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2. Abastecimento de Agua (1)

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Unidade Didática II – Abastecimento de Água
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UNIDADE II – ABASTECIMENTO DE ÁGUA
1. Importância da água
A água constitui um elemento essencial à vida animal e vegetal. Seu papel no
desenvolvimento da civilização é reconhecida desde a mais alta antigüidade; Hipócrates
(460-354 A.C.) já afirmava : “a influência da água sobre a saúde é muito grande”. Logo a
água é considerada como o primeiro item de saneamento básico e de saúde pública.
O homem tem a necessidade de água em qualidade adequada e em quantidade
suficiente para todas as suas necessidades, não só para proteção de sua saúde, como
também para o seu desenvolvimento econômico. Logo a importância da água deve ser
encarada sob dois aspectos principais : sanitário e econômico. Nos itens seguintes tal
importância é detalhada.
1.1 – Importância Sanitária do Abastecimento de Água
· melhoria da saúde e das condições de vida de uma comunidade;
· diminuição da mortalidade em geral, principalmente infantil;
· aumento de esperança de vida da população;
· diminuição da incidência de doenças relacionadas com a água;
· implantação de hábitos de higiene na população;
· facilidade na implantação e melhoria da limpeza pública;
· facilidade na implantação e melhoria dos sistemas de esgotos sanitários;
· possibilidade de proporcionar conforto e bem-estar.
1.2 – Importância Econômica do Abastecimento de Água
· aumento da vida produtiva dos indivíduos economicamente ativos;
· diminuição dos gastos particulares e públicos com consultas e internações
hospitalares;
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· facilidade para instalação de indústrias onde a água é utilizada como matéria-
prima (ex. indústria de bebidas) ou meio para operação (operação de caldeiras);
· incentivo à indústria turística em localidades com potencialidades para seu
desenvolvimento.
2. - Qualidade da Água
A água pura, no sentido rigoroso do termo, na existe na natureza, pois, sendo a água
um ótimo solvente, nunca é encontrada em estado de absoluta pureza. A água apresenta
uma série de impurezas que imprimem suas características físicas, químicas e biológicas,
cuja qualidade depende dessas características.
As características da água fornecida ao consumidor, vão influenciar no tipo e no
grau de tratamento que a mesma deve sofrer, dependendo este tratamento também, do uso
que será feito da água. Como exemplo pode-se citar o fato de que para o uso doméstico a
água deve ser desprovida de gosto, porém para resfriamento de caldeiras esta característica
não tem importância.
Logo, a qualidade e a quantidade da água requeridas em função de seu uso, irão
influenciar na escolha do manancial de captação e no processo de tratamento. Deve-se
lembrar também o aspecto econômico-financeiro, visto que em muitos casos, a qualidade
da água de um manancial pode ser tão crítica que em função do volume de água que se
deseja captar, seja inviável economicamente seu tratamento.
As águas dos mananciais podem ser utilizadas para diversas finalidades, decorrendo
daí a necessidade da satisfação simultânea de diversos critérios de qualidade.
Os principais usos da água são :
§ Abastecimento doméstico;
§ Abastecimento industrial;
§ Irrigação;
§ Dessedentação de animais;
§ Recreação e lazer;
§ Geração de energia elétrica;
§ Navegação;
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§ Diluição de despejos; e
§ Preservação da flora e da fauna.
2.1 - Características e Impurezas da Água
Á água encontrada na natureza possui uma série de impurezas, que definem suas
características físicas, químicas e biológicas. Essas impurezas podem torná-la imprópria
para o consumo ou para outros usos específicos. Os diversos componentes presentes na
água, e que alteram o seu grau de pureza, são retratados em termos das suas características
físicas, químicas e biológicas, conforme a seguir :
· características físicas : são aquelas associadas, em sua maior parte, à presença de
sólidos na água. Estes sólidos podem estar em suspensão (diâmetro das partículas
maior que 10 0 mm), coloidais (diâmetro entre 10 0 e 10 -3 mm) ou dissolvidos
(diâmetro menor que 10 -3 mm).
· características químicas: podem ser interpretadas como matéria orgânica e
inorgânica;
· características biológicas : obtidas pelos seres presentes na água que podem estar
vivos ou mortos. Dentre os seres vivos, tem-se os dos reinos animal, vegetal e os
protistas (organismos microscópicos como as bactérias, os vírus e as algas).
A figura 7 a seguir apresenta de forma esquemática estas inter-relações :
IMPUREZAS DA ÁGUA
CARACTERÍSTICAS
FÍSICAS
CARACTERÍSTICAS
QUÍMICAS
CARACTERÍSTICAS
BIOLÓGICAS
Sólidos Gases Inorgânicos
s
Orgânicos
Ser vivo
Animais
Vegetais
Protistas
Matéria em
decomposição
Suspensos
Coloidais
Dissolvidos
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Para que se possa empregar a água de diversas formas, inclusive para abastecimento
público, é necessário o conhecimento das principais características físicas, químicas e
biológicas da mesma com o intuito de avaliar quais tipos de tratamento que devem ser
realizados para remoção das impurezas, de modo que a água atinja os requisitos de
qualidade em função de seu uso previsto.
2.2 - Principais Características ou Parâmetros das Águas
Parâmetros Físicos
As principais características físicas das águas são: cor, turbidez, sabor, odor e
temperatura. Estas características envolvem em sua grande maioria, aspectos de ordem
estética e psicológica, exercendo uma certa influência no consumidor. Dentro de
determinados limites, não tem relação com inconvenientes de ordem sanitária. Porém, o seu
acentuado teor pode causar certa repugnância a consumidores mais ou menos exigentes.
Cabe destacar que uma água de boa aparência não significa que apresente boas condições
sanitárias. A seguir tem-se alguns detalhes dos principais parâmetros :
Cor :
· Responsável pela coloração da água;
· Originada pela existência de substâncias dissolvidas, que na grande maioria dos
casos, são de natureza orgânica (folhas e matéria turfosa);
· Unidade de medida : uH (Unidade Hazen – escala de platina-cobalto);
· De origem natural não provoca risco à saúde, porém de origem industrial pode
apresentar toxicidade.
Turbidez :
· Representa o grau de interferência com a passagem da luz através da água,
conferindo uma aparência turva à mesma;
· Originada principalmente devido a existência de sólidos em suspensão e de
organismos microscópicos;
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· Unidade de medida : uT (Unidade de Turbidez – Unidade de Jackson);
· Pode estar associada a compostos tóxicos e organismos patogênicos.
Sabor e odor :
· São consideradas em conjunto, pois o sabor é a interação entre o gosto (salgado,
doce, azedo e amargo) e o odor (sensação olfativa);
· Originado por sólidos em suspensão, sólidos dissolvidos e gases dissolvidos;
· É difícil a adoção de medidas de odor e sabor. As águas quanto ao sabor e odor
devem ser inobjetáveis, ou seja, deve haver ausência de sabor e odor;
· Não representa risco à saúde, porém questiona-se a confiabilidade da água.
Temperatura :
· Medição da intensidade de calor;
· Elevadas temperaturas diminuem a solubilidade dos gases, como por exemplo,
reduzem a quantidadede oxigênio dissolvido na água;
· Unidade de medida : o C.
Parâmetros Químicos
pH :
· Indica o potencial de íons hidrogênio H+. A faixa de pH vai de 0 a 14. Indica a
condição de acidez, neutralidade ou alcalinidade da água.
· pH baixo : corrosividade e agressividade nas águas de abastecimento;
· pH alto : possibilidade de incrustações nas águas de abastecimento.
Alcalinidade :
· É uma medição da capacidade da água de neutralizar os ácidos;
· É devida a presença de bicarbonatos, carbonatos e hidróxidos, quase sempre
alcalinos ou alcalinos terrosos (sódio, potássio, cálcio, magnésio, etc). A
distribuição entre as três formas na água é função do pH.
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· Não tem significado sanitário para a água potável, mas em elevadas
concentrações confere um gosto amargo para a água;
· Causado pela dissolução de rochas minerais, reação do CO2 com a água e
efluentes industriais;
· Unidade : mg/l de CaCO3;
Acidez ou Agressividade:
· Característica causada principalmente pela presença em solução, de oxigênio,
gás carbônico e gás sulfídrico;
· Responsável pela corrosão de tubulações e materiais;
· Unidade : mg/l de CaCO3.
Dureza:
· Característica conferida á água pela presença de sais alcalinos-terrosos (cálcio,
magnésio, etc.) e alguns metais de menor intensidade;
· É caracterizada pela extinção da espuma formada pelo sabão, o que dificulta o
banho e a lavagem de utensílios domésticos e roupas, criando problemas
higiênicos;
· Originado pela dissolução de rochas minerais (calcáreas, gipsita e dolomita) e
efluentes industriais;
· As águas duras, principalmente em temperaturas elevadas, podem incrustar as
tubulações, devido as precipitação de cátion Ca2+ e Mg2+ que reagem com os
ânions na água, formando os precipitados;
· Unidade : mg/l de CaCO3.
Ferro e Manganês :
· Na ausência de oxigênio dissolvido (ex : água subterrânea) o ferro e o manganês
se apresentam na forma solúvel (Fe2+ e Mn2+). Quando expostas ao ar
atmosférico o ferro e o manganês voltam a se oxidar às suas formas insolúveis
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(Fe3+ e Mn4+), o que pode causar cor na água, além de manchar roupas durante
a lavagem;
· Pouco significado sanitário, possível coloração, sabor e odor;
· Usualmente encontrado nas águas naturais;
· Unidade : mg/l.
Iodo e Flúor :
· São substâncias que presentes na água dentro de determinados limites de
concentração, apresentam benefícios para a saúde humana;
· Os iodetos são necessária para a prevenção do bócio endêmico;
· Os fluoretos são necessários para a prevenção da cárie dentária, porém em
concentração excessiva podem causar a fluorose dental das crianças;
· Unidade : mg/l.
Nitratos :
· Os nitratos presentes na água, em grandes quantidades, provocam em crianças o
estado mórbido denominado de cianose também conhecida como síndrome do
bebê azul;
· Em um corpo d’água, a determinação da forma predominante do nitrogênio
(nitrogênio orgânico – amônia – nitrito NO2- e nitrato NO3-) pode fornecer
informações sobre o estágio da poluição. O nitrogênio na forma orgânica ou de
amônia está associada a uma poluição recente enquanto que a forma de nitrato
indica uma poluição mais remota);
· São originados através dos despejos domésticos, industriais, excrementos de
animais e fertilizantes;
· Unidade : mg/l.
Oxigênio Dissolvido :
· O oxigênio dissolvido (OD) é de essencial importância para os organismos
aeróbios (que vivem na presença de oxigênio). Durante a estabilização da
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matéria orgânica, as bactérias fazem uso do oxigênio nos seus processos
respiratórios, podendo vir a causar uma redução da sua concentração no meio.
Dependendo da magnitude deste fenômeno, podem vir a morrer diversos seres
aquáticos, inclusive os peixes. Caso o oxigênio seja totalmente consumido, tem-
se as condições anaeróbias (ausência de oxigênio), com geração de maus odores;
· O oxigênio dissolvido é o principal parâmetro de caracterização dos efeitos da
poluição das águas por despejos de matéria orgânica;
· Unidade : mg/l.
Micropoluentes inorgânicos :
· Uma grande parte dos micropoluentes inorgânicos são tóxicos, entre eles os
metais pesados como o arsênio, cádmio, cromo, chumbo, mercúrio e prata;
· Geralmente constituem o produto de lançamentos industriais poluidores ou de
atividades humanas (garimpo por exemplo, no caso do mercúrio);
· Unidade : ìg/l ou mg/l.
Parâmetros Biológicos
Os parâmetros biológicos se resumem na observação dos microrganismos (parte
viva) presentes na água que também constituem impurezas. Os microorganismos
desempenham diversas funções de fundamental importância, principalmente as
relacionadas com a transformação da matéria dentro dos ciclos biogeoquímicos, bem como
à possibilidade da transmissão de doenças.
A determinação da potencialidade de uma água transmitir doenças pode ser efetuada
de forma indireta, através dos organismos indicadores de contaminação fecal, pertencentes
ao grupo de coliformes. Tais organismos não são patogênicos, mas dão uma satisfatória
indicação de quando uma água apresenta contaminação por fezes humanas ou de animais, e
por conseguinte, a sua potencialidade para transmitir doenças, visto que podem veicular
agentes patogênicos. A maioria das bactérias do grupo coliforme pertence aos gêneros Escherichia,
Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter, embora vários outros gêneros e espécies pertençam ao grupo.
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As seguintes razões principais explicam o emprego do grupo coliforme como
indicador de contaminação fecal :
· Apresentam-se em grande quantidade nas fezes humanas. Cerca de 1/3 a 1/5 do
peso das fezes humanas é constituído por bactérias do grupo coliforme;
· Apresentam-se em grande número apenas nas fezes do homem e de animais de
sangue quente, fato este essencial, pois se existissem também nos intestinos de
animais de sangue frio deixariam de ser bons indicadores de poluição;
· Os coliformes apresentam resistência aproximadamente similar à maioria das
bactérias patogênicas intestinais, característica importante pois não seriam bons
indicadores de contaminação fecal se morressem mais rapidamente que o agente
patogênico.
A determinação do indicador de coliformes se faz por técnica bem estabelecida, que
o expressa em número mais provável (NMP) de coliformes por 100 ml de amostra de água.
Além do indicador de contaminação fecal, são realizados exames hidrobiológicos
para determinação de microorganismos como algas, bactérias, protozoários, vermes, larvas
de inseto e etc.
2.3 - Denominação das águas em função das impurezas
De acordo com a presença de certas impurezas nas águas, ou seja, em função da
presença de determinados microorganismos e de substâncias em suspensão, em solução e
em estado coloidal, a água recebe certas designações conforme a seguir :
· Dura ou salobre : é a água que possui teor acentuado de certos sais que a tornam
desagradável para a bebida, inconveniente para a limpeza corporal e lavagem de
roupas e imprópria para o cozimento de legumes. Os sais causadores da dureza
são geralmente os bicarbonatos, sulfatos, cloretos e nitratos de cálcio e
magnésio. Possui um sabor característico;
· Salgada ou salina : é a água que, além de sais causadores de dureza, possui
elevado teor de cloreto desódio, como a água do mar;
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· Mineral : é a água que provém do interior da crosta terrestre, contendo
substâncias em solução que lhe dão valor terapêutico, tais como cloretos,
brometos, iodetos, sulfatos e os sais neutros de magnésio, potássio e sódio;
· Termal : é a água mineral originada de camadas profundas da crosta terrestre e
que atinge a superfície com temperatura elevada;
· Radiativa : é toda água mineral ou termal possuidora naturalmente de
radioatividade;
· Doce : á a água de gosto agradável e que, por exclusão, não é dura, salgada,
mineral, termal ou radiativa;
· Poluída : é toda água de características alteradas devido à presença indesejável
de substâncias estranhas e/ou pequenos organismos que a tornam imprópria para
consumo;
· Contaminada : é a água poluída por germes patogênicos;
· Colorida : água que deixa de ser límpida devido à presença de substâncias
geralmente dissolvidas ou em estado coloidal. A cor da água normalmente é
produzida por substâncias orgânicas, como os corantes vegetais (ex: boa parte
dos rios da Amazônia);
· Turva : é a água que não é límpida em decorrência, sobretudo, da presença de
substâncias em suspensão. A turbidez é geralmente causada pela areia, silte e
argilas (partículas em suspensão e coloidais);
· Ácida : toda água que possui teor acentuado de gás carbônico ou ácidos
minerais. Seu pH (potencial de hidrogênio) é inferior a 7. É denominada de
agressiva ou corrosiva por ser capaz de provocar a corrosão de metais;
· Alcalina : é a água que contém quantidade elevada de bicarbonatos de cálcio e
magnésio ou carbonatos ou hidróxidos de sódio, potássio, cálcio e magnésio.
Seu pH é superior a 7. Toda água dura é alcalina porém a reciproca não é
verdadeira;
· Bruta : é o termo empregado para caracterizar á água antes de sofrer qualquer
tipo de tratamento;
· Tratada : é a água que foi submetida a um ou mais processos de remoção de
impurezas e/ou de correção de impropriedades;
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· Potável : é a água inofensiva à saúde, agradável aos sentidos e adequada aos
usos domésticos (água própria para o consumo humano).
2.4 - Padrões de Qualidade das Águas
Os requisitos de qualidade de uma água são função de seus usos previstos, conforme
mencionado anteriormente. Porém além dos requisitos de qualidade, que traduzem de uma
forma generalizada e conceitual a qualidade desejada para a água, há uma necessidade de se
estabelecer também padrões de qualidade fixados por dispositivos legais.
Existem três tipos de padrão de interesse direto no que se refere à qualidade da água :
· padrões de lançamento no corpo receptor e padrões de qualidade do corpo receptor
(Resolução n. 20 do CONAMA de 18/06/86);
· padrões de qualidade para determinado uso imediato (ex: padrões de potabilidade)
2.4.1 Padrões de lançamento no corpo receptor e de qualidade do corpo
receptor
O real objetivo dos padrões de lançamento no corpo receptor e de qualidade do
corpo receptor é a preservação e/ou melhoria das condições de qualidade no corpo d’água,
ou seja, manter o mesmo em condições adequadas para que possa ser utilizado de maneira
racional e econômica. Em resumo, estes padrões estão ligados a qualidade do corpo d’água
receptor enquanto que os padrões de potabilidade estão relacionados com a qualidade da
água que é fornecida para consumo.
O principal documento legal que define os padrões de lançamento no corpo receptor
e de qualidade do mesmo é a Resolução n. 20 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) de 18/06/86.
Esta resolução dividiu as águas do território nacional em águas doces, salobras e
salinas. Em função dos usos previstos foram criadas 9 classes. As classes relativas à água
doce estão divididas em classe Especial, para usos mais nobres, e Classes 1,2,3,4 em ordem
decrescente de requisitos de qualidade e de nobreza de uso, conforme a Tabela 1 a seguir.
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Tabela 1 - Classificação das águas doces em função dos usos preponderantes
(Resolução CONAMA n. 20, 18/06/86)
Classe
Uso
Especial 1 2 3 4
Abastecimento Doméstico x
x
após
tratamento
simples
x
após
tratamento
convencional
x
após
tratamento
convencional
Preservação do equilíbrio natural das
comunidades aquáticas x
Recreação de contato primário x x
Proteção das comunidades aquáticas x x
Irrigação x
x x
Criação de espécies (aquicultura) x x
Dessedentação de animais x
Navegação x
Harmonia paisagística x
Usos menos exigentes x
Para cada classe foram criados padrões de qualidade e de lançamento para o corpo
receptor, ou seja, um corpo receptor de acordo com a classe a qual pertence apresenta
limites máximos para as impurezas nele contidas bem como para as impurezas dos
efluentes ou resíduos nele lançados, conforme o exemplo da Tabela 2 a seguir. Em
princípio, um efluente deve satisfazer, tanto ao padrão de lançamento, quanto ao padrão de
qualidade do corpo receptor seguindo a sua classe. No entanto, o padrão de lançamento
pode ser excedido, com permissão do órgão ambiental, caso os padrões de qualidade do
corpo receptor sejam resguardados, como demonstrado por estudos de impacto ambiental.
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Tabela 2 - Padrões de qualidade e de lançamento para os corpos d’água (água doce)
(alguns valores de acordo com a Resolução CONAMA n. 20/86)
Padrão para Corpo d’água
ClasseParâmetro Unidade
1 2 3 4
Padrão de
Lançamento
Cor uH 30 75 75 - -
Turbidez uT 40 100 100 - -
Sabor e odor - VA VA VA - -
pH - 6 a 9 6 a 9 6 a 9 6 a 9 5 a 9
Oxigênio Dissolvido mg/l ³ 6 ³ 5 ³ 4 ³ 2 -
Chumbo mgPb/l 0,03 0,03 0,05 - 0,5
Ferro Solúvel mgFe/l 0,3 0,3 5,0 - 15,0
Coliformes fecais org/100ml 200 1.000 4.000 - -
VA : virtualmente ausente
2.4.2 - Padrões de Potabilidade
Definição
São as quantidades limites que, com relação aos diversos elementos, podem ser
toleradas nas águas de abastecimento ou também “o conjunto de valores máximos
permissíveis, das características das águas destinadas ao consumo humano.” Os padrões
de potabilidade são fixados, em geral, por decretos, regulamentos ou especificações. São
definidos no Brasil pelo Ministério da Saúde, através da recente Portaria 1469 de 29 de
Dezembro de 2000, anexa no final desta apostila. Essa portaria estabelece os procedimentos e
responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu
padrão de potabilidade, substituindo a antiga portaria 36/90.
Seria desejável que a qualidade das águas de abastecimento destinadas às pequenas
coletividades e às comunidades rurais não fosse inferior às das fornecidas aos centros
urbanos maiores. Porém as dificuldades em muitas localidades de atender aos padrões de
potabilidade muitas das vezes se torna difícil devendo ser estabelecidos padrões de
segurança que contenham quantidades limites que, relativamente aos vários elementos,
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podem ser toleradas nas águas de abastecimento sem causar dano à saúde da população,
embora não atenda bem a certos aspectos tais como a cor, por exemplo.
A seguir são apresentados alguns padrões de potabilidade relativo aos aspectos
físicos, organolépticos(percebidas pelos sentidos humanos), químicos e biológicos.
Tabela 3 - Padrão de potabilidade da água para consumo humano
Parâmetro Unidade Valor máximo permissível
Características Organolépticas
Cor aparente uH (unid. Hazen) 5
Odor - Não objetável
Sabor - Não objetável
Turbidez uT (unid.Turbidez) 1 a 2 (em 95% das amostras)
Componentes que afetam a qualidade organoléptica
Alumínio mg/l 0,2
Cloretos mg/l 250
Cobre mg/l 2,0
Dureza total mg/l CaCO3 500
Ferro total mg/l 0,3
Manganês mg/l 0,1
Sólidos totais dissolvidos mg/l 1000
Componentes inorgânicos que afetam a saúde
Arsênio mg/l 0,01
Chumbo mg/l 0,01
Cianetos mg/l 0,07
Mercúrio mg/l 0,001
Cromo mg/l 0,05
Componentes orgânicos que afetam a saúde
Aldrim e Dieldrin mg/l 0,03
Benzeno mg/l 5
Clordano mg/l 0,2
Lindano mg/l 2
DDT mg/l 2
Características biológicas
Coliformes fecais (Escherichia Coli – preferível) org/100 ml ausentes
Coliformes totais org/100 ml diversas combinações
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2.5 - Controle da Qualidade da Água
O controle da qualidade da água é uma medida de grande necessidade
particularmente para garantia da saúde da população, além de evitar os prejuízos
econômicos que podem advir da má qualidade da água de consumo. O controle da
qualidade da água é uma atividade de caráter dinâmico, e que deve ser considerado em
todas as etapas de um serviço de abastecimento de água (captação, recalque, adução,
tratamento e distribuição).
A qualidade da água distribuída deve ser rotineiramente controlada através de
exame físico, químico, bacteriológico e hidrobiológico, complementados por inspeção
sanitária (controle dos possíveis pontos de contaminação e etc.).
A seguir são apresentados alguns pontos importantes com relação ao controle da
qualidade das águas :
§ A coleta das amostras para realização dos exames deve sempre ser realizado por
pessoal legalmente habilitado;
§ Os exames técnicos apropriados devem seguir técnicas apropriadas
estabelecidas por órgãos especializados. No Brasil a normalização para coleta e
exame de amostras é fixada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas –
ABNT);
§ Os exames devem ser realizados em diversos pontos de um sistema de
abastecimento como por exemplo, em diversos pontos de uma estação de
tratamento, para permitir entre outras medidas, a correção do processo de
tratamento, inclusive com a possibilidade de torná-lo mais econômico;
§ A qualidade das águas, particularmente as superficiais, só pode ser
suficientemente conhecida através de uma série de exames e análises
abrangendo as diversas estações do ano visto que a qualidade das águas pode
sofrer uma grande variação no decorrer do tempo devido às chuvas, enxurradas,
ocorrência de algas, despejos de resíduos industriais e etc;
§ O controle da qualidade da água não deve se restringir somente a verificar por
meio de exames e análises, se a mesma está preenchendo os padrões de
potabilidade regulamentares, mas deve-se estender a outras medidas gerais de
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controle, ligadas ao projeto, construção, operação e manutenção dos sistemas de
abastecimento de água;
§ Além do controle direto da poluição das águas, devem também ser controlados a
poluição do ar e do solo que podem vir a contaminar ou poluir os mananciais e
demais pontos do sistema de abastecimento, além de outras medidas
complementares para evitar a deterioração das águas empregadas no
abastecimento.
Exames e análises das águas
As análises efetuadas na água compreendem exames físico-químicos e
bacteriológicos, que visam a determinação das quantidades e concentrações dos parâmetros
de qualidade apresentados anteriormente.
Os exames e análises efetuados com a água podem ser reunidos em quatro
categorias :
§ Análises cujos resultados refletem a segurança e a salubridade da água (substâncias
tóxicas e microorganismos patogênicos);
§ Análises que medem ou refletem o sabor ou a aceitação estética da água como
temperatura, cor, turbidez e odor, complementados por exames microscópicos que
podem explicar a origem de tais parâmetros;
§ Análises que revelam a vantagem econômica da água e que dependem do fim a que
ela se destina (ensaios para determinação de dureza, teores de ferro, manganês,
oxigênio dissolvido, pH, CO2, H2S e etc.);
§ Análises interligadas aos processos de tratamento (alcalinidade, pH, CO2, ferro,
alumínio, cloro, oxigênio dissolvido, hidróxido e etc.).
Cuidados na obtenção das amostras para exames
a) Em água de rio : tirar a amostra abaixo da superfície, colocando o gargalo no
sentido contrário ao da corrente;
b) Em água de poço raso : deve-se mergulhar o frasco com a boca para baixo e não
coletar na sua superfície, pode-se empregar uma vara com rolha e com cordão;
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c) Torneira ou proveniente de uma bomba : deixar a água escoar por algum tempo
(um minuto), desprezando as primeiras águas.
Amostras para exames físicos e químicos
A amostra de água para exame físico e químico deve ser colhida em 02 (dois) litros,
em garrafas limpas e convenientemente arrolhadas. Uma vez obtidas, as amostras devem
ser enviadas com a máxima brevidade ao laboratório.
Amostras para exame bacteriológico
As coletas de água para exame bacteriológico são realizadas em frascos, geralmente
com 100 cm3 de volume. O frasco deve vir limpo e esterilizado do laboratório e
convenientemente tampado. Antes da coleta da amostra de água para análises
bacteriológicas, deveremos nos informar se foi adicionado cloro na água, pois neste caso, o
vidro além de esterilizado, deve conter em seu interior, 2 cm3 de hiposulfeto de sódio para
eliminação da influência do cloro.
Cuidados na coleta de amostras para exames bacteriológicos
São os seguintes os cuidados indispensáveis para se coletar uma amostra confiável:
· Em caso de torneira ou bomba, deixar correr as primeiras águas;
· Flambar a torneira com chama de papel ou de álcool;
· Não tocar com os dedos na parte da rolha que fica no interior do vidro;
· Exame bacteriológico deve ser feito o mais rápido possível. As amostras devem
ser conservadas à temperatura de 6oC a 10oC (geladeira) para evitar o
crescimento da quantidade de micróbios. O tempo máximo permitido entre a
coleta da amostra e o exame no laboratório é de 06 (seis) horas, isto para água
pouco poluída.
Maiores detalhes podem ser vistos na figura 8 a seguir :
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A - Esterilizando a torneira
B - Retirando a tampa do frasco
C - Pegando a amostra
D - Vedando o frasco
E - Pegando a amostra num rio
Fig. 8 - Coleta de Água Para Exame

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