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A EVOLUÇÃO DO SISTEMA BANCÁRIO E A TERIA DA POUPANÇA, DO INVESTIMENTO E DOS JUROS
		Victoria Chick
INTRODUÇÃO
	Argumentação do comportamento dos bancos evoluiu para um estágio diferente da abordagem de Keynes, exigindo alteração na teoria existente sobre investimento, poupança e juros.
OS ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO BANCÁRIO
	Desenvolveu-se de forma contínua, sem rupturas abruptas. 
	Dois estágios que sumarizam a “transição keynesianas” para o crescimento induzido pelo investimento.
	Estágio I
	Bancos: numerosos, pequenos, e semi-isolados geograficamente, débitos em conta bancária não são utilizados frequentemente como forma de pagamento. Bancos como receptores de poupança, dependentes de depósitos para formar reservas e dessas reservas ter capacidade para emprestar.
	R: reservas; L: empréstimos e D: depósitos (constituídos de poupança).
	A oferta de poupança é considerada como exógena ao sistema bancário, originado crescente oferta de moeda que as pessoas não queriam na forma de dinheiro, ou a mudança nas preferências deles entre dinheiro e depósitos, à medida que se aumentava a confiança dos bancos.
	Bancos como elementos de ligação entre poupança e o uso dessa para investimento. Funcionavam em grande parte na situação de que alguém precisa ter poupado dinheiro antes de poder emprestá-lo (mesma forma que as instituições de empréstimo direto).
	Assim poupança determina o volume de investimentos.
	Estágio II
	Bancos: menos bancos com tamanho maior. Agências disseminadas dispersando os riscos, reduzindo a perda de depósitos depois do aumento de empréstimos aumentando a vantagem dos depósitos como meios de pagamento (consolidação de acordos de compensação).
	Função de meio de pagamento: os depósitos agora representam, além de poupanças, balanços de transações que financia o consumo, e move-se de um banco para o outro, assegurando que não sejam perdidos pelo sistema bancário. 
	Bancos com altas reservas são incentivados a emprestar o dinheiro que não possuem expandindo e multiplicando o sistema como um todo. 
	Multiplicador dos depósitos bancários: sistema bancário empresta um valor sujeito a manutenção de um nível mínimo de reservas convencionalmente estabelecido ou por autoridades. 
	Atitude passiva dos bancos de buscas novos depósitos. As reservas ainda chegam como mudanças nas preferencias do público (prefere depositar em bancos ao invés de manter saldos em dinheiro, ou via operações de open Market. 
	*não se nega que os bancos façam uso de mercados financeiros e do Banco Central para suprir necessidades de reservas em casos de erros*
	Depósitos como MP representam toda a renda, destinada ao consumo ou investimento. Assim pode-se afirmar que o “investimento pode vir antes da poupança pois empréstimos bancários, baseados tanto em fluxos de consumo quanto em poupanças abrigadas nos bancos, desempenham um papel significativo no financiamento dos investimentos.”
	"Os depósitos que resultam desses empréstimos para a construção de instalações e equipamentos são, em uma primeira instância, mantidos — de forma voluntária ou involuntária — como receitas de renda nova (a poupança expost iguala-se ao investimento expost). Depois, quando o aumento da renda é percebido, são, em grande parte, mantidos de forma voluntária, de modo a permitir a circulação do maior valor e volume de bens e serviços.”
	Estágio III
	Mecanismos de empréstimos interbancário, complementando o mecanismo de empréstimo à vista, contribuindo para um uso eficiente das reservas disponíveis. Multiplicador atua de forma mais rápida.
	Estágio IV
	Princípio do emprestador de última instância. Banco Central como responsável pela manutenção da estabilidade do sistema bancário.
	Bancos: cada vez mais audazes, com empréstimos que agora podem expandir além da capacidade determinada pelas reservas do sistema, contando com o Banco Central como garantia no falta de reservas. Os lucros são afetados quando se impõe taxas de penalização para essa suplementação de reservas, ou operações de open Market resultando em txs de juros de mercado mais altas, moderando a expansão de empréstimos.
Se existir uma política de manutenção de taxa de juros os bancos não terão mais seu comportamento restringido por suas reservas. Serão capazes de acompanhar qualquer aumento da demanda por empréstimos. Assim os depósitos aumentam e o sistema supre a carência de reservas.
Se as taxas de juros forem mais alta, os bancos ainda expandirão sua capacidade de empréstimos se achar que será rentável (depende da elasticidade da demanda por crédito e da oferta de reservas). 
Estágio IV complementava seu desenvolvimento nos anos 70. 
Ld: demanda por empréstimos, L: volume efetivo de novos empréstimos.
Sistema bancário evoluindo para reservas só são relevantes para transações de balcão.
Comportamento dos bancos baseado na rentabilidade marginal da expansão dos empréstimos, dado custos marginais da obtenção de reservas adicionais.
Duas posições sobre economia de crédito puro: autoridades monetárias controlam a base de reservas, e assim, a oferta de moeda, ou a de que a oferta de moeda é elástica.
Estágio V
Até agora todos os ajustamentos ocorriam pelo lado dos ativos dos balanços dos bancos.
Passaram a agir no sentido de atrair ou reter como depósitos, poupanças que poderiam ser mantidas em outras instituições financeiras como instrumentos financeiros do governo ou das empresas.
Bancos desenvolvem a administração do passivo, como parte do aumento da concorrência entre instituições financeiras, incentivada pela política de “Controle da Concorrência e do Crédito”, que amplia as exigências de reservas para uma parte mais ampla de instituições bancárias. Os bancos não eram mais penalizados pelos controles aplicados a eles, porém, em troca, aceitaram abandonar a política de cartel das txs de juros nos depósitos e empréstimos.
Há concorrência aberta em bancos e outras instituições financeiras, e a elas responderam com política de expansão, e como consequência a busca de oportunidades de empréstimos.
Depósitos bancários passaram a ser preferidos ao dinheiro ou ouro, proporciona reservas e financia a expansão dos ativos, com custo de taxa de remuneração mais alta para os depósitos. 
Esse estágio difere do anterior pela ausência de atitude passiva em relação a qualquer dos lados dos balanços dos bancos. 
Três interpretações: esse estágio é apenas uma transição para tipo de equilíbrio competitivo condicionado, ou representa uma estratégia de maximização de vendas em uma luta por parcela dominante do mercado, ou aceita a possibilidade de que não exista uma solução competitiva estável e bem definida.
Mercados financeiros diferente dos mercados de bens: demanda por empréstimos só tem fim quando não há “riscos morais”, e não existe garantia da ausência de riscos, em especial ao se tratar de empresas e governos, onde a extensão de vida é indefinida.
Oferta de empréstimos tem conceito problemático já que depende da avaliação dos riscos por parte do emprestador, e esta está sujeita a grandes fontes de erros.
O nível de risco aceitável para os bancos aumentou consideravelmente durante os anos 70.
Impossibilidade de definição de um conceito de oferta e demanda por empréstimos na ausência de uma restrição exógena firme, como o racionamento de reservas.
Pronta disponibilidade de emprestadores de ultima instancia é que a liquidez é considerada assegurada, assim a discussão passa a ser sobre a regulamentação dos bancos para a adequação da disponibilidade de capital. A solvência agora é a questão central.
IMPLICAÇÕES PARA A POUPANÇA E PARA O INVESTIMENTO
	Poupança e investimento: fontes potenciais de perturbação do equilíbrio estável.
	Duas características para a poupança inicial: embora os depósitos sejam mantidos voluntariamente, não há uma real decisão de poupar; eles representam aceitação passiva de MP por trabalhadores e comerciantes, uma parte será usada para consumo, a outra, poupada. Outra característica é o de que enquanto indivíduos aceitam com alegriaos direitos sobre depósitos, ninguém pergunta aos que irão deter os depósitos maiores, se eles concordam com o crescimento dos balanços dos bancos (nesse sentido a poupança é involuntária).
	A economia de crédito pura é chegada com a ausência de qualquer controle significativo sobre os bancos através da razão moeda/depósitos ou da proporção de moedas, onde a moeda criada pelos bancos continua a circular sempre dentro do sistema bancário.
	A teoria da oferta de moeda deve ser uma teoria da política dos bancos, com autoridades atuando através da tx de juros, se atuarem.
	Na teoria keynesianas, o investimento originava a poupança através de geração de renda, dependendo da expectativa dos empresários quanto ao potencial de seus lucros no LP (essência do ato de investir até o ponto em que a eficiência marginal do capital investido iguala-se à taxa de juros). O potencial para pagar depende da produção real e o resultado benéfico é a maior capacidade produtiva.
	Mesmo no tempo de Keynes, nem todos os empréstimos costumavam ter o efeito de maior capacidade produtiva, as vezes podiam ser para consumo sem representar adição do potencial produtivo ou como especulação financeira e imobiliária.
	No quinto estágio o sentido de expandir os empréstimos é do lado dos bancos, no período em que investimento não era abundante (anos 70).
	PREFERÊNCIA PELA LIQUIDEZ
	Demanda especulativa por moeda de Keynes: manutenção de moeda por motivo especulativo. Pressupõe a normalidade de uma curva de retornos crescentes baseada em uma “reversibilidade normal”. Na década de 30 os bancos ofereciam taxas muito baixas sobre os depósitos, aceitando-os de forma passiva, não competindo entre si para captá-los.
	Os possuidores de títulos só teriam os depósitos como aceitáveis quando precisassem de um refúgio seguro contra perda de capitais, apenas pelo tempo entre a formação de expectativa de perda e a efetiva queda nos preços dos títulos, após sendo investidos novamente em títulos.
	“O afluxo de fundos para os bancos ocorreria quando o nível médio das taxas fosse baixo.”. Esse afluxo de recursos não proporcionava base nem para a expansão do crédito nem contribuía para financiar o investimento direta ou indiretamente. Tx de empréstimos mantida alta pela fuga dos títulos e desanimava os planos de investimentos (viés em favor da deflação).
	O fim do cartel dos bancos e o desenvolvimento do passivo muda tudo isso. Bancos competem com taxas de juros, consequentemente as aplicações que pagam juros se tornam alternativas sérias em relação aos títulos do governo. Atrativos pela sua forma de evitar perda de capital e por sua remuneração (razão legitima para manter moeda como ativo).
	Quando se tornam alternativas aos títulos, reduzem o coeficiente de perda já que encorajam um retorno ou previne a fuga dos depósitos induzidos por empréstimos. Quando suplantam os títulos, geram reservas e equilibram o balanço dos bancos.
	Teoria de Keynes da preferência pela liquidez: manter títulos como investimentos de LP. Remuneração dos depósitos e outros ativos de CP era muito baixa para serem atraentes, exceto quando havia temor de perda de capital. A especulação impedia a queda da taxa de juros exatamente quando era necessário maiores investimentos para restaurar nível de emprego.
	Há simetrias tanto do lado do ativo quanto do passivo dos balanços dos bancos: “a administração do passivo pode ser usada para obter fundos tanto na expansão quanto na depressão, e a nova atitude agressiva em relação aos empréstimos pode também manifestar-se em qualquer fase do ciclo.” Em Keynes, demanda por empréstimos cai em período de recessão. Os bancos mostram que se quiserem emprestar, o fazem mesmo em recessão.
	Para que emprestar? Muito crédito novo tende a ser inflacionário. A inflação pode contribuir para aumentar a capacidade dos bancos de conceder empréstimo. No fim dos anos 70, os tomadores de empréstimos fogem do mercado de débitos de LP, o que diminui as txs de retorno e encoraja empréstimos bancários. Os bancos agem competindo por depósitos nas carteiras dos aplicadores – a medida que os balanços se expandem, mais continuam a competir, independente de níveis altos ou baixos de inflação.
	Os dias de taxas flutuantes dos mercados de câmbio são a principal área de aplicação do modelo de demanda especulativa. A especulação pode causar tanto a sobrevalorização da taxa de cambio, resultando em perda de competitividade, como uma subvalorização que piora a inflação. A liberdade do sistema bancário no estágio V para expandir crédito em quaisquer circunstâncias é elemento de grande importância na explicação do porque a inflação persiste mesmo em períodos de elevado desemprego.
	CONCLUSÃO
“Este artigo defende uma mudança no panorama teórico, em dois aspectos, como consequência do desenvolvimento de estratégias de "maximização de vendas" e da "administração do passivo" por parte dos bancos. Em primeiro lugar, como as mudanças no comportamento bancário descritas acima não alteraram, mas, sim, intensificaram, a posição subordinada da poupança, a despesa autônoma que domina o ato de poupar pode compreender menos investimento do que antes. Isso aumenta a probabilidade de que uma expansão financeira e monetária possa não ser apoiada por uma capacidade "real" de pagar os empréstimos. Isso constitui uma fonte de pressão inflacionária não incluída na atual teoria macroeconômica. Em segundo lugar, o viés deflacionário previsto na teoria macroeconômica tradicional, oriundo de uma preferência pela liquidez a baixas taxas de juros, foi alterado pela administração do passivo. Os bancos aprenderam a se tomar atraentes para os investidores não apenas na recessão, mas também em tempos melhores, a qualquer nível geral de taxas de juros. Isso aumentou grandemente sua capacidade para emprestar em todas as fases do ciclo econômico, gerando um viés inflacionário consistente no sistema econômico. Existem, também, sem dúvida, forças inflacionárias "reais", mas seria equivocado ignorar a existência simultânea de causas financeiras.”