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Domínios Morfoclimáticos do Brasil Dra. Neliane de Sousa Alves Estruturas Cristalinas e Sedimentares do continente Sul-Americano Estrutura Geológica do Brasil Plataforma Sul-Americana A formação desta plataforma processou-se complexa e dramaticamente, durante todo o Pré-cambriano, consolidando- se no fim deste Éon, e até hoje ela evolui, porém de modo mais calmo. O conceito de Plataforma Sul-Americana corresponde à fração continental da placa homônima que permaneceu estável e funcionou como antepais (bacia de frente de cadeias) durante a evolução das faixas móveis do Caribe (norte) e Andina (a oeste), ao mesmo tempo em que se processavam a abertura e o desenvolvimento do Atlântico Sul, no Meso-Cenozoico. Esta foi parcela, ao longo do Paleozoico, do supercontinente Gondwana Ocidental, de consolidação entre o final do neoproterozoico e o eo-ordoviciano Plataforma Sul-Americana Atualmente entende-se por Plataforma Sul- Americana a vasta fração continental da placa tectônica homônima que permaneceu estável constituída pelo mosaico de núcleos cratônicos de idade paleoarqueozóica e antigos fragmentos crustais envoltos por cinturões móveis do Proterozóico. Plataforma Sul-Americana A Plataforma Sul-Americana tem sua configuração advinda da intrincada história policíclica de seu embasamento que vai do Paleoarqueano (ao redor de 3,5 Ga) ao Eo-Ordoviciano (0,50 a 0,48 Ga). A evolução e a cratonização do embasamento dobrado da Plataforma Sul-Americana completou-se ao encerrar-se o Pré- cambriano e ao alvorecer do Paleozoico, e seus afloramentos ocorrem em extensas regiões estáveis chamados de Escudo Brasileiro e Escudo das Guianas. Durante o Paleozoico a Plataforma Sul-Americana era um vasto componente de uma massa continental por sua vez extensíssima, o supercontinente Gondwana Ocidental. Plataforma Sul-Americana O Gondwana Ocidental se consolidou entre o final do Neoproterozóico e o início do Ordoviciano, sendo, por conseguinte, formalmente epi-Brasiliana, em relação à sua estruturação básica e ao último ciclo orogenético importante do embasamento, e sinandina, no tocante ao conceito de estabilidade relativa. A aglutinação de massas continentais, a partir do Triássico Médio, originou o supercontinente Pangea. Lentamente iniciaram-se o processo de sua separação e abertura, que geraram o Mar do Caribe, assim como, o Atlântico Central, o Meridional e o Equatorial. Estes se expandiram, emendaram-se completamente ao final do Cretáceo, surgindo a conspícua e longa feição denominada de margem continental passiva ou Atlântica. Plataforma Sul-Americana Mais de 75% do Brasil se encontram nessa plataforma fanerozoica, partilhando-a ao norte com a Colômbia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa e em parte com a Venezuela. A Plataforma Sul-Americana, no seu setor ocidental, inclui também regiões do território boliviano, e ao sul, parte do Paraguai e todo o Uruguai. A Plataforma abarca ainda o centro e parte do norte da Argentina. As zonas lindeiras da Plataforma Sul-Americana, com os cinturões móveis do Fanerozoico são parcialmente inferidas, por estarem, em geral, ocultas sob depósitos modernos. Foram geradas as bacias subandinas de antepaís, durante o Neocenozoico, que se expandem da Venezuela até o sul da Argentina. Plataforma Sul-Americana A Cordilheira dos Andes, em toda a sua extensão é a parte de grande mobilidade do continente envolvendo a Plataforma Sul-Americana. Nela inclui-se o Bloco da Patagônia, uma microplaca litosférica aglutinada à Cordilheira dos Andes, por colisão e falhas transformantes; este bloco teve sempre alta instabilidade com repetidas reativações tectônicas. Plataforma Sul-Americana São conhecidos afloramentos do embasamento da Plataforma Sul-Americana nos chamados escudos (shields). Na sua parte centro-ocidental, no Brasil e áreas adjacentes da Bolívia tem-se o Escudo Brasil Central. Na parte setentrional da plataforma o Escudo das Guianas. E perlongando toda a área costeira brasileira, tem-se o Escudo Atlântico, cujos afloramentos se devem a processos termotectônicos, soerguimentos e reativações erosivas que se instalaram durante e após a deriva continental pós- Triássica. O Escudo Atlântico se estende do noroeste do Ceará ao Rio Grande do Sul (onde já recebeu o nome de Escudo Sulriograndense) e estuário do Rio de La Plata, já no Uruguai e Argentina. Escudos Pré-cambrianos Arcabouço Geológico do Brasil Ausência de dobramentos modernos e eventos vulcânicos no Cenozoico Atual: Depósitos quaternários fluviais e marinhos Atividades neotectônicas a partir do Mioceno Médio interferindo no regime erosivo e sedimentar Por conta da complexidade de geologia de um país de dimensões continentais, Almeida (1967) e Pires (2001) aplicaram para o Brasil o conceito de províncias estruturais Províncias Estruturais Províncias estruturais: largas regiões geológicas naturais que mostram/apresentam feições estratigráficas, tectônicas, magmáticas e metamórficas próprias e diferentes das apresentadas pelas províncias confinantes Os limites escolhidos para estas províncias foram de caráter geologicamente bem definido (falhas e zonas de falhas, frontes metamórficos, zonas de antepaís, limites erosionais de áreas sedimentares) e limites arbitrários/convencionais (limites mal definidos geologicamente, falta de conhecimento adequado no estágio de conhecimento, etc.) Províncias Estruturais Almeida et al. (1977) e Almeida et al. (1981), reconheceram dez províncias estruturais: Província Amazônica Província Tapajós Província Rio Branco Província Parnaíba Província São Francisco Província Borborema Província Tocantins Província Mantiqueira Província Paraná Província Costeira e Margem Continental Províncias Estruturais O Serviço Geológico do Brasil divide o país em 16 províncias: Cráton Amazônico, com as províncias: 1. Transamazonas. 2. Carajás. 3. Amazônia Central. 4. Tapajós – Parima. 5. Rondônia – Juruena. 6. Rio Negro. 7. Sunsás. 8. Cráton São Francisco. 9. Província Borborema: Domínio Setentrional, Domínio Central (Zona transversal), Domínio Meridional (Perifranciscano). 10.Tocantins (Brasil Central). 11. Mantiqueira: Sistema Araçuaí; Sistema Mantiqueira Norte. Sistema Mantiqueira Central (Ribeira). Cráton Luís Alves - Sistema Dom Feliciano. 12. Amazonas (Acre, Solimões, Médio e Baixo Amazonas, Marajó). 13. Parnaíba: Araticum –Tianguá e Tianguá – Gilbués; 14. Parecis. 15. Paraná: N. Paraná, S. Paraná, Chaco. 16. Planície Costeira e Margem Continental: Atlântico Equatorial, Atlântico Central, Atlântico Austral. Escudos cristalinos A dinâmica crustal intercala, ao longo do tempo geológico, processos de amalgamação e fragmentação continental – épocas de continente único e épocas de continente fragmentário Megacontinentes – após a consolidação da crosta no Arqueano Estes antecederam Pangea Atlântica, Colúmbia e Rodínia Unidos e separados por ciclos de fusões e fissões: Primeira fusão: colagem paleoproterozoica Primeira fissão: mesoproterozoico Segunda fusão: colagem do mesoproterozoico superior Segunda fissão: tafrogênese toniana Terceira fusão: colagem brasiliano pan-africana Terceira fissão: tafrogênese eopaleozoica Quarta fusão: colagem permo-triássica Quarta-fissão: fragmentação da Pangea Fusão do supercontinenteAtlântica – Paleoproterozoico Grande parte da atual Plataforma Sul-Americana partilhava da porção ocidental do Supercontinente Atlântica No final do Paleoproterozoico e início do Mesoproterozoico – fusão do Supercontinente Colúmbia No final do Mesoproterozoico – fusão do Supercontinente Rodínia Escudos Cristalinos O Cráton do São Francisco: Estava associado ao cráton do Congo no supercontinente Rodínia (1 Ga), sendo que a conformação da maior parte dessa área ocorreu há 2,6 G.a, acrescida de porções há 1,9 Ga (constituição rochosa anterior a 1,8 Ga) Pode ser segmentado em Plataforma Paleoproterozoica, Cinturão Mineiro (quadrilátero ferrífero) e Cinturão Paleoproterozoico do Leste da Bahia O limite cratônico com o oceano ocorre por meio do Rifte Recôncavo-Tucano-Jatobá, conformado no Cretáceo Inferior Escudos Cristalinos O cráton Amazônico Origem no Paleoproterozoico (2,2 Ga) Uma das principais unidades tectônica da América do Sul (5.600.000 km2) Separado da faixa orogênica Andina por extensiva cobertura cenozoica: Llanos colombianos, Llanos venezuelanos, Chaco paraguaioboliviano, etc Escudo das Guianas e Brasil Central Coberto por bacias fanerozoicas: NE – Maranhão, S – Xingu e Alto Tapajós, SW – Parecis, W – Solimões, N – Tacutu e centro - Amazonas Escudos Cristalinos O cráton de São Luiz Conformado há 2,08 Ga Apresenta semelhanças litoestratigráficas, estruturais, geocronológicas e geofísicas com o Cráton Oeste Africano, sobretudo com as unidades geológicas encontradas em Gana e Costa do Marfim Cráton São Luiz representa um fragmento do Cráton Oeste Africano na América do Sul, quando da ruptura de Gondwana. Escudos Cristalinos O cráton do Rio de la Plata: Origem neoproterozoica, constituído por sequências metamórficas de baixo grau, granitos e migmatitos, cobertas por sequências sedimentares. Forma junto como o cinturão Dom Feliciano o escudo Sul Riograndense. Bacias sedimentares As grandes bacias sedimentares ligadas à Plataforma Sul-Americana no Brasil tiveram seu preenchimento no Paleozoico-Mesozoico: Paleozoico: sedimentações marinas e continentais Mesozoico: sedimentações terrígenas com ingressões marinhas episódicas Cenozoico: Bacia do Amazonas – significativo aporte de sedimentos no Quaternário Bacias Sedimentares Paleozoico e Mesozoico Bacia do Paraná Bacia Amazônica Bacia do Parnaíba Bacias Sergipe-Alagoas, Recôncavo-Tucano, Campos, Santos, Marajó, Araripe, Barreirinha, São Luiz, Tacutu, Taubaté, Rezende e Volta Redonda Terciário: São Paulo e Curitiba Bacia do Paraná Possui formato alongado na direção NNE-SSO em 1750km de comprimento e 900km de largura 2/3 de sua porção brasileira estão cobertos por lavas basálticas que atingem até 1700m de espessura Deposição em 3 ambientes tectônicos vinculados à dinâmica geotectônica vigente na evolução de Gondwana, mediante 5 sequências deposicionais (Siluriana, Devoniana, Permocarbonífera, Triássica e Jurocretácea) Bacia do Paraná Suas extremidades são cercadas por uma auréola de cuestas basálticas posicionadas entre as depressões periféricas interplanálticas Estado de São Paulo: os relevos cuestiformes apresentam front voltado para o Planalto Atlântico precedido pela Depressão Periférica Paulista – extremidade oriental Extremidade oeste limita-se com a Bacia do Paraguai pela cuesta de Maracaju (MS) Norte: contato com o Planalto Central pela cuesta do Caiapó (GO) Bacia do Paraná Paleozoico: Predomínio de sedimentação marinha: Formação Furnas (Siluriano): depósitos regressivos Formação Ponta Grossa: arenitos transgressivos Formação Irati (SP): folhelhos – transgressiva - Permiano Formação Corumbataí (regressiva): conglomerados – Permiano Formações Itararé e Aquidauana: depósitos de geleiras em fácies variáveis de arenitos a diamictitos Mesozoico: Predomínio de sedimentação desértica em clima seco -Formações Piramboia/Botucatu: paleodunas Formação Serra Geral: derrame basáltico – Cretáceo Grupo Bauru: sedimentos Cenozoico: Formação Rio Claro – faixas restritas Bacia do Amazonas A história deposicional da Bacia do Amazonas inicia-se no Neo- Ordoviciano com a sedimentação glacial a marinho raso do Grupo Trombetas, cujas ingressões ocorrem de leste para oeste, tendo o Arco de Purus a função de barreira junto às bacias Solimões e Alto Tapajós. Reúne as formações Autás-Mirim (arenitos e folhelhos neríticos), Nhamundá (arenitos neríticos e depósitos glaciogênicos), Pitinga (folhelhos e diamictitos marinhos) e Manacapuru (arenitos e pelitos neríticos e litorâneos) Bacia do Amazonas Um novo ciclo transgressivo-regressivo ao longo do Devoniano-Carbonífero Inferior efetivou a deposição dos grupos Urupadi e Curuá, cujo estágio também levou ao desenvolvimento de sedimentação marinha e incursões glaciais. O Grupo Urupadi reúne as formações Maecuru (arenitos e pelitos neríticos e deltaicos) e Ererê (siltitos, folhelhos e arenitos neríticos e deltaicos). O Grupo Curuá agrega as formações Barreirinha (folhelho marinho), Curiri (diamictitos, folhelhos e siltitos glaciais), Oriximiná (arenitos e pelitos fluviais regressivos) e Faro (arenitos fluvio-deltáicos com influência de tempestades). Bacia do Amazonas Novo ciclo deposicional transgressivo-regressivo ocorreu na sinéclise Amazonas, entre o Neo-Carbonífero e Neo- Permiano, compreendendo a sedimentação continental e marinha do Grupo Tapajós associada a drásticas mudanças climáticas de frio para quente e árido. O grupo compreende as formações Monte Alegre (arenitos eólicos e wadis intercalados com siltitos e folhelhos de interdunas e lagos), Itaituba, Nova Olinda (calcários de inframaré e evaporitos de planície de sabkha) e Andirá (arenitos e folhelhos continentais e final do ciclo transgressivo- regressivo paleozóico). Bacia do Amazonas No Jurássico um evento distensional de direção E-W afetou a bacia, permitindo a intrusão de soleiras de diabásio e enxame de diques de variada direção. A Sequência Cretácea-Paleógena resulta do relaxamento dos esforços compressionais, propiciando sítios deposicionais à sedimentação de clásticos continentais do Grupo Javari. Formaram-se sistemas fluviais fluindo em direção ao Oceano Pacífico, com deposição de grande volume de sedimentos arenosos da Formação Alter do Chão. No Paleógeno, o início do soerguimento andino causou o isolamento da bacia Alter do Chão, cujos rios cederam lugar a extensos lagos alimentados por um sistema fluvial meandrante de baixa energia. A partir do Mioceno e paroxismo andino, foram depositados em ambiente flúvio- lacustre, sedimentos argilosos, sílticos e arenosos com níveis delgados de linhito e conchas de moluscos e cordatos da Formação Solimões Bacia do Parnaíba Siluro-Devoniano: Formação Serra Grande: arenitos Devoniano: Formações Pimenteiras (arenitos), Cabeças (folhelhos) e Monguá (siltitos) Permiano: Formações Poti (arenitos) e Piauí (folhelhos) Bacias sedimentares A reativação do escudo Atlântico durante a separação de Gondwana e a tectônica trafogênica associada, com profundos falhamentos na costa brasileira de orientação geral NE-SW, deram margem à sedimentação das bacias costeiras e interiores: Bacias Sergipe-Alagoas, Recôncavo-Tucano, Campos,Santos, Marajó, Araripe, Barreirinha, São Luiz, Tacutu, Taubaté, Rezende e Volta Redonda Bacias de São Paulo e Curitiba (Terciário) Mioceno: sedimentação da Formação Barreiras Coberturas Quaternárias Áreas de maiores expressões (CPRM, 2006): Amazônia Ocidental (AM) Ilha de Marajó (PA) Pantanal (MT/MS) Ilha do Bananal (MT/GO/TO) Regiões costeiras e planícies de inundação Referências TORRES, F. T. P.; NETO, R. M.; MENEZES, S. O. Introdução à Geomorfologia. Coleção textos básicos de Geografia. São Paulo: Cengage Learning, 2012 CAPUTO, M. V.; RODRIGUES, R.; VASCONCELOS, D. N. Litoestratigrafia da Bacia do Amazonas. Brasil: PETROBRAS/RENOR, 92p, 1971. CPRM. Geologia e Recursos minerais do Estado do Amazonas. Rio de Janeiro, 2008. CD-ROM.
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