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Introdução à Gestão da Inovação PROFESSOR GREGÓRIO VARVAKIS E PROFESSOR PAULO DIAS MÓDULO BÁSICO Realização: 3 INTRODUÇÃO A GESTÃO DA INOVAÇÃO SUMÁRIO UNIDADE 1 | Inovação: o que é e quaIs os tIpos? 1.1 O conceito de inovação 7 1.2 Mas por que inovar? 12 1.3 Criatividade: base para a 15 1.4 Ciência e tecnologia para 17 gerar inovação 17 1.5 A inovação no mundo e no Brasil 20 1.6 Barreiras para a inovação 24 1.7 O ciclo de desenvolvimento da inovação 26 1.8 Intensidade e abrangência da inovação 28 1.9 Estratégias de inovação nas empresas 32 Resumo 36 UNIDADE 2 | pRoMovenDo a CuLtuRa Da Inovação 2.1 Elementos da cultura da inovação 38 2.2 Identificando oportunidades 42 de inovar com foco no valor 2.3 Buscando oportunidades 45 para cada tipo de inovação 2.4 Gestão de pessoas com foco na inovação 47 2.5 Ferramentas e métodos 50 para gestão da inovação 2.6 Modelos e processos 54 de gestão da inovação RESUMO 60 Conheça os autores 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 62 4 MÓDULO BÁSICO l paLavRas Do pRoFessoR Caro estudante, Seja bem-vindo à disciplina Introdução à Gestão da Inovação. Convidamos você a conhecer, ou rever, conceitos importantes associa- dos à questão da inovação. Este primeiro módulo tratará dos conceitos fundamentais e da relação da inovação com a ciência e o desenvolvi- mento tecnológico, dentre outros aspectos que servem de base para gerenciar a atividade de inovação em uma empresa. A questão da inovação está cada vez mais difundida em todos os níveis e nos mais diversos ramos de atuação. No entanto, nem sempre as empresas conhecem com clareza a definição de inovação e mui- to menos das formas de conseguir inovar de maneira sustentável. Em grande parte dos casos “fala-se muito”, mas não se vê inovação ocor- rendo de forma sistemática e sustentável. Vivemos em uma era de desconstrução acelerada de paradigmas. O que hoje é novo corre o risco de se tornar obsoleto em uma veloci- dade que muitas vezes supera a previsão mais otimista (ou pessimista, dependendo de quem avalia). O ciclo de vida dos produtos, do lança- mento até a retirada do mercado, é reduzido cada vez mais, e um dos motivos é que são esperadas novidades que “justifiquem” o desejo de consumo. Na sociedade do conhecimento a melhor matéria-prima, a planta industrial mais eficiente, os processos racionalizados e uma marca bem consolidada já não são fatores suficientes para garantir a sustentabilidade de um negócio. Se pararmos para avaliar os sites corporativos, é possível cons- tatar que as declarações de missão e outras expressões das políticas e estratégias empresariais de grande parte das organizações, incluem o termo “inovação”, mesmo que na prática o que se observa é a empresa fazendo “mais do mesmo” ou obtendo a inovação de maneira aciden- tal. Se nos voltarmos para a realidade da indústria de máquinas e equipamentos, em especial a indústria de bens de capital, torna-se im- portante ampliar a abrangência da busca de inovação para as empre- sas-clientes. Ou seja, o equipamento fornecido deve ser visto como um potencial elemento viabilizador da inovação no produto ou no pro- cesso da empresa-cliente. Há, portanto, uma oportunidade de inovar 5 INTRODUÇÃO A GESTÃO DA INOVAÇÃO não somente na própria empresa, mas também como um elemento promotor da inovação para os clientes. Nesta disciplina introdutória, você terá um primeiro contato com o tema inovação e com os aspectos referentes à gestão da ino- vação aplicados ao contexto empresarial para se familiarizar com os principais termos, definições e conceitos. Fique tranquilo, pois vários dos temas aqui tratados serão revisitados posteriormente na discipli- na Gestão da Inovação, do Módulo Avançado, e com outras abordagens nas demais disciplinas do curso. Objetivo geral de aprendizagem: Proporcionar um primeiro contato com os principais conceitos associados com a gestão da inova- ção e apresentar de forma geral os principais métodos e ferramentas de suporte à inovação. Sendo assim, ao final da disciplina você estará apto para avaliar e questionar as práticas existentes na empresa onde atua, podendo contribuir para a discussão em torno das alternativas de aumento da maturidade em gestão da inovação. Vamos iniciar os estudos? Boa leitura! Professor Gregório Varvakis e Professor Paulo Dias 6 MÓDULO BÁSICO UNIDADE 1 | Inovação: o que é e quaIs os tIpos? Objetivo de aprendizagem: Compreender que existem diferentes formas de inovação e quais os principais elementos do processo de gestão da inovação 7 INTRODUÇÃO A GESTÃO DA INOVAÇÃO Vamos começar nossos estudos com uma perspectiva do con- ceito de inovação para que possamos entender como esse conceito evoluiu e se emprega em nossa sociedade atual. Preparado para o desafio? 1.1 o ConCeIto De Inovação Inovar é ir além dos limites estabelecidos, seja no desenvolvimen- to de um novo produto ou processo, ou na introdução de uma caracte- rística diferenciadora em produto ou processo já existente, resultando em vantagem competitiva ou melhoria das condições sociais. Não há, portanto, inovação sem que seja gerado algum ganho para a empresa ou para a sociedade em geral. Assim, podemos afirmar ainda que, se não há incremento de valor para a organização ou para a sociedade, não há inovação. Em outras palavras, quando ocorre uma inovação o ambiente onde se aplica sofre mudanças, seja a empresa ou o mercado, de acordo com a abrangência (conforme veremos adiante). Ao nos depararmos com uma inovação, gerada por um concorren- te, pensamos inicialmente: Por que não pensei nisso antes? E depois, provavelmente pensamos o seguinte: E agora, como daremos o troco? Veja que a associação com resultado, valor, lucro ou impacto para a sociedade é o que diferencia “inovação” de “invenção”. Há várias “in- venções” sendo criadas neste momento, em algum lugar do mundo, nas empresas, nas escolas, em garagens. A maior parte delas não che- gará aos clientes ou usuários, ou então será disseminada de forma tão insipiente, terá impacto tão localizado, que não viabilizará a manuten- ção no mercado. Uma boa forma de ver a inovação é com base em uma expressão, conforme a seguir: INOVAÇÃO = NOVA SOLUÇÃO + AÇÃO + RESULTADO IMPACTANTE 8 MÓDULO BÁSICO A expressão “nova solução” esta relacionada ao que vai ser desen- volvido, na forma de ideia ou conceito, que evoluirá para um projeto. Em “ação” temos todas as etapas necessárias para que a inovação se materialize. Quanto ao “resultado impactante”, entendemos que é ele- mento obrigatório para que algo possa ser considerado uma inovação. O lucro é um dos principais resultados esperados da inovação, mas não é o único. Em uma organização sem fins lucrativos o resultado é medido em termos de impacto na sociedade. E, mesmo em uma empresa, o re- sultado pode não estar atrelado ao lucro, ao menos diretamente, como por exemplo, em uma inovação no processo para se adequar a uma nova norma. Sobre o termo “impactante”, explicaremos mais adiante quando tratarmos da intensidade da inovação. Podemos dividir as possibilidades de inovação em quatro tipos (OECD, 2005): inovação de produto, de processo, organizacional e de marketing. A seguir apresentamos suas principais características. A inovação de produto é caracterizada por alteração signifi- cativa em características funcionais de produtos (bens e serviços). É aplicável tanto a produtos totalmente novos como aos casos de aper- feiçoamentos significativos em produtos já existentes. Um exemplo é a introdução de telas sensíveis ao toque em um equipamento industrial, quando o padrão de mercado é o painel eletrônico convencional. Outro exemplo é o uso de um novo tipo de materialna estrutura do equipa- mento aumentando a resistência à corrosão. A inovação de processo ocorre quando os métodos de produ- ção e distribuição dos produtos passam por mudanças significativas, incorporando novas características. Um exemplo: quando Henry Ford introduziu a linha de montagem em suas fábricas de automóveis, essa inovação viabilizou a produção em larga escala, com ganhos de pro- dutividade. Automatizar o controle do processo com base em equi- pamentos conectados em rede a um sistema central também é uma forma de inovação de processo. Ao se implantar novos modelos ou métodos organizacionais, tem- -se a inovação organizacional. Pode-se obter inovação organizacional com diferentes abordagens, tais como modelos de negócio, estrutura organizacional, gestão financeira, capacitação e gestão de desempenho do pessoal. Alguns bancos de países em desenvolvimento identificaram 9 INTRODUÇÃO A GESTÃO DA INOVAÇÃO a oportunidade de oferecer crédito para as classes econômicas mais baixas, gerando o modelo do microcrédito para o público de baixa ren- da. Podemos citar, como exemplo, o sistema de venda de conteúdo da Apple, que ocorre por meio do iTunes, que resultou em um modelo de negócio de sucesso. Já a IBM percebeu que precisava mudar para sobreviver e deixou de ser um fabricante de hardware (predominante- mente manufatura), abandonando o segmento de PCs e impressoras, para focar no modelo de negócio de provedor de soluções de TI (predo- minantemente serviços). Alguns fabricantes de equipamentos indus- triais inovaram seus mercados ao oferecer o serviço de manutenção integral como novo negócio. As inovações de marketing estão relacionadas com a adoção de novos métodos associados ao design de produtos (incluindo emba- lagens), à análise do comportamento do mercado, às técnicas de pro- moção do produto, à fidelização do cliente, aos métodos de formação do preço de venda, dentre outros. Empresas com negócios baseados na internet costumam buscar formas inovadoras de entender o com- portamento dos clientes. Outras empresas buscam inovar através do design diferenciado dos produtos e, como, podemos citar a Hyundai, que buscou se diferenciar através do design inovador de seus veículos. 10 MÓDULO BÁSICO Veja na Figura 1.1 a representação de alguns tipos de inovação: Figura 1.1 – Tipos de inovação. Fonte: Adaptada da OECD (2005). Vejamos mais alguns exemplos de cada tipo de inovação. l Inovações de produto - bens manufaturados • O motor à combustão, que revolucionou os transportes. • O televisor, que revolucionou a indústria do entretenimento. • O telefone celular, que trouxe grandes mudanças na comunicação entre pessoas. • A fralda descartável, que facilitou a vida das famílias. l Inovações de produto - serviços • O atendimento a clientes de restaurantes fast-food por meio do drive-thru. 11 INTRODUÇÃO A GESTÃO DA INOVAÇÃO • Sistema de logística reversa pré-pago pelo fabricante para cole ta de produtos com defeito. • O atendimento bancário em terminais de autoatendimento. • Serviço médico e odontológico na residência do paciente. l Inovações de processo • A Manufatura Aditiva (impressão 3D). • Projeto auxiliado por computador (CAD). • A usinagem rápida. • A robótica aplicada ao processo produtivo. • Informatização de etapas do processo antes realizada manual mente. l Inovações organizacionais • O sistema Toyota de produção. • Células de manufatura, como alternativa à linha de produção. • Parcerias entre empresas concorrentes para aquisição de insu mos com desconto. • Os Centros de Serviços Compartilhados (CSC). • Modelo de comercialização Software as a Service (SaaS). l Inovações de marketing • Cartões de fidelidade de hotéis e outras empresas de serviços. • Design diferenciado da fabricante de veículos Hyundai. • Políticas agressivas de descontos em companhias aéreas em de baixa demanda. • Embalagens diferenciadas para melhor apresentação; segmen tação de mercado e reforço da imagem. Para conhecer outros exemplos de inovação veja a descrição de vinte embalagens criativas em: <http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/20-embala- gens-criativas-com-sacadas-inovadoras#1>. 12 MÓDULO BÁSICO A partir dos exemplos citados anteriormente, fica claro que ino- vação não é sinônimo de invenção. Uma invenção, que é uma criação original e diferenciada, enquanto não tiver aplicação comercial não é considerada uma inovação. Podemos ainda dizer que inovação é uma invenção que é aceita pelo mercado, gerando valor para a organização. 1.2 Mas poR que InovaR? Se sua empresa decidiu que vale a pena se dedicar a este curso é porque acredita que manter ou aprimorar a inovação é algo importan- te. Deve haver uma necessidade de mudança motivada por um fator externo (pressão de concorrente, mudança no mercado, introdução de novas regulamentações, exaustão iminente de matéria prima etc., ou por algum elemento interno à organização baixa produtividade, de- manda por redução de custos, necessidade de reter talentos, ou algu- ma definição da estratégia organizacional). Inovar é produzir riqueza, é transformar capital (financeiro, intelectual) em valor, através de algo novo ou substancialmen- te aprimorado. Qual foi o último exemplo de inovação de sua empresa? Qual foi a resposta do mercado? Como foi a repercussão na sua em- presa? Qual foi o último exemplo de inovação dos concorrentes de sua empresa? Qual foi a resposta do mercado? Como foi a repercus- são na sua empresa? Qual foi a reação da sua empresa? Agora pensando no processo produtivo. Há espaço para inova- ções que possam resultar em melhoria da qualidade, redução de custo e melhores prazos? 13 INTRODUÇÃO A GESTÃO DA INOVAÇÃO Pode ser que a inovação seja questão de sobrevivência. Saiba que isso é mais comum do que muitas vezes pensamos. Sua empresa pode necessitar crescer para se tornar viável e usar a inovação como forma de conquistar mercado de concorrentes já estabelecidos. Ou, em situação inversa, sua empresa pode precisar se defender de concorrentes que “agitam” o ambiente, criando uma demanda pela inovação como estratégia de defesa, ou ainda recuperar mercado perdido por estratégias malsucedidas. Também pode estar havendo forte pressão de concorrentes que mesmo não inovando têm vantagens competitivas pelo bai- xo custo de mão de obra, ou outro fator, como menor carga tributária, ou localização privilegiada. Também contra estes poucos inovadores, a inovação pode ser uma excelente “arma”. Uma matéria-prima que passa a ser escassa, ou que apre- senta algum efeito nocivo para os usuários do produto, é ou- tro fator impulsionador da inovação. A busca por formas de eliminar determinada matéria-prima na composição do produto, ou reduzir ao máximo a utilização, exige soluções inovadoras. A situação inver- sa também pode ocorrer, e isso acontece quando há oportunidade de inovar aproveitando a abundância de determinada matéria-prima ou outro tipo de recurso. Não podemos deixar de considerar o efeito da pressão pela re- dução de custos de produção na busca pela inovação. A inovação no produto pode permitir a substituição de itens com participação rele- vante no custo do produto. Já a inovação no processo produtivo pode proporcionar a redução do custo de mão de obra, minimização de per- das, ou mesmo a redução do consumo de energia em equipamentos e instalações. A inovação no modelo organizacional também pode ser a opção de solução, possibilitando redirecionar a atuação da empresa para mercados pouco explorados caso essa pressão seja menor. Também não menosprezar o efeito positivo na imagem insti- tucional como consequência da inovação sistemática (aquela que não é eventual). Há uma boa parcela de clientes que valorizamempre- sas que são reconhecidamente inovadoras. Tais organizações reforçam essa imagem associada com a inovação que é utilizada nas ações de marting. 1.1 O conceito de inovação 1.2 Mas por que inovar?
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