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ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA A administração científica surgiu no início do século XX com o americano Frederick Winslow Taylor da necessidade de organizar as empresas, visto estarem em rápido crescimento e expansão e substituir o empirismo vigente. A tentativa também visou a eliminação de desperdícios e de perdas sofridas pelas indústrias. Então se pensou em trazer os métodos científicos para aumentar a eficiência das organizações e um maior rendimento possível dos recursos (eficiência). Desta feita, a ênfase foi dada nas atividades operacionais (tarefas), nas técnicas realizadas pelo trabalhador. Taylor fez um estudo do tempo e dos movimentos do operário a fim de aumentar sua produtividade. É caracterizada por ser uma teoria de baixo pra cima, ou seja, do chão de fábrica ao alto escalão administrativo. Também é dito que vai das partes para o todo, isto é, analisa as atividades em microescala até as demais, subindo no nível hierárquico. Seu organograma apresenta uma forma piramidal. Outro aspecto da administração científica é que há dificuldade para a comunicação, uma vez que para chegar ao chefe é necessário passar por várias escalas. Para Taylor as indústrias de sua época sofriam de três males (VDF): 1- Vadiagem sistemática dos operários; 2- Desconhecimento pela gerência das rotinas de trabalho e do tempo necessário para sua realização; 3- Falta de uniformidade das técnicas e dos métodos de trabalho. Um marco dessa abordagem foi a Organização Racional do Trabalho – ORT, na qual estudou os movimentos e tempos de cada tarefa do trabalhador para aperfeiçoá-las e racionalizá-las. A ideia era que o operário deveria ser cientificamente treinado para aperfeiçoar suas aptidões. Lembrar-se do conceito de homo economicus – o homem trabalha, exclusivamente, por incentivos salariais, econômicos e materiais. Vê o homem como um indivíduo limitado, mesquinho, preguiçoso e culpado pela vadiagem e desperdícios das empresas, devendo ser controlado por meio do trabalho racionalizado e do tempo padrão. O mérito de Taylor conforme Chiavenato (2015) reside em sua contribuição para encarar sistematicamente o estudo das organizações. É válido ressaltar que aplicou a administração como ciência nos padrões de produção e prêmios para incentivar a produtividade. O principal objetivo da administração é assegurar ao mesmo tempo o máximo de prosperidade ao patrão e ao empregado. A ORT se fundamenta nos seguintes aspectos (são 04): - Análise do trabalho e do estudo dos tempos e dos movimentos. (ATETM) - Divisão do trabalho e especialização (DTE) - Incentivos salariais e prêmios de produção; (ISPP) - Conceito de homo economicus (o homem trabalha, exclusivamente, incentivado por recompensas salariais, econômicas e materiais. O homem como um indivíduo limitado, mesquinho, preguiçoso e culpado pela vadiagem e desperdício das empresas, devendo ser contratado por meio do trabalho racionalizado e do tempo-padrão). A produtividade é a seguinte equação: produção obtida/recurso dos empregados. O administrador deve sempre tentar fazer cada vez mais com cada vez menos. Princípios da administração científica – Taylor (PPCE) Planejamento, preparo, controle e execução. A grande inovação de Ford no século XX: a produção em massa. Produção em grande quantidade. Aceleração da produção (Ford): IEP – Princípio da intensificação, economicidade e produtividade. Críticas a Adm científica – pouca atenção ao elemento humano e concebeu-se a organização como um arranjo rígido e estático de peças. Levou em consideração o homem economicus, mas não levou em conta outros fatores motivacionais. Desumanização do trabalho industrial: mecânica. O homem deveria produzir como máquina, robô. Tem uma visão microscópica do homem – visualizou cada empregado, individualmente, ignorando que o trabalhador é um ser humano e social. O homem trabalhando como um apêndice da máquina industrial. Ausência da comprovação científica: seu método é empírico e concreto. Abordagem incompleta da organização: limitar apenas aos aspectos formais da organização, omitindo a organização informal e os aspectos humanos da organização. Ficou restrita aos problemas da produção na fábrica. Abordagem prescritiva e normativa. Sistema fechado, não olhava o ambiente que estava inserido. TEORIA CLÁSSICA Abordagem desenvolvida na França pelo Engenheiro Henry Fayol no início do século XX. Tal perspectiva tinha como enfoque a produtividade da empresa através da divisão do trabalho e especialização da estrutura da organização (departamentalização). Assim a empresa seria eficiente. Parte do todo para as partes. É uma teoria de cima para baixo. Portanto, a ênfase está na estrutura das organizações. As funções básicas das empresas seriam: TCFSCA (técnica, comercial, financeira, segurança, contábil e administrativa). O conceito de administração é POCCC (planejar/prever, organizar, comandar, coordenar, controlar). Tais são os elementos da administração que quando atuam juntamente formam o processo administrativo. A função administrativa se encontra em todos os níveis hierárquicos da organização. Aliás, a organização pode ter dois significados diferentes: entidade social e função administrativa. A primeira é um empreendimento humano moldado intencionalmente para atingir determinados objetivos. Já a segunda, por sua vez, é parte do processo administrativo. Significa o ato de organizar, estruturar e alocar recursos. Essa teoria tem um aspecto prescritivo e normativo: prescreve os elementos da administração (funções do administrador) e normatiza os princípios gerais que o administrador deve adotar em sua atividade. A TC é baseada na divisão do trabalho, especialização, coordenação e atividades de linha e de staff. É uma cadeia de comando, ou seja, uma linha de autoridade que interliga as posições da organização e define quem se subordina a quem. Unidade de comando= cada empregado deve se reportar a um só superior. A DT constitui o fundamento da organização, é a própria razão da organização. A DT conduz à especialização e à diferenciação de tarefas. A TC se preocupava com a divisão no nível dos órgãos que compõem a organização. Dois tipos de divisões: 1- Divisão vertical do trabalho: a autoridade aumenta à medida que se sobe na hierarquia da organização. 2- Divisão horizontal do trabalho: no mesmo nível hierárquico, cada departamento ou seção passa a ser responsável por uma atividade específica e própria. A ideia era que quanto mais departamentalizada uma organização mais eficiente seria e maior a necessidade de coordenação. Lembrar, os elementos administrativos (funções do administrador – POC³: planejar/prever, organizar, comandar, coordenar e controlar) tomados em seu conjunto formam o processo administrativo. O administrador deve obedecer as normas e princípios gerais, tais atos seriam capazes de resolver os problemas organizacionais. Apreciação crítica Concebem a organização em termos lógicos, formais, rígidos e abstratos, sem considerar seu conteúdo psicológico e social com a devida importância. Partem do pressuposto de que a simples adoção dos princípios gerais da administração seria suficiente para proporcionar o máximo de eficiência para a empresa. Portanto, se entende como uma visão simplória e reducionista da atividade organizacional. Ausência de trabalhos experimentais. Fundamentam seus conceitos na observação e no senso comum. Seu método é empírico e concreto. Suas afirmações se dissolvem quando postas em experimentação. Comportamento mecânico (receita do bolo): a determinadas ações ou causas decorremdeterminados efeitos ou consequências. A abordagem é simplificada e incompleta porque não considera o comportamento humano na organização. Descuidou-se da organização informal. Conclusão É a abordagem mais utilizada para os iniciantes em administração: visão simples e ordenada. Em uma época de mudança e instabilidade que se vive, a abordagem clássica mostra-se rígida, inflexível e conservadora, pois ela foi concebida em uma época de estabilidade e permanência. Vale ressaltar que para entender a abordagem clássica, é necessário compreender a época e o contexto que se caracterizou pelo predomínio de um modelo de administração adequado para aquela situação. ABORDAGEM HUMANÍSTICA Ocorreu nos USA aproximadamente em 1930. A teoria administrativa passou por uma revolução conceitual. Deu ênfase nas pessoas que trabalham na organização. Preocupou-se com as pessoas e com os grupos sociais (aspectos psicológicos e sociológicos). Aspectos das análises: Adaptação do trabalhador ao trabalho – selecionava através de testes psicológicos se o trabalhador se enquadrava num determinado serviço. Adaptação do trabalho ao trabalhador – estudo da personalidade do trabalhador e do gerente, a motivação e os incentivos do trabalho, a liderança, as comunicações e as relações interpessoais e sociais dentro da organização. A teoria das relações humanas surgiu nos USA como consequência das conclusões da experiência de Hawthorne, desenvolvida por Elton Mayo e colaboradores. Foi um movimento de reação e oposição à teoria clássica da administração. Foi desenvolvida devido a necessidade de humanizar e democratizar a administração. Em 1927 foi realizada uma pesquisa iniciada na experiência na fábrica de Hawthorne – Chicago para avaliar a correlação entre iluminação e eficiência dos operários medida por meio de produção. A intenção de verificar os efeitos das condições de trabalho sobre a produtividade do pessoal. Assim, foi observado que os resultados das experiências eram prejudicados por variáveis de natureza psicológica. Na primeira fase, os operários reagiam à experiência de acordo com suas suposições pessoais. Comprovou-se a preponderância do fator psicológico sobre o fisiológico. A eficiência dos operários é afetada por condições psicológicas. Conclusões da experiência O nível de produção é resultante da integração social. É a capacidade social do trabalhador que determina seu nível de competência e eficiência. Portanto, quanto maior a integração social do grupo de trabalho maior a disposição de produzir. A amizade e o agrupamento social dos trabalhadores devem ser considerados pela empresa. Os trabalhadores agem como membros de grupos. Os operários preferiram produzir menos e ganhar menos a pôr em risco suas relações amistosas com os colegas. Conceito de homem social – as pessoas são motivadas pela necessidade de reconhecimento, aprovação social e participação nas atividades dos grupos sociais nos quais convivem. Os humanistas se concentram nos grupos informais da organização. A empresa passou a ser vista como uma organização composta de grupos sociais informais, cuja estrutura nem sempre coincide com a organização formal da empresa. A compreensão das relações humanas permite ao administrador melhores resultados de seus subordinados. Ênfase nos aspectos emocionais: sociólogos da organização. Mayo defende os seguintes pontos: 1. O trabalho não é uma atividade tipicamente grupal. 2. O operário reage como membro de um grupo social. 3. A tarefa básica da administração é formar uma elite capaz de compreender e comunicar. As relações humanas e cooperação são a chave para evitar o conflito social. Características dessa abordagem: Organização como grupo de pessoas, ênfase nas pessoas, inspirados em sistemas da psicologia, delegação de autoridade, autonomia do empregado, confiança e abertura, enfoque nas relações entre as pessoas, dinâmica grupal e interpessoal. Administrar, nesse sentido, é formar uma elite capaz de compreender e comunicar. Decorrências da Teoria das Relações Humanas Os 03 níveis ou estágios de motivação: necessidades fisiológicas (primárias), psicológicas (secundárias e exclusivas do homem) e de autorrealização (são as necessidades mais elevadas e decorrem da educação e da cultura). O comportamento humano é motivado. A motivação é a tensão persistente que o leva o indivíduo a agir visando a satisfação de uma ou mais necessidades. É o impulso de exercer esforço para o alcance de objetivos organizacionais, desde que também tenha condição de satisfazer alguma necessidade individual. Moral é uma decorrência do estado motivacional das pessoas, provocado pela satisfação, ou não, das necessidades individuais. À medida que as necessidades são satisfeitas pela organização, ocorre elevação da moral. Conceito de liderança O administrador precisa conhecer a natureza humana e saber conduzir as pessoas, isto é, liderar. Teorias sobre o estilo de liderança: autocrática (decisões centralizadas), liberal (decisões descentralizadas), democrática (equilíbrio nas decisões, há consulta antes da tomada dos processos decisórios). Comunicação é a troca de informações entre as pessoas. Organização informal (Dickson e Roethlisberger) verificaram que o comportamento humano no trabalho não pode ser compreendido sem considerar a organização informal da fábrica. Crítica Ênfase nos grupos informais. Concepção ingênua e romântica do operário. Foco míope: baseou-se em poucas pessoas na pesquisa para fazer generalizações. (Limitação do campo experimental, pesquisa insuficiente). Enfoque manipulativo das relações humanas. Conclusão Atualmente, o sucesso e a competitividade de muitas organizações passam pela maneira como elas tratam e gerenciam as pessoas. ABORDAGEM NEOCLÁSSICA (Peter Drucker) É a redenção da teoria clássica devidamente atualizada e redimensionada aos problemas administrativos atuais e ao tamanho das organizações. Consiste em identificar as funções do administrador e em seguida, destilar delas os princípios fundamentais da prática administrativa. Organização é a soma de pessoas e recursos para alcançar os resultados. Função do administrador: PODC (planejar, organizar, dirigir, controlar). Planejar – definir um fim e estabelecer os meios para atingir (rotas de ação). Organizar – alocar pessoas e recursos. Definir quem faz o quê e como. Dirigir – colocar em marcha as atividades para que estejam dentro da rota de ação e atinjam as finalidades. Controlar – comparar, avaliar e medir. (Idealizado – realizado). Ex: gabarito oficial (idealizado) e a prova realizada. Habilidades do administrador Conceitual – entendimento do contexto Humana – pessoas: necessidades e interesses. Técnica – atividades e métodos para realizar tarefas. Níveis de organização Estratégico (muito amplo, alto grau de complexidade, longo prazo). Tático (média amplitude, médio grau de complexidade, médio prazo). Operacional – pouco amplo, baixo grau de complexidade, curto prazo. Característica da neoclássica Ênfase na prática da administração; Reafirmação relativa aos postulados clássicos; Ênfase nos princípios gerais da administração; Ênfase nos objetivos e resultados; Ecletismo nos conceitos. Os autores neoclássicos se preocupam em estabelecer os princípios gerais da administração capazes de orientar o administrador no desenvolvimento de suas funções. O princípio é uma proposição geral aplicável a determinados fenômenos para proporcionar guias para a ação. A cada ação, usa-se um princípio mais adequado. Operações eficientes- > Resultados desejados. São os objetivos que justificam a existência e a operação de uma organização. Administração por objetivos (APO). Considera os meios na busca da eficiência, mas enfatiza os fins e os resultados na busca de eficácia. Eficácia é uma medida do alcance de resultados. Eficiência é uma medida da utilização dos recursos nesse processo. Princípios fundamentais na organização: Divisão do trabalho, especialização, hierarquia, amplitude administrativa. A centralização e a descentralização referem-se ao nível hierárquico no qual as decisões devem ser tomadas. O primeiro, a autoridade para tomar decisões próximas ao topo da organização. No segundo, a autoridade para tomar decisões é deslocada para os níveis mais baixo da organização. Funções do administrador – PODC – Planejamento, Organização, direção e controle. Quando considerados em um todo integrado, as funções administrativas formam o processo administrativo. Planejamento: formular objetivos e meios para alcança-los. Definir missão, programar atividades. Pode ser: estratégico (alta amplitude, longo prazo, muito complexo); tático (média amplitude, prazo e complexidade); operacional (pouca abrangência, curto prazo, baixa complexidade). Organização: desenhar trabalho, alocar recursos e coordenar atividades. Dividir o trabalho, designar as atividades e agrupá-las em órgãos ou cargos. Definir autoridade e responsabilidade. Pode ser: global, departamental e das tarefas. Direção: designar pessoas, coordenar seus esforços, liderá-los, motivá-los, orientá-los e comunicá-los. Pode ser: direção, gerência e supervisor. Controle: monitorar atividade e corrigir os desvios. Definir padrões, monitorar desempenho, avaliar desempenho, ação corretiva. Definir padrões, monitorar, comparar, corrigir. O processo administrativo é flexível, dinâmico, contínuo e interativo. A ênfase em objetivos e resultados (fins) no lugar dos métodos (meios) foi uma revolução na maneira de conduzir as organizações. A teoria neoclássica é o fundamento da administração moderna.
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