o ponto de inflexão correspondente à destruição total das cloraminas. Esta técnica é denominada cloração ao break-point. • Reações do cloro com outros compostos O cloro reage com outros compostos orgânicos e inorgânicos, em decorrência de sua ação oxidante, oxidando ferro, manganês, nitrito e sulfeto, estes últimos conforme a reação: H2S + 4Cl2 + 4H2O ↔ H2SO4 + 8HCl Oxida também compostos orgânicos, conforme o exemplo: 178 179 Cl Cl | | - C = C - + Cl2 ↔ - C - C - | | | | H H H H 1.2. Importância nos estudos de controle de qualidade das águas O cloro é um agente desinfetante largamente utilizado no Brasil, onde desinfecção praticamente confunde-se com cloração. Pode ser aplicado em diversos pontos do sistema de tratamento de águas, com diferentes finalidades. Assim, na etapa de coagulação e floculação, recorre-se à sua ação oxidante para melhorar a formação dos flocos, por exemplo, em águas contendo ferro e, consequentemente, cor elevada, e que apresentem turbidez baixa; mas, esta chamada pré-cloração é a aplicação mais discutível do cloro, por possibilitar reações com compostos orgânicos que estiverem presentes (principalmente os ácidos húmico e fúlvico), dando origem aos chamados trihalometanos (THMs), cujos indícios de serem carcinogênicos são muito fortes. O clorofórmio, HCCl3, é o principal exemplo de THM. O padrão de potabilidade para THMs é de 100 µg/L, com forte tendência a ser reduzido nas próximas revisões da legislação vigente. Estudos epidemiológicos realizados nos EUA têm conduzido à necessidade de se reduzir esse padrão para 10 µg/L. Assim, sistemas de abastecimento de água que atendem aos padrões atuais poderiam ter sérias dificuldades para atender a este padrão mais restritivo. A aplicação do cloro à entrada dos filtros é denominada cloração intermediária e tem por objetivo evitar desenvolvimentos biológicos que possam obstruir o leito filtrante. É a cloração da água final tratada, ou pós-cloração, que garante a presença do cloro na água até os pontos de consumo, garantindo a sua qualidade biológica. Aliás, esta é uma das vantagens do uso do cloro com relação a outros processos de desinfecção que não tenham ação residual. Embora a desinfecção pelo cloro não deva ser entendida como esterilização, uma vez que algumas espécies (como as amebas, por exemplo) resistem à sua ação, garante-se com a cloração boa proteção contra os agentes das chamadas doenças de veiculação hídrica, tais como: disenterias, cólera, esquistossomose, febres tifóide e paratifóide, hepatite, etc. A cloração não é um processo muito recomendável para a desinfecção de esgotos, devendo ser indicada apenas em situações de emergência. Especialmente os esgotos brutos ou “in natura” e até mesmo os esgotos tratados em nível secundário, são muito ricos em partículas com dimensões suficientes para incorporar os microrganismos em suas estruturas, protegendo-os, por conseguinte, da ação do cloro. Além disso, o excesso de cloro provoca efeitos adversos aos ecossistemas aquáticos dos corpos receptores, trazendo prejuízos inclusive para a fauna ictiológica. Apesar das elevadas concentrações de matéria orgânica, os compostos precursores da formação de THMs não estão presentes em quantidades significativas nos esgotos. Uma aplicação interessante de cloro é no controle de intumescimento dos lodos ativados devido ao desenvolvimento excessivo de organismos filamentosos, o que provoca a flutuação do lodo nos decantadores secundários e a perda acentuada de sólidos biológicos com o efluente final. A aplicação de dosagem correta de cloro no tanque de aeração resulta na oxidação de filamentos sem que ocorra destruição celular. Assim, melhora-se a floculação sem perda de atividade biológica. Todavia, esta adição química tem que ser muito bem controlada, pois do contrário pode-se até mesmo levar o sistema ao colapso. 180 1.3. Determinação de cloro residual em águas Na maior parte das aplicações práticas, o cloro residual é determinado através de processos colorimétricos de comparação visual. Existe o método da ortotolidina que reage com o cloro formando um complexo de coloração amarela. O uso em conjunto de arsenito de sódio permite a distinção entre os residuais livre e combinado. O método apresenta a dificuldade de ter-se que trabalhar com compostos tóxicos. O método de comparação visual atualmente mais empregado é o do DPD, que reage com o cloro formando complexo de coloração roxa. O cloro pode ser determinado também através de titulação com tiossulfato de sódio (titulação de óxido-redução: iodometria): adiciona-se iodeto de potássio ao meio, que também deve ser acidificado com ácido acético, e o indicador é o amido (viragem de azul para incolor). Através de procedimento semelhante pode-se obter uma solução caseira indicadora de cloro. Basta misturar cristais de iodeto de potássio (disponível em farmácias), amido (goma, maizena, etc) e vinagre. Adicionando-se gotas desta solução à amostra de água, se ela contiver cloro deverá se tornar azulada, do contrário, deverá permanecer incolor. Este procedimento pode ser utilizado para a realização de precários testes de demanda de cloro, adicionando-se quantidades crescentes de cloro em diversos frascos com volumes iguais da amostra de água, observando-se após meia hora de contato a presença e a intensidade da coloração azulada. Água incolor significa todo cloro consumido e, por outro lado, azul muito intenso pode significar residual muito alto de cloro. 1.4. Remoção de cloro O cloro residual pode ser removido por processo de adsorção, empregando-se carvão ativado, ou por processos de oxi-redução empregando-se por exemplo o tiossulfato de sódio que reage com o cloro, segundo: 2Na2S2O3 + Cl2 → Na2S4O6 + 2NaCl + 10H2O 2. Fluoreto em Águas 2.1. Fontes de fluoreto nas águas O flúor é o mais eletronegativo de todos os elementos químicos, tão reativo que nunca é encontrado em sua forma elementar na natureza, sendo normalmente encontrado na sua forma combinada como fluoreto. O flúor é o 17o elemento em abundância na crosta terrestre, representando de 0,06 a 0,9 % e ocorrendo principalmente na forma de fluorita (CaF2), fluoroapatita (C10(PO4)6 e criolita (Na3AlF6). Porém, para que haja disponibilidade de fluoreto livre, ou seja, disponível biologicamente, são necessárias condições ideais de solo, presença de outros minerais ou outros componentes químicos e água. Traços de fluoreto são normalmente encontrados em águas naturais e concentrações elevadas geralmente estão associadas com fontes subterrâneas. Em locais onde existem minerais ricos em flúor, tais como próximos a montanhas altas ou áreas com depósitos geológicos de origem marinha, concentrações de até 10 mg/L ou mais são encontradas. A maior concentração de flúor registrada em águas naturais é de 2.800 mg/L, no Quênia. Na tabela 1 são apresentadas concentrações de fluoreto em águas subterrâneas do Estado de São Paulo. 181 Tabela 1: Concentrações de Fluoreto em Águas Subterrâneas do Estado de São Paulo Município Número do Poço F- (mg/L) Riolândia 6/03 8,20 Santa Albertina 13/14 4,40 Barretos 58/21 2,50 Coroados 91/11 5,00 Itápolis 140/05 2,20 Santo Expedito 153/04 4,40 Queiroz 158/07 4,40 Arealva 163/07 3,00 Presidente Prudente 177/82 11,60 Presidente Prudente 177/82 10,50 Presidente Prudente 177/82 13,30 Presidente Prudente 177/82 9,80 Leme 193/02 7,10 Leme 193/16 3,50 Teodoro Sampaio 200/06 9,20 Rio Claro 247/07 6,60 Rio Claro 218/04 2,10 Araras 220/22 2,68 Piracicaba 246/10 3,60 Piracicaba 247/21 4,90 Cosmópolis 249/11 5,60 Jaguariúna 249/36 6,40 Anhembi 273/03 10,40 Conchas 274/05 8,57 Campinas 277/60 3,90 Bofete 297/06 17,60 Pereiras 298/02 8,00 Pereiras 298/02 3,20 Pereiras 298/12 5,14 Pereiras 298/13 6,80 Campo Limpo 302/278 2,50 Taubaté 307/01 2,50 São Paulo 343/2541 8,90 São Paulo 343/3046 4,40 São Paulo 343/2659 2,60 Carapicuíba 342/921