneira irracional, de modo a privar as gerações futuras de um ambiente ecologicamente equilibrado, é o Princípio da Solidariedade Intergeracional ou Equidade, e não da Ubiquidade. O Princípio da Ubiquidade ou Princípio da Variável Ambiental no processo decisório das políticas públicas vem evidenciar o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado deverá nortear a atuação dos três Poderes na tomada de suas decisões, a �m de buscar a real efetivação do desenvolvimento sustentável. O objeto de proteção do meio ambiente, localizado no epicentro dos direitos humanos, deve ser levado em consideração toda vez que uma política, atuação, legislação sobre qualquer tema, atividade, ou obra que tiver que ser criada. ASSERTIVA V CERTA O princípio do usuário-pagador possui natureza contratual, e dele decorre a cobrança de compensação ambiental (art. 36, do SNUC), exigindo que as pessoas que utilizam recursos naturais devem pagar pela sua utilização, mesmo que não haja poluição. Princípio da Responsabilidade Comum, mas diferenciada O princípio da responsabilidade comum mais diferenciada surgiu pela primeira vez na Conferência de Estocolmo-1972, em que as nações reconheceram que a busca pela proteção ambiental é uma “responsabilidade comum” de todos os seres humanos e que há uma contribuição enorme nesse processo predatório dos países desenvolvidos e uma vulnerabilidade dos países em desenvolvimento, devendo aqueles agirem de forma mais drástica para mitigar a degradação ao meio ambiental. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 124/146 Princípio da Proibição do Retrocesso Ambiental A ideia do princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada consiste na participação ativa dos países desenvolvidos em serem os primeiros a decotar suas ações antrópicas e apoiar financeiramente e tecnologicamente os países em desenvolvimento na busca do desenvolvimento sustentável. Isso não implica dizer que os países em desenvolvimento se desoneraram de suas obrigações com o meio ambiente. A ideia é que no momento de assunção de metas para redução das emissões de poluentes, por exemplo, poderá fazê-la em proporções menores que às dos países desenvolvidos. Mas foi na Conferência da Rio-92 que o princípio ganhou forma e criou obrigações para todas as nações quanto à questão das mudanças climáticas. Veio expressamente previsto no princípio no art. 4º da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e, posteriormente, na Política Nacional de Mudanças do Clima-PNMC, Lei 12.187/09. Vejamos o normativo: Lei da PNMC – Lei 12.187/09 Art. 3º A PNMC e as ações dela decorrentes, executadas sob a responsabilidade dos entes políticos e dos órgãos da administração pública, observarão os princípios da precaução, da prevenção, da participação cidadã, do desenvolvimento sustentável e o das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, este último no âmbito internacional, e, quanto às medidas a serem adotadas na sua execução, será considerado o seguinte [...] O princípio da proibição do retrocesso ambiental traduz a ideia do efeito cliquet no âmbito ambiental. Fundamenta-se o princípio no fato de que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito fundamental e como tal, tem como prerrogativa buscar a proteção máxima dos direitos consagrados na Constituição Federal contra qualquer medida normativa ou política de supressão ou enfraquecimento. Com esse princípio, busca-se garantir que o Poder Público, quando da elaboração das políticas públicas, atue no sentido de, progressivamente, avançar na proteção do meio ambiente, estabelecendo um piso mínimo de proteção, impondo limites a impulsos revisionais supressivos por parte do legislador. Em sentido amplo, Romeu Thomé afirma que a garantia da proibição de retrocesso tem por objetivo preservar o bloco normativo (Constitucional e infraconstitucional) já consolidado no ordenamento jurídico no que tange à proteção do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. É nessa linha de raciocínio que o Superior Tribunal de Justiça -STJ vem negando a eficácia de alguns dispositivos do Novo Código Florestal ao argumento de que a novel legislação não poderia diminuir a proteção já estabelecida pela norma revogada e, assim, reconhecendo a 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 125/146 Questão 2017 | 295245596 Considerando os trechos a seguir reproduzidos, identi�que o princípio de direito ambiental a que cada um deles se refere. I - "Sempre que houver perigo da ocorrência de um dano grave ou irreversível, a ausência de certeza cientí�ca absoluta não deverá ser utilizada como razão para se adiar a adoção de medidas e�cazes a �m de impedir a degradação ambiental" (LEITE & A Y ALA). II - "Objetiva internalizar nas práticas produtivas ( em última instância, no preço dos produtos e serviços) os custos ecológicos, evitando-se que os mesmos sejam suportados de modo indiscriminado (e portanto injusto) por toda a sociedade" (SARLET & FENSTERSEIFER). III - "Incentiva economicamente quem protege uma área, deixando de utilizar seus recursos, estimulando assim a preservação" (RI.BEIRO). IV - " ... apesar de não se encontrar, com nome e sobrenome, consagrado na nossa Constituição, nem em normas infraconstitucionais, e não obstante sua relativa imprecisão - compreensível em institutos de formulação recente e ainda em pleno processo de força normativa do princípio da vedação do retrocesso ambiental. Analisemos o julgado de relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO EM RECURSO ESPECIAL. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 3/STJ. NOVO CÓDIGO FLORESTAL. FATO PRETÉRITO. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. VEDAÇÃO DE RETROCESSO AMBIENTAL. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. O presente recurso atrai a incidência do Enunciado Administrativo 3/STJ: "Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursalna forma do novo CPC". 2. Em matéria ambiental, deve prevalecer o princípio tempus regit actum, de forma a não se admitir a aplicação das disposições do novo Código Florestal a fatos pretéritos, sob pena de retrocesso ambiental. 3. "O novo Código Florestal não pode retroagir para atingir o ato jurídico perfeito, os direitos ambientais adquiridos e a coisa julgada, tampouco para reduzir de tal modo e sem as necessárias compensações ambientais o patamar de proteção de ecossistemas frágeis ou espécies ameaçadas de extinção, a ponto de transgredir o limite constitucional intocável e intransponível da 'incumbência' do Estado de garantir a preservação e a restauração dos processos ecológicos essenciais (art. 225, § 1º, I)" (AgRg no REsp 1.434.797/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 17/05/2016, DJe 07/06/2016) 4. Agravo interno não provido. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 126/146 consolidação -, transformou-se em princípio geral de Direito Ambiental, a ser invocado na avaliação da legitimidade de iniciativas legislativas destinadas a reduzir o patamar de tutela legal do meio ambiente" (BENJAMIN). V - "visa proteger a quantidade dos bens ambientais, estabelecendo uma consciência ambiental de uso racional dos mesmos, permitindo uma socialização justa e igualitária de seu uso" (RODRIGUES). Na sequência, faça a devida identi�cação do princípio explicitado em cada doutrina. A) Prevenção, usuário-pagador, subsidiariedade, equidade intergeracional e poluidor- pagador. B) Usuário-pagador, protetor-recebedor, cooperação, vedação de retrocesso ambiental e sustentabilidade. C) Precaução, usuário-pagador, protetor-recebedor, desenvolvimento sustentável e equidade intergeracional. D) Precaução, poluidor-pagador, protetor-recebedor, vedação de retrocesso ambiental e usuáriopagador. E) Precaução, poluidor-pagador, intervenção estatal obrigatória, vedação de retrocesso ambiental. Solução Gabarito: D) Precaução, poluidor-pagador, protetor-recebedor, vedação de retrocesso ambiental e usuáriopagador. Assertiva I Princípio da Precaução O Princípio da PreCaução: é aplicado em caso de Controvérsia, ou seja, quando há dúvida sobre os riscos trazidos com o desenvolvimento de determinada atividade. Assim, a precaução atua antes da prevenção, buscando evitar riscos mínimos ao meio ambiente. Assertiva II Princípio do Poluidor-pagador Consiste em obrigar o poluidor a arcar com os custos da reparação do dano por ele causado ao meio ambiente. Assertiva III Princípio do Protetor-recebedor Fomenta a proteção de uma área, deixando de utilizar seus recursos, estimulando assim a preservação. Assertiva IV Vedação de retrocesso ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 127/146 Os Direitos Fundamentais devem evoluir, não podendo ser suprimidos ou enfraquecidos, sob pena de inconstitucionalidade. Assertiva V Princípio do Usuário-pagador O usuário deve oferecer contraprestação à outorga do direito de uso privativo de um recurso natural, posto ser esse escasso. ALTERNATIVA D Questão 2014 | 61918016 Sobre os princípios de Direito Ambiental, assinale a alternativa correta. A) O princípio do poluidor-pagador visa a internalização dos custos ambientais pelo agente causador de poluição. B) O princípio da prevenção impõe a adoção de medidas tendentes a evitar a degradação ambiental mesmo diante da falta de provas cientí�cas sobre a ameaça de danos graves ou irreversíveis ao meio ambiente. C) O princípio da precaução tem aplicação diante do perigo, conhecido pela ciência, da ocorrência de um dano ambiental por determinada atividade. D) Para garantir a qualidade do meio ambiente, o princípio do retrocesso ambiental veda a implantação de atividades potencialmente degradantes em espaços ocupados por vegetação natural. E) Por força do princípio da responsabilidade/ reparação, a prática de condutas lesivas ao meio ambiente enseja a responsabilização penal, administrativa e cível do agente, independentemente da comprovação de dolo ou culpa. Solução Gabarito: A) O princípio do poluidor-pagador visa a internalização dos custos ambientais pelo agente causador de poluição. A questão traz um caso concreto que está estabelecido em Lei, exigindo o conhecimento dos Princípios do Direito Ambiental. Os princípios a serem tratados, em especí�co, são os: Princípio do Poluidor Pagador – Artigo 225, § 3º da Constituição Federal e Artigo 4º, inciso VII da Lei n.º 6.938/81; Princípio da Prevenção – Artigo 225 da Constituição Federal; 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 128/146 Princípio da Precaução – Artigo 225, § 1º, incisos IV e V da Constituição Federal; Princípio do Retrocesso Ambiental – Constituição Federal; e Princípio da Responsabilidade – Artigo 225, § 3º da Constituição Federal. A letra A está correta. CORRETA O Princípio do Poluidor-Pagador, conhecido também como Princípio do Usuário, visa a internalização dos custos ambientais pelo agente causador de poluição, ou seja, se funda na necessidade da reparação de danos causada pelo poluidor. A Constituição Federal reconhece o Princípio no Artigo 225, § 3º e pela Lei n.º 6.938/81, Artigo 4º, inciso VII. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. [...] § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Art. 4º A Política Nacional do Meio Ambiente visará: [...] VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com �ns econômicos. O objetivo deste Princípio é forçar a iniciativa privada a internalizar os custos ambientais gerados pela produção e pelo consumo na forma de degradação e de escasseamento dos recursos ambientais. Então, aquele que utiliza os benefícios ambientais ou desmata determinada área, tem que incluir em seus custos aqueles necessários para a preservação do meio ambiente, devendo suportar seus custos, sem que essa cobrança resulte na imposição de taxas abusivas, de maneira que nem o Poder Público nem terceiros sofram com tais custos. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 129/146 Busca-se uma mudança de comportamento do ser humano, mediante a imputação pelo Estado, após o dano ambiental já ter ocorrido. Exemplo: rompimento de barragem em uma cidade. Portanto, de acordo com a Lei, o poluidor deve antes de tudo preservar os recursos ambientais, mas na sua impossibilidade deverá ser responsabilizado, devendo reparar integralmente os danos que causar com sua conduta. Com isto, conclui-se que essa alternativa está CORRETA. Princípios Gerais do Direito Ambiental. Disponível em: . Acesso em: 08 maio de 2020. A letra B está incorreta. ERRADA Em relação ao Meio Ambiente, a Constituição Federal se fundamenta no Princípio da Prevenção, que é considerado aquele que determina a adoção de políticas públicas de defesa dos recursos ambientais como uma forma de cautela em relação à degradação ambiental. O Artigo 225 da Constituição Federal constitui um exemplo deste Princípio. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. O Princípio da Prevenção atua nas situações de riscos ambientais. Então, determina que os danos ambientais devem ser primordialmente evitados, já quesão de difícil ou de impossível reparação. Em vista disso, aplica-se este Princípio nas hipóteses onde os riscos são conhecidos e previsíveis, exigindo do responsável pela atividade que pode gerar algum dano a adoção de providências visando minimizar os danos causados ao meio ambiente caso estes não possam ser totalmente eliminados. Desse modo, de acordo com a Lei, conclui-se que esta alternativa está ERRADA, dado que o Princípio da Prevenção é o que fundamenta e que mais está presente em toda a legislação ambiental e em todas as políticas públicas de meio ambiente, não sendo correto expressar que o Princípio da Prevenção impõe a adoção de medidas tendentes a evitar a degradação ambiental mesmo diante da falta de provas cientí�cas sobre a ameaça de danos graves ou irreversíveis ao meio ambiente. Princípios Gerais do Direito Ambiental. Disponível em: . Acesso em: 08 maio de 2020. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 130/146 A letra C está incorreta. ERRADA O Princípio da Precaução pode ser considerado complementar ao Princípio da Prevenção, que intervém na criação de medidas a �m de prevenir eventos que possam ocorrer. Ele deve ser utilizado quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza cientí�ca não deve ser utilizada como razão para postergar medidas e�cazes e economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. O foco está para casos em que há ausência de evidências cientí�cas que apontem com certeza a ocorrência de dano ambiental. O Princípio da Precaução está tratado no Artigo 225, § 1º, incisos IV e V da Constituição Federal. Assim sendo, o Princípio da Precaução se encontra nas hipóteses em que os riscos são desconhecidos e imprevisíveis, impondo à Administração Pública um comportamento mais restritivo quanto às atribuições de �scalização e de licenciamento das atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais. Nota-se, então, que esta alternativa está ERRADA, vez que a alternativa expressa que o Princípio da Precaução tem aplicação diante do perigo, conhecido pela ciência, da ocorrência de um dano ambiental por determinada atividade. Princípios Gerais do Direito Ambiental. Disponível em: . Acesso em: 08 maio de 2020. Declaração do Rio de Janeiro. Disponível em: . Acesso em: 08 maio de 2020. Princípios do Direito Ambiental. Disponível em: . Acesso em: 08 maio de 2020. Os Princípios da Prevenção e da Precaução no Direito Ambiental. Disponível em: . Acesso em: 08 maio de 2020. A letra D está incorreta. ERRADA O Princípio do Retrocesso Ambiental, também conhecido como Princípio da Proibição do Retrocesso Ambiental, por ação ou omissão, está implícito na Constituição Federal, dado 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 131/146 que o direito ao ambiente ecologicamente equilibrado é um direito fundamental do indivíduo e da coletividade. Signi�ca a vedação de recuos no regime legislativo e administrativo de tutela do meio ambiente. Como o próprio nome diz, volta-se a “não retroceder” quando o assunto é a preservação do meio ambiente, a �m de fazer valer o Direito Constitucional a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, não podendo os intérpretes e aplicadores do princípio ignorarem as consequências. O Princípio estabelece que não é possível a edição de uma norma que preveja um retrocesso, ou seja, uma diminuição no grau de implementação e concretização de determinados direitos fundamentais já alcançado pela lei revogada. Tem que continuar assegurando a proteção pelo menos ao núcleo essencial do direito fundamental envolvido. Em vista disso, esta alternativa está ERRADA, vez que está incorreto o que o enunciado expressa: “para garantir a qualidade do meio ambiente, o princípio do retrocesso ambiental veda a implantação de atividades potencialmente degradantes em espaços ocupados por vegetação natural”. O JUDICIÁRIO E O PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DO RETROCESSO AMBIENTAL. Disponível em: . Acesso em: 08 maio de 2020. Princípio da Proibição do Retrocesso Ambiental. Disponível em: . Acesso em: 08 maio de 2020. A letra E está incorreta. ERRADA O Princípio da Responsabilidade, também conhecido como Princípio da Reparação, está disposto no Artigo 225, parágrafo 3º da Constituição Federal. Este princípio faz com que os responsáveis pela degradação ao meio ambiente sejam obrigados a arcar com a responsabilidade e com os custos da reparação ou da compensação pelo dano causado. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. [...] § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 132/146 obrigação de reparar os danos causados. Por este princípio entende-se que o poluidor, seja ela pessoa física ou pessoa jurídica, responde pelas ações ou omissões de sua responsabilidade que resultarem em prejuízo ao meio ambiente, �cando sujeito a sanções cíveis, penais ou administrativas, independentemente de ter que reparar o dano ou não, já que a responsabilidade ambiental se dá de forma independente e simultânea nas esferas cível, criminal e administrativa. Posto isso, esta alternativa está ERRADA, vez que a alternativa expressa que por força deste Princípio, a prática de condutas lesivas ao meio ambiente enseja a responsabilização penal, administrativa e cível do agente, independentemente da comprovação de dolo ou culpa. 06 Importantes Princípios do Direito Ambiental. Disponível em: . Acesso em: 08 maio de 2020. Princípios gerais do direito ambiental. Disponível em: . Acesso em: 08 maio de 2020. Responsabilidade civil por danos ambientais. Disponível em: . Acesso em: 08 maio de 2020. Questão 2012 | 672969225 Leia o trecho abaixo e, em seguida, assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna. O Estado de Santa Catarina editou o Código Florestal lançando mão da competência legislativa concorrente para legislar sobre �orestas. Mas, o Ministério Público Federal ajuizou a Ação Declaratória de Inconstitucionalidade nº 4.552 a�rmando, entre outras alegações, que o Código Florestal Estadual tratou, num modo inovador, das matas ciliares e das faixas marginais ao longo dos rios, cursos d’água, banhados e nascentes, reduzindo-as se comparadas às previsões editadas pela União ou por seus órgãos competentes. Os fundamentos da petição inicial giraram em torno de um importante princípio nos seguintes termos: “O ___________________________ pode ser visto como cláusula geral de proteção dos direitos fundamentais, aí inserido o direito ao meio ambiente, especializados pela 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 133/146 legislação infraconstitucional, e que assume função de defesa para o cidadão frente ao Estado, também conhecido como cláusula (...).Tal como em um rondó, �nalizamos lembrando, tal como já frisado já no início desta representação, que conquistas amadurecidas após décadas de lutas do ambientalismo brasileiro foram solapadas pela legislação estadual em comento”. A) Princípio do controle do poluidor pelo Poder Público. B) Princípio do protetor recebedor. C) Princípio da preservação intergeracional. D) Princípio da vedação do retrocesso em matéria ambiental. E) Princípio da tríplice responsabilidade. Solução Gabarito: D) Princípio da vedação do retrocesso em matéria ambiental. A descrição enunciada na inicial da Ação Direta de Inconstitucionalidade refere-se ao princípio da vedação do retrocesso em matéria ambiental. De acordo com Maria Luiza Machado Granziera, “o princípio da proibição do retrocesso em matéria ambiental refere-se à manutenção das normas protetoras do meio ambiente, conforme estabelecido nos arts. 225 e 170 da Constituição Federal. O retrocesso consiste na norma que pode pôr em risco a proteção de um direito fundamental, que no caso do meio ambiente, vem sendo consolidado ao longo do tempo. Assim, esse princípio fundamenta-se na premissa de que as alterações das normas infraconstitucionais não podem ofender o equilíbrio do meio ambiente, dimensão objetiva do direito protegido, e que não pode ser relativizado” (In: Direito Ambiental, 3ª ed., São Paulo: Ed. Atlas, 2014, p. 73). Ou seja: tratando-se o direito a um meio ambiente equilibrado e o direito ao desenvolvimento sustentável um direito fundamental constitucionalmente garantido, nos termos, respectivamente, do art. 225 e do art. 170, inciso VI, ambos da Constituição Federal, o princípio da vedação do retrocesso em matéria ambiental veda que uma legislação infraconstitucional coloque em risco a proteção já garantida. No mesmo sentido, não pode uma legislação estadual colocar em risco a proteção garantida na legislação federal – até por se tratar de competência concorrente, em que a União legisla sobre as normas gerais, cabendo ao Estado de Santa Catarina legislar somente em caráter suplementar, nos termos do art. 24, §1º e 2º da Constituição Federal. Dessa forma, a ALTERNATIVA CERTA é a “D”. Princípio da Função Socioambiental da Propriedade 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 134/146 O instituto da propriedade privada sofreu diversas mutações ao longo da história das civilizações. Desde a concepção greco-romana de propriedade, vista como um bem religioso e essencial a família, até a burguesa, em que passara a ser vislumbrada como mero instrumento de utilidade econômica de seu proprietário. A constitucionalização do direito de propriedade no surgimento do Estado Moderno foi uma forma de proteger o indivíduo contra as incursões do Estado frente às liberdades individuais das pessoas, concebido como um direito natural absoluto e imprescritível do homem sendo elemento essencial de sobrevivência e garantidor de suas liberdades. Era a propriedade privada vista unicamente como um direito, sem quaisquer deveres associados. Com o advento do Estado Social de Direito, segundo Fábio Comparato, o direito à propriedade privada teve uma nova roupagem, tendo sua funcionalidade ampliada, para atribuir ao proprietário deveres fundamentais objetivando atender à destinação social dos bens que lhe pertencem. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. É nesse cenário que a Constituição Federal de 1988 previu, em seu art. 5º, XXII e XXIII, o direito fundamental à propriedade privada, bem como o dever fundamental de atender à função social. Eis os normativos. Constituição Federal Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXII - é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; Esses deveres fundamentais de preservação e melhoria da qualidade do meio ambiente na propriedade privada, também reverberou na atividade econômica, conforme previsto no art. 170, II e VI, da CF/88, sendo garantido como princípio fundamental da Ordem Econômica o atendimento da função social da propriedade e a preservação do meio ambiente, estando no mesmo diapasão do art. 225, da CF/88. Vejamos a norma. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 135/146 Constituição Federal Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) II - propriedade privada; III - função social da propriedade; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; Nota-se que a propriedade privada sofreu relevante alteração em sua essência de direito absoluto e individual, partindo-se de uma concepção de propriedade-poder para uma visão de propriedade-dever, sendo estes deveres anexos necessários à satisfação dos demais direitos, existentes em nossa complexa sociedade contemporânea, de natureza transindivual, como no caso do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. O princípio da função socioambiental da propriedade exige uma releitura do instituo da propriedade privada de forma que o exercício regular desse direito só se legitima quando condicionado à proteção do meio ambiente pela prática de ações de melhoria, manutenção e recuperação de sua qualidade em prol da coletividade. Ratificando esse entendimento, o Código Civil, diferentemente do revogado Código de 1916, previu expressamente os deveres fundamentais que devem ser cumpridos pelo proprietário na gestão de seus bens, para que o exercício do direito de propriedade atenda aos interesses não apenas econômicos e sociais, como também ambientais na manutenção e melhoria da qualidade do meio ambiente, seja pela proteção da flora ou da fauna; seja pela adequada gestão do patrimônio histórico e artístico brasileiro. Vejamos: Código Civil- Lei 10.406/2002 Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê- la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. § 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 136/146 Questão 2015 | 26888896 José é proprietário de um imóvel rural de 700 hectares, com 40 hectares cultivados. O restante da área está ocupado com pastagem altamente degradada. A rentabilidade da área cultivada garante um excelente padrão de vida a José e sua família. A Fazenda é cortada por três cursos d’água sem área de preservação permanente. Não há reserva legal. José possui três funcionários, com jornada de trabalho integral, que recebem R$ 200,00 por mês. A propriedade rural A) pode ou não cumprir sua função social a depender da safra da área cultivável. B) cumpre sua função social, uma vez que gera renda a seu proprietário. Nessa linha, Frederico Amado sustenta a existência do princípio da função socioambiental da propriedade ao argumento de que para a garantia do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado previsto no art. 225, da CF/88, há a inexorável necessidade de deveres fundamentais para a satisfação desse direito. Como leciona Frederico Amado, há uma ecologização da propriedade. É nesse sentido também que a CF/88 previu em seu art. 186, II, os requisitos essenciais para que uma propriedade rural possa cumprir sua funçãosocioambiental, quais sejam, a utilização adequada dos recursos naturais disponíveis com a preservação do meio ambiente (meio ambiente natural), bem como a exploração econômica que favoreça o bem-estar dos trabalhadores (meio ambiente do trabalho). Eis o dispositivo: Constituição Federal Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. Podemos dizer que o princípio da função socioambiental da propriedade tem fora normativa ao ponto de obrigar o proprietário à recuperação da área degrada, principalmente em áreas territoriais especialmente protegidas (como as áreas de preservação permanente), mesmo que não seja o responsável direito pelo dano anteriormente perpetrado. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 137/146 C) cumpre sua função social, pois emprega três funcionários. D) cumpre sua função social, pois possui atividade econômica. E) não cumpre sua função social. Solução Gabarito: E) não cumpre sua função social. A função social da propriedade está previsto no artigo 5º, XXIII, cumulado com o artigo 182 (propriedade urbana) e 186 (propriedade rural), todos da CF/88. Também está previsto no artigo 1.228, §1º do Código Civil. Por meio dela a propriedade deve se amoldar de forma que o seu exercício cumpra o papel de elemento de desenvolvimento da sociedade, não servindo apenas a interesses individuais. Sua aplicação traz ao proprietário um conjunto de deveres (obrigação real ou propter rem) ligados à defesa do meio ambiente, ao cumprimento do interesse público, ao desenvolvimento da população local, ao ordenamento das cidades, à proteção dos trabalhadores envolvidos etc. Em consequência, nasce para a coletividade e para o Poder Público o direito de exigir que o proprietário exerça seu direito de propriedade dentro de limites que observem a função social. Podemos dizer, en�m, que o princípio em tela serve como um limitador/balizador do direito de propriedade, gerando para seu titular o dever de exercer seu direito sem que tal exercício prejudique a coletividade. Segundo o artigo 186, da CF, a propriedade rural cumpre sua função social quando atende, simultaneamente, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado: para cumprir a função social da propriedade rural, se faz necessário que haja aproveitamento adequado, produtividade – DIMENSÃO ECONÔMICA; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente: a preservação do meio ambiente também é requisito fundamental, ou seja, para cumprir a função social, a propriedade rural deve observar todo conjunto de legislação ambiental pertinente – DIMENSÃO AMBIENTAL; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho: representa o requisito trabalhista condicionador do cumprimento da função social da propriedade, ou seja, signi�ca que a propriedade rural deve observância a todo o conjunto de leis trabalhistas, previdenciárias, e outras ligadas a saúde e bem estar do trabalhador que exerce a atividade agrária – DIMENSÃO TRABALHISTA; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores: representa o requisito social condicionador do cumprimento da função social da propriedade, ou seja, a propriedade rural deve observância a todo o conjunto de leis que garantam direitos sociais ao homem do campo – DIMENSÃO SOCIAL. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 138/146 A letra A está incorreta. ERRADA. A função social da propriedade está previsto no artigo 5º, XXIII, cumulado com o artigo 182 (propriedade urbana) e 186 (propriedade rural), todos da CF/88. Também está previsto no artigo 1.228, §1º do Código Civil. Por meio dela a propriedade deve se amoldar de forma que o seu exercício cumpra o papel de elemento de desenvolvimento da sociedade, não servindo apenas a interesses individuais. Sua aplicação traz ao proprietário um conjunto de deveres (obrigação real ou propter rem) ligados à defesa do meio ambiente, ao cumprimento do interesse público, ao desenvolvimento da população local, ao ordenamento das cidades, à proteção dos trabalhadores envolvidos etc. Em consequência, nasce para a coletividade e para o Poder Público o direito de exigir que o proprietário exerça seu direito de propriedade dentro de limites que observem a função social. Podemos dizer, en�m, que o princípio em tela serve como um limitador/balizador do direito de propriedade, gerando para seu titular o dever de exercer seu direito sem que tal exercício prejudique a coletividade. Segundo o artigo 186, da CF, a propriedade rural cumpre sua função social quando atende, simultaneamente, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado: para cumprir a função social da propriedade rural, se faz necessário que haja aproveitamento adequado, produtividade – DIMENSÃO ECONÔMICA; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente: a preservação do meio ambiente também é requisito fundamental, ou seja, para cumprir a função social, a propriedade rural deve observar todo conjunto de legislação ambiental pertinente – DIMENSÃO AMBIENTAL; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho: representa o requisito trabalhista condicionador do cumprimento da função social da propriedade, ou seja, signi�ca que a propriedade rural deve observância a todo o conjunto de leis trabalhistas, previdenciárias, e outras ligadas a saúde e bem estar do trabalhador que exerce a atividade agrária – DIMENSÃO TRABALHISTA; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores: representa o requisito social condicionador do cumprimento da função social da propriedade, ou seja, a propriedade rural deve observância a todo o conjunto de leis que garantam direitos sociais ao homem do campo – DIMENSÃO SOCIAL. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 139/146 Na hipótese do enunciado, a propriedade não está sendo aproveitada de forma adequada e racional (pequena área cultivada), não está observando a proteção do meio ambiente (áreas degradadas, ausência de APP), não está observando as relações de trabalho (salário abaixo do mínimo legal) e não está favorecendo o bem-estar dos trabalhadores (jornada integral com baixos salários). Portanto, o imóvel em questão não está cumprindo sua função social. A letra B está incorreta. ERRADA. A função social da propriedade está previsto no artigo 5º, XXIII, cumulado com o artigo 182 (propriedade urbana) e 186 (propriedade rural), todos da CF/88. Também está previsto no artigo 1.228, §1º do Código Civil. Por meio dela a propriedade deve se amoldar de forma que o seu exercício cumpra o papel de elemento de desenvolvimento da sociedade, não servindo apenas a interesses individuais. Sua aplicação traz ao proprietário um conjunto de deveres (obrigação real ou propter rem) ligados à defesa do meio ambiente, ao cumprimento do interesse público, ao desenvolvimento da população local, ao ordenamento das cidades, à proteção dos trabalhadores envolvidos etc. Em consequência, nasce para a coletividade e para o Poder Público o direito de exigir que o proprietário exerça seu direito de propriedade dentro de limites que observem a função social. Podemos dizer, en�m, que o princípio em tela serve como um limitador/balizador do direito de propriedade, gerando para seu titular o dever de exercer seu direito sem que tal exercício prejudique a coletividade. Segundo o artigo 186, da CF, a propriedade rural cumpre sua função social quando atende, simultaneamente, aos seguintes requisitos:I - aproveitamento racional e adequado: para cumprir a função social da propriedade rural, se faz necessário que haja aproveitamento adequado, produtividade – DIMENSÃO ECONÔMICA; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente: a preservação do meio ambiente também é requisito fundamental, ou seja, para cumprir a função social, a propriedade rural deve observar todo conjunto de legislação ambiental pertinente – DIMENSÃO AMBIENTAL; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho: representa o requisito trabalhista condicionador do cumprimento da função social da propriedade, ou seja, signi�ca que a propriedade rural deve observância a todo o conjunto de leis trabalhistas, previdenciárias, e outras ligadas a saúde e bem estar do trabalhador que exerce a atividade agrária – DIMENSÃO TRABALHISTA; 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 140/146 IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores: representa o requisito social condicionador do cumprimento da função social da propriedade, ou seja, a propriedade rural deve observância a todo o conjunto de leis que garantam direitos sociais ao homem do campo – DIMENSÃO SOCIAL. Na hipótese do enunciado, a propriedade não está sendo aproveitada de forma adequada e racional (pequena área cultivada), não está observando a proteção do meio ambiente (áreas degradadas, ausência de APP), não está observando as relações de trabalho (salário abaixo do mínimo legal) e não está favorecendo o bem-estar dos trabalhadores (jornada integral com baixos salários). Portanto, o imóvel em questão não está cumprindo sua função social. A letra C está incorreta. ERRADA. A função social da propriedade está previsto no artigo 5º, XXIII, cumulado com o artigo 182 (propriedade urbana) e 186 (propriedade rural), todos da CF/88. Também está previsto no artigo 1.228, §1º do Código Civil. Por meio dela a propriedade deve se amoldar de forma que o seu exercício cumpra o papel de elemento de desenvolvimento da sociedade, não servindo apenas a interesses individuais. Sua aplicação traz ao proprietário um conjunto de deveres (obrigação real ou propter rem) ligados à defesa do meio ambiente, ao cumprimento do interesse público, ao desenvolvimento da população local, ao ordenamento das cidades, à proteção dos trabalhadores envolvidos etc. Em consequência, nasce para a coletividade e para o Poder Público o direito de exigir que o proprietário exerça seu direito de propriedade dentro de limites que observem a função social. Podemos dizer, en�m, que o princípio em tela serve como um limitador/balizador do direito de propriedade, gerando para seu titular o dever de exercer seu direito sem que tal exercício prejudique a coletividade. Segundo o artigo 186, da CF, a propriedade rural cumpre sua função social quando atende, simultaneamente, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado: para cumprir a função social da propriedade rural, se faz necessário que haja aproveitamento adequado, produtividade – DIMENSÃO ECONÔMICA; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente: a preservação do meio ambiente também é requisito fundamental, ou seja, para cumprir a função social, a propriedade rural deve observar todo conjunto de legislação ambiental pertinente – DIMENSÃO AMBIENTAL; 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 141/146 III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho: representa o requisito trabalhista condicionador do cumprimento da função social da propriedade, ou seja, signi�ca que a propriedade rural deve observância a todo o conjunto de leis trabalhistas, previdenciárias, e outras ligadas a saúde e bem estar do trabalhador que exerce a atividade agrária – DIMENSÃO TRABALHISTA; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores: representa o requisito social condicionador do cumprimento da função social da propriedade, ou seja, a propriedade rural deve observância a todo o conjunto de leis que garantam direitos sociais ao homem do campo – DIMENSÃO SOCIAL. Na hipótese do enunciado, a propriedade não está sendo aproveitada de forma adequada e racional (pequena área cultivada), não está observando a proteção do meio ambiente (áreas degradadas, ausência de APP), não está observando as relações de trabalho (salário abaixo do mínimo legal) e não está favorecendo o bem-estar dos trabalhadores (jornada integral com baixos salários). Portanto, o imóvel em questão não está cumprindo sua função social. A letra D está incorreta. ERRADA. A função social da propriedade está previsto no artigo 5º, XXIII, cumulado com o artigo 182 (propriedade urbana) e 186 (propriedade rural), todos da CF/88. Também está previsto no artigo 1.228, §1º do Código Civil. Por meio dela a propriedade deve se amoldar de forma que o seu exercício cumpra o papel de elemento de desenvolvimento da sociedade, não servindo apenas a interesses individuais. Sua aplicação traz ao proprietário um conjunto de deveres (obrigação real ou propter rem) ligados à defesa do meio ambiente, ao cumprimento do interesse público, ao desenvolvimento da população local, ao ordenamento das cidades, à proteção dos trabalhadores envolvidos etc. Em consequência, nasce para a coletividade e para o Poder Público o direito de exigir que o proprietário exerça seu direito de propriedade dentro de limites que observem a função social. Podemos dizer, en�m, que o princípio em tela serve como um limitador/balizador do direito de propriedade, gerando para seu titular o dever de exercer seu direito sem que tal exercício prejudique a coletividade. Segundo o artigo 186, da CF, a propriedade rural cumpre sua função social quando atende, simultaneamente, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado: para cumprir a função social da propriedade rural, se faz necessário que haja aproveitamento adequado, produtividade – DIMENSÃO ECONÔMICA; 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 142/146 II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente: a preservação do meio ambiente também é requisito fundamental, ou seja, para cumprir a função social, a propriedade rural deve observar todo conjunto de legislação ambiental pertinente – DIMENSÃO AMBIENTAL; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho: representa o requisito trabalhista condicionador do cumprimento da função social da propriedade, ou seja, signi�ca que a propriedade rural deve observância a todo o conjunto de leis trabalhistas, previdenciárias, e outras ligadas a saúde e bem estar do trabalhador que exerce a atividade agrária – DIMENSÃO TRABALHISTA; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores: representa o requisito social condicionador do cumprimento da função social da propriedade, ou seja, a propriedade rural deve observância a todo o conjunto de leis que garantam direitos sociais ao homem do campo – DIMENSÃO SOCIAL. Na hipótese do enunciado, a propriedade não está sendo aproveitada de forma adequada e racional (pequena área cultivada), não está observando a proteção do meio ambiente (áreas degradadas, ausência de APP), não está observando as relações de trabalho (salário abaixo do mínimo legal) e não está favorecendo o bem-estar dos trabalhadores (jornada integral com baixos salários). Portanto, o imóvel em questão não está cumprindo sua função social. A letra E está correta. CERTA. A função social da propriedade está previsto no artigo 5º, XXIII, cumulado com o artigo 182 (propriedade urbana) e 186 (propriedade rural), todos da CF/88. Também está previsto no artigo 1.228, §1º do Código Civil. Por meio dela a propriedade deve se amoldar de forma que o seu exercício cumpra o papel de elemento de desenvolvimento da sociedade, não servindo apenas a interesses individuais. Sua aplicaçãono País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; Aspectos Caracterizadores do Conceito de Meio Ambiente Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Passada a conceituação do meio ambiente, é muito importante saber a quê se refere cada um dos aspectos apresentados no item anterior: Essa concepção de meio ambiente em diferentes aspectos não objetiva fragmentar o referido instituto jurídico, mas sim desenvolver um sistema de proteção para facilitar a identificação da atividade degradante e do bem diretamente afetado, tendo em vista que o meio ambiente é uno e que sua tutela deve ser efetiva. Para além disso, essa classificação busca encontrar a sinergia existente entre as dimensões natural e humana do bem ambiental. Meio Ambiente Natural O Meio Ambiente Natural é constituído pelo aspecto físico do meio ambiente, compreendendo o solo, subsolo, recursos hídricos, atmosfera, elementos da biosfera, fauna e flora. Esses elementos que integram o ambiente natural são tutelados pelo art. 225, da CF/88 e por outras normas infraconstitucionais (Lei nº 12.641/2012 – Código Florestal) que serão objeto de estudo em aulas específicas deste curso preparatório. Vejamos alguns aspectos importantes dos normativos: Constituição Federal de 1988 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 14/146 dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; (...) VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (...) § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato- Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. Lei n° 12.651/2012 – Código Florestal Brasileiro Art. 1º-A. Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos. Meio Ambiente Artificial O Meio Ambiente Artificial é constituído pelo espaço urbano construído, formado por um conjunto de edificações e de equipamentos públicos. É uma dimensão do ambiente humano. Tem como elementos: prédios, pontes, ruas, ou qualquer projeto arquitetônico, não importando o juízo de valor sobre o bem. Esse ambiente urbano caracteriza diretamente a intervenção humana no meio natural. Os elementos que formam o ambiente artificial (urbano) são tutelados no art. 225, 182 e 183, ambos da CF/88, bem como, no campo infraconstitucional, pela Lei nº 10.257/01 (Estatuto da Cidade). Constituição Federal 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 15/146 Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. Estatuto da Cidade - Lei nº 10.257/01 Art. 1o Na execução da política urbana, de que tratam os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, será aplicado o previsto nesta Lei. Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental. Meio Ambiente Cultural O Meio Ambiente Cultural é uma dimensão do ambiente humano constituindo-se de um patrimônio artístico, arqueológico, paisagístico e histórico que tem um valor especial, isto é, são bens que tem como característica essencial a elevada carga valorativa atribuída por uma determinada sociedade. Seus elementos podem ser de natureza material ou imaterial. Encontra proteção constitucional no art. 23, III, da CF/88, bem como no art. 216, V, da CF/88 e, no âmbito infraconstitucional, no art. 1°, III, da Lei nº 7.347/85 (Lei de Ação Civil Pública). Constituição Federal de 1988 Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 16/146 Questão 2018 | 384305321 No que se refere ao dever imposto ao Poder Público e à coletividade quanto a defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações, é correto a�rmar que A) os Estados e o Distrito Federal estabelecerão, por meio de lei, a localização, em seus territórios, em que poderão ser instaladas usinas que operem com reator nuclear, excluídas as áreas necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. B) a Floresta Amazônica brasileira, a Serra do Mar e a Zona Costeira são patrimônio nacional, devendo sua utilização econômica ser feita dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais, sendo exigido prévio depósito, nos casos de risco previsível, para �ns de reparação. C) a Constituição Federal autoriza práticas desportivas em que são utilizados animais, desde que sejam manifestações culturais registradas como bem de natureza imaterial, devendo ainda ser regulamentadas por lei especí�ca, a �m de evitar a crueldade contra os animais. D) é dever do Poder Público exigir, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de signi�cativa degradação do meio ambiente, estudo préviotraz ao proprietário um conjunto de deveres (obrigação real ou propter rem) ligados à defesa do meio ambiente, ao cumprimento do interesse público, ao desenvolvimento da população local, ao ordenamento das cidades, à proteção dos trabalhadores envolvidos etc. Em consequência, nasce para a coletividade e para o Poder Público o direito de exigir que o proprietário exerça seu direito de propriedade dentro de limites que observem a função social. Podemos dizer, en�m, que o princípio em tela serve como um limitador/balizador do direito de propriedade, gerando para seu titular o dever de exercer seu direito sem que tal exercício prejudique a coletividade. Segundo o artigo 186, da CF, a propriedade rural cumpre sua função social quando atende, simultaneamente, aos seguintes requisitos: 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 143/146 I - aproveitamento racional e adequado: para cumprir a função social da propriedade rural, se faz necessário que haja aproveitamento adequado, produtividade – DIMENSÃO ECONÔMICA; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente: a preservação do meio ambiente também é requisito fundamental, ou seja, para cumprir a função social, a propriedade rural deve observar todo conjunto de legislação ambiental pertinente – DIMENSÃO AMBIENTAL; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho: representa o requisito trabalhista condicionador do cumprimento da função social da propriedade, ou seja, signi�ca que a propriedade rural deve observância a todo o conjunto de leis trabalhistas, previdenciárias, e outras ligadas a saúde e bem estar do trabalhador que exerce a atividade agrária – DIMENSÃO TRABALHISTA; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores: representa o requisito social condicionador do cumprimento da função social da propriedade, ou seja, a propriedade rural deve observância a todo o conjunto de leis que garantam direitos sociais ao homem do campo – DIMENSÃO SOCIAL. Na hipótese do enunciado, a propriedade não está sendo aproveitada de forma adequada e racional (pequena área cultivada), não está observando a proteção do meio ambiente (áreas degradadas, ausência de APP), não está observando as relações de trabalho (salário abaixo do mínimo legal) e não está favorecendo o bem-estar dos trabalhadores (jornada integral com baixos salários). Portanto, o imóvel em questão não está cumprindo sua função social. Lista de questões [15] [16] 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 144/146 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a5e1423c-6bf1-4a18-906a-09ae2f4386b6 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a5e1423c-6bf1-4a18-906a-09ae2f4386b6 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a5e1423c-6bf1-4a18-906a-09ae2f4386b6 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a5e1423c-6bf1-4a18-906a-09ae2f4386b6 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a5e1423c-6bf1-4a18-906a-09ae2f4386b6 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a5e1423c-6bf1-4a18-906a-09ae2f4386b6 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a5e1423c-6bf1-4a18-906a-09ae2f4386b6 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a5e1423c-6bf1-4a18-906a-09ae2f4386b6 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a5e1423c-6bf1-4a18-906a-09ae2f4386b6 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a5e1423c-6bf1-4a18-906a-09ae2f4386b6 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a5e1423c-6bf1-4a18-906a-09ae2f4386b6 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a15429f3-dd23-442b-9465-900a864710ec https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a15429f3-dd23-442b-9465-900a864710ec https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a15429f3-dd23-442b-9465-900a864710ec https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a15429f3-dd23-442b-9465-900a864710ec https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a15429f3-dd23-442b-9465-900a864710ec https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a15429f3-dd23-442b-9465-900a864710ec https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a15429f3-dd23-442b-9465-900a864710ec https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a15429f3-dd23-442b-9465-900a864710ec https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a15429f3-dd23-442b-9465-900a864710ec https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a15429f3-dd23-442b-9465-900a864710ec https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a15429f3-dd23-442b-9465-900a864710ec https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/39193734-1b3f-456b-a381-41d8c01213c8 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/39193734-1b3f-456b-a381-41d8c01213c8 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/39193734-1b3f-456b-a381-41d8c01213c8 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/39193734-1b3f-456b-a381-41d8c01213c8 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/39193734-1b3f-456b-a381-41d8c01213c8 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/39193734-1b3f-456b-a381-41d8c01213c8 Referências e links deste capítulo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12529.htm#art117 http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identi�cacao/DEC%209.073-2017? OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identi�cacao/DEC%209.073-2017? OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identi�cacao/DEC%209.073-2017? OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identi�cacao/DEC%209.073-2017? OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identi�cacao/DEC%209.073-2017? OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identi�cacao/DEC%209.073-2017? OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identi�cacao/DEC%209.073-2017? OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identi�cacao/DEC%209.073-2017? OpenDocument http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art5xxxiii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art37§3ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art216§2 [17] [18] [19] 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 145/146 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/39193734-1b3f-456b-a381-41d8c01213c8 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/39193734-1b3f-456b-a381-41d8c01213c8 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/39193734-1b3f-456b-a381-41d8c01213c8 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/39193734-1b3f-456b-a381-41d8c01213c8 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/39193734-1b3f-456b-a381-41d8c01213c8 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/25a77a55-70f7-406e-a48d-4adec9c86e58 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/25a77a55-70f7-406e-a48d-4adec9c86e58 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/25a77a55-70f7-406e-a48d-4adec9c86e58 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/25a77a55-70f7-406e-a48d-4adec9c86e58 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/25a77a55-70f7-406e-a48d-4adec9c86e58 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/25a77a55-70f7-406e-a48d-4adec9c86e58 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/25a77a55-70f7-406e-a48d-4adec9c86e58 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/25a77a55-70f7-406e-a48d-4adec9c86e58 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/25a77a55-70f7-406e-a48d-4adec9c86e58 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/25a77a55-70f7-406e-a48d-4adec9c86e58 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/25a77a55-70f7-406e-a48d-4adec9c86e58 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/029fd96f-4cd7-4f3c-bf76-3f60ca45d6e7https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/029fd96f-4cd7-4f3c-bf76-3f60ca45d6e7 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/029fd96f-4cd7-4f3c-bf76-3f60ca45d6e7 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/029fd96f-4cd7-4f3c-bf76-3f60ca45d6e7 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/029fd96f-4cd7-4f3c-bf76-3f60ca45d6e7 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/029fd96f-4cd7-4f3c-bf76-3f60ca45d6e7 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/029fd96f-4cd7-4f3c-bf76-3f60ca45d6e7 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/029fd96f-4cd7-4f3c-bf76-3f60ca45d6e7 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/029fd96f-4cd7-4f3c-bf76-3f60ca45d6e7 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/029fd96f-4cd7-4f3c-bf76-3f60ca45d6e7 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/029fd96f-4cd7-4f3c-bf76-3f60ca45d6e7 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/029fd96f-4cd7-4f3c-bf76-3f60ca45d6e7 13 14 15 16 17 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a5e1423c-6bf1-4a18-906a- 09ae2f4386b6 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a15429f3-dd23-442b-9465- 900a864710ec https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/39193734-1b3f-456b-a381- 41d8c01213c8 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/25a77a55-70f7-406e-a48d- 4adec9c86e58 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/029fd96f-4cd7-4f3c-bf76- 3f60ca45d6e7 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 146/146de impacto ambiental, cabendo ao órgão ambiental responsável pela análise a guarda dos documentos, a �m de que seja preservado o sigilo das informações. E) compete privativamente à União de�nir os espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei. § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. Lei de Ação Civil Pública - Lei nº 7.347/85 Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011). [1] l - ao meio-ambiente; II - ao consumidor; III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 17/146 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12529.htm#art117 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12529.htm#art117 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12529.htm#art117 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12529.htm#art117 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12529.htm#art117 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12529.htm#art117 Solução Gabarito: C) a Constituição Federal autoriza práticas desportivas em que são utilizados animais, desde que sejam manifestações culturais registradas como bem de natureza imaterial, devendo ainda ser regulamentadas por lei especí�ca, a �m de evitar a crueldade contra os animais. A questão cobra conhecimento acerca do Direito Ambiental, matéria cuja tutela se inicia no texto constitucional, em seu art. 225, segundo o qual todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. A letra A está incorreta. ERRADA Devido aos riscos que oferece, a atividade nuclear tem disciplina especí�ca, no ordenamento jurídico brasileiro. Dentre suas particularidade, se observa: Art. 225, § 6º CRFB/88 - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização de�nida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. INFORMAÇÃO COMPLEMENTAR Veja outro dispositivo constitucional, acerca atividade nuclear: Art. 21, XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para �ns pací�cos e mediante aprovação do Congresso Nacional; b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas; d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; A letra B está incorreta. ERRADA Nos termos do contido na CRFB/88: Art 225, § 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 18/146 forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. Perceba que não há disposição acerca de depósito prévio, posto não haver razoabilidade em trazer, no texto constitucional, possibilidade "venda" de recursos naturais, mesmo que de maneira indireta. A letra C está correta. CERTA Veja o que dispõe a CRFB/88: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público proteger a fauna e a �ora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (...) § 7º Para �ns do disposto na parte �nal do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei especí�ca que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. Art. 215. § 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro- brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. A letra D está incorreta. ERRADA Nos termos da CRFB/88: Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1º, IV - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de signi�cativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; Veja que é necessária a publicidade do conteúdo do Estudo Prévio de Impacto Ambiental, e não o seu sigilo. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 19/146 A letra E está incorreta. ERRADA Nos termos da CRFB/88: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1º, III - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público de�nir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justi�quem sua proteção; Questão 2018 | 62124392 Meio Ambiente do Trabalho O Meio Ambiente do Trabalho também é uma dimensão do ambiente humano e tem como elemento central o local em que o obreiro desenvolve suas atividades relacionadas com as condições ambientais favoráveis de trabalho. Busca-se assegurar ao trabalhador condições de higiene e segurança no desempenho de seu mister. Assim, qualquer tema relacionado às condições de segurança e qualidade do ambiente de trabalho, está inserido no conceito de meio ambiente laboral. Tem previsão no art. 7º, XXII, da CF/88, que trata dos direitos fundamentais dos trabalhadores urbanos e rurais, bem como no art. 200, VIII, da CF/88, que regulamenta as competências do Sistema Único de Saúde. Vejamos os normativos: Constituição Federal de 1988 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: VIII -colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 20/146 De acordo com a jurisprudência do STF, o conceito de meio ambiente inclui as noções de meio ambiente A) arti�cial, histórico, natural e do trabalho. B) cultural, arti�cial, natural e do trabalho. C) natural, histórico e biológico. D) natural, histórico, arti�cial e do trabalho. E) cultural, natural e biológico. Solução Gabarito: B) cultural, arti�cial, natural e do trabalho. Gabarito: Alternativa B A questão exigiu conhecimento acerca do conceito de meio ambiente, segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal. O conceito de meio ambiente que inclui as noções de meio ambiente adotadas pelo STF é: cultural, arti�cial, natural e do trabalho. Meio Ambiente Cultural: patrimônio cultural nacional, incluindo as relações culturais, turísticas, arqueológicas, paisagísticas e naturais. Este patrimônio está previsto expressamente nos artigos 215 e 216 da Constituição Federal. Meio Ambiente Arti�cial: possui um conceito residual, e é formado pelos espaços urbanos, incluindo as edi�cações, ruas, praças, avenidas, por exemplo. Meio Ambiente Natural: é aquele composto pelos recursos naturais, como a água, o solo, o ar atmosférico, a fauna e a �ora, sendo bens existentes independentemente da ação humana. É previsto no art. 225 da Constituição Federal. Meio Ambiente do Trabalho: constituído por bens materiais e imateriais que possibilitam o exercício da atividade laborativa pelos trabalhadores. De acordo com trecho retirado do site do STF: "A incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por interesses empresariais nem �car dependente de motivações de índole meramente econômica, ainda mais se se tiver presente que a atividade econômica, considerada a disciplina constitucional que a rege, está subordinada, entre outros princípios gerais, àquele que privilegia a defesa do meio ambiente (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e abrangente das noções de meio ambiente natural, de meio ambiente cultural, de meio ambiente arti�cial (espaço urbano) e de meio ambiente laboral". 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 21/146 (Fonte: http://www.jfsc.jus.br/ambiental/opiniao/meio_ambiente.htm). (Fonte: http://www.stf.jus.br/portal/informativo/verInformativo.asp? s1=desenvolvimento+prox+sustentavel&pagina=5&base=INFO). Conceito de Direito Ambiental Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Inicialmente, considerando a importância de alguns conceitos doutrinários para provas de concurso, notadamente de cunho subjetivo, é importante que o candidato tenha uma visão geral de alguns conceitos de Direito Ambiental previstos na doutrina mais balizada. Além disso, é importante a leitura detida dos enunciados, pois ajuda o concurseiro a se familiarizar com a linguagem própria desse ramo do Direito Público. Assim, vejamos alguns posicionamentos doutrinários. Para Frederico Amado, o Direito Ambiental é ramo do direito público composto por princípios e regras que regulamentam as condutas humanas que afetem, potencial ou efetivamente, direta ou indiretamente, o meio ambiente, quer o natural, o cultural ou o artificial. Ao seu turno, Paulo Machado, descreve o Direito Ambiental como um direito sistematizador que faz a articulação da legislação, da doutrina, e da jurisprudência concernentes aos elementos que integram o meio ambiente. Na Concepção de Édis Milaré, o Direito Ambiental (o autor prefere o termo Direito do Ambiente) é um complexo de princípios e normas coercitivas reguladoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando a sua sustentabilidade para as presentes e futuras gerações. Maria Luiza Granziera vislumbra o Direito Ambiental como um conjunto de regras jurídicas de direito público que norteiam as atividades humanas, ora impondo limites, ora induzindo comportamentos por meio de instrumentos econômicos, com o objetivo de garantir que essas atividades não causem danos ao meio ambiente, impondo-se a responsabilização e as consequentes sanções aos transgressores dessas normas. Em face dos conceitos doutrinários acima apresentados, podemos conceituar de forma sintética o Direito Ambiental da seguinte maneira Direito Ambiental é um ramo do Direito Público que regulamenta por meio de normas (princípios ou regras) a atividade humana com o objetivo de manter a higidez do meio ambiente para as presentes e futuras gerações. A natureza pública do Direito Ambiental é perfeitamente perceptível na interpretação da norma do caput do art. 225 c/c o § 1°, da CF/88, que consideram o meio ambiente um bem de uso comum do povo, impondo obrigação de proteção e promoção por parte do Estado, tendo em vista tratar-se de um bem de interesse de toda a coletividade (titularidade difusa). 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 22/146 Nesse sentido, temos o normativo constitucional: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; Como todo ramo do Direito, o Direito Ambiental disciplina o comportamento das atividades humanas em sociedade, por meio de normas jurídicas de caráter cogente em que se busca sempre a pacificação social. As normas de natureza ambiental são direcionadas à proteção e à promoção do meio ambiente. Tutelar o meio ambiente é proteger diretamente a existência da espécie humana. Nesse cenário, é inegável que o Direito Ambiental tem um caráter transdisciplinar, mantendo relação transversal com outros ramos do Direito ou com outras ciências, influenciando diretamente suas normas, impondo a necessidade de manutenção da higidez do meio ambiente. Um exemplo clássico é a transversalidade com o Direito Administrativo em que no processo licitatório se exige (norma cogente) que as especificações para a aquisição de bens, contratação de serviços e obras por parte dos órgãos e entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional atenda a critérios de sustentabilidade ambiental, considerando processos de extração, fabricação, utilização e descarte dos produtos e matérias primas. Busca-se com isso a promoção do desenvolvimento sustentável, um dos mais caros princípios que regem as normas ambientais, conforme previsão do art. 5º da Lei 14.133/2021: Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da eficiência, do interesse público, da probidade administrativa, da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da economicidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim como as disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro). 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 23/146 Questão 2018 | 635453195 No que respeita ao Direito Ambiental, assinale a alternativa correta. A) A proteção ambiental tem como destinatário o homem. B) Seu objetivo é garantir o mínimo de proteção possível ao meio ambiente, admitindo-se a exaustão de recursos para que o homem possa se perpetuar. C) Pode ser consideradouma disciplina jurídica autônoma, uma vez que possui princípios informadores próprios, embora se relacione com as ciências externas ao mundo jurídico, como a economia, e outros ramos do direito, como o tributário. D) O conceito de meio ambiente, com base na Lei no 6.938/81, traduz uma relação de equilíbrio entre “as condições, in�uências e interações de ordem econômica, física e bem-estar social. E) O meio ambiente é formado pelos bens ambientais, incorpóreos, e por processos ecológicos, considerados em sua individualidade especí�ca. Solução Gabarito: C) Pode ser considerado uma disciplina jurídica autônoma, uma vez que possui princípios informadores próprios, embora se relacione com as ciências externas ao mundo jurídico, como a economia, e outros ramos do direito, como o tributário. A questão cobra conhecimento acerca de aspectos gerais do Direito Ambiental. Segundo a Constituição Federal, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A letra A está incorreta. ERRADA O Direito Ambiental tem ligação com diversos outros ramos do direito. A preservação e manutenção do Meio Ambiente é dotada de abstração, o que a coloca no campo de atuação da defesa de INTERESSES DIFUSOS, de maneira que o destinatário é INDETERMINADO. A letra B está incorreta. ERRADA. Ao contrário do que a�rma a alternativa, o objetivo é garantir a proteção MÁXIMA, a �m de defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 24/146 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. A letra C está correta. CERTA O Direito Ambiental é disciplina cuja autonomia foi reconhecida e que, de fato, apresenta inúmeras relações com diversos outros ramos do Direito. Exemplo disso é a Lei 9.605/98, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências, expressando relação entre Direito Ambiental e Direito Penal. A letra D está incorreta. ERRADA. A Lei 6.938/81 estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus �ns e mecanismos de formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e institui o Cadastro de Defesa Ambiental. O conceito de meio ambiente nela contido é: Art. 3º - Para os �ns previstos nesta Lei, entende-se por meio ambiente, o conjunto de condições, leis, in�uências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; A letra E está incorreta. ERRADA. A Lei 6.938/81 estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus �ns e mecanismos de formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e institui o Cadastro de Defesa Ambiental. O conceito de meio ambiente está nela contido: Art. 3º - Para os �ns previstos nesta Lei, entende-se por meio ambiente, o conjunto de condições, leis, in�uências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; Objeto do Direito Ambiental Terminada a conceituação do Direito Ambiental, enquanto uma ciência, importa partir para uma análise de seu objeto: Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 25/146 O Direito Ambiental tem por objeto o meio ambiente ecologicamente equilibrado nos termos do art. 225, caput, da Constituição Federal. As normas ambientais buscam uma relação harmônica entre os meios biótipos e abiótipos até o estabelecimento de um equilíbrio, seja através do controle da poluição ou da proteção de espécies ameaçadas de extinção; seja também pela tutela de espaços territoriais que apresentam relevantes características cênicas para manutenção da vida nos ecossistemas. Eis a norma fundamental: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Nesse sentido, o bem jurídico tutelado pelo Direito Ambiental é o bem ambiental entendido este como o meio ambiente equilibrado (macrobem). O conhecimento de suas características, notadamente quanto ao seu regime jurídico, nos ajudará a entender toda a tutela protetiva desse bem. Para melhor conhecimento dos interesses envolvidos quanto ao bem ambiental, devemos compreender inicialmente suas diferentes dimensões, quais sejam, de macrobem e microbem ambiental. O macrobem ambiental é o patrimônio ambiental em seu conceito mais ampliativo envolvendo todas as complexas interações entre os meios físicos e biótipos na busca da mantença do equilíbrio ambiental. O macrobem ambiental é um bem de natureza difusa, incorpóreo e imaterial de titularidade da coletividade (de uso comum do povo). Não há possibilidade de individualização do objeto (intangível). Essa dimensão de bem ambiental é perfeitamente perceptível pela leitura do caput do art. 225 da CF/88, que prevê que todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. O microbem ambiental é a individualização dos elementos que compõem o meio ambiente. Esses componentes são concebidos isoladamente e não em uma visão interacional. Temos como exemplos o ar, a fauna, a flora, o rio, o solo ou mesmo o patrimônio cultural de determinada comunidade. Cumpre lembrar que esses microbens têm tratamento legislativo próprio para proteção individualizada de cada um (dentro de uma visão protetiva sistemática). 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 26/146 Questão 2016 | 2145146529 O objeto do Direito Ambiental é a harmonização da natureza, garantida pela manutenção dos ecossistemas e da sadia qualidade de vida para que o homem possa se desenvolver plenamente. Dessa forma, esse ramo do direito é permeado por vários princípios que conduzem à noção de que A) a ausência de certeza cientí�ca absoluta, na hipótese de ameaça de danos graves ou irreversíveis, é razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. Não podemos esquecer que o uso dessas dimensões serve apenas como critério de classificação para melhor compreender o objeto de estudo, não se podendo olvidar que os bens ambientais formam um único bem imaterial e sistêmico. Ratificando essa tese, o STJ entende que os conceitos de macrobem e microbem servem para definir a competência interna das suas Seções para a análise da questão afeta aos efeitos reparatórios e minimizadores de danos decorrentes de ações antrópicas servindo para minimizar e dissipar as eventuais dúvidas acerca da natureza pública ou privada do bem ambiental, pois as reparações ao dano macrobem terão sempre uma preponderância de direito público enquanto aquelas afetas ao dano microbem ambiental serão eminentemente de direito privado. Podemos, então, esquematizar da seguinte maneira: 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 27/146 B) o meio ambiente é considerado um direito fundamental, apesar de não estar contido no rol do artigo 5º da CF, sendo uma extensão do direito à vida e necessário à pessoa humana. C) a reparação por dano ambiental deverá ser “in natura” buscando restabelecer o “status quo ante”, somente quando a análise da repercussão econômica do dano for inviável. D) o uso gratuito de recursos naturais, por evolução do princípio do poluidor-pagador, invariavelmente representa enriquecimentoilícito por parte do usuário, devendo a contraprestação pelo uso ser encarada como punição. Solução Gabarito: B) o meio ambiente é considerado um direito fundamental, apesar de não estar contido no rol do artigo 5º da CF, sendo uma extensão do direito à vida e necessário à pessoa humana. Trata-se de questão que exige o conhecimento do candidato sobre os princípios inerentes ao direito ambiental. Mais especi�camente para a resolução da questão é exigido o conhecimento dos Princípios nº 15 e 16 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, bem como o conhecimento doutrinário no que tange ao tema. A letra A está incorreta. ERRADA De acordo com o princípio nº 15 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a ausência de certeza cientí�ca absoluta, na hipótese de ameaça de danos graves ou irreversíveis, NÃO é razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. Vejamos a redação do dispositivo citado: Principio 15 - Com o �m de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza cientí�ca absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. A letra B está correta. CERTA De acordo com a orientação jurisprudencial e doutrinária, o meio ambiente é considerado um direito fundamental, apesar de não estar contido no rol do artigo 5º da CF, sendo uma extensão do direito à vida e necessário à pessoa humana. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 28/146 Colaciono a ementa do julgado que con�rma tal entendimento: MEIO AMBIENTE - DIREITO À PRESERVAÇÃO DE SUA INTEGRIDADE (CF, ART. 225)- PRERROGATIVA QUALIFICADA POR SEU CARÁTER DE METAINDIVIDUALIDADE - DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO (OU DE NOVÍSSIMA DIMENSÃO) QUE CONSAGRA O POSTULADO DA SOLIDARIEDADE - NECESSIDADE DE IMPEDIR QUE A TRANSGRESSÃO A ESSE DIREITO FAÇA IRROMPER, NO SEIO DA COLETIVIDADE, CONFLITOS INTERGENERACIONAIS - ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS (CF, ART. 225, § 1º, III)- ALTERAÇÃO E SUPRESSÃO DO REGIME JURÍDICO A ELES PERTINENTE - MEDIDAS SUJEITAS AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE LEI - SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - POSSIBILIDADE DE A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, CUMPRIDAS AS EXIGÊNCIAS LEGAIS, AUTORIZAR, LICENCIAR OU PERMITIR OBRAS E/OU ATIVIDADES NOS ESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS, DESDE QUE RESPEITADA, QUANTO A ESTES, A INTEGRIDADE DOS ATRIBUTOS JUSTIFICADORES DO REGIME DE PROTEÇÃO ESPECIAL - RELAÇÕES ENTRE ECONOMIA (CF, ART. 3º, II, C/C O ART. 170, VI) E ECOLOGIA (CF, ART. 225)- COLISÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS - CRITÉRIOS DE SUPERAÇÃO DESSE ESTADO DE TENSÃO ENTRE VALORES CONSTITUCIONAIS RELEVANTES - OS DIREITOS BÁSICOS DA PESSOA HUMANA E AS SUCESSIVAS GERAÇÕES (FASES OU DIMENSÕES) DE DIREITOS (RTJ 164/158, 160-161) - A QUESTÃO DA PRECEDÊNCIA DO DIREITO À PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE: UMA LIMITAÇÃO CONSTITUCIONAL EXPLÍCITA À ATIVIDADE ECONÔMICA (CF, ART. 170, VI)- DECISÃO NÃO REFERENDADA - CONSEQÜENTE INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR. A PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE: EXPRESSÃO CONSTITUCIONAL DE UM DIREITO FUNDAMENTAL QUE ASSISTE À GENERALIDADE DAS PESSOAS . - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Trata-se de um típico direito de terceira geração (ou de novíssima dimensão), que assiste a todo o gênero humano (RTJ 158/205-206). Incumbe, ao Estado e à própria coletividade, a especial obrigação de defender e preservar, em benefício das presentes e futuras gerações, esse direito de titularidade coletiva e de caráter transindividual (RTJ 164/158-161). O adimplemento desse encargo, que é irrenunciável, representa a garantia de que não se instaurarão, no seio da coletividade, os graves con�itos intergeneracionais marcados pelo desrespeito ao dever de solidariedade, que a todos se impõe, na proteção desse bem essencial de uso comum das pessoas em geral. Doutrina (...) O princípio do desenvolvimento sustentável, além de impregnado de caráter eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocação desse postulado, quando ocorrente situação de con�ito entre valores constitucionais relevantes, a uma condição inafastável, cuja observância não comprometa nem esvazie o conteúdo essencial de um dos mais signi�cativos direitos 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 29/146 fundamentais: o direito à preservação do meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras gerações (...) (STF - ADI-MC: 3540 DF, Relator: CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 01/09/2005, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 03-02-2006 PP-00014 EMENT VOL-02219-03 PP- 00528) Na lição de Frederico Amado: “O legislador constituinte reconheceu expressamente o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (artigo 225, caput, Constituição), imaterial, de terceira dimensão (coletivo), transindividual e com aplicabilidade imediata, vez que sua incidência independente de regulamentação (...).” A letra C está incorreta. ERRADA A reparação do dano, com tentativa de restabelecimento da situação anterior, é sempre preferencial, não podendo ser substituída pela indenização. Na lição de Frederico Amado: “Assim, uma vez impossibilitada à reparação (ou restauração) em espécie, que é prioritária, dever-se-á partir para uma compensação ambiental ou, em ultimo caso, a indenização em pecúnia. Como exemplo, tome-se o caso do desmate de uma �oresta nativa amazônica. Tecnicamente, conforme a�rmam os técnicos, os danos são irreparáveis, pois o mesmo ecossistema não terá as mesmas características de outrora, não só em relação à mata, mas também no que concerne aos animais, solo, eventuais águas etc. Neste caso, deve-se partir para a compensação ambiental, ou seja, buscar-se-á a adoção de medidas especi�cas com o intuito de aproximar ao máximo o ecossistema degradado de suas condições originais. Logo, o poluidor deverá ser compelido a re�orestar a área com as espécies nativas e, se viável, reinserir animais silvestres da mesma espécie, entre outras medidas indicadas. Em termos de ação civil pública, apenas em último caso recolher-se-á a indenização para o fundo instituído pelo artigo 13, da Lei 7.347/1985 (...).” A letra D está incorreta. ERRADA De acordo com o Princípio nº 16 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, o princípio do poluidor-pagador tem caráter dúplice: a) repressivo – ao 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 30/146 impor a responsabilidade objetiva àquele que degrada o meio ambiente; b) preventivo – impõe a internalização das externalidades negativas. Quer dizer, o poluidor deve arcar com o custo da poluição, com a devida atenção aos interesses públicos. Vejamos a redação do dispositivo citado: Princípio 16 - As autoridades nacionais devem procurar promover a internacionalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem segundo a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais. Tal princípio rea�rma o dever de prevenção e de reparação integral por parte de quem pratica atividade que possa poluir. O Direito Ambiental como um Direito Difuso, Indivisível e Transindividual Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Passada a introdução aos objetos do Direito Ambiental, é importante o aprofundamento do estudo do Direito Ambiental enquanto um Direito Coletivo: O bem ambiental (macrobem)tem caráter eminentemente difuso caracterizado pela titularidade indeterminável é integra o patrimônio de toda a coletividade. É considerado difuso porque se caracteriza como bem de uso comum do povo incidindo interesse de toda a sociedade (art. 225, caput, da CF/88), fato que autoriza a incidência de um regime jurídico de direito público na sua tutela. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A referida norma constitucional prevê que o direito ao meio ambiente é de todos, sem distinção de qualquer natureza, sem qualquer nota excludente de seus beneficiários. Assim, o direito ao meio ambiente equilibrado é a um só tempo direito individual e marcadamente de toda a coletividade, fato que evidencia sua transindividualidade. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 31/146 Questão 2017 | 61992373 Outra marca característica que caracteriza sua natureza difusa é a imprescritibilidade do dano ambiental, pois o bem ambiental está fora da disponibilidade do particular, respondendo este objetivamente pela reparação dos danos causados ao meio ambiente. É importante diferenciarmos os direitos difusos dos direitos coletivos. Há definição legal desses interesses. O Código de Defesa do Consumidor-CDC define o direito/interesse difuso como sendo os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato. Ao seu turno, o interesse/direito coletivo é também de natureza transindividual e indivisível, mas que tem como titular um grupo ou uma categoria de pessoas ligadas por uma relação jurídica básica. Eis o normativo do art. 81, da Lei 8.078/90. Código de Defesa do Consumidor – Lei 8.078/90 Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; A diferença central entre os direitos difusos e coletivos é a possibilidade de se determinar a titularidade desses interesses. De fato, no direito coletivo o grupo beneficiário é facilmente identificável. Por outro lado, no interesse difuso os beneficiários são indeterminados ou indetermináveis. Ex. quando há um dano ambiental na floresta amazônica (incêndio) é impossível identificar o titular do direito lesionado em fase da multiplicidade de titulares, considerando que existe um liame entre eles e o fato ocorrido (dano ao meio ambiente). Importante frisar que não se abordará com muita profundidade este tema no momento (teremos aula própria quanto à proteção judicial do meio ambiente). O objetivo inicial é conhecer que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito difuso e indivisível de natureza transindividual, previsto no art. 81, do CDC. 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 32/146 O direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado encontra-se consagrado no art. 225 da Constituição Federal. Nesse contexto, A) a Constituição Federal condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa. B) o direito à integridade do meio ambiente constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva e destina-se somente àqueles que residam em território nacional. C) o direito à preservação da integridade do meio ambiente consagra o postulado de solidariedade, diante da necessidade de impedir que a transgressão a esse direito faça irromper, no seio da coletividade, con�itos intergeracionais. D) o direito à preservação da integridade do meio ambiente, prerrogativa quali�cada por seu caráter de metaindividualidade, realça o princípio da liberdade e acentua o princípio da igualdade. E) é facultado ao Estado analisar os riscos, avaliar os custos das medidas de prevenção e executar as ações necessárias, quando existir incerteza cientí�ca sobre a possibilidade de um produto, serviço ou evento desequilibrar o meio ambiente ou atingir a saúde dos cidadãos. Solução Gabarito: C) o direito à preservação da integridade do meio ambiente consagra o postulado de solidariedade, diante da necessidade de impedir que a transgressão a esse direito faça irromper, no seio da coletividade, con�itos intergeracionais. É a resposta da questão a alternativa C. A alternativa A está incorreta, uma vez que, segundo entendimento do STF, a Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa. [...] 1. O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária dupla imputação. 2. As organizações corporativas complexas da atualidade se caracterizam pela descentralização e distribuição de atribuições e responsabilidades, sendo inerentes, a esta realidade, as di�culdades para imputar o fato ilícito a uma pessoa concreta. 3. Condicionar a aplicação do art. 225, §3º, da Carta Política a uma concreta imputação também a pessoa física implica indevida restrição da norma constitucional, expressa a intenção do constituinte originário não apenas de ampliar o alcance das 2. Introdução ao Direito Ambiental 2. Introdução ao Direito Ambiental 33/146 sanções penais, mas também de evitar a impunidade pelos crimes ambientais frente às imensas di�culdades de individualização dos responsáveis internamente às corporações, além de reforçar a tutela do bem jurídico ambiental. [...] (RE 548181, Relator(a): ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 06/08/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-213 DIVULG 29-10-2014 PUBLIC 30-10-2014 RTJ VOL-00230-01 PP- 00464) A alternativa B está incorreta, uma vez que o direito à integridade do meio ambiente constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva e destina-se a todos. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A alternativa C está correta, tendo em vista entendimento no sentido de que o direito à preservação da integridade do meio ambiente é uma prerrogativa quali�cada por seu caráter de metaindividualidade, sendo um Direito de terceira geração (ou de novíssima dimensão) que consagra o postulado da solidariedade pela necessidade de impedir que a transgressão a esse direito faça irromper con�itos intergeracionais. MEIO AMBIENTE - DIREITO À PRESERVAÇÃO DE SUA INTEGRIDADE (CF, ART. 225) - PRERROGATIVA QUALIFICADA POR SEU CARÁTER DE METAINDIVIDUALIDADE - DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO (OU DE NOVÍSSIMA DIMENSÃO) QUE CONSAGRA O POSTULADO DA SOLIDARIEDADE - NECESSIDADE DE IMPEDIR QUE A TRANSGRESSÃO A ESSE DIREITO FAÇA IRROMPER, NO SEIO DA COLETIVIDADE, CONFLITOS INTERGENERACIONAIS [...] (ADI 3540 MC, Relator(a): CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 01/09/2005, DJ 03-02-2006 PP-00014 EMENT VOL-02219-03 PP-00528) A alternativa D está incorreta o direito à preservação da integridade do meio ambiente,