Buscar

Perícia Criminal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PERÍCIA CRIMINAL
OBJETIVOS E CARACTERÍSTICAS GERAIS
Na perícia criminal o principal profissional envolvido, via de regra, é o psiquiatra. O psicólogo pode participar através do fornecimento de subsídios à perícia psiquiátrica, sobretudo mediante a aplicação de testes psicológicos. Alguns testes, por força de lei, só podem ser aplicados por psicólogos.
Para as perícias criminais, segundo o Código de Processo Penal (CPP), para o encargo pericial é obrigatório o trabalho de dois peritos oficiais concomitantemente. 
1 - Verificação da capacidade de imputação nos incidentes de insanidade mental. Nesses casos está em jogo a imputabilidade, normalmente atrelada à capacidade da pessoa discernir o que faz, ter noção do caráter ilícito do ato e de se auto-determinar conforme esse entendimento.
2 - Verificação da capacidade de imputação nos incidentes de farmacodependência. Trata-se da difícil avaliação da imputabilidade ou semi-imputabilidade que se aplicam aos dependentes químicos e alcoolistas.
3 - Exames de cessação de periculosidade nos sentenciados à medida de segurança. Ocorre quando as pessoas internadas em casas de custódia (manicômio judiciário) ou em tratamento ambulatorial compulsório são avaliadas para, mediante laudo, terem cessado a periculosidade que determinou a medida de segurança.
4 - Avaliação de transtornos mentais em casos de lesão corporal e crimes sexuais 
Eixos da investigação criminal
De todas essas tarefas, uma assume um grau de importância muito grande na área criminal: a avaliação da imputabilidade ou da inimputabilidade daquele que cometeu um ato criminoso. 
A necessidade de assessoria da perícia criminal psiquiátrica/psicológica, origina no fato inconteste de que determinados transtornos mentais prejudicam a capacidade de discernimento, de controlar impulsos e a capacidade de decidir com plena liberdade. 
É importante ressaltar que o diagnóstico de transtorno mental no criminoso não basta. Apesar de fundamental para a perícia, a identificação de alguma doença ou transtorno mental no indivíduo periciado é apenas parte do trabalho. 
Histórico da doença/transtorno mental
Na hipótese de existência de alguma doença ou alteração mental, a atitude pericial mais importante é saber se esta alteração já existia por ocasião do ato que determinou a perícia ou se surgiu depois, quer dizer, é importante saber se a alteração ou doença é subsequente ou não ao fato que determinou a perícia.
Se o transtorno mental for identificado como existente antes ou durante o processo criminal, este será suspenso para tratamento do sujeito. Se constatado seu surgimento durante o cumprimento da pena, esta também será interrompida, podendo se transformar em medida de segurança.
A relação entre a doença e o ato criminoso
Além do momento em que se dá o surgimento do transtorno mental, também é importante identificar que tipo de relação existe entre o transtorno diagnosticado e o crime cometido. Nesse aspecto a perícia criminal normalmente visa avaliar a responsabilidade penal do examinado, ou seja, avaliar se essa pessoa apresentava algum transtorno mental no momento do crime e se tal transtorno comprometeu a capacidade de entender o caráter e a natureza de seu ato, bem como se comprometeu também a capacidade de se determinar de acordo com esse entendimento. Na realidade o perito oferecerá à justiça subsídios para avaliar se o réu é imputável, semi-imputável ou inimputável. 
Dessa forma a perícia criminal pode agir com dois objetivos diferentes:
	Determinar se um criminoso apresenta condição de saúde mental para ser processado e cumprir sua pena, o que também é conhecido como responsabilidade penal,
	E se o mesmo tinha ou não condição de se responsabilizar por seus atos no momento do crime, ou seja a imputabilidade. 
Os aspectos surgidos durante a perícia que levam a um diagnóstico psiquiátrico relevantes precisam se identificar com uma ou mais das quatro figuras jurídicas previstas no código penal: 
	– Doença mental
	– Desenvolvimento mental retardado
	– Desenvolvimento mental incompleto
	– Perturbação da Saúde Mental
Imputabilidade e Inimputabilidade
“A imputação de uma pena pressupõe que o agente do fato (autor) seja capaz de compreender o caráter ilícito de sua conduta ou de agir de acordo com esse entendimento” (Trindade, J. Manual de Psicologia Jurídica para Operadores do Direito, ed. Livraria do Advogado, Porto Alegre – 2007).
Existem dois tipos de Inimputabilidade penal:
	Aquela que diz respeito aos menores de 18 anos e que se baseia no princípio que a criança e o adolescente são pessoas ainda em fase de desenvolvimento e, portanto, não totalmente capazes de se responsabilizar por seus atos.
	Aquela sobre o que dispõe o artigo 26, caput, do Código Penal: “É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”. 
A declaração de inimputabilidade do autor do crime acarreta não em pena, mas em medida de segurança, que geralmente consiste em internação psiquiátrica para tratamento, mas podendo consistir também, dependendo do crime e do grau de periculosidade do sujeito em tratamento ambulatorial.
A medida de segurança é válida por tempo indeterminado, devendo persistir até a “cura” do indivíduo.
Já sobre a semi-imputabilidade fala o parágrafo único do mesmo artigo: “A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.” 
A semi-imputabilidade diz respeito a uma gradação do nível de capacidade do autor do crime em entender o caráter criminoso de sua ação bem como de agir de acordo com esse conhecimento. Ela implica a existência de uma situação atenuante que aponta para a necessidade de um pena mais branda ou até mesmo a aplicação de medida de segurança. Contraditoriamente tais casos ocorrem com freqüência em criminosos com sérios transtornos de personalidade, também chamados de psicopatas, e que comumente apresentam um potencial de periculosidade bem maior do que os julgados como criminosos normais. O Brasil é um dos poucos países no mundo onde se aplica o conceito de semi-imputabilidade. 
O Exame Psíquico
Um dos principais instrumentos utilizados pela perícia criminal é o chamado exame psíquico que consiste em avaliar separadamente as várias funções psíquicas do sujeito para então proceder à avaliação de seu estado mental e, consequentemente, ao diagnóstico de algum transtorno mental.
As funções psíquicas avaliadas no exame psíquico são:
	1.        Aparência 	Modo de se vestir, de andar, falar, expressão facial, tiques, postura, trejeitos, gírias, etc. É realizada apenas com a observação do paciente.
	2.        Nível de Consciência 	Grau de lucidez e exame quanto à capacidade de orientação, atenção e concentração. É afetada principalmente em casos de Traumatismo Craniano, Infecções, Tumores, Intoxicações Exógenas ou Endógenas, Epilepsia, ou seja, casos de comprovada alteração orgânica. Há que se testar a orientação do paciente quanto a si mesmo e no tempo e espaço. Lentidão nas respostas ou necessidade de repetição freqüente das perguntas podem ser indicativos de déficit de atenção, assim como distratibilidade fácil.
	3.        Memória 	Deve ser investigada em seus componentes imediato e tardio (fixação e evocação). Estará alterada nos mesmos casos anteriores e nas Demências, podendo ser testada com pequenos testes de repetição de palavras, histórias, etc. O exame conhecido como “Mini Mental” é muito útil. Em alguns casos, o paciente pode “preencher” os vazios de memória com fabulações mais ou menos inconscientes, ou mesmo alucinar dados de memória.
	4.        Inteligência 	Definida como uma capacidade de adaptação ou de “resolução de problema”, é muito afetadapela cultura, o que muitas vezes pode causar confusão no examinador. Interpretação de provérbios populares sempre ajuda e o paciente com déficit intelectual demonstrará dificuldades, tendendo a interpretações concretas, voltadas para sua realidade imediata. O psicótico também tende a fazer interpretações concretas ou mesmos adaptá-las ao seu delírio.
	5.        Afetividade	 Incluem-se aqui o humor básico do paciente, o estado de animo atual, o nível de envolvimento com atividades rotineiras, se há alegria mórbida, euforia, tristeza, depressão, incongruência entre discurso e afetos, ambivalência afetiva, raiva, ira, embotamento afetivo, etc. O modo com que o paciente fala de seus entes queridos, de seu trabalho, das coisas que gosta de fazer, sua expressão facial, são fundamentais para a avaliação.
	6.        Sensopercepção	Avalia-se aqui o sensório do paciente em todos os sentidos básicos: audição, visão, gustação, olfação e tato. Se há presença de ilusões e alucinações. Quadros ricamente floridos com fenômenos alucinatórios são típicos de psicoses esquizofrênicas, alcoolismo e uso de drogas.
	7.	Vontade	Investiga-se aqui o grau em que o paciente busca conseguir as coisas que deseja, as atitudes que toma. Está intimamente ligada à afetividade. O paciente pode estar hipobúlico, hiperbúlico ou mesmo abúlico.
	8.        Psicomotricidade	Muito dependente da vontade e da afetividade, expressa o nível de atividade motora do paciente, deve-se investigar se está excessiva ou inibida, se tem finalidade prática ou não, se as atividades são concluídas ou não. 
	9.        Pensamento	Deve ser examinado quanto ao seu curso, sua forma e seu conteúdo. Existem inúmeras alterações de pensamento, a maioria é decorrente de quadros psicóticos esquizofrênicos ou de distúrbios afetivos. Quanto ao curso, este pode estar acelerado, com desvios do curso em que se perde o “fio da meada”, lento, com demora nas respostas, ou interrompido. Quanto à forma, pode haver desagregação, tangencialidade, bloqueio, perseveração, ecolalia, etc. Quanto ao conteúdo, pode haver idéias delirantes dos mais diversos tipos, idéias deliróides, erros de interpretação, fusões de pensamentos com criação de neologismos, etc.

Outros materiais