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A Guerra de Canudos foi um conflito sangrento ocorrido entre 1896 e 1897 no sertão da Bahia, envolvendo a comunidade liderada por Antônio Conselheiro e o Exército Brasileiro. Contexto: No final do século XIX, a região do sertão nordestino enfrentava grave crise social e econômica, marcada pela seca, pobreza, desemprego e a concentração de terras nas mãos de poucos latifundiários. A Proclamação da República em 1889 trouxe novas cobranças de impostos e o fim do apoio da monarquia, intensificando o sofrimento da população. Nesse cenário, surgiu Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido como Antônio Conselheiro, um líder religioso que pregava uma vida comunitária, a rejeição à República e oferecia apoio espiritual e social aos sertanejos marginalizados. A comunidade que se formou em torno dele, chamada de Belo Monte ou Canudos, atraiu milhares de pessoas, tornando-se um polo de resistência e uma ameaça para as elites locais, a Igreja Católica e o governo republicano. Resumo do Conflito: O crescimento e a autonomia de Canudos foram vistos com desconfiança pelas autoridades, que temiam uma possível restauração da monarquia devido às críticas de Antônio Conselheiro à República. Após alguns incidentes e sob forte pressão da elite baiana e da imprensa, o governo enviou quatro expedições militares para destruir Canudos. As três primeiras foram derrotadas pela forte resistência dos sertanejos, que conheciam bem o terreno e lutavam com determinação. A quarta e maior expedição, com milhares de soldados fortemente armados, sitiou Canudos por meses, culminando em violentos combates e na destruição completa do arraial em outubro de 1897. Consequências: A Guerra de Canudos resultou na morte de milhares de sertanejos, incluindo mulheres e crianças, e de muitos soldados do exército. O arraial de Canudos foi totalmente destruído e incendiado. A cabeça de Antônio Conselheiro foi degolada e exposta como um troféu, simbolizando a vitória da República sobre o movimento. O conflito marcou profundamente a história do Brasil, expondo a desigualdade social, o descaso do governo com a população do sertão e a violência da repressão contra movimentos populares. A Guerra de Canudos se tornou um símbolo de resistência e um tema central na literatura e no imaginário social brasileiro, imortalizado na obra "Os Sertões" de Euclides da Cunha.