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DIREITO CONSTITUCIONAL | MÓDULO 1 Profa. Emilly Albuquerque Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 – www.masterconcurso.com.br 1 CONCURSO: TRIBUNAL DE JUSTIÇA/CE ASSUNTO: CONCEITO, ORIGEM E CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO 1. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL: a) Conceito: É uma Lei fundamental e suprema dum Estado, que contém normas respeitantes à formação dos poderes públicos, forma de governo, distribuição de competências, direitos e deveres dos cidadãos etc. - Sociológico: Ferdinand Lassale – soma dos fatores reais do poder. A Constituição deve representar os interesses sociais, pois, caso contrário, a Constituição não será mais do que uma “folha de papel”. - Político: Carl Schmit – fruto de uma decisão política fundamental. Tudo o que está no documento é lei constitucional, mas nem tudo é Constituição. - Jurídico: Hans Kelsen supremacia da Constituição sobre as demais leis de um Estado. Norma Hipotética Fundamental. b) Origem: - O constitucionalismo foi um movimento político e jurídico, durante o iluminismo em contraposição ao absolutismo, que tinha por fim estabelecer o regime constitucional em um determinado país. - Sua origem está intimamente ligada às Constituições dos Estados Unidos da América de 1787 e da França de 1792. c) Classificação: Quanto ao conteúdo: I - Constituição formal: Regras inseridas no texto constitucional. II - Constituição material: Conjunto de regras de matéria de natureza constitucional, isto é, as relacionadas ao poder, quer esteja no texto constitucional ou fora dele. Quanto à forma: a) Escrita: pode ser: sintética (Constituição dos Estados Unidos) e analítica (expansiva, a Constituição do Brasil). A ciência política recomenda que as constituições sejam sintéticas e não expansivas como é a brasileira. b) Não escrita: é a constituição cujas normas não constam de um documento único e solene, mas se baseie principalmente nos costumes, na jurisprudência e em convenções e em textos constitucionais esparsos. Quanto ao modo de elaboração: I - Dogmática: sistematizada em um texto único, elaborado reflexivamente por um órgão constituinte. É a que consagra certos dogmas da ciência política e do Direito dominantes no momento. É um texto único, consolidado. II - Histórica: sempre não escrita e resultante de lenta formação histórica, do lento evoluir das tradições, dos fatos sócio-políticos, que se cristalizam como normas fundamentais da organização de determinado Estado. Como exemplo de Constituição não escrita e histórica temos a Constituição do Estado chamado Reino Unido da Grã Bretanha e da Irlanda do Norte, sendo que a Grã Bretanha é formada pela Inglaterra, Irlanda e Escócia. Quanto a sua origem ou processo de positivação: I - Promulgada: aquela em que o processo de positivação decorre de convenção, são votadas, originam de um órgão constituinte composto de representantes do povo, eleitos para o fim de elaborá-las. Ex.: Constituição de 1891, 1934, 1946, 1988. DIREITO CONSTITUCIONAL | MÓDULO 1 Profa. Emilly Albuquerque Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 – www.masterconcurso.com.br 2 II - Outorgada: aquela em que o processo de positivação decorre de ato de força, são impostas, decorrem do sistema autoritário. São as elaboradas sem a participação do povo. Ex.: Constituição de 1824, 1937, 1967, 1969. III - Pactuadas: são aquelas em que os poderosos pactuavam um texto constitucional, o que aconteceu com a Magna Carta de 1215. Quanto à estabilidade ou mutabilidade: I - Imutável: constituições onde se veda qualquer alteração, constituindo-se relíquias históricas – imutabilidade absoluta. II - Rígida: permite que a constituição seja mudada mas, depende de um procedimento solene que é o de Emenda Constitucional. A rigidez é caracterizada por um processo de aprovação mais formal e solene do que o processo de aprovação de lei ordinária, que exige a maioria simples. III - Flexível: o procedimento de modificação não tem qualquer diferença do procedimento comum de lei ordinária Alguns autores a denominam de Constituição Plástica, o que é arriscado porque pode ter diversos significados. IV - Semi-rígida: aquela em que o processo de modificação só é rígido na parte materialmente constitucional e flexível na parte formalmente constitucional. Quanto à sua função (função que a Constituição desenvolve no Estado): As três categorias não são excludentes, uma Constituição pode ser enquadrada em mais de uma delas, salvo a balanço e a dirigente que se excluem. I - Garantia: tem a concepção clássica de Constituição, reestrutura o Estado e estabelece as garantias dos indivíduos, isto é, estabelece limitações ao poder. II - Balanço: foi bem definida por Lassale na antiga URSS. A constituição é um reflexo da realidade, devendo representar o “Balanço” da evolução do Estado, o reflexo das forças sociais que estruturam o Poder (é o chamado conceito sociológico dado por Lassale). “CF DO SER”. Seu conteúdo se contrapõe à dirigente. III - Dirigente: A constituição não apenas organiza o poder como também preordena a atuação governamental por meio de programas vinculantes. “CF DO DEVER SER”. Quanto à relação entre as normas constitucionais e a realidade política (positividade – real aplicação ): I - normativa: a dinâmica do poder se submete efetivamente à regulamentação normativa. Nesta modalidade a constituição é obedecida na íntegra, como ocorre com a constituição americana. II - nominalista: esta modalidade fica entre a constituição normativa que é seguida na íntegra e a semântica que não passa de mero disfarce de um estado autoritário. Esta constituição aparece quando um Estado passa de um Estado autoritário para um Estado de direito, é o caso da nossa constituição de 1988. A Constituição de 1988 nasceu normativa, havia uma expectativa de que passássemos da constituição nominalista para uma constituição normativa. III - semântica: mero disfarce de um Estado autoritário. DIREITO CONSTITUCIONAL | MÓDULO 1 Profa. Emilly Albuquerque Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 – www.masterconcurso.com.br 3 2. APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS a) Eficácia plena: aplicabilidade direta, imediata e integral. Desde o momento da edição estão aptas a produzir todos os efeitos jurídicos, não carecendo de nenhuma norma complementar que lhe dê contorno definitivo. b) Eficácia contida: aplicabilidade direta, imediata, mas não integral. Há uma limitação na aplicação da norma, como bem revela, literalmente, o termo “eficácia contida”. Também denominadas de eficácia redutível ou restringível. São identificadas no texto constitucional pelas expressões “nos termos da lei”, “na forma da lei”, “a lei regulará”. c) Eficácia limitada: aplicabilidade mediata e reduzida (diferida). Por não produzirem os “efeitos-fim” vislumbrados pelo legislador constituinte, produzem efeitos jurídicos “reflexos” por estabelecer um dever para o legislador ordinário. QUESTÕES DE CONCURSO CESPE – ANP – 2012 01 O livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, desde que atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer, é norma constitucional de eficácia contida; portanto, o legislador ordinário atua para tornar exercitável o direito nela previsto. FCC – TRT – 8ª Região – Out/2010 – Analista02. As normas que o legislador constituinte regulou suficientemente os interesses relativos a determinada matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do poder público, nos termos que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nelas enunciados, são classificadas de eficácia (A) programática. (B) plena. (C) limitada. (D) contida. (E) objetiva. VUNESP – CREMESP/SP – Advogado – 2011 03. Analise as seguintes disposições da Constituição Federal: I. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. II. É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. III. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas. IV. Conceder-se-á habeas-corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Considerando a doutrina clássica brasileira sobre a eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais, pode-se afirmar que as disposições acima reproduzidas são classificadas, respectivamente, como normas de eficácia (A) contida, plena, programática e plena. (B) plena, limitada, plena e contida. (C) limitada, plena, plena e contida. (D) plena, plena, contida e programática. (E) plena, contida, limitada e plena. 3. PODER CONSTITUINTE a) Conceito: Consiste no poder de elaborar ou atualizar uma Constituição, sendo manifestação soberana da vontade política de um povo, social e juridicamente organizado. Por esta razão a titularidade do poder constituinte pertence ao povo, embora seja exercido ou por uma Assembleia Nacional Constituinte ou outorgada por um movimento revolucionário. DIREITO CONSTITUCIONAL | MÓDULO 1 Profa. Emilly Albuquerque Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 – www.masterconcurso.com.br 4 b) Detentor do Poder: O poder pertence ao povo, que o exerce por meio dos seus representantes (Assembléia Nacional Constituinte). “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição” (art.1º, parágrafo único da CF). c) Espécies de Poder Constituinte: I - Poder Constituinte Originário: Também é denominado de poder genuíno ou poder de 1º grau ou poder inaugural. É aquele capaz de estabelecer uma nova ordem constitucional, isto é, de dar conformação nova ao Estado, rompendo com a ordem constitucional anterior. - Histórico: É aquele capaz de editar a primeira Constituição do Estado, isto é, de estruturar pela primeira vez o Estado. - Revolucionário: São todos aqueles posteriores ao histórico, que rompem com a ordem constitucional anterior e instauram uma nova. II - Poder Constituinte Derivado: Também é denominado de poder instituído, constituído, secundário ou poder de 2º grau - Reformador: É aquele criado pelo poder constituinte originário para reformular (modificar) as normas constitucionais. A reformulação se dá através das emendas constitucionais. O constituinte, ao elaborar uma nova ordem jurídica, desde logo constitui um poder constituinte derivado reformador, pois sabe que a Constituição não se perpetuará no tempo. Entretanto, trouxe limites ao poder de reforma constitucional. - Decorrente: Também foi criado pelo poder constituinte originário. É o poder de que foram investidos os estados-membros para elaborar a sua própria constituição (capacidade de auto-organização). Os Estados são autônomos uma vez que possuem capacidade de auto-organização, autogoverno, auto-administração e autolegislação, mas não são soberanos, pois devem observar a Constituição Federal. - Revisor: Também chamado de poder anômalo de revisão ou revisão constitucional anômala ou competência de revisão. Foi estabelecida com o intuito de adequar a Constituição à realidade que a sociedade apontasse como necessária. d) Limitações ao Poder de Reforma - Limitações formais ou procedimentais: Iniciativa de Emenda Constitucional, a qual deverá ser aprovada pelas duas Casas do Congresso Nacional (Senado Federal e Câmara dos Deputados), por 3/5 de votos em cada Casa, em dois turnos de votação. - Limitações materiais: A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. Cada sessão legislativa é o período de um ano correspondente ao ano civil. - Limitações temporais: • Titular do poder constituinte originário: Pela lógica representa uma limitação, pois se não a criatura iria suprimir o próprio criador. • Exercente do poder de reforma: O Congresso Nacional não pode transferir esse poder para outros órgãos, pois recebeu procuração sem poderes para substabelecer. • Procedimento da emenda constitucional (forma do exercício do poder de reforma): Embora não possa ser reduzida a rigidez do procedimento, pois é imutável, pode ser ampliado. • Suspensão total ou parcial das cláusulas pétreas. • Regime de governo (Presidencialismo): Em razão da opção pela manutenção do presidencialismo, realizada pelo titular do poder constituinte originário no plebiscito de 1993. Tendo em vista que o plebiscito não foi um treino de democracia, o seu resultado é vinculante. Entretanto, não é imutável, pois nada impede que o eleitorado seja DIREITO CONSTITUCIONAL | MÓDULO 1 Profa. Emilly Albuquerque Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 – www.masterconcurso.com.br 5 novamente consultado através de um novo plebiscito. - Limitações explícitas: Não será objeto de deliberação a proposta de emenda constitucional tendente a abolir as matérias estipuladas nas cláusulas pétreas ou a modificar o elemento conceitual do instituto. Tais propostas não serão sequer objeto de deliberação. - Limitações circunstanciais: A Constituição não pode ser objeto de emenda na vigência de intervenção federal, estado de sítio e estado de defesa (art. 60, § 1º, CF). Assim, na vigência dos mecanismos de defesa para se enfrentar situações de crise constitucional (anormalidades constitucionais), a CF/88 não pode ser emendada, pois eles têm como efeito automático a inibição do poder de reforma. • Estado de sítio: A anormalidade esta generalizada por todo o território nacional. • Estado de defesa: A anormalidade ocorre em alguns pontos do território nacional. • Intervenção federal: A União quebra, temporária e excepcionalmente a autonomia dos Estados, por desrespeitarem as regras do artigo 34 da Constituição Federal. 4. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 4.1 PREÂMBULO CONSTITUCIONAL Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 4.2 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO ESTADO BRASILEIRO – Arts. 1º a 4º, CF/88 Características oriundas destes princípios: - Regime Representativo: - Existência de três poderes: “São poderes da União, diz o art. 2.º da CF – independentese harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. - Forma de Estado Brasileiro: Federalismo. - Forma de Governo Brasileiro: República. - Sistema de Governo Brasileiro: Presidencialista. - Regime de Governo Brasileiro: Democrático. a) Dos Princípios Fundamentais Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui- se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. b) Objetivos Fundamentais Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. DIREITO CONSTITUCIONAL | MÓDULO 1 Profa. Emilly Albuquerque Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 – www.masterconcurso.com.br 6 c) Princípios Internacionais Art. 4º A República Federativa do Brasil rege- se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. 5. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 5.1 Evolução e Classificação Direitos Fundamentais de Primeira Dimensão Foram os primeiros reconhecidos pelos ordenamentos constitucionais e têm as seguintes características: - Surgiram nos finais dos séculos XVIII e dominaram todo o século XIX; - Surgiram no Estado Liberal, em oposição ao Estado Absoluto; - Estão ligados ao ideal de liberdade; - São direitos negativos, que exigem uma abstenção do Estado em favor da esfera de liberdade do indivíduo; - Correspondem aos direitos civis e políticos (direito de locomoção, direito de manifestação, direito de propriedade etc). Direitos Fundamentais de Segunda Dimensão Num segundo momento, os ordenamentos constitucionais começaram a expressar a preocupação com os desamparados, com a necessidade de se assegurar o mínimo de igualdade entre os homens, fazendo nascer a segunda dimensão de direitos fundamentais, que têm as seguintes características: - Surgiram no início do século XX (note- se que durante todo o século XIX tivemos, apenas, os direitos fundamentais de primeira dimensão); - Surgiram no Estado Social, em oposição ao Estado Liberal; - Estão ligados ao ideal de igualdade; - São direitos positivos, que passaram a exigir uma atuação positiva do Estado, no sentido de assegurar o mínimo de igualdade entre os homens (os direitos fundamentais passaram a ter uma feição positiva a partir dessa dimensão); - Correspondem aos direitos sociais, culturais e econômicos (direito a condições mínimas de trabalho, à previdência e assistência social, à habitação, ao lazer, a um salário que assegure o mínimo de dignidade ao homem, à sindicalização e à greve dos trabalhadores etc). Direitos Fundamentais de Terceira Dimensão Num terceiro momento, foi despertada a preocupação com os bens jurídicos da coletividade, com os denominados “direitos difusos” (pertencentes a um grupo indeterminado de pessoas), nascendo, então, os direitos fundamentais de terceira dimensão, que têm as seguintes características: - Surgiram no século XX; - Estão ligados ao ideal de fraternidade, de solidariedade que deve nortear o convívio dos diferentes povos em defesa dos bens da coletividade; - São direitos positivos, a exigir do Estado e dos diferentes povos uma firme atuação no tocante à preservação dos bens de interesse coletivo; - Correspondem ao direito de preservação do meio ambiente, da paz e do progresso da humanidade, do patrimônio histórico e cultural etc. DIREITO CONSTITUCIONAL | MÓDULO 1 Profa. Emilly Albuquerque Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 – www.masterconcurso.com.br 7 Direitos Fundamentais de Quarta Dimensão - Ainda não consolidados nos ordenamentos constitucionais modernos, a doutrina começa a apontar o surgimento dos direitos fundamentais de quarta dimensão. - No Brasil vem sendo recebido o pensamento do constitucionalista Paulo Bonavides, segundo o qual esses direitos são ligados à globalização política, fenômeno mundial que atinge, em maior ou menor grau, todas as nações, correspondendo ao direito de informação, de democracia e de pluralismo. 5.2 Características dos Direitos Fundamentais DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (art. 5º) O direito é o que se protege, o bem da vida guardado pela Constituição. A garantia é o mecanismo criado pela Constituição para defender o direito. Os direitos fundamentais não são absolutos e são irrenunciáveis. Os bens constitucionais devem ser usufruídos levando-se em conta outros direitos também constitucionalmente protegidos. Os caracteres mais marcantes dos direitos fundamentais são: (a) historicidade (nascem, modificam-se e desaparecem); (b) inalienabilidade (intransferíveis e inegociáveis); (c) imprescritibilidade (nunca deixam de ser exigíveis); (d) irrenunciabilidade (no máximo, podem não ser exercidos); (e) universalidade (todos têm direitos fundamentais) e (f) limitabilidade (não são absolutos). Adotando o critério do conteúdo e observando a Constituição de 1988, podemos separá-los em: (a) individuais; (b) coletivos; (c) sociais; (d) à nacionalidade e (e) políticos. 1) Conceito: São o conjunto de normas, princípios, prerrogativas, deveres e institutos, inerentes à soberania popular, que garantem a convivência pacífica, digna, livre e igualitária, independente de credo, raça, origem, cor, condição econômica ou status social. 2) Divisão: civil (direitos da pessoa humana); política (direitos de participação na ordem democrática) e econômico-social (direitos econômicos e sociais). 3) Natureza jurídica dos Direitos e Garantias Fundamentais: Têm a mesma natureza de normas constitucionais positivas, pois derivaram da linguagem prescritiva do constituinte. Na medida do possível, têm aplicação direta e integral, independendo de providência legislativa ulterior para serem imediatamente aplicadas. 4) Abrangência dos Direitos e Garantias Fundamentais - os direitos individuais e coletivos (art. 5º) - os direitos sociais (arts. 6º e 193 e seguintes) - os direitos à nacionalidade (art. 12) - os direitos políticos (arts. 14 a 16) - os direitos dos partidos políticos (art. 17) 5) Características dos Direitos e Garantias Fundamentais - Históricos - Universais - Cumuláveis (ou concorrentes) - Irrenunciáveis - Inalienáveis - Imprescritíveis - Relativos (ou limitados) 6) Destinatáriosdos Direitos e Garantias Fundamentais O legislador constituinte conferiu uma amplitude bastante significativa aos direitos fundamentais, de modo que todos podem usufruir, seja brasileiro ou estrangeiro, pessoa física ou jurídica.
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