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Habermas e reconhecimento intersubjetivo No mesmo sentido vem a opinião do filósofo e sociólogo alemão Jürgen Habermas. A sua teoria do reconhecimento levanta a questão de que uma democracia não garante por si só a justiça social e o respeito pelas diferenças culturais. debate que trata do reconhecimento está presente de forma não marginal na vasta produção intelectual do Aqui, importa percebermos o que essa teoria ilumina, ou seja, que uma democracia efetiva não negligencia o problema do que chama "minorias "inatas", tampouco aquele que surge "quando uma cultura majoritária, no exercício do poder político, impinge às minorias a sua forma de vida, negando assim aos cidadãos de origem cultural diversa uma efetiva igualdade de direitos" (Habermas, 2004, p. 170). A igualdade formal de direitos, prevista no regime republicano com base no princípio universalista, não exclui, segundo o autor, a necessidade do reconhecimento das diferenças pelas políticas de inclusão. Habermas os direitos fundamentais na esfera do "reconhecimento intersubjetivo", ou seja, como "direitos que os cidadãos devem reconhecer mutuamente" (Habermas, 2004, p. 237). autor ressalta a importância da ação de movimentos sociais - por exemplo, grupos feministas, minorias de imigrantes e refugiados, povos originários de regiões que foram submetidas ao sistema de colonização, pessoas com deficiência, homossexuais para que possa ocorrer uma "articulação e afirmação de identidades coletivas" em prol da efetivação do Estado de direito por uma "via democrática" (Habermas, 2004, p. 237 e 245). "reconhecimento intersubjetivo" confere, assim, legitimidade à "luta social contra a opressão de grupos que se viram privados de chances iguais de vida no meio assumindo que "as injustas condições sociais de vida na sociedade capitalista devem ser compensadas com a distribuição mais justa dos bens coletivos" (Habermas, 2004, p. 238).