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ENADE – PRODUÇÃO DE TEXTO, PERCEPÇÃO LÓGICA E CRIATIVA Leia o texto abaixo. Enfermo a 14 de novembro, na segunda-feira o velho Lima voltou ao trabalho, ignorando que no entretempo caíra o regime. Sentou-se, e viu que tinham tirado da parede a velha litografia representando D. Pedro de Alcântara. Como na ocasião passasse um contínuo, perguntou-lhe: – Por que tiraram da parede o retrato de sua majestade? O contínuo respondeu, num tom lentamente desdenhoso: – Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro Banana? – Pedro Banana! – repetiu raivoso o velho Lima. E sentando-se, pensou com tristeza: – Não dou três anos para que isto seja uma república! (Arthur de Azevedo. Vidas Alheias (1901). In: Lilia Moritz Schwarcz. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 470) Este texto literário indica: 1. os conflitos de uma sociedade em transição, que passava por mudanças na configuração da mão de obra e no cenário econômico, assim como intensa disputa entre as elites pelo controle do poder governamental. 2. as mudanças sociais trazidas pela guerra contra o Paraguai, com a vitória brasileira fortalecendo a monarquia e ampliando o apoio ao imperador, inclusive entre setores populares. 3. a intensa participação popular no golpe militar que marcou o final da monarquia e o início da república, bastante valorizada pelos intelectuais do período. 4. as dinâmicas que caracterizaram esse período de transição, com as mudanças políticas acontecendo desvinculadas do cenário social e econômico. Sangrando espuma Parou de chover e a baía de Angra está deserta. A superfície do mar é lâmina mesclada de verde e cinza onde a luz do sol, refletida, cria um céu cheio de estrelas. Ao fundo, ilhas e montanhas com suas escarpas cobertas, ainda, pela vegetação atlântica, formam um degradê que se esbate em direção ao infinito. Ouço o barulho de um motor. Surge no horizonte uma pequena lancha. Corta a superfície espelhada, que sangra espuma. A princípio aquilo me agride. Mas depois reconheço que há beleza nessa intervenção do homem. São os nossos rastros. (SEIXAS, H. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: Tinta Negra Bazar Editorial, 2010) Um texto literário possibilita, na maioria das vezes, leitura polissêmica. Sobre leituras desse texto, assinale a que NÃO é possível. 1. Entre superfície do mar e lâmina a característica comum é a espessura; entre superfície do mar e céu, é o brilho. 2. Desde o início do conto, o eu lírico percebe que os elementos da natureza se encontram em desequilíbrio. 3. A sequência descritiva no início do conto mostra ao leitor que, antes de a lancha surgir, havia tranquilidade. 4. O atrito da lancha com a superfície do mar provoca movimentos da água, comparados a ferimentos, por isso usou-se o verbo sangrar. A democratização do acesso fez bem à última edição da Festa Literária Internacional de Pernambuco – FLIPORTO, que pela primeira vez não cobrou ingresso para o seu congresso literário. Quem circulou por Olinda no feriadão da Proclamação da República pôde conferir o comparecimento de um público mais diversificado e curioso pela leitura. Este texto foi publicado, em 24.11.2013, no Jornal do Commercio. Não tem crédito de autoria. Pelas suas características trata-se de: 1. Texto literário de crítica 2. Texto literário informativo 3. Texto não literário de ensaio 4. Texto não literário informativo Assinale a alternativa que apresenta a característica inerente ao texto literário. 1. Inconsistência do plano da expressão. 2. Criação de denotações. 3. Padrão formal rígido. 4. Plurissignificação.