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CONSTRUÇÕES RURAIS AULA 4 Prof.ª Daiane Rodrigues Cardoso Seki 2 CONVERSA INICIAL Projetos de instalações rurais Nesta etapa, vamos estudar projetos de construções rurais, que desempenham um papel fundamental no planejamento estratégico para impulsionar as atividades agropecuárias. Seja na criação de animais, seja na agricultura em geral, as construções rurais estão intrinsicamente presentes, desdobrando-se em um amplo campo de atuação que visa aumentar a produtividade por meio de métodos eficientes de produção. Essas construções abrangem instalações para animais, armazenamento e beneficiamento da produção, aproveitamento de subprodutos, industrialização e comercialização. Elas demandam conhecimentos especializados, estreitamente ligados às áreas agronômica e zootécnica, aliados à simplicidade e à economia na execução para garantir o funcionamento técnico desejado das instalações. As construções devem atender a critérios básicos, sendo higiênicas, bem orientadas no terreno, simples, funcionais, duráveis, seguras, racionais e passíveis de controle das variáveis climáticas, expansão e baixo custo. Além disso, devem estar em conformidade com as legislações ambientais, de controle sanitário e segurança, promovendo eficiência na movimentação e manejo dos dejetos, proporcionando condições de trabalho favoráveis e, não menos importante, sendo economicamente viáveis. O princípio norteador de qualquer construção, independentemente do tamanho, é buscar a realização de uma obra praticamente perfeita no menor tempo e custo possível, aproveitando ao máximo o rendimento das ferramentas e da mão de obra. Embora atingir a perfeição seja desafiador, o objetivo é se aproximar ao máximo desse ideal, assegurando eficiência e qualidade na execução. Por esses motivos, os projetos serão fundamentais para orientar a respeito da melhor escolha. Tudo isso será visto em detalhes. Boa leitura e bons estudos! TEMA 1 – PROJETO ARQUITETÔNICO O projeto arquitetônico é um dos pontos iniciais quando falamos a respeito de projetos dentro da construção rural, pois é por meio dele que muitos estudos 3 importantes serão realizados para a tomada de decisões que irão nortear toda a construção. Ao começar os estudos para o projeto-base, inicia-se juntamente a etapa de planejamento, destacando-se as etapas cruciais que orientam a eficiência do sistema produtivo. Inicialmente, o estudo de mercado surge como peça fundamental, visando à comercialização como objetivo central do sistema produtivo. Compreender o comportamento do mercado, incluindo curvas de demanda, oferta e preços, é essencial. Além disso, previsões e perspectivas para o futuro, aliadas a uma compreensão econômica, são elementos-chave nessa fase do planejamento, tudo isso para nortear o projeto arquitetônico e entender qual será o objetivo e valor do investimento. A escolha do local para implantação das construções rurais é uma decisão estratégica que influencia diretamente o sucesso do empreendimento. O terreno deve apresentar características como pouca inclinação, firmeza e secura. Aspectos como proximidade de estradas, facilidade de captação de água e acesso à rede elétrica também são determinantes. Verificações minuciosas devem ser realizadas, considerando a legalidade do uso do terreno, a topografia para uma implantação econômica, a natureza do subsolo para construção estável e custo efetivo, bem como aspectos como fluxo eficiente, vias de acesso, direção de ventos e condições climáticas. O manejo dos dejetos é uma preocupação ambiental crucial, exigindo a escolha de locais adequados que atendam às normativas ambientais, garantam drenagem eficiente e evitem impactos negativos sobre habitações vizinhas. A localização das instalações é outro ponto-chave. O arranjo das construções deve buscar máxima eficiência, reduzindo distâncias percorridas e minimizando efeitos negativos de sol, vento e topografia. Atenção especial deve ser dada à posição no terreno, considerando instalações em partes mais altas para melhor escoamento de águas. Distâncias eficientes visam otimizar mão de obra e controle de doenças e odores. A orientação solar é essencial, evitando insolação direta em regiões quentes e úmidas e buscando insolação nas primeiras e últimas horas do dia em regiões de temperaturas amenas e umidade elevada. A escolha sábia da localização e o arranjo eficiente das instalações não apenas promovem o bem-estar dos animais, mas também contribuem para a eficácia operacional e a sustentabilidade do empreendimento rural. 4 1.1 Posição do Sol É essencial avaliar criteriosamente a orientação solar e a prevalência dos ventos em relação ao terreno ao planejar a construção de benfeitorias, como galpões para criação de aves. Essas estruturas demandam proteção contra exposição direta ao Sol, ventos intensos ou temperaturas frias, o que pode ser alcançado por meio de uma localização estratégica nas áreas designadas. A análise da posição do Sol em projetos arquitetônicos desempenha um papel vital, influenciando o conforto térmico, a eficiência energética e o bem- estar dos ocupantes. Ao compreender a trajetória solar, é possível otimizar a iluminação natural, controlar a entrada de calor e criar ambientes mais saudáveis. Além disso, considerar a posição solar é essencial para projetos agropecuários, pois impacta diretamente a climatização, a ventilação e a proteção contra elementos climáticos, contribuindo para a saúde e produtividade dos animais. Em regiões quentes e úmidas, a orientação Leste-Oeste é apropriada, visando evitar a incidência direta do sol no interior das instalações. Em locais de temperaturas amenas e alta umidade, a orientação Norte-Sul permite uma exposição adequada à luz solar nas primeiras e últimas horas do dia. Em atividades como avicultura, em que a exposição solar direta pode ser dispensável, a construção dos aviários com o eixo longitudinal orientado Leste- Oeste é aconselhada (Figura 1). Contudo, reconhecemos que nem sempre é viável seguir essa orientação devido a fatores como topografia, ventos predominantes e outras estruturas existentes. Essa orientação específica, especialmente em áreas mais quentes, proporciona sombra sob a cobertura nas horas mais quentes do dia, minimizando a carga calorífica recebida pelo aviário. Mesmo com uma orientação solar adequada, pode ocorrer incidência direta de radiação solar em algumas horas do dia na face Norte. Nesses casos, medidas como o plantio de árvores ou a instalação de beirais podem ser adotadas para evitar a exposição solar direta. 5 Figura 1 – Trajetória solar Crédito: Yuthana/Adobe Stock. No caso da construção de estufas, é recomendável observar a direção dos ventos predominantes, evitando uma construção perpendicular a essa direção. Entretanto, para aproveitar ao máximo a radiação solar, especialmente no inverno, a estufa deve ter seu eixo principal na direção Leste-Oeste. Essa posição reduz a sombra nas vigas da estrutura, otimizando sua eficiência na transmissão da radiação solar. 1.2 Climatização Nos trópicos, a principal preocupação na ocupação de instalações agrícolas está relacionada à inadequação térmica, resultante da ação dos elementos meteorológicos, dissipação de energia por máquinas, equipamentos, animais e pessoas que realizam atividades nessas estruturas prediais. Esse cenário, associado às altas temperaturas, elevada umidade relativa e à baixa velocidade do ar, reduz a capacidade de transferência de energia, resultando no aumento do estresse térmico para os ocupantes (Torres Júnior et al., 2008). A avaliação do conforto térmico e da qualidade do ar nas instalações agrícolas está https://stock.adobe.com/br/contributor/211438072/yuthana?load_type=author&prev_url=detail 6 diretamenteligada à eficiência dos sistemas de controle ambiental. Esses sistemas visam promover a saúde e o bem-estar tanto dos animais confinados quanto dos trabalhadores que passam muitas horas nesses ambientes (Moura et al., 2010). Condições térmicas acima da zona de conforto podem comprometer o desempenho dos animais de produção e contribuir para o desenvolvimento de problemas de saúde nos trabalhadores. Isso demanda atenção e agilidade na execução de tarefas, prejudicadas pela falta de concentração e fadiga decorrentes do calor (Carvalho et al., 2011). De acordo com Baêta & Souza (2010), o uso de abrigos com materiais adequados de cobertura pode reduzir até 30% da carga térmica radiante em comparação com situações de exposição à radiação solar direta, melhorando, assim, o conforto térmico dos ocupantes. A manutenção de sistemas de climatização natural é uma premissa fundamental para a obtenção de uma instalação eficiente energeticamente. Isso é alcançado por meio de estratégias como a correta especificação de materiais de construção para redução do ganho térmico e manutenção do conforto interno, além da utilização de sistemas passivos de climatização e iluminação natural nos ambientes internos, entre outras medidas (Keeler; Burke, 2010). 1.3 Sonorização Ao realizar o projeto arquitetônico, também devemos nos atentar a alguns aspectos sonoros. A sonorização em construções rurais desempenha um papel crucial no contexto do conforto e bem-estar dos animais. O ambiente sonoro ao qual os animais são expostos pode afetar significativamente seu comportamento, saúde e produtividade. Portanto, ao planejar e projetar instalações para a criação de animais, é essencial considerar cuidadosamente aspectos relacionados à sonorização. • Níveis de ruído adequados: manter níveis de ruído dentro de limites adequados é fundamental. Animais, especialmente em sistemas de criação intensiva, são sensíveis a sons excessivos e perturbadores. Ruídos altos e constantes podem causar estresse, impactar a alimentação, reprodução e até mesmo predispor os animais a doenças. • Controle do ambiente acústico: a escolha de materiais de construção e o design das instalações podem desempenhar um papel importante no 7 controle do ambiente acústico. Materiais absorventes de som, como isolamento acústico, podem ser empregados para minimizar a propagação de ruídos indesejados e proporcionar um ambiente mais tranquilo para os animais. • Consideração das atividades diárias: compreender as atividades diárias nas instalações é crucial. Por exemplo, em locais onde ocorrem maquinários agrícolas, como tratores ou colheitadeiras, é necessário avaliar o impacto sonoro desses equipamentos nas áreas de criação animal. Estratégias para minimizar a perturbação sonora, como a escolha de horários específicos para atividades mais ruidosas, podem ser implementadas. • Proteção contra sons externos: a localização das construções rurais em relação a fontes externas de ruído, como estradas movimentadas, pode influenciar significativamente o conforto acústico. O planejamento cuidadoso, incluindo barreiras físicas ou o posicionamento estratégico das instalações, pode reduzir a exposição dos animais a sons indesejados. • Monitoramento e adaptação: a implementação de sistemas de monitoramento do ambiente sonoro pode ser útil para avaliar continuamente os níveis de ruído e identificar áreas de melhoria. Além disso, é importante estar disposto a ajustar as práticas e instalações conforme necessário para garantir um ambiente acústico adequado. 1.4 Exemplos de projetos Agora, abordaremos alguns projetos que serão comuns em sua caminhada profissional e os principais pontos que precisam de atenção em cada projeto arquitetônico, de acordo com sua finalidade. • Silos: o Capacidade de armazenamento: determinar a quantidade e o tipo de grãos ou produtos a serem armazenados. o Material e estrutura: escolher materiais resistentes e seguros para garantir a integridade dos grãos. o Aeração: projetar sistemas eficientes para evitar a proliferação de fungos e pragas. 8 Figura 2 – Projeto de silos Fonte: USP, Escola Superior de Agricultura. Figura 3 – Projeto de silos metálicos Crédito: Fábrica do Projeto. 9 • Galpões rurais: o Finalidade: definir o uso específico do galpão, seja para armazenamento, criação de animais ou outras atividades. o Dimensionamento: levar em conta o espaço necessário para as atividades planejadas. o Ventilação e iluminação: garantir condições adequadas para o bem- estar dos animais ou armazenamento de produtos. Figura 4 – Projeto de galpão rural Crédito: Wasteresley Lima. • Depósitos de defensivos: o Normas de segurança: seguir regulamentações rigorosas para armazenamento seguro de produtos químicos. o Ventilação e contenção: implementar sistemas que evitem vazamentos e assegurem a proteção ambiental. o Acesso restrito: garantir que apenas pessoas autorizadas tenham acesso a esses locais. • Biodigestor: o Tipo de resíduos: identificar os resíduos a serem processados no biodigestor. 10 o Capacidade: determinar a capacidade necessária com base na quantidade de resíduos gerados. o Produção de biogás: projetar para otimizar a produção de biogás para energia. Figura 5 – Projeto de biodigestor Crédito: Elias Aleixo. • Fossas sépticas: o Tamanho adequado: dimensionar a fossa de acordo com o número de usuários e a demanda diária. o Material de construção: escolher materiais duráveis e impermeáveis para evitar vazamentos. o Manutenção: considerar a facilidade de manutenção e esvaziamento periódico. 11 Figura 6 – Fossa séptica Fonte: João Miguel/Pinterest1. TEMA 2 – PROJETOS COMPLEMENTARES Ao viabilizar os projetos para as construções rurais, é importante estar atento aos projetos complementares ao arquitetônico que serão necessários durante a obra. Esses projetos, como o próprio nome diz, visam complementar as informações do projeto arquitetônico, sendo eles: estrutural, elétrico, hidráulico e de sistemas, quando necessários. 2.1 Projeto estrutural A inclusão de projetos complementares, especialmente os projetos estruturais, é de suma importância no contexto da construção rural. Esses projetos são essenciais para assegurar a solidez, a segurança e a funcionalidade das edificações, independentemente do sistema estrutural escolhido. 1 Disponível em: . Acesso em: 18 abr. 2024. https://br.pinterest.com/pin/702139398132281316/ 12 Os projetos estruturais são responsáveis por definir a disposição e o dimensionamento dos elementos que sustentam a construção, como vigas, colunas e fundações. Mesmo que os técnicos não sejam engenheiros, é crucial compreender a relevância de contar com um profissional habilitado para desenvolver esses projetos. A segurança estrutural é vital para garantir que as construções resistam às cargas impostas ao longo do tempo, incluindo as condições climáticas, peso dos materiais, e até mesmo as atividades desenvolvidas dentro das instalações rurais, como a movimentação de animais ou equipamentos. A expertise de um profissional especializado na elaboração desses projetos é crucial, pois ele considerará fatores específicos do local, características do solo, demandas de carga e outros elementos que impactam diretamente na resistência e durabilidade da estrutura. Esses projetos proporcionam uma base sólida para a execução da construção, evitando problemas estruturais futuros e garantindo a integridade do ambiente. Portanto, ao desenvolver construções rurais, os técnicos devem reconhecer a importância dos projetos estruturais e buscar a colaboração de profissionais capacitados para garantir a segurança e a eficiência das edificações, contribuindo assim para o sucesso e durabilidadedas instalações no contexto agrícola. 2.2 Projeto de instalações elétricas Os projetos de instalações elétricas desempenham um papel crucial nas construções rurais, sendo de extrema importância para garantir um ambiente seguro, eficiente e funcional. Esses projetos, mesmo para técnicos não especializados em engenharia elétrica, são fundamentais para o correto dimensionamento e distribuição dos sistemas elétricos nas instalações agropecuárias. 13 Figura 7 – Instalações elétricas Crédito: PV Productions/Shutterstock. A importância dos projetos de instalações elétricas reside em diversos aspectos: • Segurança: garantem que a distribuição elétrica seja realizada de maneira segura, minimizando riscos de curtos-circuitos, sobrecargas e outros problemas elétricos que possam resultar em incêndios ou acidentes. • Eficiência energética: contribuem para a eficiência no consumo de energia, otimizando a distribuição e utilização dos equipamentos elétricos, o que pode resultar em economia de recursos financeiros e energéticos ao longo do tempo. • Atendimento às normas técnicas: asseguram que a instalação esteja em conformidade com as normas técnicas vigentes, garantindo não apenas a segurança, mas também a legalidade do projeto. • Funcionalidade e conforto: planejam a disposição de pontos de iluminação, tomadas e equipamentos elétricos de forma a atender às necessidades específicas do ambiente. Isso contribui para o conforto e a funcionalidade das atividades desenvolvidas no local. https://www.shutterstock.com/pt/g/Uximetc+pavel 14 • Dimensionamento adequado: definem a capacidade necessária dos componentes elétricos, como fios, disjuntores e transformadores, de acordo com a demanda da instalação. Isso evita sobrecargas e garante o funcionamento adequado do sistema elétrico. Dentro desse contexto, o projeto de instalações elétricas dimensiona e especifica, entre outros elementos: • Pontos de iluminação: determina a quantidade, localização e tipo de luminárias para proporcionar uma iluminação adequada ao ambiente. • Pontos de tomadas: define a disposição e a quantidade de pontos de energia, considerando as necessidades dos equipamentos a serem utilizados. • Circuitos elétricos: organiza os circuitos elétricos de forma a evitar sobrecargas e assegurar uma distribuição eficiente da energia. • Proteção e aterramento: especifica dispositivos de proteção, como disjuntores, e estabelece um sistema de aterramento adequado para prevenir acidentes elétricos. Os projetos elétricos contribuem para a eficiência energética e o cumprimento das normas técnicas aplicáveis. Dentro do projeto luminotécnico, que pode ser especificado no projeto arquitetônico e dimensionado pelo projeto elétrico, é importante projetar uma iluminação adequada para os animais. Vamos adentrar um pouco no caso dos animais bovinos e suínos, que necessitam de uma atenção especial em instalações agropecuárias. A iluminação desempenha um papel fundamental no bem-estar, comportamento e desempenho desses animais, influenciando diversos aspectos de sua saúde e produção. Aqui estão algumas considerações específicas para cada tipo de animal: • Bovinos: o Níveis de iluminação natural: bovinos beneficiam-se de níveis adequados de luz natural para promover seu comportamento natural, atividade e bem-estar. Projetar instalações que permitam a entrada de luz natural pode ser benéfico. o Iluminação uniforme: assegurar que a iluminação seja uniformemente distribuída em todas as áreas do estábulo ou galpão. Isso evita 15 sombras intensas, que podem causar desconforto e estresse nos bovinos. o Ciclos de luz e escuridão: manter ciclos regulares de luz e escuridão para simular o ambiente natural. Isso ajuda a regular os ritmos circadianos dos bovinos, afetando positivamente seu comportamento e produção. • Suínos: o Níveis de iluminação adequados: suínos têm uma sensibilidade única à luz. Garantir níveis de iluminação adequados, evitando a iluminação excessiva, é crucial. Ambientes muito brilhantes podem causar estresse. o Controle da intensidade: implementar sistemas que permitam o controle da intensidade da luz. Suínos são sensíveis a mudanças bruscas de luz, portanto, ajustar gradualmente os níveis ao longo do dia é benéfico. o Distribuição uniforme: certificar-se de que a iluminação seja uniformemente distribuída em áreas de descanso, alimentação e áreas de atividade dos suínos. Isso contribui para ambientes mais confortáveis. o Ciclos de luz para reprodução: em instalações de reprodução, considerar ciclos de luz específicos para otimizar o desempenho reprodutivo. Outros pontos a serem considerados: • Cor da luz: a escolha da cor da luz é relevante. Luzes mais quentes podem criar um ambiente mais aconchegante, enquanto luzes mais frias podem estimular atividade. Adaptar a cor da luz às necessidades específicas dos animais pode ser benéfico. • Evitar ofuscamento: evitar fontes de luz direta que possam ofuscar ou incomodar os animais. Ofuscamento pode causar estresse e afetar negativamente o comportamento e a produção. • Economia de energia: utilizar tecnologias eficientes em termos energéticos, como lâmpadas de LED, para equilibrar a eficácia da iluminação com a eficiência energética. 16 O dimensionamento elétrico deve ser procurado por engenheiro responsável sempre que necessário, visto que trará inúmeros benefícios para a execução do local projetado. 2.3 Projeto de sistemas O projeto de sistemas hidráulicos, de climatização e, quando aplicável, de automação, desempenha um papel fundamental nas instalações rurais, contribuindo para a eficiência operacional, o bem-estar dos animais e a sustentabilidade das práticas agropecuárias. Aqui estão algumas considerações sobre a importância de cada um desses projetos. • Projeto de sistemas hidráulicos: o Abastecimento de água: o projeto hidráulico contempla o abastecimento adequado de água para diversas finalidades, como consumo animal, irrigação e atividades operacionais. Garantir uma distribuição eficiente e confiável é crucial para manter a saúde dos animais e o funcionamento das atividades. o Drenagem: adequar o sistema hidráulico para a gestão eficaz de águas pluviais e efluentes é vital para evitar alagamentos, a contaminação da água e garantir a sustentabilidade ambiental da operação. o Reservatórios e tanques: dimensionar corretamente reservatórios e tanques para armazenamento de água é essencial para suprir demandas diárias e prevenir escassez em momentos críticos. • Projeto de sistemas de climatização: o Ventilação natural: projetar sistemas que favoreçam a ventilação natural é crucial para garantir ambientes adequados para a criação de animais. Isso contribui para a saúde respiratória, reduz o estresse térmico e melhora o conforto dos animais. o Climatização artificial: em casos de climas extremos, a climatização artificial pode ser necessária para manter condições ideais. Sistemas de resfriamento ou aquecimento controlados são fundamentais para preservar a saúde dos animais e otimizar a produção. o Controle térmico: a capacidade de monitorar e controlar a temperatura, umidade e outros fatores climáticos é essencial. Isso pode 17 ser alcançado por meio de sensores e sistemas automáticos que ajustam as condições ambientais conforme necessárias. • Projeto de automação: o Eficiência operacional: a automação permite a otimização de processos, como a distribuição de alimentos, controle de iluminação e gerenciamento de sistemas hidráulicos. Isso resulta em maior eficiência operacional e redução de desperdícios. o Monitoramento remoto: sistemas automatizados podem incluir recursos de monitoramento remoto, permitindo que os gestores acompanhem as condições das instalações de qualquer lugar. Isso é crucialpara a tomada de decisões rápidas e a prevenção de problemas. o Redução de custos: a automação bem planejada pode levar a uma gestão mais eficiente dos recursos, reduzindo custos operacionais e melhorando a sustentabilidade econômica das atividades rurais. Ao realizar o planejamento dos projetos necessários para a execução das instalações rurais, é necessário prever e destinar parte do investimento para projetos de sistemas hidráulicos, de climatização e de automação. Essa contratação é estratégica para promover a eficiência, a sustentabilidade e o bem- estar tanto dos animais quanto das operações nas instalações rurais. Esses projetos proporcionam condições ideais para a produção agropecuária, garantindo a qualidade dos produtos e a integridade ambiental das práticas agrícolas. TEMA 3 – INSTALAÇÕES PARA AVES Ao longo do tempo, as instalações tornaram-se um dos elementos mais cruciais na avicultura brasileira. Elas representam a adaptação dos animais, que antes viviam em estado selvagem, para um ambiente de cativeiro, preservando, no entanto, suas características fundamentais. Nesse processo de adaptação, o papel humano é de suma importância, proporcionando as condições necessárias para atender às exigências das aves. Dessa forma, contribui de maneira racional para o surgimento e desenvolvimento das possibilidades de transformação, visando alcançar máxima eficiência em um período mínimo. As instalações destinadas às aves apresentam consideráveis diferenças em relação às destinadas a outros animais, tanto em termos higiênicos quanto 18 no manejo da criação. O criador enfrenta o desafio de proporcionar uma área relativamente pequena para acomodar um número significativo de animais. Qualquer projeto desse tipo deve atender a condições que garantam seu bom funcionamento, com ênfase na eficiência econômica da construção. A simplicidade é essencial, permitindo uma execução mais rápida, garantindo resistência adequada e fazendo uso de materiais acessíveis. 3.1 Planejamento do aviário Dentro do planejamento, a seleção do terreno para a instalação do aviário deve ser subordinada à sua localização, uma vez que os fatores econômicos cruciais para a comercialização dependem dela, influenciando a relação entre o rendimento bruto e o lucro líquido. Diversos aspectos devem ser considerados nesse processo: • Proximidade das fontes de produção de milho: dado que o milho representa entre 60% e 79% do volume das rações, a escolha de locais com grande produção de milho permite adquiri-lo a preços mais acessíveis durante a safra, armazenando-o em silos ou armazéns apropriados para garantir abastecimento ao longo do ano. • Facilidade na aquisição de rações e concentrados: é essencial garantir fácil acesso a rações, evitando que as aves fiquem desprovidas de alimento. • Aquisição de pintos de um dia de qualidade: assegurar uma fonte confiável e consistente de pintos de qualidade ao longo do ano, provenientes de um incubador confiável. • Mão de obra capaz: a disponibilidade de mão de obra capacitada ou de fácil treinamento é crucial para o sucesso da operação. • Proximidade do mercado consumidor: quanto mais próxima a granja estiver do mercado consumidor, menores serão os custos de frete, e melhores serão os preços de venda alcançados. • Estradas e vias de transporte de boa qualidade: em áreas de avicultura desenvolvida, a proximidade a abatedouros avícolas é essencial para evitar perdas por mortalidade, ferimentos e quebras de peso durante o transporte. 19 • Infraestrutura de eletricidade e gás: a granja deve, preferencialmente, ter acesso à eletricidade para programas de iluminação. Na ausência de eletricidade da rede, a instalação de um gerador é necessária. O gás é crucial para alimentar as campânulas a gás dos pintinhos. Figura 8 – Aviário Crédito: Joa Souza/Shutterstock. Os galpões devem idealmente ter a cumeeira orientada no sentido Leste- Oeste. Essa orientação visa minimizar a exposição à insolação nas longas tardes de verão, reduzindo o risco de sobreaquecimento. Embora essa seja a condição preferencial, sua execução pode ser limitada por fatores como topografia, ventos dominantes e outras instalações existentes. A organização estratégica dos galpões que compõem a exploração deve ser planejada de maneira a garantir uma disposição eficiente. Galpões que abrigam aves da mesma idade devem ser espaçados por no mínimo 20 metros, evitando interferências na ventilação natural entre eles. Quando se trata de galpões com aves de idades diferentes, a recomendação é que haja um afastamento mínimo de 100 metros. Além disso, ao redor de cada galpão é aconselhável ter barreiras naturais, como árvores, para impedir a circulação direta do ar de um galpão para o outro. Essa medida contribui para evitar a transmissão de doenças entre aves adultas e mais jovens. https://www.shutterstock.com/pt/g/Joa+Souza 20 Uma granja pode abranger diversos setores, dependendo de seu porte: • Setor de produção: compreende galpões destinados a frangos de corte e postura, incluindo silos e um galpão para matrizes. • Setor de preparo dos alimentos: engloba a fabricação de ração, silos graneleiros conectados a armazéns e sistemas de transporte a granel. • Setor administrativo: inclui instalações para controle de acesso, escritório e almoxarifado. • Setor sanitário: engloba áreas para fossa ou crematório, pedilúvio, rodolúvio e plataformas de desembarque. • Setor de apoio: compreende uma oficina para manutenção e reparos. • Setor externo: inclui instalações como postos de vendas, abatedouro e um complexo de cooperativas. Essa organização estruturada dos setores visa otimizar o funcionamento da granja, promovendo eficiência operacional e garantindo boas condições para a criação de aves em diferentes estágios de desenvolvimento. 3.2 Instalações para aves de corte De acordo com Souza (1997): a) Local de criação: geralmente, as aves permanecem no mesmo galpão desde o primeiro dia até a época do abate. A idade de abate varia de acordo com a ave e o nível tecnológico do manejo ao qual são submetidas. A seguir, apresentamos um período médio necessário para criação: o Frangos: 40 a 50 dias; o Chester: 65 a 70 dias (com peso vivo em torno de 3,75 kg). b) Densidade de aves: a densidade varia de acordo com as características físicas e comportamentais da ave, o clima e o nível tecnológico do produtor. Em média, um galpão pode conter: o Frangos: 8 a 12 aves/m² para climas mais quentes e baixa tecnologia; 12 a 14 aves/m² para climas mais frios e alta tecnologia; Até 18 aves/m² para altíssima tecnologia. o Chester: 5 a 6 aves/m² no verão (metade da adotada para frangos de corte); 21 7 a 8 aves/m² no inverno. c) Capacidade do galpão: a construção do galpão pode variar em tamanho, sendo determinada pelo tipo de ave, mercado consumidor e recursos disponíveis para o produtor. Galpões com dimensões de 12 x 50 m ou 12 x 100 m são comuns devido a investimentos de empresas integradoras na produção de aves. d) Galpão: o Forma: recomenda-se a forma retangular por ser mais econômica. o Largura e pé-direito: determinados pelo clima e manejo. Larguras superiores a 8 metros exigem ventilação forçada (ventiladores). Tabela 1 – Largura e pé-direito dos galpões Clima Largura (m) Pé-direito (m) Quente e seco 10 - 14 3,0 - 3,3 Quente e úmido 6 - 8 2,7 - 3,0 e) Meios de controlar o efeito do clima: durante os meses de verão, medidas devem ser adotadas para manter a instalação em uma temperatura amena, tanto de dia quanto à noite. Os recursos incluem: o Ventilação forçada: recomendada para galpões com largura superior a 8 metros, utilizando ventiladores com controle para evitar ressecamento das vias respiratórias das aves. o Lanternim: funciona como um exaustor, promovendo a saída do arquente, criando uma zona de convecção. Reduz o clima e purifica o ambiente de gases produzidos. O telhado deve ser inclinado para evitar acúmulo de ar quente, e as aberturas do lanternim são proporcionais à largura do galpão. 22 Figura 9 – Corte esquemático indicando as principais medidas de um lanternim Fonte: Souza, 1997, p. 103. 3.3 Aspectos construtivos Para a seleção do material na construção, é fundamental considerar aspectos como fácil disponibilidade, custo econômico e durabilidade. Seguem algumas orientações específicas para diferentes elementos da estrutura do galpão: • Alicerces e/ou fundações: são geralmente simples, constituindo-se principalmente de concreto simples ou ciclópico, com até 40% de pedra de mão. Pequenos alicerces contínuos podem ser feitos de concreto simples, solo-cimento ou tijolo. • Pisos: devem apresentar uma leve declividade de 1 a 2% para facilitar o escoamento da água. Podem ser feitos de solo-cimento, tijolos rejuntados com argamassa, concretado simples (4 a 6 cm de espessura) ou até mesmo chão batido de terra. No entanto, o chão batido pode abrigar insetos, ovos de vermes e vírus. • Pilares, colunas ou esteios: podem ser construídos de concreto armado, concreto não armado, tijolos ou madeiras roliças, falqueadas ou serradas. 23 Pilares de madeira devem ser enterrados no mínimo 80 cm, com encaixes para receber o madeiramento do telhado. • Fechamento lateral do galpão: geralmente feito com tábuas ou alvenaria de ½ tijolo. Deve incluir um portão de duas bandeiras para a entrada de caminhões. • Fechamento longitudinal do galpão: deve possuir uma mureta de 30 a 40 cm de altura, podendo ser construída com alvenaria, concreto simples, solo-cimento ou tábuas. Telas de malhas 0,5” a 1” são aplicadas acima da mureta até o telhado para evitar a entrada de pássaros. • Pedilúvio: colocado nas entradas dos barracões para desinfecção dos calçados em caso de necessidade de entrada de pessoas. • Cobertura: pode ser constituída por estrutura de madeira roliça, falqueada ou serrada, estrutura metálica ou concreto pré-moldado. As telhas de cimento amianto são comuns devido ao custo mais baixo e facilidade na instalação e manutenção, embora as de barro proporcionem melhor conforto térmico aos animais. A inclinação do telhado deve ser a maior possível para facilitar o escoamento de águas pluviais e ar quente, evitando colocar a inclinação com o mesmo ângulo de latitude da região para reduzir a absorção excessiva dos raios solares. TEMA 4 – INSTALAÇÕES PARA BOVINOS A elaboração de um projeto específico para a criação de bovino leiteiro é de suma importância, pois contribui para o desenvolvimento sustentável e eficiente da atividade. Além de otimizar o uso dos recursos disponíveis, um projeto bem elaborado considera diversas variáveis que impactam diretamente no bem-estar dos animais, na produtividade da exploração e na gestão econômica da propriedade. Um projeto bem elaborado para a criação de bovino leiteiro não apenas assegura o atendimento das necessidades básicas dos animais, mas também proporciona condições para uma produção eficiente, sustentável e economicamente viável, promovendo o sucesso a longo prazo na atividade leiteira. 24 4.1 Instalações para bovino leiteiro A seleção de um projeto de instalações para o manejo e exploração do bovino leiteiro é influenciada por diversos fatores, incluindo raça, manejo, tamanho da exploração, área da propriedade, recursos humanos, econômicos e características ambientais como clima, solo e topografia. Além disso, a escolha dos materiais e técnicas construtivas disponíveis é crucial. O projeto deve considerar a soma desses elementos, bem como a potencial expansão da exploração. Figura 10 – Instalações de bovino leiteiro Crédito: Valdis Skudre/Shutterstock. A localização ideal para as construções é em uma leve encosta, em terreno com boa drenagem, ensolarado e protegido contra ventos frios. Para garantir uma boa insolação, as partes abertas das construções devem ser voltadas para o Norte ou Leste e Oeste. A face Norte proporciona ótima insolação no inverno. Os cochos para volumosos devem ser protegidos, com seu comprimento no sentido Leste-Oeste e a parte baixa da cobertura voltada para o Norte, evitando o ressecamento da forragem. Ventos frios dominantes podem ser evitados fechando a construção com alvenaria até 1,50 metro de altura, superior à altura das vacas, ou plantando um https://www.shutterstock.com/pt/g/ValdisSkudre 25 renque de vegetação distante da instalação. A água é essencial em quantidade e qualidade, podendo ser provida nos pastos por meio de aguadas ou canalizada para bebedouros com boia. Os currais devem dispor de bebedouros amplos para manter a temperatura estável, favorecendo o metabolismo. Figura 11 – Localização de instalações Crédito: Jefferson Schnaider. De acordo com a figura de instalações, temos: 26 1. Circulação; 2. Estradas de acesso; 3. Corredores; 4. Arborização (sombreamento e proteção); 5. Piquetes; 6. Rodolúvio; 7. Residência; 8. Bebedouros; 9. Cobertas de manejo; 10. Baia para touro; 11. Bezerros em aleitamento (box individual); 12. Bezerros desmamados (coletivo); 13. Novilhas menores; 14. Vacas “secas” e novilhas prenhes; 15. Vacas em produção; 16. Piquete de espera; 17. Piquete maternidade; 18. Pedilúvio; 19. Centro de manejo; 20. Silos; 21. Estrumeira; 22. Depósito de máquinas e implementos; 23. Depósito de alimentos; 24. Silos graneleiros; 25. Reservatório de água; 26. Brete e tronco; 27. Embarcadouro; 28. Comedouros; 29. Pastagens anuais; 30. Pastagens perenes; 31. Milho para silagem; 32. Capineiras. Vias de acesso são cruciais para o escoamento de produtos, devendo ser planejadas para cortar ou corrigir locais de difícil drenagem. Após a escolha e dimensionamento das instalações, a locação no terreno deve ser realizada de 27 forma sequencial, permitindo um uso racional, sem perda de energia e tempo, e evitando deslocamentos repetitivos e desnecessários. 4.2 Projetos para tipos de sistemas de criação Cada sistema de criação possui as suas particularidades. Dessa forma, é necessário entendê-lo para realizar o correto direcionamento do projeto-base. Ainda de acordo com Souza (1997), existem três sistemas de criação amplamente utilizados para bovino, sendo eles: extensivo, semi-intensivo e intensivo. A escolha entre esses modelos demanda uma análise minuciosa do mercado para avaliar a demanda e a qualidade do leite a ser produzido. Além disso, a decisão sobre o sistema de criação mais adequado considera as condições econômicas do criador, as características locais e os recursos de produção disponíveis. • Sistema extensivo ou regime exclusivo de pastejo: predominante em muitas regiões, esse sistema envolve ordenha uma vez ao dia, devido à produção leiteira reduzida. O rebanho, frequentemente sem padrão racial definido, é conduzido ao curral pela manhã para a ordenha manual e à tarde para separação dos bezerros. Instalações simples incluem um estábulo para ordenha e alimentação, podendo conter sala de leite, que também pode servir como escritório e depósito, curral de alimentação com bebedouros, silos para forragens e cercas para piquetes de pastagens. • Sistema semi-intensivo ou semiestabulação: nesse sistema, o rebanho, geralmente de maior produção e melhorado, é ordenhado duas vezes ao dia. A alimentação no pasto é complementada com rações e volumosos, como silagem ou capim picado durante a época de estiagem. Instalações mais complexas incluem curral de alimentação com bebedouros, curral de espera, sala de ordenha, sala de leite, escritório, farmácia, sala de máquinas, bezerreiro fora do estábulo, esterqueira, reservatórios, silos ou fenos paraforragens, cercas para piquetes de pastagens com bebedouros e saleiros, entre outras. 28 • Sistema intensivo ou regime de estabulação: os animais são confinados em estábulos, recebendo toda a alimentação necessária, e são ordenhados duas a três vezes ao dia. • Instalações mais complexas, como sala de ordenha equipada com ordenhadeiras mecânicas, sala de leite, sanitários, sala de máquinas, farmácia, depósito, escritório e curral de espera, exigem um controle sanitário mais eficiente. • A eficiência do manejo e o aumento da produtividade são vantagens significativas, permitindo a produção de alimentos em áreas menores, armazenamento e fornecimento durante todo o ano, com os animais separados de acordo com idade e fase de produção. A estrutura necessária para a atividade leiteira varia significativamente com base no sistema de criação e nas práticas de manejo adotadas na propriedade. Dentre as principais instalações, destacam-se: • Estábulos: ambientes destinados ao alojamento e alimentação do bovino leiteiro; • Sala de ordenha: espaço específico para a realização do processo de ordenha, fundamental para a produção diária de leite; • Sala de leite: local destinado ao armazenamento e manipulação do leite obtido; • Escritório: espaço administrativo para registros, controle e planejamento da atividade leiteira; • Farmácia: área destinada ao armazenamento de medicamentos e produtos relacionados à saúde animal; • Sala de máquinas: espaço para armazenamento e manutenção de equipamentos utilizados na propriedade; • Banheiro: instalação sanitária para uso dos funcionários e proprietários; • Bezerreiro: área destinada à criação e cuidado dos bezerros; • Depósito para fezes e urina: local específico para armazenamento e tratamento dos resíduos animais; • Silos e fenos: estruturas para armazenamento de forragens utilizadas na alimentação do gado; 29 • Depósito de ração, insumos e ferramentas: área designada para armazenar alimentos, materiais e ferramentas necessários para a atividade; • Instalações auxiliares: incluem cochos, bebedouros, saleiros, cercas, tronco, pedilúvio, balança, lava-pés, embarcadouro e outros elementos que contribuem para o bom manejo e cuidado do gado leiteiro. A quantidade e a especificação de cada instalação podem variar conforme as características específicas da propriedade e a escolha do sistema de criação adotado. TEMA 5 – INSTALAÇÕES PARA SUÍNOS As edificações devem atender a requisitos fundamentais, como higiene, orientação adequada, funcionalidade e custos controlados. Construções grandiosas, dispendiosas, excessivas e complexas não apenas são economicamente desvantajosas, mas também indicam falta de preparo por parte do projetista. O criador deve dedicar atenção especial a essas construções, uma vez que sua eficiência desempenha um papel crucial no êxito do empreendimento, constituindo-se em um aspecto de significativo investimento de capital que não se recupera, dada sua condição de imobilizado. Com o intuito de aprimorar a eficiência nos sistemas de produção suína, bem como prevenir ou controlar doenças, a tendência contemporânea é adotar o confinamento total. Esse direcionamento tem promovido alterações nas estruturas e nos equipamentos, especialmente em empreendimentos de maior porte. 5.1 Dimensionamento O ponto inicial consiste em determinar a extensão do terreno exigida para estabelecer a criação. Essa dimensão, por sua vez, é derivada do número de unidades de produção (edificações destinadas ao manejo dos animais) que serão utilizadas, proporcionalmente ao dimensionamento do plantel da criação. Segundo Souza (1997), teremos que não é necessário fornecer espaço para todas as porcas na unidade de pré-cobrição simultaneamente, pois parte do grupo de porcas pode estar nas gaiolas ou baias de gestação e nas gaiolas 30 de parição da maternidade. Para determinar o número de baias necessárias para as fases de pré-cobrição e cobrição, utiliza-se a seguinte fórmula: Número de baias: (N° porcas)⋅(N°ciclos/porca/ano)⋅(Período ocupacão)(N° porcas/baia)⋅(N° semanas do ano)𝐍𝐍𝐍𝐍𝐍𝐍𝐍𝐍𝐍𝐍𝐍𝐍 𝐝𝐝𝐍𝐍 𝐛𝐛𝐛𝐛𝐛𝐛𝐛𝐛𝐛𝐛 (𝐍𝐍° 𝐩𝐩𝐍𝐍𝐍𝐍𝐩𝐩𝐛𝐛𝐛𝐛/𝐛𝐛𝐛𝐛𝐛𝐛𝐛𝐛)⋅(𝐍𝐍° 𝐛𝐛𝐍𝐍𝐍𝐍𝐛𝐛𝐬𝐬𝐛𝐛𝐛𝐛 𝐝𝐝𝐍𝐍 𝐛𝐛𝐬𝐬𝐍𝐍)(𝐍𝐍° 𝐩𝐩𝐍𝐍𝐍𝐍𝐩𝐩𝐛𝐛𝐛𝐛)⋅(𝐍𝐍° 𝐩𝐩𝐛𝐛𝐩𝐩𝐜𝐜𝐍𝐍𝐛𝐛/𝐩𝐩𝐍𝐍𝐍𝐍𝐩𝐩𝐛𝐛/𝐛𝐛𝐬𝐬𝐍𝐍)⋅(𝐏𝐏𝐍𝐍𝐍𝐍í𝐍𝐍𝐝𝐝𝐍𝐍 𝐍𝐍𝐩𝐩𝐍𝐍𝐩𝐩𝐛𝐛çã𝐍𝐍 Em que: • N° porcas: é o total de porcas do plantel; • N° ciclos/porca/ano tem uma média variável de 2,17 a 2,48 partos por ano; • Período de ocupação segue o critério de: • Da desmama até a cobrição: 1-2 semanas; • Da cobrição à confirmação da prenhez: 3-4 semanas; • Limpeza e desinfecção: 1 semana; • Período total de ocupação: 5-7 semanas; • N° de porcas/baia são utilizadas nesse setor 6 porcas/baia, para facilitar a homogeneização do lote em tamanho e diminuir a disputa por alimento; • N° semanas do ano – 52 semanas. As baias das porcas e marrãs nesse setor ficam localizadas em frente ou ao lado dos cachaços. A proximidade com os machos estimula o aparecimento do cio e facilita o manejo da cobertura. Essas baias devem ser dimensionadas em um espaço de 2,5 m² por animal. 5.2 Aspectos construtivos • Piso: terá uma espessura variando entre 6 e 8 cm, composto por concreto nas proporções 1:4:8 (cimento, areia e brita 1) ou 1:10 (cimento e cascalho), com inclinação mínima de 2% em direção às canaletas de drenagem. Uma camada de cimentação com aproximadamente 1,5 a 2,0 cm de espessura, utilizando argamassa 1:3 (cimento e areia média), será aplicada, seguida pela queima da cimentação com colher de pedreiro para evitar aspereza excessiva, prejudicando o casco dos animais. A coleta de drenagem pode ser externa à baia, com largura de 0,30-0,40 m, ou interna, ocupando cerca de 30% da largura da baia, com inclinação recomendada para evitar acúmulo de resíduos. 31 O material para revestir a canaleta interna pode ser madeira, ferro, concreto ou pisos plásticos industrializados. Figura 12 – Instalações de suínos Crédito: Artbypixel/Shutterstock. • Alvenarias (paredes): as paredes das baias podem ser construídas com cano metálico ou tijolos. No caso de tijolos, a espessura é de meio tijolo (0,10 m) e altura de 1,1 m, utilizando tijolos maciços ou blocos de concreto assentados com argamassa 1:8 (cimento e areia) com 10% de terra ou 1:2:8 (cimento, cal e areia). Recomenda-se revestimento (cimentação) 1:3 ou 1:4 (cimento e areia), preferencialmente natado para facilitar a limpeza. • Cobertura (telhado): a estrutura da cobertura pode ser de madeira, metálica ou pré-fabricada, com telhas de cimento amianto ou barro. A ventilação interna é crucial, sendo aconselhado o uso de sistemas como ventiladores e lanternins para galpões com largura superior a 6 metros. Medidas de pé-direito e beiral devem ser seguidas de acordo com a largura do galpão e as condições climáticas. https://www.shutterstock.com/pt/g/ArtbyPixel 32 Tabela 2 – Largura, pé-direito e beiral em função do clima para telhas cimento amianto e barro Clima Largura (m) Telha cimento Telha de barro Pé direito (m) Beiral (m) Pé direito (m) Beiral (m) Quente seco 10 - 14 3,2 - 3,5 1,2 - 1,5 2,8 - 3,0 1,0 - 1,2 Quente úmido 6,0 - 8,0 3,0 - 3,2 1,2 - 1,5 2,5 - 2,8 0,7 - 1,0 Fonte: Souza, 1997, p. 148. • Comedouro: para evitar competição e seus efeitos adversos no desempenho dos grupos de porcas, é imperativo utilizar comedouros individuais. A competição poderia levar à agressividade das porcas, ganho excessivo de peso e deficiências alimentares em outras, prejudicando o desempenho geral. A opção pelo manejo individual na alimentação das fêmeas requer a instalação de divisórias com dimensões de 1,5 m de comprimento, 0,55 m de largura e 1,0 m dealtura. Essas divisórias podem ser construídas com cano, madeira ou alvenaria de tijolos. 5.3 Construções suplementares Existem algumas construções que são suplementares e essenciais para o bom funcionamento do setor de suínos. De acordo com Souza (1997), temos: • Balança e rampa de embarque: na gestão racional da criação de suínos, a balança desempenha um papel mais significativo do que meramente verificar a aferição adequada das balanças utilizadas nos frigoríficos. O criador utiliza a balança para monitorar de maneira precisa o comportamento da ração, especialmente durante alterações na formulação. Além disso, o controle do ganho de peso é essencial ao introduzir material genético, sendo a rampa de embarque projetada para facilitar o carregamento dos animais destinados ao mercado, minimizando a mão de obra, reduzindo o estresse e prevenindo acidentes. Essa construção, preferencialmente coberta, deve ser estrategicamente localizada próxima às baias de terminação. 33 • Fábrica de rações: recomendada exclusivamente para grandes criações com recursos de laboratório e técnicos especializados em nutrição animal, a fábrica de rações é substituída em criações médias por um triturador e um misturador. Nessas circunstâncias, o concentrado proteico com premix mineral e vitamínico é adquirido de uma fábrica e misturado em proporções adequadas com fubá ou outro sucedâneo. • Depósito de matérias-primas: a estocagem de milho na própria fazenda ou em silos da rede oficial é necessária em criações de grande porte. Recomenda-se estocar 60% do milho nas grandes criações para atender aos últimos 7 a 8 meses que antecedem a nova safra. Os demais componentes podem ser adquiridos ao longo do ano no mercado. Estocar matérias-primas por até 60 dias, principalmente em grandes criações, é aconselhável. Depósitos também são utilizados para a reserva de ração por um período determinado, sendo a dimensão calculada considerando que 8 sacos de ração de 60 kg ocupam 1 m3 de espaço. • Quarentenário: na renovação contínua do plantel em uma criação de suínos, a introdução de material genético aprimorado é uma prática necessária. Para minimizar o risco de doenças exóticas, é essencial manter uma pequena pocilga em área isolada para submeter os animais à quarentena e exames de rotina. Esse procedimento deve ser conduzido em uma área afastada da criação principal. • Área de recepção e escritório: essa construção desempenha um papel crucial na manutenção de um sistema de controle eficiente, não apenas para registros financeiros, mas também para monitorar continuamente os índices de produtividade. Para garantir a biossegurança, a recepção inclui uma área para troca de roupa e banho de desinfecção, além da desinfecção dos veículos que transportam produtos. É essencial que os operários troquem de roupa antes de entrar na área isolada dos suínos. • Casa do administrador e empregados: a residência próxima à criação para o administrador e funcionários é indispensável, proporcionando conforto, higiene e segurança. É crucial lembrar que a produtividade da criação de suínos está diretamente relacionada à mão de obra, e as condições habitacionais adequadas contribuem para a estabilidade e eficácia dos funcionários. 34 FINALIZANDO Encerramos aqui a explanação sobre os aspectos fundamentais para uma gestão eficiente dos projetos para os setores da construção rural. Esperamos que as informações compartilhadas tenham sido esclarecedoras e úteis para o seu aprendizado. Pudemos compreender a importância de um projeto bem elaborado e do conhecimento do setor onde será implementado, visto que muitas decisões são tomadas com base na produtividade e bem-estar dos animais. Também abordamos a importância dos projetos complementares realizados por profissionais devidamente habilitados, desde os projetos elétricos, até os hidrossanitários, de sistemas e de automação. Sendo cada um desses projetos essencial para o correto dimensionamento e funcionamento das instalações. Além disso, pudemos entrar um pouco nas características de cada setor de aves, bovinos e suínos, complementando o entendimento para a correta realização dos projetos de construções rurais e suas reais necessidades. Lembre-se sempre da importância de alinhar teoria e prática, considerando as peculiaridades do ambiente agrícola em cada decisão e projeto. Na sequência de nossos estudos, continuaremos nossa jornada explorando temas essenciais para a excelência na construção civil no meio rural. 35 REFERÊNCIAS BAÊTA, F. C.; SOUZA, C. F. Ambiência em edificações rurais: Conforto animal. 2. ed. Viçosa: UFV, 2010. 269 p. CARVALHO, C. C. S. et al. Segurança, saúde e ergonomia de trabalhadores em galpões de frangos de corte equipados com diferentes sistemas de abastecimento de ração. Engenharia Agrícola, v. 31, p. 438-447, 2011. KEELER, M.; BURKE, B. Fundamentos de Projeto de Edificações Sustentáveis. Porto Alegre: Bookman, 2010.MOURA, D. J. et al. Strategies and facilities in order to improve animal welfare. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 39, p. 311-316, 2010. SOUZA, J. L. M. Manual de construções rurais. 3. ed. Curitiba: DETR/SCA/UFPR, 1997. TORRES JÚNIOR, J. R. S. et al. Effect of maternal heat stress on follicular growth and oocyte competence in Bos indicus cattle. Theriogenology, v. 69, p. 155- 166, 2008. Conversa inicial Projetos de instalações rurais REFERÊNCIAS