I - conceito - características - considerações históricas - requisitos - classificação - legislação

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TEORIA GERAL DO DIREITO CAMBIÁRIO
1) – CONCEITO:
- É o documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido (art. 887/CCB): O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.
- Elementos Nucleares: Dilação temporal e boa-fé
- Mobilização de crédito: circulação de riquezas (bens e serviços)
2) – CARACTERÍSTICAS:
- é documento/cartularidade
- menciona uma ou mais obrigações literais e autônomas:
. solver um empréstimo – emitente da nota promissória / obrigação cambial assumida pelo avalista se o emitente não adimplir com a obrigação
. a invalidade do título de crédito não implica na nulidade do negócio jurídico que lhe deu causa
- habilita seu portador ao exercício concreto do crédito em face dos seus signatários (emitente e garantes) – dotado de executoriedade
. art. 585, I, CPC
. art. 783/CCB
- representa e substitui valores, podendo ser negociável (circularidade)
3) – EVOLUÇÃO HISTÓRICA:
- na Idade Antiga:
. o devedor respondia com sua própria vida/liberdade pelas obrigações assumidas (concepção personalíssima do crédito)
. Lei das XXI Tábuas: a garantia não era o patrimônio do devedor, mas a liberdade/vida deste
. Lex Poetellia-Papira (428 a.C): substitui a execução pessoal pela execução patrimonial, limitando o caráter privado da execução
- na Idade Média:
. comércio das cidades-estados italianas
. título de crédito surgi com caráter mercantil: utilizados apenas pelo seus respectivos titulares
4) – REQUISITOS:
- invariáveis:
. cartularidade: para a sua cobrança/execução é necessária a apresentação de seu original
. literalidade: vale o que nele está escrito
. autonomia: as obrigações representadas por um mesmo título são independentes
- o portador do título pode exercitar o seu direito de crédito sem qualquer dependência das outras relações obrigacionais que o antecederam
- inoponibilidade das exceções (art. 17/L.U.; art. 891, parág. único/CCB)
- eventuais:
. causalidade: os títulos de crédito independe das obrigações nas quais se originaram para serem cobrados (nota promissória/cheque)
- exceções: Duplicata Mercantil (Lei 5.474/1968); Cédula de Crédito Rural (Dl 167/1967)
. abstração: o título de crédito em circulação é bastante para a presunção de validade do negócio jurídico que o originou, não dependendo de sua causa debendi.
5) – CLASSIFICAÇÃO:
a – quanto ao modelo:
. vinculados: 
- produzem efeitos cambiais quando atende ao padrão exigido (cheque/duplicata)
- não há liberdade para escolher a disposição 
. livres: 
- por não existir padrão de utilização obrigatória, o emitente pode dispor à vontade quanto aos elementos essenciais do título
- letra de câmbio/nota promissória: qualquer papel, desde que atendidos os requisitos que a lei estabeleceu, pode ser considerado como tal
b – quanto à estrutura:
. ordem de pagamento: geram no momento do saque três situações jurídicas distintas:
- a do sacador: que ordenou emitiu o título de crédito e ordenou o pagamento
- a do sacado: para quem a ordem foi dirigida e que irá cumpri-la, se atendidas as condições para tanto – aceite
- a do tomador: beneficiário da ordem de pagamento
. promessa de pagamento: a emissão do título de crédito dá ensejo apenas a duas situações jurídicas
- a do promitente: que assume a obrigação de pagar
- a do beneficiário da promessa: portador da NP/LC
c – quanto às hipóteses de emissão:
. causais: somente podem ser emitidos nas hipóteses autorizadas por lei (D.M./C.R.H)
. limitados: não podem ser emitidos em algumas hipóteses, conforme previsto em lei 
- a L.C. não pode ser sacada pelo comerciante para documentar o crédito nascido da compra e venda mercantil (Art. 2º da Lei 5.474/1968)
. não causais: podem ser criados em qualquer hipóteses (cheque/NP)
d – quanto à circulação:
. ao portador: 
- não indica o nome do credor/tomador
- circulam pela mera tradição (Art. 904/CCB)
- a L.C. e a NP não podem ser emitidas ao portador, devendo indicar o nome do credor/tomador
. nominativos:
- identificam o titular do crédito
- transfere-se por endosso em preto (Art. 921/CCB)
- ações nominativas de uma S.A
. à ordem:
- emitidos em favor de pessoa determinada
- transfere-se por simples endosso, sem qualquer formalidade (Arts. 910 e ss/CCB)
. nominativos não à ordem:
- identificam o credor
- circulam somente por cessão civil do crédito (não imuniza o cessionário das exceções pessoais oponíveis ao seu cedente)
- vedado o endosso
e – quanto às pessoas que emitem os títulos de créditos:
. público: emitidos por pessoas de direito público
. privados: emitidos por pessoa física ou jurídica, empresárias ou não
f – quanto ao seu conteúdo:
. títulos de créditos propriamente ditos: 
- dão direito a uma prestação de coisas fungíveis (L.C./cédula hipotecária)
. títulos que servem para a aquisição de direitos reais sobre coisa determiandas:
- conhecimento de embarque
- conhecimento de depósito
. títulos que atribuem qualidade de sócio
- ações de uma empresa S.A
. títulos que dão direito a algum serviço
- bilhetes de viagens e de transporte
6) – LEGISLAÇÃO CAMBIÁRIA:
•	Títulos de crédito em geral (Arts. 887/926 do CCB)
•	Letra de câmbio (Decreto n.º 2.044, de 31 de dezembro de 1908, alterado pelo Decreto n.º 57.663, de 24/01/1966 - Lei Uniforme de Genebra)
•	Nota promissória (Decreto n.º 2.044, de 31 de dezembro de 1908, alterado pelo Decreto n.º 57.663, de 24/01/1966 - Lei Uniforme de Genebra)
•	Cheque (Lei n.º 7.357, de 02/09/1985, e Decreto n.º 1.240, de 25/09/1994)
•	Duplicata Mercantil (Lei n.º 5.474, de 18/07/1968, e modificações posteriores)
•	Conhecimento de Depósito (Decreto n.º 1.102, de 21/11/1903)
•	“Warrant” (Decreto n.º 1.102, de 21/11/1903)
•	Conhecimento de Transporte (Decreto n.º 19.473, de 10/12/1930)
•	Letra hipotecária (Decreto n.º 169-A, de 19/01/1890)
•	Títulos de crédito rural (Dec-Lei n.º 167, de 14/02/1967):
- cédula rural pignoratícia
- cédula rural hipotecária
- cédula rural pignoratícia e hipotecária
- nota de crédito rural
- nota promissória rural
- duplicata rural
•	Letra imobiliária (Lei n.º 4.380, de 21/08/1964)
•	Certificado de depósito bancário (Lei n.º 4.728, de 14/07/1965)
•	Cédula de crédito bancário (MP n.º 1.925-1, de 11/11/1999)
•	Títulos de crédito industrial (Dec.-Lei n.º 413, de 09/01/1969):
- cédula de crédito industrial
- nota de crédito industrial
•	Títulos de sociedades por ações (Lei n.º 6.404, de 15/12/1976):
- ações
- certificado de depósito de ações
- partes beneficiárias
- certificado de depósito de partes beneficiárias
- debêntures
- certificado de depósito de debêntures
- cédula pignoratícia de debêntures
- bônus de subscrição de ações;
•	Bilhete de mercadoria (Lei n.º 165-A/1890)
•	Cédula hipotecária (Dec.-Lei n.º 70, de 21/11/1966)
•	Certificado de depósito em garantia (Lei n.º 4.728, de 14/07/1965)
•	Certificado de investimento (Resolução n.º 145, de 14/04/1970, do BACEN)
•	Títulos de crédito comercial (Lei n.º 6.840, de 03/11/1980)
	- cédula de crédito comercial;
	
- nota de crédito comercial.
•	Títulos de crédito agronegócio (Lei nº 11.076/2004):
	 - Certificado de Depósito Agropecuário – CDA
	
- Warrant Agropecuário – WA
	
- Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio – CDCA
	
- Letra de Crédito do Agronegócio – LCA
	
- Certificado de Recebíveis do Agronegócio – CRA