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26/09/2015 1 FARMACOGNOSIA II Profª. Ana Carla Gheller FLAVONOIDES Flavonoides são compostos polifenólicos biossintetizados a partir da via dos fenilpropanoides e do acetato, precursores de vários grupos de substâncias como aminoácidos alifáticos, terpenoides, ácidos graxos dentre outros (Mann, 1987). Flavonóides: o que são? • constituem uma importante classe de polifenóis, hidrossolúveis, relativamente estáveis, derivados dos fenilpropanoides, amplamente distribuídos na natureza (já são descritos mais de 8.000 flavonoides diferentes), principalmente nas Angiospermas . • são responsáveis pela coloração das flores, frutos e, em alguns casos, das folhas: brancos, amarelos, vermelhos, azuis, violetas. Há alguns cuja coloração é perceptível somente por insetos (ultravioleta próximo). Flavus = amarelo. • são localizados em vacúolos das células epidérmicas de folhas, flores e frutos e também no mesofilo. Alguns (livres), dependendo da lipofilia, estão dissolvidos na cutícula. Estrutura química: São em geral compostos por 15 átomos de carbono, em estrutura C6-C3- C6 , derivados do núcleo 2 fenil - γγγγ - cromona: 9 10 Apresentam-se em 2 formas: - conjugados com açúcar (mono, di ou tri): C-glicosídeos ou O- glicosídeos (OH em 7 ou em 3); - forma livre (genina ou aglicona). Flavonas e flavonóis são de origem biossintética muito próxima. Os flavonóis são, na verdade, flavonas substituídas na posição C3 por uma hidroxila. Suas análises, sínteses e reações possuem, por isso, base teórica comum (Zuanazi & Montanha, 2002). Apigenina e luteolina, livres (agliconas) ou conjugadas (heterosídeos) são as flavonas mais abundantes encontradas nas plantas. Os flavonóis mais encontrados em vegetais são canferol, quercetina e miricetina encontrados, por exemplo, no chá preto (Camellia sinensis L) (Fennema, 1992). • Antocianidinas são pigmentos vegetais responsáveis pelas cores laranja, azul, roxa e tonalidades de vermelho, violeta encontrada em flores, frutos, folhas, caules e tubérculos de plantas (Andersen & Jordheim, 2006). São compostos solúveis em água e instáveis em altas temperaturas (Shahidi & Naczk, 1995). Caracterizadas pelo núcleo básico flavílico que consiste de dois anéis aromáticos unidos por uma unidade de três carbonos e condensada por um oxigênio. 26/09/2015 2 As chalconas possuem coloração amarelada, e, quimicamente, não apresentam anel C, enquanto que as auronas podem ser definidas como cetonas - insaturadas onde tanto a carbonila quanto a porção olefínica estão ligadas a grupamentos aromáticos. Possuem amplo espectro de atividade biológica e são alvos de vários estudos de isolamento, identificação e investigação de propriedades biológicas (Harborne, 1984; Hahlbrock, 1981). Chalconas Auronas Já as flavanonas são intermediárias biossintéticas da maioria das classes de flavonóides, sendo que as flavanonas e as di- hidrochalconas podem ter influência no sabor amargo ou doce (Zuanazzi & Montanha, 2002). Flavanas, leucoantocianidinas e proantocianidinas fazem parte de uma classe de flavonóides nos quais é possível encontrar estruturas oligomerizadas. Estudos in vivo com o extrato de proantocianidinas de sementes de uvas (Vitis sp) comprovam eficácia desse como eliminador de radicais livres e inibidor de danos oxidativos nos tecidos superiores ao da vitamina C, E e - caroteno (Bagchi et al., 1998). • Isoflavonoides apresentam uma variação estrutural não somente entre o número e complexidade dos substituintes, mas também nos níveis de oxidação do anel. Exercem efeito sobre metabolismo de hormônios sendo considerados fitoestrógenos (Kurzer, 2000). Nessa classe, genisteína e daidzeína são os mais consumidos na dieta, sendo encontrados em soja (Glycine Max, Fabaceae) (Perry et al., 2007) e alguns legumes (Veitch, 2007). Função nas plantas: • proteção dos vegetais contra a incidência de raios ultravioleta e visível; • proteção contra insetos, fungos, vírus e bactérias; • atração de animais com finalidade de polinização; • antioxidantes; • controle da ação de hormônios vegetais; • agentes alelopáticos; • inibidores de enzimas. Propriedades físico-químicas: • a solubilidade e a capacidade de precipitação na presença de metais depende da posição ocupada pela porção açúcar (glicosídeos), do grau de insaturação e do grau e natureza dos substituintes; • em geral os glicosídeos são solúveis em água e em álcoois diluídos e insolúveis em solventes orgânicos habituais. 26/09/2015 3 Propriedades físico-químicas: • em geral as agliconas são solúveis em solventes orgânicos apolares e em soluções aquosas alcalinas (pelo caráter fenólico). Normalmente aparecem como cristais amarelos; • flavonas e flavonóis são pouco solúveis em água, enquanto que flavononas são mais solúveis; • o aquecimento, mesmo em soluções diluídas, pode hidrolisar os O-glicosídeos, interferindo na análise estrutural. As hidrólises alcalinas e ácidas facilitam a identificação dos núcleos flavônicos. Métodos laboratoriais: • para a extração utilizam-se geralmente solventes com polaridade crescente; • ensaios cromáticos: • reação de Shinoda (de cianidina): sol. alcoólica ácida + Mg = color. amarela →→→→ avermelhada (azulada em antociânicos). • ensaios cromatográficos: CCD • doseamento: difícil em função do comportamento das substâncias e da dificuldade de isolamento das mesmas. • identificação: espectroscopia no ultravioleta. Ações farmacológicas e usos: • a importância farmacológica para o homem é ainda nebulosa, embora façam parte da dieta alimentar diária (frutas, verduras, cereais, vinhos etc.); • atividade sobre a permeabilidade capilar (hesperidina, rutina, quercitina, diosmina): diminuem a fragilidade capilar e aumentam sua resistência, em distúrbios circulatórios e doenças hemorrágicas, como vasculoprotetores e venotônicos; • atividade antioxidante; • atividade anti-inflamatória; • atividade antiviral e antitumoral; • atividade hormonal: menor incidência de osteoporose (isoflavonas). GINKGO - folhas de Ginkgo biloba L., GINKGOACEAE. GINKGO • árvore de origem oriental, considerada fóssil vivo, cultivada em muitos países. • entre outros compostos, possui flavonóides (cerca de 20 glicosídeos flavônicos) e terpenos (mono, di e sesqui), destacando-se os diterpenos denominados ginkgolídeos A, B, C e J (e M nas raízes). GINKGO • utiliza- se o extrato hidroacetônico, padronizado, ajustado para 24 % de glicosídeos flavônicos e 6% de ginkgolídeos. • os ginkgolídeos inibem o FAP (fator ativador de plaquetas), enquanto os flavonóides diminuem a fragilidade capilar e captam os radicais livres. • o extrato apresenta-se como vasodilatador arteriolar, vasoconstritor venoso, reforçador da resistência capilar, inibidor da ciclooxigenase e da lipoxigenase, inibidor da agregação plaquetária e eritrocitária, dìminui a permeabilidade capilar, melhora a irrigação tissular, ativa o metabolismo celular sobretudo o cortical (aumentando a captação de glucose e de oxigênio). • indicado em insuficiência cerebral em idosos (dificuldades de concentração, alteração da memória etc). 26/09/2015 4 MARACUJÁ - folhas de Passiflora alata Curtis, P. edulis Sims e P. incarnata L, PASSIFLORACEAE. MARACUJÁ • largamente utilizado como sedativo, apesar de que ainda não está muito claro os responsáveis por essa atividade. • possui ácidos fenólicos, cumarinas, fitosteróis, maltol, glicosídeos cianogenéticos, alcalóides indólicos (harmano, harmol e harmina) e numerosos flavonóides (C-glicosídeos flavônicos) como a vitexina. CITROFLAVONÓIDES - flavonóides obtidos dos frutos de diversos Citrus, RUTACEAE. CITROFLAVONÓIDES• os frutos são muito utilizados por conter óleos essenciais, pectinas e flavonóides, além do endocarpo comestível. • no pericarpo há sobretudo glicosídeos de flavononas (hesperidosídeo, neohesperidosídeo, naringosídeo, eriodictiosídeo, eriocitrosídeo) e glicosídeos de flavonas (diosmina). • a composição varia, entre outros, conforme a espécie: laranja amarga contém neohesperidosídeo e naringosídeo; laranja doce contém hesperidosídeo. • utilizados puros ou em associação, nos tratamentos de insuficiência venolinfática crônica, na fragilidade capilar e noss sintomas funcionais da crise hemorroidal. BIBLIOGRAFIA SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; DE MELLO, J. C. P.; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS; Florianópolis: Editora da UFSC, 2007. LEITE, J. P. V. Fitoterapia: bases científicas e tecnológicas. São Paulo: Atheneu, 2009. ROBBERS, J. E.; SPEEDIE, M. K.; TYLER, V. E. Farmacognosia e Farmacobiotecnologia. São Paulo: Premier, 1997.
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