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Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 1 Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 2 Empresa de Pesquisa Energética – EPE Presidente Thiago Guilherme Ferreira Prado Diretor de Estudos Econômicos, Energéticos e Ambientais Thiago Ivanoski Teixeira Diretor de Estudos de Energia Elétrica Reinaldo da Cruz Garcia Diretor de Estudos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis Heloisa Borges Bastos Esteves Diretor de Gestão Corporativa Carlos Eduardo Cabral Carvalho Superintendente de Estudos Econômicos e Energéticos Carla da Costa Lopes Achão Superintendente Adjunto de Estudos Econômicos e Energéticos Gustavo Naciff de Andrade Coordenação Técnica Glaucio Vinícius Ramalho Faria Organizador Flávio Raposo de Almeida Equipe Técnica Bruno Eduardo Moreira Montezano Flávia Camargo de Araujo Lena Santini Souza Menezes Loureiro Lúcio Carlos Resende Marcelo Henrique Cayres Loureiro Ministério de Minas e Energia – MME Ministro de Estado Alexandre Silveira de Oliveira Secretário Executivo Arthur Cerqueira Valério Secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento Thiago Vasconcellos Barral Ferreira Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 3 Agradecimentos As figuras e ícones utilizadas ao longo desse relatório foram obtidas na plataforma Flaticon.com. Agradecimentos especificamente aos autores Eucalyp, Freepik, iconixar, wanicon, itim2101 e Animal Welfare. Coordenação Técnica Glaucio Vinicius Ramalho Faria Organização Flávio Raposo de Almeida Equipe Técnica Bruno Eduardo Moreira Montezano Flávia Camargo de Araujo Lena Santini Souza Menezes Loureiro Lúcio Carlos Resende Marcelo Henrique Cayres Loureiro https://www.flaticon.com/free-icon/tower_869782?term=transmission+tower&page=1&position=54&origin=search&related_id=869782 https://www.flaticon.com/authors/freepik https://www.flaticon.com/authors/iconixar https://www.flaticon.com/authors/wanicon https://www.flaticon.com/authors/itim2101 https://www.flaticon.com/packs/animal-welfare-7 Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 4 Sumário Valor Público | EPE 20 anos ....................................................................... 05 Sumário Executivo .................................................................................... 06 Linhas do tempo ....................................................................................... 08 Capítulo 1: Eletricidade, Economia e Aspectos Sociodemográficos............ 11 Capítulo 2: Oferta de Eletricidade .............................................................. 18 Capítulo 3: Transmissão de Energia Elétrica ............................................... 29 Capítulo 4: Consumo Residencial .............................................................. 33 Capítulo 5: Consumo Comercial ................................................................ 40 Capítulo 6: Consumo Industrial ................................................................. 47 Capítulo 7: Sistemas Isolados ................................................................... 56 Capítulo 8: Consumo Cativo x Livre ........................................................... 62 Referências .............................................................................................. 68 Sumário Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 5 Valor público Valor público | EPE 20 anos Em celebração aos seus 20 anos, a Empresa de Pesquisa Energética apresenta uma edição especial de uma de suas importantes publicações: o Anuário Estatístico de Energia Elétrica. O Anuário é uma publicação fundamental para o monitoramento do setor elétrico nacional e a EPE possui os registros dos movimentos do mercado de eletricidade brasileiro desde a sua criação em 2004. Assim, completam-se 20 anos de estatísticas do mercado de eletricidade e temos o orgulho de elaborar uma publicação especial que conta a história recente da eletricidade no Brasil. Ao longo dos seus 20 anos de história, a EPE consolidou-se como uma das referências em estatísticas de energia no Brasil e no mundo. Além do Anuário Estatístico de Eletricidade, o Balanço Energético Nacional, o Atlas de Eficiência Energética, entre outros produtos, são amplamente reconhecidos e consultados pela sociedade. Isso é resultado de um incansável trabalho que tem por objetivo agregar valor público e aprimorar a qualidade das estatísticas energéticas nacionais a cada novo ciclo. Essa extensa base de dados dá importante suporte ao planejamento energético nacional, subsidiando não apenas a Administração Pública brasileira, através do MME - Ministério de Minas e Energia, responsável por formular os princípios básicos e definir as diretrizes da política energética nacional, mas também universidades e instituições diversas, inclusive de natureza privada. O Anuário Estatístico de Energia Elétrica é apenas um dos resultados do trabalho da EPE na prospecção de dados junto aos agentes do setor elétrico e de energia como um todo. No caso da eletricidade, a importante colaboração dos agentes, através da Comissão Permanente de Análise e Acompanhamento do Mercado de Energia Elétrica (COPAM), fórum criado e coordenado pela EPE, desde 2005, que reúne os agentes de mercado e principais instituições do setor elétrico – e segue ativo ininterruptamente como espaço de troca de dados e experiências sobre o mercado de energia elétrica, fundamentando o processo de elaboração das estatísticas energéticas. Esta importante parceria possibilita que a EPE consolide e organize uma ampla base de dados, que resulta, além do Anuário, em outros produtos, como a Resenha Mensal do Mercado de Energia Elétrica, o Boletim Trimestral do Consumo de Eletricidade e o Painel de Monitoramento do Consumo de Eletricidade. O portfólio de produtos, advindos das estatísticas de eletricidade, busca diversificar as formas de consolidação, disponibilização e visualização destes dados em função dos diferentes públicos interessados no conhecimento. Ao longo dos últimos anos esse portfólio ganhou novos produtos, como, o Anuário Interativo, os já citados Boletim Trimestral e Painel de Monitoramento do Consumo de Eletricidade, além do novo formato do relatório do Anuário, que o tornou mais dinâmico e intuitivo. Portanto, o Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 Anos passará a integrar esse portfólio de produtos, lançando luz sobre a trajetória do setor elétrico brasileiro e sua correlação com o desenvolvimento da sociedade brasileira no período. Boa leitura! Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 6 Sumário Executivo Nos últimos 20 anos, a capacidade instalada de geração de energia elétrica no Brasil foi expandida em, aproximadamente, 150%, saindo de 90,7 GW, em 2004, e atingindo 226,0 GW, em 2023¹. Destaca-se a expansão das fontes eólica e solar, que eram praticamente inexistentes e que, ao final de 2023, representaram, somadas, cerca de 30% do total da capacidade instalada no Brasil. A hidráulica também merece registro, pois obteve a maior contribuição em potência expandida (40,8 GW) e participação de 49% no total de capacidade em 2023. Quanto à Oferta Interna de Energia Elétrica², no ano de 2023 foram produzidos 723,2 TWh, contra 424,9 TWh, em 2004, representando um acréscimo de 70% no período. A participação de fontes renováveis na oferta interna de energia elétrica sofreu flutuações nos últimos 20 anos, devido principalmente às variações no regime hidrológico, mas atingiu um dos maiores patamares em 2023, com aproximadamente 89% de participação. Destaca-se o aumento da participação das fontes eólica, solar e bagaço de cana, que, em 2004, somadas, representavam o equivalente a 2% da oferta total e que, em 2023, atingiu 25%. A expansão das linhas de transmissão no Brasil foi crucial para o desenvolvimento da infraestrutura elétrica do país, refletindo a crescente demanda por energia e a necessidade de integrar diversas regiões dentro do territórioda pandemia sobre a renda. Esses fatores contribuíram para a progressão da vendas de eletrodomésticos no país, o que auxiliou a alta do consumo das famílias naquele intervalo de tempo. Além disso, em 2021, o país atravessou a pior seca dos últimos noventa anos, fator que contribuiu em grande parte para o segundo maior valor de consumo residencial médio da série histórica: 167 kWh/mês (EPE, 2020; 2022). Já o ano de 2022, o consumo residencial médio teve retração, pois foi um ano com temperaturas mais amenas e um maior volume de chuvas em relação ao ano de 2021 e 2023. E por último, o ano de 2023 que foi de clima mais quente e seco. Por conta do calor, o país bateu recorde de vendas de aparelhos de climatização de ambiente, fazendo aumentar ainda mais o consumo residencial médio das famílias (EPE, 2023a; EPE, 2023b; EPE, 2024a). 100 110 120 130 140 150 160 170 180 dez/04 dez/07 dez/10 dez/13 dez/16 dez/19 dez/22 kW h/ m ês Figura 4.5 – Consumo Residencial Médio (CRM) no Brasil Fonte: EPE (2024c) 170 167 170 160 163 Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 38 Capítulo 4: Consumo Residencial 203 90 110 130 150 170 190 210 2004 2023 Norte, Centro-Oeste e Sul se destacaram no consumo residencial médio em 2023 Entre 2020 e 2022, houve expansão no consumo residencial médio impulsionado pela permanência maior da população em suas residências devido a pandemia da covid-19. Além disso, o Auxílio Emergencial do governo também favoreceu o aumento do consumo de eletricidade residencial médio no período. No ano de 2023, os maiores destaques do consumo residencial médio foram as regiões Norte (204 kWh/mês), Centro-Oeste (203 kWh/mês) e Sul (199 kWh/mês). A região Norte é a que possui a maior densidade domiciliar (3,3 moradores por domicílio, de acordo com o último censo do IBGE de 2022), contribuindo para o valor mais alto de consumo por residência. Por outro lado, a região Nordeste (131 kWh/mês) é que teve o menor valor de consumo residencial médio em 2023. A região concentra a maior parte da população na pobreza e na extrema pobreza e com menor rendimento domiciliar per capita médio. Além disso, a parcela de domicílios com pelo menos um chuveiro elétrico e um ar condicionado no Nordeste é a mais baixa em relação a outras regiões do país. Pois estes são alguns dos eletrodomésticos que mais consomem energia elétrica nas residências (ENBPar, 2023). Figura 4.6 – Consumo Residencial Médio (CRM) no Brasil (kWh/mês) Fonte: EPE (2024c) 131 90 110 130 150 170 190 210 2004 2023 175 90 110 130 150 170 190 210 2004 2023 204 90 110 130 150 170 190 210 2004 2023 199 90 110 130 150 170 190 210 2004 20232015 2015 2015 2015 2015 SulCentro-Oeste Nordeste Sudeste Norte A Figura 4.6 apresenta a progressão do consumo residencial médio (CRM) das regiões do país ao longo dos últimos 20 anos. Todas as regiões apresentaram crescimento do consumo residencial médio ao longo do período analisado. Os programas de transferência de renda do governo têm impactado o CRM, principalmente nas regiões Nordeste e Norte. Em 2004, Sul (160 kWh/mês) e Sudeste (158 kWh/mês) eram as regiões com maiores valores de CRM no país. A partir de 2015, o Sudeste começou reduzir o seu CRM, enquanto Norte e Centro-Oeste evoluíram gradativamente. O Nordeste, apesar de apresentar menores valores do indicador, mostra curva ascendente nos últimos anos. Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 39 Luz para TodosAnuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos O Programa Luz para Todos é uma iniciativa brasileira que visa a levar eletricidade para áreas remotas e carentes do país. Lançado em 2003 pelo governo federal, o programa faz parte de uma estratégia mais ampla de inclusão social e desenvolvimento regional. O principal objetivo é fornecer energia elétrica para comunidades rurais e áreas isoladas que ainda não tinham acesso à eletricidade. Antes do Programa Luz para Todos, muitas regiões do Brasil, especialmente no Norte e Nordeste, enfrentavam grandes desafios em termos de infraestrutura elétrica. A falta de eletricidade limitava o desenvolvimento econômico e social dessas áreas, impactando a qualidade de vida das pessoas. O programa tinha como objetivos principais: ▪ Inclusão Social: Garantir que todos os brasileiros, independentemente de onde vivam, tenham acesso a serviços básicos. ▪ Desenvolvimento Regional: Estimular o desenvolvimento econômico e social em áreas carentes. ▪ Melhoria da Qualidade de Vida: Proporcionar benefícios diretos para a saúde, educação e segurança das comunidades. A execução do programa trouxe benefícios significativos para milhões de brasileiros. Além de melhorar as condições de vida e promover a inclusão social, a eletrificação das áreas rurais contribuiu para o crescimento econômico local e facilitou o acesso a serviços essenciais como educação e saúde. O Programa Luz para Todos é um exemplo de como a política pública pode transformar vidas e promover a igualdade de oportunidades, refletindo um compromisso com a melhoria das condições de vida e o desenvolvimento equitativo. Ele não apenas contribuiu para a eletrificação de áreas remotas, mas também serviu como um modelo de políticas públicas voltadas para a inclusão social e o desenvolvimento regional. O programa ajudou a estabelecer um precedente para outras iniciativas de infraestrutura e serviços básicos no país. De 2004 a 2023, considerando outra iniciativa mais recente: o Mais Luz para a Amazônia, foram eletrificados 3,34 milhões de domicílios. O programa teve impacto significativo na expansão do acesso à eletricidade em áreas remotas e carentes do Brasil, especialmente no Nordeste (50%) e Norte (24%). .Programa Luz para Todos. Figura 4.7 – Domicílios eletrificados (milhões de unidades) Fonte: EPE (2024c) 2004 2011 2018 2,52 0,05 3,34 2023 Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 40 Capítulo 5: Consumo Comercial Capítulo 5 Consumo Comercial Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 41 Capítulo 5: Consumo Comercial 50 90 91 88 89 92 83 98 0 20 40 60 80 100 120 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 TW h Figura 5.1 – Evolução do consumo comercial de energia elétrica no Brasil Fonte: EPE (2024c) Nestes 20 anos de evolução, o setor comercial brasileiro passou por diversas modificações. A Figura 5.1 apresenta a evolução do consumo de energia elétrica comercial entre 2004 e 2023. Ao longo de todo o horizonte de análise, a classe comercial apresentou crescimento consistente do consumo de energia elétrica e apenas em dois anos registrou queda do consumo: 2016 e 2020. Em 2004, o consumo de eletricidade comercial foi de 50 TWh e em 2023 atingiu o montante de 98 TWh. Assim sendo, houve um aumento no consumo de 97% nesse período. A Figura 5.2 mostra como o consumo de eletricidade da classe comercial variou anualmente entre 2005 e 2023. Pode-se verificar que o consumo oscilou mais nos últimos dez anos. O consumo de eletricidade comercial cresce 3,7% ao ano nos últimos 20 anos... O consumo de energia elétrica do setor de comércio e serviços no Brasil cresceu a uma taxa média de 3,7% ao ano nos últimos 20 anos, sendo que entre 2004 e 2014 foi o período de maior expansão do consumo da classe: 6,1% ao ano. Já entre 2015 e 2023 a taxa de variação foi muito menor: 1,1% ao ano. Os anos de 2016 e 2020 foram os que tiveram retração na taxa de variação do consumo comercial: -3,2% ao ano e -10,4% ao ano, respectivamente. O ano de 2012 foi o que apresentou a maior taxa de variação do consumo da classe: 7,8%. Figura 5.2 – Taxa Mensal de Consumo de Energia Elétrica Comercial no Brasil Fonte: EPE (2024c) 6,7% 4,4% 5,9% 5,4% 5,6% 6,0% 6,2% 7,8% 5,7% 7,3% 1,0% -3,2% 0,5% 0,4% 3,9% -10,4% 6,4% 5,4% 5,9% 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2017 2018 2019 2021 2022 2023 2016 Retração de 3,2% 2020 Retração de 10,4% AnuárioEstatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 42 Capítulo 5: Consumo Comercial Em 2020, a classe comercial apresentou a maior queda do consumo da classe durante toda a série histórica (-10,4%) e também a maior dentre as outras classes. A pandemia da covid-19 resultou no decréscimo do consumo das famílias, na retração da atividade econômica e no agravamento das condições do mercado de trabalho. O setor comercial foi duramente atingido pelas medidas de controle, como o distanciamento social, e experimentou um dos processos de recuperação mais lentos. De acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE, o setor de serviços anotou redução de 7,8% no acumulado do ano de 2020. As áreas de turismo, restaurantes e bares, transporte aéreo e de passageiros, além dos serviços de apoio a escritórios e instituições de ensino foram fortemente afetadas pela pandemia, contribuindo para a queda no consumo de eletricidade comercial naquele ano (EPE, 2021a). O ano de 2016 foi de retração na economia, com os indicadores de emprego, renda e crédito em queda ao longo de todo o ano impactando a maioria dos estados do Brasil. O cenário econômico desfavorável afetou diretamente os setores de comércio e serviços do país. Houve diminuição no número de lojas e as vendas foram menores do que no ano anterior. Todos esses fatores influenciaram na redução do consumo comercial de energia elétrica em 2016 (EPE, 2017). O consumo de eletricidade comercial oscila mais nos últimos dez anos... Em 2012, variados indicadores setoriais cooperaram para o resultado positivo no consumo de eletricidade da classe comercial, como o aumento da renda e do emprego. O setor de vendas do varejo e de serviços que cresceram consideravelmente naquele ano. Houve ampliação do segmento de shopping centers, turismo, alojamento e alimentação. Ocorreu a abertura de novos postos de trabalho do setor de serviços, indicativo de aquecimento do setor. Além disto, devido a Resolução Normativa 414/2010 da ANEEL, foi incorporado ao setor comercial em 2012, o consumo da administração condominial, iluminação e instalações de uso comum de prédios ou conjunto de edificações, antes contabilizado no setor residencial Em 2015, o consumo de energia elétrica no setor comercial desacelerou. A revisão tarifária extraordinária, que aumentou as tarifas de energia elétrica em 40% e a crise doméstica em 2014 foram alguns dos fatores que contribuíram para a redução da taxa de consumo no ano. (EPE, 2020a). 6,7% 4,4% 5,9% 5,4% 5,6% 6,0% 6,2% 7,8% 5,7% 7,3% 1,0% -3,2% 0,5% 0,4% 3,9% -10,4% 6,4% 5,4% 5,9% 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2017 2018 2019 2021 2022 2023 2016 2020 Figura 5.2– Taxa Mensal de Consumo de Energia Elétrica Comercial no Brasil Fonte: EPE (2024c) Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 43 Capítulo 5: Consumo Comercial 98 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 TW h/ an o Comercial Industrial Outros Residencial Figura 5.3 – Evolução do consumo comercial de energia elétrica x demais setores Fonte: EPE (2024c) O consumo de eletricidade comercial expande mais que a indústria... Em 2023, o setor comercial respondeu por 18% do consumo total de eletricidade do país, sendo a classe com o terceiro maior consumo, ficando atrás do setor residencial, com 31% e industrial, com 35% do consumo. A Figura 5.3 apresenta a evolução do consumo comercial de energia elétrica entre 2004 e 2023 comparando com os demais setores. Pode-se observar que o consumo de energia elétrica da classe comercial cresce mais que os demais setores. O consumo comercial em 2023 é 97% superior ao consumo de 2004. Nota-se que o consumo de eletricidade comercial não foi afetado pela crise financeira internacional de 2008, como ocorreu na indústria, que reduziu o seu consumo. Verifica-se, também, que a crise doméstica e a crise hídrica de 2014 têm um impacto menor no consumo de eletricidade comercial do que nos demais setores, uma vez que o consumo continuou crescendo. O mesmo não ocorreu nas classes industrial e residencial, cujos consumos foram reduzidos em 2015. Também é possível observar que em 2020, durante a pandemia da covid-19 no Brasil, o consumo de energia elétrica comercial caiu substancialmente. Em 2021 e 2022, com a ampliação da vacinação contra a covid-19 e a flexibilização das medidas de distanciamento social, houve a recuperação das atividades de comércio e serviços no país, favorecendo a expansão do consumo de eletricidade da classe comercial. No entanto, esta classe foi a que mais demorou a retomar o consumo aos níveis pré-pandemia Em 2023, houve um aumento significativo no consumo de eletricidade, cujo crescimento foi impulsionado pelo bom desempenho do setor de comércio e serviços, pelo aumento do consumo das famílias, pelo clima mais quente e seco no país, pelo crescimento no número de consumidores comerciais e pela reclassificação de consumidores realizada pelas distribuidoras. Além disso, o saldo positivo entre a abertura e o fechamento de unidades comerciais e a retomada das atividades presenciais, que ainda estavam parcialmente suspensas em 2022, também contribuíram para o aumento no consumo (EPE, 2024a). Um dos setores da classe comercial que muito se destacou entre 2021 e 2023 e triplicou o seu consumo no período, foi o de informação e comunicação, no segmento de atividades de prestação de serviços de informação, puxado por Data Centers. O consumo partiu de 0,51 TWh em 2021 para 1,62 TWh em 2023. Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 44 Capítulo 5: Consumo Comercial 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 TW h Cativo (%) Livre (%) Livre (TWh) Cativo (TWh) Figura 5.4 – Evolução do consumo de eletricidade comercial no mercado cativo e livre Fonte: EPE (2024c) Consumo de Energia Elétrica Comercial no ACL: o volume de energia contratado no ACL atinge 34% do mercado em 2023 Em 2004, o Ambiente de Contratação Regulado (ACR) respondia por 99% de toda a energia elétrica contratada pela classe comercial e somente 1% pertencia ao Ambiente de Contratação Livre (ACL). No decorrer do tempo, a participação do ACL cresceu continuamente, alcançando cerca de 34% em 2023, enquanto o ACR caiu para aproximadamente 66%. A linha verde indica a quantidade de energia consumida no ACR, que apresentou um crescimento até 2015, quando atingiu o pico de 84 TWh. Após esse ponto, o consumo no ACR começou a declinar levemente, devido à migração para o ACL. A linha laranja mostra o consumo de energia no ACL, que cresce consistentemente ao longo dos anos, especialmente após 2016. As Portarias MME N° 514/2018, N° 465/2019 e N° 50/2022 contribuíram para o avanço do mercado livre de energia ao introduzirem diretrizes e condições que incentivam a diversificação da matriz energética, aumentam a flexibilidade de contratação e promovem a competitividade no setor elétrico (EPE, 2024b). Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 45 Capítulo 5: Consumo Comercial 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 M ilh õe s de c on su m id or es Figura 5.5 – Número de consumidores comerciais de energia elétrica no Brasil Fonte: EPE (2024c) O número de consumidores comerciais é o segundo maior dentre as classes... Nos últimos 20 anos, o número de consumidores comerciais de eletricidade no Brasil apresentou um crescimento gradual, conforme mostrado na Figura 5.5. Entre 2004 e 2023, o número de unidades consumidoras comerciais expandiu a uma taxa de 2,0% a.a., iniciando em torno de 4,3 milhões para aproximadamente 6,2 milhões de consumidores. A classe comercial concentra o segundo maior número de unidades consumidoras de energia elétrica do país. O intervalode maior incremento no número de consumidores comerciais foi entre 2004-2014, com taxa média de 2,7% ao ano. Já entre 2015 e 2023, a taxa média de crescimento do número de consumidores foi para 1,2% ao ano. Diversos fatores contribuíram para o aumento no número de consumidores comerciais de eletricidade ao longo das últimas duas décadas. Entre eles, destacam-se o maior número de empresas comerciais e de serviços abertas em comparação às que foram fechadas anualmente, o processo de urbanização, a reclassificação de consumidores de outras classes para a classe comercial, o crescimento econômico em alguns períodos, e a melhoria da renda e do emprego. Dentre o período de 2004 a 2023, o ano de 2020 foi o único que apresentou queda no número de consumidores comerciais: -0,6%. O ano de 2020 foi marcado por medidas restritivas, como o fechamento temporário de estabelecimentos comerciais e serviços considerados não essenciais, além de lockdowns em várias regiões. Essas restrições levaram muitos empresas a suspenderem suas operações, e alguns acabaram fechando permanentemente devido à queda na demanda e dificuldades financeiras (EPE, 2021a). As maiores expansões anuais no número de consumidores comerciais de eletricidade foram nos anos de 2009 (+3,4%), 2011 (+4,5%), 2013 (+3,3%) e 2022 (+3,7%). Em 2009, as políticas de incentivo ao consumo para atenuar os efeitos da crise financeira global, como a redução seletiva de impostos, a diminuição das taxas de juros e a ampliação do crédito ajudaram ao setor de comércio e serviços a crescer. Em 2011, o Brasil experimentou crescimento econômico significativo com aumento do consumo e investimento em infraestrutura, que incentivou a abertura de novas empresas. Em 2013, a proximidade de eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 ocasionou investimento em cidades-sede para atender o aumento esperado de turismo e consumo (EPE, 2020a). A retomada econômica pós-pandemia e os incentivos governamentais contribuíram para o aumento do número de consumidores comerciais em 2022. 6,2 4,3 Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 46 Capítulo 5: Consumo Comercial Figura 5.6 – Distribuição regional do número de consumidores comerciais de energia elétrica no Brasil Fonte: EPE (2024c) Figura 5.7 – Número de consumidores comerciais de energia elétrica no ACL Fonte: EPE (2024c) 25 0 5 10 15 20 25 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 M ilh ar es d e co ns um id or es Dentre as maiores transformações ocorridas no perfil de consumo de eletricidade da classe comercial, destacam-se o crescimento da participação de consumidores das regiões Nordeste e Sul e a entrada de consumidores no ACL... Todas as regiões anotaram crescimento do número de consumidores comerciais durante os últimos 20 anos, mas o Sudeste permaneceu com a maior participação percentual de consumidores comerciais de eletricidade no Brasil, atingindo 45% em 2023. Entretanto, essa participação caiu 3% em relação a 2004, sugerindo desaceleração na expansão de novos consumidores comerciais ou redistribuição do crescimento para outras regiões. As regiões Sul e Nordeste foram as que apresentaram maior crescimento de participação no total de consumidores comerciais. O Sul representa 19% do total, enquanto o Nordeste aumentou para 22%. Esse crescimento reflete o desenvolvimento econômico e a urbanização nesses locais, onde novos estabelecimentos comerciais estão sendo criados para atender à demanda crescente. As regiões Centro-Oeste e Norte mantiveram suas participações estáveis, com 8% e 6%, respectivamente. Esses percentuais indicam que, embora haja crescimento na quantidade de consumidores comerciais, ele ocorre de forma mais lenta nessas regiões em comparação com o Sul e o Nordeste. A Figura 5.7 mostra o crescimento no número de consumidores livres comerciais ao longo dos anos, partindo de 39 consumidores em 2004 e alcançando quase 25 mil consumidores em 2023. A taxa média anual de crescimento no número de consumidores de 2004 a 2023 foi de 44% ao ano, e 2016 foi o ano de maior expansão do número de consumidores comerciais (+129%). O salto mais acentuado ocorre nos anos mais recentes, sugerindo que a abertura do mercado e a flexibilização regulatória têm contribuído para um aumento expressivo no número de consumidores livres comerciais. Esse comportamento indica um mercado em expansão com potencial de crescimento contínuo. Hoje, o setor de comércio e serviços já supera o setor industrial em número de consumidores livres. Ao longo dos anos, a redução gradual do limite mínimo de demanda para migração ao mercado livre de energia tem facilitado o acesso a essa modalidade para um número cada vez maior de consumidores, especialmente comerciais e industriais de pequeno e médio porte. 5,8% 8,1% 16,5% 21,3% 48,3% 6,1% 8,3% 18,4% 22,1% 45,1% 0% 20% 40% 60% Norte Centro-Oeste Sul Nordeste Sudeste Série1 Série22004 2023 Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 47 Capítulo 6: Consumo Industrial Capítulo 6 Consumo Industrial Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 48 Capítulo 6: Consumo Industrial Figura 6.2 – Trajetória do consumo de eletricidade na indústria x demais classes Fonte: EPE (2024)* * A indústria brasileira apresentou resiliência, passando por desafios e transformações nos últimos 20 anos. Porém, consumo de eletricidade cresce 21% no período, crescimento inferior às demais classes. Nos últimos 20 anos o setor industrial brasileiro enfrentou uma série de desafios, onde eventos de naturezas distintas afetaram o desempenho do setor: crises econômicas, oscilações nos preços das commodities, crises hídricas, a pandemia da covid-19 e a Guerra da Ucrânia. Em 2014 o Brasil enfrentou a recessão e o setor passou por transformações: na busca por competitividade, empresas investiam em automação, digitalização e novas tecnologias; a indústria 4.0 chegava. Em 2020, a covid-19 trouxe mudança nos hábitos de consumo e interrupções nas cadeias de suprimentos; a indústria se adaptou. Nos anos mais recentes o setor caminha em direção à sustentabilidade e à transição energética: eficiência energética, fontes renováveis e redução da pegada de carbono ganham destaque. Entre 2004 a 2008 o Brasil experimentava um crescimento econômico e o setor industrial se beneficiava do boom das commodities e do aumento do consumo interno. O consumo de eletricidade acelerava na indústria, acompanhando as demais classes. Porém, em 2008 a crise financeira internacional do Subprime atinge principalmente os setores voltados para o mercado externo, muitos deles eletrointensivos: a indústria consome menos. O consumo volta a crescer no ano seguinte, mas logo estagna. Entre 2013 e 2016 o consumo volta a cair. A recessão que o país entrava a partir de 2014, associada a um período prolongado de escassez hídrica, que elevou o preço da energia, atingem a indústria. Em 2020, com a pandemia da covid-19, o consumo industrial recua, mas logo se recupera e encerra aquele ano praticamente em estabilidade. No pós- pandemia a indústria tem expandido o consumo, aquecida por um cenário econômico interno e externo de recuperação e preço das commodities em elevação. Em 2023, dez anos depois, finalmente o consumo de eletricidade ultrapassa o patamar de 2013. - 100 200 300 400 500 600 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 TW h/ an o Setor industrial Demais setores Figura 6.1 – Participação da classe industrial no consumo de eletricidade Fonte: EPE (2024)* 189 0 40 80 120 160 200 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 TW h/ an o Comercial Industrial Outros Residencial https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/dados-abertos/dados-do-consumo-mensal-de-energia-eletrica Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 49 Capítulo 6: Consumo Industrial 121 100 118 0 20 40 60 80 100 120 140 2004 2005 2006 20072008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 N úm er o ín di ce Consumo industrial de eletricidade PIB Industrial Clique nos marcos e acesse a linha do tempo de Economia Figura 6.3 – Consumo de energia elétrica na classe industrial x PIB do setor industrial Fonte: EPE (2024)* * A trajetória do consumo de energia elétrica na classe industrial é influenciada por fatores setoriais, tais como o preço da energia, e pelo ambiente econômico, estando muito associada ao desempenho do PIB da indústria. A Figura 6.3 mostra como o consumo de eletricidade na indústria acompanha o desempenho do PIB do setor. Em 2008, o ambiente externo conturbado pela crise do Subprime atinge a economia. Na indústria, segmentos eletrointensivos com produção destinada ao mercado externo foram os que mais sofreram: o consumo de eletricidade na indústria recua mais que o PIB do setor e nota-se um descolamento entre as trajetórias das duas curvas. Em 2014, a crise econômica doméstica, associada a crise hídrica com impacto direto sobre o preço da eletricidade, atinge agora também os segmentos da indústria voltados ao mercado interno: PIB e consumo de eletricidade do setor caem. A crise se dissemina por diversos segmentos da indústria, com isso as trajetórias das curvas de PIB e de consumo iniciam convergência. Em 2020, a covid-19 influencia a economia pela necessidade de adoção de medidas de restrição de mobilidade e distanciamento social. Apesar da forte queda no segundo trimestre daquele ano, a indústria inicia recuperação já no trimestre seguinte, impulsionada no mercado interno pelo aumento da demanda que contou com estímulos públicos como o Auxílio Emergencial, programa que estabeleceu renda mínima às pessoas em vulnerabilidade social durante o período mais agudo da pandemia da covid-19; e no mercado externo pelo preço internacionais das commodities industriais em elevação. O PIB industrial cresce, mas o consumo de eletricidade da classe expande mais, em especial pelo bom desempenho dos setores mais eletrointensivos da indústria no período, a trajetórias das curvas se alinham desde então. Em 2023, o PIB industrial foi R$ 2,4 trilhões, equivalente à 22% do PIB nacional, enquanto o consumo de eletricidade alcançou 189 TWh, 35,5% do total do país no ano. (05) (09) (11) (12) (21) (24) https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/dados-abertos/dados-do-consumo-mensal-de-energia-eletrica Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 50 Capítulo 6: Consumo Industrial A EPE monitora mensalmente o consumo de energia elétrica em 37 setores da indústria. Nos últimos dez anos o consumo industrial de eletricidade ficou mais concentrado nos setores mais eletrointensivos. A Figura 6.4 mostra que entre 2013 e 2023 o consumo de eletricidade dos dez setores mais eletrointensivos da indústria subiu, elevando também a participação no consumo da classe de 79% em 2013 para 84% em 2023. Já o consumo nos demais setores da indústria encolheu, reduzindo a participação de 21% em 2013, para 16% em 2023. Dados preliminares indicam uma recuperação do consumo de eletricidade nesta parcela da indústria em 2024. A Figura 6.5 apresenta a evolução do consumo industrial de eletricidade entre 2013 e 2023, comparativamente ao ano de 2013, permitindo visualizar melhor o desempenho dos dez setores mais eletrointensivos, assim como dos demais setores no período. Nota-se que o consumo nos setores mais eletrointensivos em 2023 é 8% superior ao consumo de 2013, apresentando uma recuperação mais vigorosa logo após o período mais agudo da pandemia da covid-19, ainda em 2020. Enquanto os demais setores da indústria chegaram à 2023 com o consumo de eletricidade 21% menor que em 2013. Esses setores também iniciam uma recuperação ainda em 2020, porém o consumo tornou à cair a partir de 2022. Como resultado, o consumo total de eletricidade da indústria expande modestamente no período, e chega em 2023 com alta de apenas 2% em relação à 2013. 108 79 102 40 50 60 70 80 90 100 110 120 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 N úm er o ín di ce 10+ Eletrointensivos da indústria Demais setores da indústria Total da indústria Figura 6.4 – Participação dos 10+ eletrointensivos x demais setores no consumo Fonte: EPE (2024)* 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 Pa rt ic ip aç ão (% ) TW h/ an o Participação 10+ Eletrointensivos Participação Demais setores da indústria 10+ Eletrointensivos da indústria Demais setores da indústria Setores eletrointensivos elevam a participação no consumo de eletricidade da indústria, alcançando 84% em 2023 e ditam o ritmo da recuperação após a pandemia da covid-19. * Figura 6.5 – Evolução do consumo de eletricidade 10+ eletrointensivos x demais setores Fonte: EPE (2024)* https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/dados-abertos/dados-do-consumo-mensal-de-energia-eletrica Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 51 Capítulo 6: Consumo Industrial 0 10 20 30 40 50 60 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 TW h/ an o Metalurgia Produtos alimentícios Químicos Extração de minerais metálicos Prod. de minerais não-metálicos Têxteis Papel e celulose Borracha e material plástico Produtos metálicos Automotivo Dez setores mais eletrointensivos da indústria: produtos alimentícios foi o que mais expandiu o consumo de eletricidade nos últimos 10 anos, seguido por extração de minerais metálicos. Têxtil foi o que mais retraiu. Figura 6.6 – Evolução do consumo de eletricidade nos dez setores mais eletrointensivos da indústria Fonte: EPE (2024) A Figura 6.6 mostra a trajetória do consumo de eletricidade nos dez setores mais eletrointensivos da indústria entre 2013 e 2023. A fabricação de produtos alimentícios, segundo maior consumidor de eletricidade da indústria, foi o setor que mais cresceu em valores absolutos, atingindo 25,5 TWh de consumo em 2023, o que representa adição de 6,2 TWh entre 2013 e 2023 e alta de 32%. O setor possui composição pulverizada, com muitas empresas distribuídas por vários segmentos, diversificação no portfólios de produtos e flexibilidade para substituição por opções mais econômicas, ou que atendam a mudanças na preferência dos consumidores. Tais características o tornam resiliente e adaptável em momentos de crise, como em 2014, colaborando para um crescimento praticamente constante do consumo de eletricidade entre 2013 e 2023. No período, o setor se beneficiou da melhoria do mercado interno e avanço nas exportações. Nos anos mais recentes o setor tem se beneficiado pelo avanço nos programas sociais de transferência de renda, como o auxílio emergencial e o Bolsa Família, e pela melhoria nos indicadores de emprego e renda. O mercado externo também esteve favorável, com alta nos preços internacionais e nas exportações de produtos alimentícios, em especial de carne bovinas e de aves, açúcar e derivados de soja, como óleos, farelos e rações para animais. A Guerra da Ucrânia alavancou o mercado externo de alguns dos produtos. Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 52 Capítulo 6: Consumo Industrial A extração de produtos minerais metálicos, quinto maior consumidor de eletricidade da indústria, foi o segundo setor que mais contribuiu para a expansão do consumo industrial, alcançando 13,8 TWh de consumo em 2023. Adição de 4,7 TWh entre 2013 e 2023, alta de 51%. Oscilante no período, o consumo reproduz o desempenho do setor, que enfrentou ciclos de crescimento e de crise. Entre 2013 e 2015 a produção e o consumo crescem, beneficiados pela alta nos preços das commodities, especialmente de minérios de ferro e níquel. A partir de 2015, o setor começou a enfrentar desafios devido à queda dos preços, recessão econômica e problemas ambientas. O desastre de Mariana, em 2015, e de Brumadinho,em 2019, com o rompimento de barragens de rejeitos, teve impacto profundo no setor. As operações de mineração foram afetadas em todo o país. Por outro lado, a atividade se modernizou e aumentou sua segurança e eficiência. A partir de 2020 o setor começa a se recuperar impulsionado pela alta dos preços e retomada da demanda global, com destaque para minério de ferro e cobre. O setor químico, terceiro maior consumidor de eletricidade da indústria, teve a terceira maior expansão absoluta do consumo, alcançando 18,9 TWh em 2023. Adição de 1,7 TWh entre 2013 e 2023, alta de 10%. O setor que apresentava crescimento entre 2013 e 2014, sentiu a crise e retraiu em 2015. O setor seguia em lenta recuperação quando, em 2019, a unidade da Braskem em Maceió-AL teve sua licença de operação suspensa. Um incidente geológico associado à mineração de sal-gema, matéria-prima na produção de cloro-soda, levou à interrupção na operação da unidade. Altamente eletrointensiva, a parada da unidade impactou o consumo de eletricidade do setor. Em 2022, após atender às exigências das autoridades regulatórias e implementar uma série de medidas de segurança e mitigação, a unidade retomou sua produção. Entre 2020 e 2022, o setor se beneficiou do período de enfrentamento da covid-19, com aumento na demanda por produtos relacionados à saúde, como desinfetantes e itens de higiene. Investimentos em obras de saneamento e, mais recentemente no setor imobiliário, também tem elevado o consumo de eletricidade no setor químico, em especial nos segmento de cloro e álcalis e PVC. Por outro lado, o setor sofreu com o avanço das importações nos últimos anos, em especial em 2023. O setor de fabricação de produtos de borracha e material plástico e o setor de papel e celulose contribuíram com 1,1 TWh, cada um deles, para a expansão do consumo de energia elétrica entre 2013 e 2023. Chegaram à 2023 com consumo anual de 10,8 TWh e 9,5 TWh, aumento de 12% e 14%, respectivamente, na comparação com 2013. A partir de 2020, com a pandemia da covid-19, ambos enfrentaram desafios e oportunidades: as compras pela internet e a alta na venda de produtos de saúde, higiene e limpeza, puxaram a demanda por embalagens, ao mesmo tempo que a indústria global enfrentava desorganização em sua cadeia de suprimentos, dificultando as operações. Entre 2013 e 2023 o setor de papel e celulose passou por grandes investimentos em novas fábricas e expansão de capacidade, principalmente na produção de celulose: o Brasil se consolidava como um dos maiores exportadores do mundo. Porém, o crescimento do consumo de eletricidade da rede pelo setor não ocorre na mesma proporção. Muitas plantas são autoprodutoras, gerando energia elétrica a partir de seus resíduos produtivos, em especial o licor preto. Algumas chegam a produzir mais que consomem, comercializando o excedente no mercado livre de energia. O setor de fabricação de produtos de minerais não metálicos, quarto maior consumidor de eletricidade da indústria, oscilou seu consumo de eletricidade entre 2013 e 2023, conforme os desafios e oportunidades que o período apresentou. Registrou em a 2023 consumo de 14,1 TWh, alta modesta, apenas 1% maior que o consumo de 2013. O setor possui sua produção fortemente vinculada a indústria da construção, demandante de seus principais produtos: cimento, cerâmicas e vidro. Neste período o setor de construção sofreu com altos e baixos. Em 2013 e 2014 o setor da construção vivia um bom momento, com crescimento impulsionado por investimentos em infraestrutura e programas habitacionais, como o Minha Casa Minha Vida, a fabricação de produtos de minerais não metálicos acompanhava. Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 53 Capítulo 6: Consumo Industrial Porém, a partir de 2014 o cenário mudou e a crise econômica impactou fortemente os setores de construção e de produtos de minerais não metálicos. Em 2020, no começo da pandemia da covid-19, o setor sentiu o impacto do fechamento de obras. Porém, logo em seguida a autoconstrução, alavancada pelo Auxilio Emergencial, o home office e a mudança da rotina das pessoas, aumentou a busca por imóveis mais confortáveis, fomentando o setor imobiliário, reformas e construções. Nos anos mais recentes o novo marco do saneamento básico, a retomada de programas habitacionais e o novo PAC, Programa de Aceleração do Crescimento, tem contribuído para a recuperação do setor de fabricação de produtos de minerais não metálicos. A metalurgia, é o maior consumidor de eletricidade da indústria, respondendo sozinha por um quarto de todo o consumo de eletricidade da classe. Entre 2013 e 2023 o consumo do setor oscilou, acompanhando o comportamento dos mercados de alumínio e de aço, seus produtos mais eletrointensivos. Entre 2013 e 2015 muitos países enfrentaram uma desaceleração econômica, levando o setor à um quadro de excesso de capacidade e baixa demanda global, pressionando os preços para baixo. A queda dos preços resultou em dificuldades para várias empresas do setor. No Brasil, a crise hídrica elevou significativamente o preço da eletricidade e o custo de produção. A crise na metalurgia chega ao ápice em 2015, ano em que a Usiminas desliga seu auto forno e a Alumar, uma das maiores fábricas de alumínio e alumina do mundo, interrompe também a produção. Os preços do aço e alumínio começam a se recuperar com a estabilização econômica em algumas regiões e países. Em 2018 a Usiminas religa seu auto forno. Por outro lado, neste mesmo ano, a produção de alumínio sofre um forte revés: após vazamento de água contaminada com resíduos da atividade industrial da empresa, a Justiça do Pará limitou, por embargo, a produção da Alunorte, uma das maiores refinarias de alumina do mundo, à 50% de sua capacidade total por mais de um ano. Entre 2020 e 2021 a indústria enfrenta os impactos da pandemia: por um lado, cadeias de suprimentos globais e operações logísticas desorganizadas devido às interrupções ainda causadas pela covid-19; por outro, demanda em elevação pela retomada do consumo após o momento mais agudo da pandemia, resultando em forte elevação nos preços. Com demanda e preços em elevação, a produção metalúrgica e o consumo de eletricidade do setor aceleram. A partir de 2022, a Alumar retoma gradativamente a fabricação de alumínio primário. Em 2022 e 2023, o consumo de eletricidade na metalurgia continua em expansão. Embora tenha se recuperado nos últimos anos, o setor chegou em 2023 consumindo 47,7 TWh ao ano, 1% inferior ao consumo de eletricidade de 2013. Já os setores automotivo, têxtil e produtos metálicos chegaram à 2023 com consumo anual de eletricidade de 6,6 TWh, 6,0 TWh e 4,4 TWh, queda de 14%, 15% e 16%, respectivamente, na comparação com 2013. Entre 2013 e 2014 os setores viveram momento de crescimento, com destaque para o setor automotivo. Porém, a crise econômica de 2014, combinando inflação elevada e desemprego, trouxe forte recessão: os três setores retraíram a produção de bens e, consequentemente, o consumo de eletricidade. Até 2019 a produção ficou praticamente estagnada, com exceção do setor automotivo que avançava modestamente. Em 2020, a pandemia da covid-19 trouxe grandes desafios e algumas oportunidade. As medidas restritivas para combate à propagação do vírus atingiram fortemente os setores, porém em diferente graus: o automotivo foi o mais afetado. Por outro lado, o aumento da demanda por produtos têxteis destinados à saúde, lar e decoração elevaram a produção e o consumo de eletricidade no setor em 2021. Os setores foram ainda atingidos por interrupções na cadeia de suprimentos, com a escassez de insumos e dificuldades logísticas. Dependente de semicondutores importados, em falta no mercado global naquele momento, o setor automotivo foi novamente o mais atingido. Dados preliminares indicam que os setores automotivo e de produtos metálicos demonstram alguma recuperação no consumo de eletricidade em 2024. Anuário Estatísticode Energia Elétrica 20 anos Página | 54 Panorama 10+ EletrointensivosAnuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos * Entre 2013 e 2023, dos 10 setores mais eletrointensivos da indústria, 5 elevaram o consumo de eletricidade, 2 mantiveram o consumo em estabilidade, enquanto em 3 deles houve retração no consumo. Figura 6.7 – Variação do consumo industrial de eletricidade entre 2013 e 2023 Fonte: EPE (2024)* SETOR QUÍMICO PRODUTOS ALIMENTÍCIOS EXTRAÇÃO DE MINERAIS METÁLICOS PAPEL E CELULOSE BORRACHA E MATERIAL PLÁSTICO MINERAIS NÃO-METÁLICOS SETOR METALÚRGICO SETOR AUTOMOTIVO SETOR TÊXTIL PRODUTOS METÁLICOS EXCETO MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS +51% (+4,7 TWh) +32% (+6,2 TWh) +14% (+1,1 TWh) +12% (+1,1 TWh) +10% (+1,7 TWh) +1% (+0,2 TWh) -1% (-0,6 TWh) -14% (-1,1 TWh) -15% (-1,1 TWh) -16% (-0,8 TWh) https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/dados-abertos/dados-do-consumo-mensal-de-energia-eletrica Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 55 Capítulo 6: Consumo Industrial 0% 20% 40% 60% 80% 100% 0 30 60 90 120 150 180 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 Cativo (%) Livre (%) Livre (TWh) Cativo (TWh) Figura 6.9 – Trajetória do consumo de eletricidade cativo e livre na indústria Fonte: EPE (2024)* Em 2023, a região Sudeste ainda concentra mais da metade do consumo industrial de eletricidade do país e o volume de energia contratado no ACL alcança 90% do mercado industrial A região Sudeste reduziu sua participação no consumo industrial de 57% (2004) para 51% (2023). Em 2004, a segunda posição era dividida entre o Sul e o Nordeste, com 16% de cada. Porém, em 2023, o Sul ganhou participação e passou a 19%. Já o Nordeste reduziu para 15%, com a maior retração no setor metalúrgico, impactado por interrupção na operação de uma unidade altamente eletrointensivas no período. O retorno à operação ocorreu em 2022, porém o ramp up da produção impactou os resultados do consumo acumulado ainda em 2023. O Centro-Oeste dobrou sua participação no período, chegando a 6% em 2023. As maiores contribuições foram dos setores alimentício, metalúrgico e de extração de minerais metálicos. Já a região Norte expandiu 2 p.p. e alcançou 9% de participação em 2023, impulsionada por metalurgia e extração de minerais metálicos. Em 2004 o ACR respondia por 69% de todo a energia elétrica contratada pela indústria, enquanto 31% estava no ACL. Avançando rapidamente, o ACL superou o ACR com 55% de participação em 2006, tendência que permaneceu nos anos seguintes, fazendo com que o ACL respondesse por 90% de toda a eletricidade consumida na indústria em 2023. Ao longo dos últimos 20 anos, a indústria diminuiu a participação do consumo de eletricidade no ACL apenas em dois momentos: de 2007 a 2009, durante a crise do Subprime, quando foram mais atingidos os segmentos eletrointensivos voltados ao mercado externo, majoritariamente contratados no ACL; e de 2013 a 2015, durante a crise hídrica, quando empresas contratadas no ACL, expostas à volatilidade dos preços, foram mais afetadas pelos altos valores do PLD, que ultrapassavam o preço teto naquele período. Figura 6.8 – Participação das regiões no consumo industrial de eletricidade Fonte: EPE (2024)* 57% 16% 16% 7% 3% 51% 19% 15% 9% 6% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Sudeste Sul Nordeste Norte Centro-Oeste 2004 2023 2013 a 2015 Crise doméstica e crise hídrica2013 a 2015 Crise doméstica e crise hídrica https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/dados-abertos/dados-do-consumo-mensal-de-energia-eletrica Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 56 Capítulo 7: Sistemas Isolados Capítulo 7 Sistemas Isolados Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 57 Capítulo 7: Sistemas Isolados 10,5% 15,3% 73,6% 0,6% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% UTE: Uso de Biomassa UTE: Gás Natural UTE: Diesel e Óleo Combustível Geração Hidrelétrica Figura 7.1 – Matriz elétrica dos Sistemas Isolados - 2023. Fonte: EPE (2024a) Sistemas Isolados O Brasil possui uma vasta rede de transmissão que conecta a geração à carga, o chamado Sistema Interligado Nacional (SIN). No entanto, existem localidades que não estão ligadas ao SIN, denominadas Sistemas Isolados. O Decreto nº 7.246/2010 define Sistemas Isolados como “sistemas elétricos de serviço público de distribuição de energia elétrica que, em sua configuração normal, não estejam eletricamente conectados ao SIN, por razões técnicas ou econômicas.” A maior parte dos Sistemas Isolados encontra-se na região Norte, havendo somente um na Ilha de Fernando de Noronha, na região Nordeste. Os Sistemas Isolados vão, desde pequenas comunidades, até cidades maiores, como Boa Vista, em Roraima, que possuía 413 mil habitantes em 2022 (IBGE, 2024) e é a única capital brasileira ainda não interligada. Em 2023, 2,7 milhões de pessoas eram atendidas pelos Sistemas Isolados (EPE, 2024a). Para garantir o suprimento de energia elétrica, cada sistema isolado conta com uma usina, predominando a geração a óleo diesel. Figura 7.2 – Localização dos Sistemas Isolados - 2023. Fonte: EPE (2024a) Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 58 Capítulo 7: Sistemas Isolados 0 200 400 600 800 1.000 1.200 1.400 1.600 1.800 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 9.000 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 m il un id ad es G W h Consumidores Consumo Sistemas isolados de pequeno porte possuem geração de energia elétrica independente no local ou bem próxima ao consumidor e são frequentemente localizados em áreas remotas, onde a extensão da rede elétrica convencional não é viável por motivos técnicos ou econômicos. Eles são comuns em regiões com baixa densidade populacional ou em locais onde a infraestrutura de energia é limitada. Sua geração é composta, em geral, por pequenos geradores à óleo diesel ou gasolina, painéis fotovoltaicos com baterias, ou sistema híbrido diesel-fotovoltaico. Os Sistemas Isolados, por atenderem a localidades com baixa ocupação demográfica, apresentam características únicas e desafios significativos. Porém, nos últimos 20 anos, avanços em interligações ao SIN reduziram o número de localidades isoladas. Em 2004, os Sistemas Isolados atendiam cerca de 1.420 mil consumidores, representando 2,0% do consumo total de energia elétrica no Brasil. Havia Sistemas Isolados em 11 estados: AC, AP, AM, PA, RO e RR na região Norte; BA, MA e PE na região Nordeste; e MT e MS na região Centro-Oeste. Figura 7.3 – População nos Sistemas Isolados por estado - 2023. Fonte: EPE (2024a) Figura 7.4 – Sistemas Isolados de Energia Elétrica no Brasil - 2004 a 2023. Fonte: EPE (2024) 3 Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 59 Capítulo 7: Sistemas Isolados Figura 7.5 – Número de consumidores (mil unidades) nos Sistemas Isolados por estado em 2004 e 2023. Fonte: EPE (2024) Figura 7.6 – Participação no consumo de energia elétrica por UF nos Sistemas Isolados em 2004 e 2023. Fonte: EPE (2024) 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% RR AM PA AC AP PE RO MT BA MA MS 2004 2023 Desde então, ocorreram três 3 grandes interligações, que conectaram 1.209 mil unidades: ▪ Novembro de 2009 – Em Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC) foram interligadas 403 mil e 144 mil unidades ao SIN, representando quedas de 89% e 76% no número de consumidores isolados nos estados de Rondônia e Acre, em relação ao mês anterior, respectivamente. As quedas interanuais no consumo de eletricidade dos Sistemas Isolados de RO e AC foram de 90% e 80%, respectivamente. ▪ Julho de 2013 – Em Manaus (AM) foram interligadas 476 mil unidades ao SIN, representando uma queda de 59% no número de consumidores isolados no estado do Amazonas emrelação ao mês anterior; a queda interanual no consumo de eletricidade foi de 79%. ▪ Junho de 2015 – Em Macapá (AP) foram interligadas 476 mil unidades ao SIN, representando uma queda de 97% no número de consumidores isolados no estado do Amapá em relação ao mês anterior; a queda interanual no consumo de eletricidade foi de 97%. Também foram interligados os Sistemas Isolados remanescentes nos estados do Mato Grosso do Sul, em fevereiro de 2006 (1.229 unidades; 0,2% do total de consumidores); da Bahia em abril de 2008 (407 unidades; 0,01% do total de consumidores); do Maranhão em agosto de 2008 (274 unidades; 0,02% do total de consumidores); e do Mato Grosso em setembro de 2022 (1.125 unidades; 0,07% do total de consumidores). 11 em alta tensão (grupo A) no mercado livre desde 2019, por meio das Portarias MME nº 514/2018 e nº 465/2019. A abertura do mercado livre tem mudado o perfil dos consumidores livres, ainda predominantemente industrial, ao permitir a migração de novos segmentos como: centros comerciais, redes de lojas, hotéis, grandes fazendas, escolas e hospitais, e até mesmo condomínios residenciais. Assim, a participação da classe industrial no consumo livre cai de 98,6% em 2004 para 79,1% em 2023, enquanto as classes comercial, rural e outros (principalmente serviço público de Água, Esgoto e Saneamento) atingem 15,5%, 3,2% e 2,2% de participação, respectivamente. Os descontos tarifários de 10% e 15% dados aos consumidores cativos do grupo A das classes Rural e Serviço Público de Água, Esgoto e Saneamento, respectivamente, têm sido reduzidos desde 2019 até chegar a zero em 2023, conforme determinado pelo Decreto Nº 9.642/2018. O fim dos subsídios tarifários favorece a migração ao mercado livre desses consumidores. Espera-se no futuro, a continuidade da abertura do mercado livre de energia elétrica até mesmo aos consumidores de baixa tensão (grupo B) no Brasil. Por enquanto, a abertura do mercado para o grupo B ainda está sendo discutida em consultas públicas junto ao MME. Portugal e Espanha já permitem que todos os consumidores possam acessar o mercado livre. Além do Brasil, são exigidos requisitos mínimos de consumo e/ou tensão também no Chile, Colômbia, Equador, México e Uruguai (ABRACEEL, 2024). Figura 8.3 – Participação no consumo livre de energia elétrica por classe no Brasil em 2004 e 2023. Fonte: EPE (2024) Figura 8.4 – Mercado Livre de Energia Elétrica no Brasil - 2004 a 2023. Fonte: EPE (2024) Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 65 Capítulo 8: Consumo Cativo x Livre Apesar da conveniência de ter que pagar apenas uma conta mensal, o consumidor cativo não pode negociar sua energia previamente, ficando sujeito às tarifas da distribuidora de energia elétrica local reguladas pela ANEEL. Também não conta com a possibilidade de firmar contratos mais adequados ao seu perfil de consumo. Todas as distribuidoras do Sistema Interligado Nacional (SIN) contratam a totalidade de seus recursos para atendimento de seu mercado no Ambiente de Comercialização Regulado (ACR). O preço da energia da distribuidora é resultante de uma carteira de contratos de longo prazo (20 ou 30 anos) realizados por meio de leilões de energia no ACR, que são indexados à inflação. Assim, para o mercado cativo o sinal de preço de energia é amortecido por essa combinação de contratos longos e defasado em até um ano, para a data do reajuste ou revisão tarifários seguinte, quando é realizado um encontro de contas entre consumidores e distribuidoras regulado pela ANEEL. Além disso, o consumidor cativo está sujeito à cobrança de bandeiras tarifárias e pode ter acréscimos no valor da fatura de acordo com as condições de geração de energia elétrica. Isso significa que, caso ocorra uma estiagem e os reservatórios das hidrelétricas caiam a níveis críticos, é necessário pagar um custo adicional de bandeira tarifária na fatura. É importante destacar que o sistema de bandeiras tarifárias, implantado em 2015, somente antecipou um custo de geração que já estava implícito na conta de energia. Antes do sistema de bandeiras, as variações que ocorriam nos custos de geração de energia, para mais ou para menos, eram repassados até um ano depois, no reajuste tarifário seguinte. Já o consumidor livre pode negociar a energia livremente. Ele tem obrigação de comprovar 100% de contratação de energia, após a medição do montante consumido. O preço de sua energia é resultante de sua escolha individual de compra, que poderá incluir contratos de diferentes prazos e ter maior ou menor exposição ao preço de curto prazo, trazendo mais previsibilidade para gastos futuros de energia. Portanto, o consumidor livre assume a tarefa de gestão de suas compras de energia e os riscos de contratação associados. O consumidor livre também é obrigado a pagar os encargos setoriais e as tarifas de uso dos sistemas de transmissão (TUST) e distribuição (TUSD) estabelecidos pela ANEEL, pois as distribuidoras locais continuam responsáveis pela distribuição de energia, ou seja, pelo uso do fio. Esses custos são destinados a financiar os investimentos e as despesas do setor elétrico brasileiro. Ao aderir ao mercado livre de energia, o consumidor passa a receber o montante de energia elétrica contratado, que deve ser adequadamente projetado considerando variações sazonais no consumo. Esses montantes de consumo futuro devem ser bem estimados para garantir o devido abastecimento de energia elétrica, pois em caso de excesso de consumo ou energia em relação ao montante contratado será necessário adquirir ou ceder energia no Mercado de Curto Prazo (MCP) ao Preço de Liquidação das Diferenças (PLD). O PLD é calculado pela CCEE diariamente e considera as condições operativas do SIN; níveis de reservatório das UHE, carga prevista, previsão de vazões, geração eólica e solar, restrições de intercambio de energia entre subsistemas etc. Como o PLD apresenta uma volatilidade muito maior do que os preços dos contratos de longo prazo, a previsão cuidadosa do montante (incluindo a sazonalização, flexibilidade e modulação) do contrato é fundamental para o consumidor mitigar sua exposição ao PLD. Para se ter ideia do risco associado a exposição ao PLD, entre 2004 e 2023, a volatilidade mensal do PLD foi de 52% (CCEE, 2024), enquanto aquela da Tarifa de Energia (TE) média do Grupo A foi de 4% (ANEEL, 2024). Diferenças entre consumidores livres e cativos Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 66 Capítulo 8: Consumo Cativo x Livre Figura 8.5 – PLD e TE média do Grupo A no sistema SE em valores do último mês (R$/MWh) e razão de [Energia Armazenada]/[Carga média dos últimos 12 meses] do SIN - jan/2001 a dez/2023. Fonte: ANEEL (2024); CCEE (2024); e ONS (2024) 0 1 2 3 4 5 6 0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 ja n- 01 ju n- 01 no v- 01 ab r- 02 se t- 02 fe v- 03 ju l-0 3 de z- 03 m ai -0 4 ou t- 04 m ar -0 5 ag o- 05 ja n- 06 ju n- 06 no v- 06 ab r- 07 se t- 07 fe v- 08 ju l-0 8 de z- 08 m ai -0 9 ou t- 09 m ar -1 0 ag o- 10 ja n- 11 ju n- 11 no v- 11 ab r- 12 se t- 12 fe v- 13 ju l-1 3 de z- 13 m ai -1 4 ou t- 14 m ar -1 5 ag o- 15 ja n- 16 ju n- 16 no v- 16 ab r- 17 se t- 17 fe v- 18 ju l-1 8 de z- 18 m ai -1 9 ou t- 19 m ar -2 0 ag o- 20 ja n- 21 ju n- 21 no v- 21 ab r- 22 se t- 22 fe v- 23 ju l-2 3 de z- 23 EA R /C AR G A (m ês ) Pr eç o (R $/ M W h) EAR/Carga Média 12M (mês) PLD SUDESTE último mês (R$) TE Grupo A último mês (R$) *Tarifa de Energia média do Grupo A estimada usando dados do SAMP/ANEEL, excluindo consumidores COOPERATIVAS e IRRIG/AQUI. Observa-se, na Figura 8.5, que em períodos de estiagem quando os reservatórios atingiram níveis críticos (inferiores a 2 meses de carga média), houve a necessidade de despacho de energia de termoelétricas mais caras e, consequentemente, a disparada do valor do PLD. O PLD tem forte efeito na formação do preço de contratos de energia de curto prazo (até 6 meses), que se torna cada vez mais fraco com aumento do prazo de entrega do contrato. Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 67 Capítulo 8: Consumo Cativo x Livre Assim, em períodos de crise hídrica não há muito incentivo para migração ao mercado livre, como pode ser observado na redução das taxas de variação interanual do número de consumidores em 2008-2009 e 2014-2015 (vide Figura 8.6). Já em condições hidrológicos favoráveis, quando o PLD chega mais próximo do seu valor mínimo, há um forte incentivo para migração para o mercado livre. Em resumo, algumas das principais motivações para migração ao mercado livre de energiasão: ▪ Flexibilidade na escolha: os consumidores livres têm a possibilidade de escolher seus fornecedores de energia elétrica, de acordo com suas necessidades e preferências. Isso dá maior liberdade e flexibilidade na negociação de contratos, permitindo ajustes mais personalizados. ▪ Redução de custos: com a abertura do mercado, os consumidores livres têm a oportunidade de negociar preços e condições mais vantajosas com os fornecedores de energia elétrica. Essa competição entre os fornecedores pode resultar em redução de custos para os consumidores. ▪ Previsibilidade de orçamento: os consumidores livres podem fazer contratos de longo prazo, em geral de 2 a 10 anos, com preços negociados antecipadamente. Assim, estabelece-se no contrato uma estimativa do consumo de energia mensal futuro, o que garante a previsibilidade de gastos com energia no período contratado. Em 2024, já se observa um forte movimento de migração para o mercado livre impulsionado pela persistência do PLD em patamares mínimos entre 2022 e 2023, devido a condições hidrológicas favoráveis, e pela abertura do mercado livre para todos consumidores do Grupo A (Portaria Normativa nº 50/GM/MME/2022). Segundo a ANEEL, devem migrar para o mercado livre quase 28 mil unidades consumidoras representando um consumo de 15 TWh em 2024 (ANEEL, 2024a), o que representará um aumento de 68% no número de consumidores livres em relação a Dez/23 e uma participação de quase 43% no mercado nacional de energia elétrica em 2024. 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021 2023 Figura 8.6 – Taxa de variação interanual do número de consumidores livres no Brasil Fonte: EPE (2024) Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 68 Referências bibliográficas Referências bibliográficas Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 69 Referências bibliográficas Capítulo 1: Eletricidade, Economia e Aspectos Sociodemográficos AHMAD, Nisar et al. Citation-based systematic literature review of energy-growth nexus: an overview of the field and content analysis of the top 50 influential Papers. Energy Economics, v. 86, 2020. Ahmad et al., 2020. 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Isso proporcionou atendimento à carga crescente, bem como melhorias na operação, na robustez e na confiabilidade do sistema. Apesar da vasta rede de transmissão que conecta a geração à carga, existem localidades que não estão ligadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN), denominadas Sistemas Isolados. A maior parte dos Sistemas Isolados encontra-se na região Norte, havendo somente um na Ilha de Fernando de Noronha, na região Nordeste. Nos últimos 20 anos, avanços em interligações ao SIN reduziram o número de localidades isoladas. Em 2004, os Sistemas Isolados atendiam cerca de 1.420 mil consumidores, localizados em 11 estados e representando 2,0% do consumo total de energia elétrica no Brasil. Já em 2023, 708 mil consumidores, distribuídos em 7 estados, ainda são atendidos pelos Sistemas Isolados, representado 0,6% do consumo total de energia elétrica brasileiro. O consumo de energia elétrica na classe residencial cresceu aproximadamente 4% ao ano, entre 2004 e 2023. Esse movimento tem correlação direta com a melhoria das condições socioeconômicas da população e aumento da posse de equipamentos eletroeletrônicos. Como resultado, a participação da eletricidade, no total do consumo de energia das residências brasileiras, evoluiu de 30% para cerca de 50%, nos últimos 20 anos. Houve progressão do consumo residencial médio (CRM) em todas as regiões do país, ao longo dos últimos 20 anos, com destaque para as regiões Nordeste e Norte, que aumentaram o CRM em cerca de 40%. O Programa Luz para Todos, criado em 2003, foi uma iniciativa para levar energia elétrica para áreas remotas do país. O programa faz parte de uma estratégia ampla de inclusão social e desenvolvimento regional e sua execução trouxe benefícios significativos para milhões de brasileiros. Sumário Executivo ¹ Inclui mini e micro geração distribuída 2 Inclui eletricidade importada majoritariamente de Itaipu Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 7 Sumário Executivo Até 2023, considerando outra iniciativa mais recente: o Mais Luz para a Amazônia, foram eletrificados mais de 3 milhões de domicílios, a maioria nas regiões Nordeste (50%) e Norte (24%). O consumo de energia elétrica da classe comercial cresceu a uma taxa média de 3,7% ao ano nos últimos 20 anos, sendo que entre 2004 e 2014 foi o período de maior expansão do consumo: 6,1% ao ano. Entre as maiores transformações ocorridas ao longo dos últimos 20 anos, destaca-se o crescimento no número de consumidores livres comerciais, partindo de 39 consumidores em 2004 e alcançando quase 25 mil consumidores em 2023. O consumo de eletricidade na indústria cresceu 21% entre 2004 e 2024, inferior às demais classes. Ainda assim, a participação do setor no consumo nacional foi de 35% em 2023, a maior entre todas as classes. O setor enfrentou uma série de desafios nos últimos 20 anos e, mesmo resiliente, eventos de naturezas distintas afetaram seu desempenho: crises econômicas, oscilações nos preços das commodities, crises hídricas, a pandemia da COVID-19 e a Guerra da Ucrânia. O setor passou por transformações na busca por competitividade e caminha em direção à sustentabilidade e à transição energética. Embora tenha reduzido sua participação nos últimos 20 anos, em 2023 mais da metade de todo o consumo da indústria foi no Sudeste. Em 20 anos os setores eletrointensivos elevaram a participação no consumo, alcançando 84%. O parcela do mercado industrial contratado no mercado livre, passou de 31% em 2004, para 90% em 2023. A abertura do mercado livre tem mudado o perfil dos consumidores livres, ainda predominantemente industriais, ao permitir a migração de novos segmentos, tais como centros comerciais, redes de lojas, hotéis, fazendas, escolas, hospitais e até mesmo condomínios residenciais. Assim, a participação da classe industrial no consumo livre cai de 98,6%, em 2004, para 79,1% em 2023. Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 8 Linhas do tempo 2020 21 | Início da pandemia da covid-19 2020 22 | Lei 13.982/2020: cria o Auxílio Emergencial, entre outras medidas 2021 23 | Campanha de vacinação contra a covid-19 2021 24 | Crise Hídrica: PLD atinge o teto 2022 25 | covid-19: fim das medidas de isolamento social e lockdowns no Brasil 2022 26 | Guerra da Ucrânia: choque dos preços de Petróleo e Gás Natural 2023 27 | Início do terceiro mandato do Presidente Luís Inácio Lula da Silva 2023 28 | Conflito Hamas e Israel 2023 29 | Aprovação da Reforma Tributária 2004 01 | Lei 10.836/2004: institui o Bolsa Família 2005 02 | Crise política doméstica 2006 03 | Eleições presidenciais 2007 04 | Início do segundo mandato do Presidente Luís Inácio Lula da Silva 2008 05 | Crise financeira internacional (crise do Subprime) 2009 06 | Recessão global e brasileira 2010 07 | Eleições presidenciais 2011 08 | Início do primeiro mandato da Presidente Dilma Roussef 2012 09 | Medida Provisória 579: renovação de concessões com redução tarifária 2013 10 | Onda de protestos políticos 2014 11 | Início da crise econômica doméstica 2014 12 | Crise hídrica 2014 13 | Eleições presidenciais 2015 14 | Início do segundo mandato da Presidente Dilma Roussef 2016 15 | Impeachment de Dilma Roussef – Vice-presidente Michel Temer assume a Presidência 2017 16 | Aprovação da Reforma Trabalhista 2018 17 | Greve dos caminhoneiros 2018 18 | Eleições presidenciais 2019 19 | Início do mandato do Presidente Jair Messias Bolsonaro 2019 20 | Aprovação da Reforma da Previdência Economia LINHA DO TEMPO Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 9 Linhas do tempo 1999 21 | Interligação Norte Sul, 1278 km, LT 500kV Samambaia/Imperatriz 2000 22 | Lançado o primeiro Atlas Eólico do Brasil 2000 23 | Programa de Eficiência Energética ANEEL (Lei 9.991/2000) 2001 24 | Lei de Eficiência energética (Lei 10.295/2001) 2001 25 | MP 2.147/2001: Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (GCE) 2001 26 | UTN Angra II (1.350 MW) 2002 27 | Associação Brasileira de Energia Eólica - ABEEólica é fundada no Brasil 2002 28 | Mercado Atacadista de Energia (Lei 10.433/2002) 2002 29 | Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) 2003 30 | Decreto n 4.873, de 11 de novembro de 2003: Programa Luz para Todos 2004 31 | Instituição do Proinfa 2004 32 | Criação da EPE (Lei 10.848/2004) 2004 33 | Criação da CCEE (Lei 10.848/2004) 2004 34 | Instituição do CMSE (Lei 10.848/2004) 2005 35 | Selo PROCEL 2007 36 | Primeiro leilão de energia para o ACR com fonte eólica 2007 37 | UHE Itaipu - 2 UGs (Conclusão da Motorização, 700 MW cada) 2009 38 | Primeiro leilão de energia de reserva, exclusivo para a fonte eólica 2009 39 | Etiquetagem de Edificações 2010 40 | EPE cria o Sistema AMA para armazenar dados do recurso eólico 1960 01 | Lei 3.782/1960: Criação do MME 1961 02 | Lei 3.890-A: Criação da ELETROBRAS 1970 03 | Interligação SE/S. 1ª Interligação: LT 230 kV Chavantes-Figueira 1973 04 | Assinatura do Tratado de Itaipu 1974 05 | Criação do CEPEL 1981 06 | Interligação N/NE. 1ª Interligação: LT 500kV V.Conde-B.Esperança 1984 07 | Bipolo Itaipu 600kV CC 1985 08 | Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) 1985 09 | UTN Angra I (640 MW) 1988 10 | Fim do monopólio estatal no setor elétrico, expansão via leilões. 1991 11 | UHE Itaipu - 18 UGs (700 MW cada) 1991 12 | Acidente Indústria de Alumínio Albrás 1992 13 | 1ª usina eólica instalada no Brasil, em Fernando de Noronha 1994 14 | Primeiro parque eólico conectado ao SIN 1995 15 | Lei das Concessões (Lei 8.987/1995) 1995 16 | Criação do Mercado Livre (Lei 9074/1995) 1996 17 | Criação da ANEEL (Lei 9.427/1996) 1996 18 | Projeto de reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro 1998 19 | Criação do Mercado Atacadista de Energia (Lei 9.648/1998)https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-483/topico-634/Boletim%20Trimestral%20de%20Consumo%20de%20Eletricidade%20ANO%20III%20-%20N%C2%BA12.pdf https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-483/topico-680/Boletim%20Trimestral%20de%20Consumo%20de%20Eletricidade%20ANO%20IV%20-%20N%C2%BA15.vf.pdf https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-483/topico-680/Boletim%20Trimestral%20de%20Consumo%20de%20Eletricidade%20ANO%20IV%20-%20N%C2%BA16_rev1.pdf https://dashboard.epe.gov.br/apps/anuario/anuario-factsheet.pdf https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/consumo-de-energia-eletrica https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=759 https://portal.inmet.gov.br/dadoshistoricos Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 74 Referências bibliográficas Capítulo 5: Consumo Comercial BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). 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Instituição de GT de Modernização do Setor Elétrico 2019 67 | CP76/2019 - Comercializador Varejista 2019 68 | CP77/2019 - Ampliação das possibilidades de contratação 2019 69 | Rompimento da Barragem em Brumadinho 2019 70 | Braskem - AL Licença de Operação suspensa 2019 71 | UHE Belo Monte 11.233 MW 2019 72 | Portaria MME Nº465/2019: abertura do mercado avança em 2021, 2022 e 2023 2020 73 | covid-19: início das medidas de distanciamento social e lockdowns no Brasil 2021 74 | Braskem AL reinicia a produção 2021 75 | Crise Hídrica: PLD atinge o teto 2022 76 | Lei 14.300/2022: marco legal da microgeração e minigeração distribuída 2022 77 | covid-19: fim das medidas de isolamento social e lockdowns no Brasil 2022 78 | Retorno da produção de alumínio na Alumar 2022 79 | Guerra da Ucrânia: choque dos preços de Petróleo e Gás Natural 2023 80 | Portaria MME 50/2022: abertura do mercado para grupo A Eletricidade LINHA DO TEMPO Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 11 Capítulo 1: Eletricidade, Economia e Aspectos Sociodemográficos Capítulo 1 Eletricidade, Economia e Aspectos Sociodemográficos Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 12 Capítulo 1: Eletricidade, Economia e Aspectos Sociodemográficos 80% 81% 82% 83% 84% 85% 86% 87% 88% 0 50 100 150 200 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 M ilh õe s de h ab ita nt es Rural Urbana Taxa de urbanização - Brasil Aspectos Sociodemográficos O consumo de energia elétrica é afetado, entre outros fatores, pelos aspectos sociodemográficos e econômicos. Esse capítulo apresenta as principais mudanças que ocorreram na economia e na sociedade brasileira que podem exercer um importante papel em alterar os níveis de consumo de eletricidade. Nos últimos 20 anos, a sociedade brasileira passou por diversas mudanças que influenciaram os padrões de consumo de energia elétrica. Em termos demográficos, houve aumento populacional com taxas decrescentes de expansão, o que se refletiu em uma mudança da estrutura etária da população. De 2004 a 2023, o crescimento da população brasileira foi, em média, de 0,7% ao ano. Entretanto, no último quinquênio, a taxa de crescimento média foi de 0,4% ao ano. Essa desaceleração do crescimento populacional se deve principalmente à redução da taxa de fecundidade que era de 2,14 em 2004 e foi para 1,57 em 2023. Essa redução da taxa de fecundidade aliada ao aumento da expectativa de vida tem resultado em modificações profundas da pirâmide populacional. A proporção de crianças e adolescentes de até 14 anos de idade em 2004 era de 28% da população e reduziu para 20% em 2023. A proporção de jovens e adultos de 15 a 64 anos era de 66% em 2004 e aumentou para 69% em 2023. A proporção de idosos com mais de 65 anos passou de 7% (2004) para 11% (2023). Importante destacar que a taxa de crescimento do número de idosos (3,5% a.a.) no período foi cinco vezes maior do que a taxa de crescimento populacional (0,7% a.a.). 1 Essas estimativas foram elaboradas pela EPE com base na publicação “Projeções da População” (IBGE, 2024a). Figura 1.1 – Evolução da população urbana e rural no período de 2004 a 2023 Fonte: Estimativa¹ da EPE com base em IBGE (2024a) 87,1% 82,5% Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 13 Capítulo 1: Eletricidade, Economia e Aspectos Sociodemográficos Com relação à distribuição da população ao longo do território nacional, houve continuidade do processo de urbanização, embora a taxas de crescimento bem menores do que havia ocorrido nas décadas anteriores. A Figura 1.1 apresenta a distribuição da população entre áreas rurais e urbanas ao longo dessas duas décadas. Em 2004, cerca de 82,5% da população já vivia nas cidades. Em 2023, essa taxa de urbanização atingiu 87,1%¹. Quanto à distribuição regional da população, também houve mudanças, mas foi mantida a concentração da população nas regiões Sudeste e Nordeste. A Figura 1.2 apresenta a distribuição da população brasileira nas cinco regiões. Como pode ser observado, a região Sul manteve sua participação estável, com variação de 0,1 ponto percentual. As regiões Norte e Centro-Oeste, aumentaram as suas participações em 0,8 ponto percentual cada uma. As regiões Sudeste e Nordeste tiveram uma queda de quase 1 ponto percentual em cada, mas seguem concentrando quase 70% da população do país. Por fim, cabe destacar a evolução do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no período. Esse índice tem três componentes principais: 1) longevidade; 2) educação e 3) renda. Quanto maior o índice, maior é o nível de desenvolvimento. A Figura 1.3 apresenta a evolução desse índice no período de 2004 a 20222. De forma geral, durante esse período, o Brasil apresentou elevação do IDH, apenas em 3 anos houve queda. Em 2015, em decorrência da crise econômica, o índice caiu 0,1%. Em 2020 e 2021, em função dos efeitos da pandemia, o índice caiu 0,8% e 0,3%, respectivamente. Conforme explicitado nessa seção, ao longo de 20 anos, houve aumento populacional com mudança na sua composição etária, elevação da taxa de urbanização e um aumento do nível de desenvolvimento humano. Todos esses fatores contribuíram positivamente para uma ampliação do consumo de energia elétrica. Figura 1.2 – Distribuição regional da população em 2004 e 2023 Fonte: Estimativa da EPE com base em IBGE (2024a) 0,76 0,64 0,66 0,68 0,70 0,72 0,74 0,76 0,78 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 Figura 1.3 – Evolução do IDH do Brasil de 2004 e 2022 Fonte: PNUD ((2024) 7,1% 7,9% 14,5% 27,8% 42,6% 8,0% 8,8% 14,6% 26,9% 41,8% 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% Centro-oeste Norte Sul Nordeste Sudeste 2004 2023 1 Estimativas com base nos censos anteriores a 2022. Dados sobre o grau de urbanização das regiões do Censo de 2022 não estavam disponíveis no momento da elaboração deste estudo. 2 O IDH para 2023 não estava disponível no momento de elaboração deste estudo. Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 14 Capítulo 1: Eletricidade, Economia e Aspectos Sociodemográficos 4,1% 3,1% 5,9% 3,2% 4,0% 6,1% 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Consumo de Energia Elétrica PIB Eletricidade e Economia Ao longo desses 20 anos, a economia brasileira passou por diferentes fases de expansão e retração. Podemos dividir em sete fases principais: 1Elasticidade-renda da demanda é calculada pela razão entre a variação percentual da quantidade demandada(nesse caso medido pelo consumo de energia) e a variação percentual da renda (nesse caso medido pelo PIB). Esse indicador mede o quanto a demanda de um bem ou serviço varia com uma mudança de um ponto percentual na renda. (2004-2007) Crescimento mais forte (2008-2009) Crise internacional (2010-2013) Crescimento modesto (2014-2016) Crise doméstica (2017-2019) Baixo crescimento (2020) Crise sanitária da covid-19 (2021-2023) Recuperação econômica pós-vacina Em todos esses períodos, o consumo de energia elétrica foi influenciado, dentre outros aspectos, pelo comportamento da economia. As Figuras 1.4.a, 1.4.b, 1.4.c e 1.4.d mostram o comportamento das taxas anuais de crescimento do PIB e do consumo de energia elétrica no período de 2005 a 2023. Como pode ser observado, em boa parte das vezes, o movimento das duas séries se assemelham. Durante o período de 2004 a 2007, a economia cresceu 4,4% a.a. e o consumo de energia elétrica cresceu 4,3% a.a. (elasticidade renda da demanda1 foi de 1,0). Entre os principais fatores que geraram esse bom desempenho da economia brasileira durante esse período do governo Lula, Carvalho (2018) destaca: ▪ expansão das exportações (em 2004 e 2005) em função da alta demanda por commodities pela China; ▪ políticas redistributivas (Bolsa Família e valorização do salário-mínimo); ▪ elevação dos investimentos públicos (a partir de 2006) e ▪ aumento da inclusão financeira e do acesso ao crédito, favorecendo o maior consumo das famílias. Figura 1.4.a – Taxas de crescimento do PIB e do consumo de energia elétrica (2005 a 2007) Fonte: IBGE (2024b) e EPE (2024) Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 15 Capítulo 1: Eletricidade, Economia e Aspectos Sociodemográficos 5,9% 3,0% -1,1% 6,1% 5,1% -0,1% 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 Consumo de Energia Elétrica PIB Figura 1.4.b – Taxas de crescimento do PIB e do consumo de energia elétrica (2007 a 2009) Fonte: IBGE (2024b) e EPE (2024) A fim de conter a crise, o governo brasileiro tomou diversas medidas anticíclicas: diminuição da alíquota do IPI de automóveis e produtos de linha branca; redução do compulsório do Banco Central; redução da taxa Selic; novas linhas de crédito do BNDES para o curto prazo; ampliação da duração e do valor do seguro-desemprego, entre outros (Carvalho, 2018). Importante destacar que, embora tenha ocorrido uma queda no PIB, não houve redução nos níveis de consumo e de emprego como ocorreu nas principais economias industrializadas. Além disso, não houve, no período, uma crise forte de Balanço de Pagamentos, nem alta inflação e nem uma crise no mercado financeiro doméstico (Giambiagi et al, 2011). A partir de 2008, teve início a crise financeira global que, embora tenha impactado o Brasil de forma mais modesta, gerou uma queda do PIB de 0,1% em 2009. O setor industrial foi o mais afetado com a redução do valor adicionado em torno de 4,7%. A agricultura teve queda de 3,7% e o setor de serviços cresceu 2,1%, apresentando uma taxa de expansão mais baixa que nos anos anteriores. Em decorrência da crise, o consumo de energia elétrica caiu 1,1% em 2009 (elasticidade renda da demanda de 8,5). Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 16 Capítulo 1: Eletricidade, Economia e Aspectos Sociodemográficos 1Esse controle foi feito por meio da Medida Provisória 579 que extinguiu uma série de encargos da conta de luz, renovou as concessões de maneira não onerosa e prorrogou as concessões por trinta anos, tendo como contrapartida a redução das tarifas (Carvalho, 2018). Essa medida gerou uma crise do setor elétrico com “rupturas dos arranjos físicos, contratuais e financeiros entre os diferentes agentes setoriais” (Pinto Jr. et al, 2016). -1,1% 8,2% 4,2% 3,5% 3,3% 2,5% -1,9% -0,7% 1,2% -0,1% 7,5% 4,0% 1,9% 3,0% 0,5% -3,5% -3,3% 1,3% 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Consumo de Energia Elétrica PIB Figura 1.4.c – Taxas de crescimento do PIB e do consumo de energia elétrica (2010 a 2017) Fonte: IBGE (2024b) e EPE (2024) Recuperação da economia Redução do PIB e reversão de queda Entre 2010 e 2013, a economia se recuperou. Nesse período, o PIB apresentou uma taxa de crescimento mais modesta que o período anterior à crise e cresceu 3,0% a.a. e o consumo de energia elétrica cresceu em 3,7% a.a. (elasticidade renda da demanda de 1,2). Nesse período, houve uma mudança nos rumos da política econômica. O governo Dilma, em 2011, de acordo com Carvalho (2018), passou a focar menos nos investimentos públicos como motor de crescimento e adotou uma agenda de políticas com: 1) redução da taxa de juros; 2) desvalorização do real; 3) desonerações tributárias; 4) controle de tarifas energéticas1 e 5) crédito a juros baixos. Essas medidas adotadas representaram alto custo para as contas públicas e não foram muito eficazes em estimular o crescimento. Em 2013, por razões diversas e relacionadas a uma insatisfação geral de parte da população, o país foi tomado por uma série de protestos políticos. Esses protestos colocaram à tona uma gama de conflitos socioeconômicos do período. Em 2014, a economia começou a dar sinais de esgotamento e se iniciou uma crise doméstica que perdurou até 2016. No período de 2014 a 2016, o PIB reduziu, em média, 3,4% a.a., com forte contração dos investimentos (-13% a.a.), do consumo das famílias (-3,5% a.a.) e da indústria (- 5,2%). Um fator agravante foi a escassez de chuvas na Região Sudeste em 2014 e 2015 que reduziu os níveis dos reservatórios e prejudicou a geração de energia das hidrelétricas. Nesse contexto, no período de crise, o consumo de energia elétrica caiu 1,3% ao ano (elasticidade renda da demanda de 0,4). Em 2017, a economia reverteu a sua trajetória de queda, mas se manteve em um patamar de baixo crescimento. Entre 2017 e 2019, o crescimento médio do PIB alcançado foi de 1,2% a.a. e o consumo de energia elétrica foi de 1,8% a.a. (elasticidade renda da demanda de 1,5). Em 2018, a economia enfrentou um choque de oferta com a greve dos caminhoneiros. A paralisação de 11 dias da categoria afetou principalmente o comércio e a indústria (FGV, 2018). Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 17 Capítulo 1: Eletricidade, Economia e Aspectos Sociodemográficos 1,8% -1,7% 5,4% 1,4% 4,4% 1,2% -3,3% 4,8% 3,0% 2,9% 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 Consumo de Energia Elétrica PIB Figura 1.4.d – Taxas de crescimento do PIB e do consumo de energia elétrica (2020 e 2021) Fonte: IBGE (2024b) e EPE (2024) Como foi apresentado nessa seção, nessas diferentes fases de expansão e retração da economia, o consumo de energia apresentou movimentos em direções semelhantes. Com exceção do ano de 2009 (ano de crise), as elasticidades renda da demanda de energia elétrica variaram de 0,4 a 1,5. Há, portanto, uma forte inter-relação positiva entre economia e consumo de energia elétrica, ainda que a literatura indique ambiguidade sobre a direção causal – se da atividade econômica para o consumo, ou se do consumo para a economia, ou se ambos (Ahmad et al, 2020). Compreender os movimentos da economia é essencial para as políticas de planejamento do setor elétrico. Em 2020, com a pandemia da covid-19, a economia passou por nova recessão. Com as medidas sanitárias necessárias, a atividade econômica de muitos setores foi paralisada. As residências passaram a ser o principal local de trabalho e de estudo de muitas famílias. Houve aumento acelerado do desemprego e para mitigar os efeitos negativos da crise, o governo Bolsonaro instituiu um auxílio emergencial para as famílias em situação de vulnerabilidade e uma série de instrumentos para socorrer as empresas. Apesar de todas as medidas econômicas adotadas, houve uma recessão econômica e o PIB diminuiu 3,3%. O consumo de energia tambémreduziu, mas em menor magnitude, na ordem de 1,7% (elasticidade renda da demanda de 0,5). Em 2021, com o início do processo de vacinação, a economia volta a se recuperar. No período de 2021 a 2023, o PIB cresceu em 3,0% a.a. e o consumo de energia se expandiu em 2,9% a.a. (elasticidade renda da demanda de 1,0). Esse período de recuperação econômica foi acompanhado de uma alta da inflação (IPCA de 10,06% em 2021), o que levou o Banco Central a adotar uma política monetária contracionista. Apenas em agosto de 2023, as taxas de juros começaram a ser paulatinamente reduzidas. Nesse último período, houve nova crise hídrica (2021) que afetou negativamente a geração de energia hidrelétrica. Outro fator relevante a ser considerado é o cenário externo conturbado em decorrência da deflagração de conflitos geopolíticos (Ucrânia x Rússia, Israel x Hamas, entre outros). A Guerra da Ucrânia, em especial, gerou um choque no preço de diversas commodities, favorecendo em parte as exportações brasileiras de determinados produtos, mas, por outro lado, gerando um choque inflacionário. Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 18 Capítulo 2: Oferta de Eletricidade Capítulo 2 Oferta de Eletricidade Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 19 Capítulo 2: Oferta de Eletricidade Ao longo dos últimos 20 anos, a matriz elétrica brasileira tem enfrentado intensas transformações. Entre 2004 e 2023, a capacidade instalada de geração de energia elétrica no Brasil foi expandida em cerca de 150%, saindo de 90,7 GW, em 2004, e atingindo 226,0 GW, em 2023¹. Com isso, a Oferta Interna de Energia Elétrica (OIEE)¹ no Brasil saltou de 424,9 TWh para 723,2 TWh. A Produção de Energia Elétrica passou de 387,5 TWh em 2004 para 708,1 TWh em 2023. Dessa forma, houve um incremento na oferta e na produção de 70,2% e 82,7%, respectivamente. A taxa de crescimento da OIEE, nesse período, foi de 2,8% ao ano, enquanto a produção cresceu a uma taxa de 3,2% a.a., refletindo a redução dos níveis de importação de eletricidade no país. A Figura 2.1 demonstra a trajetória da OIEE e da Produção de Eletricidade no país entre 2004 e 2023. Pode-se observar que tanto a oferta interna como a produção alternaram entre períodos de crescimento e também de estagnação/retração. Entre 2004 e 2014, a expansão da oferta e da produção de eletricidade foi de, respectivamente, 4,0% e 4,4% ao ano. A exceção foi o ano de 2009, no qual a oferta de eletricidade se manteve estável (+0,1%) devido a estagnação da economia brasileira associada aos efeitos da crise imobiliária americana que iniciou-se em 2007. (EPE, 2020) Entre 2015 e 2016, o Brasil passou por um período de recessão econômica e de instabilidade política, o que influenciou diretamente na queda da demanda de energia e, consequentemente, da oferta e da produção de eletricidade a patamares menores do que os observados em 2014. (EPE, 2020) A partir de 2017, a oferta e a produção retomam o nível verificado em 2014 e crescem até o ano de 2023 a uma taxa média de, respectivamente 2,3% a 2,9% a.a. A única exceção foi o ano de 2020, no qual observou-se uma contração de 0,7% tanto na oferta como na produção de eletricidade no país, em função dos impactos econômicos e sociais da pandemia da covid-19. Produção e Oferta Interna de Energia Elétrica ¹ Oferta Interna de Energia Elétrica (OIEE) ou Oferta de Eletricidade ou Oferta Total inclui produção e o saldo líquido de importação de eletricidade (importações – exportações). 425 723 387 708 0 100 200 300 400 500 600 700 800 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 TW h Oferta Interna de Eletricidade Produção de Eletricidade Figura 2.1 – Evolução da Produção e Oferta Interna de Energia Elétrica (OIEE) Fonte: EPE (2024a) Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 20 Capítulo 2: Oferta de Eletricidade 7,1% 23,4% 92,9% 76,6% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 % Paraguai % Brasil Figura 2.2 – Importação de Eletricidade (TWh) Fonte: EPE (2024a) 37.392 15.111 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 Figura 2.3 – Destinação da eletricidade gerada na Usina Binacional de Itaipu (%) Fonte: Elaborado com dados dos Relatórios Anuais de Itaipu (2004 – 2023) Importação de Energia Elétrica A importação de eletricidade no país está associada a compra de energia excedente da parcela paraguaia da Usina Binacional de Itaipu. A Figura 2.2 mostra que, entre 2004 e 2015, a importação anual de eletricidade oscilou entre 33,8 e 42,2 TWh. No entanto, a partir de 2016, há uma redução importante dos níveis de importação, os quais atingiram um valores mínimos de 12,9 TWh em 2022 e 15,1 TWh em 2023. A Figura 2.3 mostra a distribuição percentual da energia gerada por Itaipu ao longo do período em análise. Até 2013, mais de 90% da energia produzida em Itaipu era destinada ao mercado brasileiro e menos de 10% atendia ao Paraguai. Em consonância com a queda da importação a partir de 2016, notou-se um aumento gradual da quantidade de energia gerada em Itaipu destinada a abastecer o Paraguai. Entre 2021 e 2023, o percentual médio de destinação da energia para o país vizinho saltou para 23,9%. Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 21 Capítulo 2: Oferta de Eletricidade 54,1 77,9 370,7 645,3 0 100 200 300 400 500 600 700 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 TW h Não renováveis Renováveis A participação das fontes renováveis na matriz elétrica manteve patamares elevados ao longo dos últimos 20 anos. A Figura 2.4 mostra que, entre 2004 e 2011, a renovabilidade da Oferta de Eletricidade esteve sempre acima de 85%, sendo que mais de 90% da oferta de eletricidade renovável era proveniente da fonte hidráulica. No entanto, entre 2012 e 2015, observou-se uma redução da renovabilidade da geração elétrica, a qual atingiu um mínimo de 74,0% em 2014, o que foi um reflexo da escassez hídrica vivenciada em um país ainda bem dependente da geração hídrica. Entre 2016 e 2020, o percentual de participação das renováveis na matriz variou na faixa de 80 a 84%. O ano de 2021 foi um dos mais secos da história do país, o que fez com que a renovabilidade apresentasse uma nova queda (78,1%), mas menos acentuada do que a observada anteriormente. O atenuador desta queda foi o crescimento da participação das fontes solar, eólica, bagaço de cana, licor preto e outras renováveis. Estas fontes corresponderam a 27,3% da oferta de eletricidade renovável naquele ano. Nos dois últimos anos, o percentual de renovabilidade da matriz elétrica retomou os patamares observados nos primeiros anos da série, atingindo 89,2% em 2023. Tal incremento está associado a melhoria nos índices pluviométricos por todo o país e pela manutenção do crescimento da geração solar fotovoltaica e eólica. A Figura 2.5 demonstra que, em 2023, o Brasil apresentou um total de 645,3 TWh de geração renovável e 77,9 TWh de geração não-renovável. Figura 2.4 – Participação das fontes renováveis na Oferta de Eletricidade Fonte: EPE (2024a) Figura 2.5 – Evolução da Oferta de Eletricidade proveniente de fontes renováveis e não renováveis Fonte: EPE (2024a) 87,3% 89,9% 74,0% 78,1% 89,2% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 22 Capítulo 2: Oferta de Eletricidade 84,3% 61,0% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 ¹ Inclui importação de eletricidade majoritariamente proveniente de Itaipu. Um caminho para a expansão da capacidade instalada de geração hidrelétrica pode ser a repotenciação e ampliação das usinas já existentes. Segundo EPE (2019), a repotenciação poderia adicionar de 2,7 GW a 10,7 GW de potência instalada, enquanto a ampliação poderia agregar mais 7,2 GW.Figura 2.6 – Participação da fonte hidráulica na Oferta Interna de Energia Elétrica (OIEE) Fonte: EPE (2024a) Hidroeletricidade Há muito tempo, a hidroeletricidade é a principal fonte da matriz elétrica brasileira. Entre 2004 e 2023, a capacidade hidráulica instalada saiu de 69,1 GW para 109,9 GW, equivalente a 49% de participação no total da potência instalada em 2023. A oferta interna de eletricidade1 proveniente de hidrelétricas cresceu de 358,2 TWh para 441,1 TWh. No entanto, a participação das hidrelétricas na OIEE tem apresentado uma trajetória de queda, saindo de 84,3%, em 2004, para 61,0%, em 2023. Essa mudança de paradigma vem ocorrendo em função da combinação de alguns fatores, dentre os quais estão: Falta de investimentos em novas hidrelétricas de maior porte, em função da maior atratividade financeira de outras fontes renováveis (como solar e eólica), e das restrições locacionais associadas a expansão de usinas de geração hidráulica em áreas de preservação ambiental, em especial na região Norte do país, onde está grande parte do potencial hidrelétrico ainda não explorado. Secas e estiagens prolongadas vivenciadas no país, especialmente entre 2012 a 2015 e em 2021. Diversificação da matriz elétrica com o crescimento acelerado de renováveis variáveis, como eólica e solar, que tem um prazo de implementação mais curto e com menores impactos ambientais. Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 23 Capítulo 2: Oferta de Eletricidade 95.801 0 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 G W h ¹ Potência instalada e preço médio atualizado considerando empreendimentos que estão em operação, construção ou obtenção de outorga. Não considera os empreendimentos cujos contratos que foram revogados. Figura 2.7 – Oferta de eletricidade proveniente da fonte eólica (GWh) Fonte: EPE (2024a) Figura 2.8 – Capacidade instalada de geração eólica (MW) Fonte: EPE (2024a) 0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 M W 28.682 Energia Eólica A oferta de eletricidade proveniente da energia eólica apresentou uma relevante expansão. Em 2004, a fonte eólica foi responsável pela geração de 61 GWh e, em 2023, esse valor saltou para 95.801 GWh. Nesse cenário, a participação eólica na oferta total saiu de menos de 1% (2004) para 13,2% (2023), o que a coloca na segunda posição na matriz de geração elétrica, perdendo somente para a fonte hidráulica. Nesse mesmo período, a capacidade instalada saiu de 29 MW para 28.682 MW. A expansão da fonte eólica no Brasil está associada a políticas de fomento ao desenvolvimento do setor, como a realização de leilões. O primeiro leilão que contratou usinas eólicas ocorreu em 2009 e contratou 66 empreendimentos com uma potência instalada1 conjunta de 1.707 MW. Entre 2009 e 2022, foram realizados 27 leilões que contrataram 715 empreendimentos eólicos, com uma potência instalada1 conjunta de 17.774 MW (ANEEL, 2024). Além disso, a expansão da geração eólica está associado desenvolvimento tecnológico vivenciado pelo setor nos últimos anos. O aumento do diâmetro dos rotores dos aerogeradores, a maior elevação do eixo do cubo do aerogerador e a maior média da potência nominal das turbinas têm otimizado a geração de eletricidade nos parques eólicos (EPE, 2023). Complementarmente, houve uma redução no preço médio1 de contratação de usinas eólicas em leilões. Os valores atualizados de acordo com o IPCA indicam que, no primeiro leilão de 2009, o preço médio de contratação para usinas eólicas foi de R$ 328,94/ MWh e, no último leilão de 2022, este valor caiu para R$ 184,29/MWh, uma redução de 44,0% (ANEEL, 2024). Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 24 Capítulo 2: Oferta de Eletricidade 50.633 0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 G W h 0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 40.000 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 M W Figura 2.9 – Oferta de eletricidade da fonte solar fotovoltaica Fonte: EPE (2024a) Figura 2.10 – Capacidade instalada de geração solar fotovoltaica Fonte: EPE (2024a) 37.843 Solar Fotovoltaica Entre 2004 e 2016, a oferta de eletricidade e a capacidade instalada associadas a fonte solar fotovoltaica no Brasil eram insignificantes, com geração limitada a apenas algumas dezenas de GWh e potência instalada de poucos MW. Porém, a partir de 2017, houve uma forte expansão da solar fotovoltaica no país, devido a aspectos como: ▪ Entrada em operação de grandes usinas solares de geração centralizada, contratadas em Leilões de Energia de Reserva realizados nos anos de 2014 (6° LER) e 2015 (7°LER e 8°LER), como o Conjunto Nova Olinda (PI) e de Ituverava (BA) e grande parcela do Complexo de Pirapora (MG), conforme dados do ONS (2024) e ANEEL (2024). Entre 2014 e 2022, foram realizados 12 leilões que contrataram 185 UFVs, que somadas apresentam uma capacidade instalada1 de 5.347 MW. Durante esse período, houve uma queda no preço médio1 de contratação de usinas solares. Os valores atualizados de acordo com o IPCA indicam que, no primeiro leilão que contou com a participação da fonte solar em 2014 (6° LER), o preço médio de contratação para usinas solares foi de R$ 360,10/ MWh e, no último leilão de 2022 (37° Leilão de Energia Nova), este valor caiu para R$ 179,20/MWh, uma redução de 50,2%. (ANEEL, 2024) ▪ Queda de preços relativos a implementação de sistemas fotovoltaicos em geração distribuída (MMGD).No ano de 2013, o custo médio de sistemas fotovoltaicos residenciais (abaixo de 5 kWp) no Brasil era de R$ 8,69/Wp, conforme Ideal (2014). Em junho de 2017, o preço médio de sistemas residenciais de 4 kWp caiu para R$ 6,52/Wp (GREENER, 2017). Por fim, em junho de 2023, esse custo para sistemas de 4 kWp foi reduzido para R$ 3,68/Wp (GREENER, 2024). Segundo o Painel de Dados de Mini e Micro Geração Distribuída (EPE, 2024b), o payback simples médio associado a investimentos em sistemas residenciais caiu de 18,8 anos, em 2013, para 3,4 anos, em 2023, demonstrando que o investimento em MMGD passou a ser economicamente vantajoso. Em consonância com o exposto acima, entre 2016 e 2023, a oferta de eletricidade proveniente da fonte solar fotovoltaica saiu de 85 GWh para 50.633 GWh, o que representa um crescimento médio anual de 149,0%, chegando a 7,0% da Oferta de eletricidade brasileira em 2023. Entre 2016 e 2023, a capacidade instalada de geração solar fotovoltaica saiu de 81 MW para 37.843 MW, uma taxa de crescimento médio de 140,8% ao ano, tornando-se, assim a segunda maior fonte em capacidade instalada no Brasil. Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 25 Capítulo 2: Oferta de Eletricidade 6.967 36.532 0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 40.000 45.000 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 G W h 0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 14.000 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021 2023 M W 11.998 Bagaço de cana O bagaço de cana é um resíduo resultante do processo de moagem da cana no setor sucroalcooleiro e é utilizado para geração de eletricidade. Entre 2004 e 2023, a oferta eletricidade gerada a partir do bagaço cresceu de 6.967 GWh para 36.532 GWh. Em decorrência disso, houve um aumento da participação do bagaço na oferta total brasileira de 1,6% (2004) para 5,1% (2023). Por sua vez, a capacidade instalada de biomassa a bagaço saltou de 2.298 MW, em 2005, para 11.998 MW em 2023. As oscilações na oferta de eletricidade proveniente de bagaço de cana estão associadas às variações interanuais das safras, aos preços internacionais e nacionais do açúcar e etanol, aos níveis de eficiência de queima do bagaço para a produção de eletricidade, à destinação do bagaço de cana para outras finalidades, entre outros. Figura 2.11 – Evolução da OIEE proveniente de bagaço de cana Fonte:EPE (2024a) Figura 2.12 – Evolução da capacidade instalada proveniente de bagaço de cana Fonte: EPE (2024a) Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 26 Capítulo 2: Oferta de Eletricidade Figura 2.13 – Evolução da OIEE proveniente de licor preto Fonte: EPE (2024a) Figura 2.14 – Evolução da capacidade instalada de usinas de geração a licor preto Fonte: EPE (2024a) Licor preto O licor preto é um resíduo obtido durante o processo de extração de polpa de celulose e também pode ser utilizado para produção de eletricidade, especialmente na indústria de papel e celulose. Entre 2004 e 2023, a geração de energia elétrica a partir do licor preto foi de 4.220 GWh para 15.116 GWh. Ao longo do período, a participação da fonte na oferta total brasileira ao longo do período oscilou entre 1,0% (2004 e 2005) e 2,5% (2022). A potência instalada de usinas de geração a licor preto saiu de 783 MW, em 2005, para 3.298 MW, em 2023. As oscilações de oferta de eletricidade proveniente do licor estão diretamente associadas aos níveis de produção de celulose e sua demanda no mercado, à eficiência da queima nas caldeiras de recuperação, à estratégia empresarial (escolha entre produzir maior quantidade de vapor ou maior quantidade de eletricidade), entre outros. 0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021 2023 M W 3.298 4.220 15.116 0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 14.000 16.000 18.000 20.000 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 G W h Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 27 Capítulo 2: Oferta de Eletricidade Figura 2.15.a – Participação das principais fontes não-renováveis na OIEE Fonte: EPE (2024a) O gás natural é uma fonte importante para complementar o suprimento elétrico na matriz nacional, dada a sazonalidade dos recursos hídricos e a intermitência das fontes solar fotovoltaica e eólica. Entre 2005 e 2023, a capacidade instalada de térmicas a gás natural saiu de 9.638 MW para 18.260 MW, uma taxa de crescimento médio de 3,6% ao ano. O crescimento da capacidade instalada de usinas a gás está associado à realização de leilões. O primeiro leilão que contratou térmicas a gás foi o 2° Leilão de Energia Nova e ocorreu em 2006. Neste certame, foi contratado1 empreendimento com uma potência instalada de 533 MW. Entre 2006 e 2019, foram realizados 13 leilões que contrataram 10.022 MW de potência instalada¹. (ANEEL, 2024) Nas últimas duas décadas, a expansão da oferta de combustível (gás natural) para as termelétricas foi fomentada por diversas medidas, como a importação de gás boliviano distribuído no país através do gasoduto GASBOL e a exploração de novos campos produtores de petróleo e gás, como o Pré-Sal (EPE, 2020). A oferta de eletricidade proveniente de gás natural saiu de 19.264 GWh, em 2004, para 38.589 GWh em 2023. Ao longo deste período, os percentuais de participação do gás na matriz elétrica nacional estiveram em torno de 2,5% em 2009, chegando a cerca de 13,0% em 2014, 2015 e 2021. Esses anos de maior contribuição do gás na geração de eletricidade coincidiram com anos de escassez hídrica no Brasil. Cabe destacar que a penetração do gás natural na matriz brasileira contribuiu claramente para a redução do fator de emissão médio das não renováveis. No entanto, esta contribuição sofreu variações ao longo da sua trajetória devido a uma combinação de fatores como períodos de maior ou menor despacho térmico (EPE, 2021). As principais fontes de energia não renováveis da matriz elétrica são: gás natural, carvão vapor, urânio, óleo diesel e óleo combustível. ¹ Potência instalada considerando térmicas a gás natural que estão em operação ou em construção.’ 5,3% 0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 Gás Natural Carvão Vapor Urânio contido no UO2 Derivados de Petróleo Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 28 Capítulo 2: Oferta de Eletricidade O carvão vapor é um combustível derivado do carvão mineral produzido nos estados da região Sul do país. Entre 2004 e 2023, a oferta de eletricidade a carvão cresceu de 6.580 GWh para 8.770 GWh. No entanto, os maiores patamares de geração de energia elétrica a carvão ocorreram em 2014, 2015 e 2021 (anos de crise hidrológica no Brasil), com valores superiores a 17.500 GWh. Nestes anos, a participação do carvão na OIEE oscilou entre 2,6% e 3,1%. Por outro lado, as menores participações do carvão na OIEE ocorreram no período de 2004 a 2012, e nos anos 2022 e 2023, com percentuais variando entre 1,1% e 1,5%. A capacidade instalada de usinas a carvão vapor em 2005 era de 1.415 MW e, em 2023, de 3.086 MW. Em relação à energia termonuclear, entre 2004 e 2023, a capacidade instalada correspondeu às Usinas de Angra I e II, as quais totalizam 1.990 MW de potência. Nesse período, a oferta de eletricidade advinda da fonte nuclear atingiu seu maior patamar em 2019 (16.129 GWh) e o menor em 2005 (9.855 GWh). Essas oscilações na oferta de eletricidade proveniente do urânio estão associadas a maior ou menor disponibilidade das usinas para operação, em decorrência de manutenções programadas ou emergenciais. Ainda assim, as usinas possuem o maior fator de utilização dentre as termelétricas: acima de 85%. A participação da fonte nuclear na OIEE oscilou entre 2,0% e 3,0% ao longo do período, sendo que os menores valores estão associados aos anos mais recentes, em função da elevação da participação de outras fontes na matriz elétrica, com maior destaque para solar e eólica. Considerando os últimos 20 anos, a oferta de eletricidade proveniente de derivados de petróleo (óleo combustível e óleo diesel) atingiu seu ápice em 2014, com 33.805 GWh, o que representou 5,4% da OIEE do país no referido ano. Esta alta está diretamente associada ao aumento do despacho de térmicas devido à crise hidrológica vivenciada no país nessa época. No entanto, em 2023, a participação dos derivados de petróleo na OIEE atingiu seu menor patamar (0,8%). Figura 2.15.b – Participação das principais fontes não-renováveis na OIEE Fonte: EPE (2024a) 0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 Gás Natural Carvão Vapor Urânio contido no UO2 Derivados de Petróleo Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 29 Capítulo 3: Transmissão de Energia Elétrica Capítulo 3 Transmissão de Energia Elétrica Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 30 Capítulo 3: Transmissão de Energia Elétrica A expansão das linhas de transmissão no Brasil foi crucial para o desenvolvimento da infraestrutura elétrica do país, refletindo a crescente demanda por energia e a necessidade de integrar diversas regiões dentro do território nacional. Desde 2004, foram adicionados mais de 100 mil km de linhas de transmissão aos 71,2 mil km existentes até então, um aumento superior a 140% em 20 anos. O setor de transmissão de energia elétrica no Brasil era composto em 2023 por mais de 170 mil km de linhas de alta tensão e operado por 186 concessionárias (ONS, 2024). Essas empresas de transmissão, que obtiveram as concessões ao participar de leilões públicos promovidos pela ANEEL, são responsáveis pela implantação e operação da rede básica de transmissão que interliga as usinas de geração às redes elétricas de distribuição localizadas junto aos centros consumidores. O Sistema Interligado Nacional (SIN) consiste no sistema de geração e transmissão de energia elétrica de grande porte do Brasil, com predominância de usinas hidrelétricas. O SIN é constituído por quatro subsistemas: Sul, Sudeste/Centro- Oeste, Nordeste e maior parte da região Norte. A predominância da fonte hidráulica na matriz elétrica explica a necessidade da extensa rede de transmissão que atravessa o país, pois as grandes usinas hidrelétricas, localizadas no interior, estão bem distantes dos grandes centros de consumo que ficam maispróximos ao litoral. Nos últimos anos, a instalação de usinas eólicas, principalmente nas regiões Nordeste e Sul, apresentou um forte crescimento, aumentando a importância dessa geração para o atendimento do mercado. As usinas térmicas, em geral localizadas próximas aos principais centros de carga, desempenham papel estratégico relevante, pois contribuem para a segurança do SIN. Essas usinas são despachadas em função das condições hidrológicas vigentes, permitindo a gestão dos estoques de água armazenada nos reservatórios das usinas hidrelétricas, para assegurar o atendimento futuro. Os sistemas de transmissão integram as diferentes fontes de produção de energia e possibilitam o suprimento do mercado consumidor (ONS, 2024a). Em 2023, a Rede Básica do SIN concentrava aproximadamente 1.500 linhas de transmissão que somavam 171,6 mil km nas tensões de 230, 345, 440, 500, 600, 750 e 800 kV (ONS, 2024). Além de reunir as grandes interligações entre os subsistemas, a Rede Básica também é composta pelos ativos de conexão das usinas e aqueles necessários às interligações internacionais. O SIN detém 99,4% de toda a oferta interna de energia elétrica do país, proveniente de usinas nacionais ou de importações, principalmente do Paraguai por conta do controle compartilhado da usina hidrelétrica de Itaipu (ONS, 2024b; EPE, 2024a). Transmissão de energia elétrica Figura 3.1 – Extensão das Linhas de Transmissão (km) da Rede Básica do SIN por tensão - 2004 a 2023. Fonte: ONS (2024b) 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 Li nh as d e tr an sm is sã o (m il km ) 230 (kV) 345 (kV) 440 (kV) 500 (kV) 600 (kV) 750 (kV) 800 (kV) Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 31 Capítulo 3: Transmissão de Energia Elétrica Figura 3.2 – Média de Longo Termo (MLT) da vazão natural (ENA) normalizada por subsistema do SIN do período de 1931 a 2022 e Fator de Capacidade médio de todo parque eólico do SIN do período de 2014 a 2013. Fonte: ONS (2024b) 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 0 0,5 1 1,5 2 2,5 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Fa to r d e ca pa ci da de d as E ól ic as d o SI N M LT e m E N A no rm al iz ad a Eólicas SIN MLT Nordeste MLT Norte MLT Sudeste/Centro-Oeste MLT Sul O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é responsável pela coordenação e controle da operação do SIN, realizada pelas companhias geradoras e transmissoras, sob a fiscalização e regulação da ANEEL. Entre os benefícios desta integração e operação coordenada está a possibilidade de intercambio de energia elétrica entre subsistemas, obtenção de ganhos sinérgicos, exploração da diversidade de regimes hidrológicos regionais e da complementaridade sazonal hidroeólica. A expansão da rede de transmissão O SIN possui uma vasta rede de transmissão de energia elétrica, de dimensão continental, que abrange quase a totalidade do território brasileiro e atende 99,4% do mercado de energia elétrica brasileiro (EPE, 2024). Já os Sistemas Isolados, que reúnem as demais localidades que não estão ligadas ao SIN, respondem pelos 0,6% de consumo restantes e estão localizados principalmente na região Norte. A concentração dos Sistemas Isolados na região Norte ocorre porque as características geográficas da região, composta por floresta densa e heterogênea, além de rios caudalosos e extensos, dificultam a construção de linhas de transmissão de grande extensão que permitam a conexão ao SIN (ANEEL, 2008). Mesmo assim, nos últimos 20 anos, grandes interligações ao SIN foram feitas, com destaque para as capitais: Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC) em nov/09; Manaus (AM) em jul/13; e Macapá (AP) em jun/15. A tendência é que ao longo do tempo os Sistemas Isolados gradualmente sejam integrados ao SIN, a exemplo do que tem ocorrido com as demais regiões do país. Este movimento contribui para a redução dos custos da Conta de Consumo de Combustíveis, que é financiada por encargos na tarifa de energia elétrica por todo consumidor final. A interligação de Boa Vista (RR), a única capital brasileira ainda nos Sistemas Isolados, está prevista para jan/26, com a conclusão da construção da linha de transmissão de 500 kV com 715 Km interligando Manaus a Boa Vista. A expansão da rede de transmissão é feita por meio de leilões públicos, promovidos pela ANEEL, para seleção do grupo empreendedor responsável pela construção e operação da rede. O vencedor é o candidato que apresenta a menor tarifa a ser praticada, ou seja, a menor Receita Anual Permitida (RAP) para prestação do serviço público de transmissão. Os deságios verificados resultam em benefícios ao consumidor, uma vez que a tarifa de uso dos sistemas de transmissão é um dos componentes da tarifa praticada pelas distribuidoras. Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 32 Capítulo 3: Transmissão de Energia Elétrica Entre 2004 e 2023, o acréscimo médio de linhas de transmissão a Rede Básica do SIN foi de 5,1 mil km por ano (taxa de crescimento de 4,6% a.a.) (ONS, 2024). Nesses 20 anos, quatro das dez maiores usinas hidrelétricas do país entraram em operação (ANEEL, 2024) (EPE, 2024b): ▪ Santo Antônio (3.568 MW, 5ª maior UHE), em mar/12, e Jirau (3.750, 4ª maior UHE), em set/13, no rio Madeira (RO) e interligadas por duas LT 600 kV CC, circuito duplo, com extensões de 2.412 km e 2.385 km; ▪ Teles Pires (1.820 MW, 10ª maior UHE), em nov/15, no rio Teles Pires (PA) e interligada por uma LT 500 kV CA, circuito triplo, com extensão de 297 km; e ▪ Belo Monte (11.233 MW, 1ª maior UHE), em abr/16, no rio Xingú (PA) e interligada por duas LT 800 kV CC, circuito duplo, com extensões de 2.076 km e 2.540 km. Houve aumento do número de sistemas de transmissão em corrente contínua em alta tensão (HVDC) no SIN de 2 para 6 bipolos, e já representam 11% da extensão total da Rede Básica. As usinas hidrelétricas do rio Madeira (Santo Antônio e Jirau) e Belo Monte, localizadas na região Norte, têm sua geração escoada para o subsistema Sudeste/Centro-Oeste por 2 bipolos HVDC de 600 kV e 2 bipolos HVDC de 800 kV, respectivamente, que iniciaram sua operação entre 2013 e 2019. Antes disso, só existiam 2 bipolos HVDC de 600 kV da UHE Itaipu (PR), que permitem o escoamento da energia da quota paraguaia da usina, gerada em 50 Hertz, para a região Sudeste desde 1984. As soluções de transmissão HVDC mostram-se atrativas para a integração e escoamento eficiente dos excedentes de geração regionais em grandes distâncias, bem como para agregar controlabilidade e flexibilidade operativa para a rede de transmissão (EPE, 2024c). Essa solução se mostra promissora para viabilizar o aproveitamento do potencial hidráulico remanescente na região Norte, localizado a grandes distâncias dos principais centros consumidores, concentrados no Sudeste. 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 9.000 10.000 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 Ac ré sc im o an ua l d e lin ha s (k m ) 230 (kV) 345 (kV) 440 (kV) 500 (kV) 600 (kV) 750 (kV) 800 (kV) Figura 3.3 – Ampliação anual das Linhas de Transmissão (km) da rede básica do SIN por tensão - 2004 a 2023. Fonte: ONS (2024b) Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 33 Capítulo 4: Consumo Residencial Capítulo 4 Consumo Residencial Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 34 Capítulo 4: Consumo Residencial Durante os últimos 20 anos, o consumo de energia elétrica residencial no Brasil tem crescido a uma média de 4% ao ano. O consumo de eletricidade da classe em 2004 foi de 78 TWh e em 2023 chegou ao patamar de 165 TWh. Em 2023, o setor residencial respondeu por 31% do consumo total de eletricidade do país, sendo a classe com o segundo maior consumo, ficando atrás apenas do setor industrial, com 35% do consumo. Na Figura 4.1 pode-se observar a evolução do consumo de energia elétrica residencial entre 2004e 2023. O período de maior crescimento do consumo residencial é na primeira década, com crescimento de 5,4% ao ano. Já entre 2015 e 2023, o consumo de eletricidade expandiu 2,5% ao ano. O ano de 2015 foi o único da série com queda na taxa de variação do consumo residencial: - 0,8%. Em 2015, o país atravessou uma crise econômica. Foi um período com alta taxa de juros e inflação, queda da renda, contração do crédito e aumento do desemprego. Além disso, o cenário hidrológico no Brasil era desfavorável. Houve elevação nas tarifas de energia elétrica, campanhas de racionalização do uso da energia e queda nas vendas de eletrodomésticos; culminando na retração do consumo da população brasileira naquele ano (EPE, 2015). Diversos fatores têm contribuído para a expansão do consumo de eletricidade das residências do Brasil nas últimas décadas. Um deles é o crescimento do número de consumidores residenciais, resultado de novas ligações, programas de eletrificação do governo federal, ações de combate às perdas de energia elétrica através da regularização de consumidores e a interligação de localidades isoladas ao Sistema Interligado Nacional. Além disso, o Bolsa Família, por meio da transferência de renda às famílias em situação de pobreza, tem ajudado a fomentar a demanda de eletricidade residencial no país. O crescimento populacional e o aumento no número de domicílios também incentivaram para a expansão do consumo. Segundo o IBGE, no ano de 2004, a população brasileira era em torno de 182,1 milhões de pessoas e havia 51,8 milhões de domicílios particulares permanentes. Já em 2023, a população chegou a 203,1 milhões de habitantes e registrou 77,4 milhões de domicílios particulares permanentes (IBGE, 2024). Figura 4.1 – Evolução do consumo residencial de energia elétrica no Brasil. Fonte: EPE (2024c) Consumo de Energia Elétrica Residencial 78 132 131 165 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 TW h Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 35 Capítulo 4: Consumo Residencial O consumo de eletricidade nas residências cresce mais que nas demais classes. O Figura 4.2 apresenta a evolução do consumo residencial de energia elétrica entre 2004 e 2023 comparando com os demais setores. Verifica-se o consumo de energia elétrica da classe residencial tem crescido mais que outras classes. O consumo residencial em 2023 é 110% superior ao consumo de 2004. Já nos demais setores, o consumo foi maior 45% no mesmo período. Nota-se que o consumo de eletricidade residencial não foi afetado pela crise financeira internacional do Subprime de 2008, diferentemente do que ocorreu nas outras classes de consumo, que chegaram a reduzir o seu consumo logo após à crise em 2009. Por outro lado, devido à crise econômica doméstica e crise hídrica de 2014, houve rebatimento em todas as classes, com queda de consumo em 2015. Em 2020, durante a pandemia da covid-19 no Brasil, diferentemente do que ocorreu nos outros setores, o consumo de energia elétrica residencial cresceu consideravelmente. O consumo de eletricidade da classe saltou de 142 TWh em 2019 para 148 TWh em 2020, expandindo 4,0%. Já, nos demais setores, o consumo de eletricidade variou de 340 TWh em 2019 para 329 TWh em 2020, queda 3,4% no período. Com o nível de ocupação mais baixo que em 2019, além do trabalho remoto adotado por muitas empresas e das aulas remotas de escolas e universidades, ocorreu um prolongamento do tempo de permanência das pessoas em casa, impulsionando o consumo de eletricidade das residências (EPE, 2020). Em 2021 e 2022, com o retorno gradativo às atividades presenciais devido ao avanço da vacinação da covid-19 no país, o consumo de energia elétrica residencial cresceu a taxas menores do que em 2020: 2,1% e 1,0%, respectivamente. A redução do tempo de permanência da população em casa foi contrabalançada pela reabertura da economia e pela recuperação do mercado de trabalho em relação ao ano de 2020 (EPE, 2022; EPE, 2023a). O recorde de crescimento do consumo residencial anual no país foi registrado em 2023, com taxa de 7,8% ao ano. Foi o ano mais quente da história do Brasil, com ocorrência de temperaturas acima da média histórica, ondas de calor e baixa umidade, reflexo em grande parte do fenômeno climático El Niño. A posse e o uso de aparelhos de climatização de ambiente aumentaram substancialmente, impulsionando a elevação do consumo de energia elétrica das residências. Houve crescimento também do consumo de energia elétrica das outras classes, porém com menor taxa: 3,0% ao ano (EPE, 2023b; 2024a). 165 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 TW h/ an o Comercial Industrial Outros Residencial Figura 4.2 – Evolução do consumo residencial de energia elétrica x demais setores Fonte: EPE (2024c) Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 36 Capítulo 4: Consumo Residencial Figura 4.3 – Evolução dos consumidores residenciais de energia elétrica Fonte: EPE (2024c) O total de consumidores de eletricidade nas residências brasileiras aumentou gradativamente nos últimos 20 anos, conforme apresenta a Figura 4.3. Entre 2004 e 2023, o número de unidades consumidoras residenciais cresceu à taxa de 3,0% a.a., partindo em torno de 47 milhões para aproximadamente 82 milhões de consumidores. A classe residencial concentra o maior número de unidades consumidoras de energia elétrica do país. O período de maior crescimento do número de consumidores residenciais foi entre 2004-2014, com taxa média de 3,5% a.a.. Já, entre 2015 e 2023, a taxa média de crescimento do número de consumidores da classe foi para 2,4% a.a.. Como é apresentado na Figura 4.4, o Sudeste (45%) é a região que contempla o maior número de consumidores residenciais, em 2023. Seguida pelo Nordeste (27%), Sul (14,0%), Centro-Oeste (8%) e Norte (6,0%). Porém, pode-se observar que o percentual de participação da região Sudeste tem diminuído, pois em 2004 o percentual era de 49%. Em contrapartida, as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte tem crescido em participação no número de consumidores residenciais ao longo dos últimos 20 anos. Programas de eletrificação governamentais têm contribuído consideravelmente para a progressão do número de consumidores residenciais nas regiões Nordeste e Norte. O número de consumidores residenciais é o maior dentre as classes de consumo Figura 4.4 – Distribuição regional dos consumidores residenciais de energia elétrica Fonte: EPE (2024c) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 M ilh ão de c on su m id or es 5% 7% 15% 24% 49% 6% 8% 14% 27% 45% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Norte Centro-Oeste Sul Nordeste Sudeste 2004 2023 82 47 Anuário Estatístico de Energia Elétrica 20 anos Página | 37 Capítulo 4: Consumo Residencial O Consumo Residencial Médio (CRM) aumenta 21% nos últimos anos O CRM cresceu 21%, nos últimos 20 anos, saindo de 142 kWh/mês em 2004 para 170 kWh/mês em 2023, o maior valor da série histórica considerada. Porém, o consumo residencial médio apresentou algumas oscilações durante o período. A expansão da posse de equipamentos, a melhora de fatores macroeconômicos como emprego e renda, o aumento da temperatura média anual são fatores que influenciaram no crescimento do consumo residencial médio. Conforme é mostrado na Figura 4.5, o consumo residencial médio foi ascendendo progressivamente até 2014, chegando a 170 kWh. Já entre 2015 e 2017, o CRM caiu, atingindo o valor de 160 kWh/mês em 2017, principalmente, em função da crise econômica vivenciada no período. Durante os anos de 2020 e 2021, devido à pandemia da covid-19, a sociedade brasileira teve que permanecer mais tempo em casa por conta do distanciamento social. Neste período, o governo concedeu o auxílio emergencial a uma parte da população como forma de dirimir os impactos