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FACULDADE SANTO AGOSTINHO- FSA CURSO: BACHARELADO EM DIREITO DISCIPLINA: TÉCNICAS DE LINGUAGEM I PROFESSORA Ms~SOCORRO COÊLHO ALUNO (A):--------- TÉCNICAS DE LINGUAGEM I ANÁLISE DE TEXTO 2 POR QUE ELES BEBEM E DIRIG.El\1? A adoção de Uina lei seca 111ais rigorosa no Estado de São Paulo não bastou. Qs dados da Secretaria de Segurança Pública revelan1 urna redução de quase 20% de acidentes coin n1ortes no trânsito nos . prin1eiros n~eses de 2012 para 2013 no Estado depois da lei, n1as, no 1nesn19_ período, dois acidentes ünpressionaran1. Un1 deles an1putou o braço de un1 joven1 ciclista ern plena Avenida Paulista, mna das principai~ artérias de São Paulo. O outro n1atou un1 garoto de 15 anos que andava de skate nUina rua de Guarulhos, na Grande São Paulo. An1bos foram vítünas àe tnotoristas alcoolizados. O convívio dos motoristas con1 ciclistas, 1110toqu~iros, skatistas e pedestres nas ruas, cada vez n1ais estranguladas pe)o trânsito nas médias e grandes cidades do país, se tornou insano. Quando a bebida entra nessa relação tensa, os efeitos são ainda n1ais catastróficos. ' Várias propQstas tên1 sido discutidas no n1undo para reduzir a viol~ncia no trânsito. En1 muitos países,' ela é a principal causa de n1o11es entre os joyens. Entre as 1nedidas, atnnentar a carga tributária (e, por tabela, o preço das bebidas), din1inuir os pontos de venda de álcool à noite, regulan1entar a publicidade, fiscalizar con1 111ais rigor e in1por penas n1ais duras. Tudo isso parece causar un1 ünpacto inicial nos nún1eros. O grande desafio é aprin1orar os resultados e torná-los permanentes. Há questÇ>es estruturais ilnportantes que deven1, ta1nbén1, ser atacadas. Nas grandes cidades, transporte público de qualidade e barato, estendido tnadrugadas adentro, que garanta un1tneio tranquilo de o jovem cliegar en1 ca~a, é un1 deles. Criar áreas seguras nas ruas (c01n ciclovias protegidas) tan1bén1 pode ser uma 111edida ünportante. Alguns países estudar11 a instalação de detectores de álcool (un1a espécie de bafôn1etro pessoal) acoplados a ca1ninhões, ônibus e até carros particulares. ·Para ligar o n1otor, o próprio carro exige un1 controle do consun1o de bebida. Alén1 dess~s fatores, não se pode esquecer o con1portarnento. Mais que ensinar a guiar e a respeitar quen1 está nas ruas-, ·a educação para o trânsito deveria passar pela percepção do risco envolvido no ato de guiar embriagado ou sob efeito de outras drogas. É aí que se esbarra nun1a das· questões n1ais difíceis. Con1o sensibilizar o condutor do veículo, principahnente o joven11notorista, do risco que ele corre e, pior, que ele pode oferecer aos outros? Sen11nexer nesse componente humano, de noção de responsabilidade e litnite, ~erá ·difícil. solidificar as conquistas deste início de ano. BOUER, Jairo. Época, p.81, I o abr. 2013. L Qual é a .tese ou o ponto de vista exposto no prüneiro parágrafo e defendido nos <;leinais parágrafos? 2. Que argurnentos o autor desenvolve logo na introduç·ão en1 defesa de ·seu ponto de vista? 3. O desenvolvin1ento ocorre no segundo e terceiro parágrafos. Que opiniões o autor expõe no segundo parágrafo en1 relação à tese defendida? 4. No terceiro parágrafo, o autor apresenta ideias pessoais que poden1 reduzir a violência no trânsito. a) Por que ele propõe duas medidas estruturais I)OS grandes centros urbanos? b) Corn que objetivo o autor expõe as iniciativas de outros países para 111elhorar os problen1aS causados pelo trânsito con1 a instalação de un1a espécie de "bafôn1etro pessoal"? 5. Na conclusão, no quarto parágrafo, o autor apresenta outros n1ecanisn1os argm11entativos, expondo opiniões ainda 1nais convincentes. De que n1odo ele argmnenta sobre o problen1a do cotnportru11ento do motorista? 6. Observe que, no final do texto, o autor procura dialogar con1 o leitor. Nesse n1on1ento, ele usa a interrogação para prqsseguir en1 seus argu1nentos. Con1o ele conclui seu ponto de vista? 7. Con1o o autor conseguiu manter a unidade no encadeamento das ideias? 8. Na conclusão, ele en1pregou un1 elemento coesivo, a locução "alé1n de", que liga os dois parágrafos finais. Que sentido esse elen1ento confere ao texto? TÉCNICAS DE LINGUAGEM I 1. Linguagen1, Língua e fala O h01nen1 é un1 ser social e se difere dos outros seres que viven1 reunidos pela capacidade de julgar e discernir, estabelecendo regras para a vida en1 sociedade. Tal concepção, nascida en1 A Política, de Aristóteles, in1plica estabelecer a necessidade de linguagen1 para que o h01ne1n possa se cmnunicar con1 os outros e, juntos, estabelecerexn un1 código de vida en1 con1um. Então,.a linguagexn, capacidade c01nunicativa dos seres, constrói vínculos entre os hon1ens e possibilita a transtnissão de culturas, alén1 de garantir a eficácia dos n1ecanisn1os de funciona1nento dos grupos sociais. 1. 2. ...., -'· 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. A comunicação ocorre quando interagin1os con1 outras pessoas utilizando linguagem; Linguagen1 é un1 processo con1unicativo pelo qual as pessoas interagem entre si; Na linguagen1 verbal, a unidade básica é a palavt·a falada ou escrita . São exen1plos de linguagens não verbais: dança, miJnica, fotografia, escultura etc.; Há linguagens mistas; . LÍNGUA é un1 conjunto de sinais (palavras) e de leis cmnbinatórias por meio do qual as pessoas de un1a con1unidade se con1unica1n e interagen1. F ALA é a manifestação individual da linguagen1 (língua); Variedades linguísticas são as variações que un1a língua apresenta, de acordo con1 as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada; Variedade padrão= língua padrão ou nornta culta é a variedade linguística de n1aior prestígio social; Variedades não padrão ou língua não padrão são todas as variedades linguísticas diferentes da padrão; . Preconceito linguístico é o julgan1ento negativo que é feito dos falantes em função da variedade linguística que utilizatn; ll. As variações de registro ocorren1 de acordo con1 o grau de formalisn1o existente na situação; com o n1odo de expressão, isto é, se se trata de utn registro oral ou escrito; cotn a sintonia entre ·os interlocutores, que envolve aspectos como grau de cortesia, deferência, tecnicidade. 12. Níveis de forn1alisn1o: 13. a. FORMAL: Linguagen1 cuidada, na variedade culta e padrão. Ex.: textos de bons jornais e revistas. b. COLOQUIAL: Aparece nos diálogos. Ocorre sen1 planejamet?to prévio, caracteriza-se por construções gratnaticais soltas, repetições frequentes, frases curtas, conectivos silnples etc. Contexto é a situação concreta a que un1 texto faz referência. Ele é forn1ado pelas relações estabelecidas entre o conjunto de detenninado fato ou situação de que trata o texto. TRA V ÁGUA. Luís Carlos. Gramática c Interação. São Paulo: C011ez, 2002. Linguagem jurídica Há mna relação intrínseca entre o Direito e a Sociedade, dessa fonna a existência do Direito ten1 por objetivo a regulatnentação dos atos que gerrun ünpactos aos men1bros da sociedade. E ele o faz por tuna linguagen1 técnica, afeita à nonna padrão, en1 que não caben1 subjetivisn1os e variações e1ninenten1ente regionais, dialetais. o principal instnunento que o advogado vai usar para se conlunicar é a linguagexn, seu instru1nento para que possa concretizar ·seu conhecimento e interagir com seus clientes e tan1bé1n con1 os detnais _operadores do Direito. A linguagen1 utilizada pelo advogado, por ser n1uito técnica, pode dificultar a cotnunicação entre o advogado e seu cliente, pois netn setnpre, ou na tnaior parte das vezes, esse cliente ten1 qualquer conhecilnento jurídico (e nem deve ter, isso é peculiar a um advogado). Cabe ao profissional jurídico empregar a linguagen1 con1o instrun1ento de entendhnento e aproxin1ação, pois assiln estará curnprindo a 1neta do Direito em vínculo social,a serviço do ser humano en1 comunicação, que precisa ter seus direitos resguardados. ) ) ) ) } ) ) ) ) } } ) } ) ) } ) ) } ) } } ) } } } } } } } ) } } } } } ) ) } ) ) } } } } ) ) } } ( I .I i HENIUQUES, Antonio & DAMIÃO, Regina Toledo. -~urso de Português Juddico. 1 P edição. Atlas: São Paulo, 2010. ·~ I r .. . . i ~ w. ~ 1:~; ·'• .~ ~ ~ .l'~ :l~ :.1: ; t ..... I~· ':. . ~ .1 .. ,,; ·.~ \ ~ I ·'lí' ... :- ·f~ H CoMUNICAÇÃo JuRÍDICA 1.1 CONCEITOS ., :> Já é sabido e, mesmo, consabido que o ser humano sofre compulsão natural, inelutável necessidade de se agrupar em sociedade, razão por que é denominado ens soc(ale. Cônscio de suas limitações, congrega-se -;::-• .,ociedade para perseguir e concretizar seus objetivos; assim, o ser humano é social narura sua, em decor· rência· de sua natureza: Daí, a propensão inata do homem em colocar o seu em comum com o próximo. Tal colocar em comum é o comunicar-se, é a comunicação. Já o latim communica· re. se associa à ideia de convivêncià, relação de grupo, sociedad~. O objetivo da comunicação é o entendimento; como disse algt1ém, a hist6ria é uma constante busca de entendimento . A comunicação ultrapassa o plano histórico, vai além do temporal; por isso, assistiu razão ao poeta }atino Horácio dizer que ele não morreria de todo e a melhor pane de seu ser subsistiria à morte. Porque o homem é wn ser essencialmente político, a comunicação só pode ser um ato político, uma prática _çocial básica. Nesta prática social é que se assentam as raízes _do Direito, conjunto de normas reguladoras da ~ida social. Aceito, então, que o Direito desempenha papel político; função social, podc:- se dizer que suas característ:icas fundamentais são a generalidade (que não se conf\màe co:n ueuo·aiidade) e a alceridad-:: (bi!nte:·c:!idode). w ) ) ) } ) ) ) } } ) ) ) ) } ) } ) ) } ) ) ) ) ) } ) ) ) } } } ) } ) ) ) ) ) } ) } } ) ) ) ) ) } ) 4 Curso de Pv•''UH'JéS Jurldico • Oamilo/Hcnri•)uu Constitui· se a sociedade não de eu +. eus, mas, de ego + alter, ou, ·para se usar um neologismo de Carlos Drummond de Andrade (apud Monteiro, 1991 :36), de "eurnanos", isto é, de eu + humanos. Dá-se a comunicação pelo falar e só ao homem resetva-se a dete1minação de falar. Eugênio Coseriu observa que o homem é "um ser falante" ou, melh01~ é "o ser falante". Comunica-se o homem de forma verbal ou não verbal; esta última acontece de várias ·fonnas como: o Linguagem corporal Na crítica cinematográfica é comum dizer que o corpo fala por Charles Chaplin e, constantemente, ressafta-se a expressividade dos olhos de Bette Davis. No romance O processo Maurizius, Jakob Wasennann fala em olhos interroga- tivos, olhar inquiridor, olhar somb1io e hostil etc. Sabe-se que os olhos mereceram especial atenção de Machado de Assis, 'pois lhe retratavam a natureza íntima- boa ou má- das pessoas. Para ficar com apenas uma obra, encontram-se em Dom Casmun·o, olhos dorminhocos (Tio Cosme); olhos curiosos (Jus tina); olhos refletidos (Escobar); olhos quentes e intimativos (Sancha); olhos policiai.s (Escobar); olhos obUquos e de ressaca (Capiru). Na debatida questão do adultério de Capitu, entre os argumentos, todos indícios, embora alguns veementes, há o olhar de Capitu perto do esquife de Escobar. Frente aos fatos trágicos da -vida, desfivelam-se as máscaras e frustram-se as dissimulações; é o que acont~ce com Capittt. Ela .fico o defunto com oll~os de viúva e revela, então, que o homem dela, seu marido, de facto, era Escobar. Avalie-se a força do olhar nos versos de Menotti dei Picchia: "A peçonha da cobra eu curo ... Quem souber cure o veneno que há no olhai de uma mulher!" As partidas de futebol tornaram-se mais atraentes com a linguagem· gestual dos jogadores. Já na antiga Roma, nos jogos circenses, o imperador, com o polegar levantado ou abaixado, prolatava as sentenças de vida ou de mórte. Cesare Lombroso, fundador da Antropologia Criminal. procurava identificar o criminoso pelo levantamento de determinados traços físicos ou pela conf01mação Ó!isea do crânio. Assim, exprime-se Lombroso em I.:uomo delirtquenr~: "Nessa manhã de um soturno dia de dezembro, não foi apenas uma ideia o que tive, mc1s um relâmpago de clarividência. Ao ver o crânio do sa1teador ViheHa, J.lercebi subirameme, ilurninadc como uma imensa planície sob um céu em fogo, ComunicaçAo Jurídicu 4 a natureza do criminoso. Um ser atávico, reproduzindo os ferozes instintos da humani~ade primitiva, dos animais irúeriores. Assim podemos explicar (o crimi· nos-:>) pelas enormes mandtbulas, ossos salientes das maçãs, arcos proeminentt!S dos supercílios, c~manho exagerado das órbitas,· olhar sinistro, visão exrremameme aguçada, nenhUII)a propensão à calvície, orelhas em alça, insensibilidade à dor, nariz tendendo .à direita, falta de simetria geral. No comportamento, indolência exce.ssiva, incapacidade de rubori7.ar, paixão por orgias - e desejo insano do mal pelo próprio mal. Vontade n.ão apenas de tirar a vida da vítima mas também de mutilar-lhe o corpo, rasgar sua carne, beber seu sangue." (Soares, Veríssimo, Millôr, 1992, p. 93) ~ela ~ímica pode-se conhecer o testemunho de surdos-mudos como ocorreu em Mogi das Cruzes (Folha de S: Paulo, 30·4--93). A fals,idade de um depoimento pode revelar-se até mesmo pel~ transpiração, pela palidez ou simpl.es movimento palpebral. . Intere~sante alertar o profissional do Direito para o código cultural das ex- pressões gestuais. . Assim, o abaix~r dos olhos e o desviar insistente do olhar podem ser deco· dificâdos tanto como timidei. excessiva quanto por ausência de caráter, espírito mentiroso. Po~ quero lado, o olhar persistente assume, não raro, o sentido de desafio e, mui.tas vezes, de cinismo. . . O olhar voltado para dma, com a cabeça levemente inclinada, principalmente quando os olhos ficam descob~rtos pelos óculos posicionados quase na ponta do nariz, em geral revela um espírito inquisitivo e perspicaz. Empregadas essas expressões no interrogatório do réu, em depoimentos de testemunhas e na ação dos profissionais jurídicos, os destinatários dessa comuni- ~ação não verbal irão recebê-la de .acordo com o cód~go cultural que interfere nos ~tsos e costumes de utna sodedade. a !Linguagem do vestuário Os postulantes aos cargos públicos, em Roma, vestiam-se de túnicas brancas, indício da pureza de suas intenções e, por isso, chamavam-se candidatos (àe candidus-a-um). A toga, como qualquer peça do vestuário, é uma informação indiciai da fun· ção exercida pelo juiz e a cor negra sinaliza seriedade e compostura que devem caracterizá-lo. Não se misturam trajes como não se usurpam funções e, .:lss:m, andou com a razão um ex-senador ao àizer que "japona não é coga". } ) ) ) ) ) } ) ) ) ) ) } ) } } ) ) } } ) }.) } ) ) } ) ) } } ) ) } ) } ) ) ) } ) } ) ) ) ) } } ) 6 Cursu de Porru!lJéJ Jurídico • D:unillu/llenriques Tem-se notado a frequência significativa de mulheres de preto em Machado de Assis, todas, ou quase todas, viúvas. Há mesmo um conto com o título: "A mulher de preto." De novo, a cor preta está associada ao respeito e à setiedade. Mas há quem se pergunte: Machado estaria realmente interessado na cor preta ou nas viúvas? João Ribeiro (1960, p. 98); em nota de rodapé, estabelece relação entre a propriedade básica- casa ou habitação- e os nomes de vestes: casa e casaca; capa e cabana (capana); habitar e hábito. Vai mais longe e associafatiota à enfiteuse. Há de se dizer, como remate, que mesmo o calar-se é um ato de comunicação. Eugênio Coseriu considera o calar-se com·o o 11 ter deixado-de-falar" ou "o não falar ainda". É, pois, determinação negativa de falar, o que constitui, também, uma prerrogativa do ser humano.Tanto o é que, segundo Ernout e Meillet, os latinos, pelo menos até a época clássica, tinham dois verbos para o ato de calar-se: silere, para os seres irracionais, e tacere, para os seres racionais. No Direito, fala-se em .. tácita aceitação", "tácita recondução", "renúncia tácita", "confissão tácita", "tácita ratificação". Magalhães Noronha (1969, p. 115) diz que o silêncio do denunciado pode ser interpretado contra ele. Observe-se que nos bons filmes de faroeste há sempre aquele momento em que o silêncio desperta suspeitas no mocinho. Jl.2 lE1LIEMlEN1I'OS DA C~MUNUCA.ÇÃO Estabelecido que o texto jurídico é uma forma de comunicação, nele ocorrem os elementos envolvidos no ato comunicatório; deve have1~ então, um objeto de comunicação (mensagem) com um conteúdo (referente), transmitido ao receptor por um emissor, por meio de um canal, com seu próprio código. Fundamental é lembrar que toda e qualquer forma de comunicação se apoia no binômio emissor-receptor; não há comunicação unilateral. A comunicação é, basicamente, um ato de partilha, o que imp1ica, no núrii~o, bilateralidade. · O ato comunicativo não pode ser ato solícdrio; antes, é um ato soliddrio entre indivíduos em suas relações sociais, razão. por que ·não se pode resolver num ato individual ou na intersubjetiVidade. · Afirma-se que mesmo o ato de não comunicação é comunicação e, nesse caso, a expressão preso incomunicável deve ser entendida cum grano sali.s. Entendido que a comunicação não é ato de um só, mas de todos os elemen- tos dela participantes, verifica-se que a realização do ato comunicatório apenas se eferivará, em stl<\ plenitude, quando todos os seus componentes funcionarem t!dequadamente. .5 Comunicação Jurhli'" Qualquer falha no sistema de comunicação impedirá a perfeita captação da mensagem. Ao obstáculo que fecha o circuito de comunicação, costuma-se dar o nome de ruído. Este poderá ser provocado pelo emissor, pelo receptor, pelo canal. Considerem-se os casos: 1. Numa sessão de júri: se o juiz não conhecer o código do acusado e o in- térprete estiver ausente, suspender-se-á ll sessão, pois há ruído impedindo a comunicação. O mesmo ocorrerá se houver quebra de sigi1o entre os jurados. Há" interferência negativa no sistema de comunicação. 2. Nwna projeção cinematográfica: na exibição de um filme falado em. inglês (não legendado), a comunicação será plena, parcial ou nula dependendo do domínio do códi.go (inglês) por parte do espectador. O mesmo poderá ocorrer caso o ator fale extremamente rápido. 3. Numa sala de aula: ~ comunicação não se fará, mesmo com o domínio do código, se o referente for bastante complexo. Para que se estabeleça interação comunicativa, o mundo textual deve ser semelhante: Dai a necessidade de um juiz socorrer-se de peritos ou intérpretes para eluci- dação dê casos específicos. Magalhães Noronha (1969, p. 116) estabelece o modus operandi no interrogatório de mudos, surdos-mudos, analfabetos e estrangeiros. No requerimento a seguir (peti_ção), podem-se mostrar os elementos da co- municação. Excelemíssirno Senhor Do.utor Juiz de Direito de .. . Eutanásia Boamorte, brasileiro, solteiro, R.G. nR .......................................... , decorador residenre na Rua B, nl2 16, Jardim Mascote, vem requerer seja expedida ordem de ~abeas Corpu~ a favor de Asnásio da Silva pelas razões seguintes: Asnásio da Silva foi preso no dia 10 do fluente mês, na. rua B, n11 17 (Jardim Masco(e), por agentes policiais, constando ter sido conduzido para a Delegacia do 381l Distrito Policial. A prisão é ilegal, pois não ocorreu em flagrante delito e não houve mandado de prisão. O auto de prisão em flagrante, além de indevido, é nulo, pois o detido é me- nor .de vinte e um anos e não lhe foi nomeado curador no momento da lavrarura do aura. Os casos em que alguém pode ser preso estão disciplinados na lei e na Cons- "tiruição. Qualquer prisão fora dos casos legais permice a impetração de Habeas Corpu5. ) ) ) } ) } } } ) ) ) ) ) ) } } ) ) } ) ) } 8' Curso de Porruguh Jurfdico • Dnmião/Htnriques Em face dessa ilegalidade requer digne-se Vossa Excelência conceder-lhe a ordem pedida, expedindo-lhe alvará de soltura. São Paulo, 10 de fevereiro de 200.4. a. Eutanásia Boamorte. Obs.: os nomes Eutanásia Boan1or~e e Asnásio da Silva são de Pedro Nava. Elementos da·comunicação: IEntissor: é o autor do requerimento; Eutanásia Boamorte; ele é o desti- nador, o produtor, a foi).te da mensagem. lileceptm:: é o Juiz çle Direito; a mensagem lhe é enviada; ele é o desti- natário. Mensagem: coação ilegal. Canal: no caso, o canal é a folha, o papel em que se faz o requerimento. O Habeas Corpus pode ser impetrado por telefone ou telegrama; então o canal poderá ser o telefone ou o telegrama. Código: é a linguagem verbal: escrita em língua portuguesa. Referente: ato prisional. 1.3 1FUNÇÕJES DA JLINGU~G1EM O estudo de Karl Bühler sobre as funções da linguagem, assunto desenvol- vido por Roman Jakobson em Linguíscica e comunicação, aplica-se também ao Direito. Um acusado, em seu depoimento, serve-se, em geral, de uma linguagem mar- cadamente subjetiva, carregada dos pronomes eu, me, mim, minha, enfatizando . o emissor; caracteriza-se, assim, a função emotiva. A informação jurídica é precisa, objetiva, denotativa; falá-se, então, de função referencial. Nada impede, porém, que o texto jurídico se preocupe, v. g., com a sonoridade e ritmo das palavras, valorizando a forma da comunicação; tem·se, assi.m, a função poética. A linguagem de dicionátios e vocabulários jurídicos está centrada no código e a função será metalinguísLica. Sabe-se, por outro lado, que o texto jurídico é, eminentemente, persuasório; dirige-se, especificamente, ao receptor; dele se aproxima para convencê-lo a mudar ri"' rnnmnrt.mnento. oara alterar condutas já estabelecidas, suscitando estímulos, ) } } ) } } ) } } } } ) ) ) ) ) ) } ) ) ) ) CrJmunic~~hu Jurldh:a impulsos para provocar reações no receptor. Daí o nome de função conativa, tern1o relacionado ao verbo latino conari, cujo significado é promover, suscitar, provocar estímulos. Faria (1989, p. 28) fala de tais funções da linguagem servindo-se, embora, de outros termos como função diretiva (conativa). O discurso persuas6rio apresenta duas vertentes: a vertente exortativa e a vertente autoritária (imperativa). Os textos publicitários utilizam mais a vertente exortativa e, para maior efei- to, apelam· para a linguagem poética; os mais idosos lembram-se, por certo, da propaganda de alguns remédios. Eis duas amostras: "Na sua casa tem mosquito, Não vou lá. Na suà casa tem barata, Não vou lá. Na sua casa tem pulga, Não vou lá. Peço licença para mandar Detefon ém meu lugar." "Alka Seltzer Existe apenas um. E como Alka Seltzer Não pode haver nenhum." A vertente autoritária é típica do discurso jurídico; basta atentar-~e para o Código Penal e para expressões como: "intime-se", "afixe-se e cumpra-se", "revo- guem-se as disposições em contrário", 11arquive-se", conduzir "sob vara'' ou manu mílítari, "justiça imperante" e outras 111uitas. Monteiro (1967a, p. 14) é taxativo: ·~ém de comum a lei é, por igual, 'obrigatória'. Ela ordena e não exorta (jubeat non suadeat); também não teoriza. Ninguém se subtrai ao seu tom imperativo e ao seu campo de ação." O discurso persuasório coercitivo esteve presente em discurso religioso, cujas linhas diretrizes eram o memento mori e os Novíssimos (morte/juízo, inferno/ paraíso). Ingrnar Bergmann lembra o clima de medo medieval e o Díes irae no célebre filme O sétimo selo. Hoje, o discurso eclesial é mais exortativo. Aparece o mesmo tipo de discurso em textos jornalísticos nos quais o apre- sentador parece revestir-se das funções de juiz no tribumil e,para maior efeito dramático, serve-se de tom de voz soturno como que provindo do além-túmulo e como a prenunciar o Julgamento Final. Nesta altura; soa interessante lembrar que o discurso comunicacional revela tantas e tais afinidades ~om o discurso retórico que ambos se confundem e se tornam um só e mesmo discurso. A afinidade da Retórica com a Çomunicaçao é patente: ·ambas buscam a identidade na alteridade; ambas têm uma dimensão cognitiva e uma djmensão subjetiva; convergem ambas no sentido de que as duas jogam um jogo de· contrários e ambas têm, de certa forma, uma estn.1rura polis- ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) } ) ) } } } ) ) ) } ) ) ) } ) ) } ) ) ) } } ) } } ) ) } ) ) ) ) } } ) ) ) ) ) I ! I ll li li ~ lo Curso de Pl>nugufs Jurldico • o~milo/HenriqU(S. sêmica. A Retórica define-se como "a arte de persuadir" e outro não é 0 objetivo da Comunicação. , ~s fu~ções da linguagem encontram seu paralelo nas p_artes da retórica aris- t~tehca, d1spostas num sistema coerente e lógico por Aristóteles, embora tenham stdo esboçadas por alguns de seus antecessores, como Córax. , . Vejamos a correspondência· das funÇões da linguagem com as partes da Re- tonca: (1) Fpnção fática exórdio . o objetivo é o mesmo: despertar a atenção do receptor (auditório). (2) Função emotiva actio Objetivo: enfatizar o papel do emissor (orador). (3) Função poéÚca elocutio (4) Objetivo: enriquecer a comunicação com a forma da mensagem. Função referencial inventio e dispositio Objetivo: busca de argumentos (inventio) e organização de argumentos ( dispositio). (5) Função conativa actlo Objetivo: ação do emissor para persuadir e convencer o receptor. ]..4 JLÍNGUA OIRAJL lE JLÍNGlUA JESCruTA . Efetuar-se-á ~ proce.sso ~~ comunicação por meio da linguagem oral ou da es~nta. A expres:ao escr!t~ d1fere: sen~ivelmente, da oral, muito embora a língua SeJa a mesma. Nao há duvtdas: mnguem fala como escreve ou vice-versa. . Em contato direto com o falante, a língua falada é mais espontânea, mais viva, ~a~s concreta, menos preocupada com a gramática. Conta com vocabulário mais hrmtado, embora em permanente renovação. , Já na linguage~ escrita o contato com quem escreve e com quem lê é indireto; ~a1_seu caráter ~ats .a~strato, mais _refletido; exige permanente esforço de efabo- taçao e está mats SUJeita aos precettos gramaticais. O vocabulário caracteriza-se por ser mais castiço e mais conservador. A língua fala? a está. p:oVida de recursos extralinguísticos, contextuais- gestos, . ~ostura, expre~soe~ faclals - que, por vezes, esclarecem ou complementam o sen- tido da comumcaçao. O interlocutor presente torna a língua falada mais alusiva ao passo que a escrita é mais precisa. ' Comunic:.çloo Juridicn JI.5 NlÍVEIS 1D.llE ll..HNGUAGlEM 1 A eficiência do ato de comunicação depende, entre outros requir.itos, do uso :.~-~:~·.,·-~_ .. _=_.;.-~:-~_:_-~_~:_:_-_: ade~~·::.~~o n::~:g~e ~~n~~~~: ·• llngua abre possibilidades de um sem·número .1.. de usos que os falantes podem adotar segundo as exigências situacionais da co- ~~- .. ' municação. -~[:~:; . .'._ Às vadações- sociais ou individuais- que se observam na utilização da lin- ,~~~-:::·{ guagem _cabe o nome de Vl;lriantes linguísticas (dialetos) . :·. t"::: .. ·: Dá-se o nome de fala, nívejs ·de linguagem ou ·registros às variações quanto ao .;::..t.~.·_;~:_i_·:· .. :_·.~ •. :;_: ___ :_}_.~-.:··.·_. uso da linguagem pelo mesmo falante, impostas pela variedade de situação. _ , . · _ Haveria, assim, três principais níveis ou regisu-os: ({~·~: ;;f ' I :J I l ~ :-1·:~ .. : < ; ~ J A. Linguagem culta (variante-padrão). Em latim, era o sermo urbanus ou ser·mo eruditus. Utilizam-na as classes intelectuais da sociedade, mais na forma escrita e, menos. na oral. É de uso nos meios diplomáticos e científicos; nos dis- cursos e_sermões; nos tratados jurídicos e nas sessões do tribunal. O vocabulário é rico e sãq observadas as normas gramaticais em sua plenitude. Esta linguagem, usam-na os juristas quando nos diferentes misteres de sua profissão. Não é mais a linguagem de Rui Barbosa, mas dela se aproxima. O vocabulário continua selecionado e adequado; dir-se-ia, até, ritualizado ou mesmo burocratizado e, por isso, menos variado. Se se escolhessem as "dez mais" usadas pelos juristas, por certo, figurariam na lista: outrossim, estribar, militar (verbo), supedãneo, incontinenti, dessane, destarte, tutela, arguir, acoimar . Alguns termos gozam de predileção especial por. parte de certos autores: in- continenti e s:upedânco (Miguel Reale); dessarte (Magalhães Noronha); destarte (W. M. de Barros). Todos timbram em usar um estilo polido, escorreito e castigado no aspecto gramatical. Há os que se excedem, mas, acredita-se, são poucos. Segundo o Shopping News (27-9-92, p. 2), os ministros do STF usaram de- zenove vezes a expressão "recepcionar o recurso" no julgamento do mandado de segurança de Collor contra atos da Câmara Federal. Por essas e por outras, o presidente do STF, Sidney Sanches, disse: "- Agora, para melhorar nossa comunicação com a sociedade só falta elimi- narmos alguns preciosismos da linguagem jurídica." Calha também citar ce·neviva (Folha de S. Paulo, 2-5-93, p. 4-2): "O direito é uma disciplina culrural, cuja prática se resolve em palavras. Direito e linguagem se entrelaçam e se confundem. Algumas vezes - infelizmente, mais do que o necessário - os profissionais da área jurídica ficam tão empolgados com ) ) ) ) ) ) } ) ) ) ) } ) ) ) ) } ) } } ) } ) ) ) } ) _) } ) ) } ) ) ) } ) ) } } ) ) } ) l t;>"·. f ~ . ~:: ;:).·· ~; r.· !t ,t I:~ ~· ~~ [ ~! :1"' ii ~!; .f· :· 'I :J I I 12 Curso de Porruguh JuríJku • D~mi~o/l-l~nriquu os fogos de artifício da linguagem que se esquecem do justo e, outrns vezes, até da lei. Nas acrobacias da esc rira jurídica, chega-se a encontrar formas brilhantes nas quais a substância pode ser medida em conta-gotas. O defeito- também com desafortunada frequência - surge mesmo em decisões judiciais que atingem a liberdade e o patrimônio das pessoas." Exemplo de linguagem culta: "O n·abalho, pois, vos há de bater à porta dia e noite e nunca vos negueis às suas visicas, se quereis honrar vossa vocação, e estais dispostos a cavar nos veios de vossa natureza, até dardeS' com os tesoiros, que aí vos haja reservado, com ânimo benigno, a dadivosa Providência. Ouvistes o aldabrar da mão oculta, que vos chama ao escudo? Abri, abri, sem de tença. Nem, p.or vir muito cedo lho leveis a mal, lho tenhais à conta de impor- tuna. Quanto mais matucinas essas interrupções do vosso dormir, mais lhas devejs agradecet: O amanhecer do trabalho há de antecipar-se ao amanhecer do dia. Não vos fieis muito de quem esperta já sol nascente, ou sol nado. Curtos se fizeram, os dias, para que nós os dobrássemos, madrugando. Experimentai, e vereis quanto vai do deitar tarde ao acordar cedo. Sobre a noite o cérebro pende ao sono. Antemanhã, tende a despertar." (BARBOSA, 1951, p. 36-37) B. Linguagem familiat (sermo usualis). Utilizada pelas pessoas que, sem embargo do conhecimento da llngua, servem-se de um nível menos fonnal, mais cotidiano. É a linguagem do r~dio, televisão, meios de comunicação de massa tanto na forma oral quanto na escrita. Emprega-se o vocabulário da língua comum e a obediência às disposições gramaticais é relativa, permitindo-se até mesmo cons- truções próprias da linguagem oral. É claro que, como, aliás, o próprio Cícero disse, nenhum jurista vai usar em casa a mesma linguagem usada no Fórum. C. Linguagem popular. É a linguagem corrente, sem preocupação com regras gramaticais de flexão, carregada de gírias e de falares regionais. · Jl. .6 o ATO COMUNJICA'FKVO Ji'URJÍDRCO O ato comunicativoocon-e quando há cooperação entre os interlocutores. O emissor possui o pensamento e busca a expressão verbal para fazê-lo conhecido no mundo sensível (direção onomasio16gica); o receptor possui a expressão verbal e caminha em direção ao pensamento, com .o propósito de compreender a men- SéH~em (direção semasioló~ica). '·~~-··:.:, r:,r :~].·-v.~~-~.··:,; ·f..~ ... :i·:: ~i" ::~ ; -:,·; ='- ~ . 1:. :,~ ~ ·.~ \t ·~ ) ) } ) ) ) ) Cumunic~'iüu Juril.lic11 $} A linguagem "representa o pensamento e funciona como instrumento mediador das relações sociais. As vmiações socioculturais contribuem para diversificações da linguagem, só não sendo mais graves as dificuldades em razão do esforço social de uma linguagem comum, controlad·a por normas linguísticas. No mundo jurídico, o ato comunicativo não pode enfrentar à solta o problema da diversidade linguística de seus usuários, porque o Direito é uma ciência que disciplina a conduta das pessoas, portanto, o comportamento exterior e objetivo, e o faz por meio de uma linguagem prescritiva e descritiva . Assim, quando os interesses se mostram conflitantes ou uma ação humana fere os valores da norma jurídica, exigindo reparação dos mesmos, forma-se a lide (litem > lite > lide = conflito), criando um novo centramento na relação entre os interlocutores processuais: a polêmica. No confronto de posições, a linguagem toma-se mais persuasiva por perseguir o convencimento do julgador que, por sua vez, resguarda-se da reforma de sua decisão, explicando, na motivação da se ri tença, os mecanismos racionais pelos quais decide. O ato comurúcativo jurídico não se faz, pois, apenas como linguagem enquanto língua (conjunto de probabilidades linguísticas postas à disposição do usuário), mas tamb~m, e essencialmente, como discurso, assim entendido o pensamento organizado à luz das operações do raciocfnio, muitas vezes com estrururas prees- tabelecidas, e. g ., as peças processuais. . .. O .ato comunicativo jurídico não é, porém, Lógica Fonnal, como pode supor uma conclusão apressada. EXemplifique-se pelo silogis~o non sequitur: Todo criminoso ronda a loja n ser assaltada, antes do crime. Pedro é criminoso e rondou a loja X, que foi assaltada. Logo, Pedro assaltou a loja X. A ação criminosa de Pedro é tão somente suposição apoiada em meros indícios que não têm força condenatória. Embora o estatuto do pensamento jurídico não seja a Lógica Formal, não pode prescindir das regras do silogismo lógico. As partes processuais organizam suas opiniões com representação simbólica que possa ser aplicada ao mundo real, demonstrando a possibilidade de correspondência entre motivo e resultado. A .. realidade" do raciocmio lógico não pode ser afirmada com certeza absoluta nem mesmo se presente estiver a rainha das provas: a confissão (confessio est regi- CO na probationum), porque alguém pode ter o animus necandí (intenção de matar), atirar contra o alvo pretendido e o resultado morte pode não ser consequência direta de sua conduta dolosa, exigindo-se prova argumentativa da existência do nexo causal ação/resultado. ) ) ) ) } ) ) } ) } } } ) } ) ) } } ) ) } } } } ) ) ) ) ) } ) ) ) ) ) ) ) } ) ) } } ) ) ) } } ) ) ) ) l 4 Cur~o clt! l~rcu;u.'~ .1urlllir:u • UJmi;iuiHrnriqu~s O ato comunicativo jur{dico, conclui-se, exige a construção de um discurso que_ pos~a conv~ncer o jul~ad?r. da veracidade do "real" que pretende provar. Em razao d1sso, a lmgu.agem jundtca vale-se dos princípios da lógica clássica para organização do pensamento. O mundo jurídico prestigia o vocabulário especializado, para que 0 excesso de palavras plurissignificativa~ não dificulte a representação simbólica da lingua- gem. O discurso jurídico constrói uma linguagem própria que, no dizer de Miguel Reale (19~5, p. B), é uma linguagem científica. 1. 7 CONCEITOS BÁ'SRCOS DE LINGUÍSTHCA JE COM'lUNliCAÇÃO JUJRJÍlllO:CA Em remate, bom é explicar o processo comunicativo jurídico, tendo em vista conceitos linguísticos básicos. Veja-se: E (emissor) ~ o pensamento d!reçao o }ju~sui o } · . _ c busca a onorna- expressão siológica M (mensagem) D.. 7.1 Qt1.11mnuto ao emnuiss~D>Ir R (receptor) ~ 11) possui a · } . _ expressão dlreçao lll busca -o .sema- pensamenro siológica ~ntes de possuir o pensamento, o emissor deve realizar relações paradig- m~ttc~, ou, seja, ass~ciação livre de ideias (ideia-puxa-ideia), incluindo 00posições, po1s nmguem possUI alguma coisa sem antes adquiri-la. Dianre de um assunto, o o emissor deve pensar livremente, com ide ias soltas. . Quanto maior for o vigor e a elasticidade dessa ginástica mental~ mais ideias serão pensadas. Possuindo o pensamento, ainda que desorganizado, o emissor busca a ex- pressão, por meio de rigoroso roteiro onomasiológico (nome dado à atividade de codificação da mensagem) compreendendo as seguintes perguntas: _q Cumunlcn'ilío Juaidll'A a) Quem sou eu, emissor? Dependendo do papel social, a codificação eleve direcionar a mensagem e selecionar o vocabulário, e. g., a linguagem do Promotor de Justiça é diferente da utilizada pelo advogado de defesa. b) O que dizer? Estabelecer com concisão, precisão e objetividade as ideias a serem codificadas, é imprescindível no discurso jurídico: c) Para quem? Não perder de vista a figura do receptor é fundamental. Seria impertinente ao advogado explicar, pormenorizadamente, um conceito · simplista de direito, e~ sua petição dirigida ao Juiz, como se lhe fosse o ,possível "ensinar o padre-nosso ao vigário". d) Qual a finalidade? O emissor nunca pode perder de vista o objetivo co- municativo, pois, dependendo de seu desiderato, irá escolher ideias e palavras para expressá-las. . e) Qual o meio? Quando o profissional de Direito peciciona, empregando a língua escrita, deve cuidar esmeradamente da língua-padrão, organi- zando com precisão lógica seu raciocínio, com postura diferente daquela utilizada perante um llibunal do Júri, ocasião em que a linguagem afeliva há de colorir e enfatizar a argumentação. Imagine-se que um estudante de Direito tenha que elaborar redação sobre o menor abandonado. Em primeiro lugar, deverá pensar livremente sobre o assunto, cogitando sobre todas as ideias associativas. Depois, deverá retirar delas as. ideias que possam expressar seu plano reda- cional de acordo com o roteiro onomasiológico. Assim, não pode ignorar que, sendo estudante de Direito, deve ter preocupação com enfoque jurídico. Também, deve fixar a ideia central que pretende trabalhar, e. g., a delinquência infanto juvenil. As Ú:leias serão selecionadas de acordo com o interesse do receptor, e. g., professor de Direito Penal. A proposta temática indica a finalidade textual, e. g., discutir a antecipação, ou não, da maioridade penal. Deve, ainda, o redator empregar a língua culta, indjspensável ao discurso escrito dissertativo-argumentativo. Diante desse roteiro, o emissor busca a expressão, discurso sintaticamente organizado. Ao roteiro onomasiológico cumpre organizar as ideias, selecionando e estrutu- rando aquelas adequadas ao seu pensamento. Este processo de escolha das ideias e da forma de estruturá-las denomina·se relações sintagmáricas. Assim, o esquema comunicativo tem posição vertical e posição horizontal. ) ) } } ) ) ) ) ) ) ) ) ) } } ) } ) } } ) } ) } ) ) ) ) ) ) ) } ) ) ) } ) ) } } ) } } ) } ) } } } 16 Curso de Ponuguis Jurldico • o-mi,;o/1-lemiques Veja-se: relações paradigmdticas (ideias livres - plano vertical de aprofundamento ideológico) relações sintagmdticas (seleção e escolha das ideias, de acordo com roteiro onomasiológico que serão estruturadas sintática e estilisticamente) Nas relações sintagmáticas, há um plano lógico de organização,de acordo com os atributos da linguagem: c recte: ~ reta 0 bene: ~ boa na primeira etapa do roteiro onomasiológico escolhem-se ideias lógicas e adequadamente inter-relacionadas à proposta temática. em seguida, verifica-se a construção frásica que deve estar sintaticamente correta. e pulchre: a frase deve ser revestida de recursos estilísticos que a tornam ~b . mais atraente e persuasiva. . omra 1. 7.2 Qu.uaurnt:o ao receptoi' (destinatário do discaJursc) A direção se.masiológica requer, também, um roteiro para, da expressão, chegar-se ao pensamento do emiss01; julgá-lo e avaliá-lo. O receptor parte das relações sintagmáticas em direção às relações paradig- máticas, em tríplice dimensão, de acordo com as operações do raciocínio. a) alter > outro (compreensão): é a primeira operação do raciocínio. O receptor deve captar literalmente a mensagem do emissor com análise gra- matical do enunciado. · b) ego > eu (interpretação stricto sensLL): é a segunda oper.ação do raciocí- nio. O receptor, depois de recepcionada e compreendida a mensagem do emissor, deve julgá-la, com seu posicionamento ou com o auxilio de julgamentos de outros emissores, ou, ainda, por meio das duas atividades. 'hW·'~::::. ~3y Comunicação Jurlclica 1 Gl No mundo jurídico, por muito tempo considerou-se que o receptor deveria ter o alter (outro) como: atividade única e exclusiva da direção semasiológica, conforme o. brocardo in clari..S cessat interpretatio. h:-·~: ~g J~ .· .::;;~I;:.: ... ~~ ... ::.• Sendo clara a mensagem, bastaria compreendê-la, passando-se para outras operações do raciocínio apenas se nebuloso ou incompleto, lógica e sintaticamente, fosse o pensamento do emissor. Prevalece hoje o entendimento hermenêutica de que a claridade é requisito essencial do ato comunicativo do emissor, que não completa a atividade do re· ceptor, devendo este último, depois de compreender, julgar e avaliar a mensagem do erniss01: · c) alter/ego > outro/eu (crítica): é a operação do raciocínio da crítka. ~ §~:;·{( Não significa, como se diz vulgarmente, ser a crítica encontrar defeitos na ~~~.:.;r.~.'.!.: ~.:i:E~~t:~;:;;:~ :·!~~~::~:{~~~~:,~~ ;~:;,~~:~;~~::;n~~~~~av•- ... "' . Assim, ninguém interpreta, sem antes compreender. Pode haver a interpreta- ;.:J;:-· ·~ ;: ção pura, mas não a crítica pura,. pois criticar pressupõe ter antes interpretado a . ... JJ.~~}~ê.·~~::.~.:.·.···::···,·:~--~.- mensagem,·existindo, porém, a interpretação crítica, na qual as duas operações do ~ _ raciocínio são realizadas concomitantemente, na forma, mas com antei·ioridade :?.~((_.i~- interpretati~a na formulação do pensamento. I· .!.:: Veja-se exemplo extraído do Código. Civil de 2002: ~~~; 1. Co::~::::~:,=::~i!a!~~:::. p0:s~~;.~:~~~· n~:;;;;~~ento com vida, mas ·~~'~;~ :;.~~~·-~y 1:_. . . • I~ .f:·. I ~·it~! . :u. : .. i'.~.t . Em primeiro lugar, bom é lembrar que pessoa, em Direito Civil, é o sujeito de direitos e deveres, exercendo, com plenitude, a capacidade civil. Em complemento ao sujeito oracional, o legislador refere-se à pessoa ser humano, indicando o tempo do surgimento da capacidade de adquirir àireitos e . asswnir obrigações: o nascimento com vida. É preciso, pois, sinais vitais para que o ser humano seja considerado pessoa, física ou natural, com personalidade civil. A segui.J.~ o legislador coloca ideia restritiva à anterior, trazendo consigo pos- sibilidade contrária àquela. exigência, enunciando que a lei põe a salvo os direitos do nascituro. Nascituro é o ser humano em formação. Não é pessoa dotada de personalidade civil, mas a lei lhe põe a salvo direitos, desde a concepção . ., ; ) }' } } ) ) ) ) ) ) ) ) } ) ) ) J } } } } } ) }8 Curso dt l'onulul1 Ju11dico • D~oni~o/Hcnriques Nota: Obsetve-se que se exlniu do texto legal suas ide ias, no sentido literal, com neutralidade' interpretativa, sem a opinião ou julgamento do receptor. 2. Interpretação O nascimento é imp01tantíssirno fato jurídico, pois a comprovação de que o recém-nascido respirou, ainda que por segundos, significa que viveu, adquirindo, então, personalidade civil. Daí o avanço dos exames clinicas na constatação de cir~ulação do ar no corpo expelido pelo ventre materno. Quanto aos direitos do nascituro, animadas são as teorias e discussões na doutrina. Prevalece o entendimento de personalidade condicional suspensiva, pois os direitos só terão· repercussão jurídica se houver nascimento com vida, quando se converterá em pessoa. Os direitos expectativas dessa vida em formação são disciplinados em lei, tais como a doação, o reconhecimento paterno, a sucessão heredirária, a curatela nas hipóteses legais, alimentos para a subsistência mate1na, e, por extensão, do nascituro. Paulo Lôbo lembra da possibilidade de a pessoa pleitear danos morais por deficiências adquiridas durante sua situação de nascituro, causadas por ação de outrem, particularmente de médicos e hospitais. Apesar de o Código Civil de 2002 não admitir expressamente a adoção como o fazia o Código Civil de 1916, o mesmo jurista opina por essa possibilidade com a mesma natureza condicional suspensiva de seus demais direitos em lei previs- tos. Mais recentemente, a jÜrisprudência tem relatado casos de ações processuais de investigação de paternidade, tendo o nascituro legitim~dade para a propositura, representado pela mã~. concedendo-lhe alimentos, que preservam o estado de saúde da ~ãe e, ao nascer com vida, o registro civil com sua situação de filiação paterna e direitos dela advindos. Questão polêmica ocon·e na atualidade pelo aumento de fecundação assistida. Grande parte da doutrina, a respeitá do termo concepção, admite o surgimento do nascituro quando introduzido no ventre matemo. Mas há vozes discordantes. Basta lembrar o Projeto de .Lei nu 6.960/2002 que amplia o art. 22 do Código Civil de 2002, disciplinando que "a lei põe a salvo os direitos do embrião e do nasci- turo", entendendo que. aquele ainda não foi introduzido.no ventre materno, mas deve ser protegido pela lei, o que deve ser aceito, pois, antes de tudo, prot~ge-se a vida humana. Nota: Nesse passo, o receptor discutiu questões advindas da mensagem do emissor, perlusu-ando, inclusive, aquelas controversas e os posicionamentos doutrinários. ) ) .:~;F." ~~·:. .~: ;:: .. . t· . . ... ·.-.. · '~ ~ . .:,:~k ~-· .-:. ·" i'' .... I·. , 1 tl ·~· 1~·, .:. .. ~ : .::. ;h • .• (~. ' . K~ ,; I~~ .~ 0: .~ . .. ·I ~~! ·i.~~ •tY: . } ) ) } ) ) ) ) ) ) } ) } } ) ) ) } ) ) Con\lnliC<IÇÍIO Jurh.lir.o Na Inte1·precnção, o receptor pode ampliar sua contribuição, opinando e se posicionando perante a mensagem do emissor . 3. C.da:ilca. O art. 22 do Código Civil de 2002 tem como escopo completar o dispositivo anterior que reconheceu a todo sêr humano capacidade civil no tocante a direitos e d~veres, sendo revestido de personalidade civil pela lei. Há, porém, questão de suma importância na aplicação da Parte Especial do Código Civil de 2002, quanto à oração adversativa que põe a salvo os direitos do nascituro. Nessa questão, deve ser comentada a problemática do ab01to, delito penal, que muitos pretendem descriminar, tirando-lhe a ilicitude criminal. Veja-se que tal pretensão, contrária ao direito maior do ser humano, a vida, encon6:a impedimento legal no art. 211 do Código Civil que teria de ser derrogado, fosse o aborto legalizado em todas suas modalidades. Esse mesmo direito à vida humana recomenda dispositivos mais incisivos quanto aos direitos dos embriões, especialmente em seu descarte e na industria- lização cosmética dos excedentes, não introduzidos no ventre materno, ou sobre a conservação e utilização daqueles congelados. Importantes, também, as questões relativas à filiação,já presen:tes no art. 1.597, III a V, do mesmo Código Civil de 2002, quanto à fecundação artificial ho- móloga ou da fecundação artificial heteróloga, esta última com material genético estranho aos cônjuges. · A bioética necessita avançar nas hipóteses advindas do avanço tecnológico, pois, além dos direitos a serem resguardados à vida humana que possa vir a nascer, é imperativo o controle legal de pesquisas genéticas como preservação da própria espécie humana. Questão a ser estimulada, ainda, pelo princípio da analogia, é se a lei pode determinar deveres futuros ao nascituro, se nascer com vida, pelas obrigações contraídas pelos p~s enquanto se formav·a no ventre matemo, equiparando-o ao recém-nascido com vida, que adquire personalidade civil, nos direitos e deveres. Ressalte-se, ao final, que a vida humana é o bem tutelado pelo dispositivo em análise, devendo-se cogitar sobre sua aplicabilidade em todas qt\estões jurídicas para assegurar a plenitude dessa proteção. Nota: Óbserve-se que o intérprete (receptor) na Critica questiona a aplicabilidade da norma na realidade jurídica, podendo avançar nas interpretações já cris~ talizadas, arguindo novas teses que, aceitas ou não, são objetos de reflexões, dando à doutrina e à jurisprudência a dinâmica hermenêutica. ) ) 1 I ~ ~ ) } J ) J ) ) ) j } ) ) ) ) } ) ) ) ) } } ) ) } ) ) }, ) } ) } ) ) ) ) ) } } ) ) ) } ) ) ) ) ) } } } ) l 1 12 i :.• ~~ 20 Curso tle Porru~uh Juridico • Oamião/Henriques ~ ]}.. 7.3 lE5li1:!rlUlt\l!liráll mo tdJ..Ü.S<CQ.Ui!'SO CrOffi'lnll1lllC2ftlVO Conforme foi visto1 tanto na direção onomasiológica quanto na semasiológica· existem relações paradign1áticas e sintagmáticas. O emissor realiza as relações paradigmáticas, em primeiro plano, e, a seguit; estabelece relações sintagmáticas .. O receptor, por sua vez, parte das relações slntagmáticas para alcançar as relações paradigmáticas do emissor. As relações paradigmáticas formam a estrutura de profundidade do texto (camada semântica que indica a intenção/extensão da ideia). As relações :;intagmáticas fonnam a estrutura de superfície do texto (relações sintáticas que asseguram a eficácia semântica, traduzindo exatamente a ideia que se pretende transmitir). · ~·' ~.~ ~ ~ 13 ESTU DO DJ RJGIDO O ATO COlVfUNICATlVO JURÍDICO J. O ato comunicati vo jurídi co é essencialmente COOPERA TlVO, pois exige dos interlocutores posicionamento ativo. Expli que o procedimento onom~s i o lóg i co (ênfase no emissor) e o semasiológico (ênfase no receptor) no processo de comunicação jurídica. 2. Comente a seguinte afi rmação "No mund o jurídico, o ato comunicativo não pode enfrentar à so lta o problema da diversidad e linguísti c11 de seus usuários,. 3. Discorra sobre o caráter prescritivo e descritivo na linguagem do Direito. 4. Esquematize e expl ique as etapas vividas pelo EMJSSOR a partir elas relações p ~1rad igmáticas , até atingir a cod ifrcação da mensagem. 5. PESQUISE e indique os atri butos da boa lin guagem. Caracterize cada um deles e exemplifique. 6. Explique as etapas que caracterizam a direção scmas iológica da linguagem, em síntese. 7. Conforme citam os au tores Antonio Bcmiques e Regina Damião, existem duas características fundamentais do Direito: gcnenllidade e altcrida cl c. Explique essas características. 8. Caracterize os atributos da linguagem jurídica como LINGUAGEM DE PODER e como LJ NGUAGEM TÉCNICA. 9. Apresente um comentário, coerente e bem fundamentado, sobre cada nível da linguagem jurídica: LEGISLA TJVA, LINGUAGEM JUDICIÁRJA, FORENSE OU PROCESSUAL, LINGUAGEM CONVENCIONAL OU CONTRATUAL, LINGUAGEM DOUTRJNÁRJA E LINGUAGEM CARTORÁRIA OU NOTARIAL. lO . Questões para refl exão: A) Ao produzir um texto (oral ou escrito), em contexto jurídico, quais aspectos ela linguagem você observaria para obter sucesso na interlocução? 13) Você considera importante que o Direito constitua um uso próprio e específico da linguagem? C) Você considera a linguagem jurídica acessível? O) Qual a sua opinião a respeito do uso que os profiss ionais do Direito fazem da linguagem, espec ia lmente quanto ao emprego de termos rebuscados como marca de erudição? ~ ~ ~ ~ ~ ~ 14 VOCABULÁRIO JURÍDICO NOVA VERSÃO TÉCNICAS DE LINGUAGEM I )> I Apresente os sentidos con1 que foran1 en1pregados os tennos destacados. 1. Se o agente for inintputável e o critne que praticou for apenado con1 detenção, o Juiz poderá subn1etê- lo a trata1nento an1bulatorial. - ~ 2. O Ministério Público pode aditar a queixa en1 ação penal privada. 3. Quando se tratar de infração inafiançável, a falta de exibição do n1andado não obstará a prisão, desde que o preso seja in1ediatan1ente apresentado ao Juiz que expediu a orden1 de prisão. 4. A situação, quando da prisão dos roubadores, é de flagrância, e o auto de prisão em flagrante será lavrado na cidade n1ais próxin1a. )> li. Apresente os significados para os tern1os transcritos da CONSTITUIÇÃO FEDERAL. a) É livre a n1anifestação do pensamento, sendo vedado o anonitnato. b) Ninguén1 será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as in~ocar para exiinir-sc de obrigação legal a todos ünposta e recusar-se a cUinprir pt:estação alternativa, fixada en1 lei. c) A prática do racisiÍlo constitui crin1e inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos tennos da lei. d) Os litigantes, en1 processo judicial ou adn1inistrativo, e aos acusados en1 geral são assegurados o contraditório e atnpla defesa, con1 os n1eios e recursos a ela inerentes. e) A prisão ilegal será imediatan1ente relaxada pela autoridade judiciária. f) É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I -__ estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter con1 eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forn1a da lei, a coJaboração de interesse público; li - recusar fé aos docmnentos públicos; g) Art. 29. O l\.1unicípio reger-se-á por lei orgânica, votada en1 dois turnos, con1 o interstício 1 n1ínin1o de dez dias, e aprovada por dois terços dos men1bros da Câmara Municipal, que a promulgará2, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição. )> III. Indique os sentidos dos termos destacados do CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. a) Se, no curso do processo, se tornar litigiosa relação jurídica de cuja existência ou inexistência depender o julgru11ento da lide, qualquer das partes poderá requerer que o juiz a declare por sentença. b) Art. 38. A procuração geral para o foro, conferida por instrumento público, ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, salvo para receber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firn1ar con1pro1nisso. c) Ninguén1 poderá pleitear, e1n non1e próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei. 15 d) Reputa-se litigante de 1ná-fé aquele que interpuser recurso con1 intuito 1nanifestan1ente protelatório. e) A assistência não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação ou transija sobre direitos controvertidos; casos en1 que, tenninando o processó, cessa a intervenção do assistente. f) Quen1 pretender, no todo ou en1 parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu, poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos. g) Con1pete, porén1, exclusivatnente ao juiz de direito processar e julgar o processo de insolvência. > IV. Apresente un1 co1nentário que indique significação para os tennos. a) A parte, que revogar o tnandato outorgado ao seu advogado,no Jnestno ato constituirá outro que assun1a o patrocínio da causa. b) As infrações penais se dividen1 etn crin1cs e contravenções. Os crin1es estão descritos no Código Penal e em leis extravagantes. > V. Na fase do inquérito policial, o s~jeito ativo da infração penal recebe a denotninação de A) acusado. B) recJuso. C) indiciado. D) réu. E) detento. ~ VI. O furto difere do roubo, porque neste há A) grave a1neaça ou violência à pessoa. B) violência à pessoa e à coisa subtraída. C) participação de duas ou n1ais pessoas. D) arrebatatnento da coisa subtraída. E) ron1pimento de obstáculo à subtração da coisa. ~ VII. O constrangilnento de alguém com o etnprego de violência ou grave atneaça, causando-lhe sofritnento físico ou tnental, para a finalidade de obter infonnação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa, constitui crime de A} n1aus-tratos. B) constrangitnento ilegal. C) totiura. D) extorsão. E) perigo para a vida ou saúde de outre1n. :>- VIII. Quando un1a pessoa possui duas residências regulares, considera-se seu domicílio A) aquela onde reside 111ais tempo. B) aquela onde reside n1enos tetnpo. C) qualquer mna das suas residências. D) aquela que possuir tnenor valor venal. E) aquela que possuir n1aior v~lor venal. )> IX. Indique o significado dos tehnos destacados. a) A autoridade policial não poderá relaxar a prisão en1 flagrante quando entender ilegal. b) Inad1nite-se no inquérito policial não a acareação, mas o contraditório. c) Sobre os direitos e garantias fundan1entais, é correto afirn1ar que a atividade de uma associação poderá ser suspensa con1pulsorian1ente por decisão judicial que ainda não transitou ein julgado? d) O juiz poderá lin1itar o litisconsórcio facultativo quanto ao nú1nero de litigantes, quando este con1pr01neter a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. e) Constituetn causas de inépcia da inicial previstas no Código de Processo Civil: existência de pedidos incompatíveis entre si ou ausência de causa de pedir. 16 > X. Assinale a alternativa en1 que o significado da palavra destacada NÃO foi corretamente apontado: a) Disse que só aceitaria coligação con1 candidatos oriundos de partidos conspícuos. [respeitáveis] b) Qualquer dente pode ser doado, seja ele hígido, restaurado ou cariado. [sadio] c) A Lei 11.441107 pen11ite a separação do casal feita extrajudiciahnente, por escritura pública, desde que só envolva pessoas n1aiores e capazes; discute-se, porém; se a iniciativa é facultativa do casal ou obrigatória. Con1o essa in1posição não ficou consignada na lei, a facultatividade continua hígida. [finne] d) Fez un1a crítica acerba à intenção do governo de extrair petróleo do pré-sal. [branda) e) Sua vinda ao Brasil é un1a den1onstração cabal de que fora1n superadas as divergências políticas entre os dois países. [plena] > XI. Pratica o criine de prevaricação, pre:visto no art. 319 do Código Penal, o agente que: (A) patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a adn1inistração pública, valendo-se da qualidade de funcionário. (B) retardar ou deixar de praticar, indevidan1ente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentin1ento pessoal. (C) exigir para si ou para outretn, direta ou indiretan1ente, ainda que fora da função ou antes de assunli- la, n1as en1 razão dela, vantagen1 indevida. (D) solicitar ou receber, para si ou para outren1, direta ou indiretan1ente, ainda que fora da função ou antes de assmni-la, n1as en1 razão dela, vantagen1 indevida, ou aceitar prmnessa de tal vantage1n. (E) solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagen1 ou protnessa de vantagem, a pretexto de influir en1 ato praticado por funcionário público no exercício da ftmção. )> XII. Con1 qual sentido foi en1pregado cada tenno? a) Os direitos previstos neste Código não exchte1n outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de· que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades adn1inistrativas con1petentes, betn con1o dos que derivetn dos princípios gerais do direito, analogia, costmnes e equidade. b) Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu son1ente é indispensável nos ~asos de composse ou de ato por atnbos praticados. c) Serão representado.s etn juízo, ativa e passivan1ente a herança jacente ou vacante, por seu curador; d) O inventariante requereu o espólio. e) A autorização do 1narido e a outorga da mulher podetn suprir-se judicialmente, quando un1 cônjugt! a recuse ao outro setn justo n1otivo, ou lhe seja in1possível dá-la. > XIII. Indique un1 complen1ento para os verbos, conforn1e sentido. a) O funcionário protocolizou ------------------------------------------------------------------------------ b) lnclllnbe ao tutor, quanto à pessoa do n1enor, adimplir que normalmente caben1 aos pais. c) Adiu a tantos outros já apresentados. d) Lene quis homologar o ---------------------------------- e) Paulo Honório substabeleceu-------------- nos termos da procuração que lhe foi outorgada. f) Todos esperava1n que o juiz prolatasse a ------------------------------------------ ~ ~ 17 )> XIV. Na frase, indique o n1elhor sentido para o tenno destacado. Será adn1itida ação privada nos criines de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa. a) Proporcionar dita ou felicidade a; tornar ditoso; afortunar. b) Provocar. c) Emendar ou acrescentar o pedido feito en1 juízo. d) Desfazer protocolo. e) Acrescentar verbetes de teor jurídico. )> XV. NUMERE OS PARÊNTESES DE ACORDO COM O SENTIDO DAS PALA VIZAS. 1. Sinalagmático 2. Inin1putabilidade 3.Retnição 4. Ren1issão 5. Den1anda 6. Resilição 7. Insolvência 8. Contraditório 9. Sucumbência 1 O. Adin1ple1nento 11. Denegar 12. Inépcia A. ( ) Consiste no ato de ren1itir, ou seja, de renunciar, liberar ou perdoar algo. B. ( ) É tido por un1a anulação de contrato através do acordo entre os interessados. Pode ser tan1bén1 por ato unilatera~ de uma das partes. C. ( ) é a incapacidade que ten1 o agente en1 responder por sua conduta delituosa, ou seja, o sujeito não é capaz de entender que o fato é ilícito e de agir conforme esse entendünento. O. ( Y O presente tern1o traduz-se como pedido ou pleito. Pode ser conceituada como o processo judicial ou ação, por meio da qual a parte requer algo ao Poder Judiciário E. ( ) Todo acusado terá o direito de resposta contra a acusação que lhe foi feita, utilizando, para tanto, todos os n1eios de defesa ad1nitidos e1n direito. F. ( ) relação de obrigação contraída entre duas pa11es de con1un1 acordo de vontades. Cada parte condiciona a sua prestação a contraprestação da outra. En1 direito o melhor exemplo para a existência deste instituto é o contrato bilateral. G. ( ) É a incapacidade financeira do devedor, pessoa física, de pagar suas dívidas en1 razão da ausência de recursos financeiros ou patriinoniais. É a inadimplência. H. ( ) É algo que não tem habilidad~ ou aptidão para produzir efeito jurídico. I. ( ) ato ou efeito de ren1ir-se, ou seja, de livrar-se de algu1n ônus n1ediante seu pagamento. Ren1ição de dívida dá-se pelo pagrunento da n1esn1a, ou então por seu resgate. Considera-se ren1ida a parte que por n1eio do pagan1ento, encontra-se desobrigada de uma prestação. J. ( ) Significa negar, indeferir, não acatar utn pedido. ~ K. ( ) Consiste no pagamento de detenninada obrigação. L ( ) É un1 princípio que estabelece que a parte que perdeu a ação efetue o pagamento das custas processuais e honorários advocatícios da pat1e vencedora. Desta fon11a ela decorre do ato ou efeito de sucUinbir, ou seja, de ser vencido. ~ ~ ~ ~ ~~· ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~· ~ 1""\ ,...., ,._, ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ,-. ] 8 >- XVI. Indique un1 significado para cada tern1o. A) Sequestro 1/seguestro2 B) Arresto C) Aresto D) Rescindir/Resilir E) Roubo/furto >- XVII. Indique a palavra referente ao comentário apresentado. a) É un1a espécie de resposta do réu, pela qual ele expõe novos 1notivos demonstrando uma pretensão judicial diversa à do Requerente, na n1esn1a opot1unidade en1 que contesta os fatos por este alegados. Possui natureza jurídica de ação, uxna vez que prescreve un1 pedido de tutela jurisdicional, invertendo os pelos ativos e passivos da relação processual principal. ( ) Reconvenção ( ) Contestação ( ) Petição inicial b) É a peça inicial do processo, na qual o autor forn1ula o seu pedido. Assin1, a resposta do réu e a sentença proferida pelo juiz terão por base o conteúdo apresentado na petição inicial, que especificará os limites da lide. ( ) Reconvenção ( ) Contestação ( ) Petição inicial c) É a peça que veicula a defesa do réu. Trata-se do n1eio pelo qual o réu contrapõe-se aos pedidos forn1ulados na inicial, devendo concentrar todas as manifestações de resistência à pretensão do autor. É na nela que o réu pleiteia que o juiz não acolha o pedido feito pelo autor. De acordo com o artigo 300, do Código de Processo Civil, 11 C0111pete ao réu alegar, toda a 1natéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, con1 que ünpugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir". ( . ) Reconvenção ( ) Contestação ( ) Petição inicial ( ) Ilnpugnação XVIII. Indique o sentido do termo en1 destaque: O 1v1inistério Público exercerá o direito de ação nos casos previstos en1lei, cabendo-lhe, no processo, os In esmos poderes e ônus que às partes. ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) } ) ) ) ) ) ) } ) ) ) ) ) } } ) ) ) ) ) ) } ) ) ) ) ) ) CRASE É o nome que se dá à fusão de duas vogais idênticas. Deve ter especial atenção a crase da preposição a com o artigo fe~ino a(s), com o pronome demonstrativp ~(s), com o a inicial dos pronomes aquela(s), aquele(s), aquilo e com o a do pronome relativo a qual (as quais). A fusão das vogais idênticas é assinalada, na escrita, por um acento grave ( ' ). Para se entender a re3;l importância do fenômeno da crase para o contexto da pr9dução dos textos jurídicos, observe o dispositivo abaixo: Art. ·"57, parágrafo único, CPC - Se o processo principal correr à revelia do réu, este será citado na forma estabelecida no Título V, Capítulo rv, Seção III, deste Livro. Se não houvesse ~ sinal grave ·na expressão destacada, não faria sentido a frase. A redação mais recomendada seria "Se no pro- cesso principal ocorrer a revelia do réu [ ... ]", em que a expressão ''a revelia'' funcionaria como ·sujeito do verbo e não como adjunto adverbial de modo. Ainda assim, o sentido da frase seria outro. Dizendo de outra maneira: o uso ou omissão do acento grave gera diferenças de sentiçlo no uso da língua . .. Indicam-se, a seguir, os principais ·casos de o~orrência e não ·. ocorrência . ~e crase nó estúdo da lilJ.guageiJJ, jurídic3:: ·. ·:. · .. ·.'·:i · ... : . . . . .. .... . . 19 ~ .. ) ) ) ) ) ) ) } ) ) ) ) } ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) 1}~))}))}}))))))}))))}}))) I f LIÇOES DE GRAMAT.ICA APLICADAS AO TEXTO JURfDICO 6.1. CASOS EM QUE SE EXCLUI QUALQU~R POSSffiiLIDADE DE CRASE a) Diante de verbos. Exemplos: Art. 5°, XX, CRFB/88- Ninguém poderâ ser compelido a· associar-se ou a permanecer associado. Art .. 179, CC -- Quail.do a lei dispuser que determinado. ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, serã este de 2 (dois) anos, a contar da· data da conclusão do ato: b) Quando 'll:ma palavra feminina no plural vier precedida de a sem o -s indicativo de plural. · Exemplo:· ·Art. 5°, VI, CRFB/88. Adaptação- É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exer..: cicio dos cultos religiosos e a garantia~ na fonna da lei,. à proteção aos locais de culto e a suas liturgias; [ ... ]. Diferente seria se o contexto foss·e "[ ... ] garantia, na forma da. lei, ·à proteção a~s locais de C\llto e às· Utu:tgjas". c) Diante de substan~vo masculino. I. Exémplo: Art. 49, CC - Se a administra,ç~o da pessoa jurídica vier a faltai, o juiz, a requerimento de qu.alquer interessado, nomear-lhe-á adminis1;rador provisório. ~ d) Em expressões repetidas. Exemplo: Gra,nde parte da Filosofia do DireitC? ~stá voltada para o problema concernente à validac;le das leis. A questão é da maior complexidade, ·pois·:envolv'e ·o conflito entre os valores justiça e segurança e coloca, frente a frente, jusnaturalistas e posi~iyistas. · · Cap. VI - CRASE e) Diante do pronome cujo. Exemplo: 20· Art. 128, CPC- O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não sus- citadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte. f) Diante do pronome quem. Exemplo: Art. 161, CPC - É defeso lançar, nos autos, cotas margi- nais ou interlineares; o juiz mandará riscá-las, impondo a quem as escrever multa correspondente à metade do salário mínimo vigente na sed~ do juízo. ··· g) Diante de pronomes em geral, salvo em alguns casos adiante tratados. Exemplos: Art. 186, CC - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a ou- trem! ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. ·268, CC ....: Enquanto alguns ·dos credore~ solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer· daqueles poderá este pagar. Art. 286, CC - O credor pode ceder o seu crédito, se a isso ~ão se opuser a natureza da ob~gação. Art. 335, CPC- Em falta de normas jurídicas particulares, o juiz aplicará as regras de experiência comum subminis- tradas pela observação do que ordinariamente acontece e ainda as regras da experiê~cia técnica, ressalvado, quanto a esta, o ~ame pericial. 6.2. CASOS .DE EXISTÊNCIA OBRIGATÓRIA DE· CRASE, • • •• • ··-•• •• :: .. ••• • o • • • : · · . ~se. ·estivertnos ~ni ·dúvida quanto ·à existênCi.a ou não da crase, e, pórt~nto;'sé ~evemos:oü ·nao empregar b acento grave, poderemos re.~'ort~!· .ao .. s~gui~t~'.'.'artificfo:· . ' . • j ) ) ) ) ) ) ) ) ) } ) } ) ) ) ) ) ) ) ) ) l ) } } ) ) } ) ) ) } ) ) ) ) ) } ) ) ) ) • LIÇOES DE GRAMÁTICA APLICADAS AO TEXTO JURIDICO À(S) + NONIE FEMININO = AO(S) + NOlvfE MASCULINO A sentença foi favorável à r~·. , • . . • . ARE= AO REU A sentença f01 favoravel ao réu. · ··· · · ···· · O preso tem direito à identificação. O preso tem· direito ao registro. · -------' Exemplos: . IDENTIFICAÇÃO = AO REGISTRO Art. 5°, LXIV, CRFB/88 -O preso tem direito à identifi- cação dos ~esponsáveis por sua prisão ou por seu interr~ gatório policial. Art. 17, § 3°, CRFB/88 -Os partidos políticos têm direito a recur$OS do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, .na forma da lei .. A preposição "a" funde-se cpm o "a" inicial ~os demonstrativos uaqpele(s), aquela(s), aquilo", ~esultando~ àquele(s), àquela(s), àqui- lo. Na. dúvida, atente-se p~ a possibilidade de uma das seguintes equiválênci~s: . · · · · ÀQUELE=.A AQUELE, PA.M AQUELE, NAQUELE · ' · ÀQUELA= A AQuELA, PARA AQUELA, NAQUELA ÀQUILO= A AQUILO, PARA AQUILO, NAQUILO· Exemplo: Art. 3 5, CC - . Se . durante a pósse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, cotisiderar-se:-á, nessa datá, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo. · Vê-se, portanto, que a hipótese constituci~nalé permissiva, gerando, por conseguinte, llÍn direito. àquele que satisfaz.as suas condições. · · . · · . • ! :·· '/~ "•1 ~;~.· ~ ... } .•; ·.:, Cap. VI - CRASE 21 a) Emprega-se o acento grave sobre o "a" nas expressões pre- positivas constituídas de uri1 supstantivo feminino singular precedido de "a" e seguido de "de". · Exemplo: Art. 4 o, CC - São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer. b) Nas locuções conjuncjonais à medida que e à proporção que emprega-se o acento indicador de crase. Exemplo: À medida que perguntamos o que devem os membros da sociedade uns aos outros; ou o que é teu; quando éstudamos as relações entre os indivíduos e as relações entre indivíduos e as associações, estamos perante o ramo do direito privado que se denomina Direito Civil. c) Quando se pode mentalmente substituir, sem alterar o sentido da frase, o "A" por "AO". · Exemp,los: Art. 205, CC :.... A prescrição ocorre em 10 (dez) anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. [ ... ) o ato normativo Art. 206, § 4°, CC- Em 4 (quatro) anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas. [ ... ] relativa ao amparo d) Antes de palavra feminina oculta_, quando é possível a troca de "A" por "AO" . .' Exemplos: Art. 41 7, .CC - S~, ,por ocasião . da conclusão d<? contrato, uina.parte···der.' .. à,- ~utra, a·título de arras, dinheiro ou outro .. bem móvd·. ·.deverão. as arfaS, . em ca"so de execuçã~, ser .· . ·. réstituídas d~ ··.ê~:~p\Üadas nà prestação devida, se do ·mesmo ·.gênero. da ·prinCipaL.··. · ) ) ) ) )I ) ,) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) } ) } ) ) I .I • UÇOES DE GRAMÁTICA APLICADAS AO TEXTO JURfOICO Veja: a pala\Ta feminina oculta foi ."parte" Substituindo - "der ao outro" Art. 253, CC- Se uma das duas prestações não puder ser· objeto de obrigação .ou se. tomada inexequível, subsistirá o débito quanto à ouf:ra. Veja: a palavra feminina oculta foi "prestação" Substituindo :- "quanto ao outro" 6.3. CASOS PARTICULARES DE EMPREGO DE CRASE a) Com pr()nQ-:ne de tr.atamento, só ppde apél};"e.cer o acento da crase diante de senhora, madame, dona, senhorita; jamais, porém, diante de qualquer outro pronome de tratamento. Exemplo: "Inicialmente, requer a V. Exa. seja concedido o beneficio da gratuid,ade de justiça, nos termos das Leis n°s 1.060/50 e 7.115/83, na medida em que não possui condições finan- . . c eiras [ ... ] . " . . b) Antes dos relativos que, o qual, a qual, o·~ quais, .as ·quais, pode ou não hav~r crase, dependendo do antecedente feminino. Tro- cando-se este, mentalmente, por nome rnasculipo; se ocorrer ao .que~ ao qual, aos. quais, empregaremos crase: .à ql!e, à qua), às q~ais. Exemplos: Art.78, II, "a", CPP - Na determinação da competência por conexão ou continência, serão . ob~ervadas as segu_intes regras: no Goncurso de j~sdição da ·mesma categoria pre- ponderará a ·do lugár c:ia infração, à qual for cominada _a pena mais gtave. Veja: se substituíssemos infração por delito (( ... ] lugar do. delito, ao qual for çominada .a pen~ mais grave). Art.· 189, CC - Violado o direito, ··nasce para o tituiar a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos. prai:os a que aludem os arts. 205 e 206. _. ) ) } } ) ) ) ) ) ) ) ) ) } ) ) ) ) ) ) Cap. VI - CRASE 22 Art. 228, parágrafo único, CC - Para a prova de fatos que só elas conheçam~ pode o juiz a~mitir o depoimento das pessoas a que ·se refere este artigo. c) Depois das preposições, raramente há crase. Exemplos: O menor ficará sob a tutela do tio matemo. Art. 21, ECA - O poder familiar será exercido, em igual- . dade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à a:utoridade judiciária competente p_ara a solução da divergência. Art. 67, I, ECA - Ao ado.lescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade governamental ou não-governamental, é vedado trabalho noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte. d) Nas expressões adverbiais que possuem como núcleo uma palavra femirilna·. Exemplo: As criança.S e os adolescentes não podem ser tratados à maneira dos ad\lltos na aplicação da sanção pelos atos que praticam. Observação: incluem-se nessas expressões a~ indicações de horas especificadas. Exemplo: o .fiscal compareceu ao local indicado e . fez. com que a reque.ren~e assinass~ um. vale no valor da· diferença das . compras; tàl· fafd fpi, :posteriormen~e, el~cidado a() gerente, . ... às '17 hora's . cio mesmo dia. . ... . . . . .· ·:· .·._.·; . . ·: :-.·.· . :N~o confunda ·com· a.s:· indicaÇões não espe6ificadas. ) ) ) }I ) } ) ) ) ) ) ) ) ) ) } ) ) ) ) ) ) } } ) } • LIÇOES DE GRAMÁTICA APLICADAS AO TEXTO JURIOICO · Exe~plo: O réu irá depor daqui a uma hora. e) A expressão à moda de, que pode estar:_ ~uben.~~~dida. Exemplo: ' Ele escreve petição à Rui Barbosa. (= à moda de ~ui Barbosa) 6.4. CASOS FACULTATIVOS· DO EMPREGO DE CRASE a) Antes de nome próprio referente· à pessoa. Exemplo: Foi feita uma proposta de concitiação a (ou à) Márcia. Atenção: No caso· de pessoas célebres, não se usa o acento grave. Exemplo: ·Referi-me a Maria Helena Diniz no trabalho de Douto- -ramento. b) Antes de pronome possessivo. Exemplo: . ! . Art. 151, CC - A coação, para viciar a declaração da von- tade, há çle ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. · Poderia ser:·"[ ... ] a sua pessoa, a sua família ( ... ]." Atenção: Se houver grau de parentesco entre ? possuidor e a posse, ocorrerá a crase. Exemplo: Entreguei a procuração à minha mãe.· .. ... i. I. ·, ·, } ) ) ) ) ) } ) ) ) ) ) } ) } ) ) ) ) Cap. VI - CRASE c) Diante da preposição até. Exemplos: 23 Art. 277, CC - O pagam~nto parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou r~levàda. Assim, poderia ser: "( ... ]senão até a concorrência da quantia paga ou relevada." Art. 401, II, CC - Purga-se a mora por parte do credor, oferecendo-se a receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data. .. ,. ·: :·: . ) ) ) r~ 24 CRASE EXERCÍCIOS 1. Cientistas em todo o n1undo dedicru.n-se ...... pesquisas con1 células-tronco, destinadas ...... coi11bater certas doenças degenerativas, que traze1n sofrünento ...... un1a grande parte da· população. As lacunas da frase apresentada estão corretru.nente preenchidas por. (A) à- a- a (B) à- à- a (C) a- a- a (O) a- à- à . (E) a- a- à 2. Quanto à necessidade ou não do uso do sinal de crase, a frase inteiran1ente correta é: (A) Reportan1o-nos à inexperiência de un1 cidadão con1un1 quando é candidato a un1 posto público, mas son1os propensos à rejeitar a candidatura de un1 político profissional. (B) O culto às aparências é un1 sinto1na da vida 1noderna, un1a vez que à elas nos prenden1os todos, en1 nossa vida con1un1. (C) É a gente que cabe identificar os preconceitos, sobretudo os que afetan1 àqueles artistas e profissionais que dão graça à nossa vida. (D) Assistünos à exibição descarada de preconceitos, que tantos dissabores causa1n as pessoas, vítin1as próxiinas ou à distância de nós. (E) Àqueles que alin1entan1 un1 preconceito é inútil recon1endar desprendin1ento, pois este se reserva às pessoas generosas. 3. Particularidades sociais ajudan1 ...... con1preender o cenário de desestünulo ...... alfabetização, que se reflete nos dados estatísticos, associru.1do o analfabetisn1o ...... porcentagen1
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