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BIOÉTICA E LEGISLAÇÃO ÉTICA NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

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BIOÉTICA E LEGISLAÇÃO ÉTICA NA ASSISTÊNCIA DE 
ENFERMAGEM 
Introdução 
A discussão ética tem caráter dinâmico, haja vista que os valores são mutáveis e 
acompanham a evolução histórica e se encontra consubstanciado no contexto 
sociocultural, político e econômico, sendo que em suas relações diárias o homem se 
confronta com a necessidade (intrínseca) de pautar seu comportamento em normas 
socialmente estabelecidas e entendidas como obrigatórias. Filosoficamente, ética é um 
“conjunto de princípios morais que regem os direitos e deveres de cada um de nós e que 
são estabelecidos e aceitos numa época por determinada comunidade humana” (Padilha, 
1995). 
“A partir da compreensão de que os homens agem moralmente na 
sociedade é que, de acordo com as normas, as pessoas guiam as suas 
ações e compreendem que têm o dever de agir desta ou de outra 
maneira, além de refletirem sobre o seu comportamento na vida 
prática e o tomarem como objeto da sua reflexão” (Vázquez, 2002). 
Na interface das práticas de saúde, surge nos Estados Unidos na década de 70 a 
Bioética, que se ocupa em disciplinar as práticas assistenciais no campo da saúde, 
estabelecendo quatro princípios – autonomia, beneficência, não maleficência e justiça – 
que primam pelo respeito ao indivíduo, entendendo que a ética nas atividades em saúde 
não deve ser pontual e sim, uma postura adotada pelos profissionais que devem assumir 
a responsabilidade social e respeitar o direito à cidadania. Nesse contexto, se faz 
necessário que a Enfermagem avalie sua postura e suas práticas não apenas sob a 
perspectiva deontológica, e sim, analise sua atuação compreendendo a complexidade 
dos fatores envolvidos – cultura, religião e ciência – pautada no diálogo, tolerância e 
respeito a todas as partes envolvidas. O Código de Ética dos Profissionais de 
Enfermagem (CEPE 2007) aponta normas e princípios que orientam as práticas de 
Enfermagem, cabendo aos conselhos à fiscalização do exercício profissional bem como 
decisões sobre dilemas que envolvem a ética profissional. 
Objetivo 
Explanar os conceitos de ética e bioética, discutir a importância das práticas de 
enfermagem pautada nestes princípios subsidiados pelo Código de Ética dos 
Profissionais de Enfermagem, aproximando a teoria ao contexto assistencial. 
Metodologia 
O presente estudo constitui uma revisão de literatura. No período de 01 a 14 de maio foi 
realizada uma busca sistemática nos indexadores SciELO e BVS (Biblioteca Virtual de 
Saúde) com as seguintes palavras-chave: ética, bioética, ética na enfermagem, bioética 
na enfermagem e assistência de enfermagem. Após a busca foi realizada a revisão dos 
21 artigos selecionados, sendo estes 5 originais, 14 de revisão e 2 relatos de 
experiência.. Não foram impostos limites para o idioma da publicação, idade ou gênero. 
Todos os artigos identificados foram obtidos e seus conteúdos revisados. Para ser 
incluído no estudo, o artigo deveria conter valores e conceitos pertinentes ao tema 
propostos pelos autores. Para embasar as discussões utilizou-se também um capítulo de 
livro, quatro leis e uma resolução. 
Resultados 
Princípios da Bioética 
Bioética (ou ética da vida) no campo filosófico corresponde ao “estudo sistemático das 
dimensões morais – incluindo visão moral, decisões, condutas e políticas – das ciências 
da vida e atenção à saúde, utilizando uma variedade de metodologias éticas em um 
cenário interdisciplinar” (Reich, 1995). Nessa perspectiva, o cuidar em enfermagem 
implica não somente a execução da técnica, e sim, sensibilizar-se com o sujeito 
assistido e ter empatia pelo ato de cuidar. Tom L. Beauchamp e James F. Childress em 
1979 publicaram o livro Principles of Biomedical Ethic (Princípios da Ética 
Biomédica) à luz da Teoria Principialista destacando os quatro princípios da Bioética: 
autonomia, beneficência, não maleficência e justiça. Estes princípios abordam conflitos 
morais e dilemas éticos na saúde, norteando as práticas, decisões, procedimentos e 
discussões no tangente aos cuidados em saúde. 
A autonomia refere-se ao direito que o indivíduo assistido possui sobre si, ou seja, o 
respeito à sua liberdade de escolha. Santos (1998) afirma que “o princípio da 
autonomia, denominação mais comum pela qual é conhecido o princípio do respeito às 
pessoas, exige que aceitemos que elas se autogovernem, ou que sejam autônomas, quer 
na sua escolha, quer nos seus atos”. Esse princípio requer, por exemplo, que os 
profissionais de saúde respeitem a vontade do paciente, ou do seu representante, assim 
como seus valores morais e crenças. 
A autonomia não anula a influência de terceiros, oferecendo ao ser humano a 
capacidade de refletir sobre qual a melhor decisão a ser tomada, sendo eticamente 
aceitável a violação deste direito quando o bem público se sobrepuser ao bem 
individual, estando este fundamentado na dignidade humana, respeitando a diversidade 
ético-social. No que se refere à assistência, essa, corresponde ao dever profissional de 
informar (da maneira mais clara possível) ao paciente sua situação de saúde, para que o 
mesmo entenda seu problema e seja capaz de tomar a decisão mais plausível. O 
profissional de enfermagem por estar em contato direto e constante com o paciente 
desenvolve um vínculo mais considerável com o mesmo, o que facilita a “aliança 
terapêutica” entre estes. “Respeitar a autonomia significa, ainda, ajudar o paciente a 
superar seus sentimentos de dependência, equipando-o para hierarquizar seus valores e 
preferências legítimas para que possa discutir as opções diagnósticas e terapêuticas” 
(Loch, 2002). 
 
A Beneficência, “do latim bonum facere, i.e., fazer o bem” (Ligeira, 2005) vincula-se 
ao dever profissional de promover o bem ao paciente por meio de suas ações em saúde, 
otimizando os benefícios e reduzindo os riscos e danos, cabendo ao profissional 
desenvolver sua competência para avaliar qual a conduta mais adequada para que o 
paciente seja assistido com excelência, minimizando os riscos em potencial. 
Beneficência está além da não maleficência, ou seja, não basta apenas não causar danos 
ao paciente, tem que se proverem atitudes, práticas e procedimentos em benefício do 
outro. 
“O princípio da Beneficência obriga o profissional de saúde a ir além 
da Não Maleficência (não causar danos intencionalmente) e exige que 
ele contribua para o bem estar dos pacientes, promovendo ações: 
a) Para prevenir e remover o mal ou dano que, neste caso, é a doença e 
a incapacidade;e 
b) Para fazer o bem, entendido aqui como a saúde física, emocional e 
mental.” (Loch, 2002) 
 
Justiça – A lei 8.080 de 19 de Setembro de 1990 dispõe: 
Art. 2º - A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as 
condições indispensáveis ao seu pleno exercício. 
Segundo Santos (1998), o princípio bioético da justiça visa “garantir a distribuição 
justa, equitativa e universal dos benefícios dos serviços de saúde”. Essa interpretação 
parte do que concerne à distribuição justa e igualitária dos recursos disponíveis para 
atender à demanda de serviços. Deve haver equidade na distribuição dos bens e respeito 
às individualidades, tornando esse princípio um desafio, uma vez que em muitos casos 
os profissionais não dispõem de recursos e condições para que todos os pacientes sejam 
assistidos de maneira equânime, ficando a cargo do mesmo a distribuição coerente e 
adequada destes recursos. 
“A ética, em seu nível público, além de proteger a integralidade das 
pessoas objetiva evitar a descriminalização, a marginalização e a 
segregação social. Nesse contexto, o conceito de justiça deve 
fundamentar-se na premissa que as pessoas têm direito a um mínimo 
decente de cuidadoscom sua saúde.” (Loch, 2002 apud Gracia) 
1998) 
Não maleficência: De acordo com Beuchamp e Childress (2002) “O princípio de não 
maleficência determina a obrigação de não infligir dano intencionalmente”. Isso 
significa que os procedimentos técnico-assistenciais realizados pelo profissional não 
devem causar nenhum dano ao indivíduo assistido. Em determinas situações o risco está 
aliado ao ato de efetuar um procedimento benéfico, o que conota a importância do 
princípio da não maleficência, uma vez que a intenção profissional é não causar 
prejuízos ao paciente. Nestes casos, o profissional deve pensar em outras manobras que 
ofereçam menos risco sem que a eficácia da ação seja reduzida, pautado na tradição 
hipocrática de “socorrer (ajudar) ou, ao menos, não causar danos”. 
Responsabilidade ética no cuidar 
Segundo a Dra. Wanda de Aguiar Horta [s.d.], enfermagem é “a ciência e a arte de 
assistir ao ser humano (indivíduo, família e comunidade), no atendimento de suas 
necessidades básicas [...] recuperar, manter e promover sua saúde em colaboração com 
outros profissionais”. Nesse sentido, observa-se a aproximação das práticas 
assistenciais, sociais e éticas em enfermagem com (alguns dos) princípios do Sistema 
Único de Saúde (SUS), conforme descrito na Lei nº 8.080/1990: 
I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; 
II - integralidade de assistência, entendida como um conjunto articulado e contínuo das 
ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso 
em todos os níveis de complexidade do sistema; 
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; 
IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer 
espécie. 
Consubstanciado nesses quatro princípios fundamentais, infere-se que a Bioética é um 
dever explícito nas ações de saúdes desenvolvidas pela equipe multiprofissional de 
saúde. Tratando do enfermeiro, particularmente, uma vez que este profissional 
encontra-se intimamente ligado ao cuidar no processo saúde-doença deve configurar 
suas práticas assistenciais também como práticas sociais, inserindo diferentes campos 
do saber, no sentido de promover e proteger a saúde dos indivíduos, famílias e 
comunidades. 
“O cuidado significa desvelo, solicitude, diligência, zelo, atenção, e se 
concretiza no contexto das relações sociais. Cuidamos quando 
estabelecemos relações de respeito à autonomia, à individualidade e 
aos direitos dos seres humanos”. (Souza, Sartor e Prado, 2005) 
 
A responsabilidade ético-social dos profissionais de enfermagem deve pautar sua 
vivência cotidiana no desenvolvimento de suas atividades, no sentido dos valores e da 
responsabilidade social e na organização e qualificação de suas ações. Fernandes et al 
(2008), afirmam que “na perspectiva ética, a noção de responsabilidade é vinculada à de 
liberdade, ou seja, a liberdade e a responsabilidade são fontes do ato ético, assim como a 
consciência e os valores”. Essa reflexão deve ser construída no contexto ético da 
sociedade, sendo que o enfermeiro é um ser em construção envolvido em um dinâmico 
processo de mudanças socioculturais e políticas, fazendo com que o profissional se 
depare com dilemas em seu exercício cotidiano, contrapondo-se ao processo saúde-
doença exclusivamente biologicista. Do ponto de vista bioético, a responsabilidade 
cotidiana com os diversos atores sociais pede que o profissional assuma uma postura 
consciente, sensibilizado com o cuidar do outro respeitando a individualidade de cada 
ser. Respeitar o outro nas ações em saúde significa colocar em prática os princípios da 
bioética, devendo o enfermeiro refletir sobre cada um deles nas suas ações. Estar atento, 
ouvir o que o outro tem a dizer, ser tolerante e comunicar-se verbal e não verbalmente 
com o paciente são elementos através dos quais o profissional garante coesão no 
momento da assistência, sendo a bioética subsidiária à dignidade humana. 
 
É necessário que o enfermeiro avalie suas ações em saúde, de modo que os princípios 
bioéticos possam reger suas práticas, respeitando o paciente e no cuidado humanizado 
de Enfermagem, ampliando a visão meramente biotecnicista. O cuidado em 
enfermagem é uma prática complexa que envolve não apenas um corpo, e sim, um 
indivíduo que enquanto Ser tem direito a dignidade, apresentando além de necessidades 
biológicas, sociais, espirituais e psicológicas. 
 
Dos dispositivos legais 
Regulamentado pela Resolução COFEN 311/2007, o Código de Ética dos 
Profissionais de Enfermagem (CEPE) rege os princípios, direitos, responsabilidades, 
deveres e proibições pertinentes à conduta ética dos profissionais da categoria. De 
acordo com o CEPE, os princípios fundamentais da enfermagem são: o 
comprometimento com a saúde e a qualidade de vida da pessoa, família e coletividade, 
atuando na promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, com autonomia e 
em consonância com os preceitos éticos e legais. Participa, como integrante da equipe 
de saúde, das ações que visem satisfazer as necessidades de saúde da população e da 
defesa dos princípios das políticas públicas de saúde e ambientais, que garantam a 
universalidade de acesso aos serviços de saúde, integralidade da assistência, 
resolutividade, preservação da autonomia das pessoas, participação da comunidade, 
hierarquização e descentralização política administrativa dos serviços de saúde. 
Respeita a vida, a dignidade e os direitos humanos, em todas as suas dimensões e exerce 
suas atividades com competência para a promoção do ser humano na sua integralidade, 
de acordo com os princípios da ética e da bioética. 
A Lei nº 5.905/73 dispõe sobre a criação dos Conselhos Federal e Regionais de 
Enfermagem e dá outras providências. O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) 
junto a seus respectivos Conselhos Regional (CORENs) constitui o sistema 
COFEN/CORENs. Estão subordinados ao Conselho Federal todos os 27 conselhos 
regionais localizados em cada estado brasileiro. Filiado ao Conselho Internacional de 
Enfermeiros em Genebra, o COFEN existe para normatizar e fiscalizar o exercício da 
profissão de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, zelando pela qualidade 
dos serviços prestados pelos participantes da classe e pelo cumprimento da Lei do 
Exercício Profissional. 
Segundo a Lei Nº 5.905/73 compete ao COFEN: 
III - elaborar o Código de Ética e de Processo Ético de Enfermagem e instrumentos 
complementares, bem como alterá-los; 
V - estabelecer diretrizes gerais para disciplinar, normatizar e fiscalizar o exercício 
profissional e ocupacional na área da Enfermagem; 
XIV - deliberar sobre a Política do Sistema COFEN/CORENs no que diz respeito a 
normatização e disciplinamento do exercício profissional e ocupacional; 
XV - zelar pela aplicação dos instrumentos legais que regulam o exercício profissional e 
ocupacional; 
XVI - julgar os processos éticos de sua competência originária e, em grau de recurso, os 
de competência dos Conselhos Regionais. 
O Conselho Regional de Enfermagem é um Órgão de Fiscalização Profissional que tem 
como objetivos básicos fiscalizar o cumprimento da Lei do Exercício Profissional (Lei 
nº 7.498/86), zelar pelo bom conceito da profissão e dos que a exerçam, bem como pelo 
acatamento do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. 
Segundo a Lei Nº 5.905/73 compete ao COREN: 
II - Disciplinar e fiscalizar o exercício profissional, observadas as diretrizes gerais do 
Conselho Federal; 
IV - Manter o registro dos profissionais com exercício na respectiva jurisdição; 
V - Conhecer e decidir os assuntos atinentes à ética profissional,impondo as 
penalidades cabíveis; 
VIII - Zelar pelo bom conceito da profissão e dos que a exerçam; 
X - Propor ao Conselho Federal medidas visando à melhoria do exercício profissional. 
Das infrações e penalidades 
A enfermagem no decorrer dos anos vem conquistando seu espaço na área da saúde, 
ampliando suas atividades e assumindo novos cargos, trazendo pra si mais 
responsabilidade e autonomia do que em seus primórdios. Isto se motiva pelo avanço 
técnico científico, aumento da demanda nos serviços de saúde, esclarecimento da 
população acerca de seus direitos enquanto cidadãos consumidores e da dinamicidade 
cultural contemporânea. Essas conquistas trazem orgulho para os profissionais da 
enfermagem, também os expõe a maiores riscos no seu atuar, pois depara com 
questionamentos éticos, o que exige destes, conhecimento e aprimoramento contínuo 
diante de tantas e céleres inovações, sendo este um dos principais motivos pelos quais 
os profissionais se envolvem com mais frequência em processos decorrentes de 
Imperícia, Imprudência e Negligência. 
Cabe ao profissional de enfermagem assegurar ao cliente uma assistência de 
enfermagem livre de danos decorrentes das infrações éticas, a exemplo da imperícia, 
que consiste na falta de conhecimento ou de preparo técnico ou habilidade para executar 
determinada atribuição; imprudência que seria o descuido ou falta de cautela de uma 
ação que poderia ter sido prevista e evitada e a negligência, o ato omisso de deixar de 
fazer o que é necessário gerando resultados prejudiciais, conforme o descrito por Freitas 
(2008). As consequências oriundas de imperícia, imprudência e negligência podem 
variar de acordo com a presença ou não do dano. No caso de não haver prejuízo, o 
profissional será repreendido a princípio pelo seu supervisor, o enfermeiro. As 
penalidades são atribuídas pelos Conselhos Regional e Federal de Enfermagem, 
conforme determina a o art. 18, da Lei nº 5.905, de 12 de julho de 1973, são as 
seguintes: advertência verbal, multa, censura, suspensão do exercício profissional e 
cassação do direito ao exercício profissional. Ao COREN cabe impor ao profissional as 
penalidades descritas acima, salientando que determinadas penalidades só podem ser 
aplicadas pelo COFEN. 
Compete aos dispositivos legais o ato de disciplinar, orientar e fiscalizar o 
exercício profissional da Enfermagem, garantindo uma Assistência de Enfermagem 
livre e isenta de riscos provenientes da imperícia, imprudência, negligência e omissão 
ético-profissional, em defesa dos interesses e direitos do indivíduo, da sociedade e dos 
postulados ético-profissionais de Enfermagem. Quando os princípios éticos e bioéticos 
que norteiam a Enfermagem não são respeitados ou aplicados, os casos são 
encaminhados para análise disciplinar da Plenária do Conselho de Enfermagem, 
composta exclusivamente por profissionais de Enfermagem. Tal análise tem por 
finalidade investigar e julgar a procedência do ato praticado, imputando ou não 
penalidade ao profissional de Enfermagem. Durante esse processo ocorre a apuração 
dos fatos através da fiscalização, a convocação de testemunhas e demais profissionais 
de Enfermagem envolvidos, oitivas sobre os depoimentos, levantamento dos fatos e 
provas documentais, análise e encaminhamento ético profissional. Os Conselhos de 
Enfermagem desempenham papel relevante na garantia da qualidade dos serviços 
prestados à sociedade através das condutas técnicas e éticas dos profissionais, julgando 
os casos nos quais se vê a ocorrência de questões profissionais relacionadas a dilemas 
morais e éticos encaminhados por denúncias ou identificados por meio da fiscalização. 
 Conclusão 
A saúde deve ser reconhecida como um bem, tendo a ética da responsabilidade e a 
bioética que conduzir o profissional a tomar postura consciente no ato de cuidar, 
compreendendo as políticas sociais e o viver em coletividade, sendo que a Bioética é 
um instrumento que deve ser utilizado como guia na tomada de decisão cotidiana no 
processo de trabalho, tornando-se fundamental para a qualificação da assistência e 
assegurando à dignidade do paciente, promovendo cuidado humanizado. O CEPE é o 
instrumento legal que rege os princípios, direitos, responsabilidades, deveres e 
proibições pertinentes à conduta ética dos profissionais da categoria, que conta com a 
colaboração dos conselhos de enfermagem e seu caráter fiscalizatório, permitindo que o 
exercício legal da profissão tenha caráter de excelência em suas competências e esteja 
dentro do tangente à ética e bioética nas práticas de enfermagem. 
 “A relação do paciente com seus cuidadores pode estar permeada pelo 
conflito, pois distintos critérios morais e éticos guiam a atuação de 
cada um dos envolvidos. Os profissionais de saúde, em orientam-se 
pelo critério da beneficência, os pacientes pelo da autonomia e a 
sociedade pelo de justiça”. (Koerich; Machado; Costa, 2005) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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