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O DIREITO A UM MEIO AMBIENE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO

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O DIREITO A UM MEIO AMBIENE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO – 
O CASO DA DERRUBADA DE ÁRVORES EM RIBEIRÓPOLIS 
 
 O município de Ribeirópolis, localizado no interior de Sergipe, a 75 km da 
capital Aracaju, com população estimada em pouco mais de 18.000 habitantes, segundo 
dados do IBGE 2015, vem, há alguns anos, sofrendo com a degradação ambiental. 
Moradores, biólogos e intelectuais do município estão sempre expressando seu repúdio 
às atitudes para com o meio ambiente por parte da administração pública. A situação 
tem se tornado tão crítica que alguns ribeiropolitanos dizem que a cidade está se 
tornando uma “selva de pedras”. Se de um lado a população repudia, do outro, a 
administração rebate, afirmando esta que se trata de uma espécie nociva ao município. 
 Como se percebe, há um impasse entre população e os gestores. Mas o que o 
ordenamento jurídico brasileiro diz ou trata sobre a questão ambiental? Não há dúvidas 
que um tema tão importante não iria passar despercebido a nossa belíssima Constituição 
Federal vigente. E não passou, de uma maneira específica, o artigo 225 deste diploma 
trata sobre a questão ambiental. O caput do artigo 225 é taxativo ao declarar ser um 
direito de todos um ambiente ecologicamente equilibrado. O constituinte, sem dúvidas, 
entendeu que um meio ambiente ecologicamente equilibrado é essencial a qualidade de 
vida. Mais que isto, a proteção ao meio ambiente significa, também, proteger a própria 
espécie humana. O referido artigo 225 ainda diz que compete ao Poder Público bem 
como a coletividade a proteção do meio ambiente, para uma qualidade de vida agora e 
para as próximas gerações. 
 Quero chamar atenção dos leitores para o parágrafo 1º, ainda do artigo 225 da 
Carta Magna, quando enumera em 7 incisos incumbências ao Poder Público para 
assegurar tal direito. Os incisos do parágrafo 1º trazem obrigações impostas ao Poder 
Público para que logre êxito ao direito ao meio ambiente equilibrado. A questão 
ambiental é mais complexa do que se pensa, pois está envolvida a outros direitos 
fundamentais da pessoa humana. Além do mais, está diretamente ligado ao fundamento 
da nossa República da dignidade da pessoa humana. Essa relevância fica mais evidente 
quando avaliamos outros dispositivos constitucionais, como p. ex. o artigo 170, o qual 
atrela à ordem econômica nacional a defesa do meio ambiente. Fala-se, assim, em 
desenvolvimento sustentável, que consiste numa exploração equilibrada dos recursos 
naturais, levando-se em conta os limites da satisfação das necessidades atuais e das 
próximas gerações. 
 Cabe ressaltar caros leitores, que a constitucionalização da proteção ambiental é 
muito nova em nosso país, sendo dada a devida atenção somente com a Constituição 
Federal de 1988, mas que na prática ainda continua distante do que previa o 
constituinte. E é esta falta de maturidade sobre o tema que vem instigando a maioria dos 
gestores a não se planejarem adequadamente sobre os assuntos ambientais. 
 Voltando a questão do município de Ribeirópolis, tem sido constante ao longo 
dos anos a derrubada das árvores pela substituição de praças e outras obras. No caso 
mais recente, ocorrido no dia 21 de setembro de 2015, foram derrubadas algumas 
árvores, sob a alegação que os moradores solicitaram, pois a espécie, fícus, estaria 
causando danos. Alguns especialistas na área não recomendam a utilização desta 
espécie, pois podem causar sérios prejuízos em decorrência do desenvolvimento 
acelerado de suas raízes. Ainda em resposta, a assessoria da prefeitura informou que o 
espaço receberá “uma academia ao livre, onde os moradores poderão realizar suas 
atividades físicas, o local receberá novos canteiros com o plantio de novas árvores, 
iluminação moderna e a construção de um quiosque”. Quem reside no referido 
município sabe que depois que são derrubadas as árvores a ÚNICA medida a ser tomada 
é fazer praças com canteiros e algumas árvores. 
 Muitos de vocês talvez digam que a derrubada de algumas árvores não causa 
grande prejuízo ao meio ambiente, logo não causará dano a este bem tutelado pela 
Constituição. O fato é que essas atitudes estão sendo adotadas por administrações 
anteriores, e que o conjunto de todas essas ações configuram uma gravidade e que 
merece atenção. O município, pelo visto, não tem atendido ao princípio da avaliação 
prévia dos impactos ambientais. A espécie fícus, por ser mais barata, tem predominado 
na cidade, sendo considerado, para alguns, um perigo e, como citado, é este argumento 
adotado pela administração. Todavia, se a prefeitura já admite ser um problema, porque 
não se realiza um estudo sobre os impactos ambientais da retirada desta espécie? Além 
de tratores e motosserras, quais são os estudos e projetos de arborização para o 
município de Ribeirópolis? Quais as atitudes de curto, médio e longo prazo para este 
problema? 
 É dever do Poder Público fazer o que a lei manda, e neste caso avaliar o que 
dispõe o artigo 225 da Constituição Federal, além de outros diplomas 
infraconstitucionais, a exemplo da lei 6.938/81. A questão ambiental deve ser vista e 
tratada com mais cuidado e atenção, pois está diretamente relacionada a outros direitos e 
garantias fundamentais. Desta forma é inaceitável atitudes impensáveis, ou que 
demorem muitos anos a solução dos problemas ambientais. Cabe ressaltar, que como 
dispõe o artigo 225 da Constituição, a comunidade também deve zelar pela conquista 
deste direito, sempre contribuindo com o que estiver ao seu alcance. 
 
Autor: Carlos Henrique de Lima Andrade é natural de Ribeirópolis, interior de 
Sergipe. Atualmente é graduando em Direito Pela Faculdade Pio Décimo, como 
Bolsista Integral do Programa Universidade para Todos (PROUNI), mas já foi aluno do 
curso de História pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Já fora aprovado em 
diversos cursos em distintas Universidades Federais do País, é concursado público 
municipal na Prefeitura de Pinhão-SE. Também é pesquisador em Filosofia e 
Fundamentos Sócio-Antropológicos aplicados ao Direito na PIO X. 
 Email: carloshenrique_lima16@hotmail.com

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