Buscar

QUEM É VERDADEIRO EMPREGADO DOMÉSTICO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

QUEM É O VERDADEIRO EMPREGADO DOMÉSTICO? 
 
 Esta semana, caros leitores, trago para vocês um assunto da seara trabalhista. A 
escolha se deu pela sua importância prática, bem como as dúvidas e preconceitos que 
cercam o assunto. A questão trabalhista no Brasil é marcada por lutas em busca do 
reconhecimento dos direitos dos obreiros, sobretudo do empregado doméstico. Cabe 
destacar que, muito embora tenhamos avançado muito na legislação de ordem 
trabalhista, precisamos continuar as lutas para superar os novos desafios, estes inerentes 
a nossa atual conjuntura social. 
 Durante muitos anos os trabalhadores domésticos foram excluídos da lei 
trabalhista no Brasil. Muito dessa exclusão se deve a própria questão histórica do País, 
pois após a abolição da escravatura, muitas mulheres foram inseridas aos trabalhos 
domésticos, como acontecia anteriormente. A própria legislação trabalhista do ano de 
1943 ignorava o doméstico, tratando este como não constituinte de uma categoria 
profissional. Apenas muitos anos depois, 1972, é que os trabalhadores domésticos 
seriam contemplados com alguns direitos. A lei nº 5.859 de 11 de dezembro de 1972, 
revogada pela lei complementar nº 150 de 1º de junho de 2015, é que instituíra alguns 
direitos a esta classe. Somente com o advento da Constituição brasileira de 1988 é que 
aos domésticos alcançariam conquistas significativas. 
 Mas afinal, qual o conceito de empregado doméstico? Antes de tratar do 
conceito específico desta modalidade, faz-se necessário saber o que é emprego. Bem, 
trabalho é gênero, emprego é espécie. Esta espécie de trabalho, emprego, para que se 
configure, necessita preencher alguns requisitos. São cinco elementos que caracterizam 
a relação de emprego, 1- Trabalho realizado por pessoa física: este requisito quer dizer 
que apenas pessoa física ou natural é que pode ser empregada, isto excluí a pessoa 
jurídica. 2- Pessoalidade: não basta que o trabalho seja feito por pessoa física, para a 
configuração de emprego precisa da pessoalidade, por se de caráter infungível, não 
admitindo substituição, salvo raras exceções. 3- Não eventualidade: este requisito quer 
dizer que para que haja emprego é preciso que o trabalho tenha caráter de permanência. 
Este princípio diferencia o emprego do trabalho eventual, este que depende de 
acontecimento futuro e incerto. 4- Onerosidade: consiste, em suma, no pagamento pelo 
empregador das parcelas a remunerar o empregado. Este critério exige que o empregado 
tenha o ânimo de receber salário. 5- Subordinação: quer dizer, rapidamente, que o 
empregado se subordina a ordem do empregador. 
 Feitas as devidas anotações básicas sobre o vínculo de emprego, poderemos 
tratar do emprego doméstico. Para que se configure como emprego doméstico, deve-se 
atender aos 5 requisitos anteriores, sendo o da não eventualidade tratado de forma 
especial nesta modalidade, e mais 3 específicos, estes são tratados na lei especial do 
trabalhador doméstico. São eles: 1- Finalidade não lucrativa dos serviços: o emprego 
doméstico é uma atividade de consumo do tomador do serviço, e não produtivo. Neste 
caso, não se produz benefícios a terceiros, tão somente comodidade da pessoa ou da 
família tomadora dos serviços. Cabe ressaltar que pouco importa se o serviço é manual 
ou intelectual, seja médico, professor, ou qualquer outra atividade profissional que seja 
prestado por pessoa natural, em favor de pessoa ou família, levando em consideração os 
outros critérios, ali se rege pelas normas de emprego doméstico. 2- Prestação a pessoa 
ou família: este critério quer dizer que os serviços devem ser prestados em favor de 
pessoa ou família, para consumo, comodidade, destas. Uma observação importante é 
que as repúblicas universitárias informais também estão enquadradas, desde que para 
consumo pessoal. 3- Âmbito residencial da prestação: a doutrina entende que este 
critério compreende todos os ambientes integrantes da vida da pessoa ou da família, e 
não somente um único ambiente. 
 Uma discussão polêmica no tocante a este assunto é sobre a terminologia ‘não 
eventualidade’, na CLT, e ‘continuidade, na lei 150/2015. Por muitos anos ganhou 
discussão na doutrina e na jurisprudência, pois os dois instrumentos legais adotam 
nomes diferentes. Esta divergência causava dúvidas na interpretação sobre a partir de 
quantos dias se configurava continuidade. A lei do trabalho doméstico em vigor, lei 
150/2015, em seu artigo 1º, caput, diz que empregado doméstico é aquele que, entre os 
critérios já citados, presta serviços mais de dois dias por semana á pessoa ou família. 
Sendo assim, a continuidade quer dizer três dias ou mais, pois desta forma, como 
pondera GODINHO, o doméstico cumprirá e metade ou mais da carga horária semanal. 
 O que se deve desfazer é a imagem de que empregado doméstico é apenas 
aquele que presta serviços de limpeza ou na cozinha. A natureza do trabalho, seja ela 
especializada ou não, não constitui critério da relação de emprego doméstico. O que se 
deve analisar para afastar as dúvidas é se o trabalhador se encaixa nos requisitos de 
emprego doméstico, sobretudo nos critérios especiais. 
 
 Todos aqueles que lutaram pelos direitos dos domésticos certamente merecem 
nosso reconhecimento, pois apesar de ainda necessitarmos de avanços, houve uma 
evolução histórica nos direitos desta classe. Hoje, conforme o artigo 7º, parágrafo único 
da Constituição Federal de 1988, há uma verdadeira equiparação dos empregados 
domésticos aos demais empregados. Doméstico ou não, é imprescindível que se 
assegure o mínimo de direito àqueles que estão diariamente laborando, contribuindo 
para o progresso deste país. Justiça está, também, ligada ao quanto tratamos com 
dignidade o trabalhador. 
 
Autor: Carlos Henrique de Lima Andrade é natural de Ribeirópolis, interior de 
Sergipe. Atualmente é graduando em Direito Pela Faculdade Pio Décimo, como 
Bolsista Integral do Programa Universidade para Todos (PROUNI), mas já foi aluno do 
curso de História pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Já fora aprovado em 
diversos cursos em distintas Universidades Federais do País, é concursado público 
municipal na Prefeitura de Pinhão-SE. Também é pesquisador em Filosofia e 
Fundamentos Sócio-Antropológicos aplicados ao Direito na PIO X. 
 Email: carloshenrique_lima16@hotmail.com

Continue navegando