Buscar

Fichamento do Texto 5: SCHWARTZMAN, Simon, BOMENY, Helena Maria Bousquet e COSTA, Vanda Maria Ribeiro. “Tempo de reforma”. In: Tempos de Capanema. São Paulo: Paz e Terra/FGV, 2000, p. 189-270.

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Faculdade de Educação - FEUFF
Disciplina: História da educação II
Fichamento do Texto 5: 
SCHWARTZMAN, Simon, BOMENY, Helena Maria Bousquet e COSTA, Vanda Maria Ribeiro. “Tempo de reforma”. In: Tempos de Capanema. São Paulo: Paz e Terra/FGV, 2000, p. 189-270.
A Reforma da Educação
	Os tempos de reforma consistiam na formulação de um grande painel de normas, regulamentos e projetos para reorganização do sistema educacional brasileiro. Na área educacional o pacto entre o Ministério da Educação e a igreja se revelava com muita força.
 	Em 1936, é distribuído um questionário extenso e minucioso por Capanema aos professores, estudantes, sacerdotes, jornalistas, escritores, políticos e cientistas buscando a colaboração destes para a elaboração do Plano Nacional de Educação. Naquela época a educação era tratada como o instrumento de fabricação de tipos ideais de homens, porque através dela havia uma continuidade de tipos de ideais de nações. Com isso a educação era muito disputada, pois era vista como um recurso de poder. As perguntas do questionário eram sobre o debate em torno do monopólio oficial do ensino, da escola secundária única, do ensino religioso, do espírito da Constituição de 34 e da finalidade da educação. Seu objetivo era definir condições e procedimentos para o total controle, fiscalização e direção da ação educativa no Brasil pela União. Contudo a iniciativa do plano foi encarada com descrédito e a ideia de um modelo único de educação para todo país foi questionada, pois para alguns esse tipo de plano só serviria se tivesse como objetivo a construção de um sujeito a serviço do Estado.
	Em maio de 1937 foi aprovado o Plano Nacional de Educação que foi definido como código, conjunto de princípios e normas. 
	A primeira parte do plano o defendia como um “Código da Educação Nacional” que tinha com finalidade servir de base para o funcionamento de instituições públicas e privadas, escolares e extraescolares de todo país. Regulamentava a liberdade de cátedra, o ensino da religião, a educação cívica e moral e a educação física. A educação nacional tinha como objetivo formar um homem útil a vida social e através da formação de suas faculdades morais, intelectuais e atividades físicas. O Plano também procurava ampliar e preservar as funções legislativas e de controle do sistema educacional que foram atribuídas pelo Conselho Nacional de Educação, que era o Ministério da Educação com atribuições ampliadas.
	A segunda parte do plano falava sobre os “Institutos Educativos”, no qual organizava a educação nacional em:
Ensino Comum: que era anterior a qualquer especialização. Esse ensino vai do pré-primário ao secundário. 
	De acordo com o Plano o ensino pré-primário seria responsabilidade da família e da escola privada com participação eventual do poder público e era voltado principalmente para crianças pobres ou para os filhos cujas mães trabalhavam. O ensino primário ficava por conta do Estado e tinha a possibilidade de haver diferentes padrões em diferentes Estados. Havia também a exigência de que os diretores e a metade dos professores fossem brasileiros. 
	No ensino secundário havia a divisão de dois ciclos: um de cinco anos que era chamado de Fundamental e outro de dois anos que era chamado de complementar. Esses ciclos vinham da Reforma de Francisco Campos. No ciclo fundamental havia um destaque no ensino das línguas, era obrigatório o ensino do português, latim e do francês, opcional entre o inglês e o alemão e facultativo o grego. Também era ensinado matemática, geografia, história, desenho, física, química e história natural. No ciclo complementar era concluída a “cosmografia” junto com a matemática e era inserido a filosofia. No ensino das línguas era obrigatório o ensino do grego e oferecido, aos que se destinavam aos cursos de letras na faculdade de filosofia, o ensino do italiano e do castelhano. Ao final do curso mais da metade da carga horária cursada era destinada ao ensino das línguas. As aulas deveriam ser ministradas por professores catedráticos, escolhidos por concursos rigorosos de provas e títulos. 
 Ensino Especializado: que iria do ensino elementar ao ensino superior. 
	No ensino especializado existiam diversos ramos, eram eles: o doméstico, o de serviço social, o profissional agrícola, o do ensino de pesca, o do ensino industrial e o do ensino comercial.
Não havia diferença muito profunda entre este ensino e o secundário. A diferença que existia era para que propósito o curso serviriam, isso envolvia as diferenças de origem social dos alunos e as exigências de qualificação dos professores e do apoio para que o curso realmente funcionasse. Este ensino era voltado para crianças de 09 a 12 anos de idade.
	Um aspecto que chamava muita atenção era a preparação profissional para as mulheres. Nesse ensino, o doméstico, havia um vocabulário específico e o abjetivo do curso era a preparação das mulheres para o trabalho na indústria dentro ou fora do lar. Esse curso era divido em três tipos de ensino: o ensino doméstico geral, para meninas com idade a partir de 12 anos, tinha duração de três anos (dois de formação e um de aperfeiçoamento) dava ao final do curso o “certificado de dona -de-casa”; o ensino doméstico industrial que visava a preparação da mulher para a indústria “dentro e fora do lar” prevendo o trabalho por encomenda; e o ensino doméstico agrícola que visava a formação de mulheres para orientar, dirigir ou auxiliar as atividades relacionadas a vida rural. 
	Também havia previsão de escolas normais domésticas, agrícolas e urbanas. Nessas escolas seriam formadas professoras para o ensino doméstico, a exigência para ser professora era ter o curso secundário ou ter cursado as diversas modalidades da escola doméstica. O ensino normal, para a formação de professoras do ensino primário, foi uma grande alternativa para as mulheres e era oferecido pelo estado.
	O ensino superior é o ensino que mais recebe espaço no plano. As Universidades deveriam ser estruturadas ao redor de grandes departamentos composto de vários institutos e faculdades. Os professores eram divididos em catedráticos, contratados, livres-docentes e auxiliares. 
	Apesar de o ensino superior receber bastante espaço no plano, foi no ensino secundário que o ministério Capanema deixou sua marca mais profunda. O sistema educacional deveria corresponder à divisão econômico-social do trabalho e servir ao desenvolvimento das habilidades e mentalidades de acordo com os papéis atribuídos a cada classe social. Para Capanema, a educação deveria estar a serviço da nação. É importante destacar que havia uma diferença profunda entre o ensino secundário e as outras modalidades de ensino médio. O ensino secundário era o único que dava acesso à Universidade, era um ensino que tinha um controle de qualidade rígido, os alunos que não conseguiam passar nos exames de admissão para o ensino secundário teriam a possibilidade de ingressar no ensino industrial, agrícola, ou comercial (que era o ensino médio), nesse tipo de ensino haviam poucas exigências. A lei Orgânica do Ensino Secundário de 1942 manteria esse entendimento restritivo e proibia as denominações “ginásio” e “colégio” em outros estabelecimentos de nível médio.
	Na reforma de 1942 divide o ginásio em quatro anos e o segundo ciclo em três anos, com a opção entre o clássico e o científico. Ao término de cada ciclo os alunos deveriam fazer um “exame de licença”, para garantir um padrão nacional de todos os aprovados. Também deveria haver uma série de cursos profissionalizantes, em nível de segundo ciclo, para os alunos que não tivessem como objetivo ingressar nas universidades. Os exames de admissão criavam um problema, pois quando os alunos não conseguiam ingressar nas escolas de nível médio, com 11 anos de idade, eles não podiam trabalhar porque segundo a legislação trabalhista as crianças só poderiam trabalhar a partir dos 14 aos de idade. Esse problema ficou conhecido como “hiato nocivo” e a solução para esse problema foi a redução da idade mínimapara o trabalho com a justificativa de que as crianças fossem salvas da marginalidade.
	Capanema insiste em dizer sua concepção sobre o ensino secundário. Para ele o ensino secundário deveria formar a personalidade e adaptá-lo a sociedade. Ele também afirma que em qualquer grau ou ramo de ensino, a escola deve incluir em seu programa uma educação moral e cívica. No entanto, explica que os diferentes níveis de ensino deveriam cumprir funções distintas: no ensino primário seria a transmissão do “sentimento patriótico” e no ensino secundário a escola deveria formar a “consciência patriótica”.Uma outra inovação do Plano Nacional de educação foi a obrigatoriedade da frequência à escola secundária. Segundo o ministro, esse processo asseguraria que os futuros alunos permanecessem sentados nos bancos escolares por um determinado tempo para o aprendizado de uma cultura comum.
	Uma outra forma de transmissão da consciência patriótica seria o ensino militar obrigatório e simultâneo ao ensino secundário o ensino militar era destinado a habilitar os alunos menores de 16 anos ao ingresso de unidades-quadros, tiros de guerra ou escolas de instrução militar. Toda essa preparação se daria de forma teórica e sem armas. Entretanto o ensino militar não foi a diante pois os pais dos alunos não aceitaram que seus filhos fossem reprovados por não participarem das aulas por isso eles argumentam a favor da extinção da instrução pré-militar.
	A reforma de 1942 caracterizou-se pela intenção de consolidar a escola secundária como a principal instituição de educação e a formação de mentalidades a partir dela, a formação de uma elite católica, masculina, de formação clássica e disciplina militar, a criação de uma cultura nacional comum e disciplinar as gerações para garantir a continuidade da pátria.
O Grande Projeto Universitário
	O projeto universitário era o mais ambicioso segmento do programa educacional de Capanema, para ele o preparo das elites era mais importante do que a alfabetização das massas. O ensino secundário era o caminho para o recrutamento das elites, a seleção de pessoas que era feita pelo ensino secundário deveria obedecer os critérios de escrita, vocação e competência.
	O projeto universitário dividia a Universidade do Brasil em 4 atividades principais que eram o desenvolvimento da própria concepção de universidade; seu planejamento físico; a criação de uma faculdade de ciências, filosofia e letras, que seria o núcleo de integração de todo conjunto; e a criação de novas faculdades dentre elas a faculdade de política e economia. 
	O ministro define dois princípios fundamentais do projeto que ele encontraria dificuldades nos anos futuros: o primeiro princípio da Universidade do Brasil era implantar e fixar em todo o país um padrão nacional e único de ensino superior; o segundo princípio era o de que a Universidade do Brasil deveria ser uma instituição nacional no qual os estudantes seriam recrutados por rigorosos critérios de seleção. A Universidade do Brasil seria para a elite.
	Enquanto Capanema iniciava seus planos para a Universidade do Brasil, no Distrito Federal estava sendo colocada em marcha a Universidade do Distrito Federal que tinha uma Faculdade de Ciências à altura das aspirações dos setores liberais da intelectualidade do Rio de janeiro. A Universidade do Distrito Federal era dedicada à cultura e à liberdade, e lutaria por um Brasil de amanhã, fiel às grandes tradições liberais. A UDF torna-se um obstáculo para Capanema, para eliminar esse obstáculo de seus planos Capanema usa seus recursos políticos, adquiridos pela instituição do Estado Novo. O ministro prepara um texto explicando as irregularidades existentes na UDF e pede a extinção da universidade alegando que a mesma não tinha todos os institutos previstos pela Lei Federal, que seus estatutos não tinham sido aprovados pelo Ministério da Educação (o que era mais grave) e que a existência da Universidade do Distrito Federal causaria uma situação de indisciplina e desordem na administração do país. Com a extinção da UDF a Universidade do Brasil passa a se constituir o único aparelho universitário do país.
	A Faculdade Nacional de Filosofia nasceu da necessidade do país ter poucas obras nas produções mundiais. Essa faculdade deveria ser criadas nos moldes da sua antecessora paulista. Com a finalidade de buscar subsídios intelectuais para o seu projeto, Capanema convida Georges Dumas para auxiliá-lo na elaboração do mesmo. Todos os contratos de professores franceses e brasileiros eram feitos diretamente pelo ministério e a nomeação dos professores para a universidade era feita pelo presidente.
	Outro componente da Universidade do Brasil foi a Faculdade Nacional de Ciências Econômicas da Universidade do Brasil que estava prevista desde a reforma de Francisco Campos de 1931. A faculdade pretendia criar um instituto que tinha a finalidade de formar técnicos para desempenhar atividades administrativas públicas e privadas. Segundo o projeto a escola deveria incluir cursos de economia, política, administração e finanças. O ingresso dos estudantes aos cursos dependeria um exame vestibular disponível para alunos do 5º ano ginasial completo. Para ingressar nos cursos os alunos deveriam ser formados pelo ensino secundário. Em 22 de setembro de 1945 o Decreto-Lei nº 7.988 exclui o Curso Superior de Administração e Finanças e Ciências Atuariais da Faculdade Nacional de Política e Economia e a transforma em Faculdade Nacional de Ciências Econômicas. Nessa nova sistemática o curso de administração e de ciências políticas desaparece do projeto universitário e as ciências sociais restringem-se ao curso básico de três anos da faculdade de filosofia.
	De modo geral pode-se afirmar que o projeto universitário foi um fracasso. Todos os anos e esforços investidos no planejamento da Cidade Universitária foram em vão, pois o Campos da universidade foi construído em outro local e com outro projeto.
O Ensino Industrial
	O Ensino industrial não mereceu tanto destaque quanto o ensino secundário e superior do ministério Capanema. Este ensino visava reduzir os problemas sociais que a urbanização que o país já trazia, fazendo assim com que as classes proletárias tivessem mais oportunidades de vencer as dificuldades crescente de lutas pela existência. Era visto de forma caritativa, com objetivo de tirar os pobres da ociosidade.
	Segundo Capanema, esse tipo de ensino buscava qualificar operários desde o simples artífice para as profissões elementares. Ele defendia a criação de um órgão federal para administrar o sistema de ensino industrial, com essa visão foi criado o SENAI. Com o SENAI foi criada a Lei Orgânica, que era uma declaração de intenções e um grande painel de organizações que o ensino industrial deveria se ajustar.
	Uma inovação desse ensino foi o tratamento quase igualitário para homens e mulheres, o trabalho só se diferenciava se fosse inadequado por razões de saúde.
	Apesar de todos os esforços para a criação de um amplo sistema de educação profissional que não se diferenciasse do ensino secundário, a não ser pelas “vocações” dos estudantes, na prática o ensino profissional permaneceu-se voltado para as classes baixas. A regulamentação das profissões técnicas não foi conseguida, o Ministério da Educação e Saúde não conseguiu ficar com a tutela de todo sistema, pois o Ministério do Trabalho e a Federação das Indústrias eram mais fortes e conseguiram criar seu sistema de educação profissional de forma mais conveniente. A escola-modelo também foi um projeto que não teve muito sucesso.

Continue navegando