Buscar

O_processo_de_projeto_em_arquitetura_da

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O processo de projeto em arquitetura da teoria à tecnologia
Introdução
Com textos de diversos pesquisadores renomados, a obra discute os principais temas que influem no processo de projeto em Arquitetura: tanto internacionais como voltados à realidade brasileira. Gestão do processo de projeto, abordagem bioclimática, maquetes e modelos, conforto térmico e acessibilidade são tratados nesta obra. O livro aborda ainda o processo de projeto em contextos específicos, como em escolas, edifícios de saúde ou habitação coletiva. Finalmente, discute os avanços tecnológicos e sua influência do processo de projeto, como no caso de projeto digital, displays interativos e fabricação digital. O projeto de pesquisa abordou o processo de projeto em arquitetura em suas diferentes facetas, desde seus aspectos cognitivos, como um processo de solução criativa de problemas, até os impactos mais recentes da tecnologia no trabalho do arquiteto e projetista.
O conteúdo deste livro aborda o processo de projeto arquitetônico e as metodologias e tecnologias associadas. É dada ênfase ao processo criativo e à tomada de decisões em arquitetura, para garantir um projeto com qualidade estética, funcional e de conforto ambiental. Outra grande discussão relaciona-se as ferramentas de apoio ao processo de projeto como os modelos de simulação e as maquetes, bem como as tecnologias da informática como sistemas CAD e BIM e prototipagem rápida e as gramáticas da forma por exemplo.
	O projeto envolve a ação criativa, o acumulo de informações e de experiências, a formulação de hipóteses, a verificação de ideias, um sistema de notações próprias entre outras propriedades. Enfrentam desafios complexos, como definir com precisão as atividades dos usuários e prever suas implicações sociais e psicológicas. O projeto ocupa-se da síntese ao descrever como as coisas devem ser, no sentido de como funcionam e cumprem objetivos. A ação de decidir é fundamental no projeto, pois está associada com seu objetivo final: descrever de que modo um objeto desempenha uma função. A experiência pessoal muitas vezes prevalece no projeto, uma vez que a razão e o ideal do projetista brigam pelo controle do processo. Portanto, procurar a razão no processo de projeto é identificar os momentos em que a idealização do problema e a experiência pessoal do projetista possam ser livres para apresentar alternativas criativas e positivas, e permitir que o rigor e a sistematização comprovem as hipóteses e as verifiquem de forma adequada.
Parte I – A Teoria
1 – A CRIATIVIDADE NO PROCESSO DE PROJETO
	O projeto arquitetônico é complexo, pois, envolvem soluções técnicas e artísticas, resultado da manipulação criativa de diferentes elementos, como funções, volume, espaço, textura, luz, materiais, componentes técnicos e custos, desempenho e tecnologia construtiva. Não há um método único para resolver problemas, pois cada caso é único e precisa de soluções especificas.
	No processo de criação arquitetônica, não há métodos universais entre profissionais, mas alguns procedimentos comuns. Na pratica algumas atividades são realizadas pela intuição, de forma consciente, e outras seguem padrões ou normas. O padrão de pensamento dos projetistas é: racicionio, memória, evolução de ideias, criatividade e experiência.
	Dentre as maneiras particulares de projetar, alguns procedimentos comuns de tratamento de informação são: coleta e analise de dados, entrevistas com profissionais de destaque, observações, estudos de caso e comparações entre a atuação de profissionais experientes e novatos. Durante o trabalho, as relações são exploradas mental e graficamente em desenhos e esquemas. O projetista seleciona conceitos e as relações com que trabalha no projeto, ordena informações constrói ideias. Os estudos de Ericsson e Smith (1991) compararam o desempenho de peritos e novatos em solucionar problemas de um conjunto comum de tarefas já que os peritos possuíam uma memória maior, mais bem organizada em relação aos novatos.
	A criatividade exige tempo e esforço e se manifesta depois de muito trabalho. Para a maioria dos arquitetos e projetistas, um dos meios mais eficientes de alcançar um resultado é modificar soluções existentes, em vez de começar a construí-las do zero. A criatividade envolve uma interação de características pessoais, como habilidade de pensamento e raciocínio, e características do ambiente, como valores culturais, sociais, e oportunidade para expressar novas ideias. Assim, a criatividade gera novidade, ideias e soluções úteis para resolver problemas e desafios rotineiros, resultando em invenções ou produtos com valor científico, técnico, social ou estético.
	Boden (1999) diferencia dois tipos de criatividade: a pessoal que cria um produto inédito e original do ponto de vista do seu criador e a histórica que ocorre quando o produto é original na historia da humanidade.
	No mundo cientifico não há consenso quanto à criatividade ser uma habilidade distinta ou um aspecto da inteligência. A maior parte dos estudos concluiu que a inteligência é mais a capacidade de organizar informações, fazer escolhas originais, concentrar atenção e realizar corretamente tarefas, o que favorece o ato criador, mas não são condições suficientes para uma criatividade excepcional.
	Os computadores e a mídia digital abriram novas oportunidades para entender as características multidimensionais no desenvolvimento da criatividade.
	O brainstorming é uma técnica em grupo, mas pode ser também uma reflexão individual, que tende a gerar ideias mais livres e explorar mais campos, pois não há o receio de criticas, porem em grupo, costuma ser mais eficiente, pela experiência e diversidade dos participantes.
	Os estudos sobre criatividade atestam que ela não é uma característica inata, mas uma habilidade cultivada e treinada quando se compreendem os mecanismos de base. O pensamento criativo utiliza a abstração e a imaginação para criar, somando fases convergentes ou racionais e fases divergentes ou abstratas, que envolvem o domínio da área na qual se cria e a capacidade de manipular o conhecimento para traçar estratégias para a solução de problemas. Os métodos de estimulo a criatividade são aplicados nas diversas etapas do processo criativo em projeto arquitetônico, para facilitar a resolução de problemas e incentivas o conhecimento. As técnicas de estimulo à criatividade favorecem a flexibilidade mental e ampliam as possibilidades de pensamento, para resolver novos problemas no projeto.
“A criatividade é um recurso essencial para produzir projetos novos e inovadores.”
2 – O PROCESSO COGNITIVO E SOCIAL DE PROJETO
	Do ponto de vista intelectual e técnico, o projeto se caracteriza como informações criadas e tratadas por diferentes estratégias mentais e metodológicas, que envolvem os sentidos, representações, esquemas, algoritmos e conhecimentos. Nesse contexto, o projeto de edifícios pode ser sintetizado como um processo cognitivo que transforma e cria informações, mediado por uma série de faculdades humanas, pelo conhecimento e por determinadas técnicas projetuais, sendo orientada a concepção de objetos e à formulação de soluções de forma a antecipar um produto e sua obra.
	Sob a ótica intelectual o projeto é sem duvida complexo e envolve múltiplas habilidades cognitivas e motoras: os sentidos (em especial a visão), a memória, o raciocínio, as habilidades manuais. Nos projetos as principais habilidades intelectuais exercidas estão relacionadas com a capacidade de síntese e informação, a criatividade, o raciocínio lógico, o conhecimento e a capacidade de comunicação e interação entre diferentes indivíduos.
	O processo mental de projeto se processa por meio de aprimoramentos sucessivos das ideias e da compreensão do problema inicial. No inicio do projeto, o maior esforço é dedicado à compreensão do problema, num segundo momento, a ênfase migra para a formulação de soluções, em seguida passa para o desenvolvimento das soluções e por fim caminha para o detalhamentoe a apresentação das soluções.
	Nesse contexto, a noção de ambiente cognitivo e social de projeto proposta por Carmargo ET AL. (1996) permite não só valorizar o papel das ferramentas informatizadas no pensamento abstrato criativo, mas também relacionar este pensamento ao ambiente sociotecnico em que o individuo está inserido.
	O processo social de projeto é por natureza multidisciplinas e desenvolvido em uma série de passos interativos, que devem conceber, descrever e justificar soluções para as necessidades dos clientes e da sociedade em geral.
3 – A GESTÃO DO PROCESSO DE PROJETO EM ARQUITETURA
	A gestão inicia-se com o planejamento do processo de projeto, que compreende: estabelecer os objetivos e parâmetros para o desenvolvimento do projeto; definir o escopo, segundo especialidades e etapas; planejar os recursos, as etapas e os prazos de diversas etapas por especialidade, para estabelecer os cronogramas. Uma vez planejado o processo de projeto, as ações de gestão exigem: controlar e adequar os prazos planejados para as diversas etapas e especialidades; controlar os custos do desenvolvimento em relação ao planejamento; garantir a qualidade das soluções técnicas; validar as etapas de desenvolvimento e os projetos resultantes; fomentar a comunicação entre os participantes do projeto; coordenar as interfaces e garantir compatibilidade entre as soluções das varias especialidades envolvidas; integrar as soluções com as fases subsequentes do empreendimento, nas interfaces com a execução e as fases de uso, operação e a manutenção da obra.
	A gestão do processo é entendida como a administração que começa com uma ideia e finaliza com a produção de uma documentação completa , os projetos, cujos parâmetros geram a construção de um edifício.
	Para atuar de modo responsável e efetivo, o coordenador de projetos deve ter conhecimentos técnicos e habilidades de administração e liderança de diferentes equipes e interesses. A norma brasileira NBR 13531 (ABNT, 1995) trata o processo de projeto como uma sucessão de etapas de levantamento, programa de necessidades, estudo de viabilidade, estudo preliminar, anteprojeto, projeto legal, projeto básico e projeto para execução.
	Vários autores apresenta um modelo de referencia para o gerenciamento do processo do projeto, alguns com menos fases, alguns com mais, mas todos chegam ao mesmo produto final, passando por cada processo de etapa.
	A gestão bem sucedida de um processo de projeto está na forma como as etapas são planejadas, executadas e controladas. Em muitos casos, o processo de projeto não envolve a integração direta entre a concepção do produto e o detalhamento de sua produção. O relacionamento entre projetistas e construtoras muda conforme a complexidade do empreendimento. Surgem novas especialidades, com escritórios dedicados ao detalhamento de projeto voltado à produção. Atualmente as melhores empresas de incorporação e de construção de edifícios adotam métodos de gestão do processo do projeto. No entanto , o escopo de coordenação, que traz melhorias de qualidades e melhores resultados econômicos e de mercado para os empreendimentos, não é difundido e é pouco uniforme, a adoção das práticas recomendadas de gestão do processo de projeto, em muitos casos, reduz os índices de retrabalho, da fase de projeto até a entrega das obras.
4 – O PROCESSO E OS MÉTODOS
	Existem diversas maneiras de descrever o processo de projeto arquitetônico e como este interfere na produção do edifício. Algumas são mais precisas, outras são mais vagas. Alguns autores como Barber e Hanna (2001), Vries e Wagter (1991) e Lawson (2005) mostram que o processo de projeto arquitetônico apresenta características mais ou menos comuns, que devem ser consideradas nas investigações nessa área.
	Para Vries e Wagter (1991) , essas características são : processo mal estruturado, processo em aberto e inexistência de um ponto de partida.
	Um processo de projeto arquitetônico é mal estruturado porque a maioria dos problemas é mal definida, ou seja, os fins e os meios das soluções são desconhecidos e externos ao problema, pelo menos no seu conjunto. Assim fica difícil prever soluções para resolver um problema de projeto. Apenas para pequenas partes do projeto que apresentam numero limitado de restrições, é possível se chegar a soluções mais definitivas.
	O processo de projeto arquitetônico está em aberto em virtude de não se alcançar uma solução ideal de edifício e de não existir , nas fases preliminares de projeto, uma meta real de morfologia desejada. Dificilmente um projetista acaba um projeto por não conseguir melhora-lo, mas, quase sempre, por causa de um prazo final ou de uma condição de orçamento.
	A terceira característica comum de um processo de projeto arquitetônico é que ele não tem um ponto de partida. Em geral, começa-se com alguns esboços, na tentativa de dispor um edifício num local. O projetista estabelece algumas conjecturas de projeto sobre objetivos do partido, volumetria, aparência e perfil do uso, para servirem de base e aperfeiçoa.
A partir de experiências em processo de projeto, Lawson (2005) mostra uma forma mais simplificada de representar o processo de projeto é a partir da sequencia de decisões compostas pela análise, síntese e avaliação.
A análise constitui a fase de identificação dos principais elementos que compõe o problema de projeto. Nela são definidos: as principais metas e objetivos que o projeto deve alcançar; os principais critérios de desempenho do edifício; as principais restrições, possíveis impactos das soluções para os usuários, clientes e localidade etc.
A síntese está associada á fase criativa dos estágios de decisão. Nessa fase, os arquitetos concebem as ideias e possíveis soluções que atendam aos objetivos e satisfaçam as restrições e oportunidades observadas na etapa de analise.
A fase de avaliação visa garantir que uma solução proposta seja a mais aceitável. Para tanto, procura detectar deficiências no projeto antes da produção, venda e uso, quando as alterações tornam-se progressivamente mais demoradas e caras. Na avaliação a solução proposta é comparada com as metas, restrições e oportunidades que o projeto deveria atender, detectadas na fase de analise do problema do projeto. O objetivo é distinguir o que é compatível ou conflitante e estabelecer o grau em que uma solução proposta atende aos requisitos de desempenho definidos na fase de analise. Os resultados da avaliação devem ser comunicados ás demais fases. Deficiências no projeto detectadas na avaliação podem levar a revisão da síntese, com melhorias, ajustes ou mudanças nas soluções, e resultar em redefinições de metas, restrições e requisitos de projeto na analise.
A rápida evolução que vem acontecendo na qualidade de comunicação, com o advento do computador, tem possibilitado a expansão ao acesso da informação de projeto, a explicitação do processo de projeto e o envolvimento de mais profissionais.
O projeto arquitetônico visa a uma solução que satisfaça às metas e objetivos desejados pelos clientes, como custo aceitável, usabilidade, durabilidade, beleza, etc. a tarefa do arquiteto é encontrar a solução que corresponda melhor às metas e satisfaça às restrições estabelecidas.
Compreender diferentes técnicas, métodos de projeto e habilidades que o projetista deve ter para resolver problemas de projeto pode ser um ponto de partida para o aprofundamento das pesquisas em metodologia de projeto, conhecer diferentes métodos de projeto e saber em que tipo de problema de projeto eles podem ser utilizados é, por fim, uma habilidade fundamental do arquiteto.
5 – O PROGRAMA ARQUITETÔNICO
	O objetivo do programa arquitetônico, primeiro passo do processo de projeto, é descrever o contexto do projeto, e assim estabelecer o problema a que a forma deverá responder. O programa arquitetônico é o estágio de definição do projeto – o momento de descobrir a natureza do problema de projeto, em vez de a natureza da solução de projeto (Hershberg, 1999,p.1).
	Programar os requisitos do projeto de um edifício é a primeira tarefa do arquiteto, se não a mais importante . (Peña. Parshall, 2001, p. 12).
	O programa é o primeiro passo do processo de projeto , porque trata das condições observadas no decorrer do projeto, e deve se ater à descrição do contexto ou dos aspectos gerais da forma, e evitar sugerir ou impor soluções.
	As tarefas envolvidas na definição do programa são: levantar informações, descobrir os padrões dos problemas e obter as contribuições do cliente. Faz parte do programa determinar os principais tópicos do projeto, segundo os valores identificados pelo cliente, e apresentá-los de modo claro e preciso.
	Segundo o método de identificação do problema (Problem Seeking), o programa arquitetônico é dividido em cinco passos: estabelecer metas, coletar e analisar fatos, descobrir e testar conceitos, determinar as necessidades e situar o problema. (Peña; Parshall, 2001).
	O programa descreve o problema a que o projeto deve responder. O Problem Seeking define o principio dos cinco pontos identificados pelas respostas às seguintes perguntas:
Metas – O que o cliente quer obter e por quê?
Fatos – o que sabemos? O que é dado?
Conceitos – como o cliente quer alcançar as metas?
Necessidades – quanto dinheiro e espaço? Qual nível de qualidade?
Problema – quais são as condições significativas que afetam o projeto do edifício? Quais são as direções gerais que o projeto deve tomar?
Com um método, o programa pode organizar, selecionar e priorizar a quantidade de informações de grandes projetos, de modo a ser compreendida e utilizada pela equipe.
O programa arquitetônico é uma das primeiras etapas do processo de projeto. Pela natureza descritiva, o brief, ou programa, é um documento contratual que descreve as propriedades (escopo) que o cliente espera do projeto.
A NBR 13531 estabelece as fases de levantamento, programa de necessidades e estudo de viabilidade como as primeiras etapas de projeto, antes do estudo preliminar.
A NBR 13532 trata dos aspectos da arquitetura na elaboração de projetos de edificações, estabelecendo as mesmas três fases iniciais de projeto arquitetônico da NBR 13531: levantamento, programa e viabilidade.
O programa identifica as atividades envolvidas na edificação a ser projetada, com todos os aspectos que o projeto deve atender.
Na conclusão , o arquiteto inicia o trabalho de projeto com a síntese gráfica de suas interpretações do programa e, na sequencia, mantém o desenho como principal forma de comunicação e registro de suas ideias, definições e orientações construtivas. Para o cliente, o programa documenta os termos que o projeto deve cumprir, as prioridades, os custos e os prazos envolvidos na construção e manutenção do edifício. Para o projetista, o programa é uma referência corrente das informações do empreendimento, que ele pode completar ou refinar durante o processo de projeto, mas não pode ignorar.
6 – MAQUETES E MODELOS COMO ESTÍMULO Á CRIATIVIDADE NO PROJETO ARQUITETÔNICO
	A maquete assim como o desenho, é fundamental na elaboração de projetos de arquitetura e urbanismo, a maquete é uma extensão do croqui, do desenho, com a vantagem da terceira dimensão. Durante o processo criativo, são importantes os estudos por meio dos modelos de massa para analisar o conjunto da volumetria e seu impacto no entorno.
	Na fase da execução de obras, o emprego de maquete tem sido facilitado pelas tecnologias digitais, pois amplia a compreensão do projeto pelo engenheiro ou mestre de obra.
	Para os estudantes de arquitetura e urbanismo, as maquetes são fundamentais para treinar a habilidade mão-olho e estimular o senso de percepção espacial. Nesse estágio da formação do arquiteto, a complexidade tridimensional em projeto deve ser desenvolvida por meio de maquetes físicas, uma vez que as maquetes eletrônicas tem capacidade limitada para transmitir a complexidade tridimensional. (Ryder et al., 2002).
	A maquete facilita a compreensão do usuário em relação aos espaços e o entendimento do arquiteto, possibilitando soluções amplas e eficazes. Na formação dos arquitetos urbanistas no Brasil, a maquete é inserida na fase inicial de concepção de projeto, para antecipar algumas soluções que só seriam detectadas posteriormente, e pode assegurar inclusive um melhor desenvolvimento do desenho. Ela permite sua contemplação de vários ângulos, a análise do seu comportamento à luz do sol, e verificar as possibilidades e características dos materiais e dos sistemas construtivos.
	A manipulação de maquetes e modelos físicos apresentam um potencial para entender e resolver problema não totalmente explorado, daí a utilização de metodologias que motivem e estruturem a aplicação das maquetes durante o processo criativo, para criar experiências espaciais pela exploração tátil, pois esse recurso demonstrou ser importante às soluções de projeto criativo, por ampliar a capacidade mental.
	Embora os avanços das mídias possibilitem a construção de maquetes digitais, denominadas eletrônicas, com recursos inovadores, elas se utilizam de um conjunto de técnicas e equipamentos muito diferentes das empregadas na construção de maquetes manuais. As qualidades táteis na construção manual da maquete física coloca o projetista em contato com o mundo real, e, por meio dela, qualquer coincidência entre as distintas técnicas e meios, tanto digitais quanto físicos, só pode enriquecer ainda mais a arquitetura. A possibilidade de a tecnologia computacional evoluir em paralelo e de forma combinada às técnicas manuais de construção de maquetes como parte do processo de projeto revela-se um caminho interessante e promissor, sugerindo que a era das maquetes manuais não terminou, pelo contrário. Estas, cada vez mais, revelam-se estratégias essenciais não apenas para o desenvolvimento e a comunicação de um projeto no próprio núcleo da pratica de projeto, mas especialmente para a formação dos arquitetos e urbanistas.
7- A GRAMÁTICA DA FORMA
	Alem de criar novas instâncias com uma mesma linguagem, é possível explicar, por meio da gramática da forma, por que determinadas soluções foram tomadas pelo autor de uma linguagem. A gramática da forma é capaz de tornar inteligível o processo de concepção da forma e elucida questões de tomada de decisão do projetista, o que possibilita uma abordagem de ensino não subjetiva, pela analise de regras, e tornam-se claros os processos de elaboração de uma linguagem projetual.
	A gramática da forma não é empregada apenas para a análise de linguagens preexistentes. Um professor pode pedir para o aluno criar em sala de aula uma gramática pra solucionar um problema de projeto. Assim, o estudante poderá compreender o processo de construção de solução projetual, segundo as regras que elaborou. Por meio de uma abordagem de síntese, o aluno também pode criar composições ou instancias que não seguem os métodos tradicionais de projeto, pois a gramática possibilita a organização do raciocínio em relação ao processo de manipulação das formas.
	Portanto, essa ferramenta metodológica pode ser empregada de diferentes formas em sala de aula, no computador, ou na geração de composições pela aplicação manual das regras. A gramática da forma pode complementar o ensino tradicional de projeto, segundo diferentes abordagens de ensino.
	
8 – O PROJETO AXIOMÁTICO
	Em 1990, foi criado o projeto axiomático (Suh, 1990), e este capitulo discute a aplicação desse método no processo de projeto em Arquitetura. O projeto arquitetônico faz parte da família de processos de tomada de decisão e o método axiomático de Suh demonstra possibilidades de aplicação efetiva nessa área. Entre os projetistas, o modelo geral de tomada de decisão divide-se em: programa, projeto, avaliação e decisão, construção e avaliação pós-ocupação.
	Para diminuir a subjetividade na tomada de decisão, discute-se aqui a aplicação do método axiomático como uma alternativa à sistematização da tomada de decisão em projetoarquitetônico. Para isso, verifica-se a complexidade do ato projetivo, para compreender a proposta da metodologia do projeto axiomático sob dois aspectos: inserindo a metodologia, que não foi desenvolvida para o projeto arquitetônico no contexto histórico das metodologias de projeto, e descrevendo suas principais características e relevância para o projeto arquitetônico. Em seguida, implementa-se a metodologia de projeto axiomático em uma nova prática projetual.
	Os problemas de projeto arquitetônico geralmente são mal definidos, sem uma formulação definitiva para as questões levantadas e com diferentes formulações do mesmo problema, o que implica diferentes soluções, que por sua vez, não são necessariamente corretas ou incorretas. O projeto pode ser genial, mas a explicação da solução é geralmente pouco convincente, porque os arquitetos procuram soluções únicas, com base em teorias e regras generalizáveis. O ato de projetar acumula conhecimentos, e cada projeto se baseia no protótipo anterior para produzir novas soluções. Se os projetistas não conseguir explicar como chegou à solução, torna-se difícil a evolução da área de projeto. A intenção de utilizar metodologias de projeto axiomático é demonstrar a sua vantagem na racionalização da informação.
	A proposição básica da abordagem axiomática é a definição de um conjunto de princípios que determinam a boa prática de projeto. Segundo a metodologia de projeto axiomático, o projeto tem uma natureza hierárquica, isto é, as decisões são feitas pela decomposição do problema, do nível mais genérico ao mais detalhado, semelhante à organização dos padrões de Alexander, sendo essa hierarquização um dos principais temas da abordagem axiomática.
	O projeto tem quatro aspectos principais: a definição do problema, com a enunciação coerente da questão; o processo criativo, que determina se a solução é racional ou correta; e uma checagem final da adequação do produto de projeto às necessidades originais (Suh 1990). A proposta da abordagem axiomática auxilia no processo de projeto de Arquitetura quando o objetivo é representar de maneira sistemática as informações geradas durante a tomada de decisão. Isso porque os axiomas, que direcionam o processo analítico desenvolvido junto com o processo criativo, visam à codificação e à transmissão do conhecimento empregado no processo.
	O processo de projeto começa com o reconhecimento de uma necessidade do cliente, feito com métodos e técnicas que incluem a avaliação pós-ocupação, a pesquisa de mercado junto aos usuários, a consulta a especialistas envolvidas com o problema etc. as informações auxiliam no reconhecimento do problema e são transformadas pelos projetistas em requisitos funcionais RF que o projeto deve satisfazer, que são as características e os limites aceitáveis que o projetista estipula para que o produto atenda às necessidades do cliente. Na metodologia de projeto axiomático, elas são traduzidas como conjunto mínimo de requisitos funcionais independentes que caracterizam o objeto de projeto (Suh 1990).
	No método axiomático, a informação é entendida como o conjunto de dados (desenhos e memoriais descritivos) necessários para manufaturar o produto (construir um edifício).
	Nesta breve introdução à metodologia axiomática, podemos perceber o direcionamento do processo de tomada de decisão, no qual o registro feito com as matrizes e os diagramas de fluxo e junção de módulos permite ao projetista perceber quando as funções e os parâmetros escolhidos são conflitantes e devem ser revistos durante o processo de projeto.
9 – OS SISTEMAS NEBULOSOS NA MODELAGEAM DA SUBJETIVIDADE
	Ao longo do desenvolvimento do projeto, que vai desde as fases de levantamento do programa, modelagem e analise de manifestações dos usuários ou especialistas até a fase final de concepção propriamente dita, o arquiteto depara-se com problemas que envolvem uma gama de variáveis, nem sempre compatíveis entre si. Durante a fase conceitual, os dados geralmente são mais escassos e imprecisos, o que dificulta a tomada de decisões. Nessa fase, a experiência de especialistas é fundamental para a resolução dos problemas. Alem disso, muitos dos aspectos qualitativos do projeto, como os relacionados ao conforto ambiental, que podem ser descritos, por exemplo como uma cozinha espaçosa, ou um ambiente bem ventilado, apresentam características da subjetividade. Se, por um lado, são situações que envolvem muitas informações para expressar as opiniões dos especialistas ou as sensações dos usuários, que apresentam características subjetivas e nebulosas (fuzzy), por outro, a matemática clássica e a estatística trabalham com informações bem definidas.
	A teoria dos sistemas nebolusos (TSN), ou Fuzzy Systems Theory, criada na metade da década de 1960, é uma abordagem alternativa para o tratamento de informações subjetivas. Aplicada com sucesso em várias áreas de conhecimento, atualmente se pode observar o potencial do seu uso também na área de projeto arquitetônico. Espera-se que, em alguns anos, ela chegue ao cotidiano dos escritórios de projeto, fazendo parte de aplicativos visando auxiliar na tomada de decisões nos projetos.
	Muitas das características subjetivas presentes em todas as fases do processo de projeto podem ser modeladas e manipuladas matematicamente, de modo mais realista, com o uso da TSN. Isso é particularmente relevante para as fases em que o projetista necessita de soluções criativas, baseando-se nas informações provenientes de opiniões ou experiências de usuários ou especialistas. Na área de arquitetura, a subjetividade e a experiência nas soluções de projeto são fatores permanentemente presentes, principalmente nas questões relacionadas ao conforto, quando a ênfase numa boa solução arquitetônica esta intrinsecamente ligada ao usuário e suas particularidades, sejam elas físicas ou psicológicas.
	O uso da Teoria dos Sistemas Nebulosos na modelagem das informações subjetivas da área de Arquitetura permite, alem de flexibilizações de métodos ou sistemas já existentes, o delineamento de novos métodos que possibilitem um tratamento, ainda na fase inicial do processo de projeto, das informações preciosas, embora nebulosas, como auxilio ao desenvolvimento de projetos. Em função disso, sua aplicação abre novas perspectivas de trabalho no campo da modelagem matemática para a área de arquitetura.
10- ESTUDOS CRIATIVOS DA FORMA A PARTIR DE PADRÕES GEOMÉTRICOS HISPANO-MOURISCOS
	É grande o desafio de solucionar diversas variáveis que compõem a área de projeto arquitetônico, ainda nas fases iniciais do processo de projeto. Soma-se a isso o fato de que, na prática do dia a dia, o tempo para buscar soluções apresenta-se cada vez mais escasso. Nesse contexto, o domínio da geometria, bem como a capacidade de explorar diferentes formas geométricas na busca de soluções funcionais e estéticas, são habilidades essenciais ao bom projetista.
	Neste capitulo, abordou-se o uso da geometria com base em padrões de simetria inspirados na arte hispano-mourisca, como fonte criativa no estudo das formas. Com esse intuito, apresentou-se um conjunto de métodos didáticos, direcionados para o desenvolvimento criativo de formas bi e tridimensionais a partir de unidades modulares, bem como ferramentas para o estudo exploratório de novos padrões compositivos e de novas formas tridimensionais a partir de uma determinada unidade ou de um conjunto especifico de unidades.
	Com a experiência adquirida das aplicações realizadas até o momento, e com o objetivo de ampliar os métodos de estudos criativos da forma a partir de unidades modulares, foram apresentados o aplicativo MOSAICO e um sistema online, que incorpora um site educacional e plugins para o aplicativo Sketch up. Graças a sua agilidade e independência temporal essas ferramentas têm o objetivo de auxiliar os alunos em suas atividades digitais de estudos e criação de formas. Considerando que o desenvolvimento criativo da forma é fundamental para dar subsídios ao projetistanas tomadas de decisão no processo do projeto arquitetônico, acredita-se que esse tipo de aplicação, ainda na fase de formação profissional, contribui para a expansão tão necessária da criatividade, permitindo, assim, tomadas de decisão mais rápidas, adequadas e criativas.
11 – O DESENHO UNIVERSAL NO PROCESSO DE PROJETO
	O crescente numero de indivíduos que necessitam de auxilio para locomoção, comunicação ou execução de atividades diárias tem povoado o espaço urbano. Essa parcela da população permaneceu oculta por décadas, em razão do preconceito ou da falta de preparo da sociedade para recebê-los.
	Atualmente, com o aumento da estimativa de vida e o avanço da medicina e tecnologia (que cada vez mais permitem que uma deficiência não seja impedimento para o prosseguimento da vida), é maior o número de indivíduos com alguma deficiência que transitam na cidade. Eles também estão mais atuantes na sociedade, exigindo direito a trabalho, moradia, lazer e vivência em comunidade. A inserção de pessoas com deficiências mentais, visuais e físico-motoras no cotidiano urbano deixou de ser uma opção e tornou-se uma necessidade, o que culminou com a dissolução dos preconceitos outrora presentes na relação entre usuários e a sociedade da qual fazem parte. A necessidade de inclusão espacial desse público influenciará em escala crescente o traçado urbano e, consequentemente, terá impactos no processo de trabalho dos arquitetos e urbanistas.
	Alcançar uma acessibilidade urbana é uma etapa essencial na melhoria do ambiente e na viabilidade econômica das cidades, contribuindo para o processo de construção da cidade sustentável, baseada no potencial de mutabilidade, adaptabilidade e criatividade no uso e na tomada de decisões, com impactos positivos para a coletividade. A realização de objetivos relacionados ao ambiente publico urbano exige abordagens integradas, que combinem o planejamento dos transportes, do próprio ambiente e das políticas publicas relacionadas ao uso do espaço urbano. Para que haja uma inserção efetiva das pessoas com deficiências, os percursos disponíveis devem ser acessíveis.
	A democratização do espaço e uso da cidade, em seus aspectos mais amplos, levará a imprescindíveis modificações da forma da cidade, e questão da deficiência não pode ser um impedimento para o individuo usufruir da convivência social e urbana. O ambiente deve estar preparado para acolher essa população, que necessita de instrumentos e orientações para se locomover com desenvoltura, preservando a autonomia e o direito de utilizar o espaço urbano.
	A acessibilidade tornou-se um desafio para o governo e a sociedade nos dias atuais, uma vez que exige a eliminação, em amplo aspecto, de barreiras arquitetônicas e urbanísticas nas cidades e nos edifícios, nos transportes e na comunicação. Para arquitetos e urbanista, essa abordagem deve ser encarada na fase inicial do trabalho, integrando o conceito na origem do processo de projeto.
	No campo da arquitetura e urbanismo, o termo acessibilidade esta relacionado ao contexto físico-espacial, às relações do homem com o espaço físico. A acessibilidade espacial diz respeito às condições dos ambientes, de forma a permitir o acesso, o deslocamento, a orientação e o uso dos equipamentos por qualquer individuo, sem necessitar o conhecimento prévio das suas características. Proporcionar acessibilidade ao espaço construído significa garantir a cidadania e aceitar a diversidade, oferecer possibilidade e condições de alcance, percepção e entendimento do espaço a qualquer tipo de pessoa em suas diferentes condições de mobilidade, repeitando seu direito de ir e vir (Masini, 2002). Paradoxalmente, assiste-se a uma situação na qual parte da população é literalmente barrada nos espaços públicos, nos edifícios, nos locais de convívio. Essa situação se deve tanto a uma inadequada configuração dos espaços físicos, como, principalmente à falta de conscientização de profissionais, planejadores e gestores urbanos sobre as reais necessidades e peculiaridades de acesso de muitas pessoas com dificuldades físicas, motoras e/ou sensoriais, temporárias ou permanentes.
	A inclusão dos parâmetros de Desenho Universal no projeto arquitetônico adquire valor e importância ao contribuir para a incorporação de novas posturas profissionais durante o processo projetual, atendendo à demanda de usuários com outras habilidades e necessidades diversas. Segundo Ryhl (2004), os arquitetos e planejadores trabalham para criar um ambiente acessível, mas o conceito de acessibilidade deve ser ampliado, considerando também o acesso da percepção e da experiencia da qualidade arquitetural do ambiente construído. As questões de acessibilidade e inclusão tem sido vastamente discutidas em diferentes áreas de atuação profissional. O desafio que se coloca é responder de que forma é possível que todas as pessoas, sem restrições, possam exercer seu direito de ir e vir, garantido pela Constituição. Nesse sentido, a acessibilidade plena ao ambiente construído pressupõe uma cumplicidade entre o usuário e o espaço construído. E de que forma percepções e habilidades sensoriais poderiam ser incluídas no conceito de Desenho Universal?
	Nesse contexto, aparece a Avaliação Pós-Ocupação (APO), uma metodologia que busca uma analise adequada da relação ambiente construído e usuário. A aplicação da APO consiste em aferir as condições de uso do ambiente construído, sua adequação às necessidades do usuário e as condições de habitabilidade e conforto proporcionadas.
	O processo criativo em Arquitetura está fortemente baseado na representação gráfica como elemento de comunicação, mas que analises de avaliações pós-ocupação de edificações demonstram que a documentação gráfica e técnica tem sido pouco informativa para sua replicação no processo de projeto. A utilização do desenho é importante, primeiro como ferramenta durante o processo, segundo, como documento de construção desse processo e, por fim, como elemento de comunicação e leitura do projeto.
	Como ferramenta de desenvolvimento, os croquis são os desenhos geradores do partido e da concepção formal do projeto, e representa a abstração da ideia conceitual. Aliada do desenho como ferramenta e como elemento de comunicação, a maquete exerce uma função de importância fundamental no ato de projetar. Ela auxilia na criatividade e permite experimentar as soluções que, desenhadas na segunda dimensão, traduzem-se na terceira dimensão. Também fornece informações sobre a topografia e permite uma visualização mais realista da composição dos elementos e da volumetria.
	A necessidade de inclusão dos parâmetros do DU na fase conceitual do processo de projeto arquitetônico é fator fundamental para obtenção de ambientes e espaços que respeitem as necessidades e individualidades de seus usuários. É um processo de aprendizagem que começa no ateliê de projeto e estende-se para a pratica arquitetônica.
	É imprescindível compreender o processo de projeto, e não só o produto obtido em si. Se o projetista compreende seus próprios processos e metodologias, a criatividade e a qualidade dos procedimentos e resultados são potencializadas, e esse conhecimento pode ser aplicado por ele em qualquer campo de atuação, abrindo seu leque de oportunidades.
12 – A HUMANIZAÇÃO NO PROJETO DA HABITAÇÃO COLETIVA
	Ao se discutir a preocupação com o desenvolvimento sustentável, o acesso global à qualidade de vida e a questão dos impactos relacionados ao ambiente, depara-se com segmentos crescentes da população vivendo ás margens da cidade, sem acesso a infraestrutura urbana, a equipamentos comunitários e à moradia. O desenvolvimento sustentável demanda, alem do aprimoramento de questões técnicas, a harmonia com o espírito do lugar e o estabelecimento de uma relação saudável entre habitantes, comunidade e ambiente. Para superar os efeitos negativos de empreendimentos de larga escala, motivados por interesses imobiliários, em detrimento de um acesso democrático à moradia, é necessária a lógica do pensamentosustentável social e ambiental.
	Um dos métodos no processo de projeto para identificar os elementos que caracterizam a qualidade espacial são os estudos de avaliação pós-ocupação dos usuários (APO), cujo objetivo é a retroalimentação dos projetos, para diminuir a recorrência de erros e corrigi-los quando identificados. Assim, estabelece-se um vinculo entre a percepção do usuário e a qualidade do projeto e da construção. Quanto à habitação, para que os projetos enriqueçam a vivencia humana, devem considerar as relações entre os seres humanos e o ambiente, construído e natural, o que demanda um aprimoramento dos procedimentos adotados e a aplicação de metodologias mais sistemáticas de pesquisas e projeto. 
	Apresenta-se aqui um proposta de estratégia projetual que visa à integração de conhecimento qualitativo no processo de projeto de habitação coletiva, a partir da valorização da relação entre conceitos humanizadores e qualidade espacial do projeto.
	A humanização em Arquitetura busca canalizar a necessidade humana por ambientes enriquecedores, vivos e saudáveis. No projeto da habitação coletiva, a relação ambiente-comportamento inclui um senso de lugar de habitar.
	Pode-se estabelecer uma relação entre os parâmetros projetuais relacionados à escala da habitação e os princípios propostos por Kowaltowski (1980): o sentido de lugar e de habitar relaciona-se aos princípios da domesticidade e do porte reduzido das construções; a dimensão expressiva do conforto ambiental, ao principio da estética; e aspectos do conforto luminoso e térmico e o respeito ao ambiente natural, ao principio da natureza.
	O processo de projeto do ambiente construído deve considerar as sensações fisiológicas e psicológicas de seus usuários, que se traduzem em reações de apego ou de desprezo pelo lugar. A percepção humana do espaço esta relacionada à capacidade de perceber calor e frio, e o calor radiante dos objetos e das pessoas tem importante papel na movimentação dos cegos.
	Um projeto arquitetônico-urbanistico sintonizado com os anseios de uma comunidade e com as qualidades especificas do lugar considera os atributos humanos e as relações espaciais de associação sociocultural, ambiental e econômica. Envolve, assim, expectativas e problemas conflitantes por meio de procedimentos criativos de componentes programáticos e espaciais. O processo projetivo que busca soluções de qualidade requer conhecimento solido no campo de atuação e base critica interna para o direcionamento do projeto em desenvolvimento, sem mecanizá-lo a ponto de impossibilitar novas ideias. A solução criativa de problemas requer o equilíbrio entre os pensamentos divergente e convergente. A criatividade pode ser cultivada e uma variedade de instrumentos é bem vinda como suporte a um processo em que as regras por si só não resolvem todos os problemas. Acredita-se que o processo projetivo pode beneficiar-se do conhecimento sistematizado, sem prejuízo da criatividade.
	Valorizou-se aqui a relação entre conceitos humanizadores e qualidade espacial do projeto da habitação coletiva, com vistas à integração entre o conhecimento qualitativo e a sistematização criativa na solução de problemas do projeto. A percepção arquitetônica dos fatores que influem na relação ambiente-comportamento é importante para o processo de projeto que almeja uma sintonia entre os anseios da comunidade e as qualidades do local.
	A abrangência e heterogeneidade de escala de intervenção, organização espacial de conjunto e de moradia, peculiaridades do lugar e localização espacial e temporal dos projetos da amostra analisada contribuíram para ilustrar a variedade de parâmetros projetuais, cuja relevância para a analise dos projetos fomentou a construção dos conceitos humanizadores. Observa-se uma crença no caráter propositivo (e não restritivo) dos patterns, daí sua tradução e interpretação como parâmetros projetuais, e os conceitos propostos requerem uma compatibilização entre as diferentes possibilidades sugeridas pelos parâmetros. Almeja-se o equilíbrio entre o Senso de Urbanidade e o Senso de Habitabilidade, visto que ambos são fundamentais para a qualidade do projeto, expressando basicamente mudança de escala. Assim, salienta-se a importância da conexão entre os parâmetros projetuais e da complementaridade entre os conceitos humanizadores que contemplem o valor desejado pelos moradores.
	As soluções espaciais para os desafios habitacionais e urbanos no Brasil requerem constante aperfeiçoamento, a fim de se tornarem mais sustentáveis. Ao mesmo tempo, acredita-se que tais condicionantes e exigências ambientais se agreguem ao valor desejado pelos moradores. Assim, são necessários novos estudos para incorporar novos parâmetros às diferentes dimensões da sustentabilidade e em variadas escalas de intervenção urbano-arquitetonica.
13- ARQUITETURA ESCOLAR E SEU PROCESSO DE PROJETO
	O ensino publico brasileiro tem sido muito discutido em razão dos índices insatisfatórios de desempenho dos alunos, da sua falta de qualidade e da constante adequação às novas abordagens e metodologias educacionais.É necessária uma atuação multidisciplinar para a melhoria da qualidade do ensino, mas há poucas propostas de atuação qualificadas e, ainda em menor numero, as que observam a participação do profissional de Arquitetura nesse processo, apesar dos estudos que demonstram a direta relação entre a qualidade do espaço físico e o desempenho dos alunos, como Kowaltowski, Graça e Petreche (2007), Taralli (2004) e Schneider (2002). Sabe-se que o projeto de ambientes de aprendizado pode ter um impacto significativo na frequência e no comportamento dos alunos.
	Os avanços tecnológicos e as mudanças globais, sociais e econômicas influenciam os trabalhos de Arquitetura e aumentam a complexidade e a exigência da qualidade final dos edifícios, como os escolares, com decisões projetuais que confiram conforto, funcionalidade e humanização do ambiente construído e soluções de sustentabilidade (Kowaltowski et al., 2006). Assim, é indispensável à criação de mecanismos de apoio ao processo de projeto em Arquitetura, para aprimorar as atividades criativas do projetista visando à solução de problemas.
	São analisadas as escolas publicas existentes, seu estado de conservação e sua infraestrutura para abrigar os programas de ensino do Estado ou do Município. Essas analises indicam a necessidade de novas escolas e as reformas e ampliações de prédios escolares existentes. Pela demanda de vagas de alunos para cada ciclo de ensino, calcula-se o tamanho de novos prédios escolares e indica-se o local ou as áreas de construções novas. Essas decisões afetam as definições do programa de necessidades para dar um suporte ao processo de projeto da nova escola.
	Umas das criticas ao processo tradicional de projeto de novas escolas publicas é a rigidez dos programas arquitetônicos e a falta de detalhamento de metas, objetivos, desejos e desempenhos no inicio do processo criativo. Isso faz com que as escolas sejam projetadas dentro de um padrão, o que implica pouca preocupação com as necessidades especificas de cada comunidade. Desse modo, ao serem inauguradas, muitas escolas já mostram deficiências espaciais que acabam sendo supridas através de adaptações de espaços, e quase sempre tem problemas funcionais e de conforto ambiental. Cabe avaliar a implicação social dessa questão, para que, aos poucos, se valorizem e implantem processos mais ricos e completos para melhores ambientes de ensino.
	O processo de projeto arquitetônico tem fases cíclicas de analise, desenvolvimento de soluções ou síntese da forma, e avaliação. Diversos estudos desenvolvidos visam melhorar a qualidade do ambiente construído e identificam objetivos arquitetônicos como propiciar experiências espaciais e impacto estético; adaptar-se ao contexto; propiciar espaços convidativos e confortáveis; atender às necessidades e desenvolver projetos ambientalmente responsáveis. A melhoria do processo de projeto contribui para a qualidade dasedificações, pela produção de uma arquitetura de alto desempenho, que mostra vantagens, pois atende as necessidades dos usuários e do ambiento no entorno.
	O processo de projeto escolar inclui uma atenção especial às experiências espaciais do edifício em relação a influencia no aprendizado de seus alunos e aos questionamentos sociais presentes e futuros.
	A primeira recomendação é que os ambientes de aprendizado sejam associados às metodologias de ensino e princípios pedagógicos, sendo flexíveis quanto ao uso dos espaços e com maior variedade de configurações, pois a escola não se constitui apenas de sala de aula, mas um espaço para estudos individuais e em grupo, laboratórios de ciências e artes, salas de musica e teatro, sala de ginástica e espaços humanizados de convívio e alimentação.
	Os espaços escolares contribuem para o processo de aprendizagem segundo princípios como: criação de ambientes estimulantes, lugares para ensino em grupo, conexão entre espaços internos e externos, áreas publicas incorporadas ao espaço escolar, segurança física e psicológica, variedade espacial, flexibilidade, riqueza de recursos (equipamentos, infraestrutura, material didático, recursos humanos etc.), ambientes ativos e passivos, espaços personalizados e espaços comunitários.
	Para melhorar o processo de projeto e vencer obstáculos, recomenda-se valorizar a fase do programa arquitetônico com discussão dos problemas e as possíveis soluções. Recomenda-se a inclusão de dados técnicos (legislação, conforto ambiental, técnicas construtiva preferidas etc.) e de aspectos conceituais, como projetos de referencia, esquemas que relacionem as metodologias pedagógicas da escola com as possíveis soluções espaciais, as avaliações pós-ocupação (APO) já realizadas, estudos de casos e analises detalhados do local da futura construção. Os levantamentos preliminares podem indicar outras pesquisas especificas, como, por exemplo, estudos de ruídos urbanos, índices de alagamento ou enchentes, que configuram situações de risco a um novo empreendimento escolar.
	O usuário do edifício é o elemento ativo do contexto para estabelecer as necessidades que a forma projetada deverá cumprir na fase do programa. Identificam-se as características físicas, psicológicas e culturais do usuário, as suas atividades no espaço a ser projetado e os seus valores. As técnicas de programação arquitetônica dão especial atenção ao tratamento dado aos clientes e usuários do projeto e incluem levantamentos de informações através de entrevistas, questionários e dinâmicas de grupo.
	Também é importante conhecer o método axiomático de Suh (1990). Esse método pode direcionar o processo de tomada de decisão a partir do reconhecimento do problema, realizado através do mapeamento entre os requisitos funcionais (pertencentes ao domínio funcional) e os parâmetros do projeto (domínio físico). A documentação do processo de decisão, exigida pelo método axiomático, dá transparência ao processo de projeto e permite o registro da informação, evitando conflitos e insatisfações entre os usuários do produto final.
	A retroalimentação das informações é um fator que afeta positivamente a qualidade do projeto. Ela é realizada através de ferramentas que avaliam tanto o ambiente construído e sua utilização (APO), como o próprio projeto. Em alguns casos, o objetivo das avaliações é alimentar um novo processo de projeto, com a identificação dos requisitos de projeto e desejos de usuários e cliente, com atenção para evitar a recorrência a erros de projetos e obras anteriores.
	Por fim, o processo de projeto deve incluir uma fase de avaliação em uso já consolidado – os Estudos de Avaliação Pós-Ocupação (APO) - , com o objetivo de retroalimentar projetos para diminuir a recorrência de erros. Para atingir os seus objetivos, a APO deve incluir a apuração dos índices de satisfação e percepção dos ocupantes, avaliações técnicas e observações dos empreendimentos, para estabelecer um vinculo entre a percepção do usuário e a qualidade do projeto e da construção (Kowaltowski et.al., 2006).
	As após devem ser feitas com base em dados técnicos e pensadas a partir dos objetivos de programas e políticas e da satisfação dos usuários. Os aspectos avaliados em após dependem dos objetivos da avaliação, que podem ser: resolver problemas Pós-Ocupação; ajustes finos; avaliar pontos específicos de desempenho; avaliar necessidades futuras construtivas do empreendimento; acumular critérios para projetos futuros, estudo de caso; acumular informações positivas e negativas; incentivar mudança de normas, normas novas; lista de recomendações; melhorar o processo construtivo; criar novos programas de apoio (políticas publicas).
	Embora a APO seja de grande valia para a retroalimentação no processo de projeto, suas pesquisas concentram-se principalmente nas falhas do ambiente, físico, em razão da maior familiaridade para lidar com fatores objetivos do que a complexidade de avaliação do comportamento humano. Várias pesquisas (Kowaltowski et al., 2006; Gann; Salter; White, 2003) mostram as dificuldade em aplicar resultados de após no processo criativo.
	Recomenda-se mudanças e melhorias no projeto de escolas, pelas diferenças entre o processo de projeto de referencia e o tradicional, com intervenções sem grandes conflitos ou modificações no processo. Para tanto criou-se o esquema de processo de projeto chamado enriquecido, que inclui a participação de vários agentes no processo de projeto, o que pode gerar reflexão e interesse dos usuários e configurar um primeiro passo para futuras inovações e melhorias em determinadas fases do projeto. Essas conexões entre agentes do projeto e usuários são indispensáveis durante a construção do programa arquitetônico e antes da ocupação do edifício.
	O processo de projeto enriquecido introduz a APO de maneira formal, com o levantamento dos níveis de satisfação dos usuários, observações e a aplicação de medições técnicas, pois o envolvimento dos usuários permite sua integração no ambiente, e é essencial para o reconhecimento dos problemas de conforto ambiental, com a possibilidade de ajustes futuros. Outro aspecto do processo enriquecido é a inclusão da avaliação com ferramentas que não acarretem grandes custos para a sua confecção e aplicação.
	Os esquemas dos processos de projeto foram criados com o objetivo de compará-los e identificar oportunidades de melhorar a qualidade da Arquitetura escolar pública, com base no caso das escolas estaduais de São Paulo. O processo de projeto enriquecido levou em conta a realidade da prática local de projeto, e pode ter implantação gradativa. Nas situações de risco, recomenda-se atenção às interferências projetuais. Os momentos de avaliação e participação permitem maior interação da comunidade escolar com o ambiente físico. Para que o novo processo se concretize, é importante realizar os estudos voltados ao retorno do arquiteto sobre as problemáticas que ele enfrenta na pratica de projeto, e estudos voltados ás ferramentas de avaliação de projetos escolares. Finalmente, alem de discutir o conteúdo mais importante e apropriado do processo de projeto de escolas, é essencial refletir sobre a qualidade da Arquitetura escolar para responder as demandas educacionais da sociedade brasileira. A equipe de planejamento e projeto representa os vários agentes envolvidos na boa condução de ensino no bairro ou cidade e deve almejar as metas essenciais do ambiente escolar: eficiência energética, sustentabilidade, conforto, segurança e saúde dos usuários.
14- GESTÃO DE PROJETOS COMPLEXOS: EDIFICIOS DE SAÚDE
	A arquitetura de edifícios de saúde é caracterizada pela grande complexidade e pelo seu caráter funcional, atrelado aos procedimentos e praticas medicas e suas constantes mudanças e atualizações. È necessário considerar a capacidade de expansão e flexibilidade, a divisão por atividades, o atendimento a diversos fluxos e os processos e prevenção de contaminação e infecção.
	Neste capitulo, considera-se como reabilitaçãode edifícios de saúde as intervenções realizadas na edificação para adequá-las às atuais necessidades, seja através de reformas, ampliações, restaurações ou retrofits. 
	Analogicamente, o grau de complexidade do processo de projeto para obras novas de edificações de saúde depende, primeiramente, da dimensão do empreendimento a ser construído.
	O projeto de reabilitação de edificações de saúde trabalha com diversos elementos que não podem ser alterados, como a implantação e a morfologia do edifício, ou os elementos de valor histórico e artístico. Assim, o grau de complexidade de um projeto de reabilitação é maior, em comparação a obras novas (Carvalho; Salgado; Bastos, 2009). Nesse caso, a complexidade depende não só da dimensão do empreendimento existente, mas também da área de abrangência da reabilitação – se é edificação como um todo ou apenas um setor. O contexto de projeto de reabilitação é um fator determinante, pela questão da contaminação, por exemplo, em setores críticos como a UTI, mais difíceis de parar, e necessita de maior planejamento para execução e cuidado no projeto.
	Uma diferença em projetos de reabilitação de edificações de saúde com relação a obras novas é que a edificação já existe e funciona, e os usuários, portanto, já tem contato com os espaços. Assim, a participação deles no processo de desenvolvimento é fundamental, pois identificam os entraves do espaço físico nas atividades cotidianas.
	A gestão do projeto lida com a identificação das complexidades do projeto e o planejamento em níveis de maturidade, de forma a garantir a validação de etapas e um nível crescente de detalhamento e certeza das soluções propostas. No contexto de obras novas para edificações de saúde, Caixeta, Figueiredo e Fabrício (2009) apresentam um modelo do processo de projeto para edificações de médio porte, com o estudo de caso realizado numa empresa especializada no setor. O processo de projeto é dividido em seis fases, para as quais são apresentadas as saídas correspondentes. A primeira fase corresponde ao planejamento da edificação, com o estudo de viabilidade econômica e do terreno. A fase seguinte, de elaboração do plano diretor, consiste na analise do perfil social dos usuários e da demanda, e resulta nas diretrizes gerais para o projeto. Na sequencia, as diretrizes vão para a fase de estudo preliminar, quando o cliente pode visualizar o projeto. Na fase do anteprojeto, gera-se o projeto básico, que é aprovado pelo cliente e, depois, pelos órgãos competentes, na fase de projeto legal. A ultima fase consiste na elaboração do projeto executivo, com o detalhamento do projeto. Nessa fase, o papel do coordenador do projeto é compatibilizar todos os projetos – arquitetura e complementares – e gerenciar a equipe de profissionais envolvida. Todo esse processo, segundo os autores, é retroalimentando com informações oriundas da execução no canteiro de obras.
	O projeto de edifícios de saúde caracteriza-se pela importância social e pela complexidade dos diversos protocolos médicos e terapêuticos que deve abrigar, alem de uma serie de restrições dadas pelo programa, como setorização de áreas e prevenção de contaminação. Para responder a tais exigências, o edifício deve embarcar um serie de instalações e sistemas e, principalmente, deve ser ajustado frequentemente para abrigar os avanços tecnológicos e dos procedimentos médicos.
	A gestão de projetos complexos deve considerar todas as interfaces entre os agentes do processo de projeto, desde o planejamento, passando pela coordenação de projetos, acompanhamento da obra e do uso. Paralelamente, devem-se planejar as fases de amadurecimento das soluções, de forma a concatenar e identificar as complexidades envolvidas e processá-las em nível crescente de detalhamento.
	Os projetos complexos pedem um planejamento personalizado para cada situação e contextos específicos, ou seja, praticas e modelos genéricos de projeto devem ser adaptados para as necessidades particulares e as complexidades em questão.
	Nos caso estudados, que tratam de obras novas e de reabilitações de edifícios de saúde, fica claro que o processo deve ser reestruturado, para contemplar novos arranjos entre as interfaces de projeto (interação e sequencia de atuação dos diversos agentes), e o planejamento das etapas de projeto deve considerar as informações e restrições disponíveis e diferenciadas em uma edificação nova ou em uma reabilitação de edificação existente.
15 – AS LINGUAGENS ARQUITETÔNICAS DE ARTIGAS E LLOYD WRIGHT
	Os trabalhos desenvolvidos e publicados com a gramática da forma mostram que é um método objetivo e adequado para a comparação entre linguagens arquitetônicas, pois ele não leva em consideração aspectos históricos, métodos construtivos ou detalhes isolados, mas o conjunto formado pela soma de cada um dos componentes do projeto. Assim, a gramática da forma opera com os meios pictóricos de descrição, evitando as imprecisões de interpretação que podem ocorrer em sua tradução para as decisões verbais.
	O objetivo deste capitulo é propor o uso da gramática da forma como método comparativo entre as linguagens arquitetônicas de dois arquitetos, a respeito dos quais existe uma crença estabelecida de em termos da influencia de um sobre o outro: a influencia das casas de pradaria de Frank Lloyd Wright sobre as casas da primeira fase de João Batista Vilanova Artigas. Essa influencia baseou-se em relatos descritivos da analise de fotografias dessas casas, e não em uma analise estrutural mais aprofundada dos dois conjuntos de obras. Segundo os autores que propuseram essa influencia, como Irigoyen (2002), Bruand (1998) e Katinsky (2003), a principal influencia estaria no desenho dos telhados das casas de Artigas. A fim de comprovar ou não essa influencia, foram aplicadas as regras relativas à cobertura, da gramática das casas da pradaria de Frank Lloyd Wright, desenvolvida por koning e Eizenberg (1981) sobre as casas da primeira fase de João Batista Vilanova Artigas.
	Os estudos que compararam as obras de Artigas e Wright levam em conta a influencia de elementos arquitetônicos, estratégias compositivas e tipologias. Entretanto, até hoje, não há estudos que comprovem essa influencia pela gramática da forma.
	Os críticos afirma que os maiores indícios da influencia das casas da pradaria de Wright sobre a primeira fase de Artigas são: o desenho dos telhados (Bardi, 1950); os beirais prolongados (Bruand, 1998; Sanvitto, 1992; Thomaz, 1996); a acentuação das linhas horizontais pela sobreposição de telhados (Bruand 1998; Sanvitto, 1992); as janelas em linhas longitudinais sem verga (Sanvitto, 1992); o uso de tijolos aparentes (Kamita, 2000; Thomaz, 1996); a continuidade interior-exterior entre natureza e obra construída (Bardi, 1950; Thomaz, 1996); uma fuga do racionalismo e funcionalismo estritos (Thomaz, 1996); a identidade com aspectos simples da cultura vernácula (Bruand, 1998; Sanvitto, 1992); e a valorização dos aspectos construtivos (Sanvitto, 1992).
	Os críticos que estabeleceram essa relação entre as obras dos arquitetos baseiam-se na Casa Robie (de Wright, 1909) e na casa de Rio Branco Paranhos (de Artigas, 1943), alem de fotografias em ângulos específicos e detalhes da cobertura, beirais, afastamento dos limites do terreno e horizontalidade, mas muitas dessas casas foram demolidas, e não é possível tirar novas fotografias de outros ângulos.
	Ao visualizar as casas por meio de modelos volumétricos, chega-se a conclusões diferentes da sobtidas a partir de fotografias em certos ângulos, como a impressão de que as coberturas seguem as mesmas regras, os blocos que compõem as áreas da casa são formados pelas mesmas proporções, e principalmente sobre os diferentes níveis que compõem a casa.
	A gramática da forma é o melhor meio de representar o conhecimento detalhado da composição de projetos em linguagens de arquitetura. Uma vez estabelecida à gramática, ela pode gerar projetos novos no mesmo estilo compositivo, os quais permitem que asimplicações das regras de composição codificadas nas gramáticas sejam exploradas, assim como a comparação consciente do entendimento intuitivo de um estilo e sua definição formal (koning; Eixenberg, 1981).
	A gramática da foram propõe uma compreensão da obra de arquitetura de um determinado arquiteto ou período local. Analisa-se um grupo de obras pela descrição das características da linguagem e de sua lógica subjacente. A partir deste estudo, sugere o uso da gramática da forma para o melhor entendimento da obra da primeira fase de Artigas, em estudos comparativos, bem como da obra de outros grupos e de obras históricas. A gramática da forma é um meio de desvendar a lógica de uma obra e da uma nova compreensão das linguagens arquitetônicas.
Parte II – A tecnologia
16- A ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA DE JOÃO FILGUEIRAS LIMA (LELÉ)
	A fase de concepção de um projeto é o momento ideal para definir as estratégias de conforto, a fim de alcançar como resultado edifícios mais econômicos, confortáveis e agradáveis, pois as soluções incorporadas posteriormente são mais caras e não são eficientes.
	No caso dos edifícios de saúde, cuja concepção é complexa por englobar funções como tratamento, reabilitação, cura, ensino e pesquisa, a preocupação com o conforto e o bem-estar dos pacientes é primordial, e uma das funções dos arquitetos é criar projetos mais eficientes, que proporcionem conforto aos usuários e o uso racional da energia elétrica. No entanto, devido à complexidade dos hospitais,a maioria dos profissionais não se preocupa com o conforto na fase de concepção, e utiliza iluminação artificial e sistemas mecânicos de climatização. Essa soluções implicam um consumo excessivo de energia elétrica e torna os ambientes herméticos e desagradáveis. O projeto do edifício de saúde deve se basear em diversas normas do Ministério da Saúde e da Vigilância sanitária, para que os espaços físicos, os fluxos, os acessos e a assepsia funcionem adequadamente. Por abrigar pessoas doentes, com um estado emocional abalado, é importante considerar a qualidade dos espaços, o conforto ambiental e a humanização.
	Neste capitulo, apresentam-se as metodologias de projeto utilizadas pelo arquiteto Lelé e sua equipe nos Hospitais Sarah e as principais estratégias. Pelas entrevistas realizadas com os diversos profissionais, identificam-se alguns aspectos que auxiliam as tomada de decisão nas soluções relacionadas ao conforto dos espaços, e como as estratégias se comportam no contexto em que estão inseridas.
	Na metodologia de projeto, Lelé considera como fatores importantes: o trabalho em equipe, o clima e microclima locais, paisagismo, iluminação e ventilação natural e controle da radiação solar, conforto térmico e defende estratégias utilizadas como ventilação natural , conforto visual como iluminação das cores e por fim soluções integradas de projeto.
	A concepção dos hospitais da Rede Sarah Kubitschek acontece de forma multidisciplinar, com a participação de profissionais de diversas áreas, como arquitetos, paisagistas, engenheiros, técnicos entre outros. Para Lelé, o trabalho em equipe é fundamental , por auxiliar tanto na concepção do projeto arquitetônico quanto no bom funcionamento do edifício.
	No processo de projeto, Lelé identifica o clima da cidade onde a edificação será implantada e estuda suas características, que são determinantes nas decisões de projeto. A partir daí vem a soluções no edifico para que os usuários se sintam confortáveis. Grande parte dos hospitais da Rede Sarah localiza-se em regiões de clima quente e úmido, com exceção de Brasília, de clima quente e seco, o que requer características de projeto bem diferentes. Posteriormente, o arquiteto tem um cuidado especial com a escolha do terreno e, depois analisa todas as condicionantes, como: topografia, trajetória solar, incidências dos ventos dominantes, vegetação, obstáculos naturais, edificações do entorno e proximidade com lagos, através de croquis e esboços. Lelé destaca a importância das visitas ao local, para uma melhor compreensão das condições geográficas e climáticas.
	Os projetos paisagísticos nos Hospitais Sarah onde o ponto de partida é preservar a vegetação existente do terreno, tanto por questões climáticas como pelo bem-estar que proporciona aos pacientes. Lelé ao projetar o edifício, já sabe o que espera da área verde, e nos seus primeiros croquis esta a ideia do paisagismo.
	Em relação à iluminação natural e controle da radiação solar, as analises tem o auxilio da carta solar, e são traduzidas em croquis e esquemas feitos à mão, para facilitar a materialização dos fenômenos nos edifícios.
	O conforto térmico é essencial em todos os hospitais Sarah. O arquiteto define as soluções de ventilação natural com base nos conhecimentos e princípios físicos básicos de diferença de pressão, efeito chaminé, ventilação cruzada e refriamento evaporativo, e pelo conhecimento adquirido nas experiências anteriores. 
	Quando alguma solução não funciona adequadamente, o arquiteto identifica o erro e estuda uma nova solução, para ser incorporada no próximo edifício. A capacidade de aceitar o erro é uma qualidade e até mesmo uma metodologia de projeto do arquiteto, pois , ao admitir maneiras de aperfeiçoar, a evolução é constante nos hospitais da Rede Sarah e nas estratégias de iluminação e ventilação naturais.
	As estratégias de projeto visam um melhor conforto térmico e visual dos edifícios, e o arquiteto Lelé, com os hospitais da Rede Sarah, mostra que as soluções adotadas não são complexas, e que as decisões de projeto foram bem pensadas e cuidadosamente elaboradas.
	O Brasil tem grandes extensões de clima tropical, e a maioria dos hospitais dessa rede localiza-se em regiões de clima quente e úmido; portanto, o uso da ventilação natural para o conforto térmico é essencial e simples quando a temperatura interna se torna elevada. As soluções utilizadas por Lelé são simples e, em geral, demonstram um desempenho adequado para o nosso clima. O diferencial esta no projeto, que é elaborado cuidadosamente e com alto nível tecnológico. Com a preocupação de proteger as superfícies envidraçadas, Lelé utiliza protetores externos, como os brise, mais eficientes, pois barram o calor antes que penetre no ambiente. A luz natural traz benefícios à saúde humana, é mais econômica, ajuda no combate á infecção hospitalar e é mais agradável para os pacientes ao contrario da monótona luz artificial. Os sheds são dispositivos que favorecem a iluminação e ventilação natural nos hospitais Sarah.
	Neste capitulo, examinou-se o conforto ambiental no processo de projeto por meio da obra do arquiteto João Filgueiras Lima (Lelé) e das metodologias de projeto que ele usa na concepção das estratégias de conforto, com ferramentas como a carta solar, maquetes, ensaios em túnel de vento, visitas às obras e alguns softwares que auxiliam nas suas decisões de projeto. Lelé pontua como sua principal metodologia de projeto experiências profissionais: a formação acadêmica e as viagens pela Europa. O seu trabalho na Rede Sarah ao longo de 30 anos, a possibilidade de conviver em todos os edifícios em funcionamento e a consciência de que nenhum dos seus projetos é perfeito são os elementos norteadores da grande evolução dos Hospitais Sarah. Essa maneira de conceber os projetos resultou em estratégias de conforto ambiental, em que a ventilação natural tem um destaque especial, o que é essencial em países tropicais e, principalmente, em regiões quentes e úmidas. Os estudos de caso analisados mostram a relevância do trabalho em equipe e interdisciplinar, desde a concepção ate a construção, assim como para a fase de uso do edifício.
17 – IMPLANTAÇÃO DE EDIFICIOS URBANOS COM ENFASE NO CONFORTO TÉRMICO ATRAVÉS DO GEOPROCESSAMENTO
	Muitas vezes, a avaliação do meio urbano torna-se necessária para que se possam estabelecer critérios de projeto e implantação de edifícios ou ate mesmo para avaliar o grau de intervenção exercido pela ação do homem.Nesse sentido, o conjunto de procedimentos que preparam e precedem a síntese projetual é definido por Carvalho e Barreto (2005) como programação arquitetônica. Com relação às etapas do processo de projeto Rodriguez (2005) relata que não há uniformidade entre as visões de diferentes autores, comenta que os autores dividem o processo de projeto em etapas com o objetivo de realizar sua gestão, para que o processo possa ser modificado e planejado.
	Segundo Carvalho, Dantas e Medeiros (2005), as mídias digitais são bem apropriadas para as fases de desenvolvimento do projeto, pois permitem uma boa precisão geométrica, elaboração e coordenação de complexidades e detalhes, articulação de múltiplos pontos de visualização e armazenamento de modelos e imagens, bem como simulações e renderizações muito próximas a realidade.
	O geoprocessamento poderá auxiliar o processo de implantação de edifícios em áreas urbanas, contribuindo para o planejamento, conforto térmico do usuário, gerenciamento e tomada de decisão.
	A partir dos estudos abordados, verifica-se uma unanimidade no relato dos autores sobre a importância de considerar no processo de projeto os estudos de implantação das edificações. Observa-se que as diferentes metodologias adotadas focam como objetivo final a melhoria na qualidade do projeto, também é nítida a preocupação em considerar neste processo a variável climática e as condições de conforto ambiental. Nesse sentido, as pesquisas relatam analises de interpolação entre as variáveis da estrutura urbana e as variáveis climáticas como fator preponderante na tomada de decisão no processo de projeto. Outro fator a ser considerado é a utilização da computação gráfica e simulação computacional como ferramenta de apoio à tomada de decisões. Nesse sentido, a pesquisa foca as vantagens na utilização do geoprocessamento como ferramenta para integrar, armazenar e gerar novas informações a partir do processamento gráfico e informações espaciais.
É importante frisar que o geoprocessamento não substitui o conhecimento e julgamento do projetista. A rapidez e a capacidade de processar grandes volumes de dados, características dessa ferramenta, devem ser encaradas como mecanismos de apoio para liberar o projetista para pensar, analisar criticamente e concluir, utilizando a fundo seus conhecimentos sobre o fenômeno. 
18- A APLICAÇÃO DE ENSAIOS EM TÚNEL DE VENTO NO PROCESSO DE PROJETO
	Uma ventilação adequada deve fornecer ou retirar ar de um ambiente de forma a satisfazer às exigências de saúde, segurança e bem-estar. O conforto térmico depende dos processos de troca de calor do corpo com o ambiente e é influenciado pelo movimento do ar nas trocas por convecção e por evaporação (Ruas; Labaki, 2001).
	Um dos métodos indicados para se estudar a ventilação de um ambiente é o de ensaios em túnel de vento, que mostra detalhes do comportamento do vento no interior, no exterior ou no entorno de uma edificação. Nas etapas iniciais de um projeto, o estudo qualitativo direciona a escolha da geometria, o posicionamento da edificação e a localização de aberturas nas superfícies. À medida que o projeto é desenvolvido, os ensaios quantitativos ajustam os detalhes construtivos com maior precisão, pois pequenas alterações podem provocar mudanças no comportamento do vento. Esses resultados fornecem as informações que o projetista utiliza na tomada de decisão.
	Na escala urbana, a análise da ventilação natural identifica os efeitos aerodinâmicos do vento em contato com a rugosidade superficial (características geomorfológicas e de assentamento), para estudar os impactos gerados na ventilação das imediações do edifício analisado. Os fatores variáveis são: a direção predominante e a velocidade do vento,os efeitos aerodinâmicos dos ventos, e a diferença de temperatura entre o interior e o exterior. Uma das aplicações do túnel de vento é visualizar a trajetória do ar ao contornar as superfícies externas ou ao atravessar o interior do modelo.
	Os resultados obtidos no ensaio podem ser qualitativos (visuais) ou quantitativos. A visualização do escoamento por meio da injeção de fumaça é registrada por fotos ou filmagem. È ideal para escoamento externo na escala do edifício ou urbana, ou interno em modelos bem simples e em escala não muito reduzida. É necessário realizar o ensaio em velocidade baixa, para que seja mantido o escoamento laminar e a fumaça não se misture depressa.
	Os resultados quantitativos são representados pelos valores de velocidades e pressões nos pontos escolhidos. As velocidades mostram o potencial para se obter o conforto térmico no interior. Com os valores das pressões nos pontos e nas superfícies escolhidas, calculam-se os coeficientes de pressão, que indicam os melhores locais para instalar as aberturas de entrada e de saída do ar na edificação, em relação à direção do vento no ensaio. Os locais com maiores valores de coeficiente de pressão são adequados para as aberturas de entrada de ar e os locais com menores valores, para as aberturas de saída de ar.
	As possibilidades de analise previa da ventilação natural por meio dos ensaios de túnel de vento são muito ricas, podendo-se simular diferentes orientações de incidências de vento e diferentes configurações de projeto, para verificar a eficiência de cada solução simulada e adotar aquela que mostre os melhores resultados, combinada com os demais fatores de projeto.
19 – ESPALHAMENTO ACÚSTICO E MODELO EM ESCALA
	O processo de elaboração do projeto arquitetônico abrange investigações em áreas como legislação, funcionalidade, conforto ambiental, viabilidade de execução, estrutura, sistemas construtivos, psicologia ambiental e topografia, para cumprir as exigências do usuário e garantir a qualidade do ambiente, numa solução integrada. O bem-estar do usuário é influenciado pelo conforto ambiental nos espaços arquitetônicos, como resultado de formas, aspectos construtivos e estéticos no edifício.
	Na concepção arquitetônica dos edifícios, a relação entre acústica e arquitetura está na possibilidade do melhor aproveitamento do espaço quando se busca a qualidade na sua ocupação.
	Em acústica arquitetônica, dois problemas são estudados: a qualidade do som nos recintos e a proteção contra ruídos. A acústica é um fator importante em edifícios onde acontecem apresentações teatrais, musicais, palestras, conferencias, e a aplicação de seus conceitos traz consequências estético-formais à arquitetura desses espaços. O projeto acústico é feito com o intuito de corrigir ou controlar ecos, garantir o tempo de reverberação adequado, a inteligibilidade da palavra, a musicalidade e a percepção dos sons.
	Nas ultimas décadas, três modelos de ferramentas foram desenvolvidos para projetar a acústica de espaços: modelos físicos, em escala e computacionais (Rindel, 2002).
	A representação das características acústicas dos espaços internos é a resposta impulsiva de um ambiente (Muller, Massarani, 2001). Essa representação é obtida por medição do espaço, ou calculada computacionalmente por programas de modelagem. São necessários parâmetros de entrada nos programas de modelagem, como as características geométricas e acústicas das superfícies internas. Entre as características acústicas, estão os coeficientes de absorção e de espalhamento das superfícies.
	A resposta impulsiva contem as impressões acústicas que influenciam os sons reproduzidos num ambiente, e elas podem ser inseridas em sinais gravados a partir da convolução matemática desse sinal com a resposta impulsiva da sala. Esse processo de reproduzir um panorama acústico real por meio de modelagem computacional é chamado de auralização (Kleiner; Dalenback; Svensson, 1993). As impressões acústicas dos espaços podem ser correlacionadas às reflexões na propagação da energia sonora, que são representadas por parâmetros acústicos que quantificam a influencia da distribuição de energia na percepção subjetiva.
	Na acústica de salas, é comum o uso de parâmetros que expressam a sensação subjetiva

Outros materiais