Buscar

Controle da Administração Pública

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 135 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 135 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 135 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
1 
Olá! 
 
Vamos que vamos. Hoje veremos o seguinte: 
 
Aula 05: 
Controle da Administração: Administrativo, judicial e 
legislativo. Meios de controle administrativos. Controle 
comum. Controle especial. Atos interna corporis. Atos 
legislativos. Atos políticos. Atos administrativos vinculados e 
discricionários. 
 
Assim, nossa sequência observará o seguinte: 
 
 
S U M Á R I O 
 
1. CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO ............................................................................. 2 
1.1 Classificação ........................................................................................................... 3 
1.2 Controle Administrativo ......................................................................................... 6 
1.2.1 Coisa Julgada, Preclusão e Prescrição Administrativa ..................................... 10 
1.3 Controle Legislativo ............................................................................................. 12 
1.4 Controle Judicial ou Jurisdicional ........................................................................ 19 
1.4.1 Ações Constitucionais ....................................................................................... 25 
1.4.1.1 Habeas Corpus ............................................................................................... 26 
1.4.1.2 Habeas Data ................................................................................................... 32 
1.4.1.3 Mandado de Injunção .................................................................................... 38 
1.4.1.4 Mandado de Segurança .................................................................................. 40 
1.4.1.5 Mandado de Segurança Coletivo .................................................................... 54 
1.4.1.6 Ação Popular .................................................................................................. 60 
1.4.1.7 Ação Civil Pública ........................................................................................... 61 
2. QUESTÕES COMENTADAS ...................................................................................... 63 
3. QUESTÕES SELECIONADAS .................................................................................. 116 
4. GABARITO ............................................................................................................ 135 
 
 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
2 
 
1. CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO 
 
O exercício da atividade administrativa é orientado a 
cumprir e satisfazer o interesse coletivo. Significa dizer que a própria 
Administração Pública e os agentes públicos a realizam não como 
detentores de um direito, mas como gestores de interesses alheios. 
 
Assim, aquele que gere interesse de outrem deve prestar 
contas de suas atividades, sofre permanente fiscalização sobre o que 
faz e como faz. 
 
Dentro dessa perspectiva, a Constituição estabelece que 
os Poderes sejam independentes e harmônicos entre si, de modo que 
se verifica a aplicação da teoria dos freios e contrapesos (check and 
balance). Isto é, um poder está limitado pelo outro, no sentido de que 
há fiscalização recíproca, além do próprio direito de fiscalizar conferido 
ao titular do poder, o povo. 
 
Nesse sentido, no âmbito da Administração Pública, há o 
denominado controle da Administração que consiste no poder de 
fiscalização e correção que é exercido sobre suas atividades, quer seja 
feita pela própria Administração, quer pelos órgãos dos Poderes 
Judiciário e Legislativo, com o objetivo de garantir a conformidade de 
sua atuação com os princípios e regras que a orientam, bem como 
buscar a primazia de sua atuação. 
 
Com efeito, conforme leciona José dos Santos Carvalho 
Filho1, controle da Administração Pública é “o conjunto de mecanismos 
jurídicos e administrativos por meio dos quais se exerce o poder de 
fiscalização e de revisão da atividade administrativa em qualquer das 
esferas de Poder”. 
 
É importante destacar que o Decreto-Lei nº 200/67 
 
1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 20ª Ed. Rio de Janeiro: Lumen 
Juris, 2009. 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
3 
estabelece que dentre os princípios fundamentais que devem ser 
observados no exercício da função administrativa está o controle, 
consoante dispõe o art. 6º, que assim expressa: 
 
Art. 6º As atividades da Administração Federal obedecerão aos 
seguintes princípios fundamentais: 
I - Planejamento. 
II - Coordenação. 
III - Descentralização. 
IV - Delegação de Competência. 
V - Controle. 
 
Trata-se, é verdade, de orientação conferida por força da 
implantação do que se denomina Administração burocrática, cujo cerne 
passa pela necessidade de controle de todas as atividades 
desempenhadas pela Administração Pública, em diversas fases, a fim 
de evitar atos de corrupção, de confusão patrimonial, de 
locupletamento. 
 
Mas, mais importante do que o mero controle, no sentido 
de não se permitir desviar dos objetivos traçados pelo ordenamento, é 
a busca incansável da melhoria das atividades, de modo à melhor 
satisfazer e realizar o interesse público. 
 
Desse modo, o controle a um só tempo permite o 
cumprimento do princípio da legalidade, na medida em que se permite 
verificar a adequação e legitimidade dos atos em relação aos vetores 
legais, quanto a aferir a satisfação dos objetivos e metas traçados pelo 
Estado em relação às políticas públicas, como também a concretização 
do Estado democrático e social de Direito, o qual tem por fim a busca 
da felicidade humana. 
 
1.1 Classificação 
 
É fácil percebemos que há diversas formas de controle, 
que nos leva a classificá-lo por diversos aspectos, seja tomando por 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
4 
consideração o órgão que o exerce, seja no tocante à natureza e 
alcance do controle, bem como por outros critérios, dos quais é 
importante destacar os seguintes: 
 
Quanto à natureza do órgão que realiza o controle, 
temos o controle legislativo, o judicial e o administrativo. 
 
O controle legislativo é o empreendido por órgão que 
integram o Poder Legislativo, tal como o realizado pelo Congresso 
Nacional, por suas casas, ou mesmo pelo Tribunal de Contas no que 
diz respeito à atividade administrativa. 
 
O controle judicial é a fiscalização levada a efeito por 
órgãos integrantes do Poder Judiciário sobre os atos da Administração 
Pública. Trata-se de verificação de legalidade dos atos praticados pela 
Administração Pública. 
 
E o controle administrativo é o poder que tem a 
própria Administração de rever seus atos que, de acordo com o 
princípio da autotutela, lhe assegura o poder de anular os atos ilegais 
e revogar os que não mais forem adequados ao interesse público. 
 
Quanto ao momento de realização, o controle será 
prévio (preventivo), concomitante ou posterior. 
 
É prévio(a priori) o controle realizado de modo 
preventivo, ou seja, antes do ato ser praticado, tal como a aprovação 
de determinados atos do Executivo pelo Legislativo (ex: nomeação de 
Ministro para Tribunal Superior). 
 
É concomitante quando acompanha a atuação 
administrativa no momento em que ela se verifica (exemplo: 
acompanhamento da execução orçamentária). 
 
E, é posterior (a posteriori) quando objetiva rever os 
atos já praticados, para corrigi-los, desfazê-los ou apenas confirmá-los 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
5 
(anulação, revogação, confirmação etc). 
 
Quanto à extensão do controle, temos o controle 
interno e o externo. É interno o controle realizado por órgão 
controlador integrante da mesma estrutura do órgão controlado. É 
externo quando o órgão controlador não integra essa mesma estrutura, 
seja por estar em Poder distinto do órgão controlado, seja por estar 
em pessoa jurídica diversa. 
 
Há, contudo, autores que sustentam divergência no 
sentido de que o controle interno é o exercido no mesmo poder. Por 
isso, consideram como controle interno o exercido pela Administração 
Direta sobre a Indireta, denominando de controle interno exterior. 
 
Quanto à natureza do controle, teremos o controle 
de legalidade e o controle de mérito. É de legalidade quando se 
destina a verificar a adequação, a validade, do ato no tocante ao 
cumprimento, à observância, aos ditames legais. É de mérito quando 
diz respeito aos aspectos de adequação ao interesse público, ou seja, 
aos aspectos de conveniência e oportunidade. 
 
Fala-se, ainda, em controle de subordinação e controle 
de vinculação. 
 
O controle de subordinação é o que decorre da relação 
de hierarquia existente na estrutura de um ente ou entidade da 
Administração (exemplo recurso hierárquico), ou seja, no âmbito de 
seus órgãos. 
 
O controle de vinculação decorre da relação existente 
entre a Administração direta e a indireta, que não há subordinação, 
mas uma ligação, vínculo, liame de finalidade (exemplo: recurso 
hierárquico impróprio). 
 
 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
6 
1.2 Controle Administrativo 
 
O controle administrativo, como destacado, é controle 
que a própria Administração realiza sobre ela mesma. Decorre da 
prerrogativa de autotutela dos entes públicos, que permite à 
administração declarar a nulidade de seus próprios atos quando ilegais, 
ou revogá-los quando inoportunos ou inconvenientes ao interesse 
público. 
 
Essa prerrogativa não estava expressa no ordenamento 
jurídico, tendo sido reconhecida na jurisprudência por meio das 
Súmulas 346 e 473 do STF, as quais prescrevem: 
 
Súmula nº 346: A Administração Pública pode declarar 
a nulidade dos seus próprios atos. 
 
Súmula nº 473: A Administração pode anular seus 
próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam 
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou 
revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, 
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em 
todos os casos, a apreciação judicial. 
 
Nesse sentido, a Lei nº 9.784/99, em seu artigo 53, 
expressamente, estabelece que a “Administração deve anular seus 
próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-
los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os 
direitos adquiridos”. 
 
Diz-se controle finalístico, supervisão ministerial 
ou controle de vinculação ou tutela, na medida em que não há 
subordinação entre pessoas jurídicas distintas, ou seja, não há 
subordinação entre as pessoas jurídicas integrantes da Administração 
Indireta (entidades) e os órgãos integrantes das pessoas jurídicas 
integrantes da Administração Direta (entes políticos). 
 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
7 
Portanto, trata-se de controle que deve ser efetivado 
apenas nos limites especificados em lei, ou seja, somente se admitindo 
diante de previsão expressa, sob pena de violação à autonomia 
administrativa. 
 
Nesse sentido, devemos observar que há diversos 
instrumentos do controle administrativo, dentre eles, temos, por 
exemplo, os recursos administrativos que podem ser considerados 
manifestações do poder de autotutela, e em especial, no que diz 
respeito ao administrado, do direito de petição (art. 5º, inc. XXXIV, 
CF/88) e da ampla defesa (art. 5º, LIV, CF/88). 
 
Os recursos administrativos em regra possuem efeito 
devolutivo, porém podem ter efeito suspensivo, quando a lei o prevê 
expressamente. O efeito suspensivo impede a fluência do prazo 
prescricional e torna desnecessária a tutela jurisdicional para 
impugnação do ato recorrido. 
 
Contudo, ninguém está obrigado a esgotar a instância 
administrativa através de recurso, consoante o princípio 
inafastabilidade ou inevitabilidade de jurisdição (art. 5º, XXXV, CF/88), 
segundo o qual a lei não poderá excluir da apreciação judicial ameaça 
ou lesão a direito, salvo no caso da justiça desportiva em que se 
estabelece a necessidade de esgotamento da instância administrativa, 
para só então ser possível o acesso ao Judiciário. 
 
É importante destacar, nesse aspecto, que algumas leis 
traziam como requisito para a interposição de recurso administrativo a 
exigência de depósito prévio ou garantia de instância, ou seja, o 
recurso deveria depositar certo percentual ou valor estipulado a fim de 
que pudesse recorrer, sem tal depósito o recurso não era admitido por 
ser considerado deserto (falta de pagamento do depósito recursal). 
 
A Lei nº 9.784/99, no âmbito federal, estabeleceu que 
“salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo 
independe de caução”. Todavia, o Supremo Tribunal Federal editou a 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
8 
Súmula Vinculante nº 21, a qual dispõe que “é inconstitucional a 
exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou 
bens para admissibilidade de recurso administrativo”. 
 
Assim, por força do direito de petição, diversos 
instrumentos exemplificam a atividade de controle administrativo, tais 
como: 
 
Recurso hierárquico próprio meio de se impugnar 
decisões proferidas tanto no que se refere à legalidade quanto o 
mérito. É dirigido à autoridade imediatamente superior àquela que 
proferiu a decisão. 
 
Nesse sentido, devemos nos ater ao fato de que a Lei nº 
9.784/99 (que regula o processo administrativo no âmbito federal) 
estabeleceu o limite de até três instâncias, salvo previsão legal 
específica e determinou que o recurso fosse interposto perante a 
própria autoridade recorrida, a qual poderá reconsiderar a decisão ou 
remeter o recurso para a autoridade superior competente. 
 
Recurso hierárquico impróprio, também é meio de 
impugnação de decisão anterior. Ocorre, no entanto, que não há um 
alcance amplo, trata-se de um recurso mais limitado. É que não 
decorre de uma subordinação entre as entidades da Administração 
indireta em relação aos entes da Administração direta. 
 
É dirigido à autoridade de outro órgãonão integrado na 
mesma hierarquia daquele que proferiu o ato ou para autoridade de 
órgão de pessoa distinta da autoridade recorrida. (ex., recurso contra 
ato de dirigente de Autarquia dirigido ao Chefe do Executivo ou ao 
Ministro). Por isso, denominado impróprio, já que não existe hierarquia 
ou subordinação no caso. 
 
Pedido de reconsideração é manifestação dirigida à 
autoridade que tenha proferido decisão no sentido de que a modifique 
conforme novos argumentos ou fatos que se expõe. 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
9 
 
Reclamação é manifestação genérica que por vezes é 
entendida com simples manifestação do direito de petição ou que é 
meio de se manifestar contra ato da Administração. 
 
Para a Profa. Di Pietro constitui gênero de manifestação 
do direito de petição, abrangendo qualquer ato pelo qual o 
administrado deduz pretensão perante a administração, visando obter 
o reconhecimento de um direito ou a correção de um ato que lhe cause 
lesão ou ameaça de lesão. 
 
O Decreto nº 20.910/32 refere-se à manifestação para 
assegurar o exercício de um direito e evitar a prescrição, fixando que 
é cabível no prazo de 1(um) ano quando a lei não prever recurso 
nenhum específico ou recurso sem prazo. 
 
Representação também é uma manifestação genérica 
no sentido de defender ou resguardar interesse geral. Diz respeito à 
denúncia de irregularidades feita perante a própria Administração. 
 
A Constituição faz alusão à representação, dando-lhe um 
caráter de instrumento de defesa do interesse coletivo, contra 
ilegalidades ou abusos, conforme previsto no inciso III, do §3º do 
artigo 37, quando trata das formas de participação do usuário na 
Administração Pública2. 
 
Por vezes, o termo é tomado no sentido de denúncia, 
que é corolário do direito de representação, tal como estabelece o 
artigo 74, §2º, Constituição que permite a qualquer cidadão, partido 
político, associação ou sindicato denunciar irregularidades ou 
ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União3. 
 
 
2 III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função 
na administração pública. 
3 § 2º - Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, 
denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. 
 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
10 
Revisão é uma espécie de novo processo no qual se 
busca o reexame de decisão proferida anteriormente, com base na 
existência de fatos novos ou circunstâncias que tornem insubsistentes 
as razões da decisão anterior. 
 
Ressalta-se, portanto, que o controle administrativo é 
controle realizado por órgãos da própria Administração Pública. Assim, 
é controle administrativo o controle realizado no âmbito interno dos 
entes ou das entidades, por meio de seus diversos órgãos, observando 
à hierarquia ou subordinação administrativa, controle de autotutela. 
 
Como também é controle administrativo o controle 
realizado sob a perspectiva da vinculação, seja dentro da mesma 
estrutura organizacional, quando não há hierarquia entre órgãos 
distintos (controle realizado pela corregedoria geral em relação aos 
outros Ministérios), bem como o controle de resultado, finalístico, ou 
seja, controle de tutela realizado pelo órgão supervisor em relação à 
entidade da Administração Indireta. 
 
1.2.1 Coisa Julgada, Preclusão e Prescrição Administrativa 
 
A coisa julgada é termo próprio do processo judicial, é a 
condição de imutabilidade de uma decisão judicial, ou seja, a coisa 
julgada ocorre quando não for mais possível modificar o teor de uma 
decisão judicial pelo não cabimento de recurso. 
 
Tal ideia é adaptada à Administração Pública no sentido 
de que tenha ocorrido a preclusão de um ato decisório. Quer dizer não 
pode mais a Administração modificar os efeitos de uma decisão 
administrativa, ou, como bem ressalta a Profa. Di Pietro, significa que 
uma decisão administrativa tornou-se irretratável nesta esfera. 
 
Devemos lembrar, no entanto, que as decisões 
administrativas podem ser sempre objeto de questionamento judicial, 
pois vigora no Brasil, como já asseverado em capítulo anterior, o 
sistema de jurisdição única, no qual nenhuma lesão ou ameaça a 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
11 
direito pode ser excluída da apreciação judicial. 
 
Como lembra Hely Lopes, “o que ocorre nas decisões 
administrativas finais é, apenas, preclusão administrativa, ou a 
irretratabilidade do ato perante a própria Administração. É a sua 
imodificabilidade na via administrativa, para estabilidade das relações 
entre as partes”. 
 
Assim, a coisa julgada administrativa é condição de uma 
decisão administrativa que já não é mais passível de modificação pela 
própria Administração. 
 
A prescrição administrativa é instituto no qual se opera 
a perda do prazo para se pretender algum direito perante a 
Administração ou da própria Administração em relação ao 
administrado, ou seja, é a perda do prazo para que se postule 
administrativamente, recorrendo de uma decisão ou para que ocorra a 
aplicação de uma penalidade. 
 
Observe que o prazo para que o administrado promova 
ação contra a Administração a fim de que cobrar alguma dívida é de 
cinco anos conforme o Decreto 20.930/324. De outro lado, o prazo para 
que a Administração aplique sanção decorrente do Poder de Polícia 
também é de cinco anos, conforme a Lei nº 9.873/945. 
 
Quanto à aplicação de penalidade aos servidores 
públicos no âmbito federal, a Lei nº 8.112/906 estabelece, conforme a 
gravidade da infração, os prazos prescricionais de cento e oitenta dias 
(advertência), dois anos (suspensão) ou cinco anos (demissão). 
 
4 Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou 
ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco 
anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem. 
5 Art. 1º Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no 
exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática 
do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. 
6 Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com 
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão; II - em 2 
(dois) anos, quanto à suspensão; III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
12 
 
Não se deve confundir os prazos prescricionais com o 
prazo decadencial previsto no artigo 53 da Lei nº 9.784/99. A 
decadência refere-se à perda do próprio direito, no caso, de anular o 
ato eivado de vício de legalidade. 
 
No âmbito do controle administrativoainda temos o 
processo administrativo, regulado no plano federal pela Lei nº 
9.784/99, assunto tratado em capítulo próprio. Devendo ser 
ressaltado, ademais, que o controle administrativo pode ser deflagrado 
de ofício ou mediante provocação do interessado. 
 
1.3 Controle Legislativo 
 
Como ressaltado, em razão da fórmula adotada pelo 
Estado brasileiro, observa-se que um Poder tem incumbência de 
fiscalizar o outro, sob os limites de não interferência na autonomia de 
cada um. 
 
Assim, nos termos dos permissivos constitucionais, 
exerce o Poder Legislativo fiscalização das atividades desempenhadas 
pela Administração Pública. Ressalta-se que esse controle só se exerce 
nos limites e nas condições expressamente estabelecidas na 
Constituição (federal ou estadual, conforme o caso), sob pena de 
violação ao primado da separação de poderes. 
 
Com efeito, o controle legislativo é exercido sob os 
critérios político (controle político) e o financeiro (controle financeiro). 
 
O controle político é controle mais abrangente de 
modo que pode alcançar os aspectos de legalidade, como também, em 
determinados casos, os de mérito. São inúmeros os exemplos dessa 
hipótese de controle constante na Constituição Federal, tal como: 
 
 Autorização dada ao Presidente para ausentar-se 
do país (art. 49, inc. III, CF/88) 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
13 
 
 Convocação de Ministros ou autoridades públicas 
para prestar informações ou para prestá-las por 
escrito (art. 50, caput e §2º, CF/88); 
 
 Apuração de irregularidades pela Comissão 
Parlamentar de Inquérito (art. 58, §3º, CF/88); 
 
 Competência do Congresso Nacional para sustar 
atos do Executivo que exorbitem do poder 
regulamentar ou dos limites da delegação 
legislativa (art. 49, inc. V, CF/88); 
 
 Apreciar os atos de concessão e renovação de 
concessão de emissoras de rádio e televisão (art. 
49, inc. XII, CF/88) 
 
De mais a mais, o controle político é objeto de estudo de 
Direito Constitucional, tal como o papel desempenhada pelas 
Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s). 
 
O controle financeiro diz respeito à fiscalização 
contábil, financeira e orçamentária, operacional, patrimonial, quanto 
aos aspectos de legalidade legitimidade e economicidade, bem como 
dos resultados de cumprimento de programas de trabalho e metas. 
 
Controle financeiro é aquele exercido pelo Poder 
Legislativo sobre o Executivo, o Judiciário e sua própria administração 
no que se refere à receita, à despesa e à gestão de recursos públicos, 
alcançando também outras pessoas físicas ou jurídicas que não 
integrem a Administração, mas que recebam recursos públicos. 
 
O controle financeiro compreende os aspectos contábil, 
financeiro, orçamentário, operacional e patrimonial, consoante 
dispõe o artigo 70 da Constituição Federal7. 
 
7 Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
14 
 
A área contábil é aquela em que se formalizam os 
registros das receitas e despesas. Na área financeira, em sentido 
estrito, o controle se executa sobre os depósitos bancários, os 
empenhos, o pagamento e o recebimento de valores etc. O controle 
orçamentário visa ao acompanhamento do orçamento e à fiscalização 
dos registros nas rubricas adequadas. 
 
Quanto aos controles operacional e patrimonial deve-
se observar que no operacional a fiscalização incide sobre a execução 
das atividades administrativas em geral, verificando-se notadamente a 
observância dos procedimentos legais para cada fim, bem como a 
necessidade de sua adequação à maior celeridade, eficiência e 
economicidade. 
 
E, no patrimonial o controle recai sobre os bens do 
patrimônio público, exigindo-se sejam inventariados com certa 
frequência, bem como aferidos os estoques, os bens de uso, os bens 
consumíveis etc. 
 
Ademais, como destacado, o controle financeiro alcança 
os aspectos de legalidade, legitimidade, economicidade, a aplicação 
das subvenções e a renúncia de despesas, conforme dispõe o artigo 70 
já citado. 
 
Veja-se que a renúncia de receitas há de ter sempre 
caráter excepcional, pois que não pode o administrador deixar de 
receber recursos que vão ser vertidos para a própria coletividade. 
 
Faz-se uma ressalva no tocante ao entendimento de 
parte da doutrina, a exemplo da Profa. Di Pietro, que entende que o 
controle quanto aos aspectos de legitimidade e economicidade refere-
se ao controle de mérito do ato administrativo, abrangendo desde a 
 
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação 
das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, 
e pelo sistema de controle interno de cada Poder. 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
15 
compatibilidade com o plano plurianual até o cumprimento do princípio 
da eficiência. 
 
A propósito, no que se refere ao relevante papel do 
controle financeiro, estabelece a Constituição que essa função a cargo 
do Congresso Nacional será desempenhada com o auxílio do Tribunal 
de Contas da União, conforme dispõem os artigos 71 e seguintes. 
 
Trata-se do chamado controle externo. Todavia, 
devemos lembrar que nesse aspecto, em cada poder, haverá um 
controle interno que atuará de forma integrada ao controle externo, 
nos termos do artigo 74 da Constituição Federal ao asseverar que “os 
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma 
integrada, sistema de controle interno”. 
 
Com efeito, o Tribunal de Contas da União é órgão 
integrante do Poder Legislativo da União que tem a função 
constitucional de auxiliar o Congresso Nacional no controle financeiro 
externo da Administração Pública, como emana do artigo 71 da 
Constituição, que lhe atribuiu diversas competências, sendo assim 
enumeradas: 
 
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso 
Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de 
Contas da União, ao qual compete: 
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo 
Presidente da República, mediante parecer prévio que 
deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu 
recebimento; 
II - julgar as contas dos administradores e demais 
responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da 
administração direta e indireta, incluídas as fundações e 
sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público 
federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, 
extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo 
ao erário público; 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
16 
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos 
de admissão de pessoal, a qualquer título, na 
administração direta e indireta, incluídas as fundações 
instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as 
nomeações para cargo de provimentoem comissão, bem 
como a das concessões de aposentadorias, reformas e 
pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não 
alterem o fundamento legal do ato concessório; 
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos 
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou 
de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, 
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas 
unidades administrativas dos Poderes Legislativo, 
Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no 
inciso II; 
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas 
supranacionais de cujo capital social a União participe, 
de forma direta ou indireta, nos termos do tratado 
constitutivo; 
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos 
repassados pela União mediante convênio, acordo, 
ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao 
Distrito Federal ou a Município; 
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso 
Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer 
das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, 
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e 
sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; 
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade 
de despesa ou irregularidade de contas, as sanções 
previstas em lei, que estabelecerá, entre outras 
cominações, multa proporcional ao dano causado ao 
erário; 
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote 
as providências necessárias ao exato cumprimento da 
lei, se verificada ilegalidade; 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
17 
X - sustar, se não atendido, a execução do ato 
impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos 
Deputados e ao Senado Federal; 
XI - representar ao Poder competente sobre 
irregularidades ou abusos apurados. 
 
Observe que, no caso dos contratos, estabelece o §1º do 
artigo 71 da CF/88 que o ato de sustação será adotado diretamente 
pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder 
Executivo as medidas cabíveis. E, caso o Congresso ou o próprio 
Executivo, no prazo de noventa dias, não efetive tais medidas, caberá 
ao Tribunal de Contas decidir a respeito, podendo sustá-lo desde logo. 
 
Deve-se compreender, portanto, que a função 
jurisdicional do Tribunal de Contas é de cunho administrativo, ou seja, 
o termo julgar no contexto constitucional não tem o sentido 
normalmente atribuído aos juízes no exercício de sua função 
jurisdicional. Cuida-se de disposição que lhe confere o poder de 
apreciar, examinar, analisar as contas, não tendo o caráter de 
definitividade que qualifica os atos jurisdicionais. 
 
É claro, contudo, que tais decisões podem gozar de 
certas prerrogativas, tal como a eficácia de título executivo 
extrajudicial quando imputar débito ou aplicar multa, conforme o §3º 
do artigo 71 da Constituição Federal8. 
 
De todo modo, devemos observar que ainda vige a 
Súmula 347 do Supremo Tribunal Federal, a qual estabelece que “o 
Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode 
apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder 
público”. 
 
Assim, das disposições constitucionais que tratam da 
Corte de Contas observa-se que possui diversas funções, tal como; 
 
8 § 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de 
título executivo. 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
18 
 
 Fiscalização financeira (apreciação de atos de 
admissão de pessoal e concessão de aposentadoria, 
reforma ou pensão, inspeções e auditorias, 
fiscalização de repasses vinculados a convênios); 
 
 Consulta (emissão de parecer prévio sobre as 
contas do Presidente da República); 
 
 Informação (prestação de informações ao 
Congresso e suas Casas ou Comissões); 
 
 Julgamento (exame técnico das contas dos 
administradores); sancionatórias (aplicação de 
sanções aos responsáveis por contas irregulares, 
inclusive multa); 
 
 Corretivas (fixação de prazo para providências 
necessárias ao cumprimento da lei e prerrogativa de 
sustar atos administrativos, sendo que, no caso de 
contrato, deve-se comunicar ao Congresso para que 
o faça); 
 
 Ouvidoria (recebimento de denúncias de 
irregularidades ou ilegalidades). 
 
Por fim, merece consideração o fato de que os Municípios 
não poderão criar Tribunais ou Conselhos de Contas Municipais, 
ressalvado aqueles já existentes há época da promulgação da 
Constituição de 1988. 
 
No entanto, o controle externo ainda caberá ao Poder 
Legislativo municipal que poderá obter, no caso de inexistir órgão de 
contas municipal, do Tribunal de Contas do Estado ou dos Municípios, 
onde houver, conforme art. 31, §§1º e 4º, CF/88, referido auxílio. 
 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
19 
“Municípios e Tribunais de Contas. A Constituição da 
República impede que os Municípios criem os seus 
próprios Tribunais, Conselhos ou órgãos de contas 
municipais (CF, art. 31, § 4º), mas permite que os 
Estados-membros, mediante autônoma deliberação, 
instituam órgão estadual denominado Conselho ou 
Tribunal de Contas dos Municípios (RTJ 135/457, Rel. 
Min. Octavio Gallotti – ADI 445/DF, Rel. Min. Néri da 
Silveira), incumbido de auxiliar as Câmaras Municipais 
no exercício de seu poder de controle externo (CF, art. 
31, § 1º). Esses Conselhos ou Tribunais de Contas dos 
Municípios – embora qualificados como órgãos estaduais 
(CF, art. 31, § 1º) – atuam, onde tenham sido 
instituídos, como órgãos auxiliares e de cooperação 
técnica das Câmaras de Vereadores. A prestação de 
contas desses Tribunais de Contas dos Municípios, que 
são órgãos estaduais (CF, art. 31, § 1º), há de se fazer, 
por isso mesmo, perante o Tribunal de Contas do próprio 
Estado, e não perante a Assembleia Legislativa do 
Estado-membro. Prevalência, na espécie, da 
competência genérica do Tribunal de Contas do Estado 
(CF, art. 71, II, c/c o art. 75).” (ADI 687, Rel. 
Min. Celso de Mello, julgamento em 2-2-1995, 
Plenário, DJ de 10-2-2006.) 
 
1.4 Controle Judicial ou Jurisdicional 
 
O controle judicial é o poder de fiscalização a cargo dos 
órgãos do Poder Judiciário, quando provocados, para apreciar a 
legalidade dos atos administrativos do Executivo, do Legislativo e do 
próprio Judiciário. 
 
Ressalva-se, no entanto, que com o advento da EC 
45/04, criou-se o Conselho Nacional de Justiça, órgão integrante do 
Poder Judiciário. Com efeito, tal órgão não tem competência para 
apreciar a legalidade de atos dos outros poderes, pois sua função, nos 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
20 
termos do art. 103-B, §4º, CF/88, é exercer o controle da atuação 
administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos 
deveres funcionais dos juízes. 
 
Trata-se, portanto, de controle administrativo a cargo do 
Conselho Nacional de Justiça em relação aos órgãos do Poder 
Judiciário, modelo que também foi repetido no âmbito do MinistérioPúblico, com o Conselho Nacional do Ministério Público, art. 130-A, 
CF/88. 
 
Quanto ao controle típico judicial, devemos lembrar que, 
nos termos do artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal de 1988, 
“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça 
a direito”. Significa dizer que nenhum ato proferido sob o exercício da 
função administrativa estará a salvo de apreciação judicial, caso seja 
provocado. 
 
Trata-se de controle que somente se exercita mediante 
provocação, eis que vige no âmbito da jurisdição brasileira o princípio 
da inércia ou demanda, segundo o qual a jurisdição só será exercida 
mediante provocação. 
 
No tocante à jurisdição em relação à Administração 
Pública há dois grandes sistemas, ou seja, dois grandes modelos que 
têm por fim fiscalizar a legalidade dos atos da Administração, sendo o 
sistema do contencioso administrativo e o sistema da unidade 
de jurisdição. 
 
O sistema contencioso administrativo também 
denominado de sistema de dualidade de jurisdição ou sistema 
francês caracteriza-se pelo fato de que, ao lado da Justiça do Poder 
Judiciário, o ordenamento contempla uma Justiça Administrativa. Esse 
sistema, adotado pela França e pela Itália, entre outros países, 
sobretudo europeu, apresenta juízes e tribunais pertencentes a 
Poderes diversos do Estado. Em ambas as justiças, as decisões 
proferidas ganham o revestimento de res iudicata (coisa julgada), de 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
21 
modo que a causa decidida numa delas não mais pode ser reapreciada 
pela outra. 
 
De outro lado, há o sistema do monopólio de 
jurisdição (jurisdição uma) ou sistema inglês. Nesta hipótese 
todos os litígios, administrativos ou de caráter privado, são sujeitos à 
apreciação e à decisão do Poder Judiciário, tal como adotado no Brasil 
(conforme art. 5º, inc. XXV, CF/88), além de outros países como os 
Estados Unidos, o México, entre outros. 
 
O controle judicial é necessário compreender, não é 
amplo como o controle administrativo e até mesmo o legislativo, trata-
se de controle mais restrito na medida em que se destina a aferir 
aspectos de legalidade. 
 
Todavia, tal afirmação encontra resistência no âmbito da 
doutrina, pois há os que entendem ser cabível ao Judiciário também 
aferir os aspectos de mérito do ato administrativo, no tocante aos 
limites da legalidade. 
 
Nesse sentido, Hely Lopes Meirelles destaca que “nem 
mesmo os atos discricionários refogem do controle judicial, porque, 
quanto à competência, constituem matéria de legalidade, tão sujeita 
ao confronto da Justiça como qualquer outro elemento do ato 
vinculado. (...) Daí porque o Judiciário terá que examinar o ato arguido 
de discricionário, primeiro, para verificar se realmente o é; segundo, 
para apurar se a discrição não desbordou para o arbítrio." 
 
É que mesmo os atos discricionários, conforme estudado 
em capítulo anterior, possui elementos ditos vinculados, tal como a 
competência, na medida em que sua definição deve ser prevista em 
lei, isso porque não existe ato completamente discricionário. 
 
Contudo, tal análise, é verdade, não desborda dos limites 
da legalidade, não cabe ao Poder Judiciário avaliar a conveniência e 
oportunidade da realização de certo ato, como já ressaltava Hely Lopes 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
22 
ao destacar que "o que o Judiciário não pode é ir além do exame de 
legalidade para emitir um juízo de mérito sobre os atos da 
Administração." 
 
Essa é a orientação perfilhada pelos Tribunais, 
especialmente no âmbito do Superior Tribunal de Justiça. 
Ilustrativamente: 
 
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. 
ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. 
CONTRARIEDADE À LEI AUTORIZA O PODER 
JUDICIÁRIO EXAMINAR EDITAL DE PROCESSO 
SELETIVO. ACÓRDÃO A QUO FIRMADO EM 
CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ. 
MATÉRIA CONSTITUCIONAL. STF. ENUNCIADO 83 DA 
SÚMULA DO STJ. 
1. A controvérsia essencial dos autos desvela-se 
por meio da submissão de ato administrativo ao 
controle judicial, em particular em relação à 
legalidade do ato, discricionário ou vinculado, 
sobretudo, no que diz respeito à competência, à 
forma e à finalidade legalmente previstas. 
2. Contravindo aos bem lançados argumentos recursais, 
a jurisprudência do STJ entende, em hipótese 
semelhante a destes autos, ser possível a intervenção do 
Poder Judiciário nos atos regulatórios (editais) que 
regem os concursos públicos. 
3. No caso, a prestação jurisdicional, na origem, almejou 
o aprimoramento do certame sem violar normas legais, 
ao estabelecer maior clareza ao instrumento editalício, 
in verbis: "Demonstração que o edital retificado não teve 
uma edição/redação eficiente quanto a alterações 
significativas. Razoável que se permita ao candidato que 
se vê prejudicado sob esse aspecto nova oportunidade 
para que participe do certame." (fls. 160). 
4. Pretensão, na via especial, firmada em preceito 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
23 
constitucional elide o exame do STJ. 
5. Acórdão a quo em consonância com a jurisprudência 
deste Tribunal (Enunciado 83 da Súmula do STJ). 
6. Agravo regimental a que se nega provimento. 
(AgRg no REsp 673.461/SC, Rel. Ministro CELSO 
LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), 
SEXTA TURMA, julgado em 18/02/2010, DJe 
08/03/2010) 
 
É possível, desse modo, avaliar o mérito no que diz 
respeito aos aspectos de legalidade, tal como quando o motivo 
declarado é inexistente ou falso, na ponderação da razoabilidade e 
proporcionalidade ou quando houver abuso ou desvio de finalidade, por 
exemplo. 
 
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO 
REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM 
AGRAVO. TOMADA DE CONTAS. EX-PRESIDENTE DE 
CÂMARA MUNICIPAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE 
NULIDADE DE DECISÕES PROFERIDAS PELO TRIBUNAL 
DE CONTAS DO ESTADO. IRREGULARIDADES 
APURADAS. CONTROLE DAS DECISÕES 
ADMINISTRATIVAS PELO PODER JUDICIÁRIO POR MEIO 
DOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA 
RAZOABILIDADE. DISSÍDIO. NÃO COMPROVAÇÃO. 
AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. SÚMULA 315/STJ. 
1. Agravo regimental contra o indeferimento liminar de 
embargos de divergência nos quais o embargante 
sustenta ter demonstrado, através do paradigma (REsp 
443310/RS), que a Primeira Turma já havia se 
pronunciado sobre a possibilidade do Poder 
Judiciário exercer o controle de ato administrativo 
por meio dos princípios da razoabilidade e 
proporcionalidade, sem usurpar a competência 
conferida pela Constituição Federal ao Supremo Tribunal 
Federal. 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
24 
2. Da controvérsia apresentada a exame, entretanto, 
verifica-se que o acórdão recorrido, ao julgar o agravo 
de instrumento, manteve a inadmissão do recurso 
especial neste ponto por força da Súmula 7/STJ e por 
entender ser impossível, neste apelo extremo, o exame 
de princípios constitucionais para fins de sindicabilidade 
de decisão administrativa. Assim, não tendo sido 
conhecido o recurso,não há falar em admissão do 
dissídio entre os acórdãos, pois "Não se conhece de 
embargos de divergência quando o acórdão embargado 
não conheceu do recurso especial e o paradigma, 
admitido, julgou o mérito da causa" (AgRg nos EAg 
1.038.444/PR, de minha relatoria, Primeira Seção, DJe 
6/4/2009). Aliás, se neste ponto o recurso especial nem 
sequer fora admitido, deve incidir à hipótese o teor da 
Súmula 315/STJ. 
3. Deve ser considerado também a falta de similitude 
fática entre as hipóteses, pois no voto proferido pelo 
relator no REsp 443310/RS (Ministro Luiz Fux) está 
expresso apenas que "[...] atualmente sobressai no 
âmbito de atuação da Administração Pública, a aplicação 
dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, 
quando da análise do ato administrativo que não guarde 
uma proporção adequada entre os meios que emprega e 
o fim que a lei deseja alcançar (grifo nosso)", o que, de 
modo algum, pode ser considerada como manifestação 
expressa acerca do Poder Judiciário aplicar os referidos 
princípios para revisar ato administrativo oriundo de 
julgamento feito por Corte Estadual de Contas. 
4. Agravo regimental não provido. 
(AgRg nos EAg 1159897/SP, Rel. Ministro BENEDITO 
GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 
24/08/2011, DJe 31/08/2011) 
 
Assim, o aspecto da legalidade é sempre passível de 
questionamento perante o Poder Judiciário, que também poderá aferir 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
25 
a compatibilidade do ato em relação aos demais princípios 
constitucionais, em especial no que diz respeito à moralidade, a 
exemplo da vedação do nepotismo. 
 
Significa dizer, portanto, que não é dado ao Poder 
Judiciário, no exercício de sua função típica, revogar ato 
administrativo, mas somente anulá-lo. 
 
Nesse aspecto, a Constituição Federal estabelece 
diversos meios para que o administrado possa buscar a tutela do 
Estado-Juiz a fim de fiscalizar a atuação da Administração e postular 
eventual nulidade de ato praticado, a exemplo do mandado de 
segurança, do habeas data, da ação popular, dentre outras, conforme 
veremos. 
 
1.4.1 Ações Constitucionais 
 
As garantias constitucionais do processo são o conjunto 
de garantias previstas, expressa e implicitamente, na Constituição 
Federal que asseguram ao cidadão a observância de seus direitos 
fundamentais, em especial no exercício do controle dos atos da 
Administração Púbica. 
 
Nesse sentido, a fim de proteger referidos direitos, o 
constituinte disponibilizou diversas ações denominadas, pela doutrina, 
de remédios constitucionais, denominação que é sobremaneira 
criticada por Manoel Gonçalves Ferreira Filho. 
 
Certo, todavia, que doutrina e jurisprudência 
consagraram o termo “remédio constitucional” para identificar os 
instrumentos constitucionais à disposição do indivíduo para a tutela de 
direitos ou interesses violados ou suscetíveis de violação por 
ilegalidade ou abuso de poder. 
 
Como bem destaca José Afonso da Silva, os remédios 
constitucionais são garantias constitucionais na medida em que são 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
26 
instrumentos destinados a assegurar o gozo de direitos violados ou em 
vias de ser violados ou simplesmente não atendidos. 
 
Esse entendimento também é comungado por André 
Ramos Tavares para quem os remédios constitucionais são “meios 
colocados à disposição dos indivíduos e cidadãos para provocar a 
atuação das autoridades em defesa do padecimento de direitos 
declarados”. 
 
Assim, conforme previsão constitucional, temos o 
habeas corpus, o habeas data, o mandado de segurança, a ação 
popular, o mandado de injunção, o direito de petição, o direito 
de certidão, bem como a ação civil pública. 
 
1.4.1.1 Habeas Corpus 
 
Consoante lição de José Afonso da Silva o habeas corpus, 
já previsto na Inglaterra antes mesmo de sua positivação, foi o 
primeiro instrumento a integrar as conquistas liberais, erigido à Magna 
Carta, em 1215, pelo Rei João “Sem-Terra” e formalizado, 
posteriormente, pelo Habeas Corpus Act, em 1679. 
 
Inicialmente ligado às questões do devido processo legal 
(due process of law), o habeas corpus evolui para tratar das questões 
atinentes à liberdade de locomoção. No Brasil foi concebido na 
Constituição Imperial (1891), no entanto, foi constitucionalizado em 
termos mais abrangentes, não só tutelando a liberdade de locomoção, 
mas outros direitos individuais, na linha teórica defendida por Ruy 
Barbosa, denominada “Teoria Brasileira do Habeas Corpus”. 
 
Em 1926, Emenda Constitucional restringiu seu alcance 
para os contornos atuais, limitando seu cabimento para as hipóteses 
de tutela da liberdade de locomoção. 
 
A Constituição de 1988, em seu artigo 5º, inc. LXVIII, 
assim dispõe: “Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
27 
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em 
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de 
poder”. 
 
Trata-se, portanto, de ação individual destinada a 
proteger a liberdade de locomoção contra ilegalidade ou abuso de 
poder. 
 
Discute-se acerca da natureza jurídico do habeas corpus 
na medida em que seria uma ação, um recurso ou uma simples petição. 
 
A doutrina, diante do dispositivo constitucional que 
determina a utilização do habeas nos casos de violação ou coação à 
liberdade de locomoção (art. 5º, inc. LXVIII, da CF/88 e no art. 647 e 
SS. do Código de Processo Penal), atribui-lhe a natureza de ação 
constitucional, sendo, pois, ação de conhecimento, muito embora, 
o remédio heróico sirva para tutelar qualquer hipótese de violação ou 
ameaça de violação à liberdade de locomoção, por exemplo, é cabível 
na hipótese de prisão por dívida de alimentos, depositário infiel, bem 
como ilegalidade praticada por particular. 
 
O habeas corpus é cabível nas hipóteses de violação ou 
coação à liberdade de locomoção, sendo tutelado no art. 5º, inc. 
LXVIII, da CF/88 e no art. 647, e seguintes, do Código de Processo 
Penal, sendo uma ação constitucional de natureza penal. 
 
Segundo o CPP (art. 648), haverá coação ilegal 
quando: a) não houver justa causa; b) alguém estiver preso por 
mais tempo do que determina a lei ou excesso de prazo na 
formação da culpa; c) prisão ordenada por pessoa 
incompetente; d) houver cessado o motivo que autorizou a 
coação; e) não for admitida a prestação de fiança, nos casos 
que a lei admite; f) processo manifestamente nulo; g) extinta a 
punibilidade. 
 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
28 
A Constituição estabelece a vedação para impetração de 
habeas corpus contra sanções disciplinares militares (art. 142, §2º). 
Todavia, na lição de Pontes de Miranda citado por Manoel Gonçalves 
Ferreira Filho, sendo o cerceamento ilegal haverá de ser impetrado HC 
em face de sanção disciplinar desde que não observado um dos 
seguintes pressupostos: a) hierarquia (o transgressor deve estar 
subordinado a quem o pune); b) poder disciplinar(esta autoridade 
deve ter o poder de punir); c) ato ligado à função (o fundamento da 
punição deve estar ligado às atribuições do punido); d) pena (sanção 
prevista em lei). 
 
Assim, sua finalidade restringe-se à tutela da imediata 
liberdade física de ir, vir e permanecer dos indivíduos, pertencendo, 
residualmente, ao âmbito do mandado de segurança, a tutela 
jurisdicional contra ofensas que desrespeitem os demais direitos 
líquidos e certos, mesmo quando tais situações de ilicitude ou de abuso 
de poder venham a afetar, ainda que obliquamente, a liberdade de 
locomoção física das pessoas. 
 
O remédio constitucional do habeas corpus, em 
consequência, não pode ser utilizado como sucedâneo de outras ações 
judiciais, notadamente naquelas hipóteses em que o direito-fim (a 
proteção da relação de confidencialidade entre Advogado e cliente, no 
caso), não se identifica com a própria liberdade de locomoção física. 
 
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem 
salientado que, não havendo risco efetivo de constrição à liberdade de 
locomoção física, não se revela pertinente o remédio do habeas corpus, 
cuja utilização supõe, necessariamente, a concreta configuração de 
ofensa, atual ou iminente, ao direito de ir, vir e permanecer das 
pessoas. 
 
Pode ser preventivo ou repressivo. Preventivo para 
obstar que ocorra a violação, no sentido de que alguém se ache 
ameaçado de sofrer violência ou coação. Nesse caso, é dada um salvo 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
29 
conduto. Repressivo quando há a violação ou coação à liberdade de 
locomoção (direito de ir, vir, permanecer). 
 
Assim, é expedida uma contra-ordem de soltura (alvará 
de soltura), chamado habeas corpus liberatório, que ainda pode ter o 
caráter de suspender uma ordem de prisão quando ainda não efetuada. 
 
Em quaisquer das espécies de habeas corpus haverá 
possibilidade de concessão de medida liminar a fim de evitar possível 
constrangimento à liberdade de locomoção, demonstrando-se que a 
probabilidade de dano irreparável (periculum in mora) e a existência 
de ilegalidade ou abusividade (fumus boni iuris). 
 
Tem legitimidade ativa para impetrar o remédio 
heróico qualquer pessoa, a qual se denomina impetrante, seja 
brasileiro nato ou naturalizado, seja estrangeiro, inclusive pessoas 
jurídicas, independentemente da capacidade postulatória, ou seja, não 
é necessário se fazer o pedido por meio de advogado constituído, 
também não se exigindo a capacidade para estar em juízo para 
impetrar o writ. 
 
O impetrante pode impetrar em benefício próprio ou de 
terceiros. Aquele que está sofrendo ou tendo ameaçada sua liberdade 
de locomoção é chamado paciente, sendo autoridade coatora ou 
impetrado o agente provocador da lesão ou ameaça. 
 
Destarte, em regra é coator uma autoridade pública que 
cause a lesão ou ameaça de lesão ao direito de locomoção. Todavia, 
poderá ser impetrado o remédio contra de particulares quando 
manifestamente ilegal o ato de cerceamento do direito de locomoção 
(ex. internação em nosocômio, recusa em dar alta hospitalar por falta 
de pagamento). 
 
Regra geral, a competência para apreciar habeas corpus 
é do juízo singular, seja estadual ou federal (art. 109, VII), 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
30 
dependendo da autoridade envolvida. No entanto, a Constituição 
consagra algumas regras especiais, tal como: 
 
a) Competência originária do Supremo Tribunal Federal (art. 102, 
inc. I, alíneas “d” e “i”, CF/88) quando: 
 
 Paciente for Presidente, Vice, Membros do Congresso 
Nacional, Ministros do STF, Procurador-Geral da 
República, Ministros de Estado, Comandantes das Forças 
Armadas, Membros dos Tribunais Superiores, do Tribunal 
de Contas da União e chefes de missão diplomática de 
caráter permanente; 
 Coator for Tribunal Superior. 
 Coator ou paciente for autoridade ou funcionário cujos 
atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do STF, ou 
se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma 
única instância. 
 
b) Competência originária do Superior Tribunal de Justiça (art. 105, 
inc. I, CF/88) quando: 
 
 Coator ou paciente for Governadores, Desembargadores 
dos TJ ou TRF, Membros dos Tribunais de Contas 
Estaduais e do DF, dos TRE’s, TRT’s, do TC municipais e 
membros do MP que oficiem perante tribunais; 
 Coator: Ministro de Estado, das Forças Armadas, 
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral 
 Coator: Tribunal sujeito à sua jurisdição. 
 
c) Competência do Tribunal Regional Federal, de acordo com o art. 
108, inciso I, alínea “d”, CF/88 para processar e julgar habeas corpus 
quando a autoridade coatora for juiz federal. 
 
Nesse sentido, conforme jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal é também competente o próprio Tribunal Regional 
Federal quando a autoridade coatora for Procurador da República ou 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
31 
ainda quando se tratar de decisões, singulares ou colegiada, de Turma 
Recursal do Juizado Especial Federal: 
 
EMENTA: Habeas corpus: incompetência do Supremo 
Tribunal para conhecer originariamente de habeas 
corpus no qual se imputa coação a Juiz de primeiro grau 
e a Promotor de Justiça que oficia perante Juizado 
Especial Criminal (CF, art. 102, I, i). II. Habeas corpus: 
conforme o entendimento firmado a partir do julgamento 
do HC 86.834 (Pl, 23.6.06, Marco Aurélio, Inf., 437), que 
implicou o cancelamento da Súmula 690, compete ao 
Tribunal de Justiça julgar habeas corpus contra ato de 
Turma Recursal dos Juizados Especiais do Estado. 
(HC 90905 AgR, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA 
PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 10/04/2007) 
 
d) Nos termos do art. 109, inc. VII, da CF/88 compete à Justiça 
Federal processar e julgar habeas corpus em matéria criminal de sua 
competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos 
atos não estejam diretamente sujeitos à outra jurisdição. 
 
e) No tocante à Justiça Trabalhista, conforme art. 114, inc. IV, da 
CF/88 (EC 45/04) detém a Justiça trabalhista competência para 
processar e julgar habeas corpus quando o ato questionado envolver 
matéria sujeita à sua jurisdição. 
 
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e 
julgar: 
[...] 
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas 
data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita 
à sua jurisdição; 
 
f) A Justiça Eleitoral detém competência para apreciar habeas 
corpus em matéria eleitoral, afastando a competência da Justiça 
Federal, assim como do Superior Tribunal de Justiça, conforme art. 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
32 
121, §4º, inc. V, CF/88 que assim dispõe: 
 
§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais 
somente caberá recurso quando: 
[...] 
V - denegarem "habeas-corpus", mandado de 
segurança, "habeas-data" ou mandado de injunção. 
 
g) A Justiça estadual detém competência para apreciar 
habeas corpus quando a autoridade coatora for pessoa submetida à 
sua jurisdição.1.4.1.2 Habeas Data 
 
É ação constitucional de cunho civil que possibilita o 
acesso a conteúdo de informações acerca da pessoa do impetrante 
constante de bancos de dados de natureza pública. 
 
Na lição de André Ramos Tavares, é instrumento 
constitucional mediante o qual todo interessado pode exigir o 
conhecimento do conteúdo de registro de dados relativos à sua pessoa, 
mas que se encontre em repartições públicas ou particulares acessíveis 
ao público, solicitando, ainda, eventualmente, sua retificação, quando 
as informações não conferirem com a verdade, estiverem 
ultrapassadas ou implicarem discriminação. 
 
Está previsto no art. 5º, inc. LXXII, da Constituição ao 
dispor que “conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o 
conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, 
constantes de registros ou banco de dados de entidades 
governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, 
quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou 
administrativo”. 
 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
33 
A Lei nº 9.507/91, regulamentando o referido 
dispositivo, prescreve mais uma hipótese de impetração do habeas 
data, sendo para: anotação nos assentos do interessado de 
contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável, e 
que esteja sob pendência judicial ou amigável. 
 
Portanto, o objeto do habeas data é o acesso ao direito 
de informação visando o conhecimento, assim como sua retificação ou 
justificação. 
 
Diante disso, é cabível a ação de habeas data em três 
hipóteses: 
 
 Para conhecimento de informações relativas ao 
impetrante; 
 
 Para retificação de dados acerca do impetrante; 
 
 Para apresentar justificação inerentes a dado 
verdadeiro sobre o impetrante. 
 
O legitimado para impetrar o habeas data é a pessoa 
física ou jurídica, nacional ou estrangeiro, que deseje ter acesso a 
informações constantes de tais bancos de dados referente à sua 
pessoa. 
 
A ação tem caráter personalíssimo, não se admite, 
portanto, pedido de terceiros ou sucessão no direito de pedir. Contudo, 
há decisão do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de 
Justiça em que se permite ao cônjuge sobrevivente (supérstite) ou aos 
herdeiros para pedir informações a respeito do morto. 
 
CONSTITUCIONAL. HABEAS DATA. VIÚVA DE MILITAR 
DA AERONÁUTICA. ACESSO A DOCUMENTOS 
FUNCIONAIS. ILEGITIMIDADE PASSIVA E ATIVA. NÃO-
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
34 
OCORRÊNCIA. OMISSÃO DA ADMINISTRAÇÃO 
CARATERIZADA. ORDEM CONCEDIDA. 
1. A autoridade coatora, ao receber o pedido 
administrativo da impetrante e encaminhá-lo ao 
Comando da Aeronáutica, obrigou-se a responder o 
pleito. Ademais, ao prestar informações, não se limitou 
a alegar sua ilegitimidade, mas defendeu o mérito do ato 
impugnado, requerendo a denegação da segurança, 
assumindo a legitimatio ad causam passiva. Aplicação da 
teoria da encampação. Precedentes. 
2. É parte legítima para impetrar habeas data o 
cônjuge sobrevivente na defesa de interesse do 
falecido. 
3. O habeas data configura remédio jurídico-processual, 
de natureza constitucional, que se destina a garantir, em 
favor da pessoa interessada, o exercício de pretensão 
jurídica discernível em seu tríplice aspecto: (a) direito de 
acesso aos registros existentes; 
(b) direito de retificação dos registros errôneos e (c) 
direito de complementação dos registros insuficientes ou 
incompletos. 
4. Sua utilização está diretamente relacionada à 
existência de uma pretensão resistida, consubstanciada 
na recusa da autoridade em responder ao pedido de 
informações, seja de forma explícita ou implícita (por 
omissão ou retardamento no fazê-lo). 
5. Hipótese em que a demora da autoridade impetrada 
em atender o pedido formulado administrativamente 
pela impetrante – mais de um ano – não pode ser 
considerada razoável, ainda mais considerando-se a 
idade avançada da impetrante. 
6. Ordem concedida. (HD 147/DF, Rel. Ministro 
ARNALDO ESTEVES LIMA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 
12/12/2007, DJ 28/02/2008, p. 69) 
 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
35 
O sujeito passivo é o detentor do banco de dados. Assim, 
quando se tratar de banco de dados de órgão ou entidade 
governamental será esta a pessoa jurídica de direito público a qual o 
órgão integra ou a entidade administrativa a figurar no pólo passivo, 
ou seja, será esta a autoridade a quem se demanda a abertura das 
informações. 
 
Por outro lado, se for uma entidade particular é preciso 
que o banco de dados tenha natureza pública. Com efeito, nesse 
sentido, a Lei nº 9.507/98, em seu art. 1º, parágrafo único, considera 
de caráter público todo registro ou banco de dados contendo 
informações que sejam ou possam ser transmitidas a terceiros 
ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade 
produtora ou depositária das informações. 
 
A impetração do habeas data requer, inicialmente, que 
se tenha requerido as informações na esfera administrativa, nos 
termos da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e Súmula 02 – 
STJ (não cabe o habeas data se não houve recusa de informações por 
parte da autoridade administrativa), bem como do art. 8º da Lei nº 
9.507/97. 
 
É preciso, portanto, a recusa administrativa para que se 
possa impetrar o habeas data, sob pena de ter indeferida a inicial por 
falta de interesse de agir. 
 
A propósito, reconheceu o Supremo Tribunal Federal que 
a Lei nº. 9.507/97 é constitucional, de modo que não ofende o princípio 
da inafastabilidade de jurisdição, tal como restou decidido no Agravo 
Regimental em Habeas Data, da relatoria da Min. Cármen Lúcia, ao 
entender que “a ausência da comprovação da recusa ao fornecimento 
das informações, nos termos do art. 8º, parágrafo único, inciso I, da 
Lei n. 9.507/1997, caracteriza falta de interesse de agir na 
impetração”. 
 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
36 
Essa é a orientação consagrada pelo Supremo Tribunal 
Federal, conforme o seguinte: 
 
E M E N T A: HABEAS DATA - NATUREZA JURÍDICA - 
REGIME DO PODER VISÍVEL COMO PRESSUPOSTO DA 
ORDEM DEMOCRÁTICA - A JURISDIÇÃO 
CONSTITUCIONAL DAS LIBERDADES - SERVIÇO 
NACIONAL DE INFORMAÇÕES (SNI) - ACESSO NÃO 
RECUSADO AOS REGISTROS ESTATAIS - AUSÊNCIA DO 
INTERESSE DE AGIR - RECURSO IMPROVIDO. - A Carta 
Federal, ao proclamar os direitos e deveres individuais e 
coletivos, enunciou preceitos básicos, cuja compreensão 
é essencial a caracterização da ordem democrática como 
um regime do poder visível. - O modelo político-jurídico, 
plasmado na nova ordem constitucional, rejeita o poder 
que oculta e o poder que se oculta. Com essa vedação, 
pretendeu o constituinte tornar efetivamente legítima, 
em face dos destinatários do poder, a prática das 
instituições do Estado. - O habeas data configura 
remédio jurídico-processual, de natureza constitucional, 
que se destina a garantir, em favor da pessoa 
interessada, o exercício de pretensão jurídicadiscernível 
em seu tríplice aspecto: (a) direito de acesso aos 
registros; (b) direito de retificação dos registros e (c) 
direito de complementação dos registros. - Trata-se de 
relevante instrumento de ativação da jurisdição 
constitucional das liberdades, a qual representa, no 
plano institucional, a mais expressiva reação jurídica do 
Estado às situações que lesem, efetiva ou 
potencialmente, os direitos fundamentais da pessoa, 
quaisquer que sejam as dimensões em que estes se 
projetem. - O acesso ao habeas data pressupõe, dentre 
outras condições de admissibilidade, a existência do 
interesse de agir. Ausente o interesse legitimador da 
ação, torna-se inviável o exercício desse remédio 
constitucional. - A prova do anterior indeferimento 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
37 
do pedido de informação de dados pessoais, ou da 
omissão em atendê-lo, constitui requisito 
indispensável para que se concretize o interesse 
de agir no habeas data. Sem que se configure 
situação prévia de pretensão resistida, há carência 
da ação constitucional do habeas data. (RHD 22, 
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ 
Acórdão: Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado 
em 19/09/1991, DJ 01-09-1995) 
 
Necessário, portanto, que o impetrante apresente na 
impetração a prova da recusa das informações, salvo se realizado o 
requerimento administrativo e ultrapassado o prazo de 10 (dez) dias 
sem qualquer resposta, que para retificação será de 15 dias, quando 
então será considerado negado o pedido ante a omissão. 
 
Quanto à competência, observe que o Supremo Tribunal 
Federal é competente para processar e julgar o habeas data contra ato 
do Presidente, das Mesas da Câmara e do Senado, do Tribunal de 
Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio 
Tribunal, consoante art. 102, inc. I, alínea “d”, CF/1988. 
 
Nos termos do art. 105, inc. I, alínea “b”, compete ao 
Superior Tribunal de Justiça processar e julgar habeas data em face de 
Ministro de Estado, Comandante das Forças Armadas e do próprio 
Tribunal. 
 
Aos Tribunais Regionais Federais compete processar e 
julgar o habeas data contra ato do próprio Tribunal e dos Juízes 
Federais (art. 108, inc. I, alínea “c”, CF/1988), finalmente, competindo 
aos Juízes Federais processar e julgar o habeas contra ato de 
autoridade federal (art. 109, inciso VIII, CF/88), competindo aos Juízes 
de Direito contra ato de autoridade local. 
 
Com a reforma do Judiciário, empreendida pela Emenda 
Constitucional nº 45/04, afastou-se qualquer dúvida quanto à 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
38 
competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar habeas 
data em matéria que tenha correlação com a seara trabalhista. 
 
Outrossim, cumpre salientar que as ações de habeas 
data têm prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto em relação 
ao habeas corpus e mandado de segurança. 
 
A petição inicial deverá observar os requisitos 
processuais e todos os documentos que instruírem a inicial, também 
deverão constar da contrafé, devendo, ainda, trazer a prova da recusa 
de prestar as informações, de realizar a retificação ou de proceder a 
anotação ou o esgotamento do prazo legal. 
 
Impetrado o remédio é dado o prazo de 10 (dez) dias 
para a autoridade coatora prestar informações, e após 5 (cinco) dias 
para o Ministério Público se manifestar, quando então o processo será 
concluso ao magistrado para proferir a decisão, que deverá observar o 
prazo de 5 (cinco) dias, cabendo, dessa decisão, apelação para o 
tribunal competente. 
 
De acordo com o art. 5º, inc. LXXVII, da Constituição 
Federal, o habeas data é gratuito, ou seja, é isento de custas e 
despesas judiciais, muito embora seja necessário estar representado 
por advogado para impetrar a ação. 
 
1.4.1.3 Mandado de Injunção 
 
É ação constitucional criada pela Constituição Federal de 
1988, que no seu art. 5º, inc. LXXI, dispõe que “conceder-se-á 
mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora 
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das 
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”. 
 
É importante destacar que o Supremo Tribunal Federal, 
na linha do artigo 5º, §1º, CF/88, entendeu que a disposição 
constitucional que prevê o mandado de injunção é norma constitucional 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
39 
de eficácia plena, sendo, portanto, autoaplicável, utilizando o rito da 
Lei nº 8.038/90 e subsidiariamente o do Mandado de Segurança. 
 
A origem da injunção não é pacífica, para a corrente 
majoritária entende-se que é baseado na ação de equidade do Direito 
Inglês – outorgada por um juízo na falta de norma regulamentadora 
para a proteção dos costumes. Há quem assevere se tratar de ação 
cuja previsão remonta ao direito lusitano. 
 
É ação constitucional de caráter civil e de procedimento 
especial que tem por objetivo suprir uma omissão do Poder Público 
com o intuito de viabilizar o exercício de um direito ou uma liberdade. 
 
O mandado de injunção é instrumento constitucional 
destinado a combater a denominada síndrome de inefetividade das 
normas constitucionais, sendo requisitos para a sua propositura, os 
seguintes: a) inexistência ou falta da norma regulamentadora; b) 
inviabilidade do exercício de direitos e liberdades fundamentais. 
 
Qualquer pessoa, física ou jurídica, tem legitimidade 
para impetrar o mandado de injunção. Entende o Supremo Tribunal 
Federal, ainda, que pode haver o mandado de injunção coletivo, em 
analogia ao mandado de segurança coletivo9. 
 
No polo passivo figurará o poder público, sendo o órgão 
ou entidade administrativa que está em mora em concretizar o 
mandamento constitucional de modo a viabilizar o exercício de um 
direito ou prerrogativa. Contudo, deve-se observar o processo 
legislativo. Assim, se a iniciativa para o projeto de lei é privativa do 
Presidente da República, ele será sujeito passivo da Injunção, 
conforme orientação firmada no MI nº. 284/DF e MI nº. 153/DF. 
 
A competência para conhecer do mandado de injunção 
depende da natureza da autoridade competente para a norma 
regulamentadora. Pode ser o Supremo Tribunal Federal (art. 102, inc. 
 
9 Mandado de Injunção nº. 20/DF, Relator Ministro Celso de Mello. 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CNMP 
AULA 05 – Controle da Administração 
Prof. Edson Marques 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 
 
40 
I, alínea “q”, CF/88) ou o Superior Tribunal de Justiça (art. 105, inc. I, 
alínea “h”, CF/88). Poderá ainda ser Tribunal Superior Eleitoral (art. 
121, §4º, inc. V, CF/88). 
 
1.4.1.4 Mandado de Segurança 
 
Trata-se de ação que tem origem na teoria brasileira do 
habeas corpus, em razão da restrição ao objeto daquela ação que fora 
reduzido à tutela da liberdade de locomoção, tendo daí surgido o writ 
como instrumento para tutelar as demais liberdades, incorporado à 
Constituição de 1934, foi suprimido da Constituição de 1937, 
permanecendo, contudo, na legislação ordinária, e retornando

Outros materiais