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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE EDUCAÇÃO PEDAGOGIA O BANQUETE IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS DO MÉTODO SOCRÁTICO Resenha crítica de J. Brayam Rodrigues de Freitas Orientado por Prof. Dr. José Gerardo Vasconcelos Setembro – 2013.2 Fortaleza – CE “... se quiseres, estou pronto a dizer coisas verdadeiras, à minha moda e não a dos vossos discursos.” SÓCRATES, O Banquete A que maneira refere-se Sócrates? E como sua maneira filosófica de alcançar a verdade contribuiu para a educação nos moldes atuais? Merece atenção o desafio primário de “delinear qualquer retrato sistemático deste homem”, como disse ADORNO (1986), haja vista ele mesmo não ter escrito nada e os dados de sua vida serem escassos e todos provenientes de interpretações. Desse modo, Sócrates é analisado aqui sob a narrativa de Platão, em O Banquete, diálogo tragicômico escrito por volta de 380 a.C. “Ainda uma coisa, Fedro; permite-me dirigir umas perguntinhas a Agatão, para que, antes de falar, tenha com ele um ponto de acordo”, assim, Sócrates inicia seu método, munido da ironia, levando seu interlocutor, através de perguntas ingênuas, a entrar em contradição e a reconhecer a limitação de seu conhecimento. Até aquele a quem Sócrates temia o discurso, a quem declarou maioral, o Geórgias entre eles, foi reduzido à condição de aprendiz na elucidação de Eros, “Sócrates – admitiu Agatão – eu não seria capaz de manter um debate contigo.” Desestruturados os dogmas e conceitos preconcebidos, o método prossegue com o parto das ideias, meio pelo qual Sócrates leva o interlocutor a conceber de si mesmo, uma nova ideia, uma nova opinião acerca do assunto questionado. O método socrático fundamenta-se no nosce te ipsum, explora a auto-reflexão como forma de empreender o Homem à procura das verdades universais em si próprio. Instrumentação argumentativa à parte, Sócrates contribuiu positivamente para a educação nos moldes atuais, à medida que reconhece o interlocutor (neste caso, o aluno) não como mero receptáculo de conhecimento, mas como um ser capaz de estabelecer com o locutor (docente) um diálogo consistente, baseado na dúvida e questionamento sobre as verdades presumidas, na construção do saber válido. Ele destrona a ideação tradicional do professor como agente transmissor do conhecimento e instiga educadores a desenvolver em seus educandos o pensamento racional e crítico, conduzindo-os a um processo de reflexão e consequente descoberta de valores próprios. Despertar no educando uma postura de autonomia, constitui um dos maiores desafios da educação contemporânea, e certamente Sócrates, com seu método, nos auxilia nesse empreendimento.
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