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Tópicos Em Teoria Do Texto Resenha a Dimensão Subjetiva Da Argumentação e Do Discurso Focalizando as Noções de Ethos e a Pathos

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO CRÍTICO: “A DIMENSÃO SUBJETIVA DA ARGUMENTAÇÃO E 
DO DISCURSO: FOCALIZANDO AS NOÇÕES DE ETHOS E A DE PATHOS”, 
DE EDUARDO LOPES PIRIS. 
 
 
 
 Trabalho apresentado na disciplina Tópicos em 
Teoria do Texto, sob a orientação da Profa. Dra. Maria Lúcia da Cunha Victório de Oliveira 
Andrade 
 
 
 
 MARCELO TAVARES DOS SANTOS 
 
SÃO PAULO 
2012 
Indicação bibliográfica: 
 
 
PIRIS, Eduardo Lopes. A dimensão subjetiva da argumentação e do discurso: 
focalizando as noções de ethos e de pathos. EID&A – Revista Eletrônica de 
Estudos Integrados em Discurso e Argumentação, Ilhéus, n. 2, p. 52-62, 
mai. 2012. Disponível em: 
<http://www.uesc.br/revistas/eidea/revistas/revista2/05eduardo.pdf>. Acesso 
em: 31 jul. 2012. 
 
 
 Eduardo Lopes Piris é bacharel em Letras, Mestre em Semiótica e 
obteve o título de Doutor em Filologia pela Universidade de São Paulo (USP) 
no corrente ano. Lecionou na rede pública de São Paulo. Desde o ano de 2010, 
pertence ao corpo docente da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), 
em Ilhéus, na área de Língua Portuguesa. Nessa instituição participa do 
Programa de Divulgação de Estudos sobre Discurso e Argumentação e 
também da Revista Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e 
Argumentação. Atua também em projeto de pesquisa sobre o conceito do ethos 
em discursos políticos e literários. Essas informações acerca do pesquisador 
estão disponíveis em: <http://lattes.cnpq.br/3954891154257982>. 
 O trabalho de Piris aqui estudado, “A dimensão subjetiva da 
argumentação e do discurso”, foi apresentado recentemente, numa publicação 
eletrônica pertencente à instituição em que exerce sua atividade profissional. 
 De início, o autor apresenta o conceito aristotélico da retórica. Em 
seguida expõe a crítica de Armando Plebe e Pietro Emanuele em relação aos 
escritos Chaïm Perelman. Os italianos criticam o polonês pelo fato de ter visto 
o mundo da retórica dentro apenas do aspecto sócio-psicológico, mas que se 
esqueceu de dar importância ao plano filosófico da retórica, que é de criar e 
desenvolver conceitos. 
 Piris, apoiado em Christian Platin, destaca que Perelman, o qual 
escreveu “Tratado da argumentação” em conjunto com o belga Lucie 
Olbrechts-Tyteca, teve o mérito de fazer com que os estudos retóricos 
voltassem a ficar em evidência. O mérito da obra estaria em destacar o aspecto 
intersubjetivo do discurso. 
 O pesquisador brasileiro, em conformidade com Dominique 
Maingueneau, ressalta que a mostra argumentativa está inserida num ambiente 
histórico e social. 
 Citando Ekkehard Eggs e Moisés Ferreira, ele ressalta que o termo 
ethos pode ter dois significados: um ligado a virtudes e atitudes (êthos); o outro, 
a hábitos e costumes (éthos). O termo possui as dimensões moral e social. 
 Ao consultar dicionário da Perseus Digital Library, Piris conclui que ethos, 
dentro da retórica, está numa situação em que “não será necessariamente a 
própria honestidade do orador que lhe garantirá o sucesso persuasivo, mas sim 
a impressão que o seu discurso causar.” 
 Novamente Maingueneau entra em cena, ao afirmar que os efeitos de 
persuasão ocorrem no discurso, onde sua legitimidade está presente na cultura, 
que possui fontes nas áreas artísticas ou de comunicação, por exemplo. A 
situação de empatia ou não do coenunciador em relação ao discurso se dá no 
plano sociocultural. 
 Piris escreve que o termo pathos sofreu mudanças de significados no 
decorrer da história, desde a Antiguidade Clássica, passando pela Idade Média, 
até os dias de hoje, com o desenvolvimento do pensamento científico. Para ele, 
o pesquisador da lingüística textual deve definir o objeto de estudo. 
 A fim de penetrar melhor no termo acima citado, recorre ao professor 
Patrick Charaudeau. Para o francês, a emoção atua na capacidade do 
indivíduo perceber o discurso como uma “figura” feita a partir de uma leitura 
social. O brasileiro prossegue ao destacar o entendimento subjetivo do 
discurso entre o emissor e o receptor. A análise deve se preocupar com a 
forma de que a emoção é ao menos desejada pelo discurso. Piris lembra, ao 
citar o belga Herman Parret, de que não se pode situar o entendimento apenas 
no léxico ou na escrita, pois pode estar acontecendo uma situação de engano. 
Não podem se esquecidas as crenças do enunciatário. 
 Novamente citando o grande pensador grego, mas acompanhando de 
Eggs e agora também de Gilles Declercq, o brasileiro ressalta as 
características de prudência argumentativa (logos), de honestidade das 
palavras (ethos), e de fala do enunciador ser aprazível para com os ouvintes 
(pathos). Essas duas últimas noções – ethos e pathos – quando associadas 
florescem emoções nos ouvintes, pois representam as virtudes morais. São 
dois fatores subjetivos da linguagem. Piris vai além, assinalando a articulação 
de dois entendimentos de pathos: primeiro, o volume de emoções causadas; o 
segundo, o plano discursivo que influencia o ethos. 
 Utilizando-se de Jacqueline Authier-Revuz, ele apresenta as 
heterogeneidades constitutiva e a mostrada. A primeira determina a ligação 
entre orador-ouvinte, enunciador-coenunciador, onde tal fenômeno é 
representado pelo discurso que aparentemente se utiliza do emissor como 
central. A segunda preconiza o acordo do enunciador com o receptor, 
transferindo a ele a centralidade. Como resultado disso, o enunciador procura 
diminuir, através da coerência, as contradições possíveis do discurso. Esse 
jogo entre ethos e pathos é que permite a transferência de forças entre os dois 
seres. Através da língua, há a suscitação da ideologia, proveniente dum 
indivíduo para outro, situados em determinados momentos históricos, 
simultâneos ou não. Os autores Eni Orlandi, Michel Pêcheux e Helena Brandão 
foram citados. 
 O texto não precisa de conhecimentos prévios, mas sugerimos a leitura 
das referências elencadas ao fim da publicação para melhor compreensão, 
bem como “A ideologia alemã” de Karl Marx e os estudos de Antonio Gramsci . 
O autor consegue expor de forma proveitosa sua explanação, conseguindo nos 
convencer naquilo em que nos ofertou. Destacamos na necessidade nossa de 
um maior aprofundamento em relação à ideia de estereótipo cultural , a qual foi 
abordada de forma insatisfatória no artigo. 
 O autor já mostra as conclusões logo no resumo inicial, onde os 
conceitos de ethos e pathos são inseparáveis e também vitais para os estudos 
argumentativos e discursivos. Ele desejou ressaltar a importância da 
subjetividade, situada numa dimensão histórico-social, bem como a capacidade 
na qual possui aquele que profere o discurso em atrair a atenção, positiva ou 
negativa, segundo modelos. 
 O autor recorre às teorias aristotélicas acerca da retórica como ponto de 
partida a fim de iniciar uma evolução histórica. Christian Platin e Ruth Amossy 
ajudam Eduardo Piris a focalizar conjuntamente a argumentação e o discurso. 
Quando apresenta os termos de ethos e pathos inseridos no discurso, ele 
recorre a Patrick Charaudeau. Em ambos os estudos, está a presença de 
Dominique Maingueneau. 
 Seguindo a linha de Maingueneau, Piris reflete sobre a situação dos 
interlocutores através da noção de ethos ao ato da enunciação. O ethos deve 
ser capaz de impactar o ouvinte e conferir a ele um caráter legítimo. A 
organização do discurso está inserida numa perspectiva sócio-histórica. Em 
tempo, recomendamos a leitura dum texto bastante interessante do francês 
chamado “Ethos, cenografia, incorporação”, presente no livro “Imagens de si no 
discurso”, organizadopor Ruth Amossy. 
 Com o aumento diário da quantidade de informações em nossa vida, 
veiculadas em grande parte nos jornais, nas revistas e na internet, é cada vez 
mais importante o estudo da análise de discurso. Infelizmente, os estudos em 
nosso país não servem ainda como parâmetro mundial, haja vista o número de 
autores estrangeiros citados no decorrer do artigo estudado. 
 A contribuição dada por Piris foi a de apresentar as ideias de alguns 
lingüistas preocupados com o estudo do discurso. Percebemos o arrolamento 
de trabalhos recentes. É possível conferir algumas vezes nas notas de rodapé, 
o texto original disposto na língua francesa. O brasileiro dá uma direção ao seu 
pensamento ao buscar os pontos próximos de diversos autores. 
 O estilo é conciso e claro, não obstante o texto deve ser lido com 
bastante atenção, a fim de evitar o não entendimento de algum conceito. A 
linguagem apresentou-se correta. Ser sintético, muitas vezes, não é fácil, ainda 
mais com um tema espinhoso como esse. 
 A obra não se destina ao grande púbico, mas sim para especialistas da 
área de lingüística textual, bem como a estudantes interessados nela.

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