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• 1. 2. OBJETIVO Definir anatomia e fisiologia e nomear as diversas subdisciplinas da morfologia. A anatomia é basicamente o estudo das estruturas que formam o corpo humano e as suas correlações. A anatomia foi estudada inicialmente pelo método de dissecção, secção e separação cuidadosa das estruturas do corpo para o estudo de suas relações. Atualmente, inúmeras técnicas de imagem também contribuem para o avanço do conhecimento anatômico. Descrevemos e comparamos algumas técnicas de imagem comuns na Tabela 1.3 (ver Seção 1.8). A morfologia do corpo humano pode ser estudada em vários níveis de organização estrutural, variando de microscópica (visível apenas com o auxílio do microscópio) a macroscópica (visível sem o uso do microscópio). Esses níveis e os diferentes métodos usados para estudá-los constituem a base da morfologia e dos ramos da anatomia. Alguns são descritos na Tabela 1.1. A anatomia estuda, principalmente, as estruturas do corpo. Uma disciplina relacionada, a fisiologia, ocupa-se das funções das partes do corpo – ou seja, como elas funcionam. Como não é possível separar totalmente a função da estrutura, você aprenderá como a estrutura do corpo costuma indicar suas funções. Algumas das relações estrutura-função são óbvias, como as firmes articulações entre os ossos do crânio, que protegem o encéfalo. Por outro lado, a articulação dos ossos dos dedos das mãos é mais livre para possibilitar movimentos como os de tocar um instrumento, segurar um taco de beisebol ou pegar um pequeno objeto no chão. O formato da orelha externa ajuda a captar e a localizar as ondas sonoras, o que viabiliza a audição. Outras relações não são tão evidentes, como as das vias que conduzem ar para os pulmões. Elas se ramificam extensamente quando chegam aos pulmões. Minúsculos alvéolos – cerca de 300 milhões – reúnem-se nas extremidades dos vários ramos das vias respiratórias. Do mesmo modo, há extensa ramificação dos vasos que conduzem sangue para os pulmões, com formação de diminutos tubos que circundam os pequenos alvéolos. Por causa dessas características anatômicas, a área de superfície pulmonar total tem o tamanho aproximado de uma quadra de handebol. Essa grande área de superfície é essencial para a função básica dos pulmões: a troca eficiente de oxigênio e dióxido de carbono entre o ar e o sangue. TESTE RÁPIDO Quais subdisciplinas da anatomia seriam usadas na dissecção de um cadáver? Dê alguns exemplos de como a estrutura e a função do corpo humano estão relacionadas. TABELA 1.1 Morfologia e subdisciplinas da anatomia. SUBDISCIPLINAS DA ANATOMIA OBJETO DE ESTUDO Embriologia Primeiras 8 semanas do desenvolvimento após fertilização de um óvulo humano Biologia do desenvolvimento Desenvolvimento completo de um indivíduo desde a fertilização até a morte Biologia celular Estrutura e função celulares Histologia Estrutura microscópica dos tecidos Anatomia seccional Estrutura interna e relações do corpo com o auxílio de cortes Anatomia macroscópica Estruturas que podem ser examinadas a olho nu Anatomia sistêmica Estrutura de sistemas específicos do corpo, como os sistemas nervoso ou respiratório Anatomia regional Regiões específicas do corpo, como a cabeça ou o tórax Anatomia de superfície Pontos de referência de estruturas na superfície do corpo para compreender suas relações por meio da inspeção e da palpação • • Anatomia radiográfica Estruturas internas do corpo que podem ser visualizadas com o uso de raios X, TC, RM e outras tecnologias Anatomia patológica Alterações estruturais (macroscópicas ou microscópicas) associadas a doenças CORRELAÇÃO CLÍNICA | Técnicas diagnósticas não invasivas É comum o uso de várias técnicas diagnósticas não invasivas por profissionais e estudantes da área de saúde para avaliar determinados aspectos da estrutura e da função do corpo. Uma técnica diagnóstica não invasiva é aquela que não demanda a inserção de um instrumento ou dispositivo através da pele ou em um orifício do corpo. Na inspeção, a primeira técnica diagnóstica não invasiva, o examinador observa o corpo em busca de alterações com relação ao normal (Figura A). Por exemplo, um médico pode examinar a cavidade oral em busca de indícios de doenças. Na palpação, o examinador explora a superfície corporal com as mãos (Figura B). Um exemplo é a palpação do pescoço para detectar linfonodos aumentados ou dolorosos. Na ausculta, o profissional ouve os sons do corpo para avaliar o funcionamento de certos órgãos, normalmente com o auxílio de um estetoscópio para amplificar os sons (Figura C). Um exemplo é a ausculta dos pulmões durante a respiração, em busca de estertores associados ao acúmulo anormal de líquido nos espaços aéreos pulmonares. Na percussão, o examinador bate de leve na superfície do corpo com as pontas dos dedos e ouve o som produzido. O som produzido pela percussão de cavidades ou espaços ocos é diferente daquele produzido pela percussão de órgãos sólidos (Figura D). Por exemplo, a percussão pode revelar a existência anormal de líquido nos pulmões ou de ar no intestino. É usada também para determinar o tamanho, a consistência e a posição de uma estrutura subjacente. O conhecimento da anatomia é importante para a efetiva aplicação da maioria dessas técnicas. Além disso, os profissionais de saúde usam essas e outras técnicas abordadas neste capítulo para descrever os achados após um exame clínico. 1.2 Níveis de organização estrutural e sistemas do corpo OBJETIVOS Descrever os níveis de organização estrutural do corpo humano Listar os 11 sistemas do corpo humano, enumerar os órgãos de cada um e explicar suas funções gerais. Os níveis de organização de um idioma – as letras, as palavras, as frases, os parágrafos e assim por diante – podem ser comparados com os níveis de organização do corpo humano. A organização do corpo humano estende-se desde algumas das menores estruturas e suas funções até a de maior estrutura – todo o corpo humano. Seis níveis de organização, apresentados do menor para o maior, ajudam a compreender a anatomia: os níveis químico, celular, tecidual, orgânico, sistêmico e organísmico como um todo (Figura 1.1). O nível químico, que pode ser comparado com as letras do alfabeto, inclui os átomos, as menores unidades da matéria que participam de reações químicas, e as moléculas, dois ou mais átomos ligados entre si. Alguns átomos, como o carbono (C), o hidrogênio (H), o oxigênio (O), o nitrogênio (N), o fósforo (P) e o cálcio (Ca), são essenciais para a manutenção da vida. Duas moléculas bem conhecidas encontradas no corpo são o ácido desoxirribonucleico (DNA), o material genético passado de geração em geração, e a glicose, conhecida comumente como o açúcar do sangue. No nível celular, as moléculas combinam-se e formam células, o que pode ser comparado com a reunião de letras em palavras. As células são estruturas constituídas de substâncias químicas e são as unidades estruturais e funcionais básicas de um organismo. Do mesmo modo que as palavras são os menores elementos constitutivos da linguagem, as células são as menores unidades vivas do corpo humano. Entre os muitos tipos de células no corpo humano, estão as fibras musculares, as células nervosas e as células sanguíneas. A Figura 1.1 mostra uma célula muscular lisa, um dos três tipos de células musculares do corpo. O nível celular de organização é o foco do Capítulo 2. O próximo nível de organização estrutural é o nível tecidual. Os tecidos são constituídos por grupos de células e pelo material em torno delas, que atuam em conjunto para realizar determinada função, semelhante à reunião de palavras para formar frases. Existem somente quatro tipos básicos de tecido no corpo: epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso. O tecido epitelial cobre as superfícies do corpo, reveste órgãos ocos e cavidades e forma glândulas. O tecido conjuntivo une, sustenta e protege órgãos do corpo, enquanto distribui vasos sanguíneos para outros tecidos. O tecido muscular contrai-se (encurta) para mover partes do corpo e gerar calor.O tecido nervoso leva informações de uma parte do corpo para outra. O Capítulo 3 descreve com mais detalhes o nível tecidual de organização. A Figura 1.1 mostra o tecido muscular liso, formado por células musculares lisas compactadas. No nível orgânico, há reunião de diferentes tipos de tecidos. De modo semelhante à relação entre as frases e os parágrafos, os órgãos são as estruturas compostas por dois ou mais tipos diferentes de tecidos, desempenham funções específicas e, em geral, têm formatos reconhecíveis. São exemplos de órgãos o estômago, o coração, o fígado, os pulmões e o encéfalo. A Figura 1.1 apresenta como vários tecidos compõem o estômago. O revestimento externo do estômago é uma camada de tecido epitelial e de tecido conjuntivo que reduz o atrito quando há movimento do estômago e atrito com outros órgãos. Abaixo dela, encontram-se três camadas de um tipo de tecido muscular chamado tecido muscular liso, que se contrai para agitar e misturar os alimentos e, então, empurrá-los para o próximo órgão do sistema digestório, o intestino delgado. O revestimento interno, a camada de tecido epitelial, produz líquido e substâncias químicas responsáveis pela digestão no estômago. Figura 1.1 Níveis de organização estrutural do corpo humano. Os níveis de organização estrutural são o químico, o celular, o tecidual, o orgânico, o sistêmico e o organismo como um todo. 3. 4. Qual é o nível de organização estrutural composto de dois ou mais tipos diferentes de tecidos que trabalham em conjunto para executar uma função específica? O próximo nível de organização estrutural é o nível sistêmico, também denominado sistemas orgânicos. Um sistema (ou capítulo, em nossa analogia com a linguagem) é formado por órgãos relacionados (parágrafos) com uma função comum. Um exemplo é o sistema digestório, que digere e absorve alimentos. Seus órgãos são a boca, as glândulas salivares, a faringe, o esôfago, o estômago, o intestino delgado, o intestino grosso, o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas. Às vezes, um órgão faz parte de mais de um sistema. O pâncreas, por exemplo, que exerce múltiplas funções, faz parte dos sistemas digestório e endócrino. O maior nível de organização é o organísmico. Um organismo, qualquer ser vivo, é comparado a um livro em nossa analogia. Todas as partes do corpo humano, atuando em conjunto, constituem o organismo inteiro. Nos próximos capítulos, você estudará a anatomia e um pouco da fisiologia dos sistemas do corpo. A Tabela 1.2 apresenta os componentes e as funções desses sistemas na ordem em que serão abordados no livro. TESTE RÁPIDO Defina os seguintes termos: átomo, molécula, célula, tecido, sistema e organismo. Quais sistemas do corpo ajudam na eliminação das escórias metabólicas? (Dica: consulte a Tabela 1.2.) 1.3 Processos vitais • 1. 2. 3. 4. 5. 6. 5. • • • OBJETIVO Descrever os processos vitais importantes dos seres humanos. Todos os organismos vivos apresentam determinadas características que os distinguem dos objetos inanimados. A seguir, são apresentados seis importantes processos vitais dos seres humanos: O metabolismo é a soma de todos os processos químicos que ocorrem no corpo. Inclui a decomposição de moléculas grandes e complexas em moléculas menores e mais simples, mas também a formação de moléculas complexas a partir de outras menores e mais simples. A responsividade é a capacidade de o corpo detectar e responder a alterações em seu ambiente. As células nervosas respondem a alterações no ambiente gerando sinais elétricos, conhecidos como impulsos nervosos. As células musculares respondem aos impulsos nervosos por contração, o que gera força para movimentar partes do corpo. O movimento inclui o deslocamento de todo o corpo, de órgãos individuais, de células isoladas e até mesmo diminutas organelas no interior das células. O crescimento é o aumento do tamanho do corpo. Pode ser devido a aumento (1) do tamanho de células existentes (hipertrofia), (2) do número de células (hiperplasia) ou (3) da quantidade de material ao redor das células. A diferenciação é o processo de especialização de células não especializadas. As células especializadas têm estrutura e função diferentes das células não especializadas que deram origem a elas. Por exemplo, um oócito fertilizado sofre enorme diferenciação até se transformar em um indivíduo único que é semelhante aos pais, porém bastante diferente deles. A reprodução refere-se (1) à formação de novas células para crescimento, reparo ou substituição ou (2) à produção de um novo indivíduo. Embora nem todos esses processos ocorram o tempo todo nas células de todo o corpo, pode haver morte celular quando deixam de ocorrer apropriadamente. Quando a morte celular é substancial e acarreta insuficiência do órgão, o resultado é a morte do organismo. TESTE RÁPIDO Quais são os diferentes significados de crescimento? 1.4 Terminologia anatômica básica OBJETIVOS Descrever a orientação do corpo humano em posição anatômica Relacionar os nomes comuns aos termos descritivos anatômicos correspondentes de várias regiões do corpo humano Definir os planos e cortes anatômicos, e os termos direcionais usados para descrever o corpo humano. Os pesquisadores e os profissionais de saúde usam uma linguagem comum de termos especiais quando se referem a estruturas do corpo e suas funções. A linguagem anatômica tem significados definidos com precisão que possibilitam a comunicação clara e inequívoca. Por exemplo, considere esta afirmativa: “O punho está acima dos dedos das mãos”. Isso pode ser verdade se os membros superiores (descritos brevemente) estiverem ao lado do corpo. Mas, se as mãos estiverem levantadas acima da cabeça, os dedos estarão acima do punho. Para evitar esse tipo de confusão, os anatomistas usam uma posição anatômica padrão e um vocabulário especial para descrever a relação entre as partes do corpo. Posição anatômica Em anatomia, a posição anatômica é a posição padrão de referência para a descrição de estruturas anatômicas. Na posição anatômica, a pessoa está em pé e de frente para o observador, com a cabeça nivelada e os olhos dirigidos anteriormente, ao nível da linha do horizonte. Os membros inferiores estão paralelos e os pés estão apoiados no solo e direcionados anteriormente. TABELA 1.2 Os 11 sistemas do corpo humano. TEGUMENTO COMUM (Capítulo 5) Componentes: pele e estruturas associadas – como pelos, unhas das mãos e pés, glândulas sudoríferas e glândulas sebáceas – e tela subcutânea. Funções: protege o corpo; ajuda a regular a temperatura corporal; elimina algumas escórias metabólicas; ajuda a produzir vitamina D; detecta sensações, como tato, dor, calor e frio; armazena gordura; propicia isolamento. SISTEMA ESQUELÉTICO E ARTICULAÇÕES (Capítulos 6 a 9) Componentes: ossos e articulações do corpo com as cartilagens associadas. Funções: sustentam e protegem o corpo; proporcionam uma superfície para fixação muscular; auxiliam nos movimentos do corpo; produzem células sanguíneas (hematopoese); armazena sais minerais (cálcio e potássio) e lipídios (gorduras). SISTEMA MUSCULAR (Capítulos 10 e 11) Componentes: refere-se especificamente ao tecido muscular esquelético, que geralmente está fixado a ossos (outros tipos de tecidos musculares são o liso e o estriado cardíaco). Funções: participa na produção dos movimentos do corpo, como andar; mantém a postura; e produz calor. SISTEMA CIRCULATÓRIO (Capítulos 12 a 14) Componentes: sangue, coração e vasos sanguíneos. Funções: o coração bombeia sangue pelos vasos sanguíneos; o sangue transporta oxigênio e nutrientes para as células, retira as escórias metabólicas das células e ajuda a regular o equilíbrio acidobásico, a temperatura e o conteúdo aquoso dos líquidos corporais; os componentes sanguíneos auxiliam na defesa contra doenças e no reparo de vasos sanguíneos danificados. SISTEMA LINFÁTICO E IMUNIDADE (Capítulo 15) Componentes: linfa, vasos linfáticos, baço, timo, linfonodos e tonsilas; células responsáveis pela resposta imune (linfócitos B,linfócitos T e outras). Funções: conduz proteínas e líquidos de volta ao sangue; conduz lipídios do sistema digestório para o sangue; contém locais de maturação e proliferação de linfócitos B e T que protegem contra microrganismos causadores de doenças. SISTEMA NERVOSO (Capítulos 16 a 21) Componentes: encéfalo, medula espinal, nervos e órgãos sensoriais especiais, como olhos e orelhas. Funções: gera potenciais de ação (impulsos nervosos) para regular atividades corporais; detecta alterações no meio interno do corpo e no meio externo; interpreta as alterações; e responde com contrações musculares ou secreções glandulares. SISTEMA ENDÓCRINO (Capítulo 22) Componentes: glândulas produtoras de hormônio (glândula pineal, hipotálamo, hipófise, timo, glândula tireoide, glândulas paratireoides, glândulas suprarrenais, pâncreas, ovários e testículos) e células produtoras de hormônio em vários outros órgãos. Funções: regula as atividades do corpo por liberação de hormônios, que são mensageiros químicos transportados pelo sangue de uma glândula endócrina para um órgão-alvo. SISTEMA RESPIRATÓRIO (Capítulo 23) Componentes: pulmões e vias respiratórias, como faringe, laringe, traqueia e brônquios nos pulmões. Funções: transfere oxigênio do ar inspirado para o sangue e dióxido de carbono do sangue para o ar expirado; ajuda a regular o equilíbrio acidobásico dos líquidos corporais; o ar que sai dos pulmões passa pelas pregas vocais e produz sons. SISTEMA DIGESTÓRIO (Capítulo 24) Componentes: Órgãos do sistema digestório – um tubo longo que inclui boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus; também inclui órgãos acessórios que auxiliam nos processos da digestão, como glândulas salivares (parótida, submandibular e sublingual), fígado, vesícula biliar e pâncreas. Funções: faz a decomposição física e química do alimento; absorve nutrientes; elimina resíduos sólidos. SISTEMA URINÁRIO (Capítulo 25) Componentes: rins, ureteres, bexiga urinária e uretra. Funções: produz, armazena e elimina urina; elimina escórias metabólicas e regula o volume e a composição química do sangue; ajuda a manter o equilíbrio acidobásico dos líquidos corporais; mantém o equilíbrio mineral do corpo; ajuda a regular a produção de hemácias. SISTEMA GENITAL (Capítulo 26) Componentes: gônadas (testículos nos homens e ovários nas mulheres) e órgãos associados [como tubas uterinas, útero e vagina nas mulheres e epidídimo, glândulas seminais, próstata, ducto deferente e pênis nos homens]. Funções: as gônadas produzem gametas (espermatozoides ou oócitos), que se unem para formar um novo organismo; as gônadas também liberam hormônios que regulam a reprodução e outros processos do corpo; órgãos associados transportam e armazenam gametas; glândulas mamárias produzem leite. Os membros superiores estão ao lado do corpo, com as palmas voltadas anteriormente (Figura 1.2). Com o corpo em posição anatômica, é mais fácil visualizar e compreender sua organização em várias regiões e descrever as relações de várias estruturas. Como acabamos de descrever, o corpo está em posição vertical na posição anatômica. Existem dois termos para descrever o corpo deitado. Se a face estiver voltada para baixo, a posição é de decúbito ventral. Se a face estiver voltada para cima, a posição é de decúbito dorsal. Regiões anatômicas O corpo humano é dividido em diversas regiões principais que são identificadas externamente. Estas são: cabeça, pescoço, tronco, membros superiores e membros inferiores. A cabeça é formada por crânio e face. O crânio contém e protege o encéfalo, enquanto a face é a parte anterior da cabeça, que inclui olhos, nariz, boca, fronte, bochechas e mento. O pescoço, uma parte modificada do tronco, sustenta a cabeça, unindo-a ao restante do tronco. O tronco é formado por pescoço, tórax, abdome e pelve. Cada membro superior está unido ao tronco e é dividido em ombro, axila, braço (entre o ombro e o cotovelo), antebraço (entre o cotovelo e o punho), punho e mão. Cada membro inferior também está unido ao tronco e é dividido em nádega, coxa (entre a nádega e o joelho), perna (entre o joelho e o tornozelo), tornozelo e pé. A região inguinal é a área na superfície anterior do corpo caracterizada por uma prega de cada lado, no local de união do tronco às coxas. É muito importante conhecer o significado preciso de braço e antebraço no membro superior e de coxa e perna no membro inferior ao ler ou descrever uma avaliação clínica. Figura 1.2 Posição anatômica. São indicados os nomes anatômicos e os nomes comuns correspondentes (entre parênteses) para regiões específicas do corpo. Por exemplo, a região cefálica é a cabeça. Na posição anatômica, a pessoa está de pé e de frente para o observador, com a cabeça nivelada e os olhos direcionados anteriormente. Os membros inferiores estão paralelos e os pés estão apoiados no chão e direcionados anteriormente, e os membros superiores estão ao lado do corpo com as palmas das mãos voltadas anteriormente. Por que é importante definir uma posição anatômica padrão? A Figura 1.2 mostra a nomenclatura anatômica comum das principais partes do corpo. Primeiramente, é apresentado o termo anatômico, seguido pelo nome comum correspondente (entre parênteses). Por exemplo, se você recebe uma vacina antitetânica na região glútea, ela é aplicada na nádega. Por que o termo anatômico que designa uma parte do corpo é diferente de seu nome comum? O termo anatômico é ocasionalmente fundamentado na palavra ou no radical grego ou latino. Planos e secções Como você acabou de ler, a referência a várias regiões do corpo possibilita estudar a anatomia de superfície do corpo. É possível também estudar a estrutura interna por secção do corpo de diferentes maneiras e examinar os cortes. Os termos a seguir descrevem os diferentes planos e secções que você encontrará em seus estudos de anatomia. Também são usados em muitos procedimentos clínicos. Os planos são superfícies planas imaginárias que atravessam o corpo (Figura 1.3). Um plano sagital é um plano vertical que divide o corpo ou o órgão em lados direito e esquerdo. Mais especificamente, quando esse plano atravessa a linha mediana do corpo e o divide em metades direita e esquerda simétricas é denominado plano sagital mediano ou plano mediano. A linha mediana é uma linha vertical imaginária que divide o corpo em metades esquerda e direita iguais. Se o plano sagital não atravessar a linha mediana, mas dividir o corpo em partes direita e esquerda assimétricas, é denominado plano sagital paramediano. Um plano frontal ou coronal divide o corpo ou um órgão em partes anterior e posterior. Um plano transverso divide o corpo em partes superior e inferior. Um plano transverso também pode ser denominado plano transversal ou plano horizontal. Os planos sagital, frontal e transverso são perpendiculares entre si. Já um plano oblíquo atravessa o corpo ou órgão em ângulo oblíquo (qualquer ângulo diferente de 90°). Ao estudar uma região do corpo, com frequência você a vê em secção. As secções são cortes do corpo ou de um órgão ao longo de um dos planos descritos. A secção produz uma superfície bidimensional plana da estrutura tridimensional original. É importante conhecer o plano da secção para compreender a relação anatômica das estruturas. Figura 1.3 Planos através do corpo humano. Os planos dividem o corpo de várias maneiras, e os cortes resultantes ao longo de um plano são denominados secções. 6. 7. 8. 9. Que plano divide o encéfalo em metades direita e esquerda iguais? A Figura 1.4 indica como três diferentes secções – uma secção sagital mediana, uma secção frontal e uma secção transversa – mostram três diferentes vistas do encéfalo. TESTE RÁPIDO Descreva a posição anatômica e explique por que é usada. Localize cada região mostrada na Figura 1.2 em seu próprio corpo e identifique-a por sua forma descritiva anatômica e o nome comum correspondente. Quais dos planos que dividem o corpo são verticais? Qual é a diferença entre um planoe uma secção? Figura 1.4 Planos e secções de diferentes partes do encéfalo. Os diagramas (à esquerda) mostram os planos, e as fotografias (à direita) mostram as secções resultantes. Nota: as setas de “vista” nos diagramas indicam a direção da visão de cada corte. Esse recurso é usado em todo o livro para indicar a perspectiva. Os planos dividem o corpo de várias maneiras, e os cortes resultantes ao longo de um plano são denominados secções. Que plano divide o encéfalo em metades direita e esquerda iguais? • 10. EXPO 1.A Termos direcionais (Figura 1.5) OBJETIVO Definir cada termo direcional usado para descrever o corpo humano. Visão geral Com o objetivo de melhorar a comunicação quando discorrem sobre as partes básicas do corpo e as relações entre essas partes, os anatomistas e profissionais de saúde usam termos direcionais específicos, palavras que descrevem a posição de uma parte do corpo com relação a outra. A maioria dos termos direcionais usados para descrever a relação entre partes do corpo pode ser reunida em pares com significados opostos. Por exemplo, superior significa em direção à parte de cima do corpo, e inferior significa em direção à parte de baixo. É importante compreender que os termos direcionais têm significado relativo; só fazem sentido quando usados para descrever a posição de uma estrutura com relação a outra. Por exemplo, o joelho é superior ao tornozelo, embora ambos estejam localizados na metade inferior do corpo. Estude os termos direcionais a seguir e o exemplo de uso de cada um deles. Durante a leitura dos exemplos, consulte a Figura 1.5 para verificar a localização de cada estrutura. TESTE RÁPIDO Que termos direcionais são usados para especificar as relações entre (1) cotovelo e ombro; (2) ombros esquerdo e direito; (3) esterno e úmero; e (4) coração e diafragma? TERMO DIRECIONAL DEFINIÇÃO EXEMPLOS DE USO Superior Acima ou em posição mais alta; em direção à cabeça. (Não é usado em referência aos membros.) O coração é superior ao fígado. Cranial ou cefálico Relativo ao crânio ou à cabeça; em direção à cabeça. (Esse termo é mais flexível que “superior”, porque pode ser aplicado a todos os animais, bípedes ou quadrúpedes.) O estômago é mais cranial que a bexiga urinária. Inferior Abaixo ou em posição mais baixa; em direção aos pés. (Não é usado em referência aos membros.) O estômago é inferior aos pulmões. Rostral Relativo à região do nariz e da boca; em direção à face. (Usado apenas em referências na cabeça.) O lobo frontal do encéfalo é rostral ao lobo occipital (ver Figura 18.12B). Caudal Relativo à cauda; situado próximo ou na cauda ou na parte posterior do corpo. (Usado apenas em referências no tronco.) As vértebras lombares são caudais às vértebras cervicais (ver Figura 7.15A). Anterior Mais próximo da parte frontal ou na frente do corpo O esterno é anterior ao coração. Posterior Mais próximo da parte posterior ou do dorso do corpo O esôfago é posterior à traqueia. Ventral Relativo ao ventre; em direção ao ventre. (Usado como sinônimo de anterior, em anatomia humana.) O intestino é ventral (anterior) à coluna vertebral. Dorsal Relativo ao dorso do corpo; em direção ao dorso. (Usado como sinônimo de posterior, em anatomia Os rins são dorsais (posteriores) ao estômago. humana.) Medial Mais perto da linha mediana (linha vertical imaginária que divide o corpo em lados esquerdo e direito iguais). A ulna é medial ao rádio. Lateral Mais distante da linha mediana. Os pulmões são laterais ao coração. Intermédio Entre duas estruturas. O colo transverso é intermédio aos colos ascendente e descendente do intestino grosso. Ipsolateral No mesmo lado, com relação à linha mediana do corpo, que outra estrutura. A vesícula biliar e o colo ascendente do intestino grosso são ipsilaterais. Contralateral No lado oposto, com relação à linha mediana do corpo, de outra estrutura. Os colos ascendente e descendente do intestino grosso são contralaterais. Proximal Mais perto da inserção de um membro ao tronco; mais perto da origem de uma estrutura. O úmero (osso do braço) é proximal ao rádio. Distal Mais distante da inserção de um membro ao tronco; mais distante da origem de uma estrutura. As falanges (ossos dos dedos) são distais aos ossos carpais (ossos do punho). Superficial Na superfície do corpo ou em direção a ela. As costelas são superficiais aos pulmões. Profundo Distante da superfície do corpo. As costelas são profundas à pele do tórax e do dorso. Externo Em direção ao exterior de uma estrutura. (Usa-se, tipicamente, quando se descrevem relações de órgãos individuais.) A pleura visceral está sobre a face externa dos pulmões (ver Figura 1.7A). Interno Em direção ao interior de uma estrutura. (Geralmente é usado para descrever relações de órgãos individuais.) A túnica mucosa forma o revestimento interno do estômago (ver Figura 24.11A). Figura 1.5 Termos direcionais. Os termos direcionais localizam com precisão várias partes do corpo com relação umas às outras. • O rádio é proximal ao úmero? O esôfago é anterior à traqueia? As costelas são superficiais aos pulmões? A bexiga urinária é medial ao colo ascendente do intestino grosso? O esterno é lateral ao colo descendente do intestino grosso? 1.5 Cavidades do corpo OBJETIVO Descrever as principais cavidades do corpo, os órgãos que contêm e os revestimentos associados. As cavidades do corpo são espaços no corpo que contêm os órgãos internos. Ossos, músculos e ligamentos separam as diversas cavidades do corpo. Aqui, discorreremos sobre estas cavidades do corpo (Figura 1.6). Os ossos do crânio formam um espaço oco na cabeça, denominado cavidade do crânio, que contém o encéfalo. Os ossos da coluna vertebral formam o canal vertebral, que contém a medula espinal e o início dos nervos espinais. A cavidade do crânio e o canal vertebral são contínuos. Três camadas de tecido protetor, as meninges, e um líquido que absorve impactos circundam externamente o encéfalo e a medula espinal. As principais cavidades do tronco são as cavidades torácica e abdominopélvica. A estrutura óssea da cavidade torácica (Figuras 1.6 e 1.7) é formada pelas costelas, esterno e parte torácica da coluna vertebral. Na cavidade torácica, há três cavidades virtuais menores, localizadas nos sacos serosos que envolvem os órgãos associados, o coração e os pulmões: a cavidade do pericárdio, que envolve o coração e contém uma pequena quantidade de líquido lubrificante, e as duas cavidades pleurais, cada uma das quais envolve um pulmão e contém uma pequena quantidade de líquido lubrificante (Figura 1.7). A parte central da cavidade torácica é uma região anatômica denominada mediastino. O mediastino está localizado entre as paredes mediais das duas pleuras e estende-se do esterno até a coluna vertebral, e da primeira costela até o diafragma (Figura 1.7A, B). O mediastino contém todos os órgãos torácicos, exceto os próprios pulmões. Entre as estruturas no mediastino, estão o coração, o esôfago, a traqueia, o timo e os grandes vasos sanguíneos que entram e saem do coração. O pericárdio envolve o coração e contém um pequeno volume de líquido lubrificante. O diafragma é um músculo cupuliforme que separa a cavidade torácica da cavidade abdominopélvica. A cavidade abdominopélvica (ver Figura 1.6) estende-se do diafragma até a região inguinal e é circundada pela parede muscular abdominal, pelos ossos e pelos músculos da pelve. Como sugere o nome, a cavidade abdominopélvica é dividida em duas partes, embora não haja um septo de separação. A parte superior, a cavidade abdominal, contém os rins, as glândulas suprarrenais, o estômago, o baço, o fígado, a vesícula biliar, o pâncreas, o intestino delgado e a maior parte do intestino grosso. A parte inferior, a cavidade pélvica, contém a bexiga urinária, partes do intestino grosso e órgãos internos do sistema genital. Os órgãos no interior das cavidades torácica e abdominopélvica são denominados vísceras. Figura 1.6 Cavidades do corpo. As linhas pretas tracejadas em A e B indicamo limite entre as cavidades abdominal e pélvica. As principais cavidades do tronco são as cavidades torácica e abdominopélvica. Em que cavidades estão localizados os seguintes órgãos: bexiga urinária, estômago, coração, intestino delgado, pulmões, órgãos genitais femininos internos, timo, baço e fígado? Use os seguintes símbolos na resposta: T = cavidade torácica, A = cavidade abdominal ou P = cavidade pélvica. Túnicas das cavidades torácica e abdominal A túnica é um tecido delgado e flexível que recobre, reveste, divide ou conecta estruturas. Um exemplo é uma túnica dupla e escorregadia, denominada túnica serosa, associada às cavidades do corpo que não se abrem diretamente para o exterior. Esta recobre as vísceras nas cavidades torácica e abdominal, além de revestir as paredes do tórax e do abdome. As partes de uma túnica serosa são (1) lâmina parietal, um epitélio delgado que reveste as paredes das cavidades do corpo, e (2) lâmina visceral, um epitélio fino que recobre as vísceras e adere a elas nas cavidades do corpo. Como são contínuas, as lâminas parietal e visceral formam uma bolsa serosa. Os órgãos da cavidade empurram essa bolsa serosa, semelhante ao ato de empurrar a mão contra um balão (Figura 1.7E). Entre as lâminas parietal e visceral há um espaço virtual, denominado cavidade serosa. Esta contém uma pequena quantidade de líquido lubrificante chamado de líquido seroso, que reduz o atrito entre as duas lâminas, o que possibilita o livre deslizamento das vísceras durante movimentos como o bombeamento do coração ou o enchimento e o esvaziamento dos pulmões ao inspirar e expirar. A túnica serosa associada aos pulmões é a pleura (Figura 1.7A, C, D). A pleura visceral adere à superfície dos pulmões (a parte do balão encostada no punho); a pleura parietal reveste a parede torácica e cobre a face superior do diafragma. O espaço entre elas é a cavidade pleural (correspondente ao interior do balão). A túnica serosa do coração é o pericárdio (ver Figura 1.7A, C, D). O pericárdio fibroso visceral recobre a superfície do coração, e o pericárdio fibroso parietal reveste o pericárdio fibroso que circunda o coração. O espaço entre eles é a cavidade serosa denominada cavidade pericárdica. O peritônio é a túnica serosa da cavidade abdominal (ver Figura 24.3A). O peritônio visceral recobre as vísceras abdominais, e o peritônio parietal reveste a parede abdominal e cobre a face inferior do diafragma. O espaço entre eles é a cavidade serosa denominada cavidade peritoneal. A maioria dos órgãos abdominais é envolvida pelo peritônio e denominada intraperitoneal. Entre eles estão o estômago, o baço, o fígado, a vesícula biliar, o jejuno e o íleo do intestino delgado, o ceco, o apêndice vermiforme e o colo transverso do intestino grosso. No entanto, alguns não são circundados pelo peritônio ou são apenas parcialmente cobertos por peritônio e estão localizados posteriormente ao peritônio. Tais órgãos são conhecidos como retroperitoneais. Os rins, as glândulas suprarrenais, o pâncreas, o duodeno do intestino delgado, os colos ascendente e descendente do intestino grosso e a parte abdominal da aorta e veia cava inferior são órgãos retroperitoneais. 11. 12. Além das principais cavidades do corpo que acabamos de descrever, você aprenderá sobre outras cavidades regionais em capítulos posteriores. Estas são a cavidade oral (boca), que contém a língua e os dentes (ver Figura 24.4); a cavidade nasal (no nariz) (ver Figura 23.1A); as cavidades orbitais (órbitas), que contêm o bulbo do olho (ver Figura 7.2A); as cavidades da orelha média, que contêm ossículos e músculos (Figura 21.11A); e as cavidades sinoviais, que são encontradas em articulações livremente móveis e contêm líquido sinovial (ver Figura 9.3A). A tabela na Figura 1.6 apresenta um resumo das principais cavidades do corpo e suas túnicas. TESTE RÁPIDO Que estruturas separam as várias cavidades do corpo umas das outras? Descreva o conteúdo do mediastino. Figura 1.7 Cavidade torácica. As linhas tracejadas pretas em A e B indicam os limites do mediastino. Observe que o pericárdio envolve o coração, e as pleuras envolvem os pulmões. Observação: quando secções transversais como as mostradas em B e C são vistas inferiormente (de baixo para cima), a superfície anterior do corpo aparece na parte superior da ilustração, e o lado esquerdo do corpo é exibido no lado direito da ilustração. O mediastino é uma região anatômica situada entre os pulmões e estende-se do esterno até a coluna vertebral e da primeira costela até o diafragma. Qual destas estruturas estão contidas no mediastino: pulmão direito, coração, esôfago, medula espinal, traqueia, costela, timo, cavidade pleural esquerda? • 1.6 Regiões e quadrantes abdominopélvicos OBJETIVO Nomear e descrever as regiões abdominopélvicas e os quadrantes abdominopélvicos. Para descrever com mais facilidade a localização de muitos órgãos abdominais e pélvicos, anatomistas e profissionais de saúde usam dois métodos de divisão da cavidade abdominopélvica em áreas menores. No primeiro método, duas linhas transversais e duas linhas verticais, dispostas como no jogo da velha, dividem a cavidade em noves regiões abdominopélvicas (Figura 1.8). A linha horizontal superior, a linha subcostal, atravessa o ponto mais baixo das 10as cartilagens costais (ver também Figura 7.23C); a linha horizontal inferior, a linha transtubercular; e as margens superiores das cristas ilíacas dos ossos do quadril direito e esquerdo (ver também Figura 8.7). Duas linhas verticais, as linhas medioclaviculares, são traçadas através dos pontos médios das clavículas, em posição imediatamente medial com relação às papilas mamárias. As quatro linhas dividem a cavidade abdominopélvica em uma secção média maior e secções esquerda e direita menores. Os nomes das nove regiões abdominopélvicas são hipocôndrio direito, epigástrio, hipocôndrio esquerdo, região lateral direita (flanco direito), região umbilical, região lateral esquerda (flanco esquerdo), região inguinal (ilíaca) direita, hipogástrio (região púbica) e inguinal (ilíaca) esquerda. Observe, examinando cuidadosamente a Figura 1.8C, que os órgãos e as partes de órgãos estão nas diferentes regiões. Os órgãos da cavidade abdominopélvica serão abordados em detalhes em capítulos posteriores. Figura 1.8 Regiões abdominopélvicas. A. As nove regiões em vista de superfície. B. As nove regiões depois da retirada do omento maior. O omento maior é uma prega dupla da túnica serosa que contém tecido adiposo e cobre alguns órgãos abdominais (ver Figura 24.3). C. Órgãos ou partes de órgãos nas nove regiões. As Figuras 26.1 e 26.11 mostram os órgãos genitais internos na cavidade pélvica. A designação de nove regiões é usada para estudos anatômicos. 13. Em que região abdominopélvica está cada um dos seguintes órgãos: maior parte do fígado, colo transverso, bexiga urinária e baço? O segundo método é mais simples e divide a cavidade abdominopélvica em quadrantes, como mostra a Figura 1.9. Nesse método, uma linha transversal, a linha transumbilical, e uma linha sagital mediana, a linha mediana, atravessam o umbigo. Os nomes dos quadrantes abdominopélvicos são quadrante superior direito (QSD), quadrante superior esquerdo (QSE), quadrante inferior direito (QID) e quadrante inferior esquerdo (QIE). A divisão em nove regiões é muito usada para estudos anatômicos, a fim de determinar a localização do órgão; os quadrantes são mais usados por profissionais de saúde para descrever o local da dor abdominopélvica, tumor ou lesão. TESTE RÁPIDO Localize as regiões abdominopélvicas e os quadrantes abdominopélvicos em seu próprio corpo. Qual ou quais contêm o baço? Os colos ascendente, transverso e descendente do intestino grosso? A bexiga urinária? Figura 1.9 Quadrantes da cavidade abdominopélvica (abaixo da linha tracejada). As duas linhas cruzam-se em ângulo reto no umbigo. • A designação de quadrante é usada para identificar o local de dor, a massa ou outra anormalidade. Em que quadrante abdominopélvicoocorreria a dor da apendicite (inflamação do apêndice vermiforme)? CORRELAÇÃO CLÍNICA | Necropsia A necropsia é um exame post mortem (após a morte) do corpo. Ela conta com a dissecção dos órgãos internos para confirmar ou determinar a causa da morte. A necropsia pode revelar a existência de doenças não detectadas durante a vida, determinar a extensão de lesões e explicar como estas podem ter contribuído para a morte de uma pessoa. Além disso, pode reforçar a exatidão de exames complementares, estabelecer os efeitos benéficos e adversos dos fármacos, revelar os efeitos de influências ambientais no organismo, fornecer mais informações sobre uma doença, ajudar nos dados estatísticos e ensinar estudantes da área da saúde. Além disso, a necropsia pode revelar condições que podem afetar a prole ou os irmãos (como uma anomalia cardíaca congênita). A necropsia pode ser exigida legalmente, como em uma situação de investigação criminal, ou ser usada para resolver disputas entre beneficiários e seguradoras sobre a causa de morte. Como é muito importante que o médico que realiza a necropsia registre e detalhe com exatidão os achados, é crucial o conhecimento completo dos termos apresentados neste capítulo. 1.7 O corpo humano e as doenças OBJETIVO Distinguir entre sinal e sintoma de uma doença. Distúrbio é qualquer anormalidade da estrutura e/ou da função. Doença é um termo mais específico que designa uma 14. • 15. • enfermidade caracterizada por um conjunto reconhecível de sinais e sintomas com alteração característica de estruturas e funções do corpo. Uma pessoa com doença pode apresentar sintomas, alterações subjetivas de funções do corpo não perceptíveis pelo observador. Entre os exemplos de sintomas estão cefaleia, náuseas e ansiedade. As alterações objetivas que um profissional de saúde consegue observar e medir são denominadas sinais. Os sinais de doença podem ser anatômicos ou fisiológicos. Um sinal anatômico de doença é denominado lesão (dano a órgão ou tecido decorrente de traumatismo ou doença), como tumefação, erupção cutânea, úlcera, ferida ou tumor. Os sinais fisiológicos de doença são febre, hipertensão arterial e paralisia. Uma doença local (como uma sinusite) afeta uma parte ou uma região limitada do corpo; uma doença sistêmica (p. ex., gripe) afeta todo o corpo ou várias partes dele. A ciência que estuda por que, quando e onde ocorrem as doenças e como são transmitidas entre indivíduos em uma comunidade é conhecida como epidemiologia. Farmacologia é a ciência que estuda os usos e efeitos de fármacos no tratamento das doenças. Diagnóstico é a ciência e a habilidade de distinguir um distúrbio ou uma doença. Os sinais e sintomas do paciente, sua história clínica, o exame físico e os exames laboratoriais constituem a base do diagnóstico. A anamnese é a coleta de informações sobre eventos que poderiam estar relacionados com a enfermidade do paciente. Essas envolvem a queixa principal (motivo principal para buscar assistência médica), a história da doença atual, a história patológica pregressa, a história familiar, a história social e a revisão de sinais e sintomas. O exame físico é a avaliação metódica do corpo e de suas funções. O processo inclui técnicas não invasivas como inspeção, palpação, ausculta e percussão, que foram apresentadas anteriormente neste capítulo, além da medida de sinais vitais (temperatura, pulso, frequência respiratória e pressão arterial) e, às vezes, exames laboratoriais. TESTE RÁPIDO Classifique em sinal ou sintoma: hipertensão arterial, febre, cefaleia, aceleração do pulso arterial. 1.8 Envelhecimento OBJETIVO Descrever algumas das alterações gerais anatômicas e fisiológicas que ocorrem com o envelhecimento. Como você verá adiante, o envelhecimento é um processo normal caracterizado por declínio progressivo da capacidade de restauração da homeostasia (manutenção de condições relativamente estáveis) do corpo. O envelhecimento produz alterações observáveis na estrutura e na função, além de aumentar a vulnerabilidade ao estresse e às doenças. As alterações associadas ao envelhecimento são evidentes em todos os sistemas. Entre os exemplos, estão a pele enrugada, os cabelos grisalhos, a perda de massa óssea, a diminuição de massa e força musculares, a diminuição dos reflexos, a redução da produção de alguns hormônios, o aumento da incidência de cardiopatia, o aumento da suscetibilidade a infecções e câncer, a diminuição da capacidade pulmonar, a redução da eficiência do funcionamento do sistema digestório, a diminuição da função renal, a menopausa e o aumento da próstata (hiperplasia prostática). Esses e outros efeitos serão abordados em detalhes em capítulos posteriores. TESTE RÁPIDO Cite alguns sinais de envelhecimento. 1.9 Técnicas de imagem OBJETIVO Descrever os princípios das técnicas de imagem e sua importância na avaliação da função dos órgãos e no diagnóstico das doenças. A técnicas de imagem são processos usados para gerar imagens do corpo humano. Diversos tipos de imagem possibilitam a visualização de estruturas internas do corpo e são cada vez mais utilizados para aumentar a precisão do diagnóstico de vários distúrbios anatômicos e fisiológicos. O “ancestral” de todas as técnicas de imagem é a radiografia simples, em uso desde o fim da década de 1940 e ainda muito empregada nos dias atuais. As novas técnicas de imagem não somente melhoraram a capacidade de diagnóstico, como também aumentaram nosso conhecimento sobre anatomia normal e fisiologia. A Tabela 1.3 descreve e ilustra as imagens geradas por algumas técnicas de imagem usadas habitualmente. TESTE RÁPIDO 16. 17. 18. • 19. Qual técnica de imagem seria usada para mostrar a obstrução em uma artéria do coração? Qual técnica de imagem apresentada na Tabela 1.3 mostra melhor a fisiologia de uma estrutura? Qual técnica de imagem você usaria para verificar se houve uma fratura óssea? 1.10 Medidas do corpo humano OBJETIVO Explicar a importância das medidas na avaliação do corpo humano. Para descrever o corpo e compreender seu funcionamento, é preciso usar medidas – a determinação das dimensões de um órgão, seu peso e o tempo necessário para a ocorrência de um evento fisiológico. As medidas também têm importância clínica, como determinar a dose de certo medicamento. Como você verá, as medidas de tempo, peso, temperatura, tamanho e volume são parte da rotina dos estudos em um programa de ciência médica. Todas as medidas apresentadas neste texto estão em unidades métricas. O sistema métrico consiste no padrão usado em ciência, pois é universal e decimal. Por exemplo, no Capítulo 4, você aprenderá que um feto tem 7,5 cm de comprimento no início do período fetal (ver Seção 4.2). Para ajudá-lo a compreender a correlação entre o sistema métrico e o sistema de medidas norte-americano, ver as tabelas no Apêndice A. TESTE RÁPIDO Depois de se pesar, uma colega se queixa de que ganhou 453,6 gramas desde o início do semestre. Quanto peso ela ganhou em libras? TABELA 1.3 Procedimentos de imagem comuns. RADIOGRAFIA Procedimento: um feixe de raios X atravessa o corpo, produzindo uma imagem de estruturas internas em filme sensível aos raios X. A imagem bidimensional resultante é uma radiografia. Comentários: exame relativamente barato, rápido e simples; em geral, fornece informações suficientes para o diagnóstico. Os raios X não atravessam facilmente estruturas densas e, portanto, a imagem dos ossos é branca. As estruturas ocas, como os pulmões, possuem imagem preta. As estruturas com densidade intermediária, como pele, gordura e músculo, têm imagem com vários tons de cinza. Em doses baixas, os raios X ajudam a examinar tecidos moles como as mamas (mamografia) e a avaliar a densidade óssea (densitometria óssea). É necessário usar uma substância, conhecida como meio de contraste, para tornar estruturas ocas ou cheias de líquido visíveis em radiografias. Os raios X produzem imagens brancas de estruturas que contêm meio de contraste. O meio pode ser introduzido por injeção, por via oral ouretal, dependendo da estrutura a ser examinada. Radiografia de tórax, incidência AP Mografia de mama feminina mostrando tumor canceroso (massa branca com margem irregular) Densitometria óssea da região lombar da coluna vertebral, vista anterior O contraste de raios X é utilizado para visualizar os vasos sanguíneos (angiografia), o sistema urinário (urografia excretora) e o sistema digestório (clister opaco). Angiografia de um adulto mostrando obstrução da artéria coronária (seta) Urografia excretora mostrando cálculo renal (seta), rim direito Clister opaco (com bário) mostrando câncer no colo ascendente do intestino grosso (seta) RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (RM) Procedimento: o corpo é exposto a um campo magnético de alta energia, que leva os prótons (pequenas partículas positivas nos átomos, como o hidrogênio) nos líquidos e tecidos corporais a se organizarem com relação ao campo. Em seguida, um pulso de ondas de rádio “lê” esses padrões iônicos e gera uma imagem colorida no monitor de vídeo. O resultado é um modelo bi ou tridimensional da química celular. Comentários: é relativamente segura, mas não pode ser usada em pacientes com dispositivos metálicos no corpo. Revela detalhes finos de tecidos moles, mas não dos ossos. É mais útil para diferenciar os tecidos normais e anormais. Utiliza-se para detectar tumores e placas gordurosas que obstruem artérias, mostrar anormalidades encefálicas, medir o fluxo sanguíneo e detectar vários distúrbios musculoesqueléticos, hepáticos e renais. Ressonância magnética do encéfalo, corte sagital TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (TC) [antes denominada tomografia axial computadorizada] Procedimento: radiografia assistida por computador na qual um feixe de raios X traça um arco em vários ângulos em torno de uma secção do corpo. A secção transversa do corpo produzida, chamada corte de TC, é exibida em monitor de vídeo. Comentários: visualiza os tecidos moles e órgãos com muito mais detalhes que as radiografias convencionais. Diferentes densidades teciduais são mostradas em vários tons de cinza. Múltiplas varreduras podem ser reunidas para construir projeções tridimensionais de estruturas (descritas adiante). Também é usada a TC de corpo inteiro. Em geral, essas varreduras miram o tronco. A TC de corpo inteiro parece oferecer o máximo benefício no rastreamento de câncer de pulmão, doença da artéria coronária e câncer de rim. Tomografia computadorizada do tórax, vista inferior ANGIOTOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA CORONARIANA (CARDÍACA) (ANGIO-TC) Procedimento: radiografia assistida por computador, na qual se injeta na veia um meio de contraste iodado e se administra um betabloqueador para reduzir a frequência cardíaca. Em seguida, muitos feixes de raios X traçam um arco ao redor do coração e um scanner detecta esses feixes e os transmite para um computador, que transforma as informações em uma imagem tridimensional das artérias coronárias em um monitor. A imagem obtida é denominada angio-TC e pode ser gerada em menos de 20 segundos. Comentários: é usada principalmente para determinar se há obstrução nas artérias coronárias (p. ex., placa aterosclerótica ou cálcio), que pode exigir uma intervenção como angioplastia ou stent. A angio-TC pode ser girada, ampliada e movimentada em qualquer ângulo. Como o procedimento pode obter milhares de imagens do coração no tempo de um batimento cardíaco, oferece muitos detalhes sobre a estrutura e a função do coração. Angio-TC das artérias coronárias ULTRASSONOGRAFIA Procedimento: ondas sonoras de alta frequência produzidas por um transdutor manual são refletidas nos tecidos do corpo e detectadas pelo mesmo instrumento. A imagem, que pode ser estacionária ou em movimento, é denominada ultrassonografia e exibida em monitor de vídeo. Comentários: é segura, não invasiva, indolor e não usa contraste. É usada com maior frequência para ver o feto durante a gravidez. Também é utilizada para observar o tamanho, a localização e as ações de órgãos e do fluxo sanguíneo nos vasos sanguíneos (ultrassonografia com Doppler). Ultrassonografia de um feto. (Cortesia de Andrew Joseph Tortora e Damaris Soler.) TOMOGRAFIA POR EMISSÃO DE PÓSITRONS (PET) Procedimento: injeta-se uma substância que emite pósitrons (átomos com carga elétrica positiva) no corpo, onde é captada por tecidos. A colisão de pósitrons com elétrons negativamente carregados nos tecidos do corpo produz raios gama (semelhantes aos raios X), que são detectados por câmeras gama posicionadas em torno da pessoa. Um computador recebe sinais das câmeras gama e gera uma imagem, exibida em cores em monitor de vídeo. A imagem de PET mostra onde a substância injetada está sendo usada no corpo. Na imagem mostrada aqui, as cores preto e azul indicam atividade mínima; as cores vermelho, laranja, amarelo e branco indicam áreas de atividades cada vez maior. Comentários: usada para estudar a fisiologia das estruturas do corpo, como o metabolismo do encéfalo ou do coração. Tomografia por emissão de pósitrons, secção transversa do encéfalo (a área circulada na parte superior esquerda indica o local de um acidente vascular cerebral) CINTILOGRAFIA Procedimento: um radionuclídeo (substância radioativa) é introduzido no corpo por via intravenosa e transportado pelo sangue até o tecido a ser examinado. O radionuclídeo emite raios gama, que são detectados por uma câmera gama do lado de fora e enviados a um computador. Então, o computador gera uma imagem cintilográfica e a exibe colorida em monitor de vídeo. Áreas de cor intensa captam muitos radionuclídeos e representam alta atividade tecidual; áreas de cor menos intensa captam menos radionuclídeo e representam baixa atividade tecidual. A tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT) é um tipo especializado de cintilografia particularmente útil para exame de encéfalo, coração, pulmões e fígado. Comentários: usada para estudar a atividade de um tecido ou órgão, como a pesquisa de tumores malignos em tecidos ou cicatrizes que podem interferir na função do músculo cardíaco. Cintilografia de fígado humano normal 1.1 1. Tomografia computadorizada por emissão de fóton único de secção transversal do encéfalo (a área verde na parte inferior esquerda indica um episódio de enxaqueca) ENDOSCOPIA Procedimento: exame visual do interior dos órgãos ou cavidades com auxílio de instrumento com iluminação e lentes, denominado endoscópio. A imagem é visualizada através de ocular do endoscópio ou projetada em um monitor. Comentários: entre os exemplos de endoscopia estão a colonoscopia, a laparoscopia e a artroscopia. A colonoscopia é usada para examinar o interior dos colos, que são partes do intestino grosso. A laparoscopia é usada para examinar os órgãos na cavidade abdominopélvica. A artroscopia é usada para examinar o interior de uma articulação, geralmente o joelho. Vista interior de câncer do colo mostrada por colonoscopia REVISÃO DO CAPÍTULO Conceitos essenciais Definição de anatomia Anatomia é a ciência que estuda as estruturas do corpo e as relações entre elas; fisiologia é a ciência que 2. 1.2 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 1.3 1. 2. 1.4 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 1.5 1. 2. 3. 4. estuda as funções do corpo. Os ramos da morfologia e da anatomia são embriologia, biologia do desenvolvimento, biologia celular, histologia, anatomia de superfície, anatomia seccional, anatomia macroscópica, anatomia sistêmica, anatomia regional, anatomia radiográfica e anatomia patológica (ver Tabela 1.1). Níveis de organização estrutural e sistemas do corpo O corpo humano tem seis níveis de organização estrutural: químico, celular, tecidual, orgânico, sistêmico e organísmico. As células são as unidades vivas estruturais e funcionais básicas de um organismo e as menores unidades vivas no corpo humano. Os tecidos são constituídos por grupos de células e pelo material em torno delas, que atuam em conjunto para realizar determinada função. Os órgãos são formados por dois ou mais tipos diferentes de tecidos; eles desempenham funçõesespecíficas e geralmente têm formatos reconhecíveis. Os sistemas são órgãos relacionados que têm uma função comum. Organismo é qualquer indivíduo vivo. A Tabela 1.2 apresenta os 11 sistemas do corpo humano: tegumentar, esquelético, muscular, nervoso, endócrino, circulatório, linfático, respiratório, digestório, urinário e genital. Processos vitais Todos os organismos vivos têm determinadas características que os distinguem dos objetos inanimados. Entre os processos vitais nos seres humanos estão metabolismo, responsividade, movimento, crescimento, diferenciação e reprodução. Terminologia anatômica básica As descrições de qualquer região do corpo partem do princípio de que o corpo está na posição anatômica, em que a pessoa fica de pé e de frente para o observador, com a cabeça nivelada e os olhos dirigidos anteriormente, para linha do horizonte. Os membros inferiores estão paralelos e os pés, apoiados no solo e direcionados anteriormente. Os membros superiores estão ao lado do corpo, com as palmas voltadas anteriormente. Um corpo deitado com a face voltada para baixo está em decúbito ventral, e um corpo com a face voltada para cima, em decúbito dorsal. Os nomes regionais são termos usados para designar regiões específicas do corpo. As principais regiões são cabeça, pescoço, tronco, membros superiores e membros inferiores. Em cada região, partes específicas do corpo têm nomes anatômicos e nomes comuns correspondentes. Entre os exemplos, estão regiões torácica, nasal e carpal (punho). Os planos são superfícies planas imaginárias usadas para dividir o corpo ou os órgãos em áreas definidas. Um plano sagital divide o corpo ou órgão em lados direito e esquerdo. Um plano sagital mediano divide o corpo em lados direito e esquerdo simétricos; um plano sagital paramediano divide o corpo em lados direito e esquerdo assimétricos; um plano frontal divide o corpo ou o órgão em partes anterior e posterior; um plano transverso divide o corpo ou o órgão em partes superior e inferior; e um plano oblíquo atravessa o corpo ou um órgão inclinado. As secções são cortes do corpo ou de um órgão ao longo de um plano. As secções são nomeadas de acordo com o plano do corte e incluem as secções transversa, frontal e sagital. Os termos direcionais indicam a relação de uma parte do corpo com outra. A Expo 1.A resume termos direcionais comumente usados. Cavidades do corpo Os espaços do corpo que abrigam e sustentam órgãos internos são denominados cavidades. A cavidade do crânio contém o encéfalo, e o canal vertebral, a medula espinal. As meninges são membranas protetoras que revestem internamente a cavidade do crânio e o canal vertebral. O diafragma separa a cavidade torácica da cavidade abdominopélvica. As vísceras são órgãos localizados nas cavidades torácica e abdominopélvica. Uma túnica serosa reveste a parede da cavidade e cobre as vísceras externamente. A cavidade torácica contém duas pleuras, e cada uma delas envolve um pulmão. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 1.6 1. 2. 3. 4. 1.7 1. 2. 1.8 1. 2. 1.9 1. 2. 1.10 1. 2. 1. A parte central da cavidade torácica é uma região anatômica denominada mediastino. Ele está localizado medialmente entre as pleuras parietais e estende-se do esterno até a coluna vertebral, e da primeira costela até o diafragma. Contém todas as vísceras torácicas, exceto os pulmões. O pericárdio é a túnica serosa que reveste o coração. A cavidade abdominopélvica é dividida em uma cavidade abdominal superior e uma cavidade pélvica inferior. As vísceras da cavidade abdominal são os rins, as glândulas suprarrenais, o estômago, o baço, o fígado, a vesícula biliar, o pâncreas, o intestino delgado e a maior parte do intestino grosso. As vísceras da cavidade pélvica são a bexiga urinária, partes do intestino grosso e os órgãos internos do sistema genital. Túnicas serosas saculares revestem as paredes das cavidades torácica e abdominal, além de recobrirem os órgãos em seu interior. Entre elas estão as pleuras, associadas aos pulmões; o pericárdio, associado ao coração; e o peritônio, associado à cavidade abdominal. A Figura 1.6 apresenta um resumo das cavidades do corpo e de suas túnicas. Regiões e quadrantes abdominopélvicos Para facilitar a descrição da localização dos órgãos, a cavidade abdominopélvica pode ser dividida em nove regiões, traçando-se quatro linhas imaginárias (medioclavicular esquerda, medioclavicular direita, subcostal e transtubercular). Os nomes da regiões abdominopélvicas são hipocôndrio direito, epigástrio, hipocôndrio esquerdo, região lateral direita (flanco direito), região umbilical, região lateral esquerda (flanco esquerdo), região inguinal (ilíaca) direita, hipogástrio (região púbica) e inguinal (ilíaca) esquerda. Para localizar uma anormalidade abdominopélvica em estudos clínicos, pode-se dividir a cavidade abdominopélvica em quadrantes por duas linhas imaginárias – transversa (transumbilical) e sagital mediana (linha mediana) – que passam pelo umbigo. Os nomes dos quadrantes abdominopélvicos são quadrante superior direito (QSD), quadrante superior esquerdo (QSE), quadrante inferior direito (QID) e quadrante inferior esquerdo (QIE). O corpo humano e as doenças Distúrbio é um termo geral para designar qualquer anormalidade da estrutura e/ou função. Doença é uma enfermidade com um conjunto definido de sinais e sintomas. Sintomas são alterações subjetivas das funções do corpo não perceptíveis pelo observador. Sinais são alterações objetivas que podem ser observadas e/ou mensuradas. Envelhecimento O envelhecimento é um processo normal caracterizado pelo declínio progressivo da capacidade de restauração da homeostasia. O envelhecimento produz alterações observáveis na estrutura e na função de todos os sistemas, além de aumentar a vulnerabilidade ao estresse e às doenças. Técnicas de imagem As técnicas de imagem consistes em processos usados para gerar imagens do corpo humano. Possibilita a visualização de estruturas internas para diagnóstico de variações anatômicas e desvios da fisiologia normal. A Tabela 1.3 descreve e ilustra várias técnicas de imagem. Medidas do corpo humano As medidas de tempo, peso, temperatura, tamanho e volume são usadas em situações clínicas. As medidas neste livro são apresentadas em unidades métricas. QUESTÕES PARA AVALIAÇÃO CRÍTICA Taylor, com 8 anos de idade, tentava quebrar o recorde de tempo de cabeça para baixo na barra. Ela não conseguiu e talvez tenha havido extensos danos em todo o membro superior. O técnico do pronto-socorro quer fazer uma radiografia do braço em posição anatômica. Use os termos anatômicos apropriados para descrever a posição do braço, do antebraço e 2. 3. 4. 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 da mão de Taylor na radiografia. Um alienígena aterrissou em seu quintal, abduziu seu gato e fugiu. Você, um observador estudante de anatomia, descreveu para o FBI a aparência do alienígena da seguinte maneira: “Ele apresentava duas extensões caudais, seis membros bilaterais, quatro regiões axilares e um orifício oral no lugar da cicatriz umbilical”. Como era o alienígena? O professor de anatomia exibe uma imagem de RM que mostra uma secção sagital paramediana do tronco através do ponto médio da glândula mamária esquerda. Cite cinco órgãos que esperaria ver nessa imagem. (Você pode consultar uma foto geral do corpo humano.) Mikhail recebeu um diagnóstico de ruptura de apêndice vermiforme, o que acarretou infecção do peritônio por bactérias intestinais. Os médicos estão muito preocupados. Por que eles consideram essa condição (peritonite) tão perigosa? RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DAS FIGURAS Os órgãos são formados por dois ou mais tipos diferentes de tecidos que atuam em conjunto para realizar uma função específica. A existência de uma posição anatômica padronizada possibilita a definição clara dos termos direcionais, de modo que é possível descrever qualquer parte do corpo com relação a qualquer outra parte. O plano frontal divide o coração em partes anterior e posterior. O plano sagital paramediano divide o encéfalo empartes direita e esquerda assimétricas. Não, o rádio é distal ao úmero; não, o esôfago é posterior à traqueia; sim, as costelas são superficiais aos pulmões; sim, a bexiga urinária é medial ao colo ascendente do intestino grosso; não, o esterno é medial ao colo descendente. Bexiga urinária = P, estômago = A, coração = T, intestino delgado = A, pulmões = T, órgãos genitais internos femininos = P, timo = T, baço = A, fígado = A. As estruturas no mediastino são o coração, o esôfago, a traqueia e o timo. O fígado está localizado, principalmente, na região epigástrica; o colo transverso do intestino grosso, na região umbilical; a bexiga urinária, no hipogástrio; e o braço, no hipocôndrio esquerdo. A dor associada à apendicite seria sentida no quadrante inferior direito (QID).