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Sucessão testamentária (arts. 1.857 e seguintes do Código Civil) 1. Conceito de testamento e suas características principais.. O CC/1916 conceituou o testamento no art. 1.626, mas o conceito sempre foi criticado pela doutrina, pois restringia o testamento a um conteúdo patrimonial. O CC/2002 não conceituou o testamento. Conceito do Prof. Zeno Veloso: o testamento é um negócio jurídico principalmente patrimonial, um ato de última vontade em que o testador faz disposição de seus bens, corpóreos ou não, para após a sua morte. O testamento é o ato de exercício da autonomia privada (mortis causa) por excelência. O brasileiro pouco testa, mas com a pandemia houve um aumento considerável da elaboração dos testamentos. CC, art. 1.857, § 2º - O testamento pode ter também um conteúdo extrapatrimonial ou existencial – Função promocional do testamento (Ana Nevares). Exemplos: instituição de uma fundação, instituição de bem de família, reconhecimento de filho, disposições autorais. CC, art. 1.857, §2º: “Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte. [...] § 2º São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador somente a elas se tenha limitado.” Principais características do testamento: a) Negócio jurídico unilateral: envolve só uma pessoa (testador) ou uma vontade. b) Negócio jurídico gratuito: o testador não é remunerado, muito menos o beneficiado. c) Negócio jurídico mortis causa: gera efeitos post mortem. d) Negócio jurídico revogável (art. 1.858 do CC). Para Pontes de Miranda, o testamento teria uma “revogabilidade essencial”, que não poderia ser afastada, sob pena de nulidade. Todavia, o reconhecimento de filho é irrevogável, mesmo quando constar em testamento (CC, art. 1.610). e) Ato personalíssimo ou intuitu personae (CC, art. 1.858): por isso, é vedado o testamento conjuntivo, sob pena de nulidade absoluta. CC, art. 1.858: “O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo.” f) Negócio jurídico formal, solene e especial (sui generis). 2. Impugnação da validade do testamento e modalidades vedadas O art. 1.859 do CC prevê um prazo decadencial de 5 anos para impugnar a validade do testamento, a contar da data do seu registro. A posição doutrinária majoritária é no sentido de sua aplicabilidade nos casos de nulidade relativa (em regra) e nulidade absoluta. Posição encabeçada pelos Professores Zeno Veloso, Maria Helena Diniz, Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona. Cuidado com o art. 1.909, CC, pois este dispositivo prevê prazo decadencial de 4 anos para os casos de dolo, erro e coação moral. CC, art. 1.909: “São anuláveis as disposições testamentárias inquinadas de erro, dolo ou coação. Parágrafo único. Extingue-se em quatro anos o direito de anular a disposição, contados de quando o interessado tiver conhecimento do vício.” As modalidades vedadas encontram-se previstas no art. 1.863 do CC, que importam em nulidade absoluta virtual (art. 166, VII, segunda parte, CC): Testamento conjuntivo, comum ou de mão comum - GÊNERO: aquele celebrado por duas ou mais pessoas, o que quebra com o seu caráter personalíssimo. As modalidades a seguir são ESPÉCIES: a.1) Testamento simultâneo: dois ou mais testadores, em um mesmo ato, beneficiam um terceiro. a.2) Testamento recíproco: os testadores beneficiam-se reciprocamente, no mesmo ato. a.3) Testamento correspectivo: os testadores, no mesmo ato, fazem disposições recíprocas e na mesma proporção. CC, art. 1.863: “É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou correspectivo.” Porém, se forem feitos em atos separados, a posição majoritária (doutrina e jurisprudência) entende que não haverá nulidade absoluta, ainda que sejam lavrados: perante o mesmo tabelião; no mesmo dia; com as mesmas testemunhas. Posição adotada por Zeno Veloso, Gustavo Tepedino, Pablo Stolze, Rodolfo Pamplona, Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald. 3. Formas de testamento no CC/2002. Ordinárias ou Comuns (art. 1.862 do CC): - Público; - Particular; - Cerrado Especiais (art. 1.886 do CC): - Marítimo; - Aeronáutico (novidade do CC/2002); - Militar. Testamento Público (art.1.864, CC). Lavrado perante o Tabelião de Notas ou seu substituto legal. É feito por escritura pública. Lido em voz alta pelo Tabelião ao testador e às duas testemunhas em um só ato (princípio da unicidade). A lei possibilita que o testador faça a leitura. Após a leitura, será assinado pelo testador, pelas testemunhas e pelo Tabelião. Princípio da unicidades dos atos. Provimento 100 do CNJ. Escrituras públicas digitais. Maio de 2020. “Art. 3º. São requisitos da prática do ato notarial eletrônico: I - videoconferência notarial para captação do consentimento das partes sobre os termos do ato jurídico; II - concordância expressada pela partes com os termos do ato notarial eletrônico; III - assinatura digital pelas partes, exclusivamente através do e-Notariado; IV - assinatura do Tabelião de Notas com a utilização de certificado digital ICP-Brasil; IV - uso de formatos de documentos de longa duração com assinatura digital; Parágrafo único: A gravação da videoconferência notarial deverá conter, no mínimo: a) a identificação, a demonstração da capacidade e a livre manifestação das partes atestadas pelo tabelião de notas; b) o consentimento das partes e a concordância com a escritura pública; c) o objeto e o preço do negócio pactuado; d) a declaração da data e horário da prática do ato notarial; e e) a declaração acerca da indicação do livro, da página e do tabelionato onde será lavrado o ato notarial”. Provimento 100 do CNJ. Escrituras públicas digitais. Maio de 2020. “Art. 4º. Para a lavratura do ato notarial eletrônico, o notário utilizará a plataforma e-Notariado, através do link www.e-notariado.org.br, com a realização da videoconferência notarial para captação da vontade das partes e coleta das assinaturas digitais”. “Art. 5º. O Colégio Notarial do Brasil - Conselho Federal manterá um registro nacional único dos Certificados Digitais Notarizados e de biometria”. “Art. 6º. A competência para a prática dos atos regulados neste Provimento é absoluta e observará a circunscrição territorial em que o tabelião recebeu sua delegação, nos termos do art. 9º da Lei n. 8.935/1994” Cuidado! O STJ tem quebrado as exigências formais legais do testamento público, afastando a nulidade e preservando a autonomia privada. “CIVIL. TESTAMENTO PÚBLICO. VÍCIOS FORMAIS QUE NÃO COMPROMETEM A HIGIDEZ DO ATO OU PÕEM EM DÚVIDA A VONTADE DA TESTADORA. NULIDADE AFASTADA. SUMULA N. 7-STJ. I. Inclina-se a jurisprudência do STJ pelo aproveitamento do testamento quando, não obstante a existência de certos vícios formais, a essência do ato se mantém íntegra, reconhecida pelo Tribunal estadual, soberano no exame da prova, a fidelidade da manifestação de vontade da testadora, sua capacidade mental e livre expressão. II. "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial" (Súmula n. 7/STJ). III. Recurso especial não conhecido.” (STJ - REsp: 600.746. Relator: Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, Data de Julgamento: 20/05/2010, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 15/06/2010). Regras especiais do testamento público: Testamento do analfabeto (art. 1.865, CC). CC art. 1.865: “Se o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto legal assim o declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas instrumentárias.” Testamento do surdo (art. 1.866, CC); CC, art. 1.866: “O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não o souber, designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas.” Testamento do cego (art. 1.867, CC). O cego somente pode testar pela forma pública. CC, art. 1.867: “Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta, duas vezes, uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das testemunhas, designadapelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no testamento.” b) Testamento Cerrado ou Místico (art. 1.868 do CC) Chamado de “místico”, pois não se sabe (em tese) ou não se conhece o seu conteúdo. Feito perante o tabelião e duas testemunhas. O tabelião fará um auto de aprovação de recebimento, sem saber o conteúdo. Depois de aprovado e cerrado, será entregue ao testador. CC, art. 1.868: “O testamento escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a seu rogo, e por aquele assinado, será válido se aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal, observadas as seguintes formalidades: I - que o testador o entregue ao tabelião em presença de duas testemunhas; II - que o testador declare que aquele é o seu testamento e quer que seja aprovado; III - que o tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação, na presença de duas testemunhas, e o leia, em seguida, ao testador e testemunhas; IV - que o auto de aprovação seja assinado pelo tabelião, pelas testemunhas e pelo testador. Parágrafo único. O testamento cerrado pode ser escrito mecanicamente, desde que seu subscritor numere e autentique, com a sua assinatura, todas as páginas. “Art. 1.869. O tabelião deve começar o auto de aprovação imediatamente depois da última palavra do testador, declarando, sob sua fé, que o testador lhe entregou para ser aprovado na presença das testemunhas; passando a cerrar e coser o instrumento aprovado. Parágrafo único. Se não houver espaço na última folha do testamento, para início da aprovação, o tabelião aporá nele o seu sinal público, mencionando a circunstância no auto”. “ “Art. 1.870. Se o tabelião tiver escrito o testamento a rogo do testador, poderá, não obstante, aprová-lo”. “Art. 1.871. O testamento pode ser escrito em língua nacional ou estrangeira, pelo próprio testador, ou por outrem, a seu rogo”. “Art. 1.872. Não pode dispor de seus bens em testamento cerrado quem não saiba ou não possa ler”. “Art. 1.873. Pode fazer testamento cerrado o surdo-mudo, contanto que o escreva todo, e o assine de sua mão, e que, ao entregá-lo ao oficial público, ante as duas testemunhas, escreva, na face externa do papel ou do envoltório, que aquele é o seu testamento, cuja aprovação lhe pede”. “Art. 1.874. Depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue ao testador, e o tabelião lançará, no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em que o testamento foi aprovado e entregue”. “Art. 1.875. Falecido o testador, o testamento será apresentado ao juiz, que o abrirá e o fará registrar, ordenando seja cumprido, se não achar vício externo que o torne eivado de nulidade ou suspeito de falsidade.” O art. 1.972 do CC prevê a revogação tácita do testamento cerrado, a qual ocorre se o testador abri-lo ou dilacerá-lo fisicamente, ou se for aberto ou dilacerado com o seu consentimento. Além disso, entende-se que o rompimento do conteúdo por força natural também gera a revogação tácita. CC, art. 1.972: “O testamento cerrado que o testador abrir ou dilacerar, ou for aberto ou dilacerado com seu consentimento, haver-se-á como revogado.” Atenção! A jurisprudência também tem quebrado algumas das formalidades quanto ao testamento cerrado: EMENTA: “AÇÃO DE ANULAÇÃO DE TESTAMENTO CERRADO. INOBSERVÂNCIA DE FORMALIDADES LEGAIS. INCAPACIDADE DA AUTORA. QUEBRA DO SIGILO. CAPTAÇÃO DA VONTADE. PRESENÇA SIMULTÂNEA DAS TESTEMUNHAS. REEXAME DE PROVA. SÚMULA 7/STJ. 1. Em matéria testamentária, a interpretação deve ser voltada no sentido da prevalência da manifestação de vontade do testador, orientando, inclusive, o magistrado quanto à aplicação do sistema de nulidades, que apenas não poderá ser mitigado, diante da existência de fato concreto, passível de colocar em dúvida a própria faculdade que tem o testador de livremente dispor acerca de seus bens, o que não se faz presente nos autos. 2. O acórdão recorrido, forte na análise do acervo fático-probatório dos autos, afastou as alegações da incapacidade física e mental da testadora; de captação de sua vontade; de quebra do sigilo do testamento, e da não simultaneidade das testemunhas ao ato de assinatura do termo de encerramento. 3. A questão da nulidade do testamento pela não observância dos requisitos legais à sua validade, no caso, não prescinde do reexame do acervo fático-probatório carreado ao processo, o que é vedado em âmbito de especial, em consonância com o enunciado 7 da Súmula desta Corte. 4. Recurso especial a que se nega provimento.” (STJ - REsp: 1.001.674 SC 2007/0250311-8, Relator: Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Data de Julgamento: 05/10/2010, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 15/10/2010). c) Testamento particular (art. 1.876, CC) Também chamado de “testamento hológrafo”, pois é feito de forma escrita, sem maiores formalidades. De próprio punho ou processo mecânico; Na presença de 3 testemunhas, que o subscreverão. CC, art. 1.879: Trata do testamento hológrafo de emergência. Sem testemunhas; Necessidade de confirmação posterior; Feito em “circunstâncias especiais”. Exemplo: COVID-19. Ver artigo: “O testamento particular de emergência ou hológrafo simplificado em tempos de pandemia. Uma proposta legislativa”. CC, art. 1.876: “O testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou mediante processo mecânico. § 1º Se escrito de próprio punho, são requisitos essenciais à sua validade seja lido e assinado por quem o escreveu, na presença de pelo menos três testemunhas, que o devem subscrever. § 2º Se elaborado por processo mecânico, não pode conter rasuras ou espaços em branco, devendo ser assinado pelo testador, depois de o ter lido na presença de pelo menos três testemunhas, que o subscreverão.” CC, art. 1.879: “ Em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o testamento particular de próprio punho e assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser confirmado, a critério do juiz”. O CUMPRIMENTO DE TESTAMENTO NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL O NCPC reconhece o caráter privado do inventário, impedindo que o juiz o inicie de ofício (nCPC, art. 616), iv) estabelece o cabimento de arrolamento comum quando o patrimônio transmitido pelo falecido não ultrapassar um mil salários mínimos (nCPC, art. 664), permitindo o uso de um procedimento mais simplificado e célere, dentre outras importantes novidades. A MANUTENÇÃO DA EXIGÊNCIA DE PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA CUMPRIMENTO DE TESTAMENTO COMO PROCEDIMENTO AUTÔNOMO E PRELIMINAR AO INVENTÁRIO Outra merecida e justa crítica ao novo Código Instrumental é a manutenção da exigência de homologação prévia do testamento, através de um procedimento autônomo de jurisdição voluntária, preambular ao inventário, como condição para a realização da partilha, deixando de lado a oportunidade de facilitação procedimental. Repetindo a fórmula utilizada pela legislação anterior, o Código de 2015 exige que, lavrado o testamento, após a abertura da sucessão (= morte do testador), seja manejado um procedimento de jurisdição voluntária, autônomo, para que o juiz chancele a declaração de vontade, determinando o cumprimento da declaração de última vontade. A POSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO DO PROCEDIMENTO SUCESSÓRIO DE CUMPRIMENTO DE TESTAMENTO E DE INVENTÁRIO No que diz respeito à vedação da via administrativa para o inventário e partilha quando há interesse de incapaz, parece haver absoluta justificativa, em face da indisponibilidade dos seus interesses. Isso porque se o testamento precisa de homologação judicial, para que se viabilize o seu cumprimento, garantindo a idoneidade da declaração de vontade, parece absolutamente injustificável a proibição de uso da via administrativa, uma vez que já se reconheceu a plena validade da declaração de última vontade, se todos são maiores e capazes. O mesmo já não se pode dizer quando da existência de testamento. Efetivamente, a mera existência de declaração de última vontade não parece justificar a vedação ao uso da via cartorária. Já há, inclusive, precedente judicial, do Tribunal de Justiça bandeirante, autorizando a lavratura de inventáriopor escritura pública quando há testamento homologado em juízo e as partes são plenamente capazes. De qualquer maneira, visando emprestar uma interpretação construtiva ao novo sistema processual, é de se notar a possibilidade de, sendo todos os interessados plenamente capazes e estando em consenso, invocarem a cláusula geral de negócios processuais atípicos (art. 190, nCPC), negociando o procedimento a ser utilizado no caso de existência de testamento. (Tartuce). Em 2016, o Provimento 37 da Corregedoria-Geral do Tribunal de Justiça de São Paulo passou a aplicar se seguinte entendimento: “mesmo quando houver testamento, sendo todos os interessados capazes e concordes com os seus termos, não havendo conflito de interesses, é possível que se faça o inventário extrajudicial”. INVENTARIANTE Função: O inventariante é a pessoa encarregada de administrar os bens do espólio, devendo representá-lo ativa e passivamente em juízo ou fora dele; b) Quem pode ser nomeado: Só podem exercer esse munus pessoas capazes, e que não tenham, de algum modo, interesses aos do espólio (como, p.ex. o devedor do espólio, etc). Deverão ser nomeadas para o cargo, na ordem de preferência, as pessoas enumeradas no art 617 do CPC. TESTAMENTEIRO Art. 1.980. O testamenteiro é obrigado a cumprir as disposições testamentárias, no prazo marcado pelo testador, e a dar contas do que recebeu e despendeu, subsistindo sua responsabilidade enquanto durar a execução do testamento. Art. 1.981. Compete ao testamenteiro, com ou sem o concurso do inventariante e dos herdeiros instituídos, defender a validade do testamento. Art. 1.984. Na falta de testamenteiro nomeado pelo testador, a execução testamentária compete a um dos cônjuges, e, em falta destes, ao herdeiro nomeado pelo juiz. Art. 1.987. Salvo disposição testamentária em contrário, o testamenteiro, que não seja herdeiro ou legatário, terá direito a um prêmio, que, se o testador não o houver fixado, será de um a cinco por cento, arbitrado pelo juiz, sobre a herança líquida, conforme a importância dela e maior ou menor dificuldade na execução do testamento. Parágrafo único. O prêmio arbitrado será pago à conta da parte disponível, quando houver herdeiro necessário. (VINTENA) OBRIGAÇÕES: a)cumprir as disposições testamentárias dentro do prazo marcado pelo testador; b)prestar contas do que recebeu e gastou, enquanto estiver com a responsabilidade de executar o testamento. . Testamenteiro universal é a pessoa que possui a posse e administração dos bens, caso não hajam herdeiros necessários deixados em testamento. Caso houverem herdeiros necessários, fica a cargo de um destes a posse e administração dos bens hereditários. Caso existam ações ajuizadas com o objetivo de anular o testamento ou de anular cláusulas testamentárias cabe ao testamenteiro sendo ou não inventariante e aos herdeiros instituídos, defender a validade do testamento. JURISPRUDÊNCIA Apelação cível. Consignação em pagamento. Remuneração do testamenteiro. Vintena. Sentença de parcial procedência. Inconformismo da ré-testamenteira. Juntada de documentos em apelação. Extemporaneidade. Não conhecimento. Mérito. Vintena de testamenteira. Remuneração pelo encargo estipulado em decisão judicial. Fixado o percentual de 3% (três por cento) sobre herança líquida. Inviável alteração da base de cálculo para inclusão de bens doados em vida. Decisão mantida. Motivação do decisório adotado como julgamento em segundo grau. Inteligência do art. 252 do RITJ. Honorários recursais. Aplicação da regra do artigo 85, §11, CPC. Recurso não provido. (TJSP; Apelação Cível 1031056-39.2021.8.26.0506; Relator (a): Edson Luiz de Queiróz; Órgão Julgador: 9ª Câmara de Direito Privado; Foro de Ribeirão Preto - 3ª Vara de Família e Sucesssões; Data do Julgamento: 13/07/2023; Data de Registro: 13/07/2023) AGRAVO DE INSTRUMENTO. INVENTÁRIO. Fixação de prêmio ao testamenteiro em 1% da herança líquida. Insurgência. Alegação de que o trabalho do testamenteiro teria sido ínfimo, devendo ser reduzido o montante ou restrito à parte disponível da herança líquida. Descabimento. Previsão legal expressa acerca dos parâmetros para a fixação da remuneração. Inteligência do art. 1.987, do Código Civil. Impossibilidade de aplicação analógica de outros dispositivos legais ou de apreciação equitativa Decisão mantida. Recurso desprovido. Liminar revogada. (TJSP; Agravo de Instrumento 2072271-70.2023.8.26.0000; Relator (a): Coelho Mendes; Órgão Julgador: 10ª Câmara de Direito Privado; Foro de Serra Negra - 1ª Vara; Data do Julgamento: 23/05/2023; Data de Registro: 24/05/2023) ABERTURA, REGISTRO E CUMPRIMENTO DE TESTAMENTO PÚBLICO. Sentença que rejeitou a impugnação apresentada pela herdeira/filha e determinou o registro e o cumprimento do testamento público deixado pelo falecido, nomeando como testamenteira a autora/companheira. Inconformismo da herdeira/filha. Ação na qual se analisam, apenas, os requisitos extrínsecos do testamento. Ausência de vícios externos que tornem o testamento público suspeito de nulidade ou falsidade. Validade das cláusulas testamentárias e eventual prescrição que, por serem requisitos intrínsecos, deverão ser objeto de ação própria. Precedentes deste E. Tribunal de Justiça. Sentença mantida. RECURSO NÃO PROVIDO. (TJSP; Apelação Cível 1013297-76.2022.8.26.0005; Relator (a): Ana Maria Baldy; Órgão Julgador: 6ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 11ª Vara da Família e Sucessões; Data do Julgamento: 15/05/2023; Data de Registro: 15/05/2023) AGRAVO DE INSTRUMENTO – Inventário ajuizado pelo filho do falecido – Decisão que nomeou inventariante a testamenteira, cônjuge supérstite – Insurgência do autor – Alegação de que nada impede que seja ele nomeado inventariante – Descabimento – Nomeação que observou a ordem de preferência do art. 616 do CPC, ausente qualquer irregularidade - Decisão mantida – RECURSO DESPROVIDO. (TJSP; Agravo de Instrumento 2257600-92.2022.8.26.0000; Relator (a): Miguel Brandi; Órgão Julgador: 7ª Câmara de Direito Privado; Foro de Jundiaí - 1ª Vara de Família e das Sucessões; Data do Julgamento: 13/01/2023; Data de Registro: 13/01/2023) APELAÇÃO – AÇÃO DE ABERTURA, REGISTRO E CUMPRIMENTO DE TESTAMENTO PÚBLICO – Inexistência de vício externo no testamento – Inteligência do art. 735 do Código de Processo Civil – Remoção do testamenteiro com alta inimizade com um dos coerdeiros – Existência de ação de execução e inquérito policial que demonstra a incompatibilidade para o exercício do cargo e defesa das disposições testamentárias – Pretensão do herdeiro Fernando para exercer o cargo de testamenteiro – Existência de ferrenho conflito em virtude de contas alegadamente não prestadas pelo herdeiro relativas à época que atuou como curador da testadora – Impedimentos reconhecidos em doutrina, a corroborar a nomeação do inventariante dativo para exercício do munus de testamenteiro dativo – Precedente - Sentença mantida – Recursos desprovidos. (TJSP; Apelação Cível 1006365-49.2020.8.26.0100; Relator (a): Costa Netto; Órgão Julgador: 6ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 11ª Vara da Família e Sucessões; Data do Julgamento: 31/01/2022; Data de Registro: 31/01/2022) Vale anotar boa doutrina , apoiando-se na interpretação analógica da lei substantiva civil, ser vedada a nomeação para o munus “quem tem débito com o testador; estiver litigando com os herdeiros; ou for inimigo do testador ou seus sucessores, por aplicação analógica aos impedimentos para o exercício da tutela, não pode ser testamenteiro (CC 1.735). Há possibilidade de nomeação de testamenteiro dativo, diverso dos herdeiros, na hipótese de alta beligerância entre tais familiares, por falta de indicação de quem possa exercer o munus, como na situação de herdeiras deserdadas que não podem administrar e usufruir os bens (CC, 1816) e ausência de interesse dos demais.