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Tratamento de Efluentes Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Roberta Maria Salvador Navarro Revisão Textual: Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos Tipos de Poluição, Caracterização das Águas e Tratamento • Água e suas características • Cloretos, sulfatos e sólidos totais • Padrões de potabilidade · Estudar as etapas dos processos dos tratamentos aplicados aos efluentes despejados no meio ambiente. · Apresentar uma abordagem geral sobre os conceitos preliminares para tratamento das águas residuárias. OBJETIVO DE APRENDIZADO Caro(a) aluno(a), Leia atentamente o conteúdo desta unidade, que lhe possibilitará conhecer os conceitos básicos sobre poluição e contaminação, bem como os parâmetros de qualidade das águas. Você também encontrará nesta unidade uma atividade composta por questões de múltipla escolha, relacionadas com o conteúdo estudado. Além disso, terá a oportunidade de trocar conhecimentos e debater questões no Fórum de discussão. É extremamente importante que você consulte os materiais complementares, pois são ricos em informações, possibilitando-lhe o aprofundamento de seus estudos sobre este assunto. ORIENTAÇÕES Tipos de Poluição, Caracterização das Águas e Tratamento UNIDADE Tipos de Poluição, Caracterização das Águas e Tratamento Contextualização Caro(a) aluno(a), Para iniciar esta unidade, a partir do artigo A vigilância da qualidade da água para consumo humano – desafios e perspectivas para o Sistema Único de Saúde, de Marcelo Bessa Freitas e Carlos Machado de Freitas, disponível no link a seguir, reflita sobre a questão da importância da qualidade da água para consumo. FREITAS, Marcelo Bessa; FREITAS, Carlos Machado de. A vigilância da qualidade da água para consumo humano – desafios e perspectivas para o Sistema Único de Saúde. Disponível em: http://goo.gl/jrMW3s Ex pl or Oriente sua reflexão através dos seguintes questionamentos: É possível que tal exigência acerca da potabilidade da água para consumo humano seja atendida em todo o território nacional? Quais os benefícios alcançados pela aplicação de tais conceitos no cotidiano de nossas atividades? 6 7 Água e suas características Imagina-se que existe uma quantidade de aproximadamente 1.360.000 milhões de m3 de água na natureza. Apesar dessa aparente abundância, somente cerca de 0,62% são aproveitáveis para as atividades humanas, como mostram a Tabela 1 e a figura 1. Tabela 1: Distribuição da água na Terra (Richter, 2002). Localização % do total Lagos de água doce 0,009 Lagos salinos e mares interiores 0,008 Rios 0,0001 Umidade de solo 0,005 Água subterrânea (acima da prof. de 4.000m) 0,61 Geleiras e glaciares de altitude 2,14 Atmosfera 0,001 Oceanos 97,3 TOTAL 100 Água absolutamente pura não existe na natureza, e para consumo humano, é necessário que ela seja potável, isto é, segura (livre de contaminantes orgânicos e inorgânicos e de bactérias patogênicas), atraente de aspecto e de sabor agradável para ser bebida, e adequada para finalidades domésticas e para a maior parte das atividades industriais (RICHTER, 2002). Segundo Richter (2002), as impurezas acumuladas na água, durante seu percurso pelo ciclo hidrológico e decorrentes de atividades humanas, compreendem matéria mineral e orgânica em três formas, de acordo com o tamanho das partículas que a água contém, progressivamente das maiores para as mais finas: suspensão, estado coloidal e solução. Diferentes processos de tratamento podem ser necessários para a sua remoção ou redução a limites aceitáveis pelos padrões de potabilidade. 7 UNIDADE Tipos de Poluição, Caracterização das Águas e Tratamento Figura 1. Distribuição da água na Terra (PORTAL BRASIL, 2015) Fonte: iStock/Getty Images O Ministério da Saúde, em 2014, publicou artigo no qual afirma que: É considerada água para consumo humano a água potável destinada à ingestão, preparação e produção de alimentos e à higiene pessoal, independentemente da sua origem. Para que a água seja considerada potável, deve atender ao padrão de potabilidade e não oferecer riscos à saúde, por meio do atendimento dos valores máximos permitidos estabelecidos para parâmetros físicos, químicos, microbiológicos, organolépticos, cianobactérias/cianotoxinas e de radioatividade, definidos na Portaria de Potabilidade da Água para Consumo Humano. A Portaria GM/MS n° 2.914, de 12 de dezembro de 2011, estabelece no Brasil os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Também são definidas as competências e responsabilidades atribuídas ao setor de saúde, nas três esferas de gestão do Sistema Único de Saúde, e aos responsáveis pelos sistemas ou soluções alternativas coletivas de abastecimento de água. A legislação segue os princípios dos Planos de Segurança da Água (PSA), recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), além de aspectos complementares relativos aos fatores de riscos à saúde pública relacionados aos patógenos de difícil remoção por meio dos processos convencionais de tratamento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). Segundo o Ministério da Saúde, a OMS afirma que a saúde humana está diretamente ligada à qualidade da água adequada ao consumo humano. Estima- se um potencial de redução em até um décimo da carga de doenças global onde são implementadas medidas visando ao aumento do acesso à água potável, à promoção de boas práticas e à melhoria dos procedimentos de gerenciamento da água, favorecendo a redução de riscos de transmissão de doenças, além da mortalidade infantil. 8 9 A qualidade de uma água avaliada para uso humano ou industrial, tratada ou in natura, é verificada pela determinação de diversos parâmetros físicos, químicos, biológicos, bacteriológicos, entre outros. Os padrões de potabilidade fixam valores de qualidade de uma água para que possa ser usada em consumo humano. A Tabela 2 resume os padrões de potabilidade fixados pela OMS (RICHTER, 2002). Pode-se observar a ausência total de nitrato e sódio. Esses parâmetros são constantemente revisados e adequados às novas exigências para melhoria da saúde humana. “SP economizou 180 bilhões de litros de água até junho de 2015”. Foi economia ou eliminação de desperdício? Acesse o link a seguir e refl ita. Disponível em: http://goo.gl/audMkB Ex pl or Tabela 2: Padrões de Potabilidade da OMS (em mg; L ou unidade anotada). Adaptada de Richter, 2002. Parâmetros OMS Físicos e organolépticos VMR VMP Cor 5/sem cor 15/sem cor Turbidez, UNT 1/sem turbidez 5/sem turbidez Sabor e odor Nenhum Nenhum pH 9 (próximo do neutro) 7-8,5 6,5-9,7 Químicos VMR VMP Alumínio (presente na natureza) - 02 Arsênico (presente na natureza) - 0,05 Chumbo (presente na natureza) 200 01 Cloreto (presente na natureza) 0,1 600 Dureza, mg/L CaCO3 (presente na natureza) 100 500 Ferro (presente na natureza) 0,1 1,0 Fluoretos (presentes na natureza) - 0,6-1,7 Magnésio (presente na natureza) - 150 Manganês (presente na natureza) -0,05 0,5 Mercúrio (presente na natureza) - 0,001 Selênio (presente na natureza) - 0,01 Sólidos totais dissolvidos (presentes na natureza) 500 1500 Sulfato (presente na natureza) 200 400 Zinco (presente na natureza) 5 15 Bacteriológicos Coliformes org/100mL -1 Nota: VMR = Valor máximo recomendável, VMP = Valor máximo permissível; UNT = Unidade nefelométrica de turbidez. Propriedades da água Cor A água pura é sem cor, porém em enormes quantidades adquire cor azulada. A matéria orgânica oriunda da decomposição de vegetais confere à água uma coloração marrom-amarelada, e o Ferro confere cor avermelhada. A concentração das substâncias existentes nos esgotos produzidos diariamente também altera a coloração da água para marrom. 9 UNIDADE Tipos de Poluição, Caracterização das Águas e Tratamento A coloração da água pode indicar seu grau de poluição. Geralmente, ao se observar uma água com coloração também é possível observar uma alta demanda química ou bioquímica deoxigênio. Richter (2002) afirma que a água distribuída por sistemas onde existe o uso de cloro apresenta até quase o dobro de risco de ocorrência de câncer do cólon quando comparada com a água em sistemas que não usam o cloro. É comum ver uma coloração esbranquiçada na água distribuída pelo sistema de abastecimento brasileiro, isso devido ao excesso de cloro na água. Turbidez A turbidez decorre da presença de partículas em suspensão, variando em tamanho desde suspensões grosseiras até o estado coloidal (argila e silte, matéria orgânica, material proveniente de descargas de esgoto doméstico e industrial e de galerias de água pluvial, bactérias, algas e outros micro-organismos e até pequenas bolhas de ar). A clarificação da água pode ser feita através de processos de coagulação e filtração, entretanto essa clarificação é dificultada quando a turbidez é muito elevada ou possui variações em conjunto com o pH e a alcalinidade, por ocasião de chuvas torrenciais (RICHTER, 2002). Sabor e odor O sabor e o odor são características que devem ser avaliadas em conjunto, pois estão intimamente relacionadas e são facilmente confundidas. Compostos inorgânicos presentes na água conferem sabor geralmente sem conferirem odor característico. Para a eliminação de sabor ou odor, usa-se um processo de aeração. Porém, em alguns casos esse tratamento é ineficiente e se faz necessária uma aplicação de carvão ativado, com ou sem aeração prévia. O sabor e o odor, sendo sensações organolépticas de avaliação subjetiva, não são passíveis de medição direta por instrumentos. Em todos os métodos em uso ou anteriormente usados, o “instrumento” utilizado é o nariz, portanto estão sujeitos a variações individuais (RICHTER, 2002). Richter (2002) afirma que a presença de matéria orgânica na água pode produzir tanto sabor como odor. Praticamente todos os odores reconhecidos na água são de origem orgânica, com exceção do sulfeto de hidrogênio (H2S). Condutividade A capacidade da água em conduzir a eletricidade é definida como condutividade elétrica. O grau de condutividade da água depende apenas da concentração e da carga dos íons dissolvidos na solução. 10 11 pH O pH é um conceito universal usado para expressar a quantidade de íons H+ ou OH-, indicando, respectivamente, se a solução é acida ou alcalina. A medição é constante em tratamentos de efluentes, pois sua estabilidade confere uma maior eficiência nas etapas de coagulação, floculação, desinfecção e no controle da corrosão. Uma água onde é atestada a qualidade possui um pH neutro, isto é, em torno de 7,0. Alcalinidade A alcalinidade é o resultado da presença de bicarbonato (HCO3), carbonato (CO3) e hidróxido (OH-). Tais íons, quando presentes na água, possuem a capacidade de neutralizar ácidos. Da mesma forma que a medição do pH, a medição da alcalinidade deve ser constante em tratamentos de efluentes, pois sua estabilidade também confere uma maior eficiência nas etapas de coagulação, floculação, desinfecção e no controle da corrosão. Acidez Segundo Richter (2002), águas superficiais ácidas geralmente têm sua acidez originada em esgotos industriais ácidos ou por lixiviação ou infiltração de águas de minas. A maioria das águas naturais são tamponadas por um sistema constituído de ácido carbônico dissolvido H2CO3 e bicarbonatos HCO, geralmente com um pH entre 6 e 8,3. Quanto às questões sanitárias, a acidez possui um significado muito pouco expressivo, mas deve ser controlada devido aos problemas que poderá causar em consequência da corrosão que provoca. Dureza Devido à presença na água de alguns íons metálicos bivalentes, principalmente os de cálcio Ca++ e de magnésio Mg++ e, em menor grau, os de ferro Fe++ e de estrôncio Sr++, a dureza impede a formação de espuma que pode ser provocada pelo sabão. Os sais de cálcio e magnésio reagem sobre os radicais dos ácidos graxos dos sabões, formando compostos insolúveis antes que se forme a espuma, conforme a reação. Somente depois que certa quantidade de cálcio é removida da água, precipitada com o sabão, é que começa a se formar espuma. Assim, o consumo extra de sabão pode se constituir em um processo de remoção de dureza, porém resultar mais caro para o consumidor (RICHTER, 2002). Segundo Richter (2002), são conhecidas formas distintas de dureza: • Dureza total, que mede o conteúdo total dos íons Ca++ e Mg++, distinguindo- se as parcelas dureza de cálcio e dureza de magnésio. 11 UNIDADE Tipos de Poluição, Caracterização das Águas e Tratamento • Dureza permanente ou não carbonatada, que mede a quantidade de íons Ca++ e Mg++ depois de se submeter a água à ebulição durante meia hora e recuperando-se o volume inicial com água destilada. • Dureza temporária ou de carbonatos. É devida a bicarbonatos de cálcio e magnésio elimináveis por ebulição. É a diferença entre a dureza total e a dureza permanente. Também é possível classificar as águas quanto ao seu grau de dureza. São consideradas águas moles ou brandas as que possuem uma quantidade menor que 50 (mgL em CaCO3). Águas de dureza moderada possuem em torno de 50-150 (mgL em CaCO3); águas duras possuem entre 150-300 (mgL em CaCO3); e águas muito duras > 300 (mgL em CaCO3). Cloretos, sulfatos e sólidos totais O grupo de sais dissolvidos em água é formado por bicarbonatos, cloretos, sulfatos e, em menor concentração, outros sais, que podem, em grandes concentrações, conferir à água sabor salino e propriedades laxativas. O íon cloreto, Cl-, é geralmente associado ao sódio, Na+, presentes em águas salobras. Em águas doces, a quantidade de cloretos pode variar de algumas poucas unidades até cerca de 250 mg/L. Richter (2002) afirma que a presença de cloretos em concentrações maiores que as normalmente encontradas nas águas superficiais da região é uma indicação de poluição por esgotos domésticos. Os sulfatos presentes em água em quantidades significativas proporcionam propriedades laxativas. Além disso, a presença de sulfato de cálcio ou magnésio promove dureza permanente e pode ser um indicador de poluição de uma das fases da decomposição da matéria orgânica. Ferro e manganês O ferro e o manganês estão muito presentes em águas subterrâneas, que têm um alto conteúdo em CO2 e um baixo pH. Quando muito concentrados em água, ajudam a aumentar a sua dureza, além de conferirem sabor à água. Outro incômodo é a possibilidade de causarem manchas em roupas e objetos de porcelanas. Em águas de superfície, normalmente o ferro está presente na matéria orgânica e, frequentemente, não responde à aeração, porém sua remoção é facilmente realizada por coagulação, juntamente com a cor e a turbidez. 12 13 Impurezas orgânicas e nitratos Existe grande quantidade de nitrogênio presente na matéria orgânica; portanto, a presença de nitrogênio orgânico ou amoniacal em água é um indicador de que existe matéria orgânica dissolvida, ou seja, o despejo de grandes cargas de esgoto é uma certeza. A presença de nitratos indica pouca concentração de poluentes orgânicos, porém a sua grande concentração em águas pode provocar doenças como cianose e methemoglobinemia. Oxigênio dissolvido - OD Normalmente, a quantidade de oxigênio presente em água é pequena, mas pode variar dependendo do tipo de matéria orgânica presente em água. Águas superficiais puras normalmente são saturadas de OD, mas essa saturação pode ser consumida devido aos despejos de esgotos domésticos. Demanda de oxigênio A demanda de oxigênio é definida pela necessidade de consumo para a decomposição da matéria orgânica. Tal necessidade é definida em: • Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO): é a quantidade de oxigênio consumida por bactérias aeróbias que destroem a matéria orgânica. • Demanda Química de Oxigênio (DQO): através dela é possível fazer uma quantificação da carga de poluição de esgoto doméstico ou industrial, devido à quantidade necessária de oxigênio para a oxidação dos poluentes. Coliformes São bactérias que vivem nos intestinosdos animais superiores, e sua presença indica a probabilidade de contaminação da água por esgotos domésticos. Entretanto, existe a presença de pequenas quantidades de coliformes em águas próprias para consumo; o aumento de sua concentração tornará a água imprópria para uso humano. Algas São plantas presentes nas águas e que durante o dia produzem oxigênio, entretanto durante a noite liberam CO2, o que provoca a redução do pH e da alcalinidade da água. A incidência de algas é muito comum em águas paradas, como, por exemplo, açudes e lagos; já em águas correntes, o seu aparecimento é mais raro. 13 UNIDADE Tipos de Poluição, Caracterização das Águas e Tratamento Em quantidades pequenas não apresentam inconvenientes, mas à medida que sua proliferação aumenta, produzem alterações como sabor e odor, além de serem prejudiciais aos filtros dos sistemas de tratamento. Padrões de potabilidade Os padrões de potabilidade para água no Brasil foram estabelecidos pela Portaria MS nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011, que é uma revisão da Portaria MS nº 518/2004, iniciada em 2007. A portaria MS nº 2.914 dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano no país. Esse processo de revisão foi realizado com a participação de diversos atores envolvidos nessa temática, tais como: órgãos ligados às áreas de saúde, saneamento, meio ambiente e recursos hídricos; responsáveis pelos sistemas e soluções alternativas coletivas de abastecimento de água; pesquisadores com elevada expertise na área; Conselhos; Associações; Ministério Público; e Agências Reguladoras. Para isso, foram considerados os avanços técnico- científicos; as experiências internacionais e os princípios preconizados nos Guias de Qualidade da Água para Consumo Humano da OMS; Plano de Segurança da Água (PSA); enfoque epidemiológico; e direito do consumidor à informação, que foram adaptados à realidade brasileira. São consideradas aplicações de químicos em valores máximos permitidos ao consumo humano sem que tragam riscos à saúde. (UMBUZEIRO, 2012). Acesse o link a seguir e lendo na íntegra a portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011, que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Disponível em: http://goo.gl/PE9Ud Ex pl or Parâmetros de qualidade da água Segundo a SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, 2015), são realizados testes para analisar a qualidade da água consumida no Estado de São Paulo de acordo com as orientações estabelecidas na Portaria 2.914/11. Tal análise é realizada desde a origem até os pontos de consumo. Se o resultado de uma das análises fornecer um resultado fora dos padrões estabelecidos, o problema é solucionado imediatamente, para que não ocorra a interrupção do abastecimento. Dentre os elementos descritos anteriormente, nem todos são avaliados, apenas os de maior importância química, física e bacteriológica. São eles: • O cloro - é usado como bactericida, eliminando bactérias e outros micro- organismos que podem estar presentes na água. Deve conter uma concentração mínima de 0,2 mg/l (miligramas por litro) de cloro residual. 14 15 • A turbidez - mede a resistência da água à passagem de luz. É provocada pela presença de partículas em suspensão na água. O valor máximo permitido de turbidez na água distribuída é de 5,0 NTU. • A cor - é um dado que indica a presença de substâncias dissolvidas na água. O valor máximo permissível de cor na água distribuída é de 15,0 U.C. • O pH - é uma medida que determina se a água é ácida ou alcalina. Seu controle ajuda no tratamento e na preservação das tubulações contra corrosões ou entupimentos. A faixa recomendada de pH na água distribuída é de 6,0 a 9,5. • Os coliformes - são feitas análises para identificar uma possível contaminação na água. • O flúor - é um elemento químico adicionado por exigências legais à água de abastecimento, auxiliando na proteção dos dentes contra a cárie. Para o Estado de São Paulo, o teor ideal de flúor é de 0,7 mg/l (miligramas por litro). Acesse o site da SABESP e saiba mais sobre a água que utilizamos diariamente. Disponível em: http://goo.gl/ZM2w98Ex pl or Conceito de poluição e contaminação Segundo a Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, alterada pela lei 7.804, de 18 de julho de 1989, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, “Meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida de todas as suas formas”. Portanto, qualquer alteração nessa biota poderá ser considerada como meio de poluição e/ou contaminação. A poluição pode ser considerada como a alteração realizada pelo homem, direta ou indiretamente, devido ao descarte de substâncias (químicas, biológicas ou objetos) ou energia (luz, radiação, etc.) ao meio ambiente, causando, assim, danos à natureza (biota) e à saúde humana. Existem diversos agentes poluentes, que podem levar a diversos tipos de poluição. A seguir serão classificados os tipos de poluição existentes, suas causas e suas consequências. Poluição visual Uma pessoa recebe mais informação por dia do que receberia durante a vida inteira se vivesse há 200 anos. Isso devido à facilidade dos meios de comunicação. Principais causas da poluição visual são: excesso de propagandas, notas políticas, anúncios, recados, avisos, letreiros luminosos, placas, etc. 15 UNIDADE Tipos de Poluição, Caracterização das Águas e Tratamento E suas principais consequências: agride o bem-estar e induz ao consumismo. Figura 2. Exemplo de poluição visual em grandes cidades. Fonte: iStock/Getty Images Poluição da água Menos de 0,1% do total de água no planeta está em condições adequadas de consumo humano. As principais causas da poluição das águas são: agricultura, pecuária, esgotos domésticos e esgotos industriais, lixo, mineração, vazamentos químicos, etc. E as principais consequências são: contaminação da água, assoreamento de rios e lagos, diminuição da água potável disponível, odor forte, coloração na água, gosto alterado, etc. Figura 3. Exemplo de poluição das águas. Fonte: iStock/Getty Images 16 17 Poluição dos solos Os aterros sanitários são terrenos com buracos cavados no chão forrados com materiais impermeáveis para se evitar a contaminação do solo pelo lixo recolhido na cidade e depositado lá. Inicialmente, é possível fazer um controle utilizando-se uma área destinada ao transbordo; porém, com o passar do tempo, a maioria dos aterros padece do mesmo problema: a quantidade de lixo produzida e conduzida ao aterro supera sua capacidade de manuseio, e a maioria dos aterros acaba se transformando em lixão, sem qualquer forma de tratamento ou reciclagem dos materiais ali depositados. Outro exemplo de contaminação dos solos é o uso de agrotóxicos, obrigando o agricultor a desmatar outra área para manter a produção. As principais causas da poluição dos solos são: uso de biocidas, pesticidas, adubos químicos, lixo, desmatamento, queimadas, resíduos domésticos, resíduos industriais, etc. E as principais consequências são: contato direto de poluentes com produtos agrícolas, erosão, desertificação, contaminação da produção agrícola, contaminação da água, descontrole ambiental dos micro-organismos que reciclam os componentes orgânicos e inorgânicos, etc. Figura 4. Exemplo de poluição dos solos: aterro sanitário. Fonte: iStock/Getty Images 17 UNIDADE Tipos de Poluição, Caracterização das Águas e Tratamento Poluição radioativa Todo elemento radioativo se decompõe conforme o seu tempo de meia vida. A meia vida é o intervalo de tempo em que uma amostra demora para reduzir sua quantidade inicial pela metade. Conforme ocorre a desintegração dos elementos radioativos, a sua quantidade e sua atividade vão reduzindo também e, consequentemente, a energia radioativa emitida pelo material também é reduzida.As principais causas da poluição radioativa são: lixo atômico, uso e deposição indiscriminados de pilhas, baterias, produtos químicos radioativos, etc. E as principais consequências: irritação na pele, nas vias respiratórias e nas vias gástricas-biliares, queda de cabelo, hemorragias (principalmente no nariz), diminuição do número de glóbulos brancos e vermelhos no sangue, câncer, convalescência – morte. Poluição sonora Os ouvidos são órgãos extremamente sensíveis ao barulho. Essa poluição gera estresse, grande causador de mortes por parada cardíaca. As principais causas da poluição sonora são: ruídos nos transportes de veículos, estabelecimentos comerciais e industriais, atividades domésticas, lazer. E as principais consequências são: perda total da audição, perda parcial, zumbido frequente, tontura; afeta o equilíbrio psíquico, o coração, a pressão arterial, a circulação, a concentração; provoca insônia, taquicardia, contrações musculares, impotência, etc. Figura 6. Exemplo de poluição sonora: congestionamento em grandes cidades. Fonte: iStock/Getty Images 18 19 Poluição do ar A poluição do ar pode provocar danos também aos solos e águas através de efeitos como a chuva ácida, e a deposição de poeiras contaminantes no solo e nas bacias hidrográficas. As principais causas da poluição do ar são: indústrias, agricultura (queimadas, e poluentes lançados no ar como pesticidas), usinas de geração de energia, domicílios, escapamentos de veículos de transporte, etc. E as principais consequências são: irritação das vias respiratórias, inversão térmica, efeito estufa, destruição da camada de ozônio, chuva ácida, etc. Figura 7. Exemplos de poluição atmosférica. Fonte: iStock/Getty Images 19 UNIDADE Tipos de Poluição, Caracterização das Águas e Tratamento Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Para complementar os conhecimentos adquiridos nesta unidade, pesquise: Sites Recursos Hídricos http://goo.gl/ypPZPZ Águas Subterrâneas no Brasil http://goo.gl/UTykoa Vigiagua http://goo.gl/76ghA3 Esse material enriquecerá sua compreensão a respeito das propriedades e qualidade das águas estudadas. Bom estudo! 20 21 Referências AMBIÊNCIA SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS. Poluição do ar. Disponível em: <http://www.ambiencia.org/site/publicacoes/publicacoes/semana-do-urbanismo/ a-insustentabilidade-nas-cidades/poluicao-do-ar/>. Acesso em: 21 set. 2015. BATTALHA, B. H. L. Controle da qualidade da água para consumo humano. CETESB, 1977. COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Qualidade da água. Disponível em: <http://site.sabesp.com.br/site/interna/ Default.aspx?secaoId=40>. Acesso em: 16 set. 2015. IMHOFF, K. I.; IMHOFF, K. R. Manual de tratamento de águas residuárias. São Paulo: Edgard Blücher Ltda, 2002. 3ª reimpressão. INSTITUTO MOVIMENTO ORGÂNICO. Porque não dá para ser meio orgânico. Disponível em: <http://www.organicas.org/meio-organico/>. Acesso em 14 set. 2015. JORDÃO, E. P.; PESSOA, C. A. Tratamento de esgotos domésticos: concepção clássica de tratamentos de esgoto. CETESB, 1975. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Qualidade da água. Disponível em: <http://portalsaude. saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/770- secretaria-svs/vigilancia-de-a-a-z/vigilancia-da-qualidade-da-agua-vigiagua/11490- perguntas-e-respostas>. Acesso em: 15 set. 2015. MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DA PARAÍBA. Poluição visual no Centro Histórico de JP é discutida na Promotoria do Meio Ambiente. Disponível em: <http://www.mppb.mp.br/index.php/noticias-android/92-meio-ambiente/815- poluicao-visual-no-centro-historico-de-jp-e-discutida-na-promotoria-do-meio- ambiente>. Acesso em: 16 set. 2015. PORTAL BRASIL. Paraíba estipula as metas do pacto das águas. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2013/07/paraiba-pb-estipula-as-metas- do-pacto-das-aguas/planeta-agua/image_view_fullscreen>. Acesso em: 15 set. 2015. PORTAL DO GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. SP economizou 180 bilhões de litros de água até junho de 2015. Disponível em: <http://www. saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenoticia2.php?id=241851&c=6>. Acesso em: 16 set. 2015 RICHTER, C. A.; NETTO, J, M. A. Tratamento de água tecnologia atualizada. São Paulo: Edgard Blücher Ltda, 2002. 4ª reimpressão. RODRIGUES, A. B. Tratamento e destino dos esgotos domésticos no meio rural. Porto Alegre: Emater, 2003. 21 UMBUZEIRO, G. A. Guia de potabilidade para substâncias químicas. Disponível em: <http://www.abas.org/arquivos/guiapotabilidade.pdf>. Publicação 10/2012. Acesso em: 16 set. 2015. VON SPERLLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. Editora da UFMG, 1996. 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