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Aulas 4 - Processo Civil(10)

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Direito Processual Civil
CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA – CESB
Instituto de Educação Superior de Brasília – IESB
Prof.: Diego Herrera
e-mail: diegoherreramoraes@gmail.com 
Competência
O Poder Jurisdicional é uno, exercido em todo território nacional
Mas, por razões de política legislativa (em que se leva em conta, p. ex., espaço territorial, natureza e valor das causas, hierarquia dos órgão judiciários, as pessoas envolvidas) a competência de dizer o direito no caso concreto pode ser, por lei, atribuída e distribuída pelos vários órgãos jurisdicionais. 
Competência é justamente o resultado de critérios de distribuição dentre os vários órgãos judiciários as atribuições relativas ao desempenho da jurisdição.
Diz-se que um dado juiz é competente quando, no âmbito de suas atribuições, tem poderes para exercer jurisdição sobre determinada causa. 
Competência
Embora todos os juízes têm poderes jurisdicionais, nem todos, porém, se apresentam com competência para conhecer e julgar determinados litígios. Somente o juiz competente tem legitimidade para fazê-lo. Portanto, competência delimita a jurisdição, conforme critérios estabelecidos previamente em ato normativo.
Não basta, para fins de validade do processo, que a jurisdição seja provocada e, portanto, retirada de seu estado de inércia. Faz-se mister ir além e verificar quais dos órgãos jurisdicionais podem, ou não, atuar no caso concreto.
No que diz respeito à competência, sua fonte normativa primeira é a CF. Além dela, a definição da competência é dada pelas leis processuais e de organização judiciária – e, também, por meio de seus respectivos Regimentos Internos.
Desde que observados as linhas gerais traçadas pela CF (arts. 107, §1º, 110 e 125, § 1º), compete tratar de matéria de competência ao legislador ordinário: federal, quanto à Justiça Federal e Especiais; e estadual, quanto às Justiças locais.
Perpetuação da Competência
Não basta que hajam normas abstratas sobre competência, pois é necessário saber, concretamente, qual é o juízo responsável pela demanda. 
O art. 87 do CPC prevê a perpetuatio jurisdictionis: a competência é fixada, não mais se modificando, no momento da propositura da demanda
Obs.: considera-se proposta a demanda, quando a petição inicial é despachada pelo juiz; ou, onde houver mais de uma vara, quando é simplesmente distribuída (arts. 251 c/c 263). Distribuída a demanda, transforma-se “a competência cumulativa de todos em competência exclusiva de só um dentre todos” (Calmon de Passos)
Exceção: admite-se posterior modificação do juízo responsável pela demanda, excepcionando-se a regra da perpetuação da competência, em duas raras hipóteses de: (i) supressão do órgão judicial; e (ii) alternação superveniente de competência absoluta (em razão da matéria ou hierarquia). 
Classificação da Competência
Competência do foro (territorial) e competência do juízo:
Foro é a unidade territorial sobre a qual um dado juízo exerce poder jurisdicional, mas, no mesmo foro, podem funcionar vários juízos/varas, com atribuições iguais ou não.
No primeiro grau, o foro corresponderá ao território da seção/subseção judiciária (Just. Federal) ou ao da comarca/circunscrição judiciária (Just. Estadual); no segundo grau, ao da Região (Just. Federal) ou ao do Estado (Just. Estadual); nas instâncias superiores, ao do território nacional
Primeiro verifica-se o foro competente, à luz do CPC, para, então, à luz das leis de organização judiciária, se identificar o juízo/vara competente.
Competência originária e recursal (ou derivada)
Originária é atribuída ao órgão jurisdicional pra conhecer e julgar a causa em primeiro lugar; a regra geral é que ela é atribuída ao juízo monocrático, mas, em algumas situações (p. ex., ação rescisória e mandado de segurança contra ato judicial), pode ser atribuída diretamente ao tribunal.
Recursal (derivada) é atribuída ao órgão jurisdicional destinado a rever, em grau recursal, a decisão já proferida (juízo a quo); normalmente, atribuí-se o julgamento de recurso ao tribunal imediatamente superior (tribunal ad quem); mas há raros casos em que compete ao próprio órgão que proferiu a decisão recorrida julgar o recurso contra ela interposto (ex. EDs).
Competência Relativa x Absoluta
Distingue-se dois grandes regimes de competência, a partir do art. 111: a “absoluta” e a “relativa”, que se diferenciam entre si pela presença ou não do interesse público na sua fixação. Os critérios pode ser assim esquematizada em linhas gerais: 
(i) a competência absoluta é atribuída em razão da “matéria” (definida pela natureza da causa) ou por razão “funcional” (definida pelo órgão jurisdicional que vai atuar ao longo do processo); 
A competência territorial poderá ser absoluta: direito real imóvel (art. 95)
(ii) a competência relativa é atribuída em razão do “território” (definida em função da localização de pessoas ou coisas) ou em razão do “valor” (definida pelo valor da causa).
A incompetência é defeito processual que, em regra, não leva à extinção do processo. Exemplos de exceções: 
Inciso III do art. 51 da Lei 9.099/95 (Juizados Especiais Cíveis) e incompetência internacional (arts. 88 e 89)
Competência Absoluta
Competência absoluta: “pressuposto de validade do processo”, passível de apreciação de ofício, isto é, sem provocação das partes (art. 113)
Pode ser questionada a qualquer tempo (arts. 113, caput, e 301, II) independentemente de observância de forma prevista em lei e, por isso mesmo, não há preclusão para alegá-la (arts. 113, § 1º, e 301, § 4º), não se “prorrogando” (STJ, 2ª Seção, CC nº 94.051/GO, rel. Min. Fernando Gonçalves, DJe 21.8.2008). 
Quanto à competência absoluta a CF e as leis de organização judiciária não deixam margem de escolha aos litigantes; os órgãos jurisdicionais são fixados taxativamente. 
Por isso, constatada a incompetência absoluta do juízo, deve-se remeter os autos ao competente reconhecendo-se a nulidade dos atos decisórios até então praticados (art. 113, § 2º)
Competência Relativa
Competência relativa: aos litigantes, por uma liberdade reconhecida na lei, autoriza-se a escolha entre um ou mais órgãos jurisdicionais igualmente competentes
Não é pressuposto de validade do processo, pode ser modificada por vontade das partes por meio da chamada cláusula de “eleição de foro” ou pela inércia do réu em argui-la a tempo e modos devidos 
Por meio de petição chamada “exceção de incompetência” (arts. 112, caput, e 114) ou, conforme NCPC (art. 64), por meio de preliminar de contestação
 Não é passível de declaração de ofício; por isso sua não observância não causa nulidade ao processo ou a quaisquer atos decisórios. Se não for arguida a tempo, “prorroga-se” a competência. 
Incompetência Absoluta
Incompetência Relativa
Interesse público
Interesse privado
Alegada a qualquer tempo, não há forma especial para que seja arguida, e reconhecidaexofficio
Só pode ser arguida pelo réu (não se admite reconhecimentoexofficio), no prazoda contestação, em petição própria de exceção de incompetência (arts. 112, 299 e 304), que será autuada em apenso. Se não for assim arguida ou arguida fora do prazo, preclusão e prorrogação da competência
A regra não pode ser alterada por conexão (art.103)ou continência (art. 104)
A regra pode ser alterada por continência (art. 104) ou conexão (art.103)cf.arts. 105/106
A regra não pode ser alterada por ato de disposição das partes
As partes podem modificara regra de incompetência relativa, quer pelo foro de eleição (contrato), quer pela não –oposição da exceção de incompetência
A regra não pode ser alterada por conexão ou continência Sereconhecida, remete-se os autos ao competente, reputando-se nulos os atos decisórios praticados pelo juízo absolutamente incompetente
Sereconhecida, remete-se os autos ao competente, mas não se reputam nulos os atos decisórios praticados pelo juízo relativamente incompetente
Competência Internacional
O poder jurisdicional é expressão da soberania estatal
Mas, se a soberania
fosse concebida como ilimitada (ou absoluta), de modo que fosse indiferente o domicílio ou a nacionalidade das partes ou igualmente indiferente que os fatos, de que decorram, tenham ocorrido no exterior, a jurisdição de cada Estado se chocaria com a de outros. 
Se o nosso Judiciário julgasse toda e qualquer causa que lhe fosse proposta, outros Estados não reconheceriam em seus respectivos territórios as sentenças aqui proferidas, não permitindo, pois, sua execução. 
Ao se falar em competência internacional, cogita-se das hipóteses em que a jurisdição estatal pode ou não atuar (arts. 88/89)
Referidos artigos ocupam-se não de competência mas, mais tecnicamente, de jurisdição. Eles se referem àqueles casos em que as autoridades judiciárias brasileiras podem/devem deles conhecer e em que medida o direito brasileiro não tolera que juízos estrangeiros decidam certas questões.
Mas, para que decisões de órgãos jurisdicionais estrangeiros surtam efeitos no Brasil, é mister que à “sentença estrangeira” seja homologada, concedendo-se a ela o indispensável exequatur 
A homologação de sentenças estrangeiras é de competência do STJ (art. 105, I, i, CF; e arts. 483 e 484 CPC)
Jurisdição Internacional Brasileira
Os critérios determinativos da competência internacional brasileira estão no art. 12 LICC e nos arts. 88 e 89 do CPC
Espécies de competência da Justiça pátria diante da jurisdição de órgãos judiciais de outras nações:
Jurisdição Concorrente (ou cumulativa): art. 88 
Causas que podem ser julgadas aqui ou por tribunais estrangeiros. Mas, a sentença proferida no estrangeiro só será eficaz no território brasileiro, desde que seja homologada pelo STJ.
Para homologação é necessário, p. ex.: que a sentença não ofenda a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes e desde que tenha sido proferida por juízo competente, seja desprovida de vícios processuais, transita em julgada, traduzida e consularizada. 
Hipóteses: (i) se o réu domiciliar no Brasil, ainda que de outra nacionalidade seja; (ii) se no Brasil houver de ser cumprida a obrigação, ainda que constituída alhures; e (iii) se a demanda se fundar em fato ou ato ocorrido no Brasil.
Art. 90: existência de demandas idênticas (art. 301§1ºe§3º) ou conexas (art. 103), uma perante juízo brasileiro e outra perante exterior, não induz litispendência, nem veda que o juízo brasileiro dela conheça e decida.
Jurisdição Internacional Brasileira
Exceção: se ocorrida a res iudicata (coisa julgada material) da sentença estrangeira, para que ela produza efeitos no Brasil, necessária sua homologação: arts. 475-N, VI e 475-P, III.
Jurisdição Exclusiva: art. 89
Causas em que a competência dos tribunais brasileiros é exclusiva. Ainda que transitada em julgada, quando for exclusiva a competência brasileira, a sentença estrangeira não produzirá nenhum efeito no nosso território (impassível de homologação)
Hipóteses: (i) demanda relativa a imóvel situado no Brasil (independentemente da natureza da causa de pedir, isto é, tanto se a demanda é fundada em direito real ou pessoal, abrangendo também, p. ex., as obrigacionais, como locação); (ii) inventário e partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido no exterior.
O art. 89 disciplina os casos em que não se admite cumprimento no território brasileiro de decisões eventualmente exaradas por órgãos jurisdicionais estrangeiros, as quais não gerarão quaisquer efeitos no Brasil. Isto porque a hipótese não é passível de homologação pelo STJ, incumbindo-lhe, caso lhe seja formulado pedido nesse sentido, negar o exequatur.
Competência Interna
A competência interna atribui a função jurisdicional dentre os órgãos integrantes do Judiciário nacional. Para tanto, o legislador vale-se, como critérios, de elementos da demanda, quais sejam: (i) partes (competência ratione personae - ex: foro da residência da mulher, seja ela autora ou ré, nas demandas de separação ou anulação de casamento); (ii) causa de pedir (competência em razão da natureza da relação jurídica – ex: relação de trabalho); e (ii) pedido (ex: competência em razão da valor da causa-Juizados Especiais).
A operação tendente a determinar a competência interna, diante de cada caso concreto, se faz por meio de sucessivas etapas, a seguir identificadas:
1) Competência da Justiça: qual é a “Justiça” competente para a causa, p. ex., a comum, trabalhista, eleitoral, militar?
2) Competência originária: o conhecimento da causa cabe a órgão inferior ou superior?
Competência Interna
3) Competência do foro: o conhecimento da causa cabe a qual comarca ou seção judiciária?
4) Competência do juízo/vara: quando há mais de um órgão com as mesmas atribuições jurisdicionais (ex., 3 varas cíveis), qual é o competente?
5) Competência interna: quando numa mesma vara ou tribunal servem vários magistrados, qual ou quais deles serão competentes?
6) Competência recursal: diante da regra geral do duplo grau de jurisdição, identificado o órgão de competência originária, para fins recursais, há que se identificar o órgão perante o qual ele deverá ser interposto, assim como aquele que competirá julgá-lo. A depender da espécie recursal, por vezes bifurca-se, em outras hipóteses concentra-se no mesmo órgão, a interposição e o julgamento do recurso entre aquele que decidiu originalmente e um outro superior.
Obs.: às vezes, a depender da espécie recursal, bifurcam-se interposição e julgamento do recurso; em outras concentram-se no mesmo órgão. Mais uma vez dependendo da espécie recursal, ele deverá ser interposto perante o órgão que decidiu a lide originalmente ou a um superior.
Competência em razão do valor da causa
Art. 248: a toda causa será atribuída um valor certo (valor da causa), ainda que a demanda não tenha conteúdo econômico imediato (ex: dano moral). Esse valor “conterá sempre da petição inicial” (art. 259).
A teor do art. 91, “regem a competência em razão do valor e da matéria as normas de organização judiciária” local da Justiça (ex.: extintos tribunais de alçada).
Art. 3º Lei nº 9.099/95: Juizado Especial Cível tem competência para causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas, dentre outras, as cujo valor não exceda 40 vezes o salário mínimo. Obs: 
Art. 9º: nas causas de valor até 20 salários mínimos, as partes têm jus postulandi (capacidade postulatória), prescindindo-se de advogado.
Há matérias com relação às quais o valor da causa é irrelevante para fixação da competência. Art. 3º, §2º: 
“Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial.”
Competência em razão da matéria
Por razões de política judiciária, tendo em vista a natureza do direito material controvertido, identificado na causa de pedir (fatos e fundamentos de direito – ex.: direito de família, direito real, direito do trabalho, etc.), a lei atribui a certos juízes exclusividade para julgá-las.
A Competência em razão da matéria, pode servir :
 Inicialmente, para determinar a competência civil na esfera constitucional, se à Justiça Federal ou Comum;
Passada esta fase, a procura do órgão judicante levará em conta o critério territorial. Adiante, identificado a partir do critério territorial o foro (comarca) competente, caso nele haja mais de uma vara/juízo, a natureza do direito material controvertido pode determinar a competência dentre elas (varas/juízos), do que são exemplos as chamadas varas especializada (de família, falência, acidente de trânsito, etc.).
Competência em razão da matéria
Afora as hipóteses de competência em razão da matéria reguladas pelo CPC, o art. 91 delega às normas de organização judiciárias locais a regência da competência em razão da matéria.
Lei de Organização Judiciária do DF (Lei Distrital nº 11.697/08): 
Art. 25: “Compete ao Juiz da Vara Cível processar e julgar feitos de
natureza cível ou comercial, salvo os de competência das Varas especializadas.”
Exemplos de especializações em razão da matéria: Vara de Família (art. 27), Vara de Sucessões (art. 28), Vara de Falências e Concordatas (art. 33), Vara de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano (art. 34)
Quanto às hipóteses que o CPC regula competência em razão da matéria:
“Art. 92. Compete, porém, exclusivamente ao juiz de direito processar e julgar:
I - o processo de insolvência;
II - as ações concernentes ao estado e à capacidade da pessoa.”
Competência territorial 
Já sabemos que foro é o território sobre o qual determinado juiz ou tribunal exerce seu poder-dever de prestar jurisdição.
Competência territorial (ou competência de foro), regulada pelo art. 94 e ss., é aquela atribuída aos diversos órgãos do Judiciário levando-se em conta a divisão do território nacional - em foro(s). 
Obs.: nos foros em que há mais de um juízo, a distribuição dessa competência internamente no foro, chamada de competência de juízo, é matéria reservada às normas de organização judiciárias locais. 
O sistema de atribuição de competências do CPC prevê, em seu art. 94, um foro geral (ou comum): o local de domicílio do réu.
Mas há, também, vários foros especiais, que levam em consideração para fins de atribuição de competência: 
a natureza da causa (ratione materiae); 
a qualidade da parte (ratione personae); ou 
o local (ratione loci): (i) onde se encontra a coisa (mais comumente chamado de foro da situação da coisa), (ii) de cumprimento da obrigação, ou (iii) de prática de ato ilícito. 
Competência Territorial: Foro Comum 
Todas as causas não subordinadas a foro especial estão submetidas ao foro comum (ou geral), que o do local do domicílio do réu (art. 94), regra esta aplicável, inclusive, às pessoas jurídicas (arts. 99 e 100, IV).
Critério para se identificar o domicílio das:
Pessoas físicas: “é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo (art. 70 CC); 
Residência é o local centro das atividades jurídicas da pessoas, “de onde a pessoas sai para voltar”. Domicílio, portanto, é residência mais intenção de permanecer (animus manendi). Toda pessoa deve, obrigatoriamente, ter um domicílio, de forma que quem não tem residência habitual (ex: artistas de circo), a lei lhe atribui domicílio presumido: “o lugar onde for encontrada” (art. 33 CC)
Pessoas jurídicas: “o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos (art. 75, IV, CC). 
Obs.: critérios supletivos são dados pelos parágrafos do art. 94
.
Competência Territorial: Foros Especiais
São definidos segundo critérios ratione materiae, ratione personae e ratione loci. A seguir, as principais regras de Foro Especial. 
		 Ações reais imobiliárias: da situação do imóvel (art. 95):
Não basta que diga a respeito do imóvel (ex.: ação de despejo). Para que incida o foro especial, é necessário que verse direito real (ex. desapropriação, usucapião, etc.).
A competência em questão é territorial e, portanto, é em regra relativa. Mas se torna excepcionalmente absoluta e inderrogável quando a lide versar “direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova” (art. 95). Portanto, para os demais casos de direitos reais imobiliárias a demanda deverá ser proposta no foro comum ou contratual, ainda que o imóvel se situe em outra comarca (ex.: execução hipotecária, anulação de compromisso de compra e venda irretratável, usufruto)
Obs.: Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado ou comarca, determinar-se-á o foro pela prevenção, estendendo-se a competência sobre a totalidade do imóvel (art. 107)
Competência Territorial: Foros Especiais
		 Foro das ações de sucessão hereditária e ausência: art 96
O inventário, a partilha, a arrecadação da herança, bem como o cumprimento de disposições de última vontade (testamento e codicilos), são processados no foro onde o de cujos (autor da herança) teve seu último domicílio, no Brasil, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
Na hipótese de incerteza do domicílio do finado (§ú art. 96):
I - da situação dos bens, se o autor da herança não possuía domicílio certo;
II - do local do óbito, se o de cujos possuía bens em lugares diferentes. Obs.: mas se o óbito ocorrer no exterior e o de cujos possuir bens em comarcas diferentes, qualquer uma delas é competente, observadas as regras de prevenção (STJ, 2ª Seção, CC 23.773/TO, Rel. Menezes Direito, DJ 5.4.99)
Art. 96, in fine: por ser universal o foro do inventário, ele atrai para si a competência especial relativa a todas as demandas em que o de cujos seja réu (mas não as em que seja autor).
Obs.: a competência regulada pelo art. 96 é de foro, não de juízo. Assim, eventuais demandas, contra o espólio, poderão ser distribuídas no mesmo foro que o da sucessão, mas para outra vara que não a do inventário
Competência Territorial: Foros Especiais
		 Foros ratione loci em matéria de obrigações contratuais:
art. 100 inciso IV d) : É competente o foro “d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento”. Este inciso estabelece regra de competente para demanda em que se exija o cumprimento de obrigações contratuais. Ou seja, trata das demandas destinadas a obter resultado econômico que o adimplemento poderia ter produzido (ex.: ações de cobrança e execução por título extrajudicial). 
Por que eleger competente o foro do local do cumprimento da obrigação? Pois lá, em geral, é o melhor lugar para se colher provas, testemunhos, etc. 
Onde é indicado o local de cumprimento das obrigações contratuais? No próprio contrato ou em lei (CC: obrigações quesíveis – domicílio do devedor; e portáveis – domicílio do credor)
Obs.: demandas em que se pleiteia, não a satisfação de obrigação contratual, mas uma consequencia do inadimplemento (como as que visam à anulação ou rescisão do contrato), a doutrina majoritária (Dinamarco, Barbi, Nery, Didier, etc,) entende não se lhes aplicar a alínea d do IV art. 100; sendo competente, em tais casos, o foro do domicílio do réu. Mas há precedentes contrários: 
“A pretensões desconstitutivas ou executorias de clausulas de contrato, bem como quaisquer que versem sobre este, devem ser ajuizadas no foro do local onde se dara o cumprimento das obrigações pactuada. inteligencia da regra do art. 100, IV, b e d do CPC. Precedentes do STJ.”(CC 17342/GO, Min. Rel. Waldemar Zveiter, 2ª Seção, DJ 31/03/97) 
Competência Territorial: Foros Especiais
		 Foros ratione loci de ações reparatórias de danos. Destaca-se outros três casos de aplicação do foro ratione loci, relativos a: 
(i) ações de reparação (por dano moral ou material) em geral (art. 100 V letra a): é competente o foro do lugar em que se praticou o ato; 
(ii) ações crime ou acidente de veículo (art. 100 V §ú): é competente o foro do local do fato ou do domicílio do autor, a quem caberá escolhê-lo; e 
(iii) ações com gestor ou administrador de negócios alheios (art. 100 V letra b): é competente o foro do lugar de prática do ato ou fato, a respeito do negócio administrado, do qual decorre a ação.
OBS.: Quando o ato se praticou em vários lugares, o autor pode escolher qualquer deles. 
Foro das ações que versem obrigações decorrentes de ato ilícito (p. ex., resp. civil extracont.) ou delito são reguladas pelo art. 100 inciso IV d) (regra abaixo explicada).
Competência Territorial: Foros Especiais
		 Foro relativo à arbitragem: Lei 9.307/93 
O laudo dos árbitros passou a ser um equivalente à sentença judicial, independentemente de sua homologação em juízo
A convenção de arbitragem pode se dar de duas maneiras:
Por cláusula compromissória (art. 4º), hipótese em que, mediante previsão por escrito (inserta no próprio contrato ou em documento apartado que a ele se refira), as partes submetem à arbitragem os litígios que porventura venham a surgir, relativamente a tal contrato
convencionada pelas partes em um contrato comprometem-se a.
Obs.: Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com assinatura/visto especialmente para essa cláusula.
Competência Territorial: Foros Especiais
		 Foro relativo à arbitragem: Lei 9.307/93 
Por compromisso arbitral (art. 9º), hipótese em que as partes submetem um litígio existente à arbitragem. O compromisso pode ser firmado:
 judicialmente: por termo nos autos, perante o juízo ou tribunal onde tem curso a demanda; ou 
Extrajudicialmente: por escrito particular, assinado por duas testemunhas, ou por instrumento público
Obs.:. Devem ser observadas as regras de competência do CPC para demanda, no âmbito do Judiciário, que tenha por objeto a decretação de nulidade da sentença arbitral (a qual deve ser proposta em até 90 dias após a notificação da sentença arbitral - art. 33).
Antes e até a instauração do procedimento arbitral, é possível se socorrer do Judiciário para buscar tutela de urgência (STJ - REsp 1.297.974-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 1º/2/2012). 
Competência Territorial: Foros Especiais
		 Foros ratione personae:
O art. 100 estabelece três casos de foros especiais em que o critério para atribuição de competência é a qualidade de uma das partes em litígio. Vejamos eles:
Foro da residência da mulher, seja ela autora ou ré, para a ação de separação e de anulação de casamento (art. 100, I), assim como para conversão da separação judicial em divórcio. Mas, por se tratar de regra de competência relativa, admite-se prorrogação da competência quando:
1. A mulher, abrindo mão deste foro especial, propõe a demanda no foro comum;
2. Não endereçada a demanda proposta pelo marido ao foro especial da residência mulher, esta (a mulher) não opõe exceção em tempo hábil.
Competência Territorial: Foros Especiais
		 Foros ratione personae:
Foro de domicílio/residência do alimentado, para a ação de alimentos (art. 100 II). Tratando de competência relativa, admite-se seja a demanda proposta no foro comum, prorrogando-se a competência.
Foro de domicílio do devedor (autor), para a ação de anulação de títulos extraviados ou destruídos (art. 100 III). V. arts. 907 e ss.
Conexão e Continência e Prorrogação de Competência
	Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir.
Identidade parcial dos elementos da lide (sujeitos, causa de pedir e pedido/objeto), pelo:
 objeto comum: p. ex., duas demandas voltadas, separadamente, contra dois coobrigados de uma mesma dívida (devedor e fiados, etc.); ou 
mesma causa de pedir: duas demandas que versem o mesmo fato jurídico. P. ex., quando uma parte busca, em uma primeira demanda, a nulidade de um dado contrato; mas, a outra parte contratual, busca em uma segunda demanda, o recebimento de quantias relativas àquele mesmo contrato.
Conexão e Continência e Prorrogação de Competência
Note que a causa petendi nem sempre é um fato único, mas composta de fatos coligados. No exemplo dado, o fato jurídico relevante à primeira demanda é apenas o contrato, ao passo que à segunda, além do contrato (causa remota), se faz relevante o inadimplemento contratual (causa próxima). Para fins de prorrogação da competência pela conexão, basta a coincidência parcial, como no exemplo acima, dos elementos da causa de pedir.
Obs.: para a litispendência e coisa julgada a causa de pedir deve ser exatamente igual(art. 301 § 1º, 2º e 3º)
Art. 104: Dá-se a continência entre 2 ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.
A continência pressupõe maior identidade entre as demandas, dado que uma das causas se contém por inteiro dentro da outra.
Conexão e Continência e Prorrogação de Competência
A continência envolve 3 elementos (sujeitos, causa petendi e pedido/objeto), se aproximando da litispendência, mas com ela não se confunde, pois na continência o pedido/objeto não é idêntico
Obs.: vide art. 54 e ss. do  NCPC
Prorrogada a competência, se amplia a esfera de competência do órgão judiciário para certas causas. A prorrogação só é possível em casos de competência relativa (tanto que, até mesmo após o trânsito em julgado, incorreta “prorrogação” de compt. absoluta pode ser anulada em ação rescisória – art. 485, II). A prorrogação pode ser:
Legal: por imposição legal - ex. típico conexão e continência (art. 102 e ss.)
Voluntária: por ato de vontade das partes - ex. típico foro de eleição (art. 111) ou nos casos de não oposição de exceção de incompetência (art. 114)
Prevenção e Conflito de Competência
Conexão e Continências são critérios de modificação (não de determinação) de competência, por meio do que, ampliando-se a esfera de competência do órgão judiciário que primeiro conheceu de uma das causas conexas ou continentes (art. 106), este, prorrogando sua competência, passa a poder conhecer de causas que não estariam, ordinariamente, sob suas atribuições jurisdicionais. 
 Prevenção é o juízo que se prefere aos demais, que reunirá e a quem competirá julgar as demandas conexas/continentes (e desde que trate o caso de competência relativa). 
Obs.: se as causas estiverem em graus de jurisdição diferentes, não será possível a reunião de delas. Mas caberá a suspensão daquele que se achar em estágio mais inicial, para se aguardar a decisão da que estiver em nível mais avançado, evitando-se o risco de contradição judicial (art. 265, IV, “a”).
Prevenção e Conflito de Competência
Art. 115: há conflito de competência, suscitado por qualquer das partes, pelo MP ou pelo juiz, quando:
dois ou mais juízes se declaram competentes;
dois ou mais juízes se consideram incompetentes;
entre dois ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos.
O conflito será suscitado ao presidente do tribunal hierarquicamente superior, pelo juiz, por ofício, ou pela parte e pelo Ministério Público, por petição.
Art. 117. Não pode suscitar conflito a parte que, no processo, ofereceu exceção de incompetência.
Efeitos do conflito: possível sobrestamento
Vide arts. 951 e ss. NCPC
Novo CPC: DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL
		Art. 22.  Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:
I - de alimentos, quando:
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos;
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil;
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.
Novo CPC: DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL
Dentre as hipóteses de competência exclusiva da autoridade judiciária brasileira (com exclusão de qualquer outra), o art. 23 do NCPC acresce, em comparação com o CPC/73, as seguintes hipóteses: 
“em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.”
Da Cooperação Internacional: art. 26 NCPC
Da Carta Rogatória: art. 36 NCPC

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