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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL - CCJ0129 Semana Aula: 13 INTERTEXTUALIDADE (PARÁFRASE/PARÓDIA) Tema Intertextualidade (paráfrase/paródia) Palavras-chave polifonia - intertextualidade - paródia - paráfrase Objetivos Levar o aluno a identificar a intertextualidade e interdiscursividade nos textos a serem lidos. Entender o conceito de intertextualidade como um caminho para a interpretação do(s) sentido(s) do texto. Verificar como as vozes polifônicas atualizam o nosso conhecimento de mundo, o conhecimento da situação comunicativa, o conhecimento estilístico e, especificamente, o conhecimento de outros textos e discursos que permeiam a cultura. Levar o aluno à produção de narrativas em que se faça presente o uso da intertextualidade em qualquer de suas modalidades: alusão, paráfrase, ou paródia. Estrutura de Conteúdo Construir os conceito de intertextualidade, de paródia e de paráfrase. Reconhecer a intertextualidade como uma forma de se estabelecer relações dialógicas entre textos. Produzir um texto em que se identifique uma das formas de intertextualidade. A Intertextualidade, conforme destaca Fiorin, é um tipo particular de interdiscursividade em que se relacionam textos de materialidades distintas. A intertextualidade pode ser compreendida, então, como o diálogo entre textos, ou seja a presença de um texto em outro, ao passo que a interdiscursividade constitui uma memória discursiva que forma um sentido global para a atividade discursiva. Este autor enfatiza que as relações entre textos ocorrem "quando duas vozes se acham no interior de um mesmo texto" e " há relações entre textos, quando um texto se relaciona dialogicamente com outro texto já constituído". Há no texto que se relaciona com ele o encontro de dois textos [ou mais]. (FIORIN, 2006, p. 181-182). A intertextualidade caracteriza-se, então, por remeter um texto a outros, seja por meio de paródias, alusões, estilizações, citações, repetições de situações narrativas, de personagens ou outros instrumentos. É na relação com o discurso do outro que se apreende a ideologia e o aspecto histórico-social que perpassa o discurso, ou melhor, o dialogismo é parte constitutiva e inscrita no interior do discurso, conforme afirma Bakhtin (2003). Estratégias de Aprendizagem Mostrar ao aluno que, quando se produz um texto, não é somente a voz do narrador que aparece. Em uma narrativa, além do narrador, outros elementos têm voz, as quais podem ser expressas direta ou indiretamente. Daí falarmos em narrativa polifônica. E que, além disso, ?Todo texto é um intertexto; outros textos estão presentes nele, em níveis variáveis, sob formas mais ou menos reconhecíveis [...] O intertexto é um campo geral de fórmulas anônimas, cuja origem raramenteé recuperável, de citações inconscientes ou automáticas, feitas sem aspas.? (Barthes) Levá-los a compreender que a intertextualidade pode ocorrer afirmando as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as, isto é, por meio da paráfrase e da paródia. E ainda, conscientizá-los de que é o uso de procedimentos desse tipo que permite controlar o que vai sendo lido, tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, arriscar-se diante do desconhecido, buscar no texto a comprovação das suposições feitas. Indicação de Leitura Específica LEITE, Maria Tereza de Moura e PALADINO, Valquiria da Cunha. Português Instrumental. Rio de Janeiro: UNESA, 2014. Capítulo 6: Leitura, compreensão e produção de textos, p. 291 -309. Aplicação: articulação teoria e prática A intertextualidade - pluralidade de leituras e sentidos, como já estudado, é o processo de incorporação de um texto em outro, seja para produzir o sentido incorporado, seja para transformá-lo. Intertextualidade é, pois, a propriedade de os textos se relacionarem. Questão 1 Analise os três textos a seguir, identifique e comente sobre o tema abordado e a organização intertextual de cada um deles, traçando semelhanças e diferenças entre eles. Não se esqueça de que o leitor competente deve compreender o que lê; como também saber ler o que não está escrito, identificando elementos implícitos; estabelecer relações entre o texto que lê e outros textos já lidos; saber que vários sentidos podem ser atribuídos a um texto; conseguir justificar e validar a sua leitura a partir da localização de elementos discursivos. Texto 1 ?Sou compulsiva, eu sei. Limpeza e arrumação. Todos os dias boto a mesa, tiro a mesa. Café, almoço, jantar. E pilhas de louça na pia, e espumas redentoras. Todos os dias entro nos quartos, desfaço camas, desarrumo berços, lençóis ao alto como velas. Para tudo arrumar depois, alisando colchas de crochê. Sou caprichosa, eu sei. Desce o pó sobre os móveis. Que eu colho na flanela. Escurecem- se as pratas. que eu esfrego com a camurça. A aranha tece. Que eu enxoto. A traça rói. Que eu esmago. O cupim voa. Que eu afogo na água da tigela sob a luz. E de vassoura em punho gasto tapetes persas. Sou perseverante, eu sei. À mesa que ponho ninguém senta. Nas camas que arrumo ninguém dorme. Não há ninguém nesta casa, vazia há tanto tempo. Mas, sem tarefas domésticas, como preencher de feminina honradez a minha vida?? (COLASANTI. Contos de amor rasgado. Rio de Janeiro: Rocco, 2006.) Texto 2 ?Somente uma mulher, e dona de casa, sabe e reconhece a grande tarefa que é bem dirigir uma casa. A dona de casa tem de ser, antes de tudo, uma economista, uma ?equilibrista? das finanças, principalmente com as dificuldades da vida atual. O lar é o lugar onde devemos encontrar a nossa paz de espírito num ambiente limpo, sadio e agradável e cabe à mulher providenciar isso. Muitas erram ao fazer de sua casa uma vitrina permanente onde não há liberdade para o marido fumar o seu cachimbo, para o filhinho brincar. [...] A boa dona de casa é a que sabe dar ordens e acompanha de perto a sua execução. É a que mantém a limpeza, a ordem, o capricho em sua casa, sem fazer desta um eterno local de cerimônias, de deveres, onde tudo é proibido. É a que faz de sua casa o lugar de descanso, da felicidade do marido e dos filhos, onde eles se sentem realmente bem, à vontade, e são bem tratados. O melhor lugar do mundo.? LISPECTOR, Clarice. Correio feminino. Org. Aparecida Maria Nunes. Rio de Janeiro: Rocco, 2006, p.45 Texto 3 Sou eu que começo? Não sei bem o que dizer sobre mim. Não me sinto uma mulher como as outras. Por exemplo, odeio falar sobre crianças, empregadas e liquidações. Tenho vontade de cometer haraquiri quando me convidam para um chá de fraldas e me sinto esquisita à beça usando um lencinho amarrado no pescoço. Mas segui todos os mandamentos de uma boa menina: brinquei de boneca, tive medo do escuro e fiquei nervosa com o primeiro beijo. Quem me vê caminhando na rua, de salto alto e delineador, jura que sou tão feminina quanto as outras: ninguém desconfia do meu hermafroditismo cerebral. Adoro massas cinzentas, detesto cor-de-rosa. Penso como um homem, mas sinto como mulher. Não me considero vítima de nada. Sou autoritária, teimosa e um verdadeiro desastre na cozinha. Peça para eu arrumar uma cama e estrague meu dia. Vida doméstica é para os gatos. [...] Sou tantas que mal consigo me distinguir. Sou estrategista, batalhadora, porém traída pela comoção. Num piscar de olhos fico terna, delicada. Acho que sou promíscua, doutor Lopes. São muitas mulheres numa só, e alguns homens também. Prepare-se para uma terapia de grupo. MEDEIROS, Martha. Divã. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. p. 9-11. Questão 2 Texto I: Os Retirantes (Portinari) http://www.portinari.org.br/ppsite/ppacervo/obrasCompl.asp?notacao=2733&ind=1&NomeRS=rsObras&Modo=C Texto II: Asa Branca Quando "oiei" a terra ardendo Qual a fogueira de São João Eu perguntei a Deus do céu, ai Por que tamanha judiação Eu perguntei a Deus do céu, ai Por que tamanha judiação Que braseiro, que fornaia Nem um pé de "prantação" Por farta d'água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão Por farta d'água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão Inté mesmo a asa branca Bateu asas do sertão "Intonce" eu disse, adeus Rosinha Guarda contigo meu coração "Intonce" eu disse, adeus Rosinha Guarda contigo meu coração Hoje longe, muitas légua Numa triste solidão Espero a chuva cair de novo Pra mim vortar pro meu sertão Espero a chuva cair de novo Pra mim vortar pro meu sertão Quando o verde dos teus "óio" Se "espaiar" na prantação Eu te asseguro não chore não, viu Que eu vortarei, viu Meu coração Eu te asseguro não chore não, viu Que eu vortarei, viu Meu coração (Luíz Gonzaga) Fonte:http://letras.mus.br/luiz-gonzaga/47081/ Entendendo os textos: a. O que as obras retratam? b. Em qual região do país essa situação ocorre? Por quê? c. Qual a relação entre a obra de Portinari e a música de Luís Gonzaga? d. Quais as semelhanças entre as obras? e. Quais as diferenças? f. Em sua opinião qual obra foi criada primeiro? Justifique a sua resposta. g. Quais trechos ou estrofes da canção estão relacionados ao quadro de Portinari? h. Explique o processo de migração explícito no 7º verso? Questão 3: Escolha um dos temas abordados (questões 1 ou 2) e, fazendo uso da intertextualidade, produza um texto dissertativo. Considerações Adicionais
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