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TGE 3 Poder Politico e o Estado 2015

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FENORD - IESI
T.OTONI-MG
ANO 2015
TEORIA GERAL DO ESTADO
 
TEORIA GERAL DA POLÍTICA
 	1- O Conceito de Política
	
 	A expressão advém do adjetivo de pólis (politikós), ou seja, do que se refere à cidade e, portanto, ao cidadão civil, público e também sociável e social.
 	Foi transmitido por influência da obra de Aristóteles - “ A Política”.
 	Refere-se sobre a natureza, as funções, as divisões do Estado e sobre as várias formas de governo.
 	Predominantemente é reflexão sobre as coisas da cidade. 
 	Durante séculos o vocábulo foi empregado predominantemente para indicar escritos dedicados ao estudo daquela esfera da atividade humana que faz referência às coisas do Estado.
 	Na Idade Moderna, o termo perdeu o significado original e foi aos poucos substituído por outras expressões tais como:
-ciência do Estado;
-doutrina do Estado;
-filosofia política;
-ciência política, etc.
 	Hoje, habitualmente, o termo indica a atividade ou conjunto de atividades que têm, de algum modo,
como termo de referência a pólis, isto é o Estado.
 	A pólis passa a designar:
 	-sujeito: 
 	Onde atos como o de comandar ou proibir algo, com efeitos vinculantes para todos os membros de um determinado grupo social; o exercício de um domínio exclusivo sobre um certo território.
 	
 	-Objeto:
 	
 	Onde designa as ações de conquistar, manter, defender, ampliar, reforçar, abater, derrubar o poder estatal, etc.
 	
 	O conceito de Política, como forma de atividade ou práxis humana, está estreitamente ligado ao conceito de PODER.
 	O Poder foi definido tradicionalmente como “consistente nos meios para se obter alguma vantagem” (Hobbes – Leviatã – cap. X).
 	Ainda, como “conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos desejados” (B. Russel – O Poder).
 	O Poder é definido ora como um relação entre dois sujeitos, na qual um impõe ao outro a própria vontade.
 	No entanto, como domínio, o Poder não é um FIM em si mesmo, mas MEIO para se obter os efeitos desejados.
 	O PODER POLÍTICO pertence à categoria do poder de uma pessoa sobre outra, expressa de várias maneiras:
-relação entre governantes e 
 governados;
-entre soberano e súditos;
-entre comando e obediência;
-entre Estado e cidadãos.
 	Retomando o contexto de Aristóteles, tem-se 03 formas de poder, entre as quais o poder político.
-1ª forma: o poder paterno:
 	Exercido no interesse dos filhos;
-2ª forma: o poder despótico:
 	Exercido no interesse do senhor;
	 
-3ª forma: o poder político:
 	Exercido no interesse de quem 
 governa e de quem é governado.
 	Mas o critério que prevaleceu na teoria dos jusnaturalistas foi aquele do fundamento ou princípio da legitimação (conforme explicitado por Locke - na obra “Segundo tratado sobre o governo civil): 
 		Para ele:
 		- o fundamento do poder paterno é a natureza;
 		- o fundamento do poder despótico é o castigo por um delito cometido;
 		- o fundamento do poder político é o consenso.
 		Aos três motivos de justificação do poder correspondem as três expressões clássicas do fundamento da justificação:
 		-ex natura;
 		-ex delicto;
 		-ex contractu.
 	 	Vale ressaltar que o poder político que se volta para os interesses dos governantes e também dos governados é que é tido como relação política correspondente ao bom governo.
 	A tipologia moderna, para o conceito das formas do poder, concebe as três seguintes:
 	
 	- Poder Econômico: 
 	Na posse de determinados bens necessários e dos meios de produção reside uma enorme fonte de poder por parte daqueles que os possuem em relação aos que não os possuem. Ex: a venda da força do trabalho em troca do salário.
 		-Poder Ideológico:
 		Funda-se na influência que as ideias formuladas e emitidas, em determinadas circunstâncias, por pessoas investida de uma determinada autoridade; difundida por certos procedimentos - sobre a condutas dos consociados.
 		Emanam tais ideias: dos sapientes, sacerdotes, intelectuais, cientistas, etc.
 		
 		Difundem valores e cumprem o processo de socialização, necessário à coesão do grupo.
 		-Poder Político:
 		Funda-se sobre a posse dos instrumentos através dos quais se exerce a força física (armas de todo tipo e grau): é o poder coativo no sentido mais estrito. 
 	O Poder Econômico mantém a divisão entre ricos e pobres;
 	O Poder Ideológico mantém a divisão entre sapientes e ignorantes;
	O Poder Político mantém a divisão entre fortes e fracos (entre superiores e inferiores).
 	Em qualquer sociedade de desiguais o Poder Político é o poder supremo e ao qual os demais estão submetidos, exatamente pela força que dispõe. 
 	O uso da força, todavia, é uma condição necessária, mas não suficiente para a existência do Poder Político.
 	O que caracteriza o Poder Político, no entanto, é a exclusividade do uso da força em relação a todos os grupos sociais.
 	Trata de um processo de monopolização da coação física que caminha, simultaneamente, com o processo de criminalização e penalização de todos os atos de 
 	
violência que não forem cumpridos por pessoas autorizadas (força policial) pelos detentores e beneficiários desse monopólio.
 	Na hipótese hobbesiana (fundamento da teoria moderna do Estado), a passagem do estado de natureza para o Estado civil - da anarquia para a arquia, do estado apolítico para o Estado político, ocorre pela renúncia ao uso da própria força (que a todos torna 
no estado de natureza, para depositá-lo nas mãos de uma pessoa (governante) ou único corpo autorizado (Estado).
 	Por outro lado, para Marx e Engels, as instituições políticas ( nas sociedade de desiguais) tem por função principal permitir que a classe dominante mantenha o próprio domínio.
 	
 	Segundo Max Weber, por Estado deve-se entender um empresa institucional de caráter político, na qual – e na medida em que – o aparato administrativo leva adiante com sucesso uma pretensão de monopólio da coerção física legítima, tendo em vista a aplicação de disposições” (Weber, 1976). 
 	Outras características do Poder Político:
 	- exclusividade
 	Os detentores do poder político não permitem, no seu âmbito de domínio, a formação de grupos armados independentes (CF 5º, XVII e XLIV), desbaratando os que surgirem nessa condição, mantendo sob vigilância as infiltrações, ingerências ou agressões de grupos externos. 
 
 	
 	- universalidade
 	Capacidade que têm os detentores do poder político, e apenas eles, de tomar decisões legítimas e efetivamente operantes para toda a comunidade com relação à distribuição e destinação dos recursos (não apenas econômicos).
	- inclusividade
 	Possibilidade de intervir imperativamente em cada possível esfera da atividade dos membros do grupo, encaminhando-os ou distraindo-os de um fim não desejado, através do instrumento da ordem jurídica (normas). 
Limitações ao Poder Político
 	O poder político impõe limites a si mesmo. Mas tais limites variam de uma formação política para outra e podem até nem existir.
 	 Um Estado teocrático estende o próprio poder à esfera religiosa; 
	 Um Estado socialista estende o próprio poder à esfera econômica, enquanto o Estado liberal clássico dela se afasta.
 	
 		O Estado oninclusivo é aquele para o qual nenhuma esfera da atividade humana lhe permanece estranha - esse é o Estado totalitário.
 	 
 	Vale ressaltar, segundo o autor Norberto Bobbio, que não há fins da política para sempre estabelecidos. 
 	Estes serão tantos quantas forem as metas a que um grupo organizado se propõe, segundo o tempo e as circunstâncias.
 	Nessa perspectiva, tem-se o seguinte:
 	- os fins perseguidos pelos políticos (agentes da política) são os fins considerados para um dado grupo social ou classe dominante daquele grupo.
 
EXEMPLOS:
-em tempos de lutas sociais e civis (o fim é a unidade do Estado, a paz e a ordem pública);
-em tempos de paz interna e externa (o fim é o bem-estar, a prosperidade);
-em tempos de opressão por parte de um governo despótico ( o fim é a conquista dos direitos civis e políticos); 
-em tempos de dependência de uma potência estrangeira (o fim da política é a independência nacional).
 		Porém, essa visão da política como meio, não impede a afirmação de um fim mínimo: 
 		Este, é a ordem pública nas relações internas e a defesa da integridade nacional nas relações de um Estado com os demais.
 	Este fim mínimo é a “conditio sine qua non” para a realização de todos os outros fins, sendo, portanto, com eles compatível.
 	No dia em que fosse possível a ordem espontânea não mais haveria, propriamente, a política. 
 		As tradicionais definições teleológicas de política não são descritivas, mas prescritivas.
 		
 		Significa que não definem o que é concretamente a política, mas indicam como deveria ser a política para ser uma boa política. 
 		Para Aristóteles o fim da política não é apenas o viver, mas o viver bem (Política,1278b). 
 		Entendida como bem comum, designa senão aquele bem que todos os membros de um grupo têm em comum, bem este que outro não é senão a convivência ordenada: a ordem.
 	
 		Também é preciso destacar que o poder pelo poder é a forma degenerada do exercício de qualquer forma de poder, que pode ter por sujeito tanto quem exerce aquele poder de amplas dimensões que é o poder político, quanto quem exerce um pequeno poder, como pode ser o poder de uma pai de família, de um chefe de seção, etc. 
 		
		O poder como fim em si mesmo é característico do homem político maquiavélico.
 		Sustenta Bobbio que se o fim da política fosse o poder pelo poder ela para nada serviria.
Política como relação amigo-inimigo
 		Schmitt afirma que a esfera da política coincide com a esfera da relação amigo-inimigo.
 		O campo de aplicação da política seria o antagonismo e sua função consistiria na atividade de agregar e defender os amigos e de desagregar e combater os inimigos. 
 
 		E a função do Estado é suprimir no interior do seu âmbito de competência a divisão dos seus membros ou grupos internos em amigos e inimigos, com o objetivo de não tolerar senão as simples rivalidades ou as lutas dos partidos, e reservar ao governo o direito de designar o inimigo externo. 
 		A política tem a ver com a conflituosidade humana.
 		Divergências de interesses transformam-se em rivalidade. E esse conflito quando assume o aspecto de uma prova de força entre os grupos que representam tais interesses, a partir do momento em que se afirma como luta de potência, torna-se político.
Relação do Político com o Social
 		A redução do âmbito do político em relação ao social tem uma trajetória histórica:
 		- o Cristianismo (*) subtraiu da esfera da política o domínio sobre a vida religiosa, dando origem à oposição entre poder espiritual e poder temporal (ignorada no mundo antigo).
 		- o nascimento da economia mercantil burguesa subtraiu da esfera da política o domínio sobre as relações econômicas , dando origem à oposição entre sociedade civil e sociedade política; entre esfera privada (do burguês) e esfera pública (do cidadão);
 		- na filosofia política pós-clássica houve uma tentativa de delimitar o que é político e o não-político. 
 		Trata-se de delimitar o que é o Reino de Deus e o que é o reino de César ou das riquezas.
 		Delimitar o que é sociedade natural, sociedade religiosa e o que é o Estado com organização da esfera política.
 		Esse pensamento chegou ao seu ápice no século XIX, com a busca da emancipação da sociedade em relação ao Estado. 		
 
 		Do pensamento filosófico moderno emergem dois tipos ideais de Estado:
O Estado absolutista: que visa ampliar a ingerência na sociedade econômica e religiosa;
O Estado liberal: que visa restringir a ingerência na sociedade econômica e religiosa. 
DIREITOS POLÍTICOS 
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Relação entre Política e Moral
 		Têm em comum apenas o domínio sobre o qual se estendem que é o domínio da ação ou da práxis humana.
 		Diferem entre si quanto ao princípio ou critério de justificação e de avaliação das respectivas ações.
 		Nem sempre o obrigatório é critério para as duas instâncias. 
 		Nem sempre o que é lícito na política é lícito na moral.
 		A descoberta da distinção é atribuída a Maquiavel. Daí o maquiavelismo como teoria que sustenta e defende a separação entre política e moral.
 		Ação moralmente boa ou má é o respeito a um comando categórico, independente do resultado do ato.
 
 		O critério com base no qual se julga uma ação politicamente boa ou má é pura e simplesmente o resultado:
 		“Faça o que deve ser feito para que aconteça aquilo que você quer que aconteça” (Maquiavel).
 		
 		Os dois critérios são incomparáveis, pois para a política (Maquiavel) “os fins justificam os meios”.
 
 		Para a moral, ao contrário, uma ação para ser considerada boa deve ser cumprida com nenhum outro fim que não a realização do dever. 
 		Para Weber trata-se da distinção entre a ética da convicção (moral) e a ética da responsabilidade (política).
 		Na primeira, cumpre-se o dever; na segunda responde-se pelas consequências.
 		O universo da moral e o da política movem-se dentro do âmbito de dois sistemas éticos distintos, aliás, opostos.
 		De um lado, tem-se o personagem do universo moral: o homem de fé, o profeta, o pedagogo, o sábio que olha a cidade celeste; 
 		De outro lado, o criador da cidade terrena, que conta com o resultado das ações, apenas.
Fonte:
 		BOBBIO, Norberto. Teoria Geral da Política. Editora Campus. 2010. São Paulo. P. 159-176.

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