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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
Tecnologia agrícola
Prof.ª Juçara Elza Hennerich
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.ª Juçara Elza Hennerich
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
 H515t
Hennerich, Juçara Elza
Tecnologia agrícola. / Juçara Elza Hennerich. – Indaial: UNIASSELVI, 
2020.
 222 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-006-9
1. Tecnologia. - Brasil. 2. Sistema agrícola. – Brasil. Centro 
Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 600
III
apresenTação
Olá, acadêmico! A busca pela tecnologia permeia o desenvolvimento 
humano desde seus primórdios e tem na produção de alimentos um papel 
fundamental na manutenção da vida como a conhecemos. Em sua definição, 
tecnologia é a teoria geral e/ou o estudo sistemático de técnicas, processos, 
métodos, meios e instrumentos da atividade humana, o que nos permite en-
tender que até a técnica de seguir o fluxo migratório de animais em busca de 
alimentos, ainda na era nômade do ser humano, já fazia parte da busca e da 
construção da tecnologia. 
O desenvolvimento de técnicas ocorreu mais intensivamente após a 
fixação do homem em determinado território, quando, pela observação e ne-
cessidade de produzir o alimento para sua sobrevivência, domesticou plantas 
e animais, selecionou sementes, aprendeu a observar a natureza e relacioná-
-la à produção vegetal e animal. Assim, começou a desenvolver ferramentas 
de pedra, depois de madeira, culminando no surgimento da metalurgia.
Fato é que o agricultor sempre buscou adequar e criar formas de pro-
duzir mais e melhor. Essa busca passou a ser mais ampla com o advento da 
Revolução Industrial – tornando-se um objetivo dos Estados e do setor priva-
do – e mais intensiva com a Revolução Verde, trilhando um caminho de con-
solidação da agricultura como forma de manutenção da sociedade em geral. 
Através dessa busca, chegamos à tecnologia embarcada, ao uso de 
satélites e computadores de bordo, à gestão de fatores e informações diversas 
e à integração de recursos pela conectividade, que culminam no aumento e 
melhoria da produção.
Nesse momento da história, com um imenso território de conheci-
mento a ser explorado, devemos voltar novamente nossos olhos para a ob-
servação e o estudo de métodos e processos, dentre eles aqueles que prepa-
ram o capital humano para atuar junto ao agricultor.
Nas próximas páginas deste material, você, acadêmico, terá diversas 
informações que têm o objetivo de instigar e inspirar sua construção de co-
nhecimento, desde a fundamentação da mecânica agrícola até o uso de fon-
tes alternativas de energia. A busca, porém, não se encerra nesta publicação, 
dada a contínua produção de pesquisadores, instituições privadas, públicas, 
de ensino e extensão, do próprio agricultor e da sociedade em geral que, 
apesar de cada vez mais automatizada, sempre terá o capital humano como 
gestor, propulsor e objetivo final de sua construção.
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Desejamos a você, acadêmico, um ótimo percurso de estudo. Que o 
material aqui exposto possa somar ao objetivo de desenvolvimento de tec-
nologias para uma produção de alimentos em quantidade e qualidade, que 
corresponda às necessidades de alimentação da sociedade, mas que também 
atenda às questões ambientais, sociais e econômicas de todos nós!
Bons estudos!
Professora Juçara Elza Hennerich.
V
VI
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
VII
UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL ............1
TÓPICO 1 – MECÂNICA APLICADA À MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA .....................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 MECÂNICA AGRÍCOLA ......................................................................................................................3
2.1 FÍSICA APLICADA À MECANIZAÇÃO ......................................................................................4
 2.1.1 Características mecânicas da relação solo máquina .............................................................8
2.2 SISTEMA INTERNACIONAL DE ITENS DE MEDIDA ............................................................10
2.3 ABRIGO E OFICINA RURAL. .......................................................................................................13
 2.3.1 Espaço físico .............................................................................................................................14
 2.3.2 Fatores a serem considerados. ..............................................................................................16
 2.3.3 Partes constituintes .................................................................................................................16
 2.3.4 Equipamento e ferramentaria ................................................................................................18
 2.3.5 Instrumentos de medida ........................................................................................................19
 2.3.6 Segurança na utilização dos equipamentos ........................................................................20
2.4 ESTRUTURA DE MANUTENÇÃO DA PROPRIEDADE RURAL. .........................................21
2.5 ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO E REPAROS ...........................................21
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................25
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................27
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................28
TÓPICO 2 – PRODUÇÃO E CONSUMO DE ENERGIA NA AGRICULTURA .........................31
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................312 ENERGIA NA AGRICULTURA ........................................................................................................31
2.1 PERSPECTIVAS E REALIDADE DA AGRICULTURA NACIONAL NA PRODUÇÃO
 E NO CONSUMO DE ENERGIA ..................................................................................................33
2.2 FONTES DE PRODUÇÃO E USO DE ENERGIA NO MEIO RURAL. ....................................35
2.3 ENERGIA DERIVADA DO PETRÓLEO ......................................................................................38
2.4 ENERGIA ALTERNATIVA E RENOVÁVEL ...............................................................................40
 2.4.1 Biomassa ...................................................................................................................................40
 2.4.2 Eólica .........................................................................................................................................42
 2.4.3 Solar ...........................................................................................................................................42
2.5 BALANÇOS ENERGÉTICOS AGROPECUÁRIOS .....................................................................43
 2.5.1 Métodos e formas de conversão e utilização de energia ...................................................45
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................48
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................50
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................51
TÓPICO 3 – SISTEMA DE SEMEADURA .........................................................................................53
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................53
2 SEMEADURA .......................................................................................................................................53
2.1 SISTEMA DE SEMEADURA CONVENCIONAL.......................................................................54
2.2 SISTEMA DE SEMEADURA DIRETA ..........................................................................................55
 2.2.1 Características de solo determinantes para a relação solo máquina ...............................56
sumário
VIII
2.3 MÁQUINAS PARA SEMEADURA DIRETA ...............................................................................57
 2.3.1 Considerações anteriores à semeadura ................................................................................57
 2.3.2 Semeadoras-adubadoras ........................................................................................................58
 2.3.3 Componentes ...........................................................................................................................60
 2.3.4 Sistema de corte .......................................................................................................................61
 2.3.5 Sistema de abertura de sulcos ...............................................................................................61
 2.3.6 Dosagem e distribuição de fertilizantes ...............................................................................61
 2.3.7 Dosagem e distribuição de sementes ...................................................................................62
 2.3.7.1 Velocidade periférica dos discos dosadores ...............................................................62
 2.3.7.2 Tubo de descarga das sementes ....................................................................................62
2.3.7.3 Compatibilidade do disco em relação às sementes ....................................................62
2.3.7.4 Sistema de controle de profundidade de semeadura ................................................63
 2.3.8 Sistema de aterramento e cobertura do sulco .....................................................................63
 2.3.9 Sistema de compactação do solo ...........................................................................................63
 2.3.10 Sistema de acabamento da semeadura ..............................................................................63
 2.3.11 Velocidade da operação de semeadoras e distribuição longitudinal de sementes ......64
2.4 PLANEJAMENTO DA OPERAÇÃO AGRÍCOLA DE SPD ......................................................64
 2.4.1 Construção de fluxograma e dimensionamento do sistema .............................................64
2.5 CARACTERÍSTICAS E FINALIDADES DAS CULTURAS DE INTERESSE 
 ECONÔMICO ..................................................................................................................................65
2.6 SIMPLIFICAÇÕES DO SPD E A SUSTENTABILIDADE DA PRODUTIVIDADE 
AGRÍCOLA. ......................................................................................................................................65
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................67
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................70
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................71
UNIDADE 2 – TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS ...................73
TÓPICO 1 – ELETRÔNICA EMBARCADA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS.............................75
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................75
2 ELETRÔNICA EMBARCADA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS .................................................75
2.1 DESCRIÇÃO DE SISTEMAS DE INSTRUMENTAÇÃO DISPONÍVEIS NO MERCADO ......76
2.2 APLICAÇÕES PRÁTICAS DA INSTRUMENTAÇÃO ELETRÔNICA EM TRATORES ......80
 2.2.1 Medida de velocidade e patinamento ..................................................................................86
 2.2.2 Medida de fluxo de combustível...........................................................................................89
 2.2.3 Medida de área trabalhada ....................................................................................................90
2.3 APLICAÇÕES PRÁTICAS DE INSTRUMENTAÇÃO ELETRÔNICA EM MÁQUINAS 
AGRÍCOLAS .....................................................................................................................................90
 2.3.1 Pulverização .............................................................................................................................91
 2.3.2 Semeadura ...............................................................................................................................95
 2.3.3 Medida de vazão de calda em pulverizadores ...................................................................96
 2.3.4 Medida de fluxo de sementes em semeadoras ...................................................................97
2.4 MEDIDA DE PERDAS DE GRÃOS EM COLHEDORAS ..........................................................98
2.5 ADEQUAÇÃO DO USO DA TECNOLOGIA À TIPOLOGIA DE PRODUÇÃO ...................99
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................101
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................104
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................105
TÓPICO 2 – EQUIPAMENTOS PARA AGRICULTURA DE PRECISÃO ..................................107
1INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................107
2 EQUIPAMENTOS PARA AGRICULTURA DE PRECISÃO ......................................................109
IX
2.1 PRINCIPAIS OPERAÇÕES DESENVOLVIDAS PELA AGRICULTURA DE PRECISÃO ....111
2.2 EQUIPAMENTOS MAIS UTILIZADOS NAS OPERAÇÕES ..................................................111
 2.2.1 Barra de luzes.........................................................................................................................112
 2.2.2 Sensores e atuadores .............................................................................................................113
 2.2.3 Piloto automático ..................................................................................................................116
 2.2.4 Computador de bordo ..........................................................................................................119
2.3 SISTEMAS COMERCIAIS DA AGRICULTURA DE PRECISÃO ...........................................120
2.4 MAPAS DE ATRIBUTOS DE SOLO ............................................................................................122
2.5 MAPAS DE RENDIMENTO E DE CUSTOS ..............................................................................125
2.6 APLICAÇÃO DE PRODUTOS EM TAXA VARIÁVEL ............................................................127
2.7 DIAGNÓSTICO DE FALHAS E CORREÇÃO DE EQUIPAMENTOS ..................................128
2.8 USO DE VEÍCULOS AÉREOS NÃO TRIPULADOS (VANT) NA AGRICULTURA 
 DE PRECISÃO ................................................................................................................................129
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................132
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................136
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................137
UNIDADE 3 – AVIAÇÃO AGRÍCOLA E TECNOLOGIAS DE PÓS-COLHEITA ...................141
TÓPICO 1 – AVIAÇÃO AGRÍCOLA .................................................................................................143
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................143
2 AVIAÇÃO AGRÍCOLA .....................................................................................................................143
2.1 REGULAMENTOS E NOÇÕES DE AERODINÂMICA ..........................................................144
2.2 CARACTERÍSTICAS DO AVIÃO AGRÍCOLA .........................................................................150
2.3 PISTAS E ESTRUTURA DE ABASTECIMENTO: REQUISITOS BÁSICOS ..........................154
2.4 TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO COM AVIÃO.......................................................................160
2.5 VOO DO AVIÃO AGRÍCOLA: NOÇÕES DE PILOTAGEM E MANOBRAS .......................162
2.6 ELABORAÇÃO E FISCALIZAÇÃO DO GUIA DE APLICAÇÃO .........................................165
2.7 RELATÓRIO DE APLICAÇÃO ....................................................................................................166
2.8 LEGISLAÇÃO E SEGURANÇA DE USO DA AVIAÇÃO AGRÍCOLA ................................169
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................172
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................175
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................177
TÓPICO 2 – TECNOLOGIA PÓS-COLHEITA ................................................................................179
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................179
2 TECNOLOGIA PÓS-COLHEITA ....................................................................................................179
2.1 PLANEJAMENTO DO CICLO PRODUTIVO E A INFLUÊNCIA NA PÓS-COLHEITA .....182
2.2 EQUIPAMENTOS PARA SECAGEM DE GRÃOS, FIBRAS E PLANTAS ............................184
2.3 EQUIPAMENTOS PARA LIMPEZA DE GRÃOS E SEPARAÇÃO DE IMPUREZAS .........192
2.4 EQUIPAMENTOS PARA MOVIMENTAÇÃO E ACONDICIONAMENTO DE 
 PRODUTOS AGRÍCOLAS ............................................................................................................193
2.5 EQUIPAMENTOS PARA ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS ...............197
2.6 CONSIDERAÇÕES SOBRE PÓS-COLHEITA DE FRUTAS E HORTALIÇAS......................198
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................201
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................205
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................207
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................209
X
1
UNIDADE 1
FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO 
NA PROPRIEDADE RURAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer os fundamentos da mecanização agrícola na propriedade rural;
• compreender a mecanização como parte constituinte da rotina agrícola;
• conhecer as principais fontes de energia na utilização de máquinas agrícolas;
• entender e relacionar os principais passos da semeadura direta com o 
adequado planejamento na propriedade rural;
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – MECÂNICA APLICADA À MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA
TÓPICO 2 – PRODUÇÃO E CONSUMO DE ENERGIA NA AGRICULTURA
TÓPICO 3 – SISTEMA DE SEMEADURA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
MECÂNICA APLICADA À MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Neste tópico, vamos abordar os fundamentos da mecani-
zação na propriedade rural. Deste modo, após uma breve introdução e conceitu-
ação, veremos suas principais fontes de energia, suas aplicações, noções gerais da 
implantação e gestão de uma oficina rural.
A mecanização na agricultura é tão antiga quanto a própria intenção do 
homem em cultivar alimentos. Desde os primórdios, desenvolver equipamentos 
a fim de amenizar a intensidade e o esgotamento físico do agricultor foram na-
turalmente sendo buscadas e aprimoradas. No entanto, foi após a Revolução In-
dustrial, no século XVIII, que essa busca se intensificou, modificando o cenário 
agrícola de forma irreversível. 
A produção de alimentos sempre foi dependente das relações do homem 
com o ecossistema, além das próprias variações da natureza, já que é uma atividade 
aberta. Assim, está exposta às intempéries e variações de clima e sujeita a fatores 
como água, solo, luz, temperatura e todas as suas inúmeras e complexas relações.
Dessa forma, a busca por quantidade e qualidade de alimentos é paralela 
à busca pelo aprimoramento de equipamentos e máquinas que, além de facilitar 
os processos de produção, sejam eficientes, de baixo custo e adaptáveis às dife-
rentes regiões e condições econômicas, ambientais e sociais do agricultor.
A correta caracterização e conhecimento da mecanização agrícola é um 
instrumento muito importante no gerenciamento das expectativas e objetivos do 
agricultorjunto a sua propriedade rural. A correta escolha, utilização e manuten-
ção dos seus maquinários são definitivos para o sucesso de sua produtividade e, 
consequentemente, de sustentabilidade da produção agrícola. 
2 MECÂNICA AGRÍCOLA
A mudança de uma agricultura de subsistência para uma responsável por 
alimentar a população urbana – a qual teve início com as mudanças sociais da Re-
volução Industrial - atribui, até a atualidade, a necessidade constante do aumento 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
4
de produtividade. Nas últimas décadas, essa necessidade junta-se a outras inú-
meras cobranças e responsabilidades, como a redução de impactos ambientais, a 
busca de qualidade nos produtos finais, as relações justas com mão de obra, a busca 
e concretização de novos mercados, e a constante redução de custos de produção. 
Neste sentido, cada setor que compõe um processo produtivo deve ser 
exaustivamente conhecido, entendido e planejado pelo agricultor e pelos demais 
envolvidos no processo produtivo.
A mecânica das máquinas agrícolas surge nesse cenário como um compo-
nente capaz de proporcionar eficiência, redução de trabalho e resultados na pro-
dutividade. Contudo, quando não observado e valorizado de forma adequada, 
pode resultar na elevação do custo de produção, má qualidade de produto e até 
na falência financeira de uma propriedade rural. 
Compreender a mecânica das máquinas agrícolas é o primeiro passo para 
entender a mecanização nesse importante e amplo contexto da produção rural. 
Cada componente de um sistema mecânico tem sua função, especificidades de 
uso e manutenção e relações com a energia a ser utilizada ou produzida. A meca-
nização agrícola é um ramo da engenharia mecânica e como tal tem sua base de 
idealização e uso relacionada à física e susceptível as relações de uso e manuten-
ção gerenciadas pelo condutor.
Boa parte dos problemas relacionados à mecanização poderiam ser evitados 
pela simples leitura dos manuais de uso e manutenção das máquinas, bem como pela 
capacitação dos operadores. 
IMPORTANT
E
2.1 FÍSICA APLICADA À MECANIZAÇÃO
Muitos são os conceitos da física que fundamentam a mecânica, mas aqui 
nos concentraremos nos principais: força, energia e potência. Estes são, de forma 
simplificada, condutores, formadores dos demais processos, resultados e conse-
quências de um sistema mecânico. 
Fernandes (2017) apresenta a definição de Mecânica Aplicada como um 
ramo da Engenharia que procura estabelecer fórmulas e coeficientes compatíveis 
com a natureza e condição de cada material, com base nos princípios e leis básicas 
da mecânica teórica.
TÓPICO 1 | MECÂNICA APLICADA À MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA
5
A Tabela 1 relembra algumas definições da física que são importantes 
para a compreensão da mecânica básica. 
TABELA 1 – DEFINIÇÕES DE FÍSICA BÁSICA
FONTE: Adaptado de Fernandes (2017, s.p.)
Item Definição Fórmula
Força Ação que um corpo exerce sobre outro, tendendo a mudar ou 
modificar seus movimentos, posições, tamanhos ou formas.
F = m.a
F: força
m: massa do corpo
a: aceleração adquirida
Trabalho Está associado a um movimento e a uma força. Toda vez que 
uma força atua sobre um corpo produzindo movimento, rea-
lizou-se trabalho, grandeza física relacionada à transferência 
de energia devido à atuação de uma força.
T = F.d
T: trabalho (J)
F: força (N)
d: deslocamento (m)
Torque Grandeza física associada ao movimento de rotação de um 
corpo em razão da ação de uma força. É o produto de uma 
força por um raio.
T = F.r
T = torque
F = Força perpendicu-
lar ao ângulo com r
r = raio
Potência Quantidade de trabalho realizado em uma unidade de tempo 
ou a taxa de energia em função do tempo.
P = T/Δt
P: potência média (W) 
T: trabalho (J) 
Δt: intervalo de tem-
po (s)
Inércia Resistência que todos os corpos materiais opõem a uma mu-
dança de movimento.
O momento de inércia relaciona-se tanto com a massa quanto 
com o raio da trajetória circular.
M = I.α
A quantidade I é co-
nhecida como o mo-
mento de inércia do cor-
po e a sua unidade no 
SI é kg.m2.
Peso (carga) Força gravitacional de atração exercida pela Terra sobre um 
corpo. Força na vertical (carga).
P = m.g (g = 9,8 m/s2)
P: peso
M: massa
g: gravidade
Força 
Centrípeta
Força que aparece na direção radial quando um corpo está 
em movimento curvilíneo, ou seja, a força resultante sobre 
um corpo em um movimento circular.
F = m.a
ac = v2/r ou ac = ω2.r
Fc = m.v2/r ou Fc = 
m.ω2.r
Fc: Força centrípeta
ac: aceleração centrí-
peta
m: massa
r: raio
v: velocidade
ω: velocidade angular 
As definições de física básica perfazem qualquer implemento ou máquina 
agrícola. Embora durante a sua utilização não se percebam as particularidades e 
propriedades da física em ação, ela pode ser medida ou encontrada em todas as 
situações, vejamos alguns exemplos a seguir (PEÇA, 2012):
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
6
a) Em um trator parado, em equilíbrio sobre o solo (Figura 1), podemos observar 
as forças da física. Suponhamos que o trator em questão tem 2,2 m de distância 
entre os eixos e pesa 24,5 kN sem lastro, estando o centro de gravidade a 0,80 
m do eixo traseiro.
FIGURA 1 – FIGURA HIPOTÉTICA DE UM TRATOR EM EQUILÍBRIO
FONTE: Peça (2012, p. 9)
Nessa situação, o sistema de forças é constituído pelo peso próprio do 
trator e pelas forças de contato com o solo. Na prática, esses pontos podem in-
fluenciar diretamente na compactação do solo, no equilíbrio e facilidade de des-
locamento do trator, na segurança do manobrista, na energia gasta nas operações, 
entre outros pontos.
b) Em outra perspectiva podemos visualizar a geração da força de trabalho, que 
neste caso é exemplificada pela tração animal (Figura 2), sendo um importante 
instrumento de medição da produção de energia utilizada no desenvolvimento 
e na mensuração de máquinas e equipamentos.
TÓPICO 1 | MECÂNICA APLICADA À MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA
7
FIGURA 2 – ILUSTRAÇÃO DE GERAÇÃO DE FORÇA POR TRAÇÃO ANIMAL
FONTE: Peça (2012, p. 12)
Peça (2012) desenvolve o cálculo da tração produzida pelo animal pela 
distância e finaliza com a energia gerada. Esse material é indicado na íntegra nas 
leituras complementares.
No exemplo anterior, a tração produzida pelo cavalo ao longo de 30 m 
de deslocamento em movimento uniforme produziu energia mecânica 
potencial da carga igual a: mxgxh = 1500Nx30m = 45000J. O trabalho 
de uma força foi transformado em energia mecânica potencial (PEÇA, 
2012, p. 14).
É importante lembramos da potência dos motores utilizada nas máqui-
nas. Sejam elétricos ou de combustão, eles são os responsáveis por originar toda 
forma de movimento delas, em que a potência é fruto do movimento pela veloci-
dade angular. O motor é responsável pela transformação da energia potencial do 
combustível (ou elétrica) em energia mecânica, na forma de potência disponível 
no eixo de manivelas. Nos tratores, por exemplo, a potência disponibilizada pode 
ser utilizada de maneiras variáveis, conforme a necessidade da operação (FOLLE; 
FRANZ, 1990):
• força de tração (barra de tração);
• torque de um eixo rotativo (tomada de potência);
• energia de pressão hidráulica (tomada hidráulica).
O objetivo dos exemplos acima é observar que em cada momento, movi-
mento realizado ou planejado no uso de máquinas e implementos, a física está 
embutida. Portanto, possuem especificações, limites, capacidades e exigências 
de peso, tração, trabalho e energia que devem ser conhecidas e respeitadas pelo 
operador, bem como pelo responsável pelo planejamento das operações/ações 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
8
na propriedade rural. Conhecer a máquina é o primeiro cuidado do produtor, o 
qual deve ser feito antes de ele executar ou desenvolver uma ação. Esse exercício 
constante pode melhorar a eficiência das operações, reduzir custos, melhorar a 
qualidade dos produtos entregues, proporcionar segurança ao operador, além de 
ampliar a vida útil da máquina. 
2.1.1 Característicasmecânicas da relação solo-máquina
Entre as inúmeras relações possíveis e existentes entre a mecânica agrícola 
e o ambiente, optamos por detalhar aqui a relação entre o solo e a máquina. Essa 
escolha está diretamente relacionada à importância da relação na sustentabili-
dade da agricultura, considerando os aspectos ambientais, sociais e econômicos.
Um solo compactado e erroneamente manejado pode causar problemas 
diretos na produtividade das lavouras. No entanto, ele também pode causar pro-
blemas indiretos no assoreamento dos rios, na qualidade da água e na continui-
dade da agricultura como a conhecemos.
Para prevenir esses problemas, é essencial conhecer a dinâmica dos solos 
que, segundo Balastreire (1990, p. 1): “pode ser definida como a relação entre as 
forças que são aplicadas e a resultante reação do solo. Por esse motivo, ela pode 
ser considerada uma combinação da ciência do solo e da mecânica”.
O solo está sujeito à ação de elementos naturais como o vento, a água e ou-
tras fontes. Contudo, é necessário considerar as reações dinâmicas que ocorrem 
durante a tração ou movimentação mecânica e afetam não somente o solo, mas 
também o projeto e o uso das máquinas que o manuseiam. Nesse sentido, tração 
é definida como a força derivada do solo para puxar uma carga (BALASTREIRE, 
1990). A força exercida sobre o solo é proveniente de um mecanismo de tração, 
como uma roda ou esteira, por exemplo. Quando há uma interação entre o solo e 
a movimentação mecânica promovida pela máquina, essa interação é variável de 
acordo com o tipo de ação/máquina e do tipo de solo. Essas variáveis compõem a 
resistência dinâmica do solo para prover tração. 
São propriedades que influenciam nas dinâmicas do solo (BALASTREI-
RE, 1990):
• Tensões no solo e sua distribuição: o solo é considerado um material granu-
lar, caracterizado pela apresentação de poros distribuídos de forma variável e 
também grânulos de material de origem, originando a chamada tensão normal 
do solo e de cisalhamento, respectivamente. Os valores dessas tensões podem 
ser calculados por modelos matemáticos, e não só recebem a influência da má-
quina ou implemento, como também compõem a definição da força de tração 
TÓPICO 1 | MECÂNICA APLICADA À MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA
9
necessária e possível, considerando as variáveis de tensão. A umidade, o ma-
terial de origem, a estrutura do solo, o atrito entre as partículas e destas com 
as moléculas de água e o peso do próprio solo e de cargas externas comporão 
conjuntamente as forças de tensão. A forma de distribuição desta tensão tam-
bém é um componente variável, principalmente quando consideramos cargas 
externas, podendo atingir o perfil do solo em diferentes intensidades, seja no 
ponto de contato, na profundidade ou na extensão.
• Deformações no solo e sua distribuição: a aplicação de uma força ao solo 
produz deformação, movimento ou os dois, isolados ou conjuntamente. A 
deformação é resultado da aplicação de tensões mencionadas no item anterior, 
e pode variar em grau de intensidade e de distribuição, conforme as variáveis 
já consideradas para as tensões.
• Relações tensão-deformação: a relação mais conhecida e difundida é a elas-
ticidade, que, por sua vez, depende do material de origem, da distribuição 
de macro e microporos e do comportamento desses dentro do solo durante 
a aplicação de uma carga. Após a descarga, eles se expandem, deslocando o 
solo (HILLEL, 1998; HILLEL; KROESBERGEN; HOOGMOED, 2002). Ainda, 
podemos acrescentar as propriedades do material de origem, tamanho de par-
tículas, estado de decomposição do material orgânico, a fração mineral, além 
da umidade do solo. Todos esses componentes e suas correlações podem afetar 
a elasticidade dos solos e, portanto, suas relações de tensão e deformação (SO-
ANE, 1990; O'SULLIVAN, 1996).
• Resistência do solo: capacidade ou habilidade de um determinado solo resistir 
a uma força aplicada. Uma das formas mais simples de se conferir a resistência 
de um solo é avaliar os parâmetros envolvidos em suas características e condi-
ções de escoamento de água. Quanto maior a capacidade de resistência, menos 
factível aos processos de compactação este solo será.
• Escoamento no solo: de maneira simplificada, é o estado de ruptura ou de-
formação permanente do solo, que ocorre quando as tensões ou deformações 
excedem os valores de escoamento. Como as propriedades anteriores, o escoa-
mento também está relacionado com as inúmeras variáveis apresentadas, bem 
como com suas interrelações. 
As propriedades mecânicas dos solos, como já vimos, possuem particu-
laridades e especificidades relacionadas a diferentes fatores. Além disso, elas são 
importantes na determinação das operações agrícolas, principalmente naquelas 
ligadas ao tráfego de máquinas que podem, quando feitas indiscriminadamente, 
ocasionar a compactação dos solos, sobretudo na compactação superficial, redu-
zindo os espaços de ar e água e aumentando a compressão do solo. 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
10
Quando a capacidade de suporte de carga do solo é ultrapassada 
ocorre a compactação. No entanto, nem todos os solos respondem do 
mesmo modo, alguns solos toleram maiores pressões antes de atingir 
o nível de deformação irreversível. O comportamento físico-mecâni-
co diferente se deve a variações nas características do solo, como a 
densidade inicial, o teor de argila, o conteúdo de material orgânico e 
de água e mais recentemente considerada, a composição mineralógica 
(SANTOS, 2016, p. 1).
A compactação do solo pode causar dificuldades no desenvolvimento do 
sistema radicular das plantas, o que gera redução na sua capacidade produtiva e 
capacidade de armazenamento e disponibilização de água e nutrientes, resistência 
aos processos mecânicos, necessidade de maior energia para a sua realização, au-
mento das temperaturas do solo, além do escorrimento superficial do solo. 
Desta forma, conhecer e considerar as propriedades dos solos em seus pla-
nejamentos e operações é mais do que buscar resultados ambientais, é potencializar 
os aspectos produtivos e de rentabilidade financeira da propriedade rural.
2.2 SISTEMA INTERNACIONAL DE ITENS DE MEDIDA
O Sistema Internacional de Unidades (SI) foi adotado no Brasil em agosto 
de 1962 e tem seu emprego observado e previsto nos mais variados setores da 
sociedade. Apesar de seu caráter unificador, o SI não é uma convenção imutável 
pois, as suas definições, relações e simbologias estão sujeitas aos avanços da pes-
quisa e tecnologia, sob a chancela da metrologia. 
Segundo o BIPM (Bureau International des Poids et Mensures), em novembro 
de 2018 foram acordadas redefinições no Sistema Internacional de Unidades, as 
quais foram publicadas em maio de 2019. Os 60 Estados-membros do BIPM de-
cidiram unanimemente pela revisão do Sistema Internacional de Unidades (SI), 
mudando a definição mundial do quilograma, do ampere, do kelvin e do mol.
As constantes da natureza, como a velocidade da luz, possuem valores 
imutáveis ao longo do tempo e do espaço. Isso nos permite atribuir a essas cons-
tantes valores exatos. Da mesma forma, as unidades de quilograma, ampere, kel-
vin e mol passaram a ter valores imutáveis ao longo do tempo e espaço, como já 
ocorria com a velocidade da luz. As novas unidades são do mesmo tamanho, mas 
definidas de forma precisa e sem incerteza de edição associada. A nova revisão 
impactou em quatro das sete unidades de base:
• O quilograma será definido em termos da constante de Planck (h).
• O ampere será definido em termos da carga elementar (e).
• O kelvin será definido em termos da constante de Boltzmann (k).
• O mol será definido em termos da constante de Avogadro (NA).
TÓPICO 1 | MECÂNICA APLICADA À MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA
11
A Figura 3 demonstra as sete unidades de referência do SI com as mudan-
ças definidas. 
FIGURA 3 – UNIDADES BÁSICAS DE REFERENCIA PARA O SI
FONTE: Adaptado de BIPM (2019)
As sete grandezas de base, que correspondem as sete unidadesde base, 
são: comprimento, massa, tempo, corrente elétrica, temperatura termodinâmica, 
quantidade de substância e intensidade luminosa. As grandezas de base e as uni-
dades de base se encontram listadas, com seus símbolos, na Tabela 2.
TABELA 2 – GRANDEZAS DE BASE E SUAS ESPECIFICAÇÕES
FONTE: <http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pdf/Resumo_SI.pdf>. Acesso em: 3 mar. 2020
Grandeza de base Símbolo Unidade de base Símbolo
Comprimento l,h,r,x metro m
Massa M quilograma kg
Tempo, duração T segundo s
Corrente elétrica I,i ampere A
Temperatura termodinâmica T Kelvin K
Quantidade de substância N Mol mol
Intensidade luminosa Iv candela cd
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
12
Das grandezas expostas na Tabela 2 e suas interrelações, surgem as deri-
vações, sendo as principais listadas na Tabela 3. 
TABELA 3 – DERIVAÇÕES DAS GRANDEZAS DE BASE MAIS COMUMENTE UTILIZADAS E SUAS UNIDADES
Algumas derivações recebem nomes específicos, listados na Tabela 4.
FONTE: <http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pdf/Resumo_SI.pdf>. Acesso em: 3 mar. 2020
TABELA 4 – UNIDADES DERIVADAS COM NOMES ESPECIAIS NO SI
Grandeza derivada Símbolo Unidade derivada Símbolo
Área A Metro quadrado. m2
Volume V Metro cúbico. m3
Velocidade v Metro por segundo. m/s
Aceleração a Metro por segundo ao quadrado. m/s 2
Número de ondas σ, ṽ Inverso do metro. m-1
Massa específica ƿ Quilograma por metro cúbico. Kg/m3
Densidade superficial ƿA Quilograma por metro quadrado. Kg/m2
Volume específico υ Metro cúbico por quilograma. m3/kg
Densidade de corrente j Ampere por metro quadrado. A/m2
Campo magnético H Ampere por metro. A/m
Concentração C Mol por metro cúbico. Mol/m3
Concentração de massa r,g Quilograma por metro cúbico. Kg/m3
Luminância Lv Candela por metro quadrado. Cd/m2
Índice de refração n Um. 1
Permeabilidade relativa µr Um. 1
Grandeza derivada Nome da uni-
dade derivada
Símbolo da 
unidade derivada
Expressão em termos 
de outras unidades
Ângulo plano radiano rad m/m = 1
Ângulo sólido esterradiano sr m2/m2 = 1
Frequência hertz Hz s-1
Força newton N m kg s-2
Pressão, tensão pascal Pa N/m2 = m-1 kg s-2
Energia, trabalho, quantidade de calor joule J N m = m2 kg s-2
Potência, fluxo de energia watt W J/s = m2 kg s-3
Carga elétrica, quantidade de calor coulomb C s A
Diferença de potencial elétrico volt V W/A = m2 kg s-3 A-1
Capacitância farad F C/V = m-2 kg-1 s4 A2
Resistência elétrica ohm Ώ V/A = m2 kg s-3 A-2
Condutância elétrica siemens S A/V = m-2 kg-1 s3 A2
Fluxo de indução magnética weber Wb V s = m2 kg s-2 A-1
Indução magnética tesla T Wb/m2 = kg s-2 A-1
Indutância henry H Wb/A = m2 kg s-2 A-2
Temperatura Celsius grau Celsius oC K
Fluxo luminoso lumen 1m cd sr = cd
Iluminância lux 1x lm/m2 = m-2 cd
Atividade de um radionuclídio becquerel Bq s-1
TÓPICO 1 | MECÂNICA APLICADA À MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA
13
Dose absorvida, energia específica 
(comunicada), kerma
gray Gy J/kg = m2 s-2
Equivalente de dose, equivalente de 
dose ambiente
sievert Sv J/kg = m2 s-2
Atividade catalítica katal kat s-1 mol
FONTE: <http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pdf/Resumo_SI.pdf>. Acesso em: 3 mar. 2020
Algumas unidades são utilizadas de forma tão comum que são parte do 
cotidiano e, embora não sejam consideradas integrantes do SI, são aceitas popu-
larmente. Podemos conferir algumas na Tabela 5.
TABELA 5 – ALGUMAS UNIDADES NÃO SI
FONTE: <http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pdf/Resumo_SI.pdf>. Acesso em: 3 mar. 2020
Grandeza Unidade Símbolo
Tempo Minuto min
Hora h
Dia d
Volume Litro L ou l
Massa Tonelada t
Energia Elétronvolt eV
Pressão Bar bar
milímetro de mercúrio mmHg
Comprimento angstrom2 Â
milha náutica
Força Dina dyn
Energia Erg erg
Se quiser saber mais sobre o Sistema Internacional de Unidades, leia o resumo 
da edição de 2019, disponível em: https://bit.ly/2ScYywl. Acesso em: 13 mar. 2020.
DICAS
2.3 ABRIGO E OFICINA RURAL.
A utilização de máquinas agrícolas, intensificada no Brasil durante a Re-
volução Verde da década de 1970, teve naquele período o objetivo principal de 
aumentar a produtividade, bem como, transversalmente, a capacidade de am-
pliação de área cultivada pelos agricultores. Muitos agricultores, na época, inex-
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
14
perientes na aquisição, no uso e na manutenção de máquinas – como tratores, 
colhedora de grãos e semeadora-adubadora – acabaram por aumentar custos, da-
nificar equipamentos, reduzir a vida útil das máquinas, danificar seus produtos e 
sub ou superestimar seu maquinário. 
Desde então, as máquinas agrícolas passaram a fazer parte do cotidiano 
do produtor rural, que buscou conhecimento e profissionalização. Assim, muitos 
agricultores optam por manter em suas propriedades um espaço adequado para 
abrigar o maquinário e para realizar a sua manutenção, o que neste item chama-
remos de abrigo e/ou oficina rural. Esse espaço deve ser pensado para executar a 
manutenção de implementos, tratores e máquinas, serviços de soldas, regulagens, 
trocas de peças, pequenas construções mecânicas e demais serviços necessários 
para o bom andamento das operações no campo, além de abrigar as máquinas 
das intempéries naturais.
2.3.1 Espaço físico
Devemos registrar que caso o produtor possua condições de espaço físico 
e/ou financeiras, deve optar por espaços específicos para o abrigo das máquinas 
e para a oficina rural. Ambientes separados facilitam o trânsito das máquinas, a 
organização do ambiente e o trabalho a ser desenvolvido. Os espaços devem, po-
rém, ser próximos um ao outro para evitar trânsito e gastos desnecessários. Se a 
opção for por um ambiente único, ele deve ser organizado de forma a comportar 
separadamente cada ação (abrigo/oficina), bem como ser articulado em termos de 
disposição e de espaço para proporcionar o bom andamento dos dois objetivos. 
Trataremos aqui da situação ideal de ambientes separados.
Abrigo de máquinas: instalações que permitem guardar as máquinas e 
os implementos agrícolas. Podem ser construídas com estruturas sofisticadas ou 
bastantes simples, tendo como objetivo principal a proteção do maquinário aos 
raios solares, chuvas, ventos, geadas, granizos e demais possíveis ações do tempo 
e clima, os quais podem causar danos. Alguns itens a serem considerados são:
• adequação às especificidades de tamanho e manobra dos diferentes tipos de 
máquinas;
• estar em um ponto central da área rural para deslocamento;
• local seco e arejado;
• possuir amplo e adequado espaço de manobra;
• manter estrutura elétrica e hidráulica adequadas;
• possuir rampa, água e depósito de combustíveis.
Lembrando que todos os itens devem ser considerados dentro dos pa-
râmetros de segurança necessária aos operadores. Os abrigos devem estar ade-
quadamente equipados para atender às necessidades específicas de cada tipo de 
máquina.
TÓPICO 1 | MECÂNICA APLICADA À MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA
15
Oficina mecânica: o tamanho e objetivo da oficina serão determinados 
pela necessidade da propriedade rural. Pode ser um local para reparos simples 
e rotineiros no maquinário ou um local mais amplo e equipado, caso o produtor 
rural tenha um grande número de máquinas e equipe de trabalho ou no caso de 
fazendas mais distantes de centros urbanos, nas quais podem ser atendidas ne-
cessidades mais complexas. Embora os reparos de maior complexidade devam 
ser feitos por especialistas ou pela assistência técnica especializada, em alguns 
casos, em fazendas com grandes estruturas, esses são feitos na propriedade. Con-
siderando esse ponto, o primeiro grande desafio deve ser o planejamento da ofi-
cina, no qual deve-se considerar o inventário de máquinas e equipamentos, bem 
como os relatórios de manutenção e demanda por serviços. 
A edificação deve ser de preferência em alvenaria, com as portas de 
frente uma para outra e janelas que permitam a iluminação e ventilação, 
o telhado deve proteger as máquinas do sol, da chuva e outros agentes 
nocivos, as paredes necessitam ser sólidas a fim de resistir àsvibrações 
dos equipamentos. Já o piso deve ser em concreto e inclinado o suficien-
te para facilitar o movimento das máquinas e o escoamento das águas 
de lavagem. Devem ser previstas instalações de ar comprimido, instala-
ções elétrica e hidráulica, bem como uma estação para recolhimento de 
fluidos poluentes (ALONÇO; GASSEN; MEDEIROS, 2009, p. 3).
Outros pontos e considerações importantes são (TEIXEIRA e RUAS, 2006): 
Piso: deve ser de cimento para evitar a formação de pó e proporcionar 
uma resistência que permita o apoio de equipamentos com segurança, como, por 
exemplo, o macaco hidráulico, que suporta cargas elevadas. Além disso, deve 
oferecer aderência suficiente para que os equipamentos pesados não deslizem e 
não causem acidentes.
Recomenda-se que o piso da oficina seja construído a uma altura de apro-
ximadamente 10 cm acima do piso do pátio para evitar entrada de água da chuva 
e facilitar o escoamento da água de lavação.
Espaço: deve ser amplo o suficiente de modo a permitir a adequada movi-
mentação das máquinas e o livre trabalho do operador em volta delas. A oficina 
deve ser cercada por paredes até o teto. A altura do pé direito e a entrada princi-
pal devem permitir a livre passagem de todas as máquinas existentes no abrigo 
visando à realização dos reparos. 
Luminosidade e arejamento: deve possuir janelas com área total de 20% 
da área interna (50% com abertura para ventilação). Pouca luminosidade e areja-
mento aumentam os riscos de acidentes e proporcionam a formação de umidade 
e oxidação. É indispensável a iluminação artificial com lâmpadas em altura míni-
ma de 3,5 m e dispostas adequadamente no ambiente. 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
16
2.3.2 Fatores a serem considerados. 
Para a execução adequada das operações, as máquinas e equipamentos 
exigem manutenção e cuidados permanentes. Sendo assim, realizar revisões pre-
ventivas pode aumentar a vida útil e facilitar o trabalho do operador. 
Outro cuidado importante é a correta leitura e atenção aos manuais de 
instruções. Normalmente, neles estão os procedimentos adequados e a periodi-
cidade de manutenção para o melhor aproveitamento da máquina ou do equipa-
mento. Assim, utilizar esse material como parte do planejamento de manutenção 
pode agilizar e garantir suas operações.
Muitas vezes, entretanto, não é dada a devida importância às infor-
mações ali contidas, sendo os manuais esquecidos ou simplesmente 
não lidos pelo operador ou responsável pelo maquinário. Há que se 
considerar também a linguagem dos manuais, nos quais geralmente 
estas operações são demasiadamente detalhadas, sendo compreendi-
das quase que exclusivamente por especialistas. Caso não sejam ob-
servadas as recomendações constantes, poderão ocorrer problemas 
que podem levar a necessidade de consertos mais frequentes, com 
custos elevados e paradas não programadas. Quando da compra de 
uma máquina ou implemento usado, que não se possui o manual de 
instruções, o proprietário deve procurar informar-se sobre as peculia-
ridades do modelo adquirido, na falta destas informações, deve seguir 
orientações gerais de manutenção de máquinas semelhantes (ALON-
ÇO; GASSEN; MEDEIROS, 2009, p. 5).
A manutenção pode ser corretiva quando o operador impõe o uso inade-
quado, um dano acidental ocorre durante a operação ou a manutenção preven-
tiva não é feita ou feita de forma incorreta, causando desgaste na máquina ou 
em seus componentes. Nesse momento, é importante que o operador conheça os 
procedimentos a seguir e encontre na oficina as ferramentas e equipamentos para 
o rápido e correto conserto.
A qualificação dos profissionais da equipe de operação é muito relevante 
nessa hora, pois um conserto inadequado pode causar mais danos, elevar ainda 
mais os custos e atrasar as operações. Lembrando que, na atividade agrícola, o atra-
so em um calendário de operações pode significar o comprometimento da safra.
2.3.3 Partes constituintes
Como já mencionado anteriormente, as oficinas devem atender às deman-
das das propriedades rurais. Portanto, aqui também vale a indicação de adequa-
ção a cada realidade. De maneira geral, recomenda-se que uma oficina rural com-
porte: ferramentaria, escritório, almoxarifado, enfermaria, cantina e banheiros 
(TEIXEIRA; RUAS, 2006). 
TÓPICO 1 | MECÂNICA APLICADA À MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA
17
Ferramentaria: recomenda-se que seja um ambiente fechado, com acesso 
restrito, onde serão guardadas as ferramentas quando não estiverem em uso. A 
organização desse espaço é primordial, podendo garantir a eficiência do trabalho, 
a rapidez e evitando extravio e danos nas ferramentas. A manutenção da ordem 
e disposição das ferramentas é uma forma eficiente de auxiliar o operador a bus-
car aquela determinada ferramenta sempre no mesmo local – e encontrá-la! Não 
somente encontrá-la no local determinado, mas encontrá-la limpa e em condições 
de uso. Desta forma, organizar a ferramentaria é um dos passos mais importantes 
na concepção de uma oficina rural.
Almoxarifado: pode ser chamado de depósito. Nele, estarão guardadas as 
peças de reposição de máquinas e implementos, insumos específicos para o seu 
funcionamento correto, ferramentas extras para substituição periódica e demais 
itens necessários para a continuidade dos trabalhos da oficina (filtros, correias, ro-
lamentos, fusíveis, parafusos, porcas, pinos, contrapinos, lâmpadas etc.). A ordem 
e planejamento de disposição dos itens nesse ambiente também são essenciais para 
que ele seja funcional e garanta a preservação dos itens. Deve ser um ambiente 
arejado, com acesso restrito que funcione como um ponto de apoio à equipe de 
operadores. Desta forma, o controle dos itens e sua adequada reposição são funda-
mentais para que os trabalhos possam ser realizados de forma e na época correta.
Escritório: como já frisado anteriormente, o planejamento e monitoramen-
to das atividades é imprescindível para a eficiência das operações. Nesse sentido, 
o escritório é o local em que se fará todo o controle de maquinário, como número 
de horas trabalhadas, datas de manutenções, determinação de custos operacio-
nais, controle de horário de trabalho dos funcionários, planejamento de reposi-
ções, consertos e aquisições. É importante que o escritório seja um ambiente de 
acesso restrito e que tenha um responsável.
Enfermaria: acidentes são evitáveis, porém, possíveis. Desta forma, toda a 
oficina deve ter um espaço para prestar os primeiros socorros quando necessários. 
Esse ambiente deve ser reservado e possuir obrigatoriamente os produtos mínimos 
para um atendimento emergencial. Para o planejamento desse espaço, o produtor 
poderá se informar com profissionais da área, como bombeiros ou médicos locais. 
Um treinamento em primeiros socorros deve ser feito com a equipe de operadores 
para que, se necessário, eles possam realizar de forma correta o socorro à vítima.
Cantina e Sanitário: proporcionar ambiente adequado aos funcionários 
também é parte das ações para a eficiência do trabalho final. Assim, a criação e 
manutenção de espaços como cozinha ou cantina, sanitários e vestiários propor-
cionam qualidade do ambiente e das condições de trabalho da equipe. 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
18
2.3.4 Equipamento e ferramentaria
Entender a diferença entre equipamento e ferramenta pode auxiliar desde o 
planejamento até o funcionamento deste, que é o espaço em que o trabalho da oficina 
encontra alicerce, a base para os trabalhos a serem executados.
Equipamento: tudo aquilo que serve para equipar. É o conjunto de apetre-
chos ou instalações necessários à realização de um trabalho, uma atividade ou uma 
profissão. 
Ferramenta: instrumento necessário para a realização de um trabalho.
Em uma oficina rural, são fundamentais: chaves de fenda, chaves de fenda 
cruzada (Phillips), alicates, martelos e marretas (Tabela 6). Para Alonço, Gassen e 
Medeiros (2009), estojos completos de chaves fixas e estrela devem ser consideradosessenciais. Na Figura 4 estão demonstrados esses itens, além de uma sugestão de 
organização de ferramentas básicas.
FIGURA 4 – SUGESTÃO DE FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DE FERRAMENTAS BÁSICAS EM UMA 
OFICINA RURAL
FONTE: <https://bit.ly/2VIe5X9>. Acesso em: 23 mar. 2020
Regras de ergonometria – como a altura da bancada (aproximadamente 90 
cm), uso de banquetas ou cadeiras, entre outras – devem ser respeitadas, pois irão propor-
cionar ao operador conforto e saúde de trabalho.
LEMBRETE
TÓPICO 1 | MECÂNICA APLICADA À MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA
19
A Tabela 6 lista estrutura, equipamentos e ferramentas consideradas bási-
cas para o bom funcionamento de um espaço de oficina rural. 
TABELA 6 – PRINCIPAIS USOS E ITENS DA FERRAMENTARIA
FONTE: Adaptado de Romo (2014)
Itens Uso
Fosso Permite ao operador posicionar-se abaixo da máquina para realizar a operação 
de manutenção ou conserto.
Elevador Permite elevar o maquinário para dar acesso à parte inferior pelo operador.
Bancada Mesa resistente em que serão realizados consertos básicos e manuseios de fer-
ramentas.
Macaco 
hidráulico 
Utilizado para levantar e manter levantados equipamentos, máquinas ou suas 
partes como forma de realizar o conserto.
Grua Movimentar ou erguer equipamento, máquina ou suas partes.
Ferramentas de 
torção
Realizam movimentos de rotação quando aplicada força em seu manejo: chaves 
de fenda, Phillips, Allen, de boca etc.
Ferramentas de 
percussão
Manejadas por meio de impacto com o objetivo de conseguir força superior à 
obtida por pressão manual: martelos, marretas, bigorna, punções etc.
Ferramentas de 
pressão
Utilizadas para segurar peças e realizar cortes: alicates, morsa, grampos etc.
Ferramentas de 
corte
Utilizadas para corte de outros elementos, podem ser classificadas pelo tipo de 
corte: cisalhamento (tesoura), abrasão (lixas, esmeril), percussão (talhadeiras), 
desbaste ou levantamento de cavaco (serras, brocas), esmagamento (talhadeiras 
e corta frio).
Ferramentas de 
limpeza
Utilizadas para a limpeza de peças e elementos de máquinas: escovas de aço, 
raspadores, limpadores de bicos injetores etc.
Vale salientar que, atualmente, uma gama de empresas presta serviços de 
delivery em propriedades rurais de oficinas móveis, as quais podem ser adquiri-
das por produtores rurais. Normalmente, são compostas por uma seleção básica 
de ferramentas e equipamentos e podem ser uma alternativa interessante, princi-
palmente para pequenas e médias propriedades rurais.
2.3.5 Instrumentos de medida
Os instrumentos de medida considerados básicos em uma oficina rural 
são: trena, paquímetro, micrômetro, compasso e multiteste para tomadas elétri-
cas. Os itens e detalhes de uso estão na Tabela 7.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
20
TABELA 7 – PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE MEDIDA PARA UMA OFICINA RURAL
Item Descrição
Trena Usada para medir distâncias. Pode ser retrátil, que consiste em uma fita de metal, 
plástico ou fibra de vidro enrolada em um invólucro. As unidades de medidas das 
trenas são: centímetros, milímetros, polegadas e pés.
Paquímetro Utilizado para medir a distância entre dois lados simetricamente opostos em um 
objeto, permite uma precisão decimal de leitura através do alinhamento dessa escala 
com uma medida da régua. Apresenta uma precisão menor do que o micrômetro
Micrômetro Utilizado para medir a distância entre dois lados simetricamente opostos em um 
objeto. O funcionamento do micrômetro baseia-se no deslocamento axial de um 
parafuso micrométrico com passo de alta precisão dentro de uma rosca ajustável.
Multímetro ou 
Multiteste
Usado para medir e avaliar grandezas elétricas, pode ter mostrador analógico (de 
ponteiro) ou digital. Utilizado na bancada de trabalho (laboratório) ou em serviços 
de campo, incorpora diversos instrumentos de medidas elétricas em um único 
aparelho, como voltímetro, amperímetro e ohmímetro por padrão e capacímetro, 
frequencímetro, termômetro, entre outros como opcionais, conforme o fabricante 
do instrumento disponibilizar. 
FONTE: Adaptado de Alonço, Gassen e Medeiros (2009)
Os instrumentos de medição devem ser aferidos periodicamente e manti-
dos acondicionados em locais apropriados. Além disso, os operadores devem ser 
capacitados para o uso, manuseio e interpretação desses instrumentos.
2.3.6 Segurança na utilização dos equipamentos
O uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) é obrigatório aos 
operadores de máquinas agrícolas e seu uso estende-se dentro das oficinas rurais, 
na manipulação de ferramentas e equipamentos e no trabalho em geral.
No entanto, algumas ferramentas e equipamentos exigem maior cuidado, 
em virtude da facilidade e possível gravidade de acidentes. Os cuidados básicos 
em algumas operações estão descritos a seguir:
Operações de solda: deve-se utilizar máscaras com lentes protetoras con-
tra a radiação ultravioleta, luvas, avental e botas.
Uso de policorte ou esmeril: óculos contra fagulhas, avental, luvas, botas 
e abafadores de ruídos.
Torno mecânico: óculos contra fagulhas, avental, luvas e botas. Além dis-
so, não se deve usar roupas largas ou outros acessórios que possam se prender 
nas partes móveis do equipamento.
Uso de solventes: aventais apropriados, óculos, luvas nitrificadas, másca-
ras e botas impermeáveis.
TÓPICO 1 | MECÂNICA APLICADA À MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA
21
De maneira geral, a manutenção e limpeza dos equipamentos auxiliam na 
segurança dos operadores. Operações de lubrificação, verificação do estado das 
correias, rolamentos, catracas, desgaste de dentes ou afiação de partes cortantes, 
entre outras, devem estar previstas no planejamento da oficina, bem como o uso, 
treinamento e manutenção dos extintores.
De acordo com Teixeira e Ruas (2006), a maior parte dos acidentes em 
oficinas rurais são causados por falhas humanas. Segundo os mesmos autores, as 
causas mais graves e frequentes de acidentes nesses ambientes são: 
Não utilizar os EPIs adequados, usar equipamentos sem treinamento 
prévio adequado, usar equipamentos em velocidade que não seja a ade-
quada para a operação ou em desacordo com as especificações do fabri-
cante, consertar ou fazer a manutenção em equipamentos energizados, 
posicionar-se de modo inadequado para realizar a operação, realizar a 
operação em ambiente impróprio (TEIXEIRA E RUAS, 2006, p. 15). 
Ao administrador ou responsável pela oficina cabe a tarefa de supervisio-
nar e exigir o cumprimento das regras de segurança do ambiente, lembrando que 
o proprietário pode ser responsabilizado legalmente pelos acidentes ocorridos no 
local de trabalho.
2.4 ESTRUTURA DE MANUTENÇÃO DA PROPRIEDADE RURAL.
Além das estruturas de abrigo de máquinas e oficina rural, as proprie-
dades possuem uma variedade de estruturas que devem ser consideradas tanto 
para manutenção quanto para o planejamento dos trabalhos. Algumas dessas es-
truturas estão listadas a seguir:
• alojamentos;
• casas de passagem;
• cercas e portões;
• depósitos de combustíveis;
• estruturas de lazer.
Todas devem ser periodicamente consideradas nos processos de manu-
tenção e possuem suas funções interligadas direta ou indiretamente aos resulta-
dos pretendidos de eficiência produtiva.
2.5 ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO E 
REPAROS
Os planos de manutenção devem ser adaptados à realidade de estrutura 
(pessoal e física) de cada propriedade. No entanto, são itens principais na obtenção 
de resultados pretendidos, visto que são responsáveis por manter a propriedade fun-
cionando de maneira adequada. Por isso, diferentes fatores devem ser considerados. 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
22
O planejamento e o controle adequado dos sistemas mecanizados exi-
gem informações adequadas com relação à capacidade de trabalho, o 
que nem sempre é possível. Enquanto que em outras áreas da enge-
nharia como, por exemplo, na área mecânica, o desempenho dos equi-
pamentos pode ser obtido com razoável grau de precisão, nas ativi-
dades agrícolas isso nem sempre é possível.Fatores como topografia, 
tipo de solo, clima, variações no material a ser trabalhado interferem 
na capacidade de trabalho e consequentemente no planejamento dos 
sistemas (MILLAN, 2017).
Na atualidade, alguns programas de computador auxiliam de forma efi-
caz os administradores na elaboração de planos específicos às diferentes reali-
dades agrícolas. Contudo, considerando a diversidade de situações, é necessário 
que opções sejam disponibilizadas tanto para fazendas altamente tecnológicas 
quanto para propriedades de agricultura familiar, que possivelmente são despro-
vidas de tecnologias mais avançadas.
Nesse sentido, o fluxograma (Figura 5) apresentado a seguir mostra uma 
perspectiva geral da necessidade de visão da propriedade rural para a elaboração 
de um plano de reparos e manutenção eficaz. O fluxograma, desenvolvido e apre-
sentado por Millan (2017) com base no trabalho de Mialhe (1974), apresenta uma 
visão desde a constatação da necessidade até a aquisição. Ele deve ser conside-
rado no planejamento da manutenção, visto que é a partir do conhecimento das 
especificações de cada máquina que ela deve ser inserida em um planejamento 
específico de manutenção e possíveis reparos. 
TÓPICO 1 | MECÂNICA APLICADA À MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA
23
FIGURA 5 – FLUXOGRAMA GERAL PARA ELABORAÇÃO DE PLANOS DE REPAROS E MANUTENÇÕES
FONTE: Millan (2017, p. 4)
Apesar de o fluxograma apontar para o que podemos chamar da fase ini-
cial de uma tomada de decisão, o intuito do seu uso está no entendimento da 
necessidade de avaliação e planejamento de maneira ampla e holística, incluindo 
ações externas, que influenciarão dentro da fazenda. Entendermos o quanto a 
manutenção correta e periódica das máquinas e equipamentos está inserida na 
gestão como um todo e o quanto atrasos, serviços mal executados, falta de repa-
ros e/ou condições adequadas de trabalho influenciarão todo o fluxo de ações. A 
elaboração de planos específicos para a manutenção de máquinas e equipamen-
tos agrícolas auxiliarão nesse processo.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
24
A fim de facilitar o controle sobre a manutenção das máquinas agrícolas 
recomendasse a formulação de planos de manutenção. Para tanto, faz-se 
necessária uma leitura detalhada dos manuais de operação e manutenção 
que acompanham os equipamentos. Como o objetivo final de um plano 
de manutenção é possuir um relatório que permita uma rápida visua-
lização das operações já realizadas e daquelas por realizar, utilizam-se 
planilhas com as operações referentes a um tipo de período (diário, se-
manal, mensal etc.) conforme o caso. Neste sentido, o responsável pela 
organização da tarefa deverá agrupar as operações com os indicadores de 
tempo (ALONÇO; GASSEN e MEDEIROS, 2009, p. 9).
Alonço, Gassen e Medeiros (2009) enfatizam a necessidade do uso de pla-
nilhas com a periodicidade adequada (diárias, semanais ou mensais) para cada 
máquina da propriedade. Apesar de parecer um trabalho excessivamente minu-
cioso, é uma ferramenta de gestão eficiente e necessária para zelar o patrimônio 
do agricultor e garantir a produtividade e eficiência financeira. 
TÓPICO 1 | MECÂNICA APLICADA À MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA
25
RESISTÊNCIA ESPECÍFICA À TRAÇÃO NA OPERAÇÃO DE 
ESCARIFICAÇÃO DO SOLO EM CAMADAS DE FORMA SIMULTÂNEA
José R. F. Gassen
Airton dos S. Alonço
Ulisses B. Baumhardt
Mateus P. Bellé
Gustavo J. Bonotto.
Vem-se observando, nos últimos anos, uma intensificação na busca por 
soluções agrícolas que visem à preservação do meio ambiente e à conservação do 
solo, o que se revela como grande desafio face à necessidade de altas produtivi-
dades das culturas e racionalização dos custos de produção. Uma das consequên-
cias desta necessidade é a crescente demanda de energia associada à intensifica-
ção do uso de máquinas agrícolas mais robustas e maiores devido às exigências 
do sistema de semeadura direta, afetando, de forma significativa, a compactação 
do solo, a qual atua direta e indiretamente de modo negativo sobre a produtivi-
dade das culturas, visto que modifica diversos atributos físicos do solo, entre os 
quais se destacam: densidade, resistência à penetração, macro e microporosidade 
e capacidade de retenção de água.
A compactação do solo é um processo em que a porosidade e a permeabili-
dade são reduzidas, a resistência mecânica é aumentada e muitas mudanças ocor-
rem na estrutura do solo (Soane; Ouwerkerk, 1994). Segundo Flowers e Lal (1998), a 
principal causa da compactação em solos são as condições de tráfego das máquinas 
usadas nas operações agrícolas, tais como operações de preparo, semeadura, tratos 
culturais e colheita. Para Drescher et al. (2011), esse adensamento do solo nas áreas 
agrícolas pode interferir diretamente no desempenho de máquinas e implementos 
agrícolas promovendo uma ampliação na demanda de potência para tração. Foloni et 
al. (2003) concluíram, em um estudo sobre o efeito da compactação do solo no desen-
volvimento aéreo e radicular de cultivares de milho, que: (i) a compactação do solo 
comprometeu o desenvolvimento das plantas de milho híbrido e da variedade na 
mesma intensidade; (ii) apesar de alterar a distribuição do sistema radicular ao longo 
do perfil do solo, o impedimento físico em subsuperfície não diminuiu a produção 
total de raízes de milho; (iii) o diâmetro médio radicular apresentou alta correlação 
com o crescimento de raízes no solo compactado; e (iv) o sistema radicular do milho 
não é capaz de romper uma camada compactada de solo com resistência mecânica 
da ordem de 1,4 MPa. Beutler e Centurion (2004) verificaram, ao pesquisar o efeito da 
compactação do solo no desenvolvimento radicular e na produtividade da soja, em 
latossolo vermelho de textura média, que houve diminuição na produtividade e em 
determinada profundidade ocorreu uma redução na densidade das raízes. 
Collares et al. (2006) encontraram, em experimento na cultura do feijoeiro, 
influência direta da compactação na redução da produtividade desta cultura 
LEITURA COMPLEMENTAR
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
26
enquanto Beutler et al. (2004) obtiveram, avaliando a influência da compactação 
na produtividade e altura do sistema radicular em arroz de sequeiro, redução 
na produtividade e restrição ao crescimento das raízes. Como técnica potencial 
para solucionar esse problema, tem-se a escarificação, que promove o 
rompimento dessas camadas compactadas ou adensadas. Para Machado et al. 
(2005), a operação de escarificação consiste em mobilizar o solo a determinada 
profundidade até trinta centímetros, tendo uma mobilização superficial mínima 
e mantendo a cobertura do solo. Por não provocar inversão de camadas do solo, 
essa operação proporciona menor desagregação, sendo que os resíduos vegetais 
ficam depositados na superfície do solo facilitando, assim, o controle da erosão, 
melhorando potencialmente a infiltração e a retenção de água, tal como a estrutura 
e a porosidade do solo quando comparada aos preparos do solo convencionais. Ao 
mencionarem a parte ativa do escarificador (as ponteiras), esses mesmos autores 
a dividiram em dois tipos, estreita, com largura de 4 a 8 cm e larga ou alada, 
com dimensões acima destas. Nicoloso et al. (2008), em experimento de campo 
realizado em quatro áreas, no município de Santa Rosa, região Noroeste do Rio 
Grande do Sul, consideraram a escarificação mecânica como alternativa eficiente 
para melhorar as condições físicas do latossolo de textura muito argilosa quando 
associada à escarificação biológica, auxiliando na prevenção da reconsolidação 
do solo. Na busca de uma operação mais eficiente, Godwin (2007) destaca que 
a busca pela redução da demanda de tração de um implemento não deve ser o 
objetivo mais importante, mas sim reduzir a resistência específica operacional 
expressa pela relação da força de tração com a área de solo mobilizado. 
Assim, objetivou-se neste trabalho desenvolver e analisar uma ferramenta 
para o rompimento dosolo em camadas simultâneas, ou seja, se a profundidade 
de trabalho de um escarificador tem influência significativa no desempenho do 
implemento, então é possível romper o solo em camadas de modo simultâneo a 
fim de que a eficiência do equipamento melhore, alcançando menor resistência 
específica para cada velocidade de trabalho testada.
FONTE: Adaptado de GASSEN, José R. F. et al. Resistência específica à tração na operação 
de escarificação do solo em camadas de forma simultânea. Revista Brasileira de Engenharia 
Agrícola e Ambiental, v. 18, n. 1, p. 116-124, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1415-
43662014000100015. Acesso em: 23 mar. 2020.
27
Neste tópico, você aprendeu que:
• A mecânica agrícola está inserida no cotidiano da produção rural e é um com-
ponente decisivo para a sustentabilidade da propriedade. Desta forma, o pla-
nejamento, tanto de uso quanto de manutenção, é fundamental.
• As propriedades físicas são atuantes na concepção e no uso das máquinas agrí-
colas. Ainda, elas podem ser reconhecidas nas propriedades dos solos e na re-
ação dos solos ao manejo.
• A compactação do solo pode causar dificuldades no desenvolvimento do sistema 
radicular das plantas, reduzindo: sua capacidade produtiva, de armazenamento 
e disponibilização de água e nutrientes, bem com sua resistência aos processos 
mecânicos, o que requer maior energia para sua realização. Além disso, pode 
ocorrer aumento das temperaturas e escorrimento superficial do solo. 
• A implementação de espaços adequados, como abrigos e oficinas, nas proprie-
dades rurais é um cuidado necessário e diferencial para o alcance dos objetivos 
de rentabilidade e sustentabilidade dela.
• A capacitação de operadores de máquinas e o planejamento de manutenções e 
reparos devem ser itens considerados obrigatórios no fluxograma de planeja-
mento da propriedade rural.
RESUMO DO TÓPICO 1
28
1 A teoria mecânica está presente no cotidiano das propriedades rurais asso-
ciada às ações desenvolvidas pelas máquinas e equipamentos agrícolas. Sen-
do assim, analise as afirmativas a seguir, assinalando V para as verdadeiras 
e F para as falsas:
( ) Mecânica aplicada é um ramo da engenharia que procura estabelecer fór-
mulas e coeficientes compatíveis com a natureza e a condição de cada mate-
rial com base nos princípios e leis básicas da mecânica teórica.
( ) Torque é uma grandeza física associada ao movimento de rotação de um 
corpo em razão da ação de uma força, sendo assim T= f/m, em que torque é 
igual à força dividida pela massa. 
( ) É correto afirmar que mesmo parado e sem movimentação, um maquinário 
exerce forças sobre o solo passíveis de resultar na compactação do solo.
( ) A potência é fruto da velocidade angular e está diretamente relacionada ao 
trabalho gerado em motores de combustão, como, por exemplo, de tratores 
agrícolas.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) V – F – V – V.
b) ( ) F – V – V – V.
c) ( ) V – F – F – V. 
d) ( ) F – F – V – V.
2 Entre as inúmeras relações possíveis e existentes entre a mecânica agrícola e 
o ambiente, está a relação solo-máquina. Sobre essa relação, analise as afir-
mativas a seguir e assinale a CORRETA:
( ) O solo está sujeito à ação de elementos bióticos, como o vento e a água, que 
podem afetar a desse solo em relação às operações mecânicas aplicadas para 
o cultivo agrícola.
( ) A interação entre o solo e a ação mecânica promovida pela máquina varia 
de acordo com o tipo de ação/máquina, e não com o tipo de solo.
( ) As variáveis ação/máquina e o tipo de solo compõem a resistência dinâmica 
do solo para prover tração.
( ) Os valores que compõem a tensão e sua distribuição no solo são definidos 
especificamente pelo componente tipo de solo, independentemente da ação/
máquina.
AUTOATIVIDADE
29
3 As propriedades mecânicas dos solos possuem particularidades e especifici-
dades relacionadas a diferentes fatores. Além disso, elas são importantes na 
determinação das operações agrícolas, principalmente naquelas ligadas ao 
tráfego de máquinas que podem, quando feitas indiscriminadamente, oca-
sionar a compactação dos solos. Sobre a questão, analise as afirmativas a 
seguir e marque a alternativa CORRETA. 
I- A compactação promovida pelo uso inadequado de máquinas é principal-
mente a superficial, que reduz os espaços de ar e água e aumenta a com-
pressão do solo. 
II- Quando a capacidade de suporte de carga do solo é ultrapassada, ocorre a 
compactação com a redução de espaços internos para água e ar. 
III- Alguns tipos de solo, como os arenosos, são mais factíveis à compactação 
pelo uso inadequado de máquinas.
IV- A compactação do solo pode causar dificuldades no desenvolvimento do 
sistema radicular das plantas, redução na capacidade de armazenamento e 
disponibilização de água e nutrientes, aumento das temperaturas do solo e 
escorrimento superficial do solo.
 
a) ( ) Todas as afirmativas estão corretas.
b) ( ) Somente a afirmativa IV está correta.
c) ( ) As afirmativas I, II e IV estão corretas. 
d) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
4 Sobre o SI e as alterações ocorridas recentemente, classifique V para as sen-
tenças verdadeiras e F para as falsas.
( ) A nova revisão compreende 4 das 7 unidades derivadas do SI. 
( ) As novas unidades alteraram seus tamanhos e estarão suscetíveis a altera-
ções ao longo do espaço e tempo.
( ) As unidades modificadas foram o quilograma, o ampere, o kelvin e o mol.
( ) As novas unidades são do mesmo tamanho, mas definidas de forma precisa 
e sem incerteza de edição associada. 
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) F – F – V – V.
b) ( ) V – F – F – V. 
c) ( ) V – F – V – V. 
d) ( ) F – V – V – F.
5 A adequação de um espaço para abrigo e manutenção das máquinas agríco-
las pode possibilitar sua conservação e o melhor desempenho nas operações. 
Contudo, alguns pontos devem ser considerados para a obtenção dos resul-
tados. Nesse sentido, marque com X as opções INCORRETAS.
30
( ) O piso deve ser de cimento para facilitar a limpeza e possibilitar a seguran-
ça nas operações de manutenção.
( ) A amplitude de espaço deve ser planejada de acordo com a necessidade de 
movimentação das máquinas e para que o operador possa trabalhar livre-
mente em volta delas. 
( ) A luminosidade deve ser calculada considerando a luz natural, com o uso 
de janelas e portas, sem necessidade de iluminação artificial.
( ) As revisões devem ser tanto preventivas quanto curativas. Para tal, deve-se 
considerar somente a percepção do operador.
31
TÓPICO 2
PRODUÇÃO E CONSUMO 
DE ENERGIA NA AGRICULTURA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmicos! Neste tópico, abordaremos a produção e consumo de ener-
gia na agricultura. Vamos discutir as principais fontes energéticas, os balanços ener-
géticos dos processos produtivos e as formas de conservação e preservação de ener-
gia na busca da sustentação da produção agrícola. 
A relação da sociedade atual com a energia pode ser observada como uma 
fonte de grande preocupação para muitos. No entanto, o consumo de energia parece 
estar alheio às ações, como algo natural e inesgotável. Na agricultura, esse cenário pa-
rece ainda mais preocupante, pois o consumo de energia fóssil está presente desde a 
produção (insumos, maquinários e embalagens) até a disponibilização dos produtos 
na mesa do consumidor (secagem, beneficiamento, embalagens e transporte). 
A energia transformou-se em um fator de produção na agricultura, sendo 
considerada um insumo essencial nos processos produtivos, o que amplia a preocu-
pação frente aos alertas oficializados por inúmeras instituições de pesquisas, além 
da própria observação dos sistemas naturais. Eles evidenciam uma crise energética 
sobre a qual se concentram demandas de pesquisas e estudos para potencializar o 
uso de energias alternativas e formas de economizar a energia fóssil utilizada.
2 ENERGIA NA AGRICULTURA
Na década de 1970, a agricultura brasileira passou por uma grande trans-
formação, chamada de Revolução Verde, que mudou sua matrizenergética. Até 
então voltada para uma agricultura de subsistência, em que a força de trabalho 
era principalmente humana e animal, a agricultura adotou máquinas e insumos 
externos e passou a ser impulsionada pelo uso de combustíveis fósseis em suas 
operações distribuídas ao longo das cadeias produtivas.
Tal processo, no âmbito chamada Revolução Verde mudou os sistemas 
monoculturais, caracterizando-os pelas sementes selecionadas, inserção 
dos agrotóxicos, fertilizantes químicos, mecanização, melhoramento ge-
nético que promoveram uma série de mudanças tanto na agricultura 
quanto no setor de produção de insumos. Isto gerou grandes transfor-
mações na história da agricultura (MEDEIROS, 2010, p. 13).
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
32
As transformações geradas na agricultura espalharam-se pelos diferentes 
elos das cadeias produtivas. Contudo, podemos considerar como definitiva a 
mudança da matriz energética do setor. 
Neste sentido, a implantação da agricultura moderna ampliava-se, a 
intensidade energética considerando as diversas etapas do processo. O 
desmatamento e a preparação do solo exigiam uma atividade prepara-
dora, uma vez que a acidez da terra exigia calcareamento e aplicação 
de fertilizantes para se tornar produtiva. Alterna-se também, a nature-
za de energia produtiva de cereais: substituía a energia ecológica, de 
natureza renovável - solar e hídrica - pela energia fóssil – dos fertili-
zantes – apresentadas como combustíveis não renováveis, buscando 
ganhos de produtividade (MEDEIROS, 2010, p. 16).
Com as transformações, a mecanização, já em plena expansão desde a Revo-
lução Industrial, espalhou-se pela agricultura. O surgimento dos tratores, das seme-
adoras, colhedoras, pulverizadores, tornou o trabalho no campo mais fácil, menos 
penoso, fato é também que este processo excluiu aqueles produtores rurais que não 
tinham recursos para adquirir as tecnologias propostas, bem como reduziu a mão 
de obra ocupada na agricultura, empurrando contingentes para as cidades e regiões 
metropolitanas. 
Algumas reflexões são importantes nesse processo. É fato que ocorreu um 
aumento na produtividade, no entanto, precisamos mensurar os custos sociais, eco-
nômicos e ambientais desse aumento no intuito de entender os problemas e as fontes 
de perda de energia gasta na produção do alimento final. Nesse sentido, Roel (2002, 
p. 58) faz uma análise do período de implantação do pacote tecnológico no Brasil:
No período de 1964 a 1979 ocorreu um aumento de consumo de ferti-
lizantes minerais solúveis em 1.243%, de pesticidas em 421%, de má-
quinas agrícolas em 389%, enquanto, no mesmo período, o aumento 
de produtividade agrícola (média de 15 culturas) foi de apenas 4,9%.
Ainda neste cenário, David (2000) apud Roel (2002) afirma que a distribuição 
da renda na agricultura proposta pela revolução verde, concentrou, cerca de, 66% 
dos lucros para indústria (insumos e máquinas), 19% para comércio e apenas 11% 
dos lucros para o agricultor.
Corroborando neste sentido, Cipolla (1975) estimou que em 1940 a par-
ticipação da energia fóssil representava apenas 20% da produção agrícola e, na 
revolução verde, esse índice passou para 80%, porque a industrialização desen-
volveu-se com base na disponibilidade crescente de energia mecânica (oriunda 
de energia fóssil), por unidade de trabalho (MEDEIROS, 2010).
Estes processos afirmados continuaram e se intensificaram, seja pelo in-
cremento nos pacotes tecnológicos ou pela expansão destes para as diferentes 
áreas da produção. A conversão de energia em produção é um dos assuntos mais 
estudados da atualidade, conciliar, interligar os conceitos de eficiência produtiva 
TÓPICO 2 | PRODUÇÃO E CONSUMO 
33
e eficiência energética é um desafio, não só pela matriz energética fóssil predo-
minante na agricultura, mas também pela metodologia a ser adotada e que possa 
conciliar tanto a energia gasta diretamente como aquela gasta de forma indireta.
2.1 PERSPECTIVAS E REALIDADE DA AGRICULTURA 
NACIONAL NA PRODUÇÃO E NO CONSUMO DE ENERGIA
Um dos primeiros alertas sobre a realidade do consumo de energia na 
agricultura foi feito por Steinhart & Steinhart (1974 apud Castanho Filho e Chaba-
ribery, 1982), que concluíram em seus estudos que nos Estados Unidos, na déca-
da de 1970, eram necessárias nove calorias fósseis para produzir uma caloria final 
no prato do consumidor.
Nesse mesmo sentido, Guerra (2009) identificou que a produção de uma 
caloria de proteína de soja consome duas calorias de combustível fóssil, e Medei-
ros (2010) elevou esta análise à produção de carne. 
Na produção de carne são consumidas 78 calorias de combustível fóssil 
para se produzir 1 caloria de proteína de carne. Logo, a produção de pro-
teína de carne requer 39 vezes mais energia que a soja, demonstrando que 
a cadeia alimentar do ser humano depende de recursos energéticos como 
os combustíveis fósseis e seus derivados (MEDEIROS, 2010, p. 45).
Os índices elevados do consumo de energia na produção de carne estão cen-
trados principalmente na produção da ração consumida pelos animais, que passa 
pelo processo de cultivo, preparo de solo, semeadura, tratos culturais, colheita, trans-
porte e armazenagem, além de todo o processo de industrialização da carne posterior 
ao abate – não computado pelo autor (MEDEIROS, 2010). 
O Brasil possui um sistema energético fortemente ligado ao uso da energia 
fóssil, como carvão, gás natural e petróleo que, além de fontes não renováveis, são 
responsáveis por uma grande quantidade de emissão de gases nocivos para a at-
mosfera. Nesse sentido, inúmeros esforços estão sendo direcionados para a mudança 
dessa matriz energética, buscando uma bioenergia sustentável e a captura de carbo-
no da atmosfera alcançada por ela.
Segundo dados do balanço energético de 2019 (ano base 2018), o Brasil utili-
za, atualmente, 45,3% de energia de fontes renováveis e 54,7% de fontes não renová-
veis, das quais 34,4% são do petróleo. A Tabela 8 mostra a oferta de energia no Brasil 
e sua variação entre 2018 e 2019 (MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA, 2019).
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
34
TABELA 8 – OFERTA INTERNA DE ENERGIA NO BRASIL 2018/2017
Fonte (Mtep)* 2017 2018 Δ 18 / 17
RENOVÁVEIS 126,2 130,5 3,4%
Energia hidráulica 35,0 36,5 4,1%
Biomassa da cana 49,8 50,1 0,7%
Lenha e carvão vegetal 24,0 24,1 0,6%
Eólica 3,6 4,2 14,4%
Solar 0,072 0,298 316,1%
Lixívia e outras renováveis 13,8 15,4 11,8%
NÃO RENOVÁVEIS 167,0 157,9 -5,5%
Petróleo e derivados 106,3 99,3 -6,5%
Gás natural 37,9 35,9 -5,4%
Carvão mineral 16,8 16,6 -0,9%
Urânio (U3O8) 4,2 4,2 -0,5%
Outras não renováveis 1,8 1,8 -0,1%
FONTE: <https://bit.ly/3bJT0ks>. Acesso em: 23 mar. 2020
Mtep – Tonelada equivalente de petróleo (tep): unidade de energia. A tep é utiliza-
da na comparação do poder calorífero de diferentes formas de energia com o petróleo. Uma 
tep corresponde à energia que se pode obter a partir de uma tonelada de petróleo padrão.
NOTA
Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS para 2030, difundi-
dos intensamente pela Organização das Nações Unidas – ONU, estão promovendo 
e intensificando esse debate por meio de diversas campanhas em nível mundial.
Se o atual ritmo de consumo continuar, em 2050 será necessário 60% 
a mais de comida, 50% a mais de energia e 40% a mais de água. Para 
responder a demanda dos 9 bilhões de habitantes do planeta em 2050, 
são necessários 
esforços concentrados e investimentos que promovam essa transição 
global para sistemas de agricultura e gestão de terra sustentáveis. Es-
tas medidas implicam no aumento de eficiência do uso dos recursos 
naturais – principalmente a água, energia e terra – mas também na 
redução considerável de desperdício de alimentos (SILVA, 2015, s.p.).
O processo de produção de cultivos energéticos pode ser impulsionado 
com a destinação e uso de políticas públicas que possam incentivar não só o agri-
cultor, mas todos os setores da sociedade, inclusive a pesquisa,indústria e comér-
cio a gerar e utilizar a bioenergia sustentável. 
Um primeiro esforço concreto feito nesse sentido foi a instituição, em ju-
nho de 2010, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) 
do programa ABC – Agricultura de Baixo Carbono, que tem como objetivo aliar 
TÓPICO 2 | PRODUÇÃO E CONSUMO 
35
a produção de alimentos e a bioenergia para promover a redução dos gases de 
efeito estufa, estabelecendo metas para 2020 (SILVA; BUENO, 2011).
Visando a adoção de processos tecnológicos, que possam vir a neu-
tralizar ou mesmo minimizar os efeitos dos gases de efeito estufa no 
campo, pelos agricultores, o programa ABC incentiva seis iniciativas 
básicas como metas e resultados previstos até 2020, como: plantio di-
reto na palha; recuperação de pastos degradados; integração lavou-
ra-pecuária-floresta; plantio de eucalipto e de pinus; substituição de 
fertilizantes nitrogenados pela fixação simbiótica de nitrogênio e trata-
mento de resíduos animais (SILVA; BUENO, 2011, p. 1061). 
Nessa mesma linha, a Política Nacional de Biocombustíveis – RenovaBio, 
instituída pela Lei nº 13.576/2017, está sendo anunciada como um novo marco 
legal dos biocombustíveis no Brasil. 
RenovaBio é uma política de Estado que objetiva traçar uma estratégia 
conjunta para reconhecer o papel de todos os tipos de biocombustí-
veis na matriz energética brasileira, tanto para a segurança energética 
quanto para mitigação e redução de emissões de gases causadores de 
efeito estufa (BELOTTE et al. 2018, p. 25).
O caminho em direção às fontes de energias limpas e renováveis é defi-
nido e definitivo, tanto pela urgência quanto pela demanda social crescente pela 
sustentabilidade. Contudo, ainda estamos a passos lentos na colheita de resulta-
dos das poucas políticas públicas e/ou iniciativas privadas nesse sentido. Além 
de cientes de que o caminho a mudança de matriz energética é amplo, complexo 
e envolve muitos atores, devemos considerar a gama de interesses econômicos 
globais e transversais à economia de mercado.
2.2 FONTES DE PRODUÇÃO E USO DE ENERGIA NO MEIO 
RURAL.
O ecossistema, em sua própria natureza, possui diversas fontes de energia 
disponíveis e utilizadas pelo ser humano desde a Antiguidade. A primeira delas 
é o alimento que, ao ser ingerido, proporciona ao ser humano e animais a força 
necessária para a realização de tarefas e movimentos básicos do corpo. A busca 
constante por novas fontes de energia que pudessem facilitar o trabalho cotidiano 
teve um grande impulso com a descoberta do fogo, que passou a ser a fonte de ca-
lor usada no aquecimento pessoal, no cozimento dos alimentos e na iluminação.
Além do fogo, os animais foram – e ainda são – fontes de energia, força físi-
ca e muscular usadas no desenvolvimento de trabalhos, como transporte, aração de 
solo, entre outros que possibilitam e otimizam as atividades agrícolas há séculos. As 
principais espécies são os equinos, bovinos e muares, os quais ainda hoje são utiliza-
dos em muitas propriedades rurais de pequenas áreas e produção de subsistência. 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
36
A água e o vento já eram utilizados como fonte de energia de embarcações 
desde as civilizações antigas e proporcionaram grandes revoluções nas socieda-
des, tanto na agricultura quanto nas questões geopolíticas e econômicas. A água, 
em especial, proporcionou a irrigação de áreas e a utilização de diques, monjolos 
e rodas d’água. Essas técnicas foram se expandindo (em parte graças à navega-
ção) e se aperfeiçoando, resumindo a busca do ser humano pelo suprimento de 
suas necessidades, ou seja, pelo aprimoramento das fontes energéticas. Nesse 
contexto, surgem os moinhos de vento:
O uso dos moinhos como ferramentas fornecedoras de energia neces-
sária à produção de diversos produtos representaram uma protoin-
dustrialização e um caminho irreversível na utilização de recursos 
técnicos que melhoraram os rendimentos produtivos do ser humano. 
Marcando o início dos empreendimentos capitalistas energéticos, que 
impulsionou no avanço da infraestrutura energética com a participa-
ção da energia mecânica colaborando com o desenvolvimento econô-
mico da Europa Ocidental (MEDEIROS, 2010, p. 35).
Então, o processo de geração de energia pode ser entendido como uma 
forma de o homem transformar a natureza. Foi assim na utilização do carvão 
mineral durante a Primeira Revolução Industrial (século XVIII) e na descoberta 
da energia elétrica e do petróleo, na Segunda Revolução Industrial (século XIX) 
(CORREIA, 2016). Sempre utilizadas como forma de potencializar a produção e 
facilitar os processos de geração de tecnologia, alcançaram resultados positivos, 
mas ampliaram a emissão de gases nocivos à atmosfera.
O uso do petróleo como base do desenvolvimento começou a ser questio-
nado a partir de 1973, quando os principais países produtores (Arábia Saudita, 
Kuwait, Irã, Iraque e Venezuela) uniram-se e, entre outras medidas, aumentaram 
os preços e reduziram a perspectiva de produção, o que ocasionou a chamada 
primeira crise do petróleo.
Seguiram-se ao episódio questionamentos não somente sobre economia e 
desenvolvimento, mas também sobre o caráter finito dessa fonte de energia que 
dita regras no mercado mundial. Em um gesto pioneiro, o Brasil lançou o Programa 
Nacional do Álcool (PROÁLCOOL) em 1975, uma forma de produção tida como 
limpa, renovável e em larga escala, que logo chama a atenção do mercado global.
A produção de álcool se modernizou ao longo do tempo e hoje é pro-
duzido de diversas fontes tais como: cana-de-açúcar, milho, beterraba, 
bagaço de cana para o etanol de 2º geração, dentre outros. O etanol re-
presenta parte significativa na matriz energética brasileira, porém a falta 
de políticas públicas para a produção e utilização desse combustível nos 
leva a um impasse, quanto à política de preços (CORREIA, 2016, p. 1).
O uso dos combustíveis fósseis mantém-se até a atualidade como princi-
pal fonte de energia tanto nos processos agrícolas quanto industriais. De acordo 
com Medeiros (2011, p. 36), eles são produtos “de origem mineral constituído por 
TÓPICO 2 | PRODUÇÃO E CONSUMO 
37
um grupo de substâncias formado de composto de carbono, o carvão mineral, 
o petróleo e o gás natural geralmente empregado para alimentar a combustão”.
Da mesma forma, mantém-se globalmente a ênfase na discussão e bus-
ca de fontes renováveis de energia. Algumas alternativas já estão disponíveis e 
sendo utilizadas em escala considerável, como a energia eólica, solar, das marés 
e biomassa de diferentes fontes. A Figura 6 apresenta o diagrama Ennio, que es-
quematiza e descreve as fontes de energia renováveis e não renováveis.
FIGURA 6 – DIAGRAMA ENNIO, ENERGIAS RENOVÁVEIS E NÃO RENOVÁVEIS
FONTE: Ignácio (2007) apud ARMANDO (2013, p. 4)
O consumo do setor agropecuário brasileiro em 2018 foi de 11tep (Plano 
Decenal de expansão de energia, 2019), abaixo dos setores de serviços, residencial, 
transportes e industrial respectivamente. No entanto, como já mencionado, uma 
parte difícil de mensurar, mas significativa em termos de consumo de energia 
é a do setor industrial e de transportes, que estão diretamente ligados ao setor 
agropecuário e correspondem à produção de insumos, ao processamento e 
transportes agropecuários.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
38
2.3 ENERGIA DERIVADA DO PETRÓLEO
O petróleo, substância oleosa, é uma combinação de hidrocarbonetos em 
estado líquido, com temperatura e pressão específicas. Ele possui compostos sul-
furados, nitrogenados, oxigenados, resinas, asfaltenos e metálicos, como ferro, 
cobre e zinco. Sua composição varia conforme a amostra analisada, porém, de 
maneira geral é de 82% de carbono, 12% de hidrogênio, 4% de nitrogênio, 1% de 
oxigênio, 0,5% de sais e 05% de metais (ANAP, 2017).
Originário da decomposição de matéria orgânica por bactérias em am-
biente de baixo oxigênio, o petróleo se forma em reservatórios, normalmentero-
chas porosas (em condições especificas de pressão), isoladas do ambiente. Geral-
mente, ele pode ser encontrado em bacias sedimentares, no assoalho oceânico e 
fundo de mares ou lagos, sempre em ambientes de pressão específica (AGÊNCIA 
NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEL, 2016). 
A mistura extraída do solo precisa ser separada em diversos processos até 
que possa ser utilizada como os derivados conhecidos popularmente. A separação é 
feita pelo aquecimento do petróleo bruto, e os subprodutos precisam passar por pro-
cessos de refino, que são processos químicos que tornarão as substâncias adequadas 
para o consumo. A Tabela 9 apresenta os principais produtos do petróleo e seus usos.
TABELA 9 – PRINCIPAIS PRODUTOS, COMPOSIÇÕES E USOS, DO PETRÓLEO
Produto Composição e uso
Gás de petróleo Gás residual com 1 a 2 átomos de carbono, usado para aque-cimento e para a indústria.
Gás Liquefeito de 
Petróleo – GLP Com 3 a 4 átomos de carbono, usado principalmente para cozinhar.
Nafta
Com 5 a 10 átomos de carbono, é um produto intermediário 
que irá se transformar em gasolina ou servirá de matéria-
-prima para a indústria petroquímica.
Gasolina
Com 5 a 8 carbonos, é utilizada como combustível para 
motores do ciclo Otto*. É uma nafta que se transformou em 
gasolina por outros processos químicos.
Querosene Com 11 a 12 carbonos, é usado principalmente como com-bustível para turbinas de jatos, além de outras aplicações.
Óleo diesel
Com 13 a 18 carbonos, é um combustível usado principal-
mente em transporte rodoviário e aquaviário, em motores 
do ciclo diesel, além de ser utilizado também em termoelé-
tricas e para aquecimento.
Óleo lubrificante Com 26 a 38 carbonos, é usado principalmente na lubrificação de motores e engrenagens e como matéria-prima para graxas.
TÓPICO 2 | PRODUÇÃO E CONSUMO 
39
FONTE: Adaptado de Agência Nacional do Petróleo (2019)
Óleo combustível Até 39 carbonos, é utilizado principalmente como fonte de calor no segmento industrial.
Resíduos
Até 80 carbonos, servem como material inicial para a fabri-
cação de outros produtos. Nesta faixa de compostos mais 
pesados estão: coque, asfalto, alcatrão, breu, ceras e outros.
O uso do petróleo na agricultura pode ser observado no uso de embalagens 
plásticas, sacos, recipientes, mangueiras e elementos hidráulicos de sistemas de irri-
gação; cobertura e vedação de silos; dutos de ventilação; cobertura de estufas; telas de 
sombreamento; lonas para transporte, estocagem, secagem e proteção; telas plásticas 
para quebra ventos; proteção de flores, frutos e caules; cobertura de solos; e filmes 
para uso diversos. De maneira indireta, ele é usado na produção de rações e aditivos 
alimentares para animais e na produção de insumos para o cultivo vegetal. 
A dependência da produção agropecuária no uso intensivo de máquinas 
agrícolas concentra, nessa atividade, o consumo mais expressivo de combustível 
fóssil. O óleo diesel – que abastece tratores, colhedoras, pulverizadores e demais 
máquinas e equipamentos utilizados na agricultura – parece longe de ser passí-
vel de substituição, seja pela dificuldade de produção em massa de uma fonte de 
energia sustentável, seja pela falta de interesse da indústria fabricante em mudar 
sua matriz energética, seja pela própria característica de potência de explosão do 
óleo diesel e sua adaptabilidade ao peso e tração das máquinas agrícolas.
Fato é que o uso dos combustíveis fósseis está tão arraigado na produção 
rural que, além da contribuição para emissão de gases, a agricultura está sujeita 
a qualquer transformação que o mercado desses combustíveis possa sofrer. Por 
exemplo, um aumento do preço no mercado global refletirá rapidamente em toda 
a cadeia produtiva, inclusive nos preços ao consumidor. Dessa forma, além da 
dependência energética está a dependência econômica.
Devemos, no entanto, fazer uma ponderação sobre o fluxo de gastos e 
produção de energia na agricultura, considerando que a propriedade rural pro-
duz alimentos utilizados inclusive na produção de biocombustíveis, cumprindo 
um papel de geradora de energia. Então, o problema parece estar no longo da 
cadeia de serviços e processamento dos produtos gerados na propriedade e, por 
extensão, na própria sociedade que usufrui e demanda esses produtos e serviços 
sem considerar os gastos energéticos.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
40
Os diversos usos dos diferentes combustíveis fósseis são abordados de forma de-
talhada no vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=UkxZzSBX2-w. Confira!
DICAS
2.4 ENERGIA ALTERNATIVA E RENOVÁVEL
A busca por alternativas de energia limpa e sustentável obedece à tríade 
socialmente justa, ambientalmente correta e economicamente viável, três dimen-
sões difíceis de conciliar com um modelo de desenvolvimento baseado no cres-
cimento econômico. Desta forma, mudar a percepção de consumo e produção, 
aliada a políticas públicas que impulsionem o desenvolvimento sustentável está 
na base de um processo de transição de fontes energéticas. 
Esse processo está em andamento, mesmo que seja a passos lentos, se con-
siderarmos que as energias renováveis já são mais de 44% do consumo nacional. 
No entanto, desenvolvendo tecnologias de adaptação e fundamentação desse novo 
paradigma de desenvolvimento, a agricultura passa aos poucos a utilizar fontes 
como a energia solar, eólica, de biomassa e de biocombustíveis em seu cotidiano. 
2.4.1 Biomassa
Baseada no uso de produtos orgânicos considerados descartáveis, a ener-
gia de biomassa mostra-se como uma alternativa apropriada não só pela geração 
da própria energia, como também pelo uso de material normalmente considera-
do sem utilidade nos processos produtivos.
A biomassa tem sido utilizada com fonte para geração de energia, por 
ser considerada limpa, visto que as emissões de CO2 são baixas e reu-
tilizam rejeitos que não teriam valor comercial, por isso são considera-
das também renováveis, visto que utilizam produtos que sempre serão 
gerados a partir da decomposição de materiais orgânicos. A partir da 
Biomassa podemos gerar diversas formas de energia a partir de diver-
sos processos como, por exemplo: o Biogás, Etanol, Biodiesel, Pellets e 
Briquetes (CORREIA, 2016, p. 54).
 
A energia produzida pela biomassa pode vir de diferentes fontes, sendo 
o lixo orgânico uma delas. Para a agricultura, é importante considerar o conceito 
de cultivos ou culturas energéticas, que podem ser florestais, forrageiras, oleagi-
nosas (como soja, dendê, entre outras), cana-de-açúcar e microalgas, embora essa 
lista se amplie constantemente considerando as inúmeras pesquisas no setor.
TÓPICO 2 | PRODUÇÃO E CONSUMO 
41
É importante lembrarmos que o processo de obtenção da biomassa pas-
sível de geração de energia nem sempre segue os princípios da sustentabilidade. 
Dessa forma, alguns questionamentos sobre o assunto têm se difundido junto aos 
pesquisadores, como o uso do carvão vegetal e de outros subprodutos florestais, 
bem como da soja, resíduos de processamento agroindustrial, subprodutos da 
produção animal e até mesmo de matéria orgânica de sistema de esgoto. 
São produtos possíveis a partir da energia de biomassa:
Biogás: é um gás incolor, composto basicamente por 60 a 75% de metano 
(CH4) e 30 a 40% de dióxido de carbono (CO2) e outros gases. É considerado altamen-
te poluente se liberado na natureza, “chegando a ser 21 vezes mais poluente que o 
CO2 e altamente explosivo” (FARIA, 2012, p. 2). É produzido durante a degradação 
anaeróbia da matéria orgânica.
Na agricultura, a produção de biogás está principalmente associada à produ-
ção de suínos e aves, com diferentes modelos e formas de captação, desde sistemas 
pequenos para a agricultura familiar até grandes estruturas de captação. O biogás é, 
normalmente, transformado em energia elétrica, passível de utilização nas proprie-
dades rurais ou de redistribuição para centrais elétricas.
Etanol ou álcool etílico (C2H5OH): conhecido por serutilizado como combus-
tível para automóveis, o etanol pode ser anidro ou hidratado (0,5 e 5% de água respec-
tivamente). O hidratado é aquele normalmente utilizado nos postos de combustível. 
A produção de etanol através da biomassa tem encontrado resistências e pro-
porcionado intensos debates pelo uso de produtos alimentícios como milho e soja, 
considerados produtos nobres para o consumo humano, o que pressupõe uma subs-
tituição das culturas agroalimentares para a geração de energia. 
Biodiesel: composto oleaginoso, combustível e capaz de proporcionar o fun-
cionamento de motores, podendo substituir o óleo diesel proveniente do petróleo. 
O biodiesel, como o próprio nome já sugere é um combustível derivado 
de fontes oleaginosas renováveis, produzido a partir de gorduras ani-
mais e principalmente de óleos vegetais. Atualmente no Brasil, o biodie-
sel de origem vegetal é produzido da mamona, dendê, canola, girassol, 
amendoim, soja e do algodão. E os de origem animais geralmente são 
produzidos de sebo bovino e gordura suína (CORREIA, 2016, p. 72). 
 
Algumas alternativas, como o reuso de óleo de cozinha, têm sido testadas 
e consideradas viáveis. Além disso, dados de pesquisas atribuem ao biodiesel uma 
redução de 75% nas emissões de gases causadores do efeito estufa (CORREIA, 2016).
 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
42
2.4.2 Eólica
A energia eólica utiliza a força dos ventos para proporcionar energia cinéti-
ca que, por sua vez, será transformada em energia, normalmente elétrica. Também 
pode ser armazenada em baterias ou formar sistemas híbridos utilizando turbinas 
eólicas ou aerogeradores.
O Brasil possui considerável capacidade de geração de energia eólica, que 
em 2018 representou 14,4% da oferta de energia no país e segue com perspectivas 
de ampliação nos próximos anos. Além de ser considerada uma fonte de energia 
limpa, ela possui perda considerada zero no decorrer de sua produção (BEN, 2019).
A energia eólica não contamina o ambiente (água, solo, ar), e os ventos 
não se esgotam. A energia eólica pode ser utilizada como complemen-
tar à energia hidrelétrica, a qual atualmente é predominante no Brasil 
e gera impactos ambientais, sociais etc. Apesar de não serem possíveis 
outras edificações no entorno dos parques, em função da estrutura que 
exige o sistema, é possível realizar atividades agrícolas, caso seja viá-
vel pelo terreno (KASPARY e JUNG, 2015, p. 12).
A produção de energia eólica possui vantagens relacionadas ao custo de 
instalação e manutenção quando comparadas à energia hídrica, além de ser um 
importante componente de desenvolvimento socioeconômico. Estudos mostram 
que a capacidade de produção também está em locais remotos, como o Nordeste 
do Brasil, onde as formas de produção de energia e agropecuárias são limitadas.
2.4.3 Solar
De maneira geral, o sol é fonte indispensável na geração de energia, seja 
pela essencialidade na produção de biomassa ou pelo funcionamento do próprio 
ecossistema. De maneira direta, a energia solar pode ser captada e transformada 
em energia elétrica e/ou de aquecimento. A forma atualmente mais utilizada para 
intermediar essa conversão é o uso de células fotovoltaicas que formam painéis, 
os quais atuam como transdutores capazes de converter luz em energia.
Atualmente, as células fotovoltaicas mais utilizadas são feitas de silí-
cio, que pode ser dividido em 3 grupos: monocristalizado, com grau 
de pureza em 98% e 99%, razoavelmente eficiente do ponto de vista 
energético e de custo, precisa ser associado a outro semicondutor de 
pureza 99,99999% para funcionar como célula fotovoltaica; policrista-
lizadas são mais baratas que a monocristalizadas e menos puras redu-
zindo a eficiência energética, apesar de ter a mesma forma de fabrica-
ção das monocristalizadas, são produzidas com menos rigor; Silício 
Amorfo possui alto grau de desordem na estrutura dos átomos e com 
isso tem eficiência energética menor que os mono e policristalizados, 
devido a isso as células passam por uma degradação nos primeiros 
meses de uso, o que reduz ainda mais a eficiência ao longo da vida 
útil, apesar disso, tem sido uma tecnologia forte e de baixo custo na 
produção de fotovoltaicos tanto no processo de fabricação quanto nas 
propriedades elétricas (CORREIA, 2016, p. 41).
TÓPICO 2 | PRODUÇÃO E CONSUMO 
43
Para transformação em energia térmica, de maneira simplificada, o processo 
pode ser realizado de duas formas:
Captores: são pequenas estruturas capazes de captar luz e conter temperatu-
ras menores que 100 0C, normalmente utilizadas em residências, pequenos hotéis e 
demais estruturas de menor demanda.
Concentrador solar: aplicado a sistemas que demandam maiores tempera-
turas, sua estrutura captadora é formada por uma superfície refletora com espelhos 
em forma parabólica ou esférica no intuito de coletar de área maior, concentrar e 
transmitir a energia. Ele pode ser utilizado para a geração de vapor e energia elétrica.
Para além dos processos térmicos acima, a radiação solar pode ser diretamen-
te convertida em energia elétrica pelo uso das células fotovoltaicas. 
No Brasil, os investimentos em energia solar ainda são limitados. Assim, as pes-
quisas concentram-se em reduzir os custos de implantação e ampliar a relação de custo e 
eficiência, atualmente entre 32 e 45%. Em contraponto, muitos estudos mostram a viabi-
lidade de uso desse sistema no país, considerando os índices de radiação solar possíveis 
de captação e sua considerável incidência durante as diferentes estações do ano.
Nesse aspecto, a afirmação de Flórez (2010) corrobora com as perspectivas de 
ampliação do uso da energia solar. O autor afirma que a energia solar absorvida pela 
Terra em um ano é equivalente a vinte vezes a energia armazenada em todas as re-
servas de combustíveis fósseis no mundo e dez mil vezes superior ao consumo atual.
Mesmo com as restrições tecnológicas e econômicas, a capacidade instalada 
de geração de energia solar aumentou 44% em 2019 (BEN, 2019), um incremento de 
21% na sua produção em cenário geral de uso energético. As projeções indicam a 
continuidade desse processo de crescimento.
Na agricultura, a energia solar começa a ser utilizada de forma mais intensa, 
devido principalmente ao incentivo de algumas empresas integradoras na produção 
de carne. Assim, passa a ser um cenário mais comum encontrar painéis solares na 
produção de aves, leite e suínos. Além da redução de custos com a energia, o agri-
cultor passa a ter mais segurança contra possíveis falhas na rede elétrica que possam 
comprometer sua produção.
2.5 BALANÇOS ENERGÉTICOS AGROPECUÁRIOS
A agricultura é produtora de fontes de energia renováveis, como girassol, 
cana-de-açúcar, milho, soja, forrageiras, lenha, carvão, entre outras. Em outro as-
pecto, essa mesma produção consume energia não renovável em suas operações. 
Desta forma, entender o balanço entre produção e consumo de energia é impor-
tante para a avaliação da viabilidade e correção, mitigação de perdas, ajustes e 
inovação de técnicas.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
44
Tanto o consumo quanto a produção a serem considerados no balanço 
energético de uma propriedade têm enorme variabilidade, como os processos e 
técnicas utilizadas por cada produtor, os recursos disponíveis na propriedade, o 
local, a região de produção e de acordo com cada cadeia produtiva.
Segundo Andrade et al. (2018), a produção da agricultura corresponde 
a 24% da matriz energética nacional com um consumo de 4,2% de energia es-
sencialmente não renovável (óleo diesel, fertilizantes, agrotóxicos e demais insu-
mos). Os números registram um saldo positivo no balanço energético nacional, 
porém, como já mencionado, o aparente equilíbrio não contempla a energia gas-
ta nos processos de agroindustrialização e produção dos insumos utilizados na 
agricultura. Ainda, vale mencionar que 4,2% de energia de fontes não renováveis 
correspondem a mais que a produção total da segundamaior usina hidroelétrica 
do mundo, a Itaipu (ALBIERO, 2015). 
Carvalho e Faria (2015), em um estudo sobre a eficiência energética da 
produção de soja em Primavera de Leste, constataram um indicador médio de 
3,97, muito inferior à média nacional. Os autores observaram que a maior parte 
da energia que compõe a entrada no sistema está nos insumos externos.
Desta forma, percebe-se que o complexo químico-industrial é o gran-
de fornecedor de energia para a sojicultura. Somando as participações 
médias dos adubos (59,0%), dos agrotóxicos (24,9%), dos combustíveis 
(7,7%) e das máquinas (0,6%), tem-se 92,2% da energia exógena in-
corporada no sistema produtivo somente de insumos industriais. As 
fontes biológicas se limitam a 7,7% com a participação das sementes, 
sendo a mão de obra infinitesimal (CARVALHO e FARIA, 2015, p. 85).
Os autores corroboram outros resultados que demonstram a concentração de 
energia no uso de insumos externos e apontam um caminho para a reversão desse 
quadro, o qual é o desenvolvimento de pesquisas e trabalhos de extensão com o ob-
jetivo de reduzir a dependência de insumos externos e investimentos na diversidade 
produtiva, na melhoria das condições de solo e na eficiência no uso de tecnologias.
Sá et al. (2013) desenvolveram um extenso trabalho de avaliação do ba-
lanço energético da produção de grãos, carne e biocombustíveis em sistemas es-
pecializados e mistos. Entre as conclusões dos autores, está a melhor eficiência 
energética dos cultivos mistos.
Nas pastagens avaliadas, o retorno em energia foi cem vezes superior 
à energia investida ao longo do período avaliado. Apesar de não haver 
diferença acentuada de produtividade animal, entre os sistemas [...] o 
balanço energético na pastagem consorciada foi superior ao do mono-
cultivo de gramínea, em decorrência do menor consumo associado ao 
investimento energético em fertilizantes e corretivos. Este valor repre-
sentou 27,71% na pastagem em monocultivo de gramínea e 12,68% na 
pastagem consorciada (Sá et al., 2013, p.1326).
TÓPICO 2 | PRODUÇÃO E CONSUMO 
45
Outro resultado apresentado pelo estudo foi a eficiência do uso do biocom-
bustível e das operações de conservação de solo pelo uso do plantio direto na palha. 
É importante lembramos que a eficiência energética não está somente re-
lacionada ao menor gasto de energia para a produção de maior quantidade de 
energia alimentar, mas também está relacionada à menor emissão de gases noci-
vos para a atmosfera, os quais potencializam o efeito estufa e culminam na influ-
ência da própria sustentabilidade da vida na biosfera.
2.5.1 Métodos e formas de conversão e utilização de 
energia
A energia utilizada nos processos de produção agrícolas é resultado das 
transformações as quais foram submetidas. De maneira geral, a energia é enten-
dida como a capacidade de realização de determinada ação ou trabalho. Essa 
capacidade varia de acordo com a fonte energética e também com a forma de 
conversão usada para disponibilizá-la ao objetivo proposto. Em cada um dos 
itens acima, pontuou-se algumas dessas fontes e suas formas de conversão para 
o interesse da agricultura.
Podemos converter energia de biomassa, por exemplo, em térmica, gás 
ou etanol, da mesma forma que a solar pode ser convertida em elétrica ou térmi-
ca e assim por diante. Assim, assume-se a afirmativa anterior de que o homem 
converte e transforma os recursos naturais em energia conforme sua necessidade 
e demanda, aprimorando processos e tecnologias em busca da maior eficiência. 
O aproveitamento da biomassa pode ser feito por meio da combustão 
direta (com ou sem processos físicos de secagem, classificação, com-
pressão, corte/quebra etc.), de processos termoquímicos (gaseificação, 
pirólise, liquefação e transesterificação) ou de processos biológicos (di-
gestão anaeróbia e fermentação) (ANEEL, 2013, p. 1). 
A Figura 7 mostra um organograma dos processos de conversão da bio-
massa e ilustra esta diversidade de caminhos e possibilidades.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
46
FIGURA 7 – DIAGRAMA ESQUEMÁTICO DOS PROCESSOS DE CONVERSÃO ENERGÉTICA DA 
BIOMASSA
FONTE: ANEEL (2013, p. 87)
Um organograma semelhante poderia ser elaborado para diferentes fon-
tes de energia dada sua flexibilidade e, ao mesmo tempo, especificidade de con-
versão, sempre considerando a tecnologia disponível para tal, bem como a efici-
ência do processo.
A Tabela 10 contempla os processos de conversão e a tecnologia utilizada 
para as principais fontes de energia da atualidade.
TÓPICO 2 | PRODUÇÃO E CONSUMO 
47
TABELA 10 – FORMAS DE CONVERSÃO E TECNOLOGIA PARA AS PRINCIPAIS FONTES DE 
ENERGIA
Fonte energética Conversão Tecnologia
Energia solar
Térmica (calor de baixa temperatura). Coletor solar.
Térmica (calor a média/ alta temperatura). Coletor concentrador.
Fotovoltaica (energia elétrica). Painéis fotovoltaicos.
Energia Eólica
Energia mecânica. Aerobombas, moinhos.
Energia elétrica. Aerogeradores.
Energia das ondas Energia elétrica. Turbinas (hidráulica ou de ar).
Energia das marés Energia elétrica. Turbina hidráulica.
Energia de 
biomassa 
Combustão. Fornos, caldeiras.
Fermentação metânica (biogás). Digestor anaeróbico. 
Pirólise (carvão vegetal). Câmaras de carbonização.
Gaseificação (gás de baixo/médio PCI). Gaseificador.
Energia 
geotérmica 
Baixa entalpia (água quente a 30-80 ºC). Água injetada na superfície. 
Alta entalpia (energia elétrica). Turbina a vapor.
Energia hídrica Energia elétrica. Turbina hidráulica.
FONTE: Adaptado de Nhambiu (2013, p. 21-54)
Na Tabela 10 estão consideradas a energia das marés, das ondas e geo-
térmicas, as quais não foram trabalhadas neste material, mas estão adiantadas 
em pesquisas que comprovam e viabilizam seu uso, afirmando mais uma vez a 
diversidade de possibilidades de geração de energia disponíveis para o estudo e 
aplicação na agricultura e demais setores da sociedade. 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
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LEITURA COMPLEMENTAR
BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL 2019 (BEN 2019)
Destaques de Energia por Fonte – ano base 2018 
Este artigo apresenta, resumidamente, a análise dos principais movimen-
tos referentes à produção e ao consumo de energia em 2018 em comparação com 
o ano anterior, para as principais fontes energéticas: petróleo, gás natural, energia 
elétrica, carvão mineral, energia eólica, biodiesel e produtos da cana. 
Energia Eólica 
A produção de eletricidade a partir da fonte eólica alcançou 48.475 GWh 
em 2018, equivalente a um aumento de 14,4% em relação ao ano anterior, quando 
se atingiu 42.373 GWh. Em 2018, a potência instalada para geração eólica no país 
expandiu 17,2%. Segundo o Banco de Informações da Geração (BIG), da Agência 
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o parque eólico nacional atingiu 14.390 
MW ao final de 2018. 
Biodiesel
Em 2018, a produção de B100 no país cresceu 24,7% em relação ao ano 
anterior atingindo o montante de 5.350.036 m³. O percentual de B100 adicionado 
compulsoriamente ao diesel mineral atingiu 10,0%. A principal matéria-prima foi 
o óleo de soja (63%), seguido do sebo bovino (12%). 
Cana-de-Açúcar, Açúcar e Etanol
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
(MAPA), a produção de cana-de-açúcar no ano civil 2018 alcançou 624,5 milhões 
de toneladas, queda de -1,7% em relação ao ano civil anterior, quando a moagem 
foi 635,6 de milhões de toneladas. 
Em 2018, a produção nacional de açúcar foi de 29,3 milhões de toneladas, 
redução de 23,1% em relação ao ano anterior, enquanto a fabricação de etanol su-
biu 19,9%, atingindo um montante de 33.198 mil m³. Deste total, 71,4% referem-se 
ao etanol hidratado: 23.693 mil m³. Em termos comparativos, houve um expres-
sivo aumento de 48,1% na produção deste combustível em relação a 2017. Já a 
produção de etanol anidro, que é misturado à gasolina A para formar a gasolina 
C, registrou uma queda de 18,7%, totalizando 9.505 mil m³. 
TÓPICO 2 | PRODUÇÃO E CONSUMO 
49
EnergiaElétrica 
A geração de energia elétrica no Brasil em centrais de serviço público e 
autoprodutores atingiu 601,4 TWh em 2018, resultado 2,0% superior ao de 2017. 
As centrais elétricas de serviço público participaram com 83,2% da geração total. 
A geração hídrica, principal fonte de produção de energia elétrica no Brasil, cres-
ceu 4,9% na comparação com o ano anterior.
A geração elétrica a partir de não renováveis representou 17,6% do total 
nacional, contra 20,8% em 2017. A autoprodução (APE), em 2018, participou com 
16,8% do total produzido, considerando o agregado de todas as fontes utilizadas, 
atingindo um montante de 101,2 TWh. Desse total, 57,6 TWh não foram injetados 
na rede, ou seja, produzidos e consumidos pela própria instalação geradora, usu-
almente denominada como APE clássica. 
A autoprodução clássica agrega as mais diversas instalações industriais 
que produzem energia para consumo próprio, a exemplo dos setores de papel e 
celulose, siderurgia, açúcar e álcool, química, entre outros, além do setor energé-
tico. Neste último, destacam-se os segmentos de exploração, refino e produção 
de petróleo. Importações líquidas de 35,0 TWh, somadas à geração nacional, as-
seguraram uma oferta interna de energia elétrica de 636,4 TWh, montante 1,7% 
superior a 2017. O consumo final foi de 535,4 TWh, representando uma expansão 
de 1,4% em comparação com 2017. 
As fontes renováveis representam 83,3% da oferta interna de eletricidade 
no Brasil, que é a resultante da soma dos montantes referentes à produção nacio-
nal mais as importações, que são essencialmente de origem renovável. Do lado do 
consumo final, houve uma evolução de 1,4%, atingindo um total de 535,4 TWh, 
com destaque para o setor industrial e residencial, que participaram com 37,5% e 
25,4% respectivamente. 
FONTE: Adaptado de EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (BRASIL). Balanço Energético Nacional 
2019: ano base 2018. Rio de Janeiro: EPE, 2019. Disponível em: https://bit.ly/2VJtmGY. Acesso 
em: 20 dez. 2019.
50
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• O uso de energias renováveis já corresponde a mais de 44% (2018/2019) do 
consumo nacional. Podemos entender isso como uma resposta positiva (lenta) 
ao desenvolvimento e adoção de tecnologias que buscam viabilizar fontes de 
energia limpas e renováveis para uso nos diferentes setores da sociedade.
• A energia produzida pela biomassa pode vir de diferentes fontes, entre as 
quais o lixo orgânico, cultivos ou culturas energéticas, como florestais, forra-
geiras, oleaginosas (soja, dendê, entre outras), cana-de-açúcar e microalgas, 
entre outras. Contudo, é importante lembrarmos que o processo de obtenção 
da biomassa é consumidor de energia, e nem sempre segue os princípios da 
sustentabilidade. 
 
• A produção de energia eólica possui vantagens relacionadas ao custo de insta-
lação e manutenção quando comparadas a energia hídrica, além da possibili-
dade de desenvolvimento socioeconômico pela possibilidade de produção em 
diferentes regiões. 
• A energia solar oferece grandes possibilidades de uso pela sua disponibilidade 
em todo o território nacional, no entanto, ainda oferece desafios relacionados 
ao custo de implantação e à eficiência de conversão.
• A agricultura é produtora de fontes de energia renováveis e consumidora des-
sas mesmas fontes, principalmente das não renováveis. Dessa forma, entender 
o balanço entre produção e consumo de energia é importante para a avaliação 
da viabilidade e correção, mitigação de perdas, ajustes e inovação de técnicas.
51
1 Os índices elevados de consumo de energia não renovável na agricultura 
são atribuídos ao uso externo de insumos e a mecanização agrícola. Neste 
sentido, assinale a alternativa INCORRETA:
a) ( ) O aporte de energia para a produção de carne está centrado principal-
mente na produção da ração consumida pelos animais, que passa por todo 
o processo de cultivo, preparo de solo, semeadura, tratos culturais, colheita, 
transporte e armazenagem. 
b) ( ) O Brasil possui um sistema energético fortemente ligado ao uso da 
energia fóssil, como carvão, gás natural e petróleo, que apesar de não reno-
váveis, são responsáveis por uma pequena quantidade de emissão de gases 
considerados nocivos para a atmosfera.
c) ( ) Segundo dados do balanço energético de 2019 (BEN, 2019), o Brasil uti-
liza atualmente um percentual abaixo de 50% de energia de fontes renová-
veis e acima de 50% de fontes não renováveis, principalmente do petróleo. 
d) ( ) A produção de insumos, rações, fertilizantes e agrotóxicos, com o uso 
da mecanização a base de produtos do petróleo, são considerados os maio-
res consumidores de energia na agricultura do Brasil.
2 Sobre a energia solar, assinale a alternativa INCORRETA:
a) ( ) O sol é fonte indispensável na geração de energia, seja pela essencialidade 
na produção de biomassa ou pelo funcionamento do próprio ecossistema. 
b) ( ) A forma atualmente mais utilizada para intermediar esta conversão é 
o uso de células fotovoltaicas que formam painéis, os quais atuam como 
transdutores capazes de converter luz em energia.
c) ( ) Captores e concentradores solares são mecanismos utilizados para 
converter energia solar em energia térmica.
d) ( ) O baixo custo de implantação e a eficiência na conversão tornam a 
energia solar acessível e de alto índice de adesão pela sociedade em geral.
3 A energia produzida pela biomassa pode vir de diferentes fontes, desde 
resíduos vegetais até animais. Além disso, ela concentra grandes esforços 
de pesquisa e desenvolvimento, atualmente. Sobre a energia de biomassa, 
analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa CORRETA:
I- Entre os produtos possíveis, a energia de biomassa compreende o biogás, 
o etanol e os biocombustíveis.
II- A principal fonte de produção de biogás por biomassa instalada no Brasil 
atualmente vem da produção animal, sendo produzida pela degradação 
aeróbia da matéria orgânica.
AUTOATIVIDADE
52
III- O etanol pode ser anidro ou hidratado, dependendo do percentual de 
água adicionado no processamento.
IV- Entre os biocombustíveis possíveis na produção de energia por biomassa 
está o biodiesel usado em motores para substituição de produtos derivados 
do petróleo.
a) ( ) Todas as alternativas estão incorretas.
b) ( ) A alternativa II e III estão corretas.
c) ( ) A alternativa II está incorreta.
f) ( ) As alternativas I, II e IV estão corretas.
4 A produção agrícola gera gasto e, ao mesmo tempo, produção de energia. 
Neste sentido, é CORRETO afirmar que: 
 
I- O consumo e produção de energia dependem das especificidades de cada 
sistema produtivo.
II- Sistemas que realizam os chamados cultivos energéticos, ou seja, produ-
zem matéria para a produção de biomassa, não estão isentos de balanços 
energéticos negativos.
III- O desequilíbrio nos balanços energéticos é atribuído ao uso de insumos 
externos e à mecanização agrícola.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
b) ( ) Somente a alternativa III está correta.
c) ( ) A alternativa II está incorreta.
d) ( ) As alternativas I e II estão corretas.
5 Sobre os processos de conversão de energia, assinale a alternativa 
INCORRETA:
a) ( ) A energia eólica é convertida em energia mecânica e/ou elétrica.
b) ( ) A energia solar pode ser convertida em energia de baixo e médio aque-
cimento e em energia elétrica.
c) ( ) A energia hídrica é convertida em energia elétrica pelo uso de turbinas.
d) ( ) A energia de biomassa é convertida por processos mecânicos. 
53
TÓPICO 3
SISTEMA DE SEMEADURA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! No Tópico 3 desta unidade, vamos discutir sobre o sistema de 
semeadura. Desta maneira, vamos abordar as técnicas e características de semeadura 
direta e convencional. Aprofundaremos nossos estudos na semeadura direta, maqui-
nário e cuidados para que essa operação inicial no ciclo produtivo possa ser realizada 
de forma adequada a garantir o sucesso da colheita e a qualidade dos produtos.A semeadura sempre foi o ato determinante em um sistema de produção e, 
com a evolução da produção vegetal, passou a fazer parte de um sistema, ou seja, um 
complexo de ações realizadas para culminar na deposição da semente no solo e no 
seu desenvolvimento. Desta forma, um sistema de semeadura compreende ações de 
preparo e manejo dos solos com o objetivo de adequar suas condições físicas, quími-
cas e biológicas para uma perfeita germinação e desenvolvimento do vegetal. 
Atualmente, o sistema de semeadura predominante é o Sistema de Plantio 
Direto (SPD), conhecido também como sistema de plantio direto na palha, caracteri-
zado principalmente pela camada vegetal sobre a superfície do sol. Ele foi desenvol-
vido a partir do Sistema de Plantio Convencional (SPC), o qual foi muito difundido 
durante a Revolução Verde e tinha como objetivo a busca de aumento da produção, 
porém sem considerar os efeitos nocivos ao solo e aos recursos ambientais.
2 SEMEADURA 
A semeadura pode ser considerada o momento inicial de um processo 
de produção vegetal. Ela é tão importante que mesmo que o solo apresente boa 
nutrição, esteja fisicamente adequado e a semente seja de boa qualidade, se a 
operação no ato de deposição da semente for feita de forma errônea, seja pelo es-
paçamento inadequado, profundidade ou densidade não recomendadas àquela 
espécie, as implicações serão vistas na hora da colheita, afetarão o rendimento, a 
qualidade do produto final e, portanto, a rentabilidade da produção. Desta for-
ma, conhecer e dominar as técnicas e processos de semeadura é fundamental 
para o sucesso da produção agrícola.
54
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
A operação de semeadura é precedida pelo planejamento, conhecimento 
do ciclo e especificidades da cultura em questão, análise e preparo do solo e es-
colha das técnicas a serem utilizadas. Atualmente, o Sistema de Plantio Direto na 
Palha (SPD), comprovadamente eficiente em termos de produtividade, conser-
vação e manejo de solo, concentra nossos esforços de conhecimento. No entanto, 
a semeadura convencional ainda está em uso em determinadas regiões do país, 
bem como é considerada a mais adequada ao cultivo de algumas espécies vege-
tais. A forma de semeadura está relacionada diretamente com a forma de prepa-
ro do solo, convencional ou em SPD. O preparo do solo, por sua vez, comporta as 
operações realizadas anteriormente à semeadura com o objetivo de proporcionar 
melhores condições de recepção, germinação e brotação da semente.
2.1 SISTEMA DE SEMEADURA CONVENCIONAL
O sistema de semeadura convencional está relacionado à forma de preparo do 
solo. O preparo convencional ou intensivo do solo pressupõe as operações a seguir:
• Subsolagem: revolvimento do solo em maior profundidade (de 15 a 35 cm) 
que tem por objetivo promover a descompactação e o rompimento de adensa-
mento de solo em profundidade, normalmente usado para romper o chamado 
“pé de arado”, superfície de compactação causada pelo uso intensivo da aração 
nesse sistema.
• Aração: operação de inversão de leiva do solo feita na profundidade variável 
de 10 a 30 cm, dependendo do objetivo e, consequentemente, da regulagem 
feita no arado e no seu acoplamento ao trator. O objetivo da aração é promo-
ver o revolvimento do solo, influenciando na aeração e na porosidade do solo, 
rompendo crostas e camadas compactadas. 
• Gradagem: operação realizada normalmente como complementar à aração. Ela 
promove o destorroamento, nivelamento do solo e incorporação superficial de 
restos culturais, atuando na aeração e na porosidade do solo. A gradagem tam-
bém é utilizada em preparo reducionista do SPD, como veremos adiante.
• Plantio: deposição da semente no solo previamente preparado, feito com o uso 
de semeadoras-adubadoras específicas. 
O sistema de Plantio Convencional (PC) possui suas variáveis e adapta-
ções a cada espécie vegetal, bem como a cada realidade de solo, região e disponi-
bilidade de equipamentos pelo agricultor.
Utilizado na produção de grãos em grande escala até a década de 1980, o 
preparo de solo convencional atualmente está limitado, principalmente à produ-
ção de tubérculos, visto a sensibilidade deles à umidade, necessidade de aeração 
TÓPICO 3 | SISTEMA DE SEMEADURA
55
e a forma de colheita. O cultivo de hortaliças também tem forte adesão ao PC. Em-
bora em fase de transição, muitos horticultores usam o PC e ainda acrescentam o 
uso da enxada rotativa como forma de pulverizar e destorroar ainda mais o solo.
O aparente benefício da aeração, promovida pelo PC, contrapõe o rompi-
mento dos agregados, a aceleração da decomposição da matéria orgânica (redu-
zindo o fluxo de disponibilização de nutrientes e afetando a macro e microfauna 
do solo), a ampliação de volume de poros e facilita o desenvolvimento do sistema 
radicular. Porém, reduz a capacidade de retenção de água e potencializa as possibi-
lidades de lixiviação. A superfície livre de plantas indesejadas ou resíduos vegetais 
facilita a semeadura (menor exigência de força) e, em muitos casos, a colheita. No 
entanto, expõe o solo aos efeitos da oscilação de temperaturas, ao impacto das go-
tas de chuva e, portanto, aos processos erosivos e de perdas frequentes. 
2.2 SISTEMA DE SEMEADURA DIRETA
O sistema de semeadura direta está, da mesma forma que o PC, relaciona-
do à forma de preparo do solo. De maneira simplificada, consiste em depositar a 
semente em um solo sem revolvimento e protegido com uma camada de palha, 
contendo resíduos vegetais na superfície.
O SPD surge com questionamentos às consequências negativas do PC, os 
quais foram potencializados na década de 1980 por técnicos, agricultores e pes-
quisadores. Concebido como uma prática conservacionista, o SPD passou a ser 
praticamente unanimidade na produção de grãos, principalmente soja e milho, 
como forma de assegurar a sustentabilidade do uso agrícola do solo. 
A utilização do sistema de preparo conservacionista proporciona re-
dução dos custos de produção e maior economia de combustível em 
função da ausência das operações de preparo, permitindo melhor ra-
cionalização no uso de máquinas e implementos. O plantio direto é 
uma técnica de cultivo conservacionista em que a semeadura é efetu-
ada sem as etapas do preparo convencional da aração e da gradagem 
(ORMOND, 2013, p. 22).
O plantio direto na palha é apenas uma etapa do SPD, nominado de sis-
tema justamente por propor um sistema de ações coordenadas e interligadas 
sempre direcionadas à estabilização do solo como organismo vivo e base para o 
desenvolvimento vegetal. 
A primeira exigência do SPD é a manutenção da cobertura de solo por 
plantas em desenvolvimento e/ou resíduos vegetais. A cobertura tem o objetivo 
de proteger o solo da ação de intempéries, chuva e oscilação de temperaturas, 
evitando o escorrimento superficial, a erosão e a perda de partículas e nutrientes. 
Indiretamente, também ameniza o assoreamento dos rios e evita gastos desneces-
sários como o replantio (comum no PC) ou operações desgastantes (energetica-
mente) de combate a pragas e plantas indesejadas.
56
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
A adaptação ao novo sistema foi um processo gradual, tanto para os agri-
cultores e técnicos quanto para a indústria de máquinas, implementos e insumos, 
podendo ser tida como uma mudança na matriz de produção na agricultura.
As etapas do SPD podem ser definidas e organizadas da seguinte forma:
• Eliminação de ações de revolvimento de solo.
• Planejamento da rotação de culturas, prevendo no calendário agrícola espécies 
para colheita e comercialização, adubação verde e espécies para manejo e co-
bertura de solo.
• Uso de máquinas específicas para o sistema, como as semeadoras-adubadoras 
- desenvolvidas para reduzir o revolvimento do solo unicamente à abertura do 
sulco de plantio.
• Manutenção e monitoramento constante do sistema, com planejamento a mé-
dio e longo prazo.
Os benefícios do SPD com o decorrer do tempo e corretomanejo, são es-
tendidos a estruturação e fertilidade do solo, desenvolvendo equilíbrio e susten-
tabilidade no espaço tempo.
Conheça a história do plantio direto no Brasil no vídeo disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=x0n-G-1xo4o.
DICAS
2.2.1 Características de solo determinantes para a 
relação solo máquina
O SPD pressupõe o conhecimento do solo de cada área a ser utilizada para 
o plantio. Esse é um fator indispensável que deve ocorrer desde o planejamento 
de implantação até o monitoramento e condução. 
É recomendável que, antes da implantação do SPD, seja feito um diag-
nóstico e análise do solo. Caso o solo esteja muito compactado ou desgastado por 
anos de PC, deve ser feito o revolvimento, se necessário em nível de subsolagem. 
Essa ação deve ser precedida do imediato plantio de uma espécie de cobertura, 
essencial para que se rompam as camadas de compactação profundas, o que irá 
facilitar o equilíbrio do sistema a médio e longo prazo. Nesse momento, também 
deve ser feita a análise química do solo e, se necessária, a calagem e adubação.
TÓPICO 3 | SISTEMA DE SEMEADURA
57
O tipo de solo, argiloso ou arenoso, também é importante para a relação do 
solo e da máquina, visto que em solos argilosos a força exigida para as operações é 
maior. Da mesma forma, em solos arenosos e mais suscetíveis à ruptura mecânica, 
a degradação pode ser mais abrupta e extensiva, exigindo maior cuidado na regula-
gem da abertura de sulco, na deposição de semente, no adubo e no corte de palhada. 
Considerando as especificidades de cada solo e a realidade de cada proprie-
dade, a regulagem da semeadora-adubadora e o planejamento da semeadura deve 
ser feito com antecedência e capacitação prévia.
2.3 MÁQUINAS PARA SEMEADURA DIRETA
Diversos fatores podem interferir na produção vegetal. No entanto, aque-
les que estão relacionados com a qualidade de semeadura são definitivos e, na 
maioria das vezes, irreparáveis. Assumindo que o sucesso da cultura está relacio-
nado a sua correta implantação, entender os mecanismos de uma semeadora-a-
dubadora, os sistemas de regulagem, corte, abertura e compactação do sulco de 
plantio são primordiais para a qualidade e rentabilidade da produção.
2.3.1 Considerações anteriores à semeadura
No SPD, o manejo e a manutenção dos resíduos vegetais na superfície do 
solo, provenientes de restos de culturas anteriores ou de espécies de cobertura, é 
a forma direta de reduzir danos pela erosão, seja por desagregação das partículas 
ou por perda de solo. Sendo assim, o manejo anterior à semeadura está relaciona-
do ao manejo desses restos culturais ou das plantas de cobertura.
O manejo incorreto da cobertura pode ocasionar:
a) Má distribuição da palhada, criando pontos de excesso e outros de falta de co-
bertura, focos de proteção de bancos de sementes e de germinação de plantas 
indesejáveis.
b) Após a germinação das plantas indesejáveis, os pontos de excesso de palhada 
podem servir como abrigo para elas, dificultando o acesso dos herbicidas utili-
zados no controle.
c) Os pontos de excesso podem ser pontos de embuchamentos das semeadoras, 
em especial no plantio com espaçamentos reduzidos.
d) Nos pontos de escassez de cobertura pode haver o impacto da chuva, a desa-
gregação dos agregados do solo e ainda a fluidez da água por baixo da cober-
tura, ampliando ainda mais o problema.
e) Distribuição desuniforme em diferentes profundidades das sementes e da adu-
bação.
Para evitar os problemas acima, deve-se realizar o manejo correto da 
espécie de cobertura ou dos resíduos, prevendo o corte em altura caso necessário, 
58
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
a redistribuição e o manejo anterior à floração (espécies de cobertura com risco de 
ressemeadura indesejada). Essas ações poderão assegurar condições corretas de 
semeadura, uniformidade de cultivo e produção.
O manejo das espécies de cobertura pode ser feito por tombamento (uso 
do rolo faca) ou por dessecação. O importante é que seja feito no momento correto 
visando à manutenção de quantidade e qualidade de palhada. O manejo mecânico 
não é obrigatório caso se opte pelo plantio com a espécie de cobertura em pé, com 
prévio dessecamento.
Na manutenção de resíduos de culturas anteriores, é importante que o saca-
-palhas da colhedora esteja bem regulado, permitindo a distribuição dos resíduos 
de forma uniforme e adequadamente picados (regulagem do picador de palhas).
O manejo das plantas de cobertura e de resíduos culturais deve con-
siderar sempre o tempo de permanência dos resíduos sobre a super-
fície do solo, ciclos e estágio fenológico das culturas e das plantas de 
cobertura, necessidades de corte ou não da palha, possibilidades de 
liberação de aleloquímicos, infestação por plantas daninhas, condi-
ções climáticas da região e liberação de nutrientes (imobilização ou 
mineralização), teor de água no solo no momento do manejo, presença 
de sulcos nas áreas a serem trabalhadas, sentido de deslocamento do 
equipamento e direção do acamamento, entre outros (SIQUEIRA & 
CASÃO JR., 2007). 
No manejo dos resíduos, é importante conhecer os ciclos da cultura a ser 
instalada e da cultura anterior ou da espécie de cobertura como forma de realizar o 
correto planejamento das operações, tanto de manejo quanto de semeadura.
Em propriedades com integração lavoura e pecuária, esse manejo é mais 
delicado. A retirada dos animais no tempo adequado para que a planta de cober-
tura – que neste caso também alimenta os animais – possa se recuperar e fornecer a 
qualidade e quantidade de cobertura necessária para a cultura seguinte e o cuidado 
com a lotação e o manejo animal também devem ser observados para evitar piso-
teio excessivo e a compactação superficial que pode ser provocada pelos animais.
Por fim, a escolha correta da forma de manejo do resíduo, do grau adequa-
do de decomposição da palhada e da regulagem da semeadura somada aos demais 
cuidados irá proporcionar a adequada condição para a semeadura.
2.3.2 Semeadoras-adubadoras
As semeadoras foram as máquinas que mais necessitaram de adequações 
com a mudança do PC para o SPD. O corte da cobertura vegetal para a abertura do 
sulco, o mínimo revolvimento de solo no sulco, o corte em profundidade e a abertura 
suficiente para acomodar adequadamente a semente foram os principais desafios. 
TÓPICO 3 | SISTEMA DE SEMEADURA
59
Os novos modelos passaram a ser compostos por discos de corte, hastes 
sulcadoras, discos duplos, rodas controladoras de profundidade, discos ou rodas 
aterradoras e rodas compactadoras.
As semeadoras-adubadoras de plantio direto são máquinas que re-
alizam a implantação de culturas anuais através da semeadura em 
terrenos onde não foi realizado o preparo periódico do solo e com a 
presença de cobertura vegetal. Mobilizam o mínimo necessário o solo, 
apenas nas linhas de semeadura. Assim, é possível realizar a semeadu-
ra logo após a colheita da cultura anterior. Normalmente as unidades 
das semeadoras são conjugadas as unidades adubadoras, daí o nome 
semeadora-adubadora (SIQUEIRA, 2008, p.3).
O sistema de semeadura direta exige que as semeadoras-adubadoras se-
jam: versáteis, para serem utilizadas em culturas com variedades de tamanho e 
formato de semente; resistentes, para suportarem maiores pressões no corte de 
cobertura e força de resistência do solo; precisas na abertura do sulco, sem causar 
movimentação excessiva de palhada ou de solo; resistam ao embuchamento, com 
o correto corte da palhada; precisão no controle de profundidade da semente e do 
adubo (LANDERS, 1994).
Para que a semeadora-adubadora responda adequadamente às exigên-
cias, é importante que o operador seja capacitado e que a manutenção e as regu-
lagens sejam minuciosamente observadas. Outro fator importante é o conheci-
mento pelo operador dos fatores que afetam a semeadura, bem como o domínio 
sobre o funcionamento da máquina.
Os principais problemas que podem ocorrer com o uso das semeadoras-a-
dubadoras são (SIQUEIRA,2008):
• corte irregular da vegetação;
• embuchamentos; 
• abertura inadequada dos sulcos; 
• aderência do solo aos componentes; 
• profundidade de semeadura desuniforme;
• cobertura deficiente do sulco de semeadura e contato inadequado do solo so-
bre as sementes. 
O desempenho eficiente das semeadoras também está ligado à qualidade 
da semente a ser utilizada, principalmente no que se refere à uniformidade de 
formato e tamanho, pois tamanhos ou formatos desuniformes podem causar fa-
lhas no preenchimento dos alvéolos dos discos e, portanto, falhas na semeadura 
e posteriormente no stand da cultura, culminando na redução da produtividade.
As semeadoras-adubadoras evoluíram com a própria evolução do SPD 
e, atualmente, possuem variações de acordo com a cultura, com o nível de tec-
nologia, com o tamanho da propriedade, além da divisão entre semeadoras de 
precisão e de fluxo contínuo. 
60
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
Semeadoras-adubadoras de precisão: distribuem as sementes espaçadas 
a distâncias supostamente homogêneas no sulco de semeadura (milho, soja, fei-
jão, algodão, sorgo etc.).
Semeadoras-adubadoras de fluxo contínuo: distribuem sementes sem 
precisão no sulco, normalmente apropriadas para trabalhar com sementes de 
menor tamanho (trigo, aveia, centeio, arroz, azevém etc.), podendo ser montada 
ou de arrasto.
Multissemeadoras-adubadoras: possibilita a distribuição das sementes 
em precisão e fluxo contínuo, podendo ser montadas ou de arrasto.
Semeadoras-adubadoras de precisão com kit de forragem: apropriadas 
para o uso em propriedades com integração lavoura-pecuária, são semeadoras de 
precisão que permitem a distribuição de sementes muito pequenas, como são as 
de forrageiras (brachiarias).
2.3.3 Componentes
São componentes gerais de uma semeadora-adubadora de precisão:
• chassi ou barra porta-ferramenta;
• sistema de engate e acoplamento ao trator;
• sistema de transporte;
• reservatórios para sementes e fertilizantes; 
• sistema de acionamento e transmissão;
• sistemas de dosagem e distribuição de sementes e fertilizantes;
• unidades de semeadura;
• marcadores de linha e estribos.
As unidades de semeadura são compostas por:
• unidade de corte da vegetação; 
• abridores de sulco para fertilizante;
• abridores de sulco para sementes;
• sistema de controle de profundidade de sulcos para sementes; 
• sistema de aterramento do sulco;
• sistema de compactação do solo sobre as sementes.
• pantógrafo: sistema de paralelogramo (pantógrafo) com duas barras verticais, 
uma fixa e outra articulada e duas horizontais paralelas articuladas, permitin-
do à unidade semeadora adequação às irregularidades do terreno (flutuação). 
A Figura 8 apresenta uma ilustração dos principais componentes de uma 
semeadora-adubadora.
TÓPICO 3 | SISTEMA DE SEMEADURA
61
FIGURA 8 – COMPONENTES PRINCIPAIS DE UMA SEMEADORA-ADUBADORA
FONTE: Nagaoka e Nerbass Filho (2007, p. 53)
2.3.4 Sistema de corte
O sistema de corte é composto por discos de corte que cortam a palha e 
abrem um sulco, sobre o qual os outros componentes trabalharão (liso, ondulado 
ou recortado). O corte adequado da palhada é importante para a uniformidade e 
qualidade da semeadura.
2.3.5 Sistema de abertura de sulcos
A abertura de sulcos é realizada pelos sulcadores (discos duplos e hastes). 
As hastes, que podem ser retas, inclinadas ou em formato parabólico, com pon-
teiras em forma de cunha, fazem o corte no solo. O tubo condutor de fertilizantes 
normalmente está acoplado na parte posterior da haste, possibilitando depósito 
em maior profundidade. 
2.3.6 Dosagem e distribuição de fertilizantes
Apoiados na estrutura geral da máquina, eles normalmente são basculan-
tes para permitir a limpeza e lavagem. Ainda, acondicionam o produto, o qual 
passa por um dosador, é direcionado ao tubo condutor e deste para o solo. Exis-
tem várias opções de dosadores de fertilizante no mercado brasileiro.
62
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
2.3.7 Dosagem e distribuição de sementes
Os mecanismos distribuidores de sementes mais frequentes são os discos 
horizontais e os pneumáticos. 
O tipo de dosador utilizado, além de afetar a distribuição de semen-
tes, pode interferir na qualidade de semeadura, em função de danos 
mecânicos ocasionados às sementes. Na maioria das semeadoras de 
precisão brasileiras, a dosagem de sementes é realizada por discos 
horizontais alveolados, que têm a função de capturar, individualizar, 
dosar e liberar as sementes (SIQUEIRA, 2008, p. 19).
O sistema de dosagem e distribuição normalmente utiliza o sistema pneu-
mático de vácuo e pressão para realizar o trabalho.
2.3.7.1 Velocidade periférica dos discos dosadores
A velocidade dos discos dosadores é importante na uniformidade de 
distribuição e, consequentemente, na uniformidade da área de produção. Altas 
velocidades periféricas ocasionam maior probabilidade de falhas, pois podem 
dificultar a deposição da semente no alvéolo. Outro fator a ser considerado é a 
uniformidade de tamanho e formato das sementes. No entanto, para a definição 
da velocidade, a razão, de forma simplificada, é de que quanto maior o diâmetro 
do disco, menor sua velocidade.
2.3.7.2 Tubo de descarga das sementes
Tubos responsáveis por conduzir a semente até o solo, sobre os quais é im-
portante considerar: a proximidade de alcance do tubo no solo, o diâmetro e o ma-
terial do tubo, que pode ampliar a possibilidade de danos por ricocheteamento.
2.3.7.3 Compatibilidade do disco em relação às sementes
A correta escolha e uso do disco (número, forma e diâmetro dos furos) 
deve considerar as características da semente quanto à classificação Além de ofe-
recer várias opções de discos, as semeadoras devem conter informações gravadas 
no disco quanto à peneira adequada para compor o conjunto, as peneiras são 
indicadas nos lotes da semente adquirida em acordo com os processos de benefi-
ciamento e classificação da mesma (SIQUEIRA, 2008).
TÓPICO 3 | SISTEMA DE SEMEADURA
63
2.3.7.4 Sistema de controle de profundidade de semeadura
A profundidade de depósito da semente deve ser adequada para cada 
espécie. Assim, é um fator importante na eficiência do plantio por interferir dire-
tamente na germinação.
O controle da profundidade de deposição das sementes é feito na 
maioria das semeadoras-adubadoras de precisão através de articula-
ção com furos ou entalhes de regulagem. O controle da profundidade 
ideal é o independente para cada linha de semeadura. As rodas de 
controle, duas em cada linha, devem ser instaladas na semeadora em 
sistema balancim (SIQUEIRA, 2008, p. 24).
2.3.8 Sistema de aterramento e cobertura do sulco
Cobrir corretamente a semente é fundamental para proteger e aumentar 
sua superfície de contato com o solo, favorecendo a germinação. No SPD, esse 
processo deve ser feito com precisão para não causar grande alternação no solo 
e palhada no entorno do sulco, evitando a exposição dele. Para a execução dessa 
tarefa, as semeadoras-adubadoras usam pequenas angulações nas rodas de con-
trole de profundidade e de compactação, visando retornar o solo e a palha para 
seus locais de origem. Alguns modelos utilizam dois discos aterradores côncavos 
ou planos com a parte traseira convergente para melhor acomodar o solo revolvi-
do pelo sulcador e pelo disco de corte.
2.3.9 Sistema de compactação do solo
Na finalização do processo de semeadura, a roda compactadora fará o 
pressionamento do solo junto à semente como forma de normalizar o contato 
com a água e com os nutrientes do solo. Nessa operação, também são eliminados 
possíveis bolsões de ar. 
2.3.10 Sistema de acabamento da semeadura
Trabalho realizado por discos aterradores ou por rodas aterradoras de 
formato cônico. É importante observar a regulagem correta para que a pressão 
seja feita lateralmente ao sulco, evitando compactação da superfície – o que pode 
dificultar a germinação da semente. 
64
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADERURAL
2.3.11 Velocidade da operação de semeadoras e 
distribuição longitudinal de sementes
A velocidade de deslocamento na hora do plantio deve estar entre 4,5 a 6,0 
km/h (SIQUEIRA, 2008). Ela deve ser imposta conforme o tipo de semente e de dosa-
dor do sistema de distribuição, já que velocidades exageradas podem comprometer a 
acomodação das sementes nos discos e, consequentemente, a qualidade da semeadura. 
2.4 PLANEJAMENTO DA OPERAÇÃO AGRÍCOLA DE SPD
Todo o bom planejamento parte de uma análise operacional. Entendendo as 
características da propriedade e conhecendo as necessidades operacionais de cada 
ação a ser desenvolvida, o planejador terá condições de efetivar seu planejamento. 
Diversos modelos teóricos e pré-elaborados estão disponíveis para o uso 
de técnicos e agricultores. No entanto, esses modelos precisam ser adaptados à 
realidade de cada propriedade. Assim, devem ser considerados objetivos, metas, 
condições econômicas, ambientais e até mesmo culturais, mão de obra, tempo, 
formas de seleção de indicadores de avaliação, monitoramento e replanejamento 
sempre que for necessário. O planejamento não é estático, já que a agricultura 
possui variáveis, sendo as de clima e mercado as mais importantes a serem con-
sideradas. Desta forma, readequar e realocar as ações devem estar no próprio 
planejamento como uma ação prevista.
Planejar o SPD em uma propriedade envolve conhecer todos os aspectos 
físicos dela, incluindo as aspirações, o objetivo do produtor e minuciosamente o 
próprio SPD.
2.4.1 Construção de fluxograma e dimensionamento do sistema
O modelo de fluxograma e o dimensionamento do sistema de SPD devem 
conter os itens básicos apresentados na Figura 9. No entanto, um fluxograma de-
talhado deve ser parte do planejamento da propriedade. As operações devem ser 
colocadas em calendários mensais e, se necessário, semanais, com designação de 
responsável e relato de execução. 
Planilhas computadorizadas podem ser utilizadas e prioritariamente ali-
mentadas. Dependendo do nível tecnológico da propriedade, podem ser utiliza-
dos programas específicos de planejamento existentes no mercado.
TÓPICO 3 | SISTEMA DE SEMEADURA
65
FIGURA 9 – FLUXOGRAMA PARA PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DO SPD
FONTE: A autora
2.5 CARACTERÍSTICAS E FINALIDADES DAS CULTURAS DE 
INTERESSE ECONÔMICO
A escolha das culturas que serão as principais do sistema deve ser feita 
antes do planejamento da rotação de culturas do SPD, visto que seus ciclos estão 
diretamente relacionados à implantação e manejo das culturas de cobertura.
A consideração do mercado, suas possibilidades e características também 
devem ser estudadas e conciliadas à aptidão da propriedade e da cultura de 
produção do agricultor.
Condições financeiras, de maquinário e disponibilidade de mão de obra 
podem influenciar nessa escolha e, portanto, consideradas na decisão.
2.6 SIMPLIFICAÇÕES DO SPD E A SUSTENTABILIDADE DA 
PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA.
Atualmente, em muitas propriedades rurais, os produtores optam por 
uma simplificação questionável do SPD. Esse processo ocorre principalmente em 
sistemas de integração entre lavoura e pecuária, em que o mau manejo da carga 
animal e das espécies de pastejo provoca uma compactação superficial no solo. 
66
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
Diante da situação, o produtor faz uso da grade niveladora ou em alguns casos 
da grade aradora para descompactar o solo. O revolvimento do solo, mesmo que 
superficialmente, descaracteriza o SPD e expõe o sistema à erosão laminar, perda 
de solo, redução de camada de cobertura e de seu tempo de permanência, visto 
que provoca o corte e leve incorporação, acelerando a degradação.
Em contraponto o planejamento das atividades poderia evitar essa neces-
sidade, pois a correta carga animal, retirada em períodos de chuva e de 30 a 40 
dias antes do manejo da palhada já seriam suficientes para resolver a questão. 
TÓPICO 3 | SISTEMA DE SEMEADURA
67
LEITURA COMPLEMENTAR
COMPACTAÇÃO DO SOLO EM SISTEMA DE PLANTIO 
DIRETO NA PALHA
Altamir Mateus Bertollo
Renato Levien. 
Resumo 
O presente estudo tem como objetivo desenvolver uma revisão 
bibliográfica de pesquisas que abordam as modificações na estrutura do solo 
e produção de grãos em áreas compactadas pela ação do tráfego de máquinas 
em Sistema de Plantio Direto (SPD) na palha. Com base nos estudos analisados, 
considera-se que o solo é composto por frações minerais, orgânicas e pelo espaço 
de vazios. A organização dos componentes influencia na capacidade de condução 
e armazenamento de ar e água no sistema. As práticas de manejo alteram a 
estrutura do solo, seja pela ação de compactação imposta pelo tráfego ou pela 
ação de revolvimento resultante dos mecanismos sulcadores das semeadoras e, 
em condição de manejo intensivo do solo, pela aração/escarificação. Quando o 
crescimento do sistema radicular das plantas encontra restrição pela presença de 
camadas compactadas, seu desenvolvimento é prejudicado. A estrutura de poros 
do solo pode ser formada pela ação do sistema radicular das plantas sucessoras, 
fauna do solo e/ou de implementos mecanizados. Em condições de sistemas 
de uso conservacionistas, a rotação de culturas possibilita a formação de poros 
contínuos, importantes para a condutividade hidráulica e troca de gases com a 
atmosfera. Por fim, a rotação de culturas proporciona proteção da superfície do 
solo e possibilita melhores condições estruturais ao solo.
Palavras-chave: Estrutura do solo. Porosidade. Desenvolvimento radicular.
O solo é um recurso natural de fundamental importância para a produção 
de alimentos e matérias-primas. Por ser um sistema trifásico (sólido, líquido e 
gasoso) e dinâmico, é essencial que suas características químicas, físicas e bioló-
gicas sejam preservadas. Para isto, faz-se necessário o uso de técnicas de manejo 
conservacionistas, que incrementem a qualidade do sistema. 
Para o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (United States 
Department of Agriculture – USDA), qualidade do solo é definida como a capaci-
dade que o solo possui para desempenhar as funções agrícolas e a capacidade de 
preservação dessas funções para o uso futuro (USDA, 2016). Em uma publicação 
de 1997, a Sociedade Americana de Ciência do Solo (Soil Science Society of America 
– SSSA) (KARLEN et al., 1997) elaborou um material para estimular a discussão 
entre seus membros do tema qualidade do solo. E, em uma metáfora, os integran-
tes da SSSA conceituaram a qualidade do solo como um “banco de três pernas”, 
em que a função e equilíbrio dos três componentes principais o sustentam, por 
meio da conservação da atividade biológica, da qualidade do ambiente e da saú-
de das plantas e animais. 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA MECANIZAÇÃO NA PROPRIEDADE RURAL
68
A qualidade do solo é geralmente considerada levando-se em conta aspec-
tos físicos, químicos e biológicos. É uma forma de avaliação do grau de degradação 
do solo e, também, para distinção entre práticas de manejo. Dexter (2004) caracte-
riza como exemplos de má qualidade física do solo quando há na área um ou mais 
dos seguintes parâmetros: baixa infiltração de água no solo, escoamento superfi-
cial, densidade elevada, aeração reduzida e pouco desenvolvimento radicular. 
A estrutura do solo é o resultado de um arranjo sistematizado entre seus 
componentes sólidos, minerais e orgânicos. É no seu sistema físico em que ocorrem 
as interações entre os gases e a solução do solo (SOUZA et al., 2014), em que a sua 
estrutura está mais suscetível a ações de manejo ou práticas culturais que resultem 
em degradação do sistema. Sequinatto et al. (2014) avaliaram a qualidade de um 
argissolo, em SPD, submetido a práticas de manejo recuperadoras de sua estrutura 
física, dentre essas o uso de plantas de cobertura. Os autores observaram que a 
densidade e a porosidade do solo são sensíveis às mudanças do manejo do solo, os 
quais foram considerados bons indicadores da qualidade do solo. 
Uma técnicade manejo que contribui para a melhoria da estrutura do solo é 
por meio do uso de plantas, que proporcionam a formação de bioporos com varia-
dos tamanhos, os quais auxiliam na difusão de gases no solo, na movimentação de 
água e no crescimento das raízes. O desenvolvimento radicular destas plantas auxi-
lia na melhoria do estado de agregação do solo. Em Uma visão sobre qualidade do solo, 
Vezzani e Mielniczuk (2009) destacam que os sistemas agrícolas que favorecem a 
qualidade do solo são aqueles que utilizam plantas intensamente, de preferência de 
espécies diferentes, sem o revolvimento do solo. Desta forma, é possível constatar 
a importância do SPD para o ambiente solo.
A degradação do solo está associada ao manejo inadequado dos recursos 
naturais. No setor agrícola, as causas que mais contribuem para esta degradação 
são o monocultivo, queimadas da cobertura florestal e vegetação nativa, práticas 
de manejo que não proporcionam a proteção adequada ao solo e degradam a 
estrutura (aração e gradagem), o excesso de tráfego de máquinas e o manejo de 
animais acima da capacidade de suporte de carga nas áreas de pastagens (CHA-
VES et al., 2012). 
A prática de manter os resíduos culturais na superfície do solo, sem incor-
poração, traz benefícios para o ambiente. Para as propriedades físicas, contribui na 
proteção da estrutura do solo ao impedir a ação direta das gotas de chuva sobre a 
superfície e auxiliar na regulação térmica (FURLANI et al., 2008). Devido à reflexão e 
absorção de energia solar incidente, diminui as perdas de água por evaporação (GILL 
et al., 1996) e colabora nas propriedades químicas e biológicas por meio da liberação 
de nutrientes e exsudatos ao se decomporem.
Através da rotação de culturas, tem-se uma diversidade de resíduos que 
são depositados na superfície do solo. A taxa de decomposição desses materiais 
varia entre as diferentes culturas, principalmente em razão da sua composição 
química quanto aos teores de lignina, hemicelulose, celulose e polifenóis, e às 
relações entre constituintes, como carbono e nitrogênio (C/N) (AITA; GIACOMI-
TÓPICO 3 | SISTEMA DE SEMEADURA
69
NI, 2003). Quando permanecem na superfície do solo, os resíduos apresentam 
menor decomposição do que quando são incorporados ao solo (ALCÂNTARA et 
al., 2000). 
Ao comparar diferentes tempos de adoção do SPD, Mazurana (2015) cons-
tatou que houve modificações na estrutura do solo. Essas variações não foram pas-
síveis de identificação pela análise das variáveis físicas isoladas, e sim pela análise 
de variáveis físicas que atuam em processos, como fluxos de água e ar. Tais modifi-
cações ocorreram nas camadas superficiais do solo, onde se concentra a maior parte 
do sistema radicular das culturas.
 No entanto, associado aos benefícios que o SPD traz ao solo, há relatos de 
formação de camadas compactadas, provocadas por um conjunto de negligencias, 
de forma que ocorrem modificações no desenvolvimento radicular das culturas. 
A compactação do solo é a redução do volume de uma massa de solo, 
reduzindo o volume de poros. No entanto, nem todos os poros são reduzidos de 
forma semelhante. Os poros maiores são reduzidos primeiro em tamanho, e a 
compactação cessa quando o solo se torna suficientemente forte para suportar o 
esforço aplicado (RICHARD et al., 2001). Essa diminuição do tamanho e da distri-
buição dos maiores poros altera a característica de retenção e fluxo de água e ar. 
A estrutura do solo e o estado de compactação são fatores importantes 
que influenciam o crescimento radicular das plantas. A estrutura do solo é hete-
rogênea, tanto espacial como temporariamente, devido aos efeitos do meio am-
biente, manejo do solo e crescimento da planta. A compactação do solo é um 
fenômeno que envolve inter-relações significativas entre as propriedades físicas e 
biológicas mais reconhecidas dos solos (VEREECKEN et al., 2016). O espaço dos 
poros do solo, a resistência mecânica e a disponibilidade de nutrientes são todos 
modificados pela compactação do solo. As raízes que crescem nos solos geral-
mente experimentam uma mistura de solo desestruturado e com compactação 
(WHITMORE; WHALLEY, 2009). 
A compactação de solo em camadas geralmente limita o crescimento das 
raízes e a eficiência do uso dos recursos. A variação espacial na resistência mecâ-
nica afeta o grau de agrupamento das raízes (GAO et al., 2016). Geralmente, as ca-
madas densas são localizadas nas regiões mais profundas do perfil do solo, devido 
aos efeitos do preparo anterior ao SPD, e manifestam-se por camadas de solo com 
maior densidade (MOREIRA et al., 2016). 
Nessas condições, os sistemas radiculares que enfrentam zonas compacta-
das de solo têm a oportunidade de se desenvolver em zonas de solos com menor 
restrição. Mesmo em solos compactados, áreas de menor impedância mecânica 
são encontradas devido a fendas de encolhimento, canais formados pela fauna 
do solo, crescimento radicular de culturas ou vegetação anteriormente cultivada 
(JIN et al., 2013).
FONTE: Adaptado de BERTOLLO, A. M.; LEVIEN, R. Compactação do solo em Sistema de Plantio 
Direto na palha. Pesquisa Agropecuária Gaúcha, v. 25, n. 3, p. 208-218, 2019. Disponível em 
https://bit.ly/2SiBfBb. Acesso em 16 mar. 2020.
70
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• A semeadura é tão importante no processo produtivo que mesmo que o solo 
apresente boa nutrição, esteja fisicamente adequado e a semente seja de boa 
qualidade, se a operação no ato de deposição da semente for feito de forma 
errônea, seja pelo espaçamento inadequado, profundidade ou densidade não 
recomendadas àquela espécie, as implicações serão vistas na hora da colheita, 
afetarão o rendimento e a qualidade do produto final e, portanto, a rentabili-
dade da produção. Desta forma, conhecer e dominar as técnicas e processos de 
semeadura é fundamental para o sucesso da produção agrícola. 
• O Sistema de Plantio Direto (SPD) é um sistema conservacionista de solo que 
proporciona a redução de processos erosivos, o aumento da fertilidade do solo, 
a melhoria nas condições de aeração e retenção de água e, consequentemente, 
melhores índices de produtividade.
• No SPD, o manejo e a manutenção dos resíduos vegetais na superfície do solo, 
provenientes de restos de culturas anteriores ou de espécies de cobertura, é a 
forma direta de reduzir danos pela erosão, seja por desagregação das partí-
culas ou pela perda de solo. Sendo assim, o manejo anterior à semeadura está 
relacionado ao manejo desses restos culturais ou das plantas de cobertura.
• O manejo incorreto da cobertura de solo no SPD pode ocasionar a má distri-
buição da palhada, criando pontos de excesso e de falta de cobertura, focos de 
proteção e germinação de plantas indesejadas, o que dificulta a ação dos herbi-
cidas, provocando embuchamentos das semeadoras, reduzindo a eficiência da 
semeadura e propiciando processos erosivos.
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AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
CHAMADA
71
1 O preparo do solo pode ser realizado dentro das concepções do Plantio 
Convencional (PC) ou do Sistema de Plantio Direto (SPD). Considerando as 
diferenças entre os dois formatos, analise as afirmativas a seguir e, assinale 
a alternativa CORRETA:
I- O SPD é considerado um sistema conservacionista de produção por ser 
capaz de somar benefícios de combate à erosão e incrementos na produti-
vidade com menores impactos ambientais.
II- O PC exige um preparo anterior à semeadura, com operações de subsola-
gem, aração e gradagem.
III- No SPD, a cobertura do solo, além do menor efeito erosivo, proporciona a 
redução de plantas invasoras.
IV- O SPD exige do agricultor equipamentos específicos, como o uso de seme-
adoras-adubadoras providas de sistema de corte de palhada.
a) ( ) Somente as alternativas II e IV estão corretas.
b) ( ) Somente a alternativa III está incorreta.
c) ( ) Todasas alternativas estão corretas.
2 O uso das semeadoras-adubadoras do SPD exige conhecimento e capacitação 
do operador, podendo apresentar entre os principais problemas o corte irre-
gular da cobertura de solo. Assinale as alternativas que podem ser considera-
das os principais problemas no uso de semeadoras-adubadoras no SPD.
a) ( ) Embuchamentos. 
b) ( ) Abertura inadequada dos sulcos.
c) ( ) Revolvimento excessivo e pulverização do solo
d) ( ) Aderência do solo aos componentes de corte.
e) ( ) Distribuição de sementes de maneira desuniforme tanto na linha como 
em profundidade de sulco.
3 O desempenho eficiente das semeadoras-adubadoras no SPD está ligado 
à qualidade da semente a ser utilizada. Sobre a relação entre a semente e a 
máquina, assinale a alternativa INCORRETA:
a) ( ) Os discos dosadores de sementes possuem alvéolos de tamanho e for-
matos homogêneos, exigindo das sementes a mesma homogeneidade em 
relação ao formato e tamanho.
b) ( ) A escolha do disco dosador correta e adequada a cada cultura é fator 
decisivo na qualidade de semeadura.
c) ( ) Os tubos dosadores devem ser em diâmetro e altura adequados em re-
lação ao solo para evitar danos por ricocheteamento.
d) ( ) A regulagem dos sistemas de corte da semeadora não tem influência na 
precisão da deposição das sementes do solo.
AUTOATIVIDADE
72
4 Sobre o sistema de aterramento e cobertura de sulco e da semeadora e 
adubadora de SPD, assinale as alternativas CORRETAS.
a) ( ) Ele não possui uma forma de regulagem específica.
b) ( ) Tem por objetivo garantir a correta abertura do sulco e deposição da 
semente.
c) ( ) Garante maior contato da semente com o solo e a água, proporcionando 
melhores condições de germinação.
d) ( ) Se regulados erroneamente, podem causar compactação superficial, 
prejudicando a germinação.
5 A profundidade de depósito da semente deve ser adequada para cada espé-
cie, sendo um fator importante na eficiência do plantio por interferir direta-
mente na germinação. Assinale os componentes da semeadora envolvidos 
diretamente na definição da profundidade de deposição da semente.
a) ( ) Disco de corte.
b) ( ) Rodas de controle.
c) ( ) Sulcador.
d) ( ) Velocidade de operação.
e) ( ) Todos os componentes acima.
73
UNIDADE 2
TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM 
SISTEMAS AGRÍCOLAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer as principais tecnologias em aplicação nos sistemas de produção 
agrícola;
• entender como a eletrônica embarcada e a agricultura de precisão 
funcionam, se complementam e atuam no desenvolvimento da produção 
vegetal;
• relacionar e conhecer os principais equipamentos da agricultura de 
precisão.
• compreender os principais elementos e desafios da automação de 
máquinas agrícolas;
Esta unidade está dividida em dois tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – ELETRÔNICA EMBARCADA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS
TÓPICO 2 – EQUIPAMENTOS PARA AGRICULTURA DE PRECISÃO
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
74
75
TÓPICO 1
ELETRÔNICA EMBARCADA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmicos! Iniciamos a segunda unidade de estudos de Tecnologia 
Agrícola. Nesta unidade, conheceremos as tecnologias de aplicação em sistemas 
de cultivo vegetal. Iniciaremos pelo tópico de eletrônica embarcada em máquinas 
agrícolas, no qual você entenderá o que é e como a automação das máquinas agrí-
colas e suas aplicações práticas em diferentes operações são necessárias na busca 
da eficiência produtiva da agricultura.
Na década de 1980, com os desdobramentos da Revolução Verde, o setor 
de máquinas e mecanização, em busca de elementos para aumentar a produti-
vidade e a uniformidade dos cultivos vegetais, começou a juntar fundamentos 
da engenharia mecânica com eletrônica e computação para obter resultados sem 
precedentes, que vislumbraram a automação das máquinas agrícolas. Essa bus-
ca é responsável pelo grande avanço em automação de máquinas e sistemas na 
agricultura, e proporciona inúmeros resultados diretos e indiretos de melhoria de 
produção e vida no meio rural.
Em outro parâmetro, o desenvolvimento e a aplicação de tecnologias pas-
saram a ser consideradas um elemento de inserção e competitividade no mercado 
agropecuário, fazendo frente à escassez de mão de obra, à necessidade de otimiza-
ção da produção e, em um viés paralelo, à busca da sustentabilidade no meio rural. 
2 ELETRÔNICA EMBARCADA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS
Toda a máquina que possui qualquer sistema eletroeletrônico montado 
em uma aplicação móvel é compreendida como uma máquina com tecnologia 
eletrônica embarcada. Esta definição é importante para evitar a confusão entre 
eletrônica embarcada, computadores de campo e agricultura de precisão. Sendo 
assim, seguem as definições a seguir:
Eletrônica: parte da física dedicada ao estudo do comportamento de cir-
cuitos elétricos ou a fabricação deles (FERREIRA, 1989).
Instrumentação eletrônica: consiste em equipar uma máquina para a ob-
tenção de dados de desempenho, com o objetivo de estudo, ensaios e pesquisas.
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
76
Computadores de campo (de bordo): com características de softwares e 
hardwares, são projetados para funções específicas de controle e gestão de equi-
pamento de precisão.
Eletrônica embarcada: todo o sistema eletroeletrônico montado em uma 
aplicação móvel, como automóvel, máquina agrícola, navio, avião etc. Proporcio-
na o desenvolvimento da tecnologia de aplicação nas áreas de monitoramento, 
gerenciamento, segurança e eficácia, além de proporcionar a prática da agricul-
tura de precisão.
A eletrônica embarcada em tratores agrícolas, por exemplo, pode ser en-
tendida como um sistema o qual executa funções que variam conforme o fabri-
cante. No entanto, geralmente são sistemas de monitoramento das atividades re-
alizadas, que através de displays digitais ou analógicos, informam ao operador 
– durante a operação – sobre o andamento da máquina, o consumo, a velocidade, 
a produção, o deslocamento etc. Em alguns casos, os sistemas realizam o armaze-
namento desses dados para a posterior análise.
Equipamentos de Agricultura de Precisão: equipamentos desenvolvidos 
visando a eficiência das operações agrícolas, como controladores de aplicação, 
barras de luz, monitores de plantio, colheita etc., os quais resultam da junção 
entre a eletrônica embarcada e o uso dos computadores de campo. Os equipa-
mentos operam como sistemas e normalmente possuem um conjunto eletrônico 
de sensores, antenas e válvulas, que são ligados a um computador para controle 
por software específico para cada função.
Agricultura de Precisão (AP): um sistema de gerenciamento agrícola ba-
seado na variação espacial e temporal da unidade produtiva que visa o aumento 
de retorno econômico, a sustentabilidade e a minimização do efeito ao ambiente 
(MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, 2014).
A agricultura de precisão compreende o uso e a operacionalização dos sis-
temas de automação e equipamentos agrícolas na busca da eficiência produtiva, 
incluindo conceitos de monitoramento, avaliação e gestão de informações. 
2.1 DESCRIÇÃO DE SISTEMAS DE INSTRUMENTAÇÃO 
DISPONÍVEIS NO MERCADO
Um sistema de instrumentação é composto por tecnologias específicas e 
complementares e equipamentos para a obtenção de dados de desempenho com o 
objetivo de estudo, ensaios e pesquisas, além de diagnosticar e avaliar as operações. 
As operações previstas ou pretendidas dentro de um contexto de agri-
cultura de precisão individualizam os objetivos de intervenção de forma a ma-
ximizar os resultados de cada fração dos processos de cultivo. Os instrumentos 
TÓPICO 1 | ELETRÔNICA EMBARCADA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS
77
que compõem os sistemasproporcionam os dados iniciais para cada leitura de 
resultados, que posteriormente irá munir o agricultor de informações importan-
tes para o planejamento e tomada de decisão.
Atualmente, as demandas apontadas para a aplicação de sistemas de au-
tomação estão concentradas em máquinas e implementos agrícolas, irrigação, 
criadouros, processamento, armazenamento e transporte de produtos agrícolas, 
e construções rurais e ambiência (SOUSA; LOPES; INAMASU, 2014).
O uso da eletrônica embarcada na agricultura tornou-se cada vez mais co-
mum e frequente, como em colhedoras de grãos, nas quais é utilizado o sistema 
GPS para indicar a posição dentro da lavoura. O GPS é associado à instrumentação 
do sistema e a uma série de sensores eletrônicos, que avaliam a produtividade e a 
relaciona com a posição exata da máquina dentro do talhão. O processo é capaz de 
disponibilizar ao agricultor a construção de mapas de produtividade, além de for-
necer outras informações, como umidade dos grãos e perdas de colheita.
Assim, pode-se entender a AP e os componentes que a possibilitam como 
o uso de uma escala de amostragem das variáveis envolvidas e a busca da preci-
são na execução das tarefas para as novas práticas, demandando tecnologias de 
informação e comunicação que as viabilizem em custo e eficiência (STEINBER-
GER; ROTHMUND; AUERNHAMMER, 2009). 
O objetivo da individualização dos fatores de produção caminha para a 
ampliação da frequência e do número de amostragem a fim de tratar a área produ-
tiva planta a planta ou talhão a talhão, de acordo com suas especificidades. Dessa 
forma, considera fatores gerais, como custo e benefício da precisão e valoriza ainda 
mais o gerenciamento das unidades agrícolas, tanto nos aspectos específicos da 
produção em questão quanto nos aspectos gerais, como no contexto espaço-tempo.
Entre as tecnologias que podem ser consideradas como o estado da 
arte para automação de máquinas e implementos agrícolas destacam-
se: sensores que permitem aferir variáveis agronômicas em campo 
através de sensoriamento local ou remoto; sistemas de aplicação de 
insumos em taxa variável e sistemas que realizam sensoriamento, 
processamento (tomada de decisão) e atuação durante o movimento 
da máquina (ALVES, 2016, p. 14). 
Com a evolução dos sistemas eletrônicos, surgiu a necessidade de padro-
nização da eletrônica embarcada, atualmente viabilizada pela implantação da 
ISO 11.783, também conhecida como ISOBUS. 
A padronização é fundamental para viabilizar a eletrônica embarcada 
em máquinas e implementos agrícolas na medida em que evita a dupli-
cação de instalação, elimina obsolescência por compatibilidade, possibi-
lita intercambiabilidade, reduz custo de manutenção, libera o agricultor 
de fornecedores exclusivos de sistemas comerciais e pode permitir a 
simplificação da integração de informações com sistemas computacio-
nais externos às máquinas (SOUSA; LOPES; INAMASU, 2014, p. 214).
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
78
A instrumentação das máquinas agrícolas pode ser considerada como um 
processo fundamental – e de certa forma inicial – que compreende a coleta de in-
formações que irão alimentar os sistemas, culminando na efetivação da tecnologia 
embarcada. 
A tecnologia embarcada começou a ser utilizada na década de 1980 com 
o uso de sistemas de controles automáticos. Após, foi incrementada na década de 
1990 com a incorporação dos receptores GNSS – Sistemas de Navegação Global por 
Satélites (Global Navigation Satellite Systems), conhecidos no Brasil como GPS (Geo-
graphic Positioning System), e o uso de monitores gráficos na cabine dos tratores, os 
quais são munidos de sistemas capazes de mapear as variáveis de desempenho da 
máquina e agronômicas da lavoura (SOUSA; LOPES; INAMASU, 2014).
As informações geradas pelos processos de georreferenciamento podem re-
sultar no mapeamento de pontos específicos para a coleta de informações e amos-
tras de áreas de cultivo, elaboração de mapas de variabilidade, interpretação e to-
mada de decisões.
Georreferenciamento: determinação de coordenadas geográficas durante a 
coleta de informações de locais específicos.
LEMBRETE
É importante considerar que os dados coletados pelos sistemas de georre-
ferenciamento são a base de vários desdobramentos relacionados à adequação e 
inovação tecnológica que formam a agricultura de precisão e alimentam os siste-
mas de gestão das propriedades.
No final da década de 1990, no Brasil, as indústrias internacionais de tra-
tores trouxeram a eletrônica embarcada em máquinas de grande porte 
como as grandes colhedoras, já com capacidade para realizar mapea-
mento da lavoura durante a operação, ou seja, apresentaram a eletrô-
nica embarcada em máquina para geração de mapa georreferenciado 
de variável e identificar a variabilidade espacial, como, por exemplo, 
colhedoras com sistema de mapeamento da produção agrícola. Desde 
então, a pesquisa em tecnologias para veículos agrícolas e a busca por 
inovações para atender às necessidades das novas práticas agrícolas cul-
minou em alguns produtos comerciais que, atualmente, constituem o 
estado da arte das tecnologias para automação de máquinas agrícolas. 
Dentre essas tecnologias, destacam-se a Tecnologia de Aplicação à Taxa 
Variável (Variable Rate Technology - VRT), sistemas On-The-Go e Piloto 
Automático (SOUSA; LOPES; INAMASU, 2014, p. 219).
TÓPICO 1 | ELETRÔNICA EMBARCADA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS
79
Os dados coletados, como umidade e perdas de colheita, podem ser utili-
zados durante a própria operação, fornecendo ao operador parâmetros para ajus-
tar a velocidade de trabalho e a correção de dados de produtividade.
Além do uso de dados em tempo real, a análise e a interpretação dos da-
dos armazenados e carregados em um Sistema de Informações Geográficas (SIG) 
podem ser manipuladas e organizadas para a apresentação em mapas, os quais, 
por sua vez, podem ser sobrepostos a imagens, formando mapas de produtivida-
de, fertilidade, custos etc. com precisão e clareza, facilitando a tomada de decisão 
do agricultor. Como exemplo de descrição de um sistema de instrumentação, 
pode-se utilizar o mapa de produtividade (Figura 1 e Figura 2).
FIGURA 1 – MAPAS DE FERTILIDADE GERADOS A PARTIR DO USO DE SOFTWARES AGRÍCOLAS 
EM UMA ÁREA DE PRODUÇÃO DE LARANJAS
Nota: (a) pontos (variabilidade espacial) de fertilidade ao longo da área; (b) manchas de 
fertilidade. 
FONTE: Molin e Mascarin (2007, p. 265)
Os sistemas devem ser alimentados com as informações adequadas para 
gerar resultados confiáveis, que só serão úteis se aplicados como base para as 
devidas operações de correção. Lembrando que a agricultura de precisão é uma 
ferramenta e não resolve sozinha os problemas levantados.
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
80
FIGURA 2 – MAPAS DE FERTILIDADE DE UMA ÁREA DE SOJA, RELACIONANDO OS PONTOS DE 
ALTA, MÉDIA E BAIXA PRODUTIVIDADE
FONTE: Santi et al. (2012, s.p.)
Os componentes e equipamentos eletrônicos utilizados para gerar o mapa 
de produtividade podem variar em posição, formato e tecnologia, de acordo com 
os fabricantes da colhedora. Para exemplificar, em algumas máquinas é necessá-
ria a instalação de um sensor de fluxo no elevador de grãos limpos, bem como o 
uso de um sensor específico para medir a umidade do grão. Já a posição do ponto 
de localização na área é obtida por meio de um receptor de GPS, o qual determi-
nará a latitude e a longitude da máquina no momento da leitura.
Todas as informações geradas são enviadas a um dispositivo de memória 
para a posterior geração das análises de limitações e erros. Após, são finalmente 
enviadas para a elaboração dos mapas.
A consideração do mapa nas operações agrícolas pode reduzir custos com 
fertilizantes e corretivos, proporcionando a sua aplicação localizada, reduzindo o 
custo energético e contribuindo para a sustentabilidade da produção.
2.2 APLICAÇÕES PRÁTICAS DA INSTRUMENTAÇÃO 
ELETRÔNICA EM TRATORES
A instrumentalização das máquinasagrícolas proporciona a configura-
ção de informações para o dimensionamento e a racionalização das operações e 
TÓPICO 1 | ELETRÔNICA EMBARCADA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS
81
dos próprios conjuntos mecânicos, entre outros aspectos. Desse modo, facilita a 
programação e amplia a capacidade de rendimento do trabalho. Nesse sentido, o 
trator foi uma das primeiras máquinas a receber os esforços da pesquisa e desen-
volvimento de sistemas de instrumentalização eletrônica. 
O trator é uma invenção de 1850, que começou a se popularizar na agri-
cultura após a Primeira Revolução Industrial. Naquela época, o objetivo era obter 
um automotor capaz de realizar tarefas de tração para aliviar o uso de animais 
e da própria força humana na realização de tarefas. O nome trator tem origem 
inglesa e significa motor de tração. 
Com a Revolução Verde, o trator se transformou em uma fonte de potência 
e tração. Atualmente, o trator pode ser considerado uma máquina-base para o de-
senvolvimento da agricultura, principalmente na produção de cereais. Assumiu o 
protagonismo de grande parte das operações de cultivo e, portanto, o centro de mui-
tos testes, avaliações e processos de aprimoramento de tecnologias, não só de cunho 
mecânico e eletrônico, como de gestão econômica na propriedade rural também. 
De acordo com Frantz (2011), o custo com mecanização agrícola varia de 
20 a 40% do custo total de produção, dependendo da intensidade de uso e da 
espécie cultivada. O trator está envolvido no preparo do solo, na semeadura, nos 
tratos culturais e, dependendo da cultura, nas ações diretas e indiretas de colheita 
e comercialização. Portanto, no centro desses custos. 
Como conceito, o trator agrícola é uma máquina autopropelida, com ca-
pacidade de manutenção em superfícies, tração e transporte, além de fornecer 
potência mecânica para movimentar máquinas e implementos agrícolas (MIA-
LHE, 1996).
Os tratores são movidos por motores de combustão interna e pela con-
versão da energia gerada pela queima de combustíveis fósseis em trabalho. Ao 
configurar o trabalho de um trator, é importante conhecer as estruturas que o 
compõem (Figura 3) e sobre as quais esse trabalho gerado está alicerçado, princi-
palmente o sistema de rodados, a tomada direta de força (TDP), a barra de tração 
e o sistema hidráulico.
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
82
FIGURA 3 – COMPONENTES BÁSICOS DE UM TRATOR AGRÍCOLA
FONTE: Santos Filho e Santos (2006, p. 6)
A partir da estrutura básica e das demandas registradas com a própria 
evolução da agricultura, a instrumentalização dos tratores agrícolas foi – e ainda 
é – o objetivo de diversas pesquisas e empresas do setor. As modificações e cria-
ções estão normalmente direcionadas ao aumento da eficiência do trabalho e à 
redução dos custos energéticos que, entre outros fatores, está ligada à redução de 
perdas de potência na tração pelas rodas, no eixo TDP e no sistema hidráulico. A 
Figura 4 mostra um esquema de concentração e distribuição das perdas em um 
trator agrícola em trabalho.
TÓPICO 1 | ELETRÔNICA EMBARCADA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS
83
FIGURA 4 – DISTRIBUIÇÃO DAS RELAÇÕES ENTRE USOS E PERDAS EM UM TRATOR AGRÍCOLA
FONTE: Pirot e Vaitilangom (1987) apud Mantovani; Leplatois e Inamassu (1999, p. 1.245)
Dessa forma, o desempenho de um trator agrícola e sua máxima eficiên-
cia têm relação com o monitoramento, registro, análise, adequação mecânica da 
operação e até mesmo com a área e a espécie de cultivo.
O desempenho de um trator agrícola pode ser avaliado pela força e 
potência desenvolvida na barra de tração, potência e torque na tomada 
de potência, eficiência de tração, patinagem das rodas motrizes e con-
sumo de combustível (SILVA; BENEZ, 1997, p. 5).
Para exemplificar, descrevemos entre os esforços de melhoria e automatiza-
ção dos tratores relacionados ao monitoramento das perdas de potência, o realiza-
do por Schlosser et al. (2001) que utilizou a instrumentação eletrônica de aquisição 
de dados. Nesse caso, ela era formada por um conjunto de sensores para medir a 
velocidade das rodas e a velocidade do trator (radar), além do uso de uma célula de 
carga, conexões, cabos e um condicionador de sinais, junto com um programa de 
aquisição de dados e um sistema de armazenamento no computador. 
O estudo teve por objetivo estudar o fenômeno de vibrações decorrentes 
da interferência entre eixos em um trator com Tração Dianteira Auxiliar (TDA), 
considerando que vibrações entre eixos podem causar gasto desnecessário de po-
tência – portanto, de combustível – danos no equipamento e prejuízos ao trabalho 
pretendido. A Figura 5 ilustra de maneira geral a disposição de diferentes sensores 
instalados no trator e conectados a um sistema de aquisição de dados, conforme o 
exemplo descrito.
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
84
FIGURA 5 – ILUSTRAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DE SENSORES PARA AQUISIÇÃO DE DADOS 
RELACIONADOS AO TRABALHO DO TRATOR
FONTE: Mantovani, Leplatois e Inamassu (1999, p. 1.243)
De maneira geral, os sensores enviam os sinais coletados a uma central de 
armazenamento. Os sistemas que armazenam os dados são diversos no mercado 
e, muitas vezes, criados, adaptados ou manipulados de acordo com o objetivo ou 
necessidade do trabalho em questão. 
O armazenamento de dados assume grande importância na instrumen-
talização das máquinas agrícolas, visto que comporta todos os dados que serão 
base para as análises necessárias. Dessa forma, veja a seguir, alguns exemplos de 
registradores de dados e seus direcionamentos na utilização em tratores, ressal-
tando que o uso pode ser adequado a diferentes máquinas agrícolas: 
• Datalogger micrologger CR 23X equipado com uma placa SDMINT8 SN:2094, 
usado para aumentar a quantidade de canais de entrada de sensores. Esse siste-
ma de armazenamento de dados foi utilizado em um trator Valtra BM 100 4x2 
TDA para determinar o desempenho dinâmico do trator, utilizando biodiesel 
destilado etílico e metílico (SORANSO, 2006).
 
• Datalogger CR 23X, utilizado para armazenar, a uma frequência de 20 Hz, os 
sinais analógicos (célula de carga) e de pulso (patinamento, radar, consumo de 
combustível e rotação) e o desempenho energético de um conjunto trator-se-
meadora (TRINTIN et al., 2005).
• Datalogger CR 10, usado pela capacidade de armazenamento e de progra-
mação. Possui um teclado com visor alfanumérico que, além de auxiliar na 
programação, também possibilita o monitoramento dos dados em tempo real 
(MANTOVANI; LEPLATOIS; INAMASSU, 1999). 
A variação de datalogger (registrador de dados) é concebida conforme a 
necessidade e o objetivo do registro. Contudo, em todas as suas versões, os data-
loggers são registradores de dados equipados por sensores.
TÓPICO 1 | ELETRÔNICA EMBARCADA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS
85
Um datalogger (registrador de dados) é um gravador de dados eletrô-
nicos, que armazena os dados de sensores em um intervalo de tempo 
pré-definido ou conforme uma lógica de programação interna ou ain-
da conforme um comando externo. Um datalogger diferencia-se de um 
sistema de aquisição de dados por ser um equipamento único, possuir 
uma baixa taxa de amostragem e alta capacidade de armazenamento 
de dados. De maneira geral, o datalogger utiliza um circuito eletrônico 
baseado em um microprocessador para controle e memórias de arma-
zenamento não voláteis para armazenamento de dados. Geralmente 
são pequenos e alimentados por baterias. Através de portas de co-
municação é possível fazer a aquisição dos dados armazenados para 
um computador, por exemplo, onde os dados podem ser analisados 
e tratados convenientemente. Alguns dataloggers possuem ainda uma 
interface com LCD (Display de Cristal Líquido) e um teclado para faci-
litar a programação, alteração de parâmetros e visualização dos dados 
armazenados (RUSSINI, 2009, p. 30).
Ainda com o objetivo de minuciar a instrumentalização eletrônica, a Tabe-
la 1 detalha os componentes de um registrador de dados e contorna umaamplitu-
de de funcionalidades e a operacionalização do sistema como um todo.
TABELA 1 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E COMPONENTES DE UM DATALOGGER
FONTE: Adaptado de Russini (2009)
Componentes Detalhamento
Entradas e Saídas Determinam a quantidade e o tipo de entradas elétricas para sinais de sen-
sores e chaves de controle, além da quantidade e tipo de saídas elétricas 
para controles de atuadores, sinalizadores e outros equipamentos.
Podem ser entradas ou saídas digitais, analógicas ou específicas para deter-
minadas aplicações. Os níveis de tensão e corrente dessas entradas e saídas 
devem ser bem observados para evitar danos ao datalogger.
Memória de
Armazenamento
Capacidade e tipo de memória utilizada para o armazenamento do pro-
grama principal (quando o datalogger for programável) e dos dados dos 
sensores.
Taxa de Amostragem Intervalo de tempo em que os dados são digitalizados. Esse tempo determina 
o intervalo de tempo mínimo em que os dados podem ser coletados, gerencia-
dos ou programados conforme o objetivo da ação, máquina ou’’ implemento.
Precisão Todas as precisões dos dados das entradas e saídas são especificadas indi-
vidualmente de acordo com a padronização internacional e a necessidade 
em questão.
Interfaces de
Comunicação
Canais de comunicação com outros equipamentos elétricos. Elas podem ser 
de diversas naturezas e formas necessárias à recepção de dados. 
Alimentação Tensão e corrente nominal de alimentação dos circuitos eletrônicos, com ou 
sem alimentação dos sensores e atuadores ligados ao datalogger.
Grau de Proteção Ambientes agressivos requerem dataloggers herméticos, com grau de pro-
teção elevado.
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
86
Uma diversidade de trabalhos e ações dos tratores podem ser estudadas, 
monitoradas e desenvolvidas sob o uso de instrumentos eletrônicos para os mais 
diferentes e específicos objetivos. Dessa forma, conhecer esses instrumentos e a 
mecânica da máquina é fundamental para o alcance de resultados que contribu-
am com o processo de precisão na produção agrícola.
2.2.1 Medida de velocidade e patinamento
A velocidade de um trator está relacionada primeiramente a seu peso, 
potência, capacidade de deslizamento, força de tração, entre outros fatores ca-
racterísticos de cada modelo, marca e função. Da mesma forma, a velocidade in-
fluencia diretamente nas variáveis de realização de trabalhos de um trator. 
Para o estudo do comportamento mecânico do trator em operação de 
campo, é necessário que se conheça três ramos da física, a estática, a 
cinemática e a dinâmica. A estática deve abordar a questão do peso 
e sua distribuição, assim como a localização do centro de gravidade 
[...] Uma abordagem da dinâmica nos facilitaria entender a relação so-
lo-veículo, estudando todas as forças e os sistemas. Também poderia 
apoiar os estudos de transferência de peso em atividade de desloca-
mento e tração, assim como estudar os limites de trabalho, em situa-
ções de estabilidade lateral e longitudinal. A cinemática nos apoiaria 
no entendimento do funcionamento da roda, do patinamento e da ma-
nobrabilidade do trator por seu raio de giro (SCHLOSSER, 2001, p. 1).
A velocidade, portanto, não pode ser entendida ou considerada de forma 
isolada, sendo a relação peso/potência definitiva para a correta análise e expecta-
tiva do produtor em relação ao dinamismo de suas operações em campo. 
Nessa perspectiva, os tratores podem ser leves ou pesados. Os leves po-
dem receber lastragem para aumentar seu peso e sua capacidade de aderência e 
tração, porém têm limite para a execução de operações que exijam grande capa-
cidade de tração e suporte. Os tratores pesados são recomendados para terrenos 
mais firmes, pois refletem melhor a potência do motor e a capacidade de tração. 
Seja qual for a realidade de uma propriedade rural, esses ponderamentos devem 
ser realizados antes da aquisição de um trator, conciliando a necessidade das 
operações, as condições do solo e as exigências de cultivo.
Atualmente, o peso dos tratores vem diminuindo e a potência, em relação 
ao peso, aumentando. Isso é consequência do uso de novos materiais na fabrica-
ção das peças e componentes, como alumínio, plástico e fibra de vidro, o que, em 
uma relação direta, reflete no consumo de energia e na possibilidade de compac-
tação dos solos. O correto uso da lastragem, da potência e da velocidade é funda-
mental para a eficiência energética e de trabalho de um trator.
Shlosser et al. (2005) afirmam que, para tarefas pesadas, em que a exigên-
cia de força de tração é maior, a relação peso/potência permanece em torno de 60 
kg/kW, enquanto para as tarefas mais leves está em torno de 35 kg/kW.
TÓPICO 1 | ELETRÔNICA EMBARCADA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS
87
Nessa perspectiva, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos 
Automotores (ANFAVEA) criou uma classificação específica para os tratores com 
rodas e tração dianteira (TDA), de acordo com sua potência. São considerados 
tratores de classe I aqueles com potência de até 36,9 kW, classe II de 37 a 73,9 kW, 
classe III de 74 a 146,9 kW e classe IV com potência superior a 147 kW.
Francetto (2017) realizou um estudo que estabelece alguns parâmetros 
para a potência e peso de acordo com a lastragem. Assim, entre outras análises, 
foi verificada uma necessidade maior de lastro em tratores de maior potência. 
Tratores da mesma classe são dimensionados para realizar tarefas dis-
tintas, por apresentarem relações desiguais, necessitando de adaptações 
para determinados trabalhos. Observa-se que em todas as classes, os 
maiores valores das médias da relação entre o peso e a potência estão 
presentes nos tratores lastrados, com maior significância para os tratores 
englobados nas classes II e III. Na primeira, os valores entre lastrados e 
sem lastro obtiveram uma diferença de 134,61%, enquanto que para a 
segunda permaneceu em 121,40%. Ressalta-se o fato de que nas classes 
I e IV essas diferenças foram sutis, de modo que para a primeira foi de 
100,32% e de 101,01% para a segunda (FRANCETTO et al., 2011, p. 4).
Dessa forma, feitas as considerações sobre peso e potência, a velocidade 
pode ser entendida e definida de forma a buscar a eficiência da operação. Por 
exemplo, para velocidades de operação entre 6 e 8 km/h em um trator com TDA, 
a relação peso-potência deve estar entre 60 e 80 kg/W no mínimo, já que “relações 
menores indicam que o trator deve ser lastrado, ou operado a maior velocidade, 
o que nem sempre é possível pelas características do implemento que está sendo 
utilizado” (SCHLOSSER et al., 2005, p. 3). Nessa perspectiva, a Tabela 2 apresenta 
dados de material técnico de alguns modelos de tratores nacionais, relacionando 
a potência à velocidade de trabalho de 6 km/h. 
Ainda, segundo Schlosser et al. (2005), as reflexões sobre o tema devem 
partir do conceito de velocidade crítica para dimensionar os aspectos relativos à 
velocidade, peso/potência e operação.
Velocidade crítica: velocidade mínima que deve trabalhar um trator em seu 
peso original para aproveitar de forma eficiente a potência do motor. 
IMPORTANT
E
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
88
TABELA 2 – DADOS DE ALGUNS MODELOS DE TRATORES NACIONAIS, RETIRADOS DE 
MATERIAL TÉCNICO E CALCULADOS PARA A VELOCIDADE DE TRABALHO DE 6 KM/H
Modelo Peso semLastro (kg)
Potência bruta 
no Motor (cv)
Peso suplementar
Recomendado (kg)
Relação de 
peso/potencia
(Kg/cv)
Velocidade
Crítica (kg/cv)
100 3100 71,4 2537 43,42 10,91
292 3430 77,3 2615 44,37 10,57
299 4884 97,1 1885 50,30 7,95
985 4650 73,6 241 63,18 6,31
5700 3355 62,6 1562 53,59 8,79
7500 5720 103,0 1163 55,53 7,22
FONTE: Schlosser (2001, p. 3)
A tabela acima nos permite fazer uma importante reflexão sobre a perda 
de energia na forma de potência pelos motores de tratores.
A potência do motor jamais poderá ser aproveitada integralmente em 
trabalhos de tração a 6 km/h, pois o peso recomendado para a las-
tragem é muito superior ao quenormalmente se pode adicionar, so-
mando-se lastros metálicos e água. Também se nota que, com o seu 
peso original, poucos modelos avaliados podem aproximar-se ao uso 
integral de potência do motor a baixas velocidades. Os tratores com 
alta velocidade crítica são muito versáteis, enquanto que os tratores 
com velocidade crítica baixa são adequados para o trabalho pesado, 
embora tenham que carregar peso "morto", quando estiverem fazendo 
operações de baixa exigência de potência. Estima-se em aproximada-
mente 1200 a 1500 kg o lastro máximo que é possível adicionar a um 
trator (SCHLOSSER, 2001, p. 3).
O patinamento do trator é outro fator ligado diretamente ao seu desempe-
nho, as suas relações de eficiência, velocidade, peso e potência. Antes dessas rela-
ções, é importante o entendimento de que o patinamento está baseado no conjunto 
de pneus do trator. Esse conjunto é formado pelos pneus e aros que, juntos, são 
responsáveis pela transmissão da potência do motor para o conjunto trator e solo.
Dessa forma, os cuidados com os pneus devem ser considerados, em pri-
meiro plano, na manutenção e regulagem, a considerar: a adequação da pressão 
interna para cada tipo de operação, o uso de modelos indicados pelo fabricante, a 
correta lastragem, a adequação do implemento à potência do trator agrícola e os 
cuidados no armazenamento do trator e dos pneus (FRANTZ, 2011).
Considerando o conjunto de pneus, podemos definir o patinamento, que 
“representa, em termos percentuais, o deslizamento da banda de rodagem dos 
pneus motrizes do trator sobre uma superfície de apoio” (FERREIRA et al., 2000, 
p. 254) e a relação desse com a força de tração, a qual é proveniente da interação 
superfície do pneu e solo acrescida de uma força de autopropulsão. É essa força 
que, dependendo das características dos rodados e do solo, deve ser capaz de 
vencer a resistência oferecida pelo conjunto de fatores, deslocando a carga da 
barra de tração na velocidade adequada à operação (MIALHE, 1980).
TÓPICO 1 | ELETRÔNICA EMBARCADA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS
89
Um patinamento excessivo pode aumentar o gasto energético do trator, 
reduzindo a força de tração e, por fim, a eficiência da operação. Da mesma forma, 
sem patinamento, o trator fica muito leve e, ao exercer força de tração, terá um 
patinamento excessivo. O patinamento está ligado ao lastro, peso e potência do 
trator e diretamente à força de tração necessária para determinada operação. O 
valor do patinamento para se obter a máxima eficiência de tração deve ficar entre 
8 a 10% para solos sem mobilização, 11 a 13% para solos revolvidos e de 14 a 16% 
para solos arenosos (ASAE, 1989).
Os sistemas eletrônicos de medição, como visto no item anterior, são capa-
zes de, pelo uso de sensores específicos, normalmente magnéticos, captar pulsos. 
Esses pulsos são transmitidos para os programas de dados e analisados com base 
em parâmetros determinados. Após, são disponibilizados ao operador para que 
ele possa realizar as adequações nas regulagens, velocidade e peso necessárias 
para que o trator seja capaz de promover o correto patinamento na velocidade de 
trabalho adequada para alcançar a eficiência da operação.
2.2.2 Medida de fluxo de combustível
O consumo de combustível dos tratores agrícolas é umas das variáveis 
que mais compromete o fluxo de energia nas operações de produção agrícola. 
Ele está relacionado ao uso e peso de lastro, demanda de carga na barra de tra-
ção, pneus, velocidade de operação e às condições de solo. Conhecer os dados e 
controlar essas variáveis é fundamental para evitar consumo desnecessário e o 
consequente aumento de custos de produção. Nesse sentido, o monitoramento 
do fluxo de combustível pode ser usado como um alerta ao operador de que algo 
está sendo realizado em desacordo com a operação pretendida ou com a regula-
gem aferida dos equipamentos envolvidos. 
A medida do fluxo de combustível é realizada pelo fluxômetro:
O fluxômetro é um medidor de fluxo ou vazão de líquidos e gases. 
Existem vários tipos de fluxômetro, sendo que os mais comuns usam 
engrenagens dispostas no caminho do fluxo a ser medido. Quanto 
maior for o fluxo, maior é a rotação das engrenagens. No caso de um 
fluxômetro eletromecânico, a rotação de uma engrenagem é converti-
da em tensão (saída proporcional) ou em pulsos por unidade de fluxo 
(saída por pulsos) (RUSSINI, 2009, p. 39).
Os pulsos gerados pelo fluxômetro (Figura 6) são convertidos em medi-
das de vasão, as quais podem ser em L/h-1, que não considera a temperatura e a 
potência desenvolvida; kg/h-1, que apesar de considerar a temperatura, não re-
laciona à potência; ou g.kW.h-1, que relaciona a unidade de massa à unidade de 
potência (Russini, 2009).
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
90
FIGURA 6 – SISTEMA DE ENGRENAGENS DO FLUXÔMETRO
FONTE: Oval Corporation (2008) apud Russini (2009, p. 39)
O fluxômetro é apenas uma parte do sistema de monitoramento de con-
sumo de combustível nos tratores, pois também podem ser considerados os sen-
sores para medição de temperatura, a célula de carga para a medida de força de 
tração, as caixas de acomodação de registros, além de sistemas de aquisição e 
análise de dados. 
2.2.3 Medida de área trabalhada
A medição da área trabalhada durante uma operação é a base para cálcu-
los de rendimento de trabalho por tempo, de consumo de energia por operação, 
de capacidade efetiva e teórica da máquina, além da avaliação econômica e do 
planejamento de operações.
A medição é uma operação simples e básica realizada por um receptor 
GPS que determina a posição atual e anterior além do tempo entre elas, possibili-
tando o cálculo da velocidade e demais variáveis. O GPS faz parte de um sistema 
automático de aquisição de dados no qual uma unidade de aquisição de dados 
monitora os sensores (GPS, consumo de combustível) e filtra os dados antes de 
serem armazenados na memória de bordo, geralmente através de um relógio in-
terno, associando a informação à data e hora de sua obtenção. Assim, insere mais 
detalhes no banco de dados da área.
2.3 APLICAÇÕES PRÁTICAS DE INSTRUMENTAÇÃO 
ELETRÔNICA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS
A tecnologia incorporada às máquinas agrícolas é cada vez mais ampla, 
rápida e dinâmica, exigindo de gestores, produtores e operadores atualizações 
constantes para aproveitar todos os recursos que a máquina oferece. Dessa for-
ma, a tecnologia melhora a qualidade da operação, evita perdas desnecessárias, 
aumenta a produção e reduz os custos operacionais.
Com a automação das máquinas agrícolas, algumas operações receberam 
maior intensidade de possibilidades e modificações, entre elas a pulverização e a se-
meadura. 
TÓPICO 1 | ELETRÔNICA EMBARCADA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS
91
2.3.1 Pulverização
Pulverização consiste na distribuição de uma substância líquida em deter-
minada superfície. Em pequenas partículas, a substância atinge a área desejada, 
seja ela foliar ou de solo.
Na agricultura, a pulverização é conhecida desde o período de 1800, 
quando os agricultores utilizavam a lavação de folhas para evitar doenças em 
plantas. Na ocasião, ela era feita através do uso de escovas, seringas e, posterior-
mente, com bombas manuais (CHAIM, 1999). O processo foi evoluindo com o 
desenvolvimento dos agrotóxicos, principalmente com a descoberta do DDT e 
uma gama de organoclorados na década de 1940. Esse processo de evolução foi 
acompanhado do desenvolvimento e do aprimoramento das formas de aplicação.
Atualmente, a pulverização é utilizada para a aplicação e distribuição de pro-
dutos agroquímicos, nutrientes ou fertilizantes de maneira geral. Ela pode ser feita 
por terra ou por via aérea, sendo por terra a mais utilizada na produção vegetal.
O objetivo da pulverização é distribuir o produto na quantidade correta e 
no local desejado, auxiliando no combate a pragas e doenças, insetos e outras es-
pécies indesejadas, além de possibilitar a distribuição de fertilizantes, perfazendo 
no atual sistema agrícola uma ferramenta fundamentalde produção.
Os pulverizadores podem ser manuais, elétricos ou a combustíveis, sendo 
mais utilizados em culturas de maior extensão aqueles com motores movidos por 
combustíveis fósseis, principalmente óleo diesel. Nesta categoria, destacam-se os 
pulverizadores de barras (principalmente para cereais, verduras e legumes), além 
dos autopropelidos e atomizadores (culturas perenes).
De maneira geral, são componentes dos pulverizadores: tanque ou reser-
vatório em que a calda fica armazenada, bomba, agitador mecânico ou hidráulico, 
filtros, manômetro, regulador de pressão, mangueiras, conjunto de acionamento, 
dispositivo de aplicação e bicos de pulverização. Com a automação das máquinas 
agrícolas, atualmente, também podem ser considerados como componentes os 
medidores de volume aplicado, o localizador GPS, os sistemas de controle remo-
to, entre outros dispositivos de monitoramento e coleta de dados.
A escolha de um pulverizador deve considerar inicialmente a cultura ou 
culturas vegetais que serão alvos do uso do equipamento e a área a ser trabalha-
da. Com relação à área, deve-se considerar especialmente a capacidade de ar-
mazenamento do produto, cuja adequação reflete na eficiência econômica das 
operações. Independentemente da tecnologia a ser utilizada na ação, as questões 
de manutenção das máquinas (Tabela 3) devem ser priorizadas.
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
92
TABELA 3 – PRINCIPAIS PRÁTICAS DE MANUTENÇÃO DE PULVERIZADORES
Operação Objetivo
Limpeza (tanque, 
bicos, gatilho e filtros)
Garantir a remoção de qualquer residual de agroquímico de forma a evitar 
contaminações de operadores e do meio ambiente, bem como reações di-
versas aos produtos utilizados. Os equipamentos de proteção individual 
devem ser utilizados inclusive na limpeza.
Regulagem e 
calibração
Garantir que o produto seja utilizado de forma e na quantidade correta, 
verificando a pressão, tipos e condições dos bicos, e vazão. Além de pro-
ceder a ação de regulagem e calibração, é importante e possível, pelo uso 
de equipamentos de precisão, fazer o monitoramento e análise dos dados 
obtidos.
Troca de bicos e peças
A troca de bicos deve receber atenção prioritária, pois eles devem ser 
adequados ao tipo de aplicação e cultura e estar em perfeitas condições de 
uso para evitar prejuízos financeiros e técnicos. Da mesma forma, deve-se 
observar a máquina como um todo, tendo atenção ao desgaste, quebra ou 
desajuste de peças.
FONTE: A autora
Para que as ações de monitoramento, adequação e avaliação das operações 
de pulverização possam ser corretamente feitas, os parâmetros devem ser conheci-
dos e definidos. Entre os principais parâmetros da pulverização, estão: dose, volu-
me de aplicação por área, cobertura, tamanho das gotas, pressão, vento, temperatu-
ra e umidade relativa do ar, deriva, tipo e condições dos bicos de aplicação.
Os bicos do pulverizador têm papel fundamental na aplicação. Portanto, 
a sua escolha deve ser realizada com pleno conhecimento das possibilidades, das 
adequações e dos resultados a serem alcançados. 
Basicamente, os bicos podem ser do tipo: leque, cone, de impacto ou com 
indução de ar. Dessa forma, proporcionam gotas de tamanhos diferentes, pa-
drões específicos de propagação de jato e exigem faixa de pressão de trabalho 
específica. O produtor deve ficar atento aos manuais do fabricante, nos quais es-
ses dados são considerados e as indicações de uso são feitas com boa margem de 
precisão (Figura 7).
TÓPICO 1 | ELETRÔNICA EMBARCADA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS
93
FIGURA 7 – TABELA DEMONSTRATIVA DO FABRICANTE RELACIONANDO CATEGORIAS E 
ESPECIFICIDADES DOS BICOS DE PULVERIZAÇÃO
FONTE: Mestreagro (2020, s.p.)
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
94
Na Figura 7 é possível observar a adequação e a indicação de diferentes 
bicos e pontas de acordo com o produto agroquímico a ser utilizado. Ainda, é 
possível observar dados da fase de desenvolvimento da planta e a perspectiva 
de vazão esperada. Por exemplo, o uso do bico BD 02, com pressão de 3,1 bar, 
proporciona uma vazão de 0,82 l/min e 246 l/ha a uma velocidade de 4 km/h, 
com tamanho de gota média (250 a 350 micras). De posse dessas informações, o 
planejamento e a adequação das operações de pulverização podem ser realizados 
de forma eficiente. 
Com a automação das máquinas agrícolas, deve-se considerar o uso cres-
cente do GPS e do controle remoto de processos. Nesse sentido, o mercado já 
proporciona as opções de máquinas automotrizes, dos conceitos e técnicas da 
agricultura de precisão, de aplicativos e smartphones, além do crescente cuidado 
com os recursos naturais na operacionalização dos processos de pulverizações. 
Máquinas automotrizes: com chassi e motor próprio, elas têm grande ca-
pacidade de armazenamento e permitem que um grande volume de calda seja 
pulverizado sem a necessidade de parar a máquina. Ainda, proporcionam o uso 
do dispositivo GPS para mapear e rastrear o processo e das barras de controle 
hidráulicas.
Smartphones e aplicativos: alguns aplicativos já desenvolvidos auxiliam 
na escolha dos bicos de pulverização, no cálculo de vazão e na adequação a espé-
cies e estágio de desenvolvimento.
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você 
e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
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UNI
TÓPICO 1 | ELETRÔNICA EMBARCADA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS
95
Fundamentos da agricultura de precisão: são utilizados sistemas de co-
leta de dados, GPS, sensores e outras tecnologias para promover uma distribui-
ção variável de insumos. Com a agricultura de precisão, apenas as áreas que 
realmente demandam vão receber um determinado produto em determinada 
quantidade. 
Sustentabilidade: é a preocupação com a quantidade de produto utilizado 
e com o seu destino. Os pulverizadores, quando bem empregados, são capazes de 
otimizar a produtividade e garantir que o agricultor tenha controle de tudo o que 
está sendo usado na sua lavoura. 
2.3.2 Semeadura 
Na Unidade 1 desta disciplina, o tema semeadura foi detalhadamente 
apresentado e discutido. Dessa forma, aqui trazemos algumas questões adicio-
nais referentes à precisão, adequação e automação do conjunto trator-semeadora. 
Para SENAR (2015, p. 8) a semeadura adequada possui três principais ca-
racterísticas: 
1. mínima diferença entre as quantidades de sementes depositadas no 
solo e as emergidas; 2. espaçamento uniforme; 3. o tempo necessário 
para emergência de todas as plântulas é mínimo e uniforme. Como se 
pode perceber, a qualidade de semeadura é obtida pela interação de vá-
rios fatores, tais como: bom desempenho dos componentes de corte, sul-
cadores, compactadores, dosadores e distribuidores das semeadoras-a-
dubadoras em condições variadas de velocidade e condições de solo.
O monitoramento das operações agrícolas pode acrescentar elementos va-
liosos antes, depois e durante a safra. No caso da semeadura, o monitoramento 
tem grande valia, especialmente durante a operação de plantio, quando ainda é 
possível identificar qualquer irregularidade e corrigi-la; e após a emergência das 
plantas, quando é possível identificar as irregularidades, mas não as reverter, 
apenas usá-las como base para o planejamento da próxima operação.
Esses dados são obtidos e configurados através de softwares e sensores, 
os quais determinam as características da semeadura e fornecem dados de diver-
sas características, que são analisadas em tempo real para o acompanhamento a 
distância ou diretamente em monitores acoplados nos tratores. O salvamento dos 
dados na memória para a posterior análise também é possível.
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃOEM SISTEMAS AGRÍCOLAS
96
2.3.3 Medida de vazão de calda em pulverizadores
O volume de calda transportado em um intervalo de tempo é a relação 
que determina a vazão de uma operação de pulverização, normalmente expressa 
em l/min, que pode ser medida na bomba e na ponta de pulverização. 
A vazão é medida pelo fluxômentro montado na linha de pressão. Ele mede a 
quantidade de calda que passa pelo comando em direção às barras de pulverização.
A medida da vazão é exibida diretamente no monitor do pulverizador 
(autopropelidos) e pode ser acompanhada em tempo real pelos operadores, pro-
porcionando a identificação e correção ou adequação de diferentes variáveis, 
como um bico ou ponta entupida ou danificada, um filtro que deve ser trocado 
ou limpo, mudança de condições ambientais ou fases vegetativas, índices de in-
festação por talhão ou por área pré-determinada.
Ainda que haja o uso e sejam disponibilizados instrumentos e equipamen-
tos que automatizam os processos da operação de pulverização, é importante rea-
lizar a calibração ou verificação da vazão da máquina. O objetivo dessa calibração 
é atualizar a vazão informada no monitor de acordo com a real vazão da máquina. 
Na calibragem, a vazão deve ser verificada em pelo menos duas pontas 
por seção da barra. Assim, são determinadas as médias individuais, as quais são 
multiplicadas pelo número de pontas, resultando na vazão total da barra. Portan-
to, o valor obtido deve ser informado no monitor. 
Considere os itens abaixo para a realização da calibragem (SENAR, 2015):
a) lave e limpe os componentes do circuito;
b) abasteça o pulverizador de água;
c) ligue a bomba;
d) acelere o motor diesel na rotação de trabalho;
e) posicione a pulverização no modo manual;
f) abra a pulverização total da barra; 
g) ajuste uma pressão intermediária para o tipo de ponta; 
h) colete a vazão em litros por minuto de, no mínimo, duas pontas de cada seção 
da barra;
i) calcule a média da vazão das pontas em l/min;
j) multiplique a vazão média pelo número de pontas da barra, obtendo a vazão 
total.
É importante lembrar que a variedade de marcas e modelos de pulve-
rizadores disponíveis no mercado proporciona diferenças entre os recursos de 
automação ofertados ao agricultor. Alguns modelos, por exemplo, possuem um 
controlador de pulverização capaz de manter a dose de defensivo em litros por 
hectare (l/ha) desejada pelo usuário, independentemente das variações de veloci-
dade do pulverizador.
TÓPICO 1 | ELETRÔNICA EMBARCADA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS
97
Para isso, o equipamento realiza a leitura dos pulsos dos sensores de roda 
e vazão para calcular, a velocidade de deslocamento do pulverizador e a vazão de 
líquido nas barras de pulverização respectivamente. 
O controlador calcula, então, a dose real em l/ha, a partir da equação mos-
trada, e compara com o valor desejado. Se diferente, o controlador atua 
no regulador de pressão do comando de pulverização aumentando ou 
diminuindo a pressão e, consequentemente, a vazão nas barras de pulve-
rização, para manter sempre a dose pelo usuário em l/ha desejada. Isso 
garante economia de produto, cobertura eficiente da lavoura e riscos mí-
nimos de contaminação ambiental (MENEZES; MARTINS, 2009, p. 26).
Nesse caso, o controlador visualiza no monitor a leitura – disponibilizada 
por um sensor – do nível do tanque de abastecimento em função da quantidade 
de calda e da vazão realizada.
2.3.4 Medida de fluxo de sementes em semeadoras
A manutenção do correto fluxo de sementes desde o reservatório até o 
solo é fundamental para a instalação da cultura, uniformidade de stand e renta-
bilidade da produção. Dessa forma, medir e monitorar o fluxo de sementes faz 
parte da rotina de plantio da agricultura moderna.
Através da automação das máquinas agrícolas, estão disponíveis softwa-
res para serem utilizados como ferramentas de acompanhamento dos parâmetros 
referentes à operação de semeadura. 
As leituras de dados são realizadas pelo uso de um sensor de massa no in-
terior do tubo que leva a semente até o solo, o que possibilita a leitura de quantas 
sementes estão caindo em um determinado intervalo de tempo e a distância entre 
elas. Todos os dados analisados são apresentados em um monitor no interior da 
cabine do trator, podendo também ser acessados a distância em tempo real.
Entre as informações disponibilizadas pelo sistema estão: a densidade 
de plantas (plantas/ha), o percentual de sementes liberadas de forma individual, 
percentual de sementes que estão caindo dentro do espaçamento determinado, 
área semeada e a ser semeada, espaçamento médio entre as sementes, velocidade 
de deslocamento da máquina durante a semeadura, entre outros dados que per-
mitem ao operador parar, recomeçar e providenciar regulagens de acordo com 
seus objetivos de produtividade.
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
98
Você poderá acompanhar uma aula prática de regulagem de semeadoras! 
Confira no link: https://www.youtube.com/watch?v=E_kIIZeY1Q8&t=11s.
DICAS
2.4 MEDIDA DE PERDAS DE GRÃOS EM COLHEDORAS
O processo de colheita de espécies vegetais é suscetível a perdas relacio-
nadas à interação da máquina e da planta. Essas perdas podem ser maiores ou 
menores, de acordo com a condição de manutenção da máquina, do porte das 
plantas, do estágio de desenvolvimento e das características da própria espécie 
(altura de inserção de vagens, número e características de ramificações). 
Esse aspecto adquire maior importância quando há um atraso na co-
lheita, pois retardamentos muito prolongados acarretam perdas na 
qualidade e na quantidade produzidas, especialmente sob condições 
de alta umidade e temperatura elevada. É importante destacar que, 
quanto mais tempo a planta permanecer em ponto de colheita no cam-
po, maior será a probabilidade da ocorrência de abertura das vagens, 
seja por fatores genéticos de cada cultivar ou induzida (chuva de gra-
nizo ou torrencial, ventos fortes entre outros), o que acarreta a deiscên-
cia parcial ou total dos grãos (SILVEIRA; CONTE, 2013, p. 7). 
Os métodos manuais de cálculo de perda de colheita, muito usados em 
propriedades agrícolas que não possuem colhedoras de alta tecnologia, exigem 
muito esforço físico e tempo do agricultor, porém são importantes para a ava-
liação da colheita e do estado da máquina, sendo utilizados como base para o 
planejamento das próximas safras.
Atualmente, máquinas colhedoras possuem modernos sistemas automa-
tizados, detalhados na Tabela 4, que coletam e processam dados e, entre outras 
possibilidades de análise, permitem a elaboração de mapas de produtividade em 
tempo real. Os mapas de produtividade podem individualizar áreas de acordo 
com sua produtividade, permitindo ao produtor conhecer a variabilidade espa-
cial e temporal de sua área produtiva.
O uso de softwares específicos possibilita o armazenamento dos dados e 
sua exibição no monitor da máquina em tempo real. Apesar da automação, os cui-
dados com a regulagem e calibragem dos sensores e mecanismos que compõem a 
colheita são essenciais para evitar dados errôneos ou interpretações equivocadas. 
Os mecanismos que compõem uma colhedora são: corte, alimentação, tri-
lha, separação e limpeza, os quais devem funcionar de forma sincronizada para 
proporcionar a correta trilhagem dos grãos, evitando perdas e danos de colheita. 
TÓPICO 1 | ELETRÔNICA EMBARCADA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS
99
Normalmente, os componentes gerais de um sistema automatizado da co-
lhedora são: sensor de velocidade do fluxo de massa, sensor de placa de impacto 
e sensor de umidade (Tabela 4).
TABELAS 4 – COMPONENTES DOS SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO DE COLHEDORAS DE GRÃOS
Sensor Finalidade
Sensor de velo-
cidade do fluxo 
da massa
Sistema baseado na medição da velocidade do fluxo da massa de grãos que 
atravessa um tubo de dimensões conhecidas. Nesse caso, mede-se a velocidade 
do fluxo por meio de micro-ondas e calcula-se a densidade média da massa de 
grãos. Este sistema tem a vantagem de não interferirna velocidade do fluxo da 
massa e ter bom tempo de resposta. No entanto, pode ser acometido por varia-
ções na inclinação da colhedora durante o deslocamento no campo. Portanto, é 
preciso um sensor de inclinação para corrigir esse erro.
Sensor de placa 
de impacto
Outro sistema utilizado pelas empresas para a medição da produtividade nas 
colhedoras é a placa de impacto, que intercepta a quantidade do fluxo de grãos. 
Quanto maior o impacto ou deslocamento da placa, maior é a produtividade no 
local colhido. A placa deve passar por constantes limpezas a fim de evitar acú-
mulo de sujeira e, consequentemente, erros na coleta de informações.
Sensor de umi-
dade
Para que o mapa de produtividade represente a produtividade
com base no peso dos grãos no estado seco, é necessário medir a umidade em 
que estão sendo colhidos. Para tanto, utiliza-se um sensor de umidade, normal-
mente localizado entre o meio e a saída do elevador de grãos.
FONTE: SENAR (2015, p. 17)
Os resultados são disponibilizados nos monitores da cabine da colhedora, 
que são ligados a computadores de bordo, os quais coordenam as informações 
captadas pelos sensores. As informações são armazenadas em cartões de memó-
ria e podem ser disponibilizadas por conexões sem fio para o acompanhamento a 
distância pelos agricultores. 
2.5 ADEQUAÇÃO DO USO DA TECNOLOGIA À TIPOLOGIA 
DE PRODUÇÃO
As facilitações e a precisão de dados proporcionada pelo uso da tecnolo-
gia na agricultura são inegáveis. Assim, o aumento e regulação da produtividade, 
a ampliação das áreas cultivadas, entre outros benefícios também devem ser con-
siderados. No entanto, as particularidades que envolvem o uso dessas máquinas 
automatizadas e altamente tecnológicas não podem ser ignoradas, sob a perspec-
tiva de causar prejuízos a médio e longo prazo à agricultura de forma geral.
Alguns pontos a serem considerados na adequação das propriedades 
agrícolas à tecnologia são:
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
100
• condições econômicas para aquisição e manutenção das máquinas;
• capacitação dos agricultores e operadores para a correta manutenção, aplica-
ção e interpretação dos dados coletados;
• disponibilidade de assistência técnica especializada ao alcance geográfico e finan-
ceiro para a resolução de possíveis problemas, sejam mecânicos ou eletrônicos;
• adequação de aptidão de solo, declive e acesso físico das propriedades a deter-
minada tecnologia;
• adequação da espécie vegetal à tecnologia disponibilizada;
Atento às condições de adaptabilidade, o agricultor poderá utilizar com 
segurança a tecnologia proposta e, de forma ampla, os seus resultados.
TÓPICO 1 | ELETRÔNICA EMBARCADA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS
101
LEITURA COMPLEMENTAR
REDES EMBARCADAS EM MÁQUINAS E IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS: 
O PROTOCOLO CAN (CONTROLLER AREA NETWORK) E A ISO11783 
(ISOBUS)
Rafael Vieira de Sousa
Eduardo Paciência Godoy
Arthur José Vieira Porto
Ricardo Yassushi Inamasu
Introdução
O desenvolvimento de sistemas computacionais e o desenvolvimento de re-
des computacionais para integração destes sistemas foram conquistas tecnológicas 
marcantes do século XX, que influenciaram direta ou indiretamente os diversos seto-
res de atividade humana.
Pesquisas em diversas áreas da ciência têm possibilitado o surgimento de no-
vas tecnologias que ampliam as definições clássicas de sistema computacionais e de 
redes computacionais. Sistemas computacionais baseados em dispositivos ópticos, 
ou ainda, baseados em interações moleculares são exemplos da diversidade destas 
novas tecnologias.
Neste documento, um sistema computacional, ou simplesmente computador, 
em sua forma mais elementar, deve ser entendido como um conjunto formado por 
unidade de processamento, unidade de armazenamento e unidade de interface de en-
trada e saída para interação com sistemas externos. Tais unidades são compostas por 
circuitos elétricos analógicos e/ou digitais e por programas computacionais. Por sua 
vez, uma rede computacional, ou simplesmente rede, deve ser entendida como um 
conjunto computadores com circuitos elétricos analógicos e/ou digitais e programas 
computacionais de interface, que permitam a comunicação entre estes computadores, 
através de um ou mais meios físicos, utilizados para propagação de informação.
Outros dois conhecimentos importantes para entendimento de redes digitais 
de comunicação de dados são o conceito de Bit e o processo de transmissão de infor-
mações binarizadas. As informações em redes digitais trafegam no formato binário, 
ou seja, as informações são representadas (codificadas) por bits e transmitidas nesse 
formato. Assim, pode-se afirmar que o bit (simplificação para dígito binário, BInary 
digiT em inglês) é a menor unidade de informação e pode ter dois valores, 0 ou 1, ou 
verdadeiro ou falso, ou neste contexto quaisquer dois valores mutuamente exclusivos.
A transmissão dos bits (comunicação digital) através de um meio físico con-
siste, geralmente, na variação de uma característica de um sinal de acordo com os 
zeros e uns que representam a informação. Pode-se ilustrar a comunicação digital 
através do processo para transmissão da letra S (informação) em um sistema simples 
mostrado na figura. Nesse processo, podemos identificar as seguintes etapas:
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
102
a) codificação: para transmitir a letra S, representa-se (codifica-se) essa letra por 
um número binária, por exemplo, 0101 0011 (informação digital);
b) transmissão: varia-se a tensão elétrica sequencialmente (pulsos) em um extre-
mo do condutor através de uma chave simples. A variação ocorre com uma 
determinada frequência e em dois níveis, 0V e 5V, sendo que 0V representa o 
bit 0 e 5V representa o bit 1.
c) recepção: a variação da tensão (pulsos) pode ser medida no outro extremo do 
condutor e a informação digital interpretada.
EXEMPLO DE UM DE UM SISTEMA PARA TRANSMISSÃO DIGITAL
FONTE: SOUSA et al. (2007, p. 10)
A informação digital é transmitida pelo sistema da figura através da ope-
ração da chave que, quando aberta elimina a fonte de sinal (pilha) do circuito 
impondo 0V aos terminais do instrumento de medida no outro extremo do meio 
condutor (bit 0). Quando a chave é fechada a fonte de sinal é inserida no circuito 
impondo 5V aos terminais do instrumento de medida (bit 1).
Em sistemas de comunicação, o volume de tráfego em redes digitais é 
geralmente descrito em bits por segundo (b/s), que no exemplo da figura rela-
ciona-se com a frequência com que a chave opera. Por exemplo, “um modem de 
56 kpbs é capaz de transferir dados a 56 kilobits em um único segundo” (o que 
equivale a 7 kilobytes, 7 KB, com B maiúsculo para denotar a unidade em bytes e 
não a bits 1 byte é um conjunto de oito bits).
Redes de Computadores
Com a finalidade de facilitar a compreensão, o projeto e a implementação 
de uma rede de computadores, a estrutura de uma rede é dividida em níveis ou 
TÓPICO 1 | ELETRÔNICA EMBARCADA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS
103
camadas que têm a função de oferecer determinado serviço para camada imedia-
tamente superior. Assim, uma camada é constituída por um conjunto de circuitos 
eletrônicos e/ou programas que implementam determinados serviços a uma ca-
mada superior, formando uma interface transparente entre as camadas, ou seja, 
a camada superior utiliza os serviços de uma camada inferior, sem a necessidade 
da camada superior ter informações sobre a implementação dos serviços pela ca-
mada inferior. A divisão em camadas e a implementação de serviços transparen-
tes permitem que uma determinada camada em um computador se comunique 
com uma camada análoga em outro computador, trocando informações sem a 
necessidade de conhecerem de que forma as camadas inferiores implementam a 
comunicação.
O conjunto de regras e convenções que uma camada utiliza para se comu-
nicar com a camada análoga em outra máquina é denominado protocolo. Uma 
camada pode ser constituída por um ou mais protocolos, que são definidosde 
forma a implementarem os serviços de cada camada.
A International Organization for Standardization – ISO propôs um modelo 
para a estrutura de camadas de uma rede. Este modelo é denominado Modelo de 
Referência OSI (Open Systems Interconnection), ou simplesmente modelo OSI, e foi 
sugerido com o intuito de padronizar internacionalmente o projeto de redes. O 
modelo OSI foi definido com sete camadas, que são: física, enlace de dados, redes, 
transporte, sessão, apresentação e aplicação. 
Indústrias, universidades, associações de normas e outros grupos interes-
sados em integrar sistemas computacionais em redes específicas para aplicações 
próprias têm desenvolvido padrões em que utilizam os conceitos do modelo OSI. 
Muitos desses padrões são desenvolvidos com apenas alguns protocolos ou ca-
madas, proporcionando a cada usuário desenvolver outros protocolos e cama-
das, para criar, desta forma, uma rede adequada à aplicação desejada. Existe um 
número grande de padrões para atender as necessidades de aplicações diversas, 
como por exemplo, em redes de computadores pessoais, sistemas de comunica-
ção de voz e imagem, sistemas de posicionamento, sistemas de instrumentação e 
sistemas de automação e controle em veículos, plantas industriais e residências, 
entre outros.
[...]
FONTE: Adaptado de SOUSA, R. V. et al. Redes Embarcadas em Máquinas e Implementos 
Agrícolas: o Protocolo CAN (Controller Area Network) e a ISO11783 (ISOBUS). São Carlos: Embrapa 
Instrumentação Agropecuária, 2007. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/15427557.
pdf. Acesso em: 23 mar. 2020.
104
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Um sistema de instrumentação é composto por tecnologias específicas 
e complementares, além de equipamentos para a obtenção de dados de 
desempenho, com objetivo de estudo, ensaios, pesquisas, além do diagnóstico 
e avaliação das operações.
• Com a Revolução Verde, o trator transformou-se em uma fonte de potência e 
tração, podendo ser considerado uma máquina-base para o desenvolvimento 
da agricultura. É o centro de muitas pesquisas e ações de instrumentalização 
eletrônica, em que as modificações e criações estão direcionadas para o aumento 
da eficiência do trabalho e à redução dos custos energéticos.
• De maneira geral, nos processos de automatização de máquinas agrícolas, os 
sensores são dispostos em locais estratégicos e enviam os sinais coletados a 
uma central de armazenamento. Existem diversos sistemas que armazenam os 
dados no mercado, que muitas vezes são criados, adaptados ou manipulados 
de acordo com o objetivo ou necessidade do trabalho em questão.
• A medição da área trabalhada durante uma operação é a base para cálculos 
de rendimento de trabalho por tempo, de consumo de energia por operação, e 
de capacidade efetiva e teórica da máquina, além de avaliação econômica e do 
planejamento de operações.
• As facilitações e a precisão de dados proporcionadas pelo uso da tecnologia 
na agricultura é um fato consolidado, assim como o aumento e a regulação da 
produtividade e a ampliação das áreas cultivadas, entre outros benefícios. No 
entanto, as particularidades que envolvem o uso dessas máquinas não podem 
ser ignoradas, sob a perspectiva de poder causar prejuízos a médio e longo 
prazo à agricultura de forma geral.
105
AUTOATIVIDADE
1 Sobre a eletrônica embarcada em máquinas agrícolas, é CORRETO afirmar 
que: 
a) ( ) Máquinas móveis ou estacionárias que possuem um sistema eletroele-
trônico montado são reconhecidas como máquinas com tecnologia eletrôni-
ca embarcada.
b) ( ) A instrumentação eletrônica consiste em equipar uma máquina para 
o exclusivo armazenamento de dados de desempenho com o objetivo de 
informação pós-operação.
c) ( ) Equipamentos de agricultura de precisão são equipamentos desenvol-
vidos para buscar a eficiência das operações agrícolas e resultam da junção 
entre a eletrônica embarcada e o uso dos computadores de campo.
d) ( ) Computadores de campo são computadores com programas usuais de 
qualquer área da informatização de dados.
2 As operações previstas ou pretendidas dentro de um contexto de agricultu-
ra de precisão individualizam os objetivos de intervenção de forma a ma-
ximizar os resultados de cada fração dos processos de cultivo, sendo que 
os instrumentos que compõem os sistemas proporcionam os dados iniciais 
para cada leitura de resultados. Sobre essa afirmação, assinale a alternativa 
INCORRETA:
a) ( ) A individualização de objetivos corresponde ao tratamento segmenta-
do de uma área ou cultura, de forma a diagnosticar e tratar de forma pon-
tual suas deficiências ou potencialidades.
b) ( ) A intervenção individual para maximizar os resultados corresponde a 
uma possível economia de insumos e energia no tratamento de um talhão 
ou planta específica, sem generalizar diagnósticos.
c) ( ) Maximizar os resultados de cada fração dos processos significa tratar 
a área de forma global, usando um diagnóstico, dado ou leitura específica 
como base para o tratamento de um todo.
d) ( ) Os instrumentos que compõem os sistemas proporcionam a obtenção 
dos dados iniciais para cada leitura de resultados. Esse conjunto de instru-
mentos corresponde exclusivamente ao uso de sensores e à transmissão dos 
dados coletados para uma central de informações.
3 O uso de GPS (Geographic Positioning System) nos sistemas eletrônicos em-
barcados proporciona a determinação dos pontos de localização em ope-
rações agrícolas. Com base nessa afirmativa, marque com X os resultados 
diretos e indiretos possíveis de serem alcançados com o uso do GPS:
106
a) ( ) Determinação do tamanho da área.
b) ( ) Determinação do tempo de execução das operações.
c) ( ) Mensuração do custo das operações.
d) ( ) Determinação dos teores de umidade de grãos.
e) ( ) Determinação dos índices foliares. 
4 O datalogger (registrador de dados) é um gravador de dados eletrônicos que 
armazena os dados de sensores em um intervalo de tempo predefinido, 
conforme uma lógica de programação interna ou comando externo. Sobre 
os principais componentes e características de um datalogger, assinale a 
alternativa INCORRETA.
a) ( ) As entradas e saídas podem ser digitais, analógicas ou específicas para 
determinadas aplicações.
b) ( ) Memória de armazenamento é a capacidade e tipo de memória utiliza-
da para o armazenamento do programa principal (quando o datalogger for 
programável) e dos dados dos sensores.
c) ( ) A taxa de armazenagem é considerada o intervalo de tempo em que os 
dados são digitalizados. Esse tempo determina o intervalo de tempo míni-
mo em que podem ser coletados os dados.
d) ( ) Alimentação é o termo usado para determinar a tensão e a corrente no-
minal de alimentação dos circuitos eletrônicos.
e) ( ) O grau de proteção necessário para obtenção de dados confiáveis preconi-
za o fato de que independentemente do ambiente, o datalogger é capaz de reali-
zar o armazenamento sem necessidade de adaptações ou maiores cuidados.
5 O patinamento do trator é um fator ligado diretamente ao seu desempenho, 
as suas relações de eficiência, velocidade, peso e potência. Nesse sentido, 
marque V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas.
a) ( ) O patinamento está baseado no conjunto de pneus do trator. Formado pe-
los pneus e aros, o conjunto de pneus do trator é responsável pela transmissão 
de potência do motor para o conjunto trator-solo.
b) ( ) Entre os cuidados com os pneus, estão: a adequação da pressão interna a 
cada tipo de operação, o uso de modelos indicados pelo fabricante, a correta 
lastragem, a adequação do implemento à potência do trator agrícola e os cui-
dados no armazenamento do trator e dos pneus.
c) ( ) O patinamento não interfere nos gastos energéticos do trator. Pelo contrá-
rio, quando o patinamento é intensificado, ele é capaz de intensificar a força de 
tração e proporcionar a redução desses gastos.
d) ( ) Retirando toda a capacidade de patinamento, o trator fica leve e, ao exercer 
força de tração, terá um patinamentoreduzido e força de tração ampliada. 
107
TÓPICO 2
EQUIPAMENTOS PARA AGRICULTURA DE PRECISÃO
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmicos! Neste tópico, discutiremos a agricultura de precisão, 
suas principais operações e equipamentos, e os sistemas disponíveis no mercado.
A produção agrícola vista nos primórdios, que tinha o objetivo de sub-
sistência, passou, a partir da Revolução Verde, a ocupar grandes áreas de terra, 
a utilizar insumos e maquinários, e a demandar tecnologias cada vez mais espe-
cíficas e adequadas às questões regionais, à espécie de cultivo e aos diferentes 
mercados. 
Ainda, vista de forma homogênea em uma área de produção, a agricultu-
ra alcançou altos índices de produtividade e caminhou para a profissionalização 
do campo. Nesse limiar, o caminho para a especialização produtiva configurou-
-se na chamada Agricultura de Precisão (AP), que passou a trabalhar as especifi-
cidades dos componentes produtivos e a individualização na busca da precisão e 
potencialidade produtiva.
A agricultura de precisão considera a variabilidade de atributos fundamen-
tais à produção agrícola para cada talhão da propriedade. Os componentes solos, 
fertilidade, uso de insumos e gestão deixam de ser analisados por médias e passam 
a ser analisados de forma individual para cada parte singular da produção. A re-
lação entre agricultura de precisão e automação de máquinas agrícolas é estreita e 
codependente, visto que a AP usa a automação em sua operacionalização. 
No inicio da década de 1930, nos Estados Unidos, despontaram os primei-
ros conceitos de AP, que foram concretizados e disseminados a partir da década de 
1980, quando microcomputadores, sensores e sistemas de rastreamento terrestres 
e via satélite surgiram, assegurando a aplicação e a disseminação dos métodos de 
determinação e gestão da variabilidade espaço-temporal (COELHO, 2005).
No Brasil, as primeiras ações de pesquisa na área da AP foram realiza-
das na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São 
Paulo (ESALQ/USP) em 1997, e expandiram-se, com o apoio da USP, para a Uni-
versidade Estadual Paulista (UNESP), Embrapa, Fundação ABC, Instituto Agro-
nômico do Paraná (Iapar) e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), além 
de empresas privadas do setor agrícola e tecnológico, cooperativas agrícolas e, 
isoladamente, para alguns produtores rurais (EMBRAPA, 2018).
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
108
A agricultura de precisão é a tecnologia cujo objetivo consiste em au-
mentar a eficiência, com base no manejo diferenciado de áreas na agri-
cultura. A agricultura de precisão não consiste simplesmente na habili-
dade em aplicar tratamentos que variam de local para local, porém, ela 
deve ser considerada com a habilidade em monitorar e acessar a ativi-
dade agrícola, precisamente em um nível local, tanto que as técnicas de 
agricultura de precisão devem ser compreendidas como uma forma de 
manejo sustentável, na qual as mudanças ocorrem sem prejuízos para as 
reservas naturais, ao mesmo tempo em que os danos ao meio ambiente 
são minimizados (TSCHIEDEL; FERREIRA, 2002, p. 160).
Apesar do fato de a AP tratar de especificidades, o tema também deve ser 
visto de maneira abrangente, sistêmica e multidisciplinar (Figura 8), como uma 
designação global dada a sistemas tecnológicos integrados que permite a leitura 
e o acompanhamento remoto das informações sobre os componentes e operações 
de produção, e compará-los a parâmetros predefinidos, que embasarão com pre-
cisão as decisões de produtores e operadores, visando a expansão dos conceitos 
de variabilidade de espaço-tempo, além da sustentabilidade dos ecossistemas 
ambientais, produtivos e econômicos.
FIGURA 8 – ESQUEMA ILUSTRATIVO DA AGRICULTURA DE PRECISÃO
FONTE: HEXASTEP (2020, s.p)
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS PARA AGRICULTURA DE PRECISÃO
109
Os itens seguintes abordarão os componentes e suas especificidades e con-
tribuições para a precisão na agricultura e para a rentabilidade e sustentabilidade.
2 EQUIPAMENTOS PARA AGRICULTURA DE PRECISÃO
Os equipamentos para a agricultura de precisão correspondem aos instru-
mentos que comportam as tecnologias necessárias e disponíveis para a operacio-
nalização da AP.
Para Coelho (2005), as tecnologias disponíveis podem ser agrupadas em 
seis principais categorias: computadores e programas, GPS (sistema de posicio-
namento global), SIGs (Sistemas de Informação Geográfica), sensoriamento re-
moto, sensores e controladores eletrônicos de aplicação.
Grande parte das tecnologias utilizadas na AP foi concebida para as mais 
diferentes áreas e adaptadas para a necessidade das operações da AP.
TABELA 5 – PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE USO DA AGRICULTURA DE PRECISÃO
Instrumento Descrição Uso
Computadores e 
programas
Computadores velozes, munidos de 
eficientes programas responsáveis por 
armazenar, manipular e analisar uma 
variada gama de dados que devem ser 
processados para fornecer informações 
para a tomada de decisões. Os progra-
mas podem variar em complexidade, 
indo de simples, para elaboração de 
mapas, a complexos, capazes de anali-
sar múltiplas camadas de dados.
Elaboração de gráficos e mapas de 
colheita, levantamento de dados de 
culturas e amostragem sistematiza-
da de solos, além do fornecimento 
de dados sobre a variabilidade das 
culturas e solos em uma determina-
da área.
Sistemas de Infor-
mações Geográfi-
cas – SIGs
Conjunto de programas, equipamen-
tos, metodologias, dados e usuários 
integrados de forma a tornar possível 
a coleta, o armazenamento, o proces-
samento e a análise de dados georre-
ferenciados, bem como a produção de 
informação derivada de sua aplicação.
Análise espacial das relações de ob-
jetos geográficos pela combinação e 
processamento de dados (gráficos e 
alfanuméricos) de diversas fontes, 
produção de mapas, sobreposição 
de camadas e mapas diferentes, e 
simplificação de análises. 
Sistema de Posi-
cionamento Global 
– GPS
Possibilita determinar a posição ge-
ográfica em qualquer parte do globo 
terrestre. Recebe os sinais emitidos via 
satélite e os transforma em informação 
disponível para os sistemas de infor-
mação.
A aplicação na agricultura depende 
do uso de antena, receptor e cabos 
para a conexão do receptor a outros 
equipamentos, como monitores de 
colheita, equipamentos para avaliar 
propriedades dos solos e cultura, e 
controladores para a aplicação de in-
sumos a taxas variáveis.
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
110
Sensoriamento 
Remoto
Proporciona a aquisição de informa-
ções a respeito de algum objeto sem 
estar em contato físico com ele. Envol-
ve um conjunto de técnicas e procedi-
mentos tecnológicos, como o uso de 
sensores e unidades de controle. 
Possibilita acessar uma variabili-
dade espacial e temporal dentro de 
uma área em uma propriedade, ba-
cia hidrográfica ou região. 
Usado para uma variedade de apli-
cações, que vão desde a avaliação 
do estado nutricional e hídrico em 
plantas até a detecção de plantas 
daninhas e insetos. Pode fornecer 
informações sobre propriedades 
dos solos, diferenças entre tipos de 
estresses abióticos das plantas (água 
ou nutricional) e estimar a produção 
relativa das culturas.
Sensores
Instrumentos que transmitem impul-
sos elétricos em resposta a estímulos 
físicos, tais como calor, luz, magnetis-
mo, movimento, pressão e som. Utili-
zando computadores para armazenar 
o impulso emitido pelo sensor, o GPS 
para medir a posição e o SIG para ana-
lisar e mapear os dados, qualquer in-
formação gerada pelo sensor pode ser 
detalhadamente mapeada com o uso 
das tecnologias complementares.
Quantificação de propriedades dos 
solos: matéria orgânica; pH; umi-
dade; profundidade do horizonte 
superficial. 
Identificação de variáveis de mane-
jo: tipo e intensidade de ocorrência 
de plantas daninhas para aplicação 
intermitente de herbicidas; detecção 
de estresses abióticos para a aplica-
ção de fertilizantes; população de 
plantas e produçãodas culturas.
Colheita: quantidade de grãos, umi-
dade de grão e suporte para mapea-
mento de produtividade.
Controladores 
Eletrônicos de 
Aplicação
Componente de um sistema automa-
tizado (computadores de bordo) no 
qual a informação armazenada é usa-
da para influenciar o estado do siste-
ma para a aplicação localizada de in-
sumos.
Sistemas eletrônicos de controle que 
variam em graus de precisão. São 
disponíveis para taxa variável de 
distribuição de calcário, fertilizantes 
(sólidos e líquidos), sementes, apli-
cação de herbicidas e inseticidas, ir-
rigação, aplicação de esterco e vários 
equipamentos de preparo do solo.
FONTE: Adaptado de Coelho (2005)
A separação ou visão isolada dos instrumentos utilizados na AP é possível e 
aconselhável. No entanto, de maneira prática, esses instrumentos são usados de forma 
complementar e conjunta, podendo ser vistos como instrumentos de manipulação e aná-
lise conjunta do determinado resultado pretendido.
IMPORTANT
E
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS PARA AGRICULTURA DE PRECISÃO
111
2.1 PRINCIPAIS OPERAÇÕES DESENVOLVIDAS PELA 
AGRICULTURA DE PRECISÃO
Como visto na Figura 8, diversas técnicas podem ser utilizadas na AP em 
culturas comerciais, muitas em fase de desenvolvimento e outras em plena aplicação 
a campo. A abordagem para o uso das técnicas da AP pode ser dada por duas ações 
principais, das quais se desdobram outras técnicas.
Abordagem 1 – Aplicação de dosagens de fertilizantes e corretivos na ins-
talação ou manutenção da cultura: as aplicações são feitas de acordo com a recomen-
dação de uso para cada local do campo de produção. São utilizados distribuidores 
de fertilizantes e corretivos que fazem a regulagem da dosagem automaticamente, 
obedecendo às informações processadas no mapa de fertilidade. Os chamados dis-
tribuidores VRT (Variable Rate Technology), são as máquinas usadas para essas aplica-
ções predeterminadas. 
Abordagem 2 – Mapeamento de produtividade: elaboração de mapas que 
ilustram minunciosamente a produtividade da cultura em cada ponto do talhão, o 
que proporcionará o manejo adequado para cada talhão, além de produzir um amplo 
banco de dados para o estudo e diagnóstico de locais e causas de baixa fertilidade.
2.2 EQUIPAMENTOS MAIS UTILIZADOS NAS OPERAÇÕES
Como visto nos itens anteriores, vários instrumentos são considerados bá-
sicos e de uso conjunto para a obtenção e a análise dos dados na AP. Nos itens a 
seguir, alguns desses instrumentos serão detalhados, considerando as principais 
operações do cultivo vegetal.
Você encontra uma explanação prática de como usar um kit básico para a 
agricultura de precisão, com dicas importantes sobre a instalação e o uso das tecnologias, 
no link: https://www.youtube.com/watch?v=1fPjy0KDCQA.
DICAS
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
112
2.2.1 Barra de luzes
Uma das ferramentas de grande eficácia da agricultura de precisão é a orien-
tação das máquinas agrícolas de forma a evitar a sobrepassagem e, ao mesmo tempo, 
precisar a adjacência das faixas de passagem dos insumos, adubos e corretivos. 
Por métodos convencionais, a aplicação em faixas adjacentes pode ser feita 
pelo uso de marcadores de espuma, pela orientação das fileiras de plantio, pelos ris-
cadores de solo, entre outros. O objetivo desses métodos é evitar a sobreposição, o 
consequente aumento de custo e falhas, as quais podem comprometer a eficiência da 
distribuição do insumo ou controle fitossanitário. Nesse sentido, a AP desenvolveu 
novas técnicas, ferramentas e conceitos, dentre eles a barra de luzes (Figura 9).
FIGURA 9 – MONITOR COM A DISPOSIÇÃO DA BARRA DE LUZES PARA A MARCAÇÃO DE 
OPERAÇÃO
FONTE: Tecnoparts (2020, s.p)
A barra de luzes, como as demais tecnologias da AP, tem seu funcionamen-
to ligado a outros equipamentos, como o painel luminoso (display), o controle com 
botões de acionamento e o receptor GPS (Sistema de Posicionamento Global). 
O painel luminoso é um conjunto de luzes (LEDs) que se acendem na 
medida em que o veículo se afasta do alinhamento predeterminado, in-
dicando ao operador a correção necessária no percurso. É comum tam-
bém a existência de um visor que pode informar ao operador qual o erro 
em metros em relação ao alinhamento predeterminado, qual o tiro da 
aplicação, dentre outras informações (BAIO; ANTUNIASSI, 2003, p. 1).
Os equipamentos embarcados nos modelos mais avançados são capazes 
de operar tanto em linha reta quanto curva, fazendo com eficiência as manobras 
de final de linha. Para operá-lo, inicialmente o operador deve localizar os pontos 
inicial e final em um alinhamento de referência. A partir desses pontos, o equipa-
mento detectará automaticamente a manobra final do alinhamento, indicando o 
posicionamento seguinte. 
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS PARA AGRICULTURA DE PRECISÃO
113
A tecnologia da barra de luzes é comumente utilizada para pulverizações aé-
reas e na pulverização terrestre, através do uso dos autopropelidos e pulverizadores 
de barras. Outro uso em expansão da barra de luzes é na distribuição de corretivos 
de solo a lanço. Na semeadura, o equipamento pode fazer uma acentuada diferença, 
porém exige o uso de um GPS geodésico, o qual dispõe de precisão milimétrica, mas 
tem um custo elevado de aquisição, o que deve ser considerado pelo agricultor.
Entre as vantagens do uso das barras de luzes, estão:
Maior utilização do GPS na propriedade, diluindo seu custo, maior 
acurácia no alinhamento, possibilidade de retorno ao ponto de parada 
da aplicação, pode ser utilizada durante a noite, pode ser utilizada em 
qualquer estágio de desenvolvimento da cultura, a barra de luz não 
possui problemas com tiros longos, pode-se aumentar a velocidade 
da aplicação, sua utilização melhora a ergonomia para o operador, a 
barra de luz não tem problema com a velocidade do vento (BAIO; AN-
TUNIASSI, 2003, p. 1).
As vantagens do uso do equipamento, principalmente as relacionadas à 
precisão, dependem da habilidade do operador em corrigir, se necessário, a rota 
de aplicação e da precisão do GPS no fornecimento da informação de posicio-
namento. Em um estudo comparativo realizado por Baio e Antuniassi entre o 
método de marcação por espuma e um autopropelido com barra de luzes, os 
resultados foram favoráveis para o uso da tecnologia da AP.
Foi comparada a precisão média obtida com o marcador de linha por 
espuma e uma barra de luz instalada com um GPS Trimble Ag110 em 
um pulverizador autopropelido operando em reta e em curva. Nesse 
trabalho, foi observado que a precisão da barra de luz operando em 
reta foi de 0,40 m e operando em curva foi de 0,60 m, enquanto que a 
precisão obtida com o marcador de linha foi de 1,0 m (BAIO; ANTU-
NIASSI, 2003, p. 2).
Diante da eficiência da tecnologia, o agricultor deve realizar cálculos para 
conferir seu custo e benefício. Além disso, deve realizar a capacitação do opera-
dor para obter o máximo de vantagem possível com o uso da barra de luzes.
2.2.2 Sensores e atuadores
Os sensores podem ser definidos como conversores de grandezas físicas 
em sinais elétricos, enquanto atuadores são componentes que realizam a conver-
são da energia elétrica, hidráulica e pneumática em energia eletrônica ou mecâni-
ca (Figura 10). Como componente desse conjunto, a unidade de controle é respon-
sável pelo gerenciamento e monitoramento dos parâmetros de operacionalização 
necessários para a realização das tarefas.
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
114
Os sensores e atuadores ou transdutores são utilizados em conjunto. Para 
diferenciá-los, podemos associar a palavra sensor a perceber; e atuador a levar a 
frente, ou seja, o sensor detecta e transforma em sinal, e o atuador grava e transfe-
re para outro sistema de forma convertida. Todo atuador possui um sensor, e boa 
parte dos sensores têm, de maneira embutida, atuadores. Os sensores são capazes 
de detectar e sinalizar luz, calor, movimento, umidade, pressão ou qualquer ou-
tra variável detectável em um ambiente.
FIGURA10 – EXEMPLIFICAÇÃO DE UM SENSOR E ATUADOR
FONTE: Silveira (2018, s.p. )
Os sensores podem ser ativos ou passivos:
Ativos: medem pela emissão de energia para o ambiente ou pela modifi-
cação promovida pela energia no respectivo ambiente (sensores de laser, ultras-
som, contato).
Passivos: não emitem, apenas recebem energia do ambiente (sensores óp-
ticos).
Pelo tipo de grandeza mensurada, os sensores podem ser de distância 
(laser, ultrassom), de posicionamento absoluto (GPS), ambientais (temperatura, 
umidade) e de inércia (aceleração, velocidade). A Tabela 6 exemplifica alguns mo-
delos de sensores com os estímulos de entrada e sinais de saída.
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS PARA AGRICULTURA DE PRECISÃO
115
TABELA 6 – EXEMPLOS DE FORMATO DE SENSORES DE ACORDO COM O ESTÍMULO E SINAL
FONTE: Silveira (2018, s.p.)
Sensores Estímulo Sinal
Acústico
Onda (amplitude, fase, 
polarização), espectro e 
velocidade de onda.
Elétrico
Carregamento, corrente, 
tensão, permissividade e 
condutividade.
Magnético
Campo magnético, fluxo 
magnético e permeabili-
dade.
Óptico
Onda (Amplitude, fase, 
polarização), velocidade de 
onda, índice de refração, 
emissividade, absorção e 
refletividade.
Térmico
Temperatura, fluxo, calor 
específico e condutividade 
térmica.
Mecânico
Posição (linear, angular), 
aceleração, força, massa, 
densidade, momento, tor-
que e orientação.
Atuadores: a potência mecânica gerada pelos atuadores é responsável 
pela sua movimentação. Para tal, é enviada aos elos pelos sistemas de transmis-
são, proporcionando a movimentação. Os atuadores são classificados pelo tipo de 
energia que utilizam em hidráulicos, pneumáticos e eletromagnéticos.
Unidade de controle: responde pelo gerenciamento e monitoramento dos 
parâmetros operacionais requeridos para realizar tarefas. Os comandos de movi-
mentação enviados aos atuadores são originados de controladores de movimento 
e baseados em informações obtidas pelos sensores (FELIZARDO; BRACAREN-
SE, 2005). Assim, são capazes de oferecer aos atuadores sinais de erros, que serão 
transmitidos aos sistemas.
Tanto as unidades de controle quanto os atuadores são ferramentas de-
senvolvidas para viabilizar os dados e sinais detectados pelos sensores. Dessa 
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
116
forma, fazem parte dos sistemas de sensoriamento. De maneira geral, a vasta 
quantidade de sensores disponíveis no mercado pode ser dividida em dois gru-
pos: direto e remoto. Ambos têm por finalidade obter dados eletronicamente para 
a automatização de processos ou para tomada de decisões. A Tabela 7 apresenta 
as principais aplicações dos sistemas de sensoriamento na agricultura.
TABELA 7 – PRINCIPAIS APLICAÇÕES DOS SISTEMAS DE SENSORIAMENTO NA AGRICULTURA
FONTE: Adaptado de SENAR (2015)
Área de aplicação Detalhamento
Índices de vegetação
Utilizados para desenvolver índices de vegetação, como indicadores de 
crescimento da cultura; do estado nutricional e da produtividade; reflec-
tância espectral de culturas (sinais de estresses bióticos e abióticos do 
ambiente); avaliação do estado nutricional; estimação do crescimento e 
monitoramento das condições da planta; e estimativa de produtividade 
das culturas.
Características
de solo
Usado para medições das características do solo em escala de campo e em 
tempo real. Esta aplicação proporciona agilidade e eficiência, com obten-
ção de dados in situ (nas condições reais de campo).
Condutividade elétrica
Realizada com o auxílio de GPS, tem sido utilizada para determinar a tex-
tura e outras propriedades do solo. Obtém significativa correlação com o 
resultado de análises dessas características com os laboratórios e integra os 
efeitos da argila (tipo e quantidade) e teores de sal (cátions e ânions solúveis).
Considera toda a massa de solo, representando bem a condição real.
Outros levantamentos
Levantamento de características do solo, como o teor de matéria orgâ-
nica, com o uso de técnicas de mapeamento por sensoriamento remoto, 
importantes para a tomada de decisões técnicas do produtor. Permite 
acompanhar o dinamismo das alterações rápidas do ambiente da lavoura 
com a coleta dessas informações, que podem ser a base para a aplicação 
dos insumos adequados em tempo real.
A diferença entre sensoriamento direto e indireto está no contato ou não 
com o elemento a ser sinalizado. Por exemplo, o sensoriamento direto é realizado 
pelo contato físico do sensor com o solo, planta, fruto, umidade, pH etc. Já o re-
moto é atribuído à observação indireta, como a observação terrestre ou aquática 
a distância, que resulta em imagens aéreas e imagens de satélites (SENAR, 2015).
Embora automatizado, o sistema de sensoriamento somente terá êxito 
com a correta postura do operador na manutenção das máquinas, na leitura e 
interpretação dos dados e na calibração periódica dos sensores. A calibração deve 
ser feita de acordo com o manual do fabricante e, em alguns casos, varia conforme 
a cultura em questão e/ou a operação a ser realizada. Mas, atenção: não calibrar 
significa comprometer a qualidade e a confiabilidade dos dados gerados.
2.2.3 Piloto automático
Há algum tempo, imaginar um trator ou colhedora movimentando-se ou 
realizando uma operação sem o condutor era impossível. No entanto, a AP já uti-
liza esse instrumento para garantir eficiência em suas operações. 
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS PARA AGRICULTURA DE PRECISÃO
117
O mecanismo consiste em um controlador de direção acoplado ao trator, 
que recebe informações do satélite por meio de uma antena instalada no 
teto do equipamento e as envia diretamente para as válvulas eletrônicas 
que comandam a direção do equipamento. Esse comando aciona os ci-
lindros hidráulicos que, por sua vez, determinam o direcionamento das 
rodas. Além de evitar falhas nas aplicações ou sobreposição entre passa-
das, proporciona maior conforto ao operador, cuja finalidade principal 
passa a ser monitorar o equipamento (SENAR, 2015, p. 66).
O uso do piloto automático permite o desenvolvimento do trabalho se-
guindo linhas previamente desenhadas pelo sistema de posicionamento, bem 
como armazenar os dados para operações futuras, integrando as operações auto-
matizadas na bases de dados da AP. Diferentes modelos de tratores e máquinas 
podem receber o sistema de pilotagem automático, que é eletrohidráulico e de 
simples instalação e manutenção.
A operacionalização do piloto automático demonstra a evolução das téc-
nicas de uso do GPS, somando esse a outras técnicas de automação, como o uso 
do sistema RTK (Real Time Kinematic):
Onde o sinal de correção, a ser utilizado nas passagens é obtido a 
partir de uma base fixa, que corrige o posicionamento dado pelo si-
nal dos satélites e repassa ao receptor móvel (trator e outros veículos 
agrícolas) via comunicação de rádio em ondas UHF, garantindo uma 
acurácia estática no posicionamento em torno de 0,025 m (OLIVEIRA; 
MOLIN, 2011, p. 335). 
 
O sistema é eficaz, porém, depende da capacidade do operador de criar 
uma linha de referência que definirá o espaçamento entre as passadas. A partir 
dessa linha, o software do sistema RTK replica linhas para ambos os lados do ve-
ículo, sendo o posicionamento corrigido automaticamente. A correção de trajeto 
é realizada utilizando o sensoriamento do volante e do rodado. Dependendo do 
nível tecnológico do modelo do equipamento, o operador poderá acompanhar os 
dados e assumir o controle durante as manobras de cabeceira (OLIVEIRA; MO-
LIN, 2011). O sistema de pilotagem automática pode ser do tipo elétrico, como 
nos primeiros modelos, ou hidráulico, que é o mais atual. Assim como outras téc-
nicas da AP, esse sistema é utilizado em conjunto com outras tecnologias, como 
a barra de luzes e os mapas de produtividade, além do sistema de sensoriamento 
e georreferenciamento.
Entre os benefícios dos sistemas de piloto automático estão (RAUPP, 
2012):
• Menor estresse para o operador, que pode monitorar de forma mais segura e pre-
cisa outros equipamentos utilizadosem sua jornada de trabalho. 
• Maior produtividade, ao permitir maiores velocidades de operação, inclusive du-
rante a noite. 
• Maior acurácia no seguimento das trajetórias previamente definidas durante todo 
o dia, reduzindo custos e melhorando a utilização do solo. 
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
118
• Capacidade de seguir qualquer tipo de trajetória existente no campo (retas, curvas, 
pivô), com uma margem de erro inferior a cinco centímetros. 
• Operar nas faixas de velocidades compreendidas entre 3 e 25 km/h. 
• Tempo de aproximação a trajetória inferior a dez segundos, com baixa sobrepas-
sagem. 
• Zelo pela segurança do condutor. 
• Robustez, sendo capaz de operar nos mais variados modelos de máquinas agríco-
las e em qualquer tipo de solo (planos e acidentados). 
• Fácil instalação e manutenção. 
Um sistema hidráulico de pilotagem automática geralmente consiste em 
uma válvula hidráulica conectada a um cilindro de direção do veículo, que será 
responsável pelo acionamento do sistema. De maneira mais detalhada, um piloto 
automático, dependendo do fabricante e da máquina, é composto por: 
Um sensor (rotativo e absoluto) é instalado em uma das rodas do veí-
culo para obtenção do ângulo das mesmas. [...] a posição absoluta do 
veículo é obtida via receptores GPS instalados sobre a cabine (ou na área 
mais elevada e livre de obstáculos do veículo) enviando continuamente 
as informações de localização geográfica (latitude e longitude), orienta-
ção em relação ao norte geográfico da Terra e a velocidade (em módulo) 
do veículo, para o computador de bordo (RAUPP, 2012, p. 16). 
Portanto, as informações passarão para a decodificação e cálculo de erro 
da trajetória (sistemas DGPS ou RTK), que é mensurado em relação às informa-
ções armazenadas no sistema de dados do veículo. Nesse momento, deve-se con-
siderar a velocidade do veículo sob responsabilidade do operador, que está em-
basada nas informações do protocolo CAN. 
O controlador deve então realizar a leitura do sensor de posição das 
rodas, e calcular a lei de controle em tempo hábil, enviando o sinal de 
comando para os atuadores. Além destas funções, o circuito do contro-
lador deve obter a inclinação do veículo (ângulos de roll e pitch), além 
de gerenciar rotinas de segurança, enviando esses dados, e qualquer 
outra informação que seja de interesse do agricultor ou do projeto 
(RAUPP, 2012, p. 16).
A Figura 11 ilustra o fluxo de informações do sistema de pilotagem automá-
tica de um trator, desde a recepção dos dados até o processamento dos parâmetros.
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS PARA AGRICULTURA DE PRECISÃO
119
FIGURA 11 – FLUXO BÁSICO DE INFORMAÇÕES NO FUNCIONAMENTO DO PILOTO 
AUTOMÁTICO
FONTE: Raupp (2012, p. 16)
Em todo o sistema, estão envolvidos vários modelos matemáticos, tanto 
para a interpretação quanto para a leitura dos dados, como o que ocorre no sen-
soriamento de ângulo de inclinação do veículo e na correção de erros de coorde-
nadas de posicionamento de GPS. As teorias da física e matemática dão o suporte 
desde a coleta até a interpretação dos dados finais na maioria dos sistemas de AP.
No link https://bit.ly/2zKUAVf, você terá acesso ao artigo Uso de piloto auto-
mático na implantação de pomares de citros, de Tiago Oliveira e José Molin, que traz uma 
importante discussão sobre o uso dessa tecnologia! Confira!
DICAS
2.2.4 Computador de bordo
Os computadores de bordo são equipamentos capazes de transformar as 
informações geradas pelos demais componentes da AP, como GPS, sensores, atu-
adores etc. em dados que possam ser compreendidos e interpretados pelo opera-
dor e/ou agricultor. Pode-se dizer que eles estão entre as ferramentas e os objeti-
vos de cada operação da AP. Por exemplo, em uma operação de pulverização, o 
GPS determina as coordenadas iniciais de localização. O sistema de sensoriamen-
to sinaliza dados, como velocidade de movimentação e consumo de combustível, 
que são enviados a um sistema de computador de bordo para gerar informações, 
como o tempo necessário para desenvolver a operação (velocidade/km) e o custo 
da operação. De posse desses dados, o operador ou gestor pode realizar diversos 
desdobramentos, como área/dia/hora a ser trabalhada, prever valores necessários 
para as diferentes operações de uma safra ou fase, entre outras ações que podem 
ser importantes na tomada de decisões.
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
120
Os computadores de bordo também podem informar níveis de combustí-
vel, a temperatura, estimar a necessidade de manutenção, mostrar erros de per-
curso e de desenvolvimento, proporcionar conexão com redes de comunicação e 
monitoramento remoto (wi-fi, Bluetooth, GPRS, DoR), entre outras informações. 
São equipamentos imprescindíveis para o sistema de piloto automático, de barra 
de luzes, de gestão e de produção e interpretação de mapas de variabilidade es-
paço-temporal. 
Os computadores de bordo (Figura 12) das máquinas agrícolas normal-
mente estão fixados nas cabines das colhedoras, tratores e pulverizadores auto-
propelidos. Eles são compostos por sistemas de armazenamento e processamento 
de dados, softwares e outras programações específicas, como o datalogger, que já 
visto em itens anteriores.
FIGURA 12 – EXEMPLO DE COMPUTADOR DE BORDO ACOPLADO A UM TRATOR AGRÍCOLA
FONTE: Deere (2019, s.p.)
É importante ressaltar a capacidade do computador de bordo na integra-
ção das informações da máquina. Portanto, para o uso agrícola, ele deve ter o 
implemento de vedação de poeira e água e resistência à vibração e trepidação. 
2.3 SISTEMAS COMERCIAIS DA AGRICULTURA DE PRECISÃO
Para Inamasu e Bernardi (2014) a AP, apesar dos intensos processos de 
aperfeiçoamento, ainda preserva elementos que necessitam ser aprimorados. Os 
autores apresentam um organograma (Figura 13) com a pretensão de listar cau-
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS PARA AGRICULTURA DE PRECISÃO
121
sas a serem consideradas diante da variabilidade e do grau de dificuldade envol-
tos na visão pontual das especificidades dos sistemas produtivos. 
Os autores citam Molin (2004), que lista causas de variabilidade e grau de 
dificuldade para a sua intervenção e conclui que muitas das prováveis causas são 
do tipo que não permitem intervenções, e sim exigem a convivência.
FIGURA 13 – CICLO DA AGRICULTURA DE PRECISÃO EM TRÊS ETAPAS
FONTE: Inamasu e Bernardi (2014, p. 23)
Com a crescente exigência e demanda por aprimoramento e resultados, o 
consumo das tecnologias da AP está em amplo processo de crescimento. O uso 
dos autopropelidos e das colhedoras cada vez mais automatizadas coloca os ins-
trumentos da AP nas propriedades agrícolas em diferentes proporções e deman-
da pesquisas de desenvolvimento cada vez mais adequadas às questões ambien-
tais, com um reduzido custo de aquisição pelo agricultor.
Nesse sentido, ocorrem esforços também para a otimização do uso dos 
instrumentos da AP, conforme ilustra a Figura 13. O fluxo em 3 etapas deve ser 
seguido, analisado e aplicado pelo produtor. A aquisição e o correto uso dos equi-
pamentos não terão seu aproveitamento máximo caso o produtor não faça a cor-
reta leitura, interpretação, planejamento e aplicação dos resultados obtidos. 
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
122
2.4 MAPAS DE ATRIBUTOS DE SOLO
Os mapas de atributo de solo são um importante instrumento para o al-
cance da precisão. Eles permitem ao agricultor diagnosticar, do ponto de vista 
químico e físico, parte a parte de sua área produtiva e proceder à correção e tra-
tamento necessários, de acordo com cada leitura. Para atender a essa perspectiva, 
consolida-se no mercado a tecnologia de aplicação à taxa variável VRT (Variable 
Rate Technology), desenvolvida em máquinas agrícolas para permitir a aplicação 
controlada de insumos. Ela é utilizada na fertilização, mas também em pulveriza-
ções e algumas operações específicas de plantio. 
Normalmente, necessitam de controle automático de velocidade e re-ceptor GNSS instalado na máquina agrícola para reconhecimento da 
coordenada geográfica de onde se localiza. Contam com um sistema 
computacional de apoio prévio para estudo e geração de mapa de re-
comendação (SOUSA; LOPES; INAMASU, 2014, p. 216).
A tecnologia VRT normalmente é aplicada em conjunto com o piloto au-
tomático, ampliando ainda mais a precisão. O mapeamento dos solos é uma das 
aplicações da AP mais utilizadas. Obtido por análises de solo, ele proporciona a 
tomada de decisão sobre adubação em taxas variáveis. 
A aplicação de fertilizantes e corretivos em taxa variável, diferente do tra-
tamento por médias da agricultura convencional, proporciona melhor produtivi-
dade e eficiência no uso de nutrientes, resultando em uma redução da poluição 
ambiental (BERNARDI et al., 2004). A Figura 14 mostra um comparativo do nível 
de cálcio em uma área usando a amostragem por média (B) e a amostragem pelas 
técnicas da AP (A).
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS PARA AGRICULTURA DE PRECISÃO
123
FIGURA 14 – NÍVEL DE FERTILIDADE DO ELEMENTO CÁLCIO EM AGRICULTURA DE PRECISÃO 
(A) E AMOSTRAGEM TRADICIONAL (B). BELA VISTA DO PARAÍSO, 2013
FONTE: Almeida (2016, p. 60)
Os mapas (A) e (B) da Figura 14 permitem, em rápida interpretação, con-
cluir que:
 
O mapa de teor de Ca para AT e AP numa área de 8,34 ha, onde foi 
observado 0,63 cmolc dm-³ de cálcio em AT, índice considerado baixo 
(ALVARES et al., 1999a). Em AP, em torno de 0,75 ha obtiveram-se ní-
veis de cálcio de 1,05 a 1,25 cmolc dm-³, considerados valores médios 
para o elemento. Já os outros 7,59 ha da AP apresentaram níveis de 
0,41 a 1,04 cmolc dm-³ Ca, valores considerados baixos. Podemos ob-
servar que se realizada a calagem através da agricultura tradicional 
haverá um desperdício de calcário numa área de 0,75 ha onde os níveis 
são considerados médios, não necessitando de aplicação do mesmo 
(ALMEIDA, 2016, p. 58).
Esses e muitos outros resultados evidenciam a eficácia da AP relacionada à 
amostragem de solos, pois possibilita a correção adequada, o consequente aumento 
de rentabilidade, além de assegurar o uso eficiente dos recursos financeiros.
Uma das metodologias mais utilizadas para a amostragem de solo na AP 
é a amostragem com malhas regulares. De maneira geral, o que mais varia nesse 
tipo de amostragem é a forma de retirada do solo da área de amostragem, que 
pode ser manualmente com o uso de um enxadão, até com equipamentos de AP 
acoplados aos tratores.
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
124
É importante considerar que a principal diferença entre a amostragem 
de solo realizada na agricultura convencional e na AP é o critério de coleta e a 
representatividade das amostras, que estão naturalmente interligadas. O critério 
da AP é a variabilidade, normalmente dada pelos mapas de variabilidade, e a 
representatividade está vinculada ao número de amostras por área. Por exemplo, 
na agricultura convencional, uma gleba com 10 hectares pode ser considerada ho-
mogênea e compor uma única amostra, composta ou não. Já na AP, essa mesma 
área corresponderia a uma amostra composta subdividida em subglebas de 1, 2 
ou 2,5 hectares, considerando os mapas de variabilidade. 
Esta subdivisão é o que se pode chamar de malha de amostragem ou 
grade de amostragem. É como se pegássemos a área e colocasse sobre 
ela uma malha quadriculada, onde cada quadricula corresponde a 1 
hectare por exemplo. Neste caso, dentro desta gleba teríamos, portan-
to, 10 subglebas ou 10 grades de amostragem. Para cada subgleba será 
georreferenciado um ponto central. Neste ponto central será realizado 
uma amostragem de solo, outros pontos serão amostrados para com-
por a amostra representativa, pode-se coletar dentro desta subgleba 
de 20 a 30 pontos aleatórios para compor a amostra composta desta 
subárea ou fazer uma amostragem pontual na qual as subamostras são 
coletadas em um raio de 3 a 6 m do ponto central. Portanto neste caso, 
seriam realizadas 10 amostragens de solo para esta área de 10 hectares 
com uma grade de 1 hectare (OLIVEIRA, 2013, p. 1).
 
Quanto menor o quadro de amostra, mais preciso o processo. Contudo, não 
há uma regra geral. Assim, a definição deve partir da indicação técnica perante a 
análise dos mapas de variabilidade de produtividade, por exemplo, ou da análise 
visual de diferenças de textura e estrutura. Nessa definição, o agricultor deve consi-
derar também o custo do processo, seja da coleta ou posterior à análise laboratorial. 
A malha amostral pode variar quanto ao formato, podendo ser triangular, 
quadricular, retangular ou hexagonal (Figura 15).
A configuração de malha mais difundida é a quadricular, tanto pela maior 
simplicidade de geração nos diferentes softwares, quanto pela maior fa-
cilidade de orientação e localização dos pontos amostrais no campo. Ma-
lhas retangulares são preferidas quando a variabilidade espacial dos atri-
butos do solo é mais pronunciada em uma direção (ex. Leste para Oeste). 
Isso pode ser observado em área com declive. Desta forma, utilizando 
malha retangular [...] os pontos amostrais poderiam ser dispostos mais 
próximos na direção transversal ao declive (maior variabilidade espacial) 
e ser dispostos mais espaçados na direção longitudinal ao declive (menor 
variabilidade espacial) (SANTI et al., 2016, p. 83).
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS PARA AGRICULTURA DE PRECISÃO
125
FIGURA 15 – ILUSTRAÇÃO DAS ETAPAS DE ELABORAÇÃO DO MAPA AMOSTRAL PARA A 
REALIZAÇÃO DA COLETA DE SOLO
FONTE: SANTI et al. (2016, p. 84)
A sequência do processo pressupõe a escolha de um laboratório de con-
fiança e, de posse dos resultados, a emissão dos mapas de fertilidade que, por sua 
vez, nortearão a aplicação dos fertilizantes e corretivos em taxa variável. 
SANTI et al. (2016) alertam para um aspecto importante relacionado ao 
uso e a aplicação de tecnologias, refletindo que, em algumas ocasiões, uma gama 
de tecnologias não é mais eficiente que a observação do agricultor ou técnico. 
Segundo os autores, isso significa “ir à lavoura, de talhão por talhão, e observar 
problemas que não aparecem em análises de solo, e consequentemente não se 
identifica como fator limitante, como a erosão laminar ou em sulcos ou a falta de 
biodiversidade edáfica” (SANTI, et al., 2016, p. 260).
2.5 MAPAS DE RENDIMENTO E DE CUSTOS
Os programas de coleta e análise de informações que compõem os siste-
mas de informação da AP são importantes instrumentos de gestão das proprie-
dades. Todas as informações são processadas e geram dados, como rendimento 
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
126
e custo por área trabalhada, por cultura, por operação, por hora, entre outros 
diversos recortes que o gestor queira analisar. O acompanhamento e a análise 
desses dados pelo agricultor deve considerar que, entre os elementos a serem 
considerados na gestão, um deles é a análise pontual sobre o custo de aquisição 
e manutenção da AP, tecnologia que ainda apresenta custos considerados eleva-
dos, os quais precisam ser diluídos em seus benefícios de maneira eficiente, o que 
pressupõem o conhecimento detalhado de sua composição e variabilidade. 
Uma das bases para esses sistemas de gestão são os mapas de produtivida-
de e rendimento, capazes de gerar informações sobre custos, lucro e espacialização 
da produtividade ou rendimento, conforme melhor visualizado na Figura 16. 
FIGURA 16 – EXEMPLO DE ESPACIALIZAÇÃO DOS VALORES DE PRODUTIVIDADE DE GRÃOS (KG 
HA-1)
Nota: (A) receita líquida (R$ ha-1) (B) da cultura da soja, safra 2010/11.
FONTE: Russini, et al. (2016, p. 131)
A Figura 16 é resultado de um estudo de caso desenvolvido pelos autores 
no Rio Grande do Sul. Ainda que os resultados tenham sido considerados acima 
da nacional, o mapeamento de custos e produção forneceu importantes informa-
ções sobre a variabilidade dentro da área de cultivo. Segundo os autores: 
O mapeamento dos custos de produção, receitas e resultados econô-
micos fornecem informações importantes para subsidiar futurases-
tratégias de manejo e investimentos na área. Indica-se a análise eco-
nômica de pelo menos 3-4 safras, incluindo diferentes culturas, para 
obter padrões consistentes de variabilidade espacial da lucratividade 
da lavoura. Com base nisso, sub-regiões da lavoura (zonas) menos 
lucrativas devem ser manejadas diferentemente de sub-regiões mais 
lucrativas (Russini et al., 2016, p. 136-134).
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS PARA AGRICULTURA DE PRECISÃO
127
Esta é a função, de maneira simplificada, dos mapas de produtividade: 
permitir ao agricultor precisão no uso de técnicas de manejo, em que a AP pre-
coniza a visão “talhão a talhão” ou “planta a planta”, e englobar essa visão aos 
aspectos de gestão financeira da propriedade.
As metodologias de coleta de informações que baseiam os mapas são es-
pecíficas de cada cultura. Para grãos, por exemplo, sensores instalados na pla-
taforma de colheita e no elevador de grãos fundamentam os principais dados, 
norteados pelas informações dos programas de georreferenciamento, que aferem 
os aspectos de localização espacial. 
É importante salientar que se discute atualmente a avaliação do solo via 
imagens de satélite e drones, usando os princípios da reflectância (radiação re-
fletida ou emitida), ou o uso de sensores que medem a condutividade elétrica 
do solo e mensuram as suas condições físico-químicas. Esses métodos já apre-
sentam resultados compatíveis com os métodos tradicionais e trazem vantagens 
importantes aos produtores. No entanto, ainda precisam de estudos de aferição 
e especialização que os habilite, entre outros aspectos, a diferenciar as causas das 
diferenças de reflectância para assegurar suas leituras e interpretações.
2.6 APLICAÇÃO DE PRODUTOS EM TAXA VARIÁVEL
A aplicação de insumos a taxas variadas pode ser utilizada para fertilizan-
tes, corretivos, agrotóxicos, produtos biológicos, para a adubação no processo de 
semeadura, tendo como base os mapas de produtividade e, mais recentemente, 
para a aplicação de fertilizantes em tempo real e o sensoriamento do estado nutri-
cional das plantas. As metodologias de aplicação em taxa variável estão em pleno 
uso na AP, porém, em constante processo de aprimoramento e aferição, buscando 
melhor sinalizar e interpretar os dados.
Atualmente, os sensores de vegetação são ópticos e utilizados para men-
surar o teor de nitrogênio das plantas. De maneira simplificada, atuam pela de-
tecção e mensuração das bandas de absorção da clorofila e espectros de luz re-
lacionados à coloração da vegetação, pré-relacionando, por exemplo, sintomas 
como o amarelecimento das plantas à falta de nitrogênio (RUSSINI et al., 2016). 
O mesmo autor alerta que, apesar de estudos que certificam o uso desses pa-
râmetros como eficientes para a determinação do estado nutricional da planta, 
alguns cuidados devem ser tomados em relação a condições associadas, como 
a influência de fatores bióticos e abióticos, aos quais se pode atribuir a causa do 
amarelecimento das plantas. 
Para a aplicação em taxa variável, após a aquisição dos dados, interpreta-
ção e determinação das quantidades específicas para cada talhão analisado (ma-
nualmente ou de forma automatizada), esses dados devem ser transferidos em 
arquivo digital para os programas de computação de bordo que, devidamente 
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
128
configurados, irão utilizar os dados de posicionamento global (GPS) para deter-
minar a localização da máquina e do referido ponto do mapa de prescrição. As-
sim, o computador enviará os sinais para os atuadores, que farão a regulagem 
de vazão de acordo com cada equipamento de aplicação (PEREIRA, 2019). Esse 
procedimento se repetirá ao longo do deslocamento da máquina por toda a área 
mapeada.
2.7 DIAGNÓSTICO DE FALHAS E CORREÇÃO DE 
EQUIPAMENTOS
O diagnóstico de falhas na AP é um processo contínuo de análise de da-
dos e imagens. Ele pode iniciar pela correção do posicionamento dado pelo DGPS 
(correção via satélite submétrico), que se faz necessário em virtude do erro de 
precisão nos sistemas GPS, calculado entre 5 e 10 m. Sendo assim, na agricultura, 
os três tipos de GPS mais precisos são: 
DGPS (correção via satélite, submétrico), GPS absoluto com correção 
por algoritmo (também submétrico, mas possui uma degradação da 
precisão em relação ao tempo, mas funciona muito bem para direcio-
namento manual), e o RTK (“Real Time Kinematic”, milimétrico). Claro 
que dependendo da precisão desejada para uma determinada aplica-
ção na agricultura é necessária uma ou outra tecnologia de correção 
dos erros GPS. Por exemplo, não é preciso GPS RTK para fazer mapas 
de produtividade do algodão, mas certamente é necessário para fa-
zer “plantio do adubo” técnica com grande expansão no oeste baiano 
(ANTUNIASSI et al., 2016, p.2).
A correção dos dados de posicionamento ocorre, portanto, de forma auto-
mática com o uso do DGPS, sistema indispensável no uso do piloto automático e 
em aplicações em taxa variada. 
Alguns programas em uso nos computadores de bordo realizam a teleme-
tria das máquinas com a referida tecnologia remota. Pela telemetria, o gestor pode 
ficar atento a dados de consumo fora do normal, como de combustível, falhas na 
queda de sementes, na umidade dos grãos em colheita, quedas de produtividade, 
entre outros aspectos que podem apontar falha mecânica, de aferimento ou fun-
cionamento dos sensores envolvidos. Os programas de telemetria podem apontar 
rapidamente o problema sinalizado e, em alguns casos, dar um diagnóstico das 
causas possíveis. Logo, o alerta ao gestor ou diretamente ao operador pode garantir 
a correção, evitando problemas de manejo e garantido a eficiência produtiva.
A referida possibilidade reforça ainda mais a necessidade de o gestor 
acompanhar detalhadamente os relatórios, realizar o monitoramento e avaliar as 
operações em campo.
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS PARA AGRICULTURA DE PRECISÃO
129
2.8 USO DE VEÍCULOS AÉREOS NÃO TRIPULADOS (VANT) 
NA AGRICULTURA DE PRECISÃO
O termo VANT é utilizado para designar Veículos Aéreos Não Tripulados 
controlados remotamente. Em consenso mais recente da ANAC, surgem as Aero-
naves Remotamente Pilotadas (RPAS), tidas como um subgrupo dos VANT. Inter-
nacionalmente, RPAS deriva da sigla Remotely Piloted Aircraft System e é o termo 
técnico e padronizado pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) 
para se referir aos sistemas de aeronaves remotamente pilotadas e utilizadas com 
propósitos não recreativos. O termo drone é popularmente utilizado para qualquer 
veículo aéreo não tripulado e não é reconhecido formalmente (PEDROSA, 2015).
O uso das RPAS na agricultura atende uma das necessidades mais laten-
tes da AP, a disponibilização de informações de forma rápida e precisa, consi-
derando principalmente os estágios críticos das culturas relacionados a ataques 
de insetos, fungos e/ou outros organismos indesejáveis na produção. Portanto, o 
rápido diagnóstico pode indicar o nível de dano e a forma/urgência de reação de 
manejo. Outro aspecto atribuído as RPAS é a redução do uso e custos com com-
bustível e, indiretamente, de danos físicos à cultura. 
Inicialmente, os primeiros exemplares apresentavam algumas restrições 
de uso pela dificuldade de manutenção e suporte de carga, necessitando do au-
mento do número de voos, principalmente em áreas maiores de terra, comuns na 
AP. Com o aprimoramento da tecnologia, além da ampliação da capacidade de 
carga, realizou-se a adaptação nas RPAS de câmeras simples ou de comprimentos 
de onda vermelho, verde e azul (RGB). Essa nova funcionalidade ampliou o leque 
de possibilidades de uso e aplicação da tecnologia. 
A utilização de câmeras RGBs deu início ao conceito de “ver por cima”, 
que consiste em realizar vistorias rotineiras na lavoura, como falhas de 
plantas, focos de doenças, processos erosivos entre outras aplicações. 
Essa ferramenta passou a ser utilizada baseando-se nos conceitos bási-
cos do sensoriamento remoto (JORGE; INAMASU, 2014, p. 110).O uso de câmeras auxilia na verificação de focos de doenças e ataque de 
organismos danosos, bem como na verificação de falhas de plantio e elaboração 
de mapas de ataque ou incidência. Mais recentemente, com o surgimento dos 
sensores de leitura vegetal, o uso de RPAS ganhou uma ampliação de perspecti-
va, passando a utilizar sensores ópticos embarcados. 
A adaptação de sensores vegetação em RPAS, teve uma maior aceitação 
pelo fato de que as leituras com os mesmos normalmente são feitas ma-
nualmente pelo usuário, ou em certos casos, são adaptados nas máqui-
nas agrícolas no momento da aplicação de insumos, ou que apresentam 
a limitação, de leituras que necessitam ser feitas em outros estágios da 
cultura sem afetar a logística operacional das máquinas e o aumento de 
custos com combustível (JORGE; INAMASU, 2014, p. 109). 
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
130
Existem variações de modelos utilizados na agricultura (Figura 17), po-
rém, os componentes básicos são comuns para a operacionalização das RPAS. 
• Aeronave: modelo físico de veículo aéreo.
• Estação de controle em solo: Ground Control Station (GCS), é a base para planejamen-
to e acompanhamento da missão e do trabalho realizado remotamente, permitindo 
a visualização do mapa da área.
• GPS: sistema de posicionamento global acoplado, determina a localização espacial 
do veículo e das operações.
• Unidade de navegação inercial: o veículo não aceita comandos de movimento dire-
tamente ligados ao GPS devido à grande margem de erro. Por isso, recorre a uma 
unidade de navegação inercial (IMU) para garantir uma melhor precisão da posição. 
FIGURA 17 – ILUSTRAÇÃO DE MODELOS MAIS COMUNS DE RPAS
FONTE: Andrade (2013, p. 113)
O mesmo autor pontua as etapas que devem ser consideradas na utilização 
de uma RPA na agricultura de precisão:
• planejamento de voo; 
• voo com sobreposição; 
• obtenção das imagens georreferenciadas; 
• processamento das imagens; 
• geração de mosaico; 
• análise em uma ferramenta GIS; 
• geração de relatórios.
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS PARA AGRICULTURA DE PRECISÃO
131
O custo dessa tecnologia está cada vez mais acessível ao agricultor. No en-
tanto, o agricultor deve planejar, calcular e se capacitar para adquiri-la de forma 
a utilizar todo o seu potencial. 
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
132
LEITURA COMPLEMENTAR
AGRICULTURA DE PRECISÃO NO RIO GRANDE DO SUL
Resumo
A agricultura brasileira tem passado por uma série de transformações 
visando tornar os sistemas produtivos mais competitivos diante de uma conjun-
tura econômica desfavorável. Esse novo momento da agricultura exige que os 
agricultores invistam cada vez mais na tecnificação e gestão de suas atividades. 
Nesse cenário, a agricultura de precisão (AP) tem desempenhado um papel im-
portante devido ao constante aprimoramento de suas técnicas e ferramentas em 
nível de campo, bem como o desenvolvimento de novas tecnologias referentes à 
eletrônica embarcada em máquinas agrícolas, com o intuito de se obter melhor 
qualidade, otimização e redução dos custos de produção. 
Neste sentido, o presente trabalho tem por objetivo demonstrar através 
de estudos de caso, a importância da análise e da viabilidade econômica da apli-
cação das técnicas de AP. Diversos trabalhos realizados nessa área demonstram 
vantagens na utilização da AP, porém muitos agricultores desconhecem ou de 
certa forma negligenciam a análise econômica no processo de implantação de 
novas técnicas em suas propriedades ou aquisição de máquinas e equipamentos. 
A utilização das técnicas de AP independe do tamanho da propriedade, porém 
o nível de investimento e de recursos irá depender diretamente do tamanho e da 
capacidade de investimento de cada agricultor. 
Os resultados dos estudos de caso apresentados demostraram que a 
adoção de ferramentas de AP, tais como a aplicação de fertilizantes em taxa vari-
ada apresenta viabilidade e retorno do investimento a curto e médio prazo, mas 
alertam para a questão do planejamento, pois a AP envolve muito mais que o 
simples aumento no rendimento das culturas, racionalização no uso de insumos 
e redução nos custos de produção. Assim, dependendo da capacidade de investi-
mento do produtor rural, muitas vezes é preferível terceirizar algumas atividades 
em vez de investir em mão de obra e máquinas/equipamentos. Além disso, ver-
ificou-se que a AP tem uma grande potencialidade como ferramenta de gestão 
rural, gerando informações que podem subsidiar a tomada de decisão dos produ-
tores frente às futuras estratégias de manejo e investimentos.
Palavras-chave: gerenciamento rural, manejo localizado, planejamento de inves-
timentos, tecnologia, viabilidade econômica.
Introdução
A agricultura brasileira vem passando por intensas transformações, 
baseadas na modernização e intensificação dos processos produtivos. Dentre os 
agentes dessas transformações, destaca-se a agricultura de precisão (AP).
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS PARA AGRICULTURA DE PRECISÃO
133
Desde sua introdução no Brasil, no final da década de 90, até os dias atu-
ais, a AP tem constantemente evoluído, possibilitando ao produtor rural sua apli-
cação nas diferentes etapas do processo produtivo e como uma ferramenta de 
gerenciamento agrícola.
As ferramentas da AP têm sido amplamente adotadas em áreas de pro-
dução de grãos e cereais no centro-sul do Brasil. Mais recentemente, a AP tem 
expandido para áreas de algodão, cana-de-açúcar, café, citros e outras frutíferas, 
hortaliças e espécies florestais.
Os principais responsáveis por impulsionar o crescimento da AP são as 
universidades e os órgãos de pesquisa que geram as informações e dão o respaldo 
técnico/cientifico às ferramentas adotadas no campo, bem como as empresas de 
prestação de serviços e de máquinas agrícolas que atuam diretamente com o pro-
dutor rural e no desenvolvimento de novos equipamentos e aparatos tecnológicos.
Novas tecnologias requerem, em geral, maiores investimentos, no entan-
to, nem sempre esses investimentos em tecnologias garantem maior rentabili-
dade ao agricultor. Neste sentido, torna-se muito importante o conhecimento, 
capacidade interpretação e correlação entre fatores técnicos e econômicos envol-
vidos no planejamento dos investimentos e atividades agrícolas. No que se refere 
ao gerenciamento no uso de fertilizantes, em uma área piloto do Projeto Aqua-
rius – UFSM, Amado et al. (2006) verificaram que a utilização das ferramentas da 
AP permitiu uma racionalização no uso e na quantidade de fertilizantes de 53% 
quando comparado ao sistema tradicional utilizado na propriedade para as cul-
turas como soja, milho e trigo. Os autores destacaram que essa economia no uso 
de fertilizantes deveu-se a um bom histórico de adubação na área. Por outro lado, 
em outra área do Projeto Aquarius, os autores verificaram que mesmo obtendo 
uma redução de 25% no uso de fertilizantes, o custo operacional da AP foi maior 
comparado à agricultura convencional.
Para Werner (2007), a comparação entre a AP e agricultura tradicional, per-
mitiu inferir que houve uma redução de 0,3% nos custos de produção de soja, au-
mento na margem líquida em 14,8% e na rentabilidade da cultura em 0,6% em 
relação à agricultura tradicional. Cherubin et al. verificaram que a utilização de 
ferramentas de AP proporcionou uma redução de 3,8% dos custos de produção re-
lativos a aplicação de corretivos e fertilizantes em taxa variável na cultura do milho. 
Nesse estudo todas as operações foram terceirizadas. Mainardi (2015), estudando 
os custos de produção na utilização das técnicas de AP na cultura do arroz irrigado 
verificou aumento de 30,2% nos custos de produção quando comparado ao siste-
ma convencional de cultivo, no entanto, obteve um aumento de produtividade de 
14,3% e lucratividade 10,8% superior em relação ao sistema convencional.
A maior parte dos estudos realizados contemplam análises econômicas 
comparando a AP e agricultura convencional através de estudosde caso e/ou 
simulações. Neste sentido, salienta-se que para a realização da análise da viabili-
dade econômica, diversos outros fatores devem ser levados em consideração, tais 
UNIDADE 2 | TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS
134
como aqueles que fazem parte do ciclo de AP e outros que não estão diretamente 
envolvidos com aplicação das técnicas, por exemplo, as máquinas e implementos 
agrícolas que muitas vezes não estão prontamente disponíveis na propriedade e 
que devem ser adquiridos.
Muitos questionamentos surgem no que se refere ao tamanho de 
propriedade e nível tecnológico do agricultor para que essas técnicas tornem-
se economicamente viáveis. A resposta não é tão simples, necessitando de um 
estudo detalhado visando apontar as principais alternativas para cada caso, 
conforme as condições econômicas e nível tecnológico do produtor e o tamanho 
das áreas de cultivo. Embora a AP possa ser aplicada em qualquer condição citada 
anteriormente, deve-se atentar ao grau de intervenção e aplicação das técnicas, 
pois será diferente em cada situação, em que muitas vezes torna-se mais viável 
terceirizar partes do processo, em vez de investir em mão de obra, máquinas e 
equipamentos.
Diante disso, o objetivo deste artigo foi apresentar uma abordagem eco-
nômica da AP, visando orientar e instigar o interesse de técnicos e pesquisados 
que atuam com AP. Para tanto, a seguir serão apresentados dois estudos de caso. 
O primeiro ilustra a viabilidade econômica da utilização de ferramentas de AP 
comparada com a agricultura tradicional, e o segundo demonstra a potencialida-
de da AP como uma ferramenta de gestão rural.
Desenvolvimento e principais avanços
Diante da atual situação econômica do Brasil, os produtores rurais estão 
cada vez mais preocupados com custos de produção. As atenções estão voltadas 
diretamente para a otimização das atividades visando uma posterior redução dos 
custos. O custo relacionado com a mecanização das operações agrícolas tem assu-
mido uma parcela significativa dos custos finais de produção.
Entretanto, isso não significa necessariamente que os gastos no sistema 
produtivo aumentam em função do incremento de tecnologia embarcada nas 
máquinas agrícolas. Deve-se atentar que tais avanços tecnológicos permitem ex-
plorar de forma mais produtiva um determinado conjunto mecanizado, tendo-se 
muitas vezes aumentos no rendimento e na capacidade operacional.
A AP utilizada nas lavouras comerciais esta diretamente relacionada com 
a mecanização, necessitando constante adequação e renovação de máquinas e im-
plementos, de modo que permita a otimização de todas as etapas do ciclo da AP 
em nível comercial. Nesse ponto, a análise dos custos deve levar em consideração 
o custo envolvendo esse aparato tecnológico, bem como os ganhos no rendimen-
to operacional das atividades agrícolas.
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS PARA AGRICULTURA DE PRECISÃO
135
A análise econômica não pode partir de um único ponto de observação, 
ou seja, envolvendo apenas os fatores agronômicos. É necessária uma análise 
conjunta entre o retorno obtido nos parâmetros agronômicos em função da apli-
cação das técnicas de AP, com os custos demandados pela aquisição, renovação, 
manutenção, depreciação e operação dos conjuntos mecanizados utilizados no 
processo. Essa análise permite dimensionar de forma correta e precisa se o pro-
dutor rural realmente está tendo retorno do capital investido.
FONTE: Adaptado de SANTI, A. L. et al. Agricultura de precisão no Rio Grande do Sul. 1. ed. Santa 
Maria: CESPOL, 2016. Disponível em: https://www.ufsm.br/cursos/pos-graduacao/santa-maria/
ppgap/wp-content/uploads/sites/526/2019/01/AP_RS.pdf. Acesso em: 23 mar. 2020.
Consulte o conteúdo completo! São 13 capítulos que tratam de agricultura de 
precisão e estão disponíveis em: https://www.ufsm.br/cursos/pos-graduacao/santa-ma-
ria/ppgap/wp-content/uploads/sites/526/2019/01/AP_RS.pdf .
DICAS
Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem 
pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao 
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
CHAMADA
136
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A agricultura de precisão considera a variabilidade de atributos fundamentais 
à produção agrícola para cada talhão da propriedade. Os componentes solos, 
fertilidade, uso de insumos e gestão deixam de ser analisados por médias 
e passam a ser analisados de forma individual para cada parte singular da 
produção. 
• Os equipamentos para a Agricultura de Precisão (AP) correspondem aos 
instrumentos que comportam as tecnologias necessárias e disponíveis para 
a operacionalização da AP, sendo as principais categorias: computadores 
e programas, GPS (sistema de posicionamento global), SIGs (sistemas de 
informação geográfica), sensoriamento remoto, sensores e controladores 
eletrônicos de aplicação.
 
• A abordagem para o uso das técnicas da AP pode ser dada por duas ações 
principais, das quais se desdobram outras técnicas: a aplicação de dosagens 
de fertilizantes e corretivos na instalação ou manutenção da cultura, e o 
mapeamento de produtividade.
 
• Os sensores podem ser definidos como conversores de grandezas físicas 
em sinais elétricos, enquanto os atuadores são componentes que realizam a 
conversão da energia elétrica, hidráulica e pneumática em energia eletrônica 
ou mecânica.
 
• O uso do piloto automático permite o desenvolvimento do trabalho seguindo 
linhas previamente desenhadas pelo sistema de posicionamento, bem como 
permite armazenar os dados para operações futuras, integrando as operações 
automatizadas a bases de dados da AP.
• Os computadores de bordo são equipamentos capazes de transformar as 
informações geradas pelos demais componentes da AP, como GPS, sensores, 
atuadores etc. em dados operacionais que possam ser compreendidos e 
interpretados.
• O acompanhamento e a análise dos dados da AP são de grande importância 
para o agricultor. Entre os elementos a serem considerados na gestão, está 
uma análise pontual sobre o custo de aquisição e manutenção da própria AP, 
tecnologia que ainda apresenta custos considerados elevados e que precisam 
ser diluídos em seus benefícios de maneira eficiente, o que pressupõe o 
conhecimento detalhado de sua composição e variabilidade. 
137
AUTOATIVIDADE
1 A Agricultura de Precisão (AP) considera a variabilidade de atributos 
fundamentais à produção agrícola para cada talhão da propriedade. Nesse 
sentido, analise as seguintes afirmativas e assinale a alternativa CORRETA.
I- Na AP, os componentes solos, fertilidade, uso de insumos e gestão deixam 
de ser analisados por médias e passam a ser analisados de forma individual 
com variedade de amostragem e de dados para cada realidade de talhão, 
cultura, operação. 
II- Não há relação entre a AP e a automação de máquinas agrícolas, sendo esta 
última restrita a operações de plantio. 
III- Apesar do fato de a AP tratar de especificidades, ela deve ser vista como 
um conceito abrangente, sistêmico e multidisciplinar, pertinente a uma 
designação global dada a sistemas tecnológicos integrados.
IV- A automação de máquinas agrícolas é um processo complementar que 
proporcionou a aplicabilidade da AP.
a) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
b) ( ) Somente a alternativa II está incorreta.
c) ( ) As alternativas I e II estão incorretas.
d) ( ) As alternativas I e III estão corretas. 
2 As tecnologias disponíveis para a Agricultura de Precisão (AP) são agrupadas 
nas categorias: computadores e programas; GPS (sistema de posicionamento 
global); SIGs (sistemas de informação geográfica; sensoriamento remoto; 
sensores; controladores eletrônicos de aplicação. Sobre essas categorias, 
relacione as colunas de acordo com sua função nos sistemas da AP. Em 
seguida, assinale a alternativa CORRETA:
1- Computadores e programas.
2- Sistemas de Informações Geográficas – SIGs.
3- Sistema de Posicionamento Global – GPS.
4- Sensoriamento Remoto.
5- Sensores.6- Controladores Eletrônicos de Aplicação.
( ) Instrumentos que transmitem impulsos elétricos em resposta a estímulos 
físicos, tais como: calor, luz, magnetismo, movimento, pressão e som.
( ) Componente de um sistema automatizado (computadores de bordo) no 
qual a informação armazenada é usada para influenciar o estado do sistema.
( ) Responsáveis por armazenar, manipular e analisar uma variada gama de 
dados que devem ser processados a fim de fornecer informações para a to-
mada de decisões.
138
( ) Proporciona a aquisição de informações a respeito de algum objeto sem 
estar em contato físico com ele
( ) Possibilita determinar a posição em qualquer parte do globo terrestre.
( ) Conjunto de programas, equipamentos, metodologias, dados e pessoas (usu-
ários) perfeitamente integrados de forma a coletar, armazenar e processar infor-
mações.
a) ( ) 5 – 6 – 1 – 4 – 3 – 2.
b) ( ) 6 – 5 – 4 – 2 – 1 – 3.
c) ( ) 4 – 2 – 3 – 1 – 5 – 6.
d) ( ) 2 – 1 – 3 – 5 – 6 – 4.
3 A abordagem para o uso das técnicas de AP pode ser dada inicialmente por 
duas ações principais das quais se desdobram outras técnicas. Sobre essas 
abordagens, assinale a alternativa CORRETA.
a) ( ) A Abordagem 1 trata da aplicação de insumos sob taxas variáveis, que é 
realizada com base em análises de valores médios da área total de cultivo.
b) ( ) As recomendações para a Abordagem 1 são referentes ao uso do piloto 
automático nas operações, tendo como regra básica a correção dos dados de 
GPS pelo DGPS.
c) ( ) Os chamados distribuidores VRT (Variable Rate Technology) são programas 
baseados no sensoriamento remoto e na análise das coordenadas geográficas. 
d) ( ) O mapeamento de produtividade ilustra o detalhamento da produtivi-
dade da cultura referente a cada talhão, que dará base para a análise de 
custo e de correção de fertilidade.
4 Sobre sensores e atuadores, assinale F para as sentenças falsas e V para as 
verdadeiras. Em seguida, assinale a alternativa CORRETA:
( ) Os sensores podem ser definidos como conversores de grandezas físicas 
em sinais elétricos, enquanto atuadores são componentes que realizam a 
conversão da energia elétrica, hidráulica e pneumática em energia eletrônica 
ou mecânica. 
( ) A unidade de controle é um componente a parte, responsável por captar e 
sinalizar os parâmetros diretamente aos sensores, que farão o seu gerencia-
mento e monitoramento para a operacionalização e a realização das tarefas.
( ) Todo atuador possui um sensor, e boa parte dos sensores estão embutidos 
nos atuadores. 
( ) Os atuadores podem ser ativos ou passivos, sendo que os passivos não 
emitem, mas recebem energia do ambiente.
( ) A potência mecânica gerada pelos atuadores é responsável pela sua movi-
mentação e, para tal, é enviada aos elos pelos sistemas de transmissão pro-
porcionando a movimentação. 
139
a) ( ) V – V – F – V – F.
b) ( ) V – F – F – F – V. 
c) ( ) F – V – V – V – V.
d) ( ) F – V – F – F – V.
5 Os computadores de bordo são equipamentos capazes de transformar as 
informações geradas pelos demais componentes da agricultura de precisão. 
Sobre os computadores de bordo, assinale V para as sentenças verdadeiras e 
F para as sentenças falsas. Em seguida, assinale a alternativa CORRETA:
( ) São fontes de informações para os computadores de bordo: o GPS, sen-
sores e atuadores, que emitem os dados para que possam ser convertidos 
diretamente pelo computador de bordo em operações mecânicas 
( ) Os computadores de bordo sinalizam dados, como velocidade de movi-
mentação e consumo de combustível, que, enviados para o DGPS, são trans-
formados em informações para o operador.
( ) Os sistemas de computador de bordo podem gerar informações, como o 
tempo necessário para desenvolver a operação (velocidade/km) e custo da 
operação, importantes para a gestão e planejamento de operações. 
( ) Os computadores de bordo são imprescindíveis para o sistema de piloto 
automático, de barra de luzes, de gestão e de produção e interpretação de 
mapas de variabilidade espaço-temporais. 
a) ( ) F – V – V – F.
b) ( ) F – F – V – V.
c) ( ) V – F – V – F.
d) ( ) V – V – F – V. 
140
141
UNIDADE 3
AVIAÇÃO AGRÍCOLA E 
TECNOLOGIAS DE PÓS-COLHEITA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer a aviação agrícola e sua aplicação como ferramenta de 
desenvolvimento na agricultura;
• entender o complexo legislativo que envolve as operações aeroagrícolas;
• conhecer os componentes básicos de uma aeronave agrícola, suas funções 
e noções de tecnologia de aplicação;
• compreender o fluxograma dos produtos agrícolas na pós-colheita, 
componentes e procedimentos básicos;
• entender os procedimentos e estruturas envolvidas na pós-colheita de 
grãos, frutas e hortaliças.
Esta unidade está dividida em dois tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – AVIAÇÃO AGRÍCOLA
TÓPICO 2 – TECNOLOGIA PÓS-COLHEITA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
142
143
TÓPICO 1
AVIAÇÃO AGRÍCOLA
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmicos! Neste tópico, vamos falar sobre aviação agrícola, usada 
principalmente nas pulverizações aéreas. Abordaremos os regulamentos, a lega-
lização das operações e as características da tecnologia. Após, faremos um resu-
mo do tópico e autoatividades. Bons estudos!
A aviação agrícola consiste no uso de veículo aéreo para a aplicação ou 
distribuição de produtos agrícolas em determinada área rural. Os produtos vão 
desde insumos até sementes e repovoamento de peixes em rios, embora a ati-
vidade seja mais conhecida na agricultura pelo uso de produtos fitossanitários, 
principalmente herbicidas, fungicidas e inseticidas. As aplicações aéreas evitam 
a compactação do solo e o amassamento das plantas e proporcionam um melhor 
aproveitamento em relação ao tempo e custo. Assim, de maneira geral, oferece 
ganho operacional ao produtor.
As pulverizações aéreas exigem cuidados específicos e acordados em le-
gislação, haja vista seu potencial poluidor relacionado à deriva de produtos tóxi-
cos. No sentido de minimizar esse potencial, o uso minucioso da tecnologia ade-
quada de aplicação e da correta aplicação da legislação são fundamentais, tanto 
para viabilizar a tecnologia econômica e tecnicamente quanto para a preservação 
dos ecossistemas, incluindo a saúde da população. 
2 AVIAÇÃO AGRÍCOLA
O primeiro voo agrícola no Brasil foi realizado em Pelotas, no Rio Grande 
do Sul, em 19 de agosto (dia nacional da aviação agrícola) de 1947. O objetivo do 
voo foi combater uma nuvem de gafanhotos no município (SINDAG, 2015). A 
partir disso, essa tecnologia foi aprimorada gradativamente até se transformar 
em uma ferramenta eficiente e cada vez mais utilizada na produção vegetal.
Somente na década de 1960 é que se iniciou o processo de discussão e 
estudo para a regulamentação da atividade, sendo a sua primeira normatização a 
edição do Decreto-Lei nº 917, de outubro de 1969 (SINDAG, 2015). 
Segundo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) 
a aviação agrícola é:
UNIDADE 3 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA E TECNOLOGIAS DE PÓS-COLHEITA
144
Um serviço especializado que busca proteger ou fomentar o desen-
volvimento da agricultura por meio da aplicação em voo de fertilizan-
tes, sementes e defensivos, povoamento de lagos e rios com peixes, 
reflorestamento e combate a incêndios em campos e florestas. Regida 
pelo Decreto Lei nº 917, de 7 de setembro de 1969, e regulamentada 
pelo Decreto nº 86.765, de 22 de dezembro de 1981, a aviação agrícola 
brasileira pode ser conduzida por pessoas físicas ou jurídicas que pos-
suam certificado para esse tipo de operação (MINISTÉRIO DA AGRI-
CULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, 2018, p. 1). 
A aviação agrícola permaneceu sem um veículo específico até 1970, quando o 
primeiro avião agrícola fezseu voo inaugural. Desde então, a atividade foi alavanca-
da por empresas privadas e alcançou níveis tecnológicos avançados, tendo inclusive 
uma legislação específica, o que será contextualizado no decorrer deste tópico.
Caro acadêmico, você terá acesso a um vídeo com dados gerais sobre a aviação 
agrícola no link: https://www.youtube.com/watch?v=N32UtDtSo1E. Vale a pena conferir!
DICAS
2.1 REGULAMENTOS E NOÇÕES DE AERODINÂMICA
A atividade aeroagrícola está regulamentada por um conjunto de decre-
tos, regulamentos e normativas específicas, que são válidas em território nacional.
a) Legislação e regulamentação: o marco inicial da regulamentação da atividade 
aeroagrícola foi obtido pelo Decreto-Lei nº 917, de 1969, e pelo Decreto 
Regulamentador nº 86.765, de 1981, além de portarias complementares, emitidas 
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, das quais podemos 
destacar a Instrução Normativa nº 2, de 2008, que manifesta as normas técnicas 
e de trabalho da aviação agrícola. 
Outros órgãos reguladores importantes são a Secretaria de Aviação Civil, 
a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e o Ministério da Defesa Comando 
da Aeronáutica. Juntos, eles são responsáveis pela Lei nº 7.565/1986, que define o 
Código Brasileiro de Aeronáutica, pelas Portarias nº 190 e 890, de 2001, pelo Regu-
lamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica (RBHA-91), de 2003, que define 
as regras gerais para as operações de aeronaves civis, e pelo Regulamento Brasilei-
ro da Aviação Civil (RBAC-137), de 2012, que trata da certificação e dos requisitos 
operacionais para as operações aeroagrícolas, o qual foi atualizado em 2019. 
TÓPICO 1 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA
145
A íntegra do conjunto de normas e regulamentos está indicada como lei-
tura complementar ou como dica de estudo no decorrer deste tópico. Na Tabela 
1, faremos um apanhado geral da legislação, destacando seus principais tópicos.
TABELA 1 – PRINCIPAIS ASPECTOS NORMATIVOS E DE LEGISLAÇÃO PARA AVIAÇÃO AGRÍCOLA
Operadores Os operadores de aviação agrícola se dividem em três categorias principais: aqueles 
vinculados a empresas de aviação agrícola como prestadores de serviço; operado-
res privados, vinculados diretamente a agricultores; e aqueles vinculados a órgãos 
públicos. Todos devem estar registrados no Ministério da Agricultura e na Agência 
Nacional de Aviação Civil (ANAC) e obter deles a autorização para operar.
Os pilotos devem ter habilitação técnica específica, após capacitados em um Curso 
de Formação de Piloto Agrícola (CAVAG) e habilitados pela ANAC.
As aeronaves As aeronaves devem ser homologadas na categoria aeroagrícola.
Os aviões agrícolas devem ter sua operação acompanhada, em terra, por um técni-
co em agropecuária habilitado por um curso de especialização (Curso de Executor 
em Aviação Agrícola – CEAA).
As empresas Cada empresa de aviação agrícola deve manter sob contrato um Engenheiro Agrô-
nomo como Responsável Técnico (RT).
Devem estar registradas na ANAC e apresentar até o 15º dia do mês subsequente 
um relatório mensal assinado pelo RT.
Devem informar a localização geográfica de pouso e decolagem, bem como man-
ter um local específico, como um pátio de descontaminação, para realizar a limpe-
za das aeronaves após a operação.
As aeronaves agrícolas não necessitam operar a partir de aeródromos homologa-
dos. Podem operar em áreas improvisadas a critério do operador, desde que não 
interfiram no tráfego aéreo controlado.
Os produtos e 
aplicações
Somente produtos fitossanitários com registro nos órgãos competentes e sob pres-
crição agronômica podem ser aplicados por aeronaves agrícolas.
As aplicações devem respeitar as distâncias: 500 metros de povoações, cidades, vilas, 
bairros e mananciais de captação de água para abastecimento de populações; 250 
metros de mananciais de água, moradias isoladas e agrupamentos de animais. Os 
moradores da área devem ser avisados antecipadamente da realização da operação. 
FONTE: Adaptado de Sindag (2011).
A fiscalização da atividade é atribuída ao MAPA por meio dos fiscais 
agropecuários, os quais devem ter concluído o Curso de Coordenador em Avia-
ção Agrícola e ser reconhecidos e certificados pelo próprio órgão.
Você encontrará o Decreto-Lei nº 917/69 e sua regulamentação no link: 
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1960-1969/decreto-lei-917-7-outubro-
-1969-375251-norma-pe.html. Leia com atenção!
DICAS
UNIDADE 3 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA E TECNOLOGIAS DE PÓS-COLHEITA
146
b) Noções de aerodinâmica: a definição teórica de aerodinâmica trata do estudo do 
movimento de fluidos gasosos (RODRIGUES, 2016), teoria que parece distante 
das relações com aeronaves. No entanto, devemos lembrar que a aeronave é um 
corpo sólido em ação em um espaço de gases: a atmosfera. Desta forma, a sua 
operação e concepção estão totalmente submersas nas teorias aerodinâmicas, 
mais especificamente nas forças que esses gases exercem sobre a aeronave.
O estudo dos fenômenos que envolvem a aerodinâmica é de funda-
mental importância para o projeto global da aeronave, pois muitos as-
pectos estudados para se definir a melhor configuração aerodinâmica 
da aeronave serão amplamente utilizados para uma melhor análise de 
desempenho e estabilidade da aeronave, bem como para o cálculo es-
trutural, uma vez que existem muitas soluções de compromisso entre 
um bom projeto aerodinâmico e um excelente projeto total da aerona-
ve (RODRIGUES, 2016, p. 15).
De maneira simplificada, quatro forças são atuantes na relação entre ar e 
corpo sólido em movimento (Figura 1): o peso ou gravidade, a tração, a sustenta-
ção e a resistência ao avanço.
FIGURA 1 – QUATRO FORÇAS ATUANTES EM UM CORPO SÓLIDO EM MOVIMENTO NO AR
FONTE: <https://bit.ly/2SldtEL>. Acesso em: 24 mar. 2020.
• Peso ou gravidade (massa): a gravidade exerce atração sobre os corpos. Dessa 
forma, o peso é a resultante dessa atração em relação à massa do corpo físico. 
No caso específico da aeronave, esse peso comporta todas as suas partes físicas, 
incluindo o combustível, a carga e os passageiros, Esse peso é direcionado para 
um centro de gravidade e comporta todas as suas partes físicas, incluindo o 
combustível, a carga e os passageiros.
Em voo, uma aeronave gira sobre o centro de gravidade, e o sentido 
da força do peso dirige-se sempre para o centro da terra. O peso e a 
sua distribuição fazem variar o centro de gravidade de uma aeronave 
durante o voo e por isso o piloto deve constantemente ajustar os con-
troles, ou transferir o combustível entre os depósitos, para manter a 
aeronave equilibrada (VICENTE, 2008, p. 1). 
TÓPICO 1 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA
147
Assim, a carga de uma aeronave necessita ser planejada para não alterar 
o centro de sua gravidade. Esse é um fator delicado quando se considera o con-
sumo e o peso inconstante de combustível, ou seja, o peso não é fixo e irá alterar 
durante o voo pelo consumo de energia combustível. A força de sustentação ne-
cessária deve estar localizada o mais próximo possível do centro de gravidade. 
Em outro ângulo, o peso atrai o avião para baixo pelo efeito da gravidade e se 
opõe à sustentação ao atuar verticalmente para baixo em função do centro de 
gravidade (VICENTE, 2008). 
 
Segundo o mesmo autor, o peso e a gravidade também atuam em relação 
à velocidade, visto que cargas desbalanceadas podem causar cauda ou nariz pe-
sado, o que obriga o piloto a alterar o posicionamento do leme de profundidade. 
Isso, por sua vez, aumenta a deflexão na área frontal, reduzindo a velocidade.
• Sustentação: a força de sustentação se opõe à força de gravidade ou peso, 
atuando verticalmente e sustentando o avião no ar. 
A maior parte da sustentação do avião é gerada pelas asas. Na sua des-
locação no meio atmosférico, a asa funciona como um plano inclinado, 
a diferença de pressões entre as superfícies inferior e superior atira a 
asa para cima. O ar em movimento tem de percorrer mais caminho 
por cima da asa do que por baixo. Se a velocidade do ar aumenta por 
cima da asa, a pressão estáticadiminui, passa a ser menor que na parte 
inferior forçando a subida da asa na direção da pressão mais baixa 
(ALFAIATE, 2008, p. 1).
A força de sustentação é produzida pelo efeito aerodinâmico do ar que 
age na asa durante o deslocamento. Nesse momento, o ar escoa com mais veloci-
dade pela parte superior da asa (extradorso), que possui uma curvatura maior do 
que na parte inferior (intradorso). 
Este fenômeno é designado por efeito de Bernoulli, graças à forma e 
orientação dos perfis aerodinâmicos, a asa é curva na sua face superior 
e está angulada em relação às linhas de corrente incidentes. Por isto, 
as linhas de corrente acima da asa estão mais juntas que abaixo, pelo 
que a velocidade do ar é maior e a pressão é menor acima da asa (o 
aumento da velocidade do ar reduz a pressão estática), ao ser maior 
a pressão abaixo da asa, gera-se uma força resultante acima chamada 
sustentação. A diferença de pressões entre as duas superfícies produz 
70% da sustentação. O impacto da pressão na superfície inferior pro-
duz os restantes 30% da sustentação (ALFAIATE, 2008, p. 3).
Conforme o mesmo autor, algumas características e propriedades podem al-
terar a sustentação da asa, como o aumento do ângulo de ataque, a forma do perfil, a 
velocidade, o tamanho da asa e a densidade do ar. 
A força de sustentação define a habilidade de um avião em se manter em voo 
e é utilizada como forma de vencer o peso da aeronave. Nessa relação física estão 
envoltos principalmente a terceira lei de Newton e o princípio de Bernoulli. A lei e o 
princípio se aplicam no deslocamento da asa pelo ar. Nesse processo, parte do ar é 
direcionada para a parte superior e outra parte para o inferior da asa (Figura 2).
UNIDADE 3 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA E TECNOLOGIAS DE PÓS-COLHEITA
148
FIGURA 2 – ESCOAMENTO DO AR PELA ASA
FONTE: Rodrigues (2008, p. 16)
Como afirmado anteriormente, o ângulo formado pela aerodinâmica da 
asa é fundamental para a sustentação da aeronave.
Se existir um ângulo positivo entre a asa e a direção do escoamento, 
o ar é forçado a mudar de direção, assim, a parcela de escoamento na 
parte inferior da asa é forçada para baixo e em reação a essa mudança 
de direção do escoamento na parte inferior da asa, a mesma é força-
da para cima, ou seja, a asa aplica uma força para baixo no ar e o ar 
aplica na asa uma força de mesma magnitude no sentido de empurrar 
a asa para cima. Essa criação da força de sustentação pode ser expli-
cada pela terceira lei de Newton, ou seja, para qualquer força de ação 
aplicada existe uma reação de mesma intensidade, direção e sentido 
oposto (RODRIGUES, 2008, p. 17).
A velocidade do ar é maior na parte superior da asa porque as partículas de 
ar percorrem uma superfície maior do que as que incidem na parte inferior. Assim, 
a pressão estática na superfície superior é menor do que na superfície inferior, o que 
cria uma força de sustentação de baixo para cima. Essa constatação é explicada pelo 
princípio de Bernoulli, que é definido da seguinte forma: "se a velocidade de uma 
partícula de um fluido aumenta enquanto ela escoa ao longo de uma linha de corren-
te, a pressão dinâmica do fluido deve aumentar e vice-versa" (ALFAIATE, 2008, s.p.). 
Esses conceitos permitem compreender o porquê dos aviões se sustentarem no ar. 
Segundo Alfaiate (2008), são fatores que influenciam a sustentação do avião:
• as asas com maior comprimento e maior curvatura têm maior sustentação;
• uma asa comprida e estreita tem melhor sustentação que uma asa curta e larga;
• pontas de asas mais pequenas desenvolvem menos vórtice e, por isso, menos arrasto;
• a razão entre a envergadura e a corda média é o alongamento. Quanto maior o 
alongamento, maior a eficiência;
• quanto mais rápido é o avião, maior a sustentação;
• as altas velocidades do ar fluem mais rápido em torno das asas, decrescendo a 
pressão na superfície superior e aumentado o impacto na inferior;
• a densidade do ar varia com a altitude, a temperatura e a umidade;
• quanto maior é a densidade do ar, maior é a sustentação;
• os hipersustentadores, como os flaps, slots e slats, são superfícies móveis que se 
destacam nas asas para reduzir a velocidade nas aterragens e nas descolagens. 
Quando acionados, aumentam o arrasto e a sustentação pelo aumento da su-
perfície e da curvatura da asa.
TÓPICO 1 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA
149
Tração: a força de tração é proporcionada por uma hélice, um reator ou por 
um motor. Ela é a força que puxa ou empurra o avião para a frente e que se opõe à 
resistência ao avanço. 
Atualmente, a aviação utiliza motores convencionais, de quatro tempos, e 
motores de reação, turbojatos e turbofan (aviação em elevada altitude). Os moto-
res convencionais são basicamente semelhantes aos motores de automóveis, utili-
zando cilindros os quais geram a energia que impulsiona a hélice.
Os motores de reação funcionam de acordo com a terceira lei de Newton 
– ação e reação –, em que a ação se situa na expulsão dos gases para trás, provo-
cando a reação do deslocamento do avião para frente (turbojato e turbofan).
O sistema em si utiliza-se de um conjunto de pás na parte da frente, 
formando o primeiro compressor e a parte de trás, segundo compres-
sor da turbina, e no meio contendo uma câmara de combustão, onde 
se dará a queima da mistura de ar comprimido com o combustível [...] 
que aumentará ainda mais a pressão dos gases originando uma saída 
dos mesmos muito forte. Neste caso, está presente a força de empuxo 
devido ao deslocamento dos gases (UFRGS, 2016, p. 2).
Os motores de reação são utilizados em aeronaves maiores, para voos co-
merciais, podendo conter até quatro motores a reação, próprios para grandes ve-
locidades e altitudes. Os modelos aeroagrícolas utilizam motores convencionais.
Resistência ao avanço ou arrasto: força que se opõe ao movimento da 
aeronave. É a resistência do ar à progressão do movimento e se opõe à tração 
produzida pelo motopropulsor. Essa força depende de alguns fatores, como a 
forma do corpo da aeronave, sua rugosidade e o efeito resultante da pressão entre 
a parte inferior e superior da asa. O arrasto pode ser dividido em arrasto de atrito, 
de forma e induzido (Tabela 2).
TABELA 2 – TIPOS DE ARRASTO E RESPECTIVAS DEFINIÇÕES
FONTE: Adaptado de UFRGS (2016)
Arrasto de 
atrito
Está relacionado às características da superfície da aeronave, sendo ela lisa ou 
áspera. Quanto mais próximo dela o ar estiver, forma-se uma camada limite, que se 
move de forma laminar se a superfície for lisa ou, se for rugosa ou áspera, ocorrerá 
um fluxo de ar turbilhonado, aumentando o arrasto. Preferencialmente, as aerona-
ves são feitas com um material mais liso na sua área externa, possibilitando econo-
mia e melhor rendimento em voo.
Arrasto de 
forma
Está relacionado à área na qual o ar colide frontalmente, quando ocorre a chamada 
deflexão (desvio do ar pelo corpo físico da aeronave). Dessa forma, a aerodinâmica 
das partes que compõe um avião deve ser arredondada ou ter o efeito de flechas, 
evitando superfícies retas perpendiculares ao deslocamento. O arrasto de forma 
depende de alguns fatores, como a densidade do ar, velocidade e área frontal do 
corpo.
Arrasto 
induzido
Está relacionado à diferença de pressão entre a parte superior e inferior da asa. O ar 
que está no intradorso (parte inferior) tende a fluir para o extradorso (parte supe-
rior), originando um turbilhonamento na ponta da asa. Com isso, é provocada uma 
resistência ao avanço do avião, diminuindo a sustentação.
UNIDADE 3 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA E TECNOLOGIAS DE PÓS-COLHEITA
150
Existem alguns dispositivos para corrigir a força de arrasto, como os win-
glets, localizados nas pontas das asas, principalmente em aviões mais modernos, 
que impedem a passagem de ar de cima para baixo. 
Observe a aerodinâmica de um avião agrícola em deslocamento no link: ht-
tps://www.youtube.com/watch?v=i64uvNziAsg.
DICAS
2.2 CARACTERÍSTICAS DO AVIÃO AGRÍCOLA
Segundo Araújo (2018) a frota de aeronaves agrícolas cresceu 3,74% em 
2018, registrandojunto à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) um aumen-
to de 3,7% no número de empresas no setor (253), somando 585 produtores ru-
rais com aeronaves próprias, um aumento de 3,5% em relação ao ano anterior. 
Até 2019, contabilizou-se 2.194 aeronaves registradas no país. Segundo o mesmo 
autor, desta frota de aeronaves, 2.182 são aviões e 12 helicópteros, além de pro-
tótipos e aeronaves pertencentes ao governo ou autarquias federais e estaduais, 
como bombeiros e força aérea nacional. 
O estudo mostra que o estado de Mato Grosso possui o maior número de 
aeronaves do país (494) e o maior número de operadores privados (233). O Rio 
Grande do Sul, que possui a segunda maior frota (427), manteve a frota de 2017 e 
abriga o maior número de empresas prestadoras de serviço nessa área (72). Entre 
as empresas, a EMBRAER tem 58% do mercado, mantendo variantes do primeiro 
modelo de avião agrícola – o Ipanema – movido a etanol. Contudo, são crescen-
tes os números de novos modelos que utilizam turboélices, principalmente de 
empresas norte-americanas, que já são mais de 18% da frota nacional. Com maior 
capacidade de carga e potência a categoria está em consolidação junto à realida-
de de mercado nacional. Em um cenário mundial, a frota brasileira é a segunda 
maior, atrás apenas do EUA, que possuem 3,6 mil aeronaves. 
Os números demonstram que a agricultura nacional está em crescente 
adesão ao uso da aviação agrícola, impulsionados pela expansão da agricultura 
de precisão, entre outros fatores. Mhereb e Norder (2018) apresentam um pano-
rama nacional em relação ao uso da aviação agrícola e salientam a contradição e 
a escassez de dados no setor. Segundo os autores:
TÓPICO 1 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA
151
Em 2011, o Sindag estimava a área total pulverizada pelos aviões em 
20 milhões de hectares, o que corresponderia a 15% de toda aplicação 
de agrotóxicos no Brasil. Ao considerar somente as áreas cultivadas 
atendidas pela aviação agrícola, o Sindag chegou à estimativa de 6,7 
milhões de hectares (Cartilha Técnica da Aviação Agrícola, 2011). Em 
2016, dados da ANAC, com base nas estimativas elaboradas pelo Sin-
dag, colocaram a aviação agrícola como responsável por 25% de toda 
aplicação de agrotóxico no país, estimando 72 milhões de hectares 
de área total pulverizada, um aumento de 3,5 vezes em quatro anos 
(MHEREB; NORDER, 2018, p. 6).
Entre as culturas vegetais atendidas, estão, respectivamente: a soja (8,1 
milhões de hectares), a cana de açúcar (2,4 milhões de hectares), milho (1,6 mi-
lhões de hectares), arroz (0,8 milhão de hectares), algodão (0,42 milhão de hecta-
res) e laranja (0,27 milhão de hectares) (ANTUNIASSI, 2016).
De maneira geral, as aeronaves agrícolas são pequenas, leves e realizam 
voos baixos, próximos ao solo, para evitar o máximo possível a deriva de produ-
tos e insumos, muitas vezes realizando manobras consideradas perigosas para 
a aviação convencional. No cenário nacional, a classificação das aeronaves está 
relacionada à potência e capacidade de carga.
Dentro do segmento existem três principais categorias de aeronaves dis-
poníveis: leve = PA-18 e similares; média = Ipanema e similares, pesada 
= air tractor e similares. As aeronaves utilizadas para a pulverização nas 
lavouras têm capacidade variada, em função do uso ao qual se desti-
nam. Entre os aviões médios (com reservatório para até 900 litros) estão 
o Piper Pawnee, Cessna AG-Wagon, Ag-truck e o Ipanema. Dentre os 
aviões de maior capacidade, de 1000 a 4000 litros, existem o Air Trac-
tor e o Trush, aviões importados de ampla utilização em áreas extensas 
tais como as encontradas no Mato Grosso, Goiás, Oeste Baiano ou Nor-
te de Minas Gerais. Na categoria das aeronaves de grande porte, que 
costumam ser pouco utilizadas, temos ainda o Grumann, um biplano 
agrícola ou o Dromader (HANGAR33, 2015, p. 1).
Entre as informações básicas sobre a aplicação aérea, é importante regis-
trar que a tecnologia de aplicação corresponde, de maneira geral, à tecnologia 
de aplicação terrestre (estudada na Unidade 2 deste material). Assim, as precau-
ções na escolha dos bicos, pontas de bicos, preparação da calda, manutenção das 
barras de aplicação, verificação da vazão e no uso da tecnologia embarcada, do 
DGPS e dos computadores de bordo, em regra, seguem os mesmos princípios das 
aplicações terrestres. Com essa consideração, a Figura 3 mostra os componentes 
de uma aeronave agrícola. 
UNIDADE 3 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA E TECNOLOGIAS DE PÓS-COLHEITA
152
FIGURA 3 – COMPONENTES PRINCIPAIS DE UMA AERONAVE
FONTE: Amorim (2015, s.p.)
Em complementação à Figura 3, a Tabela 3 nomina e descreve os compo-
nentes e funções básicas na estrutura de um avião agrícola.
TABELA 3 – PRINCIPAIS COMPONENTES E FUNÇÕES BÁSICAS DA ESTRUTURA DE UM AVIÃO 
AGRÍCOLA
Componente Função
Asa É a espinha dorsal do avião, seja ela rotativa ou fixa. Gera a força de sustentação que permite ao avião o voo.
Motor Elemento fundamental para vencer a força de arrasto e proporcionar o movimento.
Charuto Compõe a estrutura aerodinâmica e permite efetuar nele a acomodação de pessoas, cargas e aparelhagem necessária para o controle do avião.
Estabilizador 
horizontal
É composto por pequenas asas que ficam próximas ao estabilizador vertical, o qual 
tem o objetivo de fazer com que a cauda do avião se levante ou abaixe, fazendo com 
que o avião aumente ou diminua a altitude em relação ao solo. 
Estabilizador 
vertical
Tem a função de estabilizar o avião nas curvas, fazendo com que ele não faça uma 
curva derrapada.
Profundor
Localizado na parte traseira do estabilizador horizontal, é uma superfície móvel 
que se movimenta para cima e para baixo. Quando acionado pelo manche do pilo-
to, faz o avião levantar ou abaixar o nariz.
Trem de 
pouso
É o conjunto de rodas que serve de apoio para o avião no solo. A parte que fica no meio 
do avião, geralmente embaixo da asa, é chamada de trem principal, enquanto a que 
fica na parte dianteira é o trem do nariz. Podem ser de pneus ou flutuadores (anfíbios).
Hopper Compartimento em que são acondicionados os insumos agrícolas. Possui capacida-de variável, conforme a marca e modelo.
Cabine de 
comando
Local onde fica o piloto. Deve ter altura e estrutura adequada para permitir os equipamen-
tos de computador de bordo e para o conforto e condição de realização das manobras.
GPS Para localização Geográfica.
Altímetro Indica a altitude da aeronave em relação ao nível do mar (unidade: pés ou metros).
Barra de pul-
verização
Localizada ao longo das asas, é responsável por distribuir o produto ao longo da 
disposição dos bicos.
TÓPICO 1 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA
153
Bicos Estrutura final de distribuição dos produtos ao longo de uma área agrícola.
Barra de 
luzes
Instrumento da agricultura de precisão que impulsionou a pulverização aérea, evi-
tando áreas sobrepassadas ou sem produto.
Aileros
Presente no bordo de fuga (parte traseira da asa) e próximo à ponta da asa, é uma su-
perfície móvel que se movimenta para cima e para baixo. Quando o aileron esquerdo 
sobe, o direito desce. Esse sistema permite que o avião incline as asas para o lado. 
Leme de 
direção
Fica na parte traseira do estabilizador vertical. É uma superfície móvel que se movimenta 
para a esquerda e para a direita, permitindo que o nariz do avião vire para os lados. 
Turbina
É uma parte interna dos motores turbojato, turbofan e turboélice. É o coração da 
aeronave. Além de gerar a energia necessária para levantar voo, também alimenta 
outros sistemas da aeronave.
Bordo de 
ataque A parte frontal da asa que recebe o primeiro impacto do ar durante o deslocamento.
Bordo de 
fuga A parte traseira da asa, por onde o ar escoa.
Fuselagem É o corpo do avião, que abriga as cabines de comando e de passageiros. Nela, são fixadas a asa, a empenagem, o trem de pouso e outros sistemas do avião.
Empenagem Localizada na cauda do avião, é o conjunto de superfícies composto pelo estabiliza-dor horizontal, profundor, estabilizador vertical e leme de direção.
MancheÉ o volante do avião. Quando o piloto puxa o manche, ele movimenta o profundor e o avião levanta o nariz.
Flape
Localizado no bordo de fuga da asa, mas próximo à fuselagem, o flape é um dis-
positivo hipersustentador. Quando é estendido, ele aumenta a curvatura da asa, 
dando mais sustentação ao avião. O flape é utilizado durante pousos e decolagens, 
permitindo que o avião voe com velocidade mais baixa.
Slat
É outro dispositivo hipersustentador, porém localizado na parte da frente da asa 
(bordo de ataque). Quando é estendido, o slat altera o fluxo de ar sobre a asa, per-
mitindo mais sustentação em baixa velocidade.
Spoiler Fica na parte superior da asa (extradorso). Quando o avião pousa, uma placa se levanta no meio da asa. O spoiler é um freio aerodinâmico, que aumenta a resistência do ar.
FONTE: Adaptado de Todos a Bordo (2017)
As estruturas complementares da aeronave estão ligadas diretamente a 
sua função que, segundo a legislação, pode compreender as atividades de aplica-
ção de defensivos agrícolas, aplicação de fertilizantes, semeaduras, povoamento 
de águas, combate a incêndios em campos e florestas e outros empregos que vie-
rem a ser aconselhados.
Confira detalhes práticos do uso das aeronaves na produção agrícola no ví-
deo: https://www.youtube.com/watch?v=x0t0429oaAo.
DICAS
UNIDADE 3 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA E TECNOLOGIAS DE PÓS-COLHEITA
154
2.3 PISTAS E ESTRUTURA DE ABASTECIMENTO: REQUISITOS 
BÁSICOS
A aviação agrícola está submersa em legislações pontuais e complemen-
tares relacionadas ao trafego aéreo e às questões ambientais. Dessa forma, tra-
taremos neste item, de forma separada e complementar, as regulamentações re-
lacionadas às pistas de pouso e decolagem e às estruturas de abastecimento e 
descontaminação das aeronaves.
a) Pistas de pouso e decolagem: as atividades de aeronaves para fins agrícolas 
não exige um registro específico das áreas de pouso de decolagem. No entanto, 
exige a localização geográfica dessas áreas que devem ser informadas no rela-
tório operacional ou no certificado de operador agrícola – quando a pista em 
questão já estiver registrada como aeródromo. O Regulamento Brasileiro de 
Aviação Civil (RBAC) nº 137 regulamenta o uso de pistas registradas ou não 
(de pouso eventual) na ANAC e estabelece os procedimentos necessários para 
a segurança da operação.
No link da ANAC, você encontrará a legislação vigente sobre o uso e o 
cadastro de aeródromos: https://bit.ly/3cXyjla. Confira!
DICAS
É importante salientar que, quando o aeródromo é privado, o operador deve 
ter a autorização para o seu uso e considerar que ele deve ser utilizado somente como 
suporte à operação, e não como sede operacional da empresa, visto que, em sua maio-
ria, os aeródromos não possuem as estruturas necessárias para abastecimento e des-
contaminação. Nesse sentido, é expressamente proibida a estocagem de agrotóxicos 
em aeródromos públicos, sendo permitida somente naquele destinado à operação 
em andamento e observadas as normas de saúde pública e preservação ambiental.
As pistas de pouso e decolagem podem ser de terra, asfalto, concreto, pedra 
ou grama. Devem ser planas e de dimensões adequadas para suportar a necessidade 
do percurso para alcançar voo e aterrissagem. Além disso, devem considerar a neces-
sidade de arremeter em caso de urgência. 
A definição do local de instalação de uma pista de pouso e decolagem deve 
considerar a altitude e os ventos, as temperaturas e a incidência de nevoeiros. São in-
desejáveis ventos laterais e opostos, os quais podem causar dificuldades e acidentes 
nas operações. O comprimento da pista para pouso deve considerar que a aeronave 
pouse e pare em 60% do comprimento de pista disponível para pouso. Diversos fato-
res devem ser considerados na escolha ou construção de uma pista, como:
TÓPICO 1 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA
155
• Características do avião: capacidade de aceleração, capacidade de alçar voo, 
carga alar (relação da área da asa por unidade de peso), capacidade de frena-
gem após atingir determinada velocidade e a resistência dos pneus.
• Da operação: do peso bruto de decolagem, das condições operacionais especí-
ficas como posição dos flapes e tipo de pneu.
• Da pista: declividade da pista e condições de atrito do pavimento. 
• Das condições atmosféricas: altitude (pressão), temperatura do ar externo e 
vento (direção e intensidade).
A recomendação geral é de que a pista tenha ao menos 1800 m de compri-
mento, considerando áreas de segurança nas extremidades e laterais (Figura 4).
FIGURA 4 – DESENHO REPRESENTATIVO DAS ESTRUTURAS MÍNIMAS DE UMA PISTA DE 
POUSO E DECOLAGEM
FONTE:<https://bit.ly/3aOEaYQ>. Acesso em 23 mar. 2020.
b) Estruturas de abastecimento: a estrutura de abastecimento de uma operação de 
aviação agrícola pode referir-se ao abastecimento da aeronave com combustível 
ou para abastecimento com produto a ser aplicado.
Com relação ao abastecimento com combustível, o primeiro passo é de-
terminar a quantidade necessária para a operação. Assim, deve-se considerar a 
distância do voo (horas) e a capacidade do tanque de reabastecimento, o peso da 
aeronave, o peso da carga total e a capacidade do tanque de cada modelo/mar-
ca a ser utilizado na operação. Ainda, é importante considerar uma quantidade 
de combustível como faixa de segurança, caso a aeronave não consiga abastecer 
na próxima parada esperada. O extremo cuidado durante o abastecimento de ae-
ronaves é necessário devido ao risco de contaminação, uma vez que combustíveis 
contaminados ou adulterados podem causar falhas no motor e acidentes aéreos.
Os aeródromos ou pista de pouso e decolagem devem ter uma estrutura 
chamada UAA – Unidade de Abastecimento de Aeronaves, que podem ser de 
duas categorias:
• O Caminhão Tanque Abastecedor (CTA): é um veículo constituído de tanque 
sobre chassi, carretéis de mangueira e sistemas de bombeamento, filtragem, 
medição e controles, destinado a transportar o combustível do Parque de 
Abastecimento de Aeronaves (PAA) até a aeronave e efetuar seu abastecimento 
(RANP 18, 2006).
UNIDADE 3 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA E TECNOLOGIAS DE PÓS-COLHEITA
156
• O Servidor de Hidrantes (SRV): o SRV é outro tipo de veículo de abastecimento 
de aeronaves que realiza a mediação entre uma rede de hidrantes de combus-
tível e o veículo aéreo. Essa rede é, em geral, composta por tanques, bombas e 
filtros, que se conectam por tubulações até o pátio onde estacionam os aviões. 
A função do servidor de hidrantes é filtrar, medir e transferir o combustível 
entre a rede e a aeronave (RANP 18, 2006).
Como em qualquer ação de manipulação de combustíveis, alguns cuida-
dos devem ser priorizados. No caso da aviação, dois são essenciais para garan-
tir o grau de pureza necessário do combustível. São eles: o laudo de qualidade, 
emitido pela empresa de abastecimento, e o teste de pureza, que confirma alguns 
minutos antes do início do processo que o combustível não está contaminado por 
água ou por materiais particulados.
Em outro ângulo, o abastecimento ou reabastecimento estão diretamente 
ligados ao rendimento da operação, que é uma das principais vantagens do uso 
de pulverizações aéreas. Nesse sentido, Santos (2005) desenvolveu um trabalho 
relacionando vantagens e limitações do uso de pulverizações aéreas e terrestres, 
no qual é possível verificar a importância da capacidade de carga de combustível 
e de insumo do modelo e marca da aeronave escolhido e da localização da unida-
de de abastecimento para o rendimento da operação. 
A pulverização com aeronaves agrícolas (aviões e helicópteros) é o 
grande trunfo da atividade, pela rapidez de execução, quando a com-
paramos com os pulverizadores terrestres tratorizados de barras ou 
turbo pulverizadores. Um avião médio, tipo IPANEMA, operando 
com sua carga operacional de 500 litros (carga máxima operacional 
total de 700 litros) pulverizando um volume de 15 litros/hectare (BVO) 
ou 50 litros/hectare (citros), poderá apresentar um rendimento apro-
ximado de 100 Ha e 50 Ha por horarespectivamente, tendo-se a pista 
de pouso e decolagem há uma distância máxima de 5 km do centro da 
área a ser pulverizada e a extensão do “tiro” (comprimento de cada 
passada) com um mínimo de 500 metros. Um trator auto propelido de 
barras pulverizando o volume de 100 litros em uma lavoura de soja ou 
um turbo pulverizador pulverizando um volume de 500 litros de calda 
em uma lavoura de citros, apresentarão um rendimento médio de 350 
hectares/dia e de 25 hectares/dia em 10 horas de trabalho respectiva-
mente, em condições normais de operação com as máquinas. No caso 
dos turbo e pulverizadores terrestres, em condições de chuvas inten-
sas ou solos encharcados a operacionalidade torna-se bastante crítica 
ou não executável. O que não ocorreria para as aeronaves agrícolas, 
tornando-as bastante vantajosas (SANTOS, 2005, p. 2).
Atualmente, muitos aeródromos utilizam módulos de abastecimento mó-
veis que facilitam o processo e a rapidez da operação (Figura 5).
TÓPICO 1 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA
157
FIGURA 5 – EXEMPLO DE MÓDULO DE ABASTECIMENTO MÓVEL
FONTE: <https://bit.ly/3f28vq2>. Acesso em: 9 fev. 2020.
De maneira geral, um módulo de abastecimento (Figura 5) é constituído 
por uma bacia de contenção, tanque de armazenamento e skid de descarga e abas-
tecimento, dotado de válvulas para operações de enchimento e descarga. 
FIGURA 6 – ELEMENTOS CONSTITUINTES DE UMA UNIDADE DE ABASTECIMENTO
FONTE: Arxo (2016, s.p.)
01 – Tanque 
02 – Bacia de contenção 
03 – Skid 
04 – Tampa da boca de visita 
05 – Respiro 
06 – Medidor Volumétrico (NKL) 
07 – Extintor de incêndio 
08 – Engate rápido para descarga 
09 – Pontos de aterramento 
10 – Olhais de içamento 
11 – Placa de identificação do tanque. 
UNIDADE 3 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA E TECNOLOGIAS DE PÓS-COLHEITA
158
A escolha da empresa abastecedora e a certificação da qualidade das uni-
dades de abastecimento de aeronaves escolhidas devem estar entre os procedi-
mentos de planejamento das operações ou da contratação da empresa que execu-
tará a ação. No momento do abastecimento, uma ferramenta muito importante é 
o piloto que irá acompanhar o procedimento, o qual deve ter conhecimento dos 
procedimentos para a verificação do cumprimento das etapas que, por sua vez, 
envolvem sua própria segurança.
c) Pátio de descontaminação: após um período de vazio legal, o MAPA publicou, 
em 2 de janeiro de 2008, a Instrução Normativa nº 2 (IN 2), a qual estabelece em 
seu artigo 5º que: 
[...] os restos de agrotóxicos remanescentes no avião e as sobras de 
lavagem e limpeza da aeronave ou dos equipamentos de apoio no solo 
somente poderão ser descartados em local apropriado, o pátio de des-
contaminação, observados os modelos próprios, aprovados pelo Mapa 
[...] (BRASIL, 2008, s.p.).
O novo modelo de pátio de descontaminação estabelece quatro requisitos 
básicos para sua construção e operacionalização:
• piso de escorrimento;
• tanque de decantação;
• reator de ozonização;
• leito de volatização.
A IN 2 de 2008, em seu artigo 7º, estabelece nos mínimos detalhes um 
modelo padrão (Figura 7) para os pátios de descontaminação, informando até 
mesmo a espessura e a composição dos materiais a serem utilizados. Conside-
rando que todas as regras impostas referenciam à proteção do solo e dos lençóis 
freáticos em uma análise básica do modelo, segue conceitualmente o relatado por 
Furtado e Hoff (2017) sobre os principais pontos do padrão:
• uso de processo oxidativo por ozônio como indutor da aceleração da degrada-
ção do agrotóxico que acelera a mineralização dos compostos orgânicos, con-
vertendo-os em CO2, H2O e ácidos minerais, como o HCl.
• uso de tanque de retenção do efluente depois de sua passagem pelo sistema 
de oxidação, o que impede o descarte direto sobre o meio ambiente e propicia 
a evaporação, eliminando, assim, o excesso de água e gerando como resíduo 
final somente os compostos mineralizados.
Ainda, segundo Furtado e Hoff (2017), o sistema evita o lançamento dos 
agrotóxicos no ecossistema e promove a decomposição dos princípios ativos que 
possam estar presentes nos efluentes, considerando sua retenção em ambiente 
impermeabilizado até que os compostos tóxicos sejam mineralizados.
TÓPICO 1 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA
159
FIGURA 7 – MODELO PADRÃO DE PÁTIO DE DESCONTAMINAÇÃO SEGUNDO A IN 2 DE 2008
FONTE: Brasil (2008, s.p.).
O processo de responsabilização das empresas e usuários da aviação agrí-
cola pelos impactos causados ao ecossistema envolve (VILELA, 2017):
• tríplice lavagem: três lavagens sequenciais do tanque da aeronave, além da 
aplicação das caldas resultantes na lavoura. Essa operação reduz em 99,9% a 
concentração dos defensivos da calda de lavagem. 
• tratamento do resíduo da lavagem final com o ozônio: a ozonização, método 
pioneiro do Brasil, é atualmente o método mais adequado para a degradação 
das caldas residuais dos agrotóxicos nas águas de lavagem. 
• recolhimento do resíduo não oxidado em tanque adequado para a degradação 
por solarização e hidrólise em local adequado.
• a calda da lavagem final, que em média tem 200 litros quando proveniente de 
avião agrícola ou pulverizador, é coletada em um reservatório de decantação e 
bombeada para um equipamento descontaminador. Circula através de um cir-
cuito hidráulico de forte agitação, em que recebe ozônio (O3), um gás agressivo 
UNIDADE 3 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA E TECNOLOGIAS DE PÓS-COLHEITA
160
que destrói as moléculas dos agrotóxicos por oxidação, além de vírus, fungos e 
bactérias nocivos ao homem, plantas e animais. Após esse procedimento, a água 
resultante já pode ser transferida para o tanque de contenção e evaporação.
A Figura 8 ilustra uma possível distribuição dos diferentes e complemen-
tares elementos de um pátio de descontaminação para aeronaves.
FIGURA 8 – MODELO ILUSTRATIVO DE DISTRIBUIÇÃO EM UM PÁTIO DE DESCONTAMINAÇÃO
FONTE: <https://bit.ly/3aKEGac>. Acesso em: 12 fev. 2020.
Além das especificidades acima relatadas, vale constar que:
• as estruturas do pátio de descontaminação devem ser aprovadas pelo MAPA;
• as embalagens utilizadas e vazias devem obrigatoriamente ser devolvidas ao 
seu proprietário para serem por ele destinadas, conforme legislação específica; 
• as empresas ficam obrigadas a entregarem aos contratantes as embalagens 
após realizar a tríplice lavagem;
• o pátio de descontaminação das aeronaves agrícolas deverá ser construído sob 
orientação de técnico habilitado e em local seguro em relação à operação aero-
náutica e à contaminação ambiental.
2.4 TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO COM AVIÃO
A aplicação de um produto fitossanitário tem por objetivo a colocação da 
quantidade mínima do ingrediente ativo sobre o alvo para a obtenção da máxima 
eficiência, evitando a contaminação de áreas adjacentes e sendo capaz de con-
trolar de maneira efetiva o problema a que se destina (CHAIM, 2009). Para essas 
TÓPICO 1 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA
161
operações no Brasil, a maior parte dos agricultores utiliza pulverizadores terres-
tres de funcionamento hidráulico (conforme o Tópico 2 da Unidade 2). 
No entanto, a aplicação terrestre envolve problemas como a compactação 
de solo, perdas por amassamento, limite de desenvolvimento vegetal para a en-
trada das máquinas e baixa capacidade operacional. Considerando esses aspec-
tos, o uso da aviação para as operações agrícolas tem vantagens consideráveis, 
tanto econômicas quanto técnicas.
Com relação à tecnologia de aplicação, os fundamentos básicos são os 
mesmos da aplicação terrestre, porém algumas especificidades devem ser consi-
deradas como pontos críticos (Tabela 4) a serem observados (ANDEF, 2010):
TABELA 4 – PONTOS CRÍTICOS E TECNOLOGIA DE CONTROLE DE APLICAÇÃO AÉREA
Pontos críticos Tecnologia de aplicação aérea 
Faixa de deposição
A faixa de deposição em uma pulverização aérea é proporcional à extensão das 
asas da aeronave, à velocidade, à rota e ao deslocamento do voo. Característica 
específica para cada tipo ou modelo do avião em uso, representa um fator de 
grande influência nos resultados inadequadosou de baixa eficiência devido à 
preocupação geral no rendimento da operação em detrimento da qualidade 
de deposição adequada sobre o alvo desejado. Faixas maiores do que permite 
a aerodinâmica do voo reduzem a efetividade e a eficiência do produto nos 
cruzamentos das faixas nas pontas das asas. Voos muito baixos, além de tornar 
a deposição das gotas irregular, ocasionam maiores concentrações de produto 
no alvo de deposição sob a área correspondente à “barriga” do avião. Redução 
ou fechamento de bicos nas pontas das asas evita perdas da pulverização por 
influência dos vórtices e não reduz a faixa de deposição.
Altura do voo
Parâmetro característico para modelo/tipo de cada avião que permite o me-
lhor desempenho das gotas de pulverização através de uma deposição mais 
uniforme sobre e dentro da massa foliar da cultura em aplicações em pré e 
pós-emergência, respectivamente, nos cultivos agrícolas. Voos muito próxi-
mos ao solo ou topo da cultura ocasionam distorções na deposição das gotas 
de pulverização. Derivas longas das gotas deverão ser corrigidas pelo ângulo 
das barras/bicos de pulverização. Voos muito altos podem causar perdas e 
contaminação pela deriva.
Tipo e número de 
bicos 
A quantidade de bicos nas barras de pulverização dos aviões agrícolas varia 
de modelo/tipo de avião. De maneira geral, para aviões similares ao IPANE-
MA, são recomendados de 40 a 42 bicos para cultivos anuais. Para aviões 
maiores, as barras poderão ter mais bicos. Como recomendação geral, po-
de-se usar bicos de jato plano (ex.: leque) para aplicações de pré-emergên-
cia (herbicidas de pré-emergência) e de jato cônico vazio para aplicações de 
pós-emergência (inseticidas, fungicidas, herbicidas de pós-emergência, des-
secantes, maturadores, fitorreguladores e nutrientes foliares).
Ângulos dos bicos e 
linha de voo
Artifício técnico que permite controlar a deriva das gotas geradas durante a 
aplicação, ajustando seus diâmetros para reduzir as perdas por evaporação, 
de acordo com a variação das condições climáticas, principalmente da umi-
dade relativa do ar. A variação do ângulo dos bicos será de 90º a 180º, sempre 
em relação à linha de voo do avião.
Deriva
A aplicação correta e adequada de um defensivo está na escolha das gotas 
adequadas às condições climáticas locais, principalmente a umidade relativa 
do ar. Gotas de pulverização que se elevam ou se deslocam para fora da área 
de aplicação deverão ser evitadas. Deslocamentos laterais das gotas dentro 
da área de aplicação são necessários para melhorar a penetração e deposição 
dentro da massa foliar das culturas.
FONTE: Adaptado de ANDEF (2010)
UNIDADE 3 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA E TECNOLOGIAS DE PÓS-COLHEITA
162
Para Justiniano (2014) a pulverização aérea é uma ferramenta para exten-
sas áreas com alto rendimento operacional em curto espaço de tempo. O autor 
define algumas vantagens e desvantagens para a pulverização aérea. Entre as 
vantagens, temos:
• rápida aplicação em áreas extensas (maior capacidade operacional);
• condições do solo não limitam a aplicação;
• baixo volume de calda;
• altura da cultura não dificulta aplicação. 
Entre as desvantagens da pulverização aérea, o autor lista:
• custos de aquisição e manutenção de equipamentos elevados; 
• limitações: obstáculos (postes, árvores), tamanho e formato das áreas; 
• alto potencial de deriva (vento é limitante); 
• gerenciamento da operação.
De maneira geral, o uso adequado dos bicos, pontas e a pressão da apli-
cação são fundamentais em qualquer aplicação de produto fitossanitário. Nas 
aplicações aéreas, esses quesitos redobram seu requerimento de atenção, pois é 
fato que, quando não utilizada a correta tecnologia de aplicação, a pulverização 
aérea pode provocar danos ao ecossistema e à saúde da população em virtude do 
seu potencial de deriva. 
O controle das pragas agrícolas só será efetivo se a geração e distribui-
ção das gotas for adequada, o que se obtém por meio de um bico/ponta 
de pulverização selecionado em função da posição e tipo do alvo bio-
lógico, das condições climáticas e do volume e pressão de trabalho. Os 
maiores problemas ocorrem com o uso de aeronaves agrícolas (aviões 
e helicópteros) nas quais as resultantes aerodinâmicas do equipamen-
to em voo podem modificar o diâmetro, a dispersão e deposição das 
gotas (SANTOS, 2006, p. 2).
O mesmo autor salienta que, em razão da velocidade das aeronaves, a 
turbulência, especialmente à relacionada aos vórtices das pontas das asas, pode 
causar perdas estimadas em 30% das gotas geradas pelos bicos fixados nas barras 
presas às asas. A correção desse fator está relacionada à observação das questões 
climáticas, do momento correto da aplicação, do ajuste adequado dos bicos e das 
influências aerodinâmicas do avião na geração, distribuição e deposição das go-
tas, além das características do alvo biológico e da responsabilidade profissional 
do piloto/empresa prestador dos serviços (SANTOS, 2006).
2.5 VOO DO AVIÃO AGRÍCOLA: NOÇÕES DE PILOTAGEM 
E MANOBRAS
As operações da aviação agrícola são normalmente realizadas com um 
mínimo de infraestrutura, como em pistas não pavimentadas. Assim, são realiza-
TÓPICO 1 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA
163
das dezenas de decolagens por dia e com o máximo de carga possível nos perío-
dos mais quentes, como em safras de verão. 
Um piloto aeroagrícola enfrenta inúmeras adversidades, tais como horá-
rios concentrados em quatro ou cinco meses de trabalho ao ano e longos períodos 
diários, podendo chegar a 90 decolagens e pousos em um único dia, ou até 12 
horas de operação em um dia. Somando-se o desgaste da própria operação, as 
manobras em baixa altitude e o uso de pistas reduzidas, são fatores que exigem 
do piloto ainda mais perícia e exatidão de manobras (PRADO, 2002).
O operador é uma peça essencial no resultado das operações aéreas, sen-
do considerado por muitos autores como uma parte integrante do sistema de 
aplicação. Nesse sentido, a adequada certificação, capacitação e formação são, de 
certa forma, o aval para uma operação eficiente.
A grande parte dos operadores segue o Procedimento Operacional Pa-
drão (POP), que é implantado conforme a legislação nacional junto a empresas e 
aeródromos. 
O Procedimento Operacional Padrão (POP) tem por objetivo descrever 
um roteiro padrão para a prática eficaz e segura da aplicação aérea. O 
procedimento descrito envolve diretamente o piloto agrícola e indireta-
mente o coordenador, secretaria de operações, técnico executor, auxiliar 
de pista e mecânico de manutenção de aeronaves. [...] entre as respon-
sabilidades do piloto agrícola, estão: a correta execução dos serviços de 
aplicação, seguindo rigorosamente os critérios técnicos e normativos 
da empresa e dos órgãos reguladores sem se distanciar da segurança 
de voo, seguir o fluxograma operacional; do coordenador, a integração 
com os pilotos e demais membros do departamento operacional sem se 
desviar das funções descritas em seu POP (FARIA, 2017, p. 26). 
Durante o treinamento, o piloto terá conhecimento de uma série de roti-
nas de inspeção pré-voo (inspeção interna e externa) para, então, assumir a po-
sição na cabine e seguir a sequência de manobras necessárias para a operação. 
Neste sentido, pode-se considerar a sequência de manobras padrão em cursos 
de pilotagem, regidas pelo manual de padronização de manobras adotado pelas 
escolas e aeroclubes, que relaciona como procedimentos e manobras básicas as 
sequências a seguir:
• Acionamento do motor, operação no solo: taxiamento, cheque de motor, decola-
gem que pode ser normal, decolagem curta sem obstáculos, decolagem curta com 
obstáculos, decolagem sem flape.
• Após o cheque de motor, o piloto fará a subida, seguida do nivelamento na área 
de instrução. Após, fará as manobras necessárias para a execução de sua atividade.
• Manobras gerais: curvas, pequena inclinação, média inclinação (padrão), grande 
inclinação, coordenação; redução e aumento de velocidade; voo planado com e 
sem flape; estol com e sem motor;“s” sobre estrada; “8” ao redor de marcos; glissa-
das; descida para o tráfego; tráfego padrão; perna do vento; través da cabeceira em 
UNIDADE 3 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA E TECNOLOGIAS DE PÓS-COLHEITA
164
uso; perna-base; arremetida no ar; arremetida na aproximação final; arremetida 
no solo; final pouso normal; pouso sem flape; pouso curto; aproximação de 90°; 
aproximação de 180°; aproximação 360°.
• Manobras após o pouso: corte do motor, abandono.
Embora em ambiente de rotina, o operador deve seguir todos os passos 
que antecedem a operação, o que garante a eficiência do trabalho e a segurança 
da atividade.
De forma estratificada, podemos dizer que primeiro acontece, a fase de 
preparação para o voo: cálculo de área pulverizada; interação das condi-
ções meteorológicas; carga do avião (calibragem); etapas que precedem 
o voo; conferência dos equipamentos; verificação da jornada de trabalho 
(tempo para cumprir a demanda); checagem geral da aeronave; aferi-
ção dos equipamentos; e verificação das condições de segurança da ae-
ronave. Com o voo em execução: controlar a saída do produto (bicos/ 
barra); observar a área todo o tempo (presença de obstáculos); atenção 
à quantidade de combustível (geralmente abastecem menos para não 
pesar a aeronave e assim comprometer o desempenho da máquina) e 
finalização do voo: aterrissagem; recolhimento da aeronave; verificação 
e conferência de possíveis danos durante a atividade e, enfim, descanso 
em alojamentos nas próprias propriedades contratantes ou hotéis cir-
cunvizinhos (FARIA, 2017, p. 45).
Como parte da rotina de operação, cabe ressaltar a importância da realização 
de um estudo prévio, em que devem ser observados pela equipe os seguintes itens:
• desempenho anormal de alguma aeronave;
• condições da pista de pouso; 
• atritos entre pilotos e auxiliares técnicos; 
• dificuldades com os equipamentos agrícolas instalados nas aeronaves; 
• funcionamento dos equipamentos de apoio à operação; 
• novos obstáculos na área de aplicação; 
• condição das acomodações, alimentação e higiene; 
• pressões externas ou reconhecidamente autoprovocadas; 
• qualidade e estrutura de apoio à equipe;
• e dificuldades logísticas diversas.
Muitos dos acidentes na aviação agrícola estão relacionados à falta de pla-
nejamento e à execução de manobras perigosas. 
Na última década, os tipos mais comuns de acidentes na aviação agrí-
cola foram os seguintes: perda de controle em voo – 23,7%, falha de 
motor em voo – 18,9%, colisão em voo com obstáculo – 17,1%, perda 
de controle no solo – 15,1%, manobras a baixa altura – 8,2% e pane seca 
– 3,8%. Com relação às fases de operação aerogrícola mais comumen-
te associadas aos acidentes, estes foram os números para o período 
observado: curva de reversão (balão) – 30,6%, passagem de aplicação 
(tiro) – 22,1%, pouso – 19,6%, Decolagem - 10,6% e translado – 2,6% 
(SIPAER, 2016, p. 18).
TÓPICO 1 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA
165
Entre os fatores que contribuem para as estatísticas (2015), o mesmo autor 
pontua o julgamento de pilotagem (16,75%), a supervisão gerencial (13,33%), o 
planejamento de voo (12,99%), a aplicação de comandos (8,38%), a manutenção 
da aeronave (5,45%) e a indisciplina de voo (4,32%) (SIPAER, 2016).
2.6 ELABORAÇÃO E FISCALIZAÇÃO DO GUIA DE 
APLICAÇÃO
A elaboração e a fiscalização do guia de aplicação estão vinculadas res-
pectivamente à empresa ou ao usuário da atividade e aos órgãos reguladores 
MAPA e CREAs. Nesse sentido, o Decreto nº 86.765, de dezembro de 1981, em 
seu art. 6º estabelece que: 
As empresas somente poderão obter registro e operar em território na-
cional, desde que atendam às seguintes exigências: I. Ter autorização 
de funcionamento do Ministério da Aeronáutica; II. Possuir engenhei-
ro agrônomo, responsável pela coordenação das atividades a serem 
desenvolvidas com o emprego da Aviação Agrícola, devidamente re-
gistrado no CREA; III. Possuir pilotos devidamente licenciados pelo 
Ministério da Aeronáutica e portadores de certificado de conclusão de 
curso de Aviação Agrícola, desenvolvido ou reconhecido pelo Ministé-
rio da Agricultura e devidamente homologado pelo Departamento de 
Aviação Civil - DAC; IV. Possuir responsáveis pela execução dos tra-
balhos de campo, que deverão ser técnicos em agropecuária, de nível 
médio, possuidores de curso de executor técnico em Aviação Agrícola, 
desenvolvido ou reconhecido pelo Ministério da Agricultura; V. pos-
suir aeronave equipada dentro dos padrões técnicos estabelecidos pe-
los Ministérios da Agricultura e da Aeronáutica (BRASIL, 1981, p. 1).
Complementar ao decreto acima, está a orientação técnica Coordenação 
Geral de Agrotóxicos e Afins (CGA) nº 01/2011, o qual estabelece que os órgão es-
taduais de defesa sanitária vegetal são responsáveis pela fiscalização da emissão 
e uso do guia de aplicação, que deve ser emitido por profissional habilitado pelo 
uso de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Ainda sobre a habilitação, 
o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA), pela Resolução nº 
377, 28 de setembro de 1993, resolve:
 
Art. 2º - As atividades de Aviação Agrícola referentes à aplicação aérea 
de agrotóxicos e outros insumos serão precedidas de "Guia de Aplica-
ção", preparadas por Engenheiro Agrônomo que a assinará. § 1º - En-
tende-se por "Guia de Aplicação" o documento referente à aplicação 
do agrotóxico ou do insumo agrícola onde constam as informações 
necessárias antes, durante e após o voo, inclusive dados da receita 
agronômica e o número da ART. § 2º - Não será necessário incluir o 
relatório de bordo na "Guia de Aplicação", podendo ser emitido sepa-
radamente. Art. 3º - Para cada Guia de Aplicação corresponderá uma 
Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) que deverá ser efetiva-
da até a data de realização do serviço (CONFEA, 1993, p. 20).
 
 A guia de aplicação deve conter no mínimo:
UNIDADE 3 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA E TECNOLOGIAS DE PÓS-COLHEITA
166
• nome do usuário e endereço;
• cultura e área ou volumes tratados; 
• local da aplicação e endereço; 
• nome comercial do produto usado; 
• quantidade empregada do produto comercial;
• forma de aplicação;
• data da prestação do serviço; 
• precauções de uso e recomendações gerais quanto à saúde humana, animais 
domésticos e proteção ao meio ambiente;
• identificação e assinatura do responsável técnico, do aplicador e do usuário. 
2.7 RELATÓRIO DE APLICAÇÃO
Pela Instrução Normativa nº 2, de 3 de janeiro de 2008, o MAPA estabele-
ceu a obrigatoriedade de emissão e apresentação de relatórios de atividades aero-
agrícolas. Estes estão previstos em dois formatos: relatório mensal de atividades 
(Figura 9) e relatórios operacionais de serviços realizados (Figura 10). Segundo a 
legislação, os relatórios possuem as seguintes especificidades: 
[...] V – o relatório operacional dos serviços realizados deverá ser man-
tido à disposição da fiscalização na base operacional ou no escritório, 
da jurisdição dos trabalhos, durante o período constante da autoriza-
ção; e VI – o relatório mensal, de atividades da empresa aeroagrícola 
com sede em outra unidade da federação, deverá ser encaminhado à 
SFA no respectivo estado onde atuou, até o décimo quinto dia do mês 
subsequente, sem prejuízo das informações a serem prestadas a SFA 
da unidade da federação onde é registrada (IN 2, 2008, p. 6).
FIGURA 9 – MODELO DE RELATÓRIO MENSAL DE ATIVIDADES
FONTE: Brasil (2008, s.p.)
TÓPICO 1 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA
167
FIGURA 10 – FORMULÁRIO DE RELATÓRIO OPERACIONAL
FONTE: Brasil (2008, s.p.)
Em seu art. 9º, a IN nº 02/2008 determina que o relatório operacional deve 
estar em campo no momento da realização das operações, podendo ser dispo-
nibilizado aos membros da equipe e para possíveis fiscalizações. A normativa 
estabelece que deve constar no relatório: 
I- nome da empresa operadora aeroagrícola, pessoa física ou jurídica e número 
de registro no MAPA; 
II- nome do contratante;
III- localização da propriedade, município e unidade da federação, da área do 
serviço;
IV-tipo de serviço a ser realizado;
V- cultura a ser tratada;
VI- área tratada em hectare;
VII- nome do produto a ser utilizado, classe toxicológica, formulação e dosagem 
a ser aplicada por hectare, número do receituário agronômico e data da emissão, 
quando for o caso;
VIII- tipo e quantidade de adjuvante a usar, quando for o caso;
IX- volume de aplicação em litros ou quilograma por hectare;
X- parâmetros básicos de aplicação, relacionados com a técnica e equipamentos 
de aplicação a serem utilizados, como a altura do voo, largura da faixa de depo-
sição efetiva, limites de temperatura, velocidade do vento e umidade relativa do 
ar, modelo, tipo e ângulo do equipamento utilizado;
XI- croqui da área a ser tratada, indicando seus limites, obstáculos, estrada, redes 
elétricas, aguadas, construções, norte magnético e coordenadas geográficas em 
pelo menos um ponto;
XII- data e hora da aplicação, demonstrando os horários do início e término da 
aplicação;
UNIDADE 3 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA E TECNOLOGIAS DE PÓS-COLHEITA
168
XIII- direção das faixas de aplicação (tiros) e o sentido do vento;
XIV- dados meteorológicos de temperatura, umidade relativa do ar e velocidade 
do vento, no início e ao final da aplicação;
XV- localização da pista através de georrefenciamento;
XVI- prefixo da aeronave;
XVII- indicar se a aplicação foi realizada com uso do Sistema de Posicionamento 
Global Diferencial (DGPS); 
XVIII- e outras observações necessárias.
Algumas informações devem ser preenchidas antes e outras durante a 
operação. O relatório deve ser assinado e datado pelo responsável técnico, sendo 
concedidos dez dias para a sua entrega, a contar da data da operação. No relató-
rio, deve estar anexada uma cópia da receita agronômica do produto fitossanitá-
rio utilizado, a qual deve ser arquivada com os documentos da empresa.
É importante lembrar que muitas aeronaves possuem o sistema do DGPS, 
com capacidade de gravação de dados e emissão de relatório. Nesse caso, uma 
cópia do mapa da aplicação deverá ser arquivada com o relatório operacional. 
Para finalizar, os relatórios operacionais devem ser arquivados pelas empresas 
pelo prazo mínimo de dois anos.
A IN 2/2008 (Brasil, 2008, s.p.) também discorre sobre o relatório mensal 
de atividades, que deve utilizar as informações dos relatórios operacionais e se-
guir as instruções a seguir:
I- O campo reservado para identificação da entidade deverá anotar o nome, ende-
reço, mês, ano e número de registro no MAPA.
II- Na coluna UF, anotar a sigla da Unidade da Federação onde realizou o traba-
lho.
III- Na coluna município, indicar o nome do município onde trabalhou.
IV- Na coluna tipo de serviço, indicar o serviço realizado, que pode ser aplicação 
de fertilizantes, inseticidas, herbicidas, semeadura ou outros.
V- Na coluna cultura, indicar o nome da cultura em que realizou a atividade, ou 
seja, indicar em qual cultura foi realizado o serviço.
VI- Na coluna área, indicar o número de hectares trabalhados em uma atividade 
numa determinada cultura, durante o mês relatado, no final da coluna somar os 
hectares trabalhados, para obter o total mensal.
VII- O campo destinado à informação dos produtos utilizados está dividido em 
cinco colunas, devendo relacionar apenas nomes comerciais, sem identificar do-
sagem ou quantidade aplicada.
VIII- Na coluna reservada à identificação das aeronaves, relacionar o prefixo des-
tas, utilizadas pela pessoa física ou jurídica, nas operações descritas no mês.
IX- Na parte inferior do relatório, existe espaço reservado para colocar local, data 
e assinatura, com identificação do diretor da empresa e do engenheiro agrônomo 
responsável técnico, conforme determina o art. 14, § 2º, do Decreto nº 86.765, de 
1981.
TÓPICO 1 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA
169
2.8 LEGISLAÇÃO E SEGURANÇA DE USO DA AVIAÇÃO 
AGRÍCOLA
A legislação que contempla as operações aeroagrícolas forma um com-
plexo de instruções, orientações e decretos de diferentes órgãos envolvidos. De 
maneira geral, as disposições básicas foram abordadas ao longo deste tópico. 
Dessa forma, listamos os pontos principais, de forma pontuada, do arcabouço 
legislativo que baseia a atividade direcionada ao uso de produtos fitossanitários 
em operação aérea. Lembrando que a consulta e o conhecimento minucioso deve 
ser realizado para o aprofundamento da atividade aeroagrícola.
a) Legislação sobre o uso de agrotóxicos (Lei Federal nº 7.802, de 11/07/1989): 
dispõe sobre o uso e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins.
Art. 4. As pessoas físicas e jurídicas que sejam prestadoras de serviços 
na aplicação de agrotóxicos... ficam obrigadas a promover os seus re-
gistros nos órgãos competentes, do Estado ou do Município.
Art. 10. Compete aos Estados e ao Distrito Federal, nos termos dos 
arts. 23 e 24 da Constituição Federal, legislar sobre o uso, a produção, 
o consumo, o comércio e o armazenamento dos agrotóxicos, seus com-
ponentes e afins, bem como fiscalizar o uso, o consumo, o comércio, o 
armazenamento e o transporte interno. (BRASIL, 1989, p. 2-4).
b) Decreto Federal nº 4.074, de 04/01/2002: regulamenta a Lei nº 7.802, de 11 de 
julho de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a 
embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a 
propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final 
dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a 
fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.
c) Orientação Técnica CGA nº 01/2011: baseada nas competências definidas para 
a fiscalização de agrotóxicos da Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989, conforme 
artigo 4º – que trata das empresas prestadoras de serviço – orienta os órgãos 
estaduais a adotar procedimentos para a fiscalização do uso de agrotóxicos em 
aviação agrícola.
d) Fiscalização: Decreto-Lei nº 917, de 7 de setembro de 1969; Decreto nº 86.765, 
de 22 de dezembro de 1981; Instrução Normativa nº 2, de 3 de janeiro de 2008; 
Instrução Normativa SARC nº 7, de 20 de setembro de 2004, alterada pela IN nº 
42, de 12 de setembro de 2007, estabelecendo que:
A fiscalização, bem como a aplicação de sanções as empresas infra-
toras deverá ocorrer de acordo com a legislação específica do Estado 
no qual a empresa encontra-se instalada, conforme o art. 10 da Lei 
7.802de 11 de julho 1989 (MAPA, 2011, s.p.).
UNIDADE 3 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA E TECNOLOGIAS DE PÓS-COLHEITA
170
No site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, você irá en-
contrar todo o sistema de legislação federal sobre o uso, comercialização e a aplicação de 
agrotóxicos, confira em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/insumos-agropecuarios/
insumos-agricolas/agrotoxicos/legislacao/legislacao do 
NOTA
e) Fiscalização estadual: deve considerar as disposições legais sobre a emissão 
de receituário agronômico da Lei Federal nº 7802, de 11 de junho de 1989, que, 
no art. 13, determina que a venda de agrotóxicos e afins aos usuários será feita 
através de receituário próprio.
Ainda, o Decreto Federal nº 4.074, de 4 de janeiro 2002, em seu Capitulo I 
e Capitulo IV, trata das disposições preliminares e define que receita ou receituá-
rio é a prescrição e orientação técnica para a utilização de agrotóxico ou afim por 
profissional legalmente habilitado.
f) Fiscalização Estadual – CDA: as Coordenadorias de Defesa Agropecuária 
(CDA) tratam também sobre o tipo, uso e disponibilidade de Equipamentos de 
Proteção Individual (EPI). Nesse sentido, é importante lembrar que o empre-
gador é responsável pelo uso de EPI dos seus funcionários. Em caso de irregu-
laridades, o empregador será autuado. Da mesma forma, o funcionário que se 
recusa a usar EPI pode ser demitido por justa causa. 
São pontos importantes da legislação sobre EPI:
• o proprietário deve fornecer EPI completo, em perfeitas condições e exigir que 
o funcionário use de maneira correta;
• a equipe de campo que trabalha em contato direto com agrotóxicosdeverá 
obrigatoriamente usar os equipamentos de proteção individual.
g) Fiscalização Estadual relacionada ao depósito de agrotóxicos: a empresa que 
somente presta serviço na aplicação de agrotóxicos:
• não armazena produtos, já que o produto é entregue no momento da aplicação;
• armazena produtos de clientes para a respectiva aplicação e deve possuir de-
pósito que obedeça às normas da ABNT NBR 9843-3 e manter arquivadas as 
respectivas receitas agronômicas.
A empresa que comercializa agrotóxico, além de prestar o serviço de apli-
cação deve:
TÓPICO 1 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA
171
• ter registro na CDA como comerciante de agrotóxicos;
• possuir depósito que obedeça às normas da ABNT NBR 9843-2;
• se emissor de receitas, recolher as ARTS sobre as receitas emitidas.
h) Fiscalização Estadual (CDA) relacionada a embalagens vazias: para empresas 
que somente prestam serviços na aplicação de agrotóxicos, as embalagens vazias 
utilizadas deverão ser obrigatoriamente devolvidas aos seus proprietários 
já tríplices lavadas para serem destinadas, conforme legislação específica. A 
responsabilidade pelo armazenamento e devolução das embalagens vazias 
(quando existirem) é do proprietário rural contratante do serviço de aplicação 
aérea de agrotóxicos. Para empresas que comercializam agrotóxicos além de 
prestar serviços de aplicação, armazenar e destinar as embalagens conforme os 
procedimentos da legislação são de responsabilidade da empresa.
i) Fiscalização Estadual – CDA relacionada a distâncias de aplicação: as normas 
relacionadas a distâncias de aplicação estão na IN nº 2, de 3 de janeiro 2008, e 
devem estar nas bulas e rótulos dos agrotóxicos utilizados. Em resumo:
• É proibida aplicação aérea de agrotóxicos em áreas situadas a uma distância 
inferior a 500 metros de povoações e mananciais de captação de água para 
abastecimento público.
• É proibida a aplicação aérea de agrotóxicos em áreas situadas a uma distância 
inferior a 250 metros de mananciais de água, moradias isoladas, agrupamentos 
de animais e de vegetação suscetível a danos. 
• É importante constar que, nas aplicações realizadas próximas às culturas sus-
cetíveis, os danos serão de inteira responsabilidade da empresa aplicadora. 
UNIDADE 3 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA E TECNOLOGIAS DE PÓS-COLHEITA
172
LEITURA COMPLEMENTAR
PANORAMA DA AVIAÇÃO AGRÍCOLA NO BRASIL
Perspectivas
A despeito de algumas crenças sobre a iminente substituição dos vetores 
aéreos (aviões e helicópteros) por drones (veículos não tripulados), acredita-se 
que tal processo, embora provável, não se dará de forma tão acelerada, ao menos 
no Brasil. Em outras palavras, os aviões e helicópteros ainda serão os principais 
responsáveis pela pulverização aérea das lavouras brasileiras. Assim, se consi-
derarmos a presença majoritária dessas máquinas tripuladas por ao menos uma 
década, este manual já terá mais do que cumprido sua finalidade.
Essa perspectiva se respalda em várias questões de natureza técnica, eco-
nômica e também política. A despeito dos avanços tecnológicos e dos empreen-
dimentos já consolidados na área de desenvolvimento de drones, o fato é que 
nossas áreas cultiváveis vão demandar equipamentos de grande capacidade para 
serem mais eficientes que os atuais vetores.
Ainda sobre a questão técnica, há de se pensar no desenvolvimento e im-
plementação de uma legislação que regulamente a operação dos veículos não tri-
pulados, de forma a cumprir com os requisitos mínimos de segurança operacional.
Por fim, a indústria da aviação agrícola alimenta uma cadeia produtiva 
que emprega muitas pessoas. Logo, uma mudança dessa natureza tem de ser 
equacionada, ou ao menos deveria ser, por meio de um planejamento de médio 
a longo prazo.
Operação heliagrícola
Em complemento às perspectivas expostas anteriormente, observa-se, 
desde 2015, o ressurgimento no Brasil da pulverização aérea envolvendo heli-
cópteros. O cenário de grandes incertezas políticas e econômicas, frequentes em 
intervalos de oito anos quase que regularmente, gera circunstâncias propícias à 
reorientação do mercado, conforme as novas e eventuais demandas.
Para exemplificar essa situação, ao fim da década passada e início da pre-
sente, notou-se uma grande procura por cursos de piloto de asas rotativas. Mui-
tas escolas de pilotagem surgiram para atender a demanda promissora da aviação 
executiva e também da operação em plataforma de petróleo. Contudo, a atividade 
econômica encolheu e muitos helicópteros de instrução pararam de gerar receita.
Considerando a versatilidade do helicóptero, capaz de rapidamente ser 
convertido para outra missão, bem como a demanda do praticamente inabalá-
vel agronegócio, juntou-se a necessidade com a oportunidade. Logo, percebe-se 
claramente boas perspectivas para esse nicho, caso bem gerido e regulamentado.
TÓPICO 1 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA
173
A fiscalização
Há muito se escuta sobre as deficiências na fiscalização da atividade aero-
agrícola. É verdade que problemas burocráticos e de natureza técnica podem ter 
gerado descréditos e descrenças afins, no entanto, quaisquer deficiências têm de 
ser analisadas em um contexto maior.
Com essa premissa, é necessário esclarecer que o número de servidores 
públicos encarregados de fiscalizar a operação aeroagrícola é ínfimo e infinita-
mente menor que o (no mínimo) razoável. Ainda, também se faz necessário men-
cionar que nem os países mais desenvolvidos possuem servidores em número 
condizente com as respectivas demandas.
Assim, é preciso equacionar o problema com “os pés no chão” e prag-
matismo. Isto é, o número de servidores não vai aumentar. O que deve ocorrer 
é o aperfeiçoamento dos servidores e dos processos, de forma a “fazer mais com 
menos”. Essa tendência no gerenciamento de recursos humanos é geral, pública 
e privada. Nessa mesma linha de aperfeiçoamento, o que deve aumentar não é a 
fiscalização, mas o nível de educação.
Quando se fala em educação, na verdade devemos englobar a ética, o pro-
fissionalismo e o acatamento das leis, normas e regulamentos. Em resumo, quan-
to mais cultura, menos necessidade de fiscalização.
Nota
São numerosas as investigações de ocorrências aeronáuticas, envolvendo 
a aviação agrícola, em que estão evidenciadas violações e exibicionismos, que 
provam a deficiência cultural na operação aeroagrícola. Algumas tão engenhosas 
que dificilmente seriam detectadas, nem pela mais rigorosa fiscalização.
Por esta razão, é preciso que todos reconheçam suas deficiências e limita-
ções, antes de apontar o problema alheio. Assim, precisamos fazer, primeiramen-
te, a nossa parte, sempre lembrando que antes dos direitos existem os deveres. 
Aliás, no dicionário o dever vem antes do direito também!
O ambiente aeroagrícola
A agricultura se desenvolve em um ambiente rural, ou seja, afastada dos 
grandes centros urbanos. Assim, a operação aeroagrícola nesse contexto é muito 
sensível às limitações logísticas, operacionais e de infraestrutura. Em curtas pa-
lavras, o ambiente é quase hostil ao desenvolvimento seguro da atividade aérea.
Muitas são as pressões sobre os envolvidos na atividade de pulverização 
aeroagrícola; meteorologia, cobranças do patrão, cobranças do dono da lavoura, 
prazos para cumprimento dos compromissos, obstáculos físicos na área de apli-
UNIDADE 3 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA E TECNOLOGIAS DE PÓS-COLHEITA
174
cação, pistas em mau estado, condições de aeronavegabilidade do equipamento, 
intervalo de tempo exigido para a aplicação oportuna do produto, condição física 
do aeronavegante entre tantas outras.
Assim, se a informalidade for a lei em um ambiente isolado e sujeito a 
tantas restrições, criam-se as condições favoráveis à improvisação e obviamente 
a supramencionada fiscalização passa a não ser bem-vinda, ainda que obviamen-
te necessária. Essa contextualização é importante, pois muitos são atraídos para 
esse universo aeroagrícola, sem ter a noção exata do que vai encontrar, sobretudo 
o piloto agrícola.
Por que piloto agrícola?
O piloto, de forma geral,já é ou nasce motivado. Contudo, o ambiente da 
aviação agrícola é bem diferente daquele normalmente imaginado pelos inician-
tes na carreira. Uns cresceram nesse ambiente, trabalhando com ou por serem 
parentes de pilotos agrícolas. Outros, todavia, são atraídos para o segmento em 
virtude das poucas oportunidades de mercado e do retorno financeiro. Exata-
mente para estes últimos valem muitas reflexões.
A aviação agrícola opera em locais remotos e longe dos grandes aeroportos, 
suas estruturas e rotinas. Existe a compensação financeira, mas a atividade cobra 
um preço caro: desgaste físico e psicológico, afastamento prolongado de casa e dos 
familiares, altos riscos associados ao voo à baixa altura, conforto inexistente ou mo-
desto e estrutura precária para atendimento a eventuais emergências e muito mais.
Parece óbvio, mas ainda que muitos recursos financeiros já tenham sido 
comprometidos com a formação até aquele momento, os pilotos, antes de iniciar 
um Curso de Aviação Agrícola (CAVAG), devem ser muito bem esclarecidos so-
bre a realidade que lhes espera. Ainda, vale também a lei da oferta e da procura. 
Ou seja, pode ser que nem todos os pilotos agrícolas recém-formados consigam 
emprego. Aí, mais recursos serão comprometidos sem retorno. A aviação agrícola 
também seleciona seus pilotos. lembrem-se disso.
FONTE: SIPAER. Manual de boas práticas da aviação agrícola. Brasília, 2016. Disponível 
em: http://sindag.org.br/wp-content/uploads/2017/01/Manual-de-Boas-Pr%C3%A1ticas-da-
Avia%C3%A7%C3%A3o-Agr%C3%ADcola.pdf. Acesso em: 12 fev. 2020.
175
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A aviação agrícola consiste no uso de veículo aéreo para a aplicação ou dis-
tribuição de produtos agrícolas em determinada área rural. Os produtos vão 
desde insumos até sementes e repovoamento de peixes em rios.
• As operações aéreas devem considerar as relações aerodinâmicas do avião. Nesse 
sentido, a aeronave é um corpo sólido em ação em um espaço de gases, a atmosfe-
ra, onde está submetido às forças que esses gases exercem sobre a aeronave.
• Os números demonstrar que a agricultura nacional está em crescente adesão ao 
uso da aviação agrícola, impulsionada, entre outros fatores, pela expansão da 
agricultura de precisão. 
• De maneira geral, as aeronaves agrícolas são pequenas, leves e realizam voos 
baixos, próximos ao solo, de forma a evitar o máximo possível a deriva de pro-
dutos e insumos, muitas vezes realizando manobras consideradas perigosas 
para a aviação convencional.
• As estruturas complementares da aeronave estão ligadas diretamente a sua 
função. Segundo a legislação, a função pode compreender: as atividades de 
aplicação de defensivos agrícolas, aplicação de fertilizantes, semeaduras, po-
voamento de águas, combate a incêndios em campos e florestas, e outros em-
pregos que vierem a ser aconselhados.
• O Regulamento Brasileiro de Aviação Civil (RBAC) nº 137 regulamenta o uso 
de pistas registradas ou não (de pouso eventual) na ANAC, bem como estabe-
lece os procedimentos necessários para a segurança da operação.
• O modelo de pátio de descontaminação é obrigatório e estabelece quatro requi-
sitos básicos: piso de escorrimento, tanque de decantação, reator de ozoniza-
ção, leito de volatização.
 
• Com relação à tecnologia de aplicação, os fundamentos básicos são os mesmos 
da aplicação terrestre, porém algumas especificidades devem ser consideradas 
como pontos críticos a serem observados. 
• De maneira geral, o uso adequado dos bicos, pontas e a consideração da pres-
são de aplicação são fundamentais em qualquer aplicação de produto fitossa-
nitário. Nas aplicações aéreas, esses quesitos redobram seu requerimento de 
atenção, pois é fato que, quando não utilizada a correta tecnologia de aplicação, 
a pulverização aérea pode provocar danos ao ecossistema e à saúde da popula-
ção dado seu potencial de deriva. 
176
• O operador é uma peça essencial no resultado das operações aéreas, sendo 
considerado por muitos autores como uma parte integrante do sistema de apli-
cação. Nesse sentido, a adequada certificação, capacitação e formação são, de 
certa forma, o aval para uma operação eficiente.
• Muitos dos acidentes na aviação agrícola estão relacionados à falta de planeja-
mento e à execução de manobras perigosas.
177
1 A atividade aeroagrícola está regulamentada por um conjunto de leis e re-
gulamentos específicos no plano nacional. Sobre a legislação que envolve as 
operações aeroagrícolas, analise as afirmativas a seguir e marque a alterna-
tiva CORRETA:
I- Os pilotos ou operadores de aviões agrícolas devem ter habilitação técnica 
específica, recebida depois de capacitados e habilitados pelas empresas con-
tratantes.
II- Operadores de aviação agrícola se dividem em três categorias principais, de 
acordo com a instituição de vinculação: empresas de aviação agrícola (presta-
dores de serviço); operadores privados (agricultores) e órgãos públicos. 
III- As aeronaves devem ser homologadas na categoria aeroagrícola e os operado-
res certificados pela ANAC para, então, proceder às operações. 
IV- Os aviões agrícolas devem ter sua operação acompanhada, em terra, por um 
técnico em agropecuária habilitado por um curso de especialização (Curso de 
Executor em Aviação Agrícola – CEAA), que poderá também ser o responsá-
vel técnico pelos procedimentos da operação. 
a) ( ) As alternativas I e III estão incorretas.
b) ( ) As alternativas I e IV estão incorretas.
c) ( ) As alternativas III e IV estão corretas.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
2 As empresas atuantes na aviação agrícola são responsáveis por diversas 
ações junto aos órgãos reguladores para a realização das operações de pul-
verização aérea. Das alternativas a seguir, marque um X nas que represen-
tam essas responsabilidades legais.
a) ( ) A empresa deve estar registrada na ANAC e apresentar até o 15º dia do 
mês subsequente um relatório mensal assinado pelo RT.
b) ( ) A empresa deve informar a localização geográfica da pista de pouso e 
decolagem, independentemente do registro da pista junto à ANAC.
c) ( ) Os órgãos reguladores são responsáveis pela manutenção dos pátios de 
descontaminação anexos às pistas de pouso e decolagem, sejam elas formais 
ou informais. 
d) ( ) Em caso de irregularidade e contaminação de áreas vizinhas ao local de 
aplicação, as empresas podem ser responsabilizadas pelos danos ocasiona-
dos a humanos, animais ou vegetais.
3 As empresas aeroagrícolas devem manter distâncias mínimas de áreas po-
pulosas e de cursos d’água. Sobre as distâncias a serem obedecidas para a 
aplicação de produtos fitossanitários, marque com X a alternativa INCOR-
RETA.
AUTOATIVIDADE
178
a) ( ) Devem ser considerados 500 metros de distância de povoações, cidades 
e vilas ou bairros.
b) ( ) Devem ser considerados 50 metros de distância dos mananciais de 
água, moradias isoladas e agrupamentos de animais.
c) ( ) Os moradores das áreas vizinhas devem ser avisados antecipadamente 
da realização da operação.
d) ( ) Devem ser considerados 500 metros de distância dos mananciais de 
captação de água para abastecimento de populações.
4 São quatro forças atuantes na relação ar e corpo sólido em movimento: o 
peso ou gravidade, a tração, a sustentação e a resistência ao avanço. Sobre 
essas forças, marque com X nas alternativas corretas.
a) ( ) No caso específico de uma aeronave, o peso considera todas as partes 
físicas da aeronave, incluindo o combustível, a carga e os passageiros, sendo 
estabelecido de forma distribuída nos pontos de ação de cada componente.
b) ( ) A força de sustentação se opõe à força de gravidade ou peso, e atua 
verticalmente sustentando o avião no ar. 
c) ( ) A força de sustentação define a habilidade de um avião se manter em 
voo e é utilizada como forma de vencer o peso da aeronave. Nesse processo, 
parte do ar é direcionada totalmente para a parte inferior da asa.
d) ( ) A força de tração é proporcionada pela hélice, por um reator ou motor,e é a força que puxa ou empurra o avião para frente e que se opõe à resis-
tência ao avanço. 
e) ( ) A força de arrasto depende da forma do corpo da aeronave, da sua rugo-
sidade e do efeito resultante da pressão entre a parte inferior e superior da asa.
5 A aviação agrícola está submersa em legislações pontuais e complementa-
res relacionadas ao trafego aéreo e às questões ambientais. Nesse sentido, 
sobre as questões que envolvem as regulamentações relacionadas a pistas 
de pouso e decolagem e as estruturas de abastecimento, assinale com X a 
alternativa INCORRETA.
a) ( ) O Regulamento Brasileiro de Aviação Civil regulamenta o uso de pis-
tas registradas ou não (de pouso eventual) na ANAC, bem como estabelece 
os procedimentos necessários para a segurança da operação.
b) ( ) É expressamente proibida a estocagem de agrotóxicos em aeródromos pú-
blicos, não sendo permitido nem aquele destinado à operação em andamento. 
c) ( ) Os aeródromos ou pistas de pouso e decolagem devem ter ao menos 
uma unidade de abastecimento de aeronaves.
d) ( ) A manipulação de combustíveis exige cuidados no caso da aviação, 
como a garantia do grau de pureza pelo laudo de qualidade e das estruturas 
legais de combate a vazamentos e combustão.
179
TÓPICO 2
TECNOLOGIA PÓS-COLHEITA
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Caros acadêmicos, neste tópico, abordaremos a tecnologia pós-colheita de 
produtos agrícolas, suas generalidades e especificidades, principalmente em relação 
a grãos, frutas e verduras. Assim, serão discutidos, processo, etapas, instrumentos e 
estruturas utilizadas. Ao término do tópico, estarão disponíveis o resumo e autoati-
vidades para sua melhor compreensão!
Devemos considerar inicialmente que o processo de pós-colheita de alimentos 
compreende o espaço desde a saída do produto da lavoura até a sua disponibilização 
para consumo. Cada espécie vegetal ou animal requer procedimentos e tecnologias 
específicas para sua manutenção pós-colheita, que estão ligadas às características fi-
siológicas de cada espécie e a normas e regulamentos que regem a produção e con-
sumo de alimentos.
Secagem, triagem, armazenamento, acondicionamento e transporte são eta-
pas que podem compor o caminho do produto desde a colheita até o consumo. Téc-
nicas que podem conservar as condições organoléticas físicas e químicas dos produ-
tos podem ser aplicadas em cada uma das etapas, e subetapas do processo. Dessa 
forma, o conhecimento minucioso dessas etapas e das características dos produtos é 
decisivo para a rentabilidade da produção agrícola e para a qualidade do alimento 
produzido.
2 TECNOLOGIA PÓS-COLHEITA
Após a colheita dos produtos agrícolas, um conjunto de técnicas passa a ser 
utilizado com o objetivo de preservar, conservar e até melhorar as condições do pro-
duto para o consumo. O termo pós-colheita refere-se ao estudo e conjunto dessas 
técnicas. 
Técnicas capazes de manter íntegros os tecidos e processos fisiológicos e bio-
químicos desses produtos são cada vez mais estudadas e aplicadas tanto a produtos 
comestíveis quanto a não comestíveis, como flores e plantas ornamentais. 
Entre as técnicas utilizadas para a manutenção da qualidade dos alimen-
tos, está o uso de temperaturas baixas, atmosfera modificada, atmosfera controlada, 
180
UNIDADE 3 | AVIAÇÃO AGRÍCOLA E TECNOLOGIAS DE PÓS-COLHEITA
limpeza, sanificação e a combinação dessas técnicas. Vale ressaltar que os processos 
não térmicos estão em crescente estudo e aplicação em diferentes etapas da pós-
-colheita. Em geral, esses métodos proporcionam a redução do uso de energia e 
melhor retenção de nutrientes e sabor em boas condições de sanificação. Entre os 
métodos não térmicos, podemos registrar o uso da alta pressão, os pulsos elétri-
cos, o aquecimento ôhmico, a irradiação, a engenharia genética e a biotecnologia.
Ainda, entre os métodos de pós-colheita, deve-se observar aqueles que evi-
tam injúrias e danos na própria colheita e no decorrer da cadeia. Esses podem ace-
lerar os processos de deterioração da qualidade do produto final. 
A pós-colheita está baseada nas diferentes funções fisiológicas dos tecidos 
vegetais, considerando que essas funções permanecem após a colheita, porém des-
conectadas da fonte geradora de energia e utilizam as reservas (compostos orgâni-
cos e substratos), como os açúcares e amido, para a manutenção dessas funções, en-
tre elas a respiração. Contudo, como resultado da respiração pós-colheita, diversas 
transformações são desencadeadas, como a perda de peso, volume, aroma e valor 
nutritivo, além da consequente redução de tempo de viabilidade de consumo. 
Nesse sentido, no desenvolvimento e escolha de tecnologias pós-colhei-
ta, é fundamental conhecer os fatores que afetam a respiração, dentre os quais se 
destacam a temperatura, composição atmosférica e estresse físico. Ainda, podemos 
considerar a incidência de luz, estresse químico, radioativo, aquoso, reguladores de 
crescimento e ataque de micro-organismos patogênicos. 
Em outro ângulo, a qualidade da pós-colheita está relacionada às questões 
de cultivo e colheita, como a escolha da região, microclima, cultivo, espaçamento, 
preparo do solo, disponibilidade de água e nutrientes, manejo integrado de pra-
gas e doenças, determinação do ponto de colheita para, então, passar ao manuseio 
pós-colheita. Os métodos de controle e tratamento pós-colheita variam de acordo 
com a espécie a ser tratada e também podem ser divididos entre físicos, culturais, 
biológicos e químicos.
Métodos culturais:
São os cuidados na realização das operações e no manuseio dos produtos 
no cultivo, colheita, transporte e casa de embalagens.
Métodos físicos:
a) Termoterapia: imersão ou pulverização em água quente, vapor aquecido ou ar 
seco aquecido, normalmente elevando a temperatura a 50 a 55 ºC, dependendo do 
produto em questão. É usado principalmente no processamento dos produtos. 
b) Refrigeração: é o mais antigo método físico, utilizado principalmente no con-
trole de doenças em produtos frescos. Pode variar de temperaturas negativas 
a de manutenção, entre 10 e 15 ºC. É importante ressaltar que, na maioria das 
TÓPICO 2 | TECNOLOGIA PÓS-COLHEITA
181
ocasiões, as baixas temperaturas não destroem os patógenos, porém retardam 
ou inibem seu desenvolvimento.
c) Irradiação: consiste na exposição dos alimentos à radiação ionizante. Como 
efeito, promove a ionização, resultando em alterações químicas e biológicas, 
podendo induzir a formação de produtos radiolíticos, como glicose, ácido fór-
mico e dióxido de carbono. É utilizada com êxito na conservação de alimentos 
pela redução de processos fisiológicos, como brotação, maturação e envelheci-
mento. No Brasil, o uso da radiação é regido pela Resolução nº 21 da ANVISA, 
de 26 de janeiro de 2001, que, entre outros aspectos, obriga a identificação dos 
produtos irradiados pelo uso da expressão "alimento tratado por processo de 
irradiação", inclusive quando um alimento irradiado é utilizado como ingre-
diente em outro produto (ANVISA, 2001). O uso da Radura (Figura 11), símbo-
lo internacional de identificação do uso da irradiação, é opcional internamen-
te no Brasil, porém obrigatório em diversos países, sendo exigido em muitos 
destinos de exportação. A Radura deve ser acompanhada da frase “alimento 
tratado com radiação”. 
FIGURA 11 – LOGOTIPO OBRIGATÓRIO PARA ALIMENTOS IRRADIADOS
FONTE: Alves (2016, p. 15)
Controle químico:
a) Pré-colheita: deve-se usar produtos registrados para cada espécie e proceder 
a todos os cuidados e exigências legais relacionadas, desde o uso de EPIs até o 
cumprimento dos períodos de carência. 
b) Pós-colheita: podem ser utilizados produtos residuais e/ou sistêmicos. Entre 
as desvantagens do uso do controle químico, está a permanência de resíduos e/
ou odor nos vegetais, o possível surgimento de estirpes resistentes do patóge-
no e o risco de fitotoxidez.
Controle biológico: 
Faz uso de micro-organismos saprófitos como antagonistas aos patógenos 
que possam ser prejudiciais aos alimentos

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