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54 CRIAÇÃO DE DIAGRAMAS DE RADIAÇÃO TRIDIMENSIONAIS DE ANTENAS UTILIZANDO A BIBLIOTECA GRÁFICA OPENGL Marinoel Joaquim Palavras-Chave: Computação Gráfica,Visualização Científica, OpenGL, Antenas. 1 INTRODUÇÃO Este artigo descreve o desenvolvimento de um simulador de diagramas de radiação tridimensionais (3D) utilizando a biblioteca gráfica OpenGL (Open Graphical Library). A biblioteca OpenGL (Cohen e Manssour, 2006) é uma especificação aberta, de uso livre e multiplataforma de uma biblioteca de rotinas gráficas e de modelagem utilizada para o desenvolvimento de aplicações gráficas sofisticadas tais como animações, jogos de computador e visualização gráfica. Esta biblioteca permite utilizar os recursos internos e a velocidade de aceleração do hardware gráfico que acompanha os computadores pessoais atuais (Azevedo e Conci, 2003). Foram utilizadas como ferramentas de desenvolvimento o compilador wxDev- C++, as bibliotecas OpenGL, Freeglut, Glut e a biblioteca Glui de interface gráfica com o usuário (GUI). . 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A aplicação desenvolvida mostra os diagramas de radiação bidimensional (2D) e tridimensional (3D) de um conjunto linear e uniforme de N elementos iguais; um dos mais simples, pois a teoria de conjuntos é bastante extensa e complexa (Balanis, 2009). O elemento pode ser qualquer tipo de antena (dipolo, monopolo, antena de quadro, antena Yagi-Uda, antena microstrip, etc.), mas por simplicidade se escolheu a antena isotrópica. A antena isotrópica é uma abstração teórica e matemática muito útil para comparar a diretividade (ou ganho) de antenas reais; ela não é realizável fisicamente. A antena isotrópica é um ponto no espaço (semelhante a uma estrela muito distante da terra) que irradia a potência elétrica recebida em sua entrada com 100% de eficiência e de forma igual em qualquer ponto no espaço situado a uma distância “r” qualquer. O diagrama de radiação 3D da antena isotrópica é em forma de esfera e o diagramas 2D em qualquer plano são círculos, ou seja, esta antena não direciona a onda eletromagnética em nenhuma direção (diretividade adimensional igual a 1 ou diretividade em dBi igual a zero). O termo diretividade (adimensional) significa, de uma forma simplificada, a relação entre a densidade de potencia (W/m 2 ) máxima irradiada (SMAX) por uma antena real em uma determinada direção e a densidade de potência irradiada (SO) por uma antena isotrópica em qualquer direção, considerando que a antena real e a antena isotrópica recebam a mesma potência elétrica em suas entradas; despreza-se nesta comparação qualquer perda de potência na antena real. As diretividades adimensional e em dBi são definidas da seguinte forma: ( ) ( ) ( ) Como será visto usando o simulador, antenas reais sempre direcionam a potência eletromagnética em uma ou mais direções, ou seja, apresentam diretividade adimensional maior que 1 ou maior que 0 dBi. O termo “dBi” significa a diretividade em dB de uma antena real relativa a antena isotrópica como mostra a equação 1. O conjunto linear e uniforme é composto de N antenas iguais sobre um mesmo eixo (por exemplo, o eixo x), separadas por uma distância igual, ou seja, a antena (i) está a uma distância “a” da antena (i-1); também existirá uma mesma defasagem da corrente elétrica (α) entre a antena (i) e a antena (i-1). Um ponto P distante deste conjunto de N antenas (por exemplo, situadas no eixo x) apresentará um campo elétrico final que é o somatório dos campos elétricos irradiados por cada elemento de antena que compõe este conjunto. Supondo por simplicidade que cada antena irradia uma mesma intensidade de campo elétrico (EO), mas que há uma defasagem (ψ) entre a antena (i) e a antena (i-1), definida por: ( ) Onde: λ é o comprimento de onda em metros (λ = 3.108/F onde F = freqüência em Hz) e θ é o ângulo a partir do eixo x e a reta traçada na origem do sistema de coordenadas (antena i = 0) até o ponto P distante. Desta forma o campo elétrico gerado por cada antena (i) até o ponto P distante será definida por: ( ) ( ) Onde: i = 0 a (N-1) elementos j = (-1) 1/2 , número imaginário e = 2,718..., número neperiano A soma total dos campos elétricos no ponto P será: ( ( ) ) ( ) E utilizando teoremas matemáticos, não mostrados aquí, têm-se: ( ) ( ) ( ) A equação 5 define o formato do diagrama 2D no plano x- y do conjunto linear e uniforme de N elementos situados 55 no eixo x. É comum utilizar um fator de forma de conjunto normalizado (FFC) definido como: ( ) ( ) ( ) O fator de forma do diagrama total (FFT) será definido como: ( ) Onde FFE é o fator de forma do elemento. Por simplicidade, utilizou-se o elemento como sendo uma antena isotrópica (FFE = 1). Logo o fator de forma do diagrama total será o próprio fator de forma do conjunto (FFT = FFC). . 3 DESENVOLVIMENTO DA APLICAÇÃO GRÁFICA UTILIZANDO OPENGL O processo de desenvolvimento envolveu várias etapas. O primeiro objetivo foi gerar uma malha envolvendo as curvas obtidas a partir da equação 2 e da equação 6 do fator de forma normalizado do diagrama (FFC) e círculos concêntricos a estas curvas. Na geração da malha foi utilizada uma matriz de 130 por 130 pontos; cada ponto corresponde a uma posição no espaço (x,y,z). O segundo objetivo foi transformar esta malha em uma superfície. Isto foi conseguido gerando dois triângulos a cada quatro pontos adjacentes interceptados pelas curvas e círculos concêntricos. Mas para que a superfície gerada pareça tridimensional foi necessário gerar um vetor normal para cada triângulo da superfície e introduzir duas fontes de iluminação, com perspectiva e realismo utilizando funções específicas da biblioteca OpenGL. A partir da obtenção da superfície tridimensional se tornou mais fácil fazer aperfeiçoamentos neste programa de computador. Nesta etapa utilizou-se a biblioteca Freeglut que permitiu gerar textos de ajuda na tela, bem como inserir valores a partir do teclado como número de elementos (N), separação entre elementos (a) em comprimento elétrico (ou comprimento de onda), defasagem da corrente elétrica (α) entre elementos (em graus). E também importante recursos como zoom e rotação nos eixos x e y para o diagrama tridimensional, como mostrado na Figura 1. Figura 1: Simulador de diagramas 3D. Outro recurso, interessante e útil, foi inserir também o diagrama 2D junto com o diagrama 3D; para fazer isto utilizou-se duas viewport. A diretividade do diagrama 3D foi calculada utilizando integração numérica (Balanis, 2009). Recursos opcionais foram introduzidos para escolha de cor da superfície, apresentação ou não da lista (cor verde), da malha formada por curvas (cor vermelha) e círculos (cor preta) como mostrado na Figura 1. O próximo passo foi desenvolver uma interface gráfica com o usuário (GUI) utilizando a bibliotecaGlui. Assim várias operações passaram a ser desenvolvidas pela GUI, o que reduziu em muito os textos necessários na tela, tornando o uso muito mais intuitivo e agradável ao usuário, como mostra a Figura 2. Figura 2: Simulador de diagramas 3D com GUI. 4 CONCLUSÕES O OpenGL é uma ferramenta de desenvolvimento poderosa, mas apesar da sua complexidade, relativamente simples de implementar em C++, C#, Java ou Python (Cohen e Manssour, 2006). O uso da interface gráfica para usuário (GUI) usando a biblioteca Glui foi muito útil, mas apresentou algumas limitações, pois a mesma tem de ser ligada a biblioteca Glut ao invés da Freeglut, e na Glut não é possível usar palavras acentuadas e outros símbolos próprios da língua portuguesa. Para desenvolvimentos futuros, a solução ideal é utilizar GUIs mais poderosas como a wxWidgets, Visual C++, Qt, etc., bem como a biblioteca gráfica VTK (Visualization Tool Kit) que é mais adequada parar aplicações de visualização cientifica. A partir da experiência obtida no desenvolvimento desta aplicação, foi possível desenvolver aplicações mais sofisticadas (não analisadas neste texto) como o simulador de diagramas de radiação 2D e 3D de dipolos no espaço livre e com polarizações vertical e horizontal sobre plano terra perfeito; e o simulador de diagramas de radiação 2D e 3D de antenas Yagi-Uda, que também calcula vários parâmetros importantes como, por exemplo, impedância final, ângulos de meia potência, relação frente-costa, e assim é um auxiliar valioso no projeto real destas antenas. REFERÊNCIAS Azevedo, E. e Conci, A.. Computação Gráfica: Geração de Imagens. 8ª edição. Elsevier, 2003. Balanis, C. A.. Teoria de Antenas: Análise e Síntese. volumes I e II. 3ª edição. LTC, 2009. Cohen, M. e Manssour, I. H..OpenGL: Uma abordagem Prática e Objetiva. Novatec, 2006.
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