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APOSTILA 2015 PROCESSO PENAL II (2)

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Faculdade Avec de Vilhena-REGES
Faculdade de Direito- 7 Período
Direito Processual Penal II
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
1.INTRODUÇÃO:
Importância do processo. Visão de instrumentalidade. Aplicação do Direito Material, somando-se a garantias constitucionais. Ponto de equilíbrio entre a Segurança Social/ Estado detentor do jus puniendi (persecução, acusação e julgamento) e o indivíduo portador de direitos e garantias em face do próprio estado Direito de Defesa.
Segundo GRECO FILHO: processo penal como GARANTIA ATIVA: Diante de uma ilegalidade, pode o cidadão dele utilizar-se para reparação da ilegalidade. GARANTIA PASSIVA: o Direito Impede a “justiça pelas próprias mãos, dando ao acusado a possibilidade de ampla defesa”.
2. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
 
Não há como se avançar no tema relativo a procedimentos em Processo Penal, sem definirmos ou recordarmos as definições de jurisdição e competência. Trata-se de tema básico e não menos importante, já que sua aplicação está embrionariamente situada na fase de definição e endereçamento da ação. Logo, diante de uma contenda no caso concreto, devemos saber para qual órgão do judiciário será endereçada a petição e mais, baseando-se tais endereçamentos em quais critérios legais. Pois bem, vamos aos conceitos iniciais deste tópico. 
2.1- Jurisdição
Jurisdição é o poder-dever do Estado de aplicar a norma posta em abstrato, ao caso concreto em análise. Em resumo, é o poder do Estado de “dizer o direito” (daí a origem da palavra “juris-dição”.
 Só o Estado possui esse poder, essa função de Estado-Juiz, que monopoliza o poder jurisdicional.
2.1.1- Características:
a) Inércia-O órgão jurisdicional não atua sem provocação, sem que haja alguém movendo uma ação.
b)Definitividade- A decisão processual é definitiva, desde que haja o chamado trânsito em julgado.
c)Substitutividade- Substitui as partes no interesse em conflito (lide), monopolizando assim a jurisdição, a fim abolir a chamada “justiça com as próprias mãos”.
Mas o Juiz não pode julgar todas as causas e a jurisdição não pode ser exercida ilimitadamente, sendo, então, distribuída, POR LEI, entre os vários órgãos do poder judiciário. Nasce, então, a chamada COMPETÊNCIA.
2.2.Competência
Pode ser chamada de limite da jurisdição. Um juiz não pode julgar toda e qualquer lide, mormente quando num país de dimensões continentais. Para isso, há os diversos órgãos do Poder Judiciário.
A competência no âmbito do processo penal encontra-se normatizada em vários textos normativos das variadas hierarquia, desde a Constituição Federal, leis ordinárias como o próprio Código de Processo Penal e leis especiais.
Passemos a analisar os critérios mais apontados em âmbito doutrinário.
Em razão da matéria ou natureza da infração penal (ratione materiae)
Em razão do cargo ou função do acusado (ratione personae)
Em razão do local do crime ou da residência do acusado (ratione loci)
I- Pela matéria ou natureza da infração (art.69, III do CPP)- 
Inicialmente, diante de um caso concreto, temos que definir qual o juízo competente para julgar determinado litígio. Há causas que estão sob as regras da chamada “justiça especializada”, as quais são órgãos do judiciário criados para julgar determinados tipos de causas, em razão de determinadas espécies de infração. Fora essa “especialização”, sobra em remanescente, por óbvio, a “Justiça Comum”.
Pois bem, temos, dentre a chamada justiça especial:
a)Justiça Eleitoral (art.118 a 121 da CF e Lei 4737/65). Julga os chamados crimes eleitorais e os conexos a ele.
b) Justiça Militar (art.124 da CF). Competente para julgar especificamente os chamados crimes militares, definidos em lei (Dec.Lei n.1001/69). Não julga os crimes conexos. Crimes militares próprios (somente o militar pode praticar, tal como deserção, duelo, etc). Crimes militares impróprios (Apesar de possível de ser praticado por qualquer cidadão, estão previstos no código penal militar e são sujeitos aos órgãos da Justiça Militar. Ex: Furto, Apropriação Indébita, etc. IMPORTANTE: Abuso de Autoridade, Crimes Dolosos contra a Vida praticados contra civil e, em geral, crimes praticados pelo militar, em folga, são crimes de competência da Justiça Comum.
Já os órgãos da chamada Justiça Comum
 
a) Justiça Federal (art.109, IV da CF)
a.1)Dentre eles estão os crimes políticos, descritos na Lei de Segurança Nacional (Lei 7170/83).
a.2) Também as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, suas entidades autárquicas ou empresas públicas , excluídas as contravenções. Logo, um crime praticado em detrimento de um órgão federal (Ex:INSS, Anatel, Justiça Federal), é de competência da justiça federal. Da mesma forma, quando praticado contra um funcionário público federal, “no exercício de suas funções”.
Se praticado contra Empresa Pública Federal (ex. Caixa Econômica Federal), a competência é da Justiça Federal. Já nos casos de Sociedade de Economia Mista (ex: Banco do Brasil) a competência é da Justiça Estadual.
Exemplo do último informativo do STJ (número 489):
ROUBO. CARTEIRO. COMPETÊNCIA. 
A Justiça Federal é a competente para processar e julgar os crimes de roubo praticados contra carteiro da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) no exercício de sua função, com fulcro no disposto do art. 109, IV, da CF. Segundo ponderou o Min. Relator, não obstante os objetos subtraídos pertencerem a particulares, no momento do cometimento da infração, eles se encontravam sob a guarda e responsabilidade da ECT. Logo, o delito de roubo teria atingido, de forma direta, bens, serviços e interesses da empresa pública federal. Destacou-se que, tanto no crime de furto quanto no de roubo, o sujeito passivo não é apenas o proprietário da coisa móvel, mas também o possuidor e, eventualmente, até mesmo o mero detentor. Afirmou-se ser o caso de aplicação do enunciado da Súm. n. 147-STJ: “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função”. Assim, uma vez reconhecida a incompetência absoluta da Justiça estadual para o julgamento da causa, a Turma concedeu de ofício a ordem para determinar a anulação dos provimentos judiciais proferidos, facultando a ratificação do juízo competente dos atos anteriormente praticados, inclusive dos decisórios não referentes ao mérito da causa. HC 210.416-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 6/12/2011. 
IMPORTANTE: As contravenções penais NÃO SÃO JULGADAS PELA JUSTIÇA FEDERAL, já que a Constituição da República, em seu artigo 109, IV fala em CRIMES. Logo, por exemplo, uma contravenção de “perturbação do trabalho” ocorrida dentro do Fórum da Justiça Federal, será de competência da Justiça Estadual, conforme entendimento pacificado, inclusive, na súmula 138 do STJ.
a.3) Crimes Previstos em Tratado ou Convenção Internacional, quando iniciada a execução no país, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente.
Ex: Tráfico Internacional de Drogas (convenção de Viena, promulgada pelo Dec. Lei 154/91, bem como exposta no artigo 70 da Lei 11343/2006, é competência da Justiça Federal).
a.4) Grave violação de Direitos Humanos, se houver necessidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais sobre direitos humanos dos quais o Brasil faça parte.
a.5) Crimes contra a organização do trabalho- Previstos nos artigos 197 a 207 do Código Penal.
a.6)Crimes contra o sistema financeiro e ordem econômico-financeira, quando determinados em lei- Vide os crimes previstos na Lei 7492/86 (também chamados de crimes de “colarinho branco”). Essa Lei, em seu artigo 26 caput estipula que serão de crimes de competência da justiça federal.
a.7)Crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada competência da Justiça Militar. Navios- Embarcações de grande porte, autorizados ou aptospara realizar viagens internacionais. A palavra “a bordo”, conforme jurisprudência do STJ, subsiste mesmo que a aeronave esteja já pousada.
a.8) Crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiros (artigo 125 da Lei 6815/80.
b)Justiça Estadual: (art.125 da CF). Competência residual, julga tudo que não for de competência da justiça especial e comum federal. 
Observações:
Há tribunais do júri estaduais e federais. 
Há Juizados Especiais cíveis e criminais estaduais e federais.
II- Competência em razão do cargo ou função (ratione personae)
Trata-se de competência firmada não como privilégio, mas sim como inerente ao cargo ocupado pelo réu.
STF- Supremo Tribunal Federal- julga Presidente da República, vice, deputados federais, senadores, ministros do próprio STF, ministros de tribunais superiores, Procurador-Geral da República, Advogado Geral da União, etc (vide artigo 102, I, b da CF).
STJ- Superior Tribunal de Justiça- Julga governadores dos Estados e DF, Desembargadores dos tribunais estatuais, membros do TRE, TRF, etc. (art.105,I, a da CF).
TRF- Tribunal Regional Federal- Juízes Federais de 1 instância, membros do Ministério Público Federal.
TRE- Crimes Eleitorais e a eles conexos, juízes e promotores de justiça eleitorais.
Tribunais de justiça Estaduais- Juízes estaduais, prefeitos e membro do MP.
IMPORTANTE: Prefeito pratica crime comum- TJE
Prefeito pratica crime federal- Tribunal Regional Federal.
Prefeito pratica crime eleitoral- Tribunal Regional Eleitoral.
Também IMPORTANTE: A prerrogativa em razão da função extingue em relação ao acusado, caso ele deixe o cargo que definiu a prerrogativa. Válido também ressaltar que as “exceções da verdade” também devem ser oferecidas no for competente para julgar o detentor da prerrogativa.
Havendo concurso de agentes entre o que detêm o foro por prerrogativa e o outro sem o foro diferenciado: Prevalece a jurisprudência que o réu detentor do foro por prerrogativa atrai os demais, ou seja, aqueles sem foro.
II- Competência em razão do lugar
Código de Processo Penal, em seu artigo 70, adere COMO REGRA GERAL a chamada TEORIA DO RESULTADO quanto ao local da infração. Por ela, o foro competente será o firmado pelo local da consumação do crime.
A teoria da ATIVIDADE é a fixada pelo local da ação ou omissão. É adotada nas hipóteses de crime tentado e também nos Juizados Especiais Criminais (art.63 da Lei 9099/95).
Nos casos de Homicídio, repita-se, o STJ já definiu se tratar da teoria da ATIVIDADE, ou seja, não onde ocorreu efetivamente o resultado, mas onde se deu a ação. Ex: Se a vítima é ferida em Colorado do Oeste e vem a morrer em Vilhena no Hospital Regional, o júri será feito em Colorado do Oeste. Isso foi justificado em virtude de ser no local dos atos executórios são mais fáceis os trabalhos de colheita probatória.
Exemplo de julgado no último informativo do STJ (número 489):
COMPETÊNCIA. CRIME PLURILOCAL. VERDADE REAL. 
In casu, o ora paciente foi denunciado pela suposta prática dos crimes previstos no art. 121, § 2º, I, III e IV, e no art. 211, ambos do CP, em concurso material. A denúncia foi recebida em parte pelo juiz singular da vara do júri de Guarulhos-SP, que, na mesma decisão, decretou a prisão preventiva do paciente. O habeas corpus impetrado perante o TJ foi denegado. Nesta superior instância, entre outras alegações, sustentou-se a ocorrência de constrangimento ilegal, pois o juiz que decretou a prisão do paciente seria incompetente para processar e julgar a causa. Aduziu-se, ainda, não haver como ser acolhida a tese do crime plurilocal por não existir nos autos nenhuma prova de que o crime ou os atos preparatórios ter-se-iam iniciado em Guarulhos. A Turma denegou o habeas corpus por entender, entre outras questões, que, no caso, embora os atos executórios do crime de homicídio tenham-se iniciado na comarca de Guarulhos, local em que houve, em tese, os disparos de arma de fogo contra a vítima, e não obstante tenha-se apurado que a causa efetiva da sua morte foi asfixia por afogamento, a qual ocorreu em represa localizada na comarca de Nazaré Paulista-SP, sem dúvida o lugar que mais atende às finalidades almejadas pelo legislador ao fixar a competência de foro é o do local em que foram iniciados os atos executórios, o juízo de Guarulhos. Observou-se que este é o local onde, em tese, ter-se-ia iniciado o crime, onde reside a maior parte das testemunhas arroladas tanto pela defesa quanto pela acusação, onde residem os réus e residia a vítima, onde a exemplaridade da pena mostrar-se-á mais eficaz e onde a instrução iniciou-se, colhendo-se provas não só testemunhais como técnicas, pelo que o desenrolar da ação penal nesse juízo, sem dúvidas, melhor atenderá às finalidades do processo e melhor alcançará a verdade real. Consignou-se, ainda, que eventual nulidade quanto à competência, no caso, é relativa, cujo reconhecimento exige não só a sua arguição no momento oportuno como também a demonstração de efetivo prejuízo, o que não ocorreu na espécie. Ademais, quando se firmou a competência do juízo da vara do júri de Guarulhos, nem sequer se tinha notícia de que a vítima morrera, sendo, pois, incerto o local da consumação do crime naquele momento, já que o corpo da ofendida somente foi localizado aproximadamente dezoito dias após o suposto cometimento do delito. HC 196.458-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 6/12/2011. 
		Também se adota a teoria da UBIQUIDADE (mista ou eclética), nos chamados “crime a distância” (art.70 §1 e 2 do CPP). Por ela, tanto quando o crime for iniciado no Brasil e o resultado no exterior, quanto o contrário, ou seja, quando o crime tiver se iniciado no exterior e o resultado ocorreu ou deveria ter ocorrido no Brasil, a competência territorial se dará pelo local onde se deveria ocorrer o resultado. Ex: Uma carta bomba postada em Santa Cruz-Bolívia e aberta em Vilhena-RO. Será competente a comarca de Vilhena.
Mas e se não for conhecido o local da consumação do crime? Nesse caso, a competência será do DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU (art.72, caput do CPP). Domicílio é o lugar onde a pessoa estabelece sua residência com ânimo definitivo e, subsidiariamente, onde exerce suas funções habituais, o ponto central de seus negócios ou o local onde for encontrada. Residência é a mera “morada”, podendo ser inclusive eventual.
Obs.: Nas ações penais privadas EXCLUSIVAS, o querelante pode, mesmo sabido o local da consumação, propor a ação no domicílio ou residência do réu.
E se, além de desconhecido o local de consumação, também for desconhecido o local da consumação: Será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento dos fatos.
JUIZ PREVENTO: É justamente o juiz que primeiro recebe a inicial acusatória dando início ao processo, ou o juiz que, ainda na fase do inquérito policial, adota medidas cautelares referentes ao futuro processo. (vide artigos 70 §3 e 72§§ 1 e 2).
Crimes a bordo de navio ou aeronave: Se iniciar a viajem ou terminar no Brasil, o juízo competente é o do local onde primeiro a aeronave pousou ou de onde partiu. Crimes praticados no exterior, será competente a Capital da República.
Nas comarcas onde há mais de um juízo competente, dar-se à por distribuição.
3.CONEXÃO E CONTINÊNCIA
Quando existe algum vínculo entre duas ou mais infrações, estabelece a lei que deva existir apenas um processo. 
Conexão é o vínculo, relação existente, uma ideia de que uma coisa está ligada a outra.
Continência: Ocorre quando uma causa está contida na outra, não sendo possível a cisão (art.77).
São causas de alteração da competência, em virtude da relação existente entre duas condutas, fazendo com que sejam reunidas em um só processo, no chamado JUÍZO PREVALENTE.
3.1:CONEXÃO
Vínculo entre duas ou mais infrações penais.
1.Conexão Intersubjetiva (art.76, I do CPP). Infrações unidas pelos sujeitos, por terem sido praticadas por duas ou mais pessoas.Por simultaneidade: Duas ou mais infrações praticadas ao mesmo tempo, por várias pessoas ocasionalmente reunidas na prática dos crimes. Ex: Várias pessoas saqueiam um caminhão cheio de bebida alcoólica.
Por Concurso: Duas ou mais infrações praticadas por pessoas em concurso (liame subjetivo), ainda que em tempo e locais diversos. Ex: Membros de facção criminosa planejam e praticam homicídio, roubos e tráfico em várias localidades durante um mês.
Por reciprocidade: Duas ou mais infrações praticadas por agentes uns contra os outros. Ex: Lesões Corporais Recíprocas.
2. Conexão Objetiva (art.76, II do CPP). As infrações encontram-se unidas objetivamente, ou seja, pela própria ligação existente entre uma e outra e não em razão dos SUJEITOS que as praticam.
Teleológica: Uma infração penal é praticada para assegurar a execução da outra: Ex: Matar o porteiro para roubar objetos de um prédio.
Sequencial: Uma infração é praticada para assegurar a
-ocultação da outra: Ex: Incêndio para impedir a descoberta da falsificação de um documento.
-Impunidade da outra: Ex: Matar testemunha de crime anterior.
-Vantagem de outra: Matar cúmplice para ficar com todo o produto do crime.
3.Conexão Probatória: Ocorre quando a prova de um crime influi na prova de outro. Ex: Prova do crime de furto em relação ao de receptação.
CONTINÊNCIA
Dá-se quando uma causa está contida na outra, de forma que não dá para separá-las.
- Por cumulação subjetiva(77,I): Duas ou mais pessoas praticam em concurso uma mesma infração. È a chamada coautoria ou participação num único crime.
- Por Cumulação Objetiva (77, II): Todas as hipóteses de concurso formal, aberratio ictus (art.73 do CP) e aberratio criminis (74 do CP).
FORO PREVALENTE
Regras ao artigo 78 do CPP (ver).
SEPARAÇÃO DE PROCESSOS
Mesmo sendo hipótese de conexão ou continência, a lei determina separação nos seguintes casos:
Obrigatória
a) Concurso entre jurisdições comum e militar;
b) Jurisdições comum e da infância e juventude;
c) Superveniência de doença mental num dos corréus;
d) Caso haja corréu foragido que não possa ser julgado à revelia Ex: art.366.
e) Não houver coincidência entre jurados do tribunal do júri, em caso de dois ou mais defensores diversos, conforme procedimento do art. 469 CPP.
Facultativa
a) As infrações terem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou lugar diferentes, desde que tal fato possa prejudicar o andamento da ação;
b)Em razão do número excessivo de réus;
c) Para não prolongar a prisão preventiva de qualquer um dos réus;
d) Por qualquer outro motivo relevante.
Obs: Se houver conexão entre infração de menor potencial ofensivo e outra de maior potencial, a competência nesse caso é do Juízo Criminal Comum e não do JECRIM, conforme artigo 60 §único da Lei 9099/95.
Matéria II
PROCEDIMENTOS EM PROCESSO PENAL
Conforme doutrina Aury Lopes Jr em sua obra “Direito Processual Penal (2013, pg.53)
 (...)“Porque pensamos o Processo Penal a partir do ´princípio da necessidade`, que, como será explicado na continuação, considera-se que o processo penal é um caminho que condiciona o exercício do poder de penar (essência do poder punitivo) à estrita observância de uma série de regras que compõe o devido processo penal (ou, se preferirem, são as regras do jogo, se pensarmos no célebre trabalho Il processo come giuoco, de CALAMANDREI).
Em seu Problemas Jurídicos y Políticos del Processo Penal, escrito em Barcelona, no ano 1935 o autor James Goldchimidt questionava:
 “Por que supõe a imposição da pena a existência de um processo? Se o ius puniendi corresponde ao Estado, que tem poder soberano sobre seus súditos, que acusa e também julga por meio de distintos órgãos, pergunta-se: Por que necessita que prove seu direito em um processo?
Segundo Goldschimidt, os princípios da política processual de uma nação não são outra coisa que o segmento da sua política estatal em geral e o processo penal de uma nação não é senão um termômetro dos elementos autoritários ou democráticos da sua Constituição (apud Aury Lopes, 2013, pg.60).
O processo penal deve ser visto sob a ótica constitucionalista. Uma Constituição democrática fará com que necessariamente se tenha um processo penal sob a ótica democrática, que numa máxima eficácia das garantias constitucionais limita o Estado em seu poder de penar (necessariamente através de um processo), sempre ao respeito inegociável dos direitos a liberdades individuais.
Num Estado Democrático de Direito, o bem jurídico liberdade constitui um limite ao exercício de política de segurança pública estatal, reforçada pela atuação do Poder Judiciário, como órgão fiscalizador e de controle das garantias.
Esse respeito a garantias individuais não pode se confundir com impunidade, sob pena do descrédito no próprio sistema penal estatal como um todo, mas sim, um processo penal que se torne legítimo instrumento nesse caminho que se tem para chegar-se a uma pena. Logo, é o processo penal que deve ser estudado e interpretado conforme a Constituição e não o contrário.
Processo/Procedimento vistos apenas sob a ótica da pretensão “Carnelutiana’
	Torna-se desnecessário, segundo a doutrina atual, falar-se em lide(conceito de Carnelluti) no processo penal, pois ela é inexistente.
	Segundo Carnelutti, na versão mais conhecida de seu conceito de “lide”, seria tido como o conflito de interesse qualificado por uma pretensão resistida, ou, no sentido literal, seria a “exigência da subordinação do interesse alheio ao interesse próprio”, quando na verdade, esse conceito muito difundido e aplicado no processo civil, não merece acolhida em nosso processo penal.
	Não se trata, conforme Aury Lopes Jr. (2013, pg.134), de tornar o Ministério Público, enquanto órgão acusador, de um “credor” de uma pena, como se fosse um credor do processo civil postulando um bem jurídico. 
	Mas sim, em processo penal temos “um direito potestativo de acusar (Estado-Acusação) decorrente de um ataque a um bem jurídico e cujo exercício é imprescindível para que se permita a efetivação do poder de penar (Estado-Juiz), tudo isso em decorrência do princípio da necessidade à falta de realidade concreta do Direito Penal”. Seria o acusador o detentor do “poder de submeter alguém a um juízo cognitivo”.
	Então, a natureza jurídica do PROCESSO PENAL seria um conceito de situação jurídica, não havendo conflito de interesses resistidos, mas um conjunto de situações processuais dinâmicas, que dão origem a expectativas, perspectivas, chances e cargas processuais) pelas quais as partes atravessam rumo a uma sentença favorável. De um lado, temos cargas processuais da acusação em provar sua tese acusatória dirigida a autoria e materialidade delitiva imputada e, na outra parte, a defesa, com as chances direcionada de, querendo, poder negar a autoria, alegar a extinção punitiva ou descriminantes em relação ao imputado. Mas jamais um conflito de interesses direcionados a uma ótica civilista, uma vez que, nessa seara, temos discutida a liberdade individual, a qual nem de longe se trata de um interesse, mas de um princípio fundamental ligado à dignidade da pessoa humana.
MORFOLOGIA DOS PROCEDIMENTOS:
FORMA É GARANTIA: O procedimento, como caminho necessário ao desenvolver do processo, representa em seu interior fases que delimitam o poder acusatório em confronto com a busca do poder de persecução, garantindo ao acusado a observância constitucional do devido processo legal (penal). Qualquer violação que prejudique isso pode ser eivado de nulidade.
Procedimentos Comum: Ordinário, Sumário e Sumaríssimo
PROCEDIMENTOS:
Artigo: 394 e seguintes:
CONCEITOS:
Ação- É o direito de requerer a tutela jurisdicional
Processo- É a atividade jurisdicional desenvolvida pelo juiz, visando a aplicação da lei ao caso concreto. Trata-se, portanto, do conjunto de atos que se praticam com a finalidade de fazer atuar a vontade concretada lei. É a materialização do procedimento.
Procedimento ou rito- È a sequência que os atos processuais devem obedecer. Representa o ordenamento dos atos processuais. Tal ordenamento, uma vez não atendido, acarreta o que se chama nulidade.
O procedimento será comum ou especial. Comum será Ordinário, Sumário ou Sumaríssimo, este último trazido pela Lei 9099/95.
PROCEDIMENTO COMUM:
É o rito padrão do CPP, aplicado residualmente. Logo, não havendo previsão especial para apuração de determinado crime, aplica-se o procedimento especial.
Divide-se em:
PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO: Apuração de crimes cuja sanção máxima for igual ou superior a 4 anos de pena privativa de liberdade.
PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO: Apuração de crimes cuja sanção máxima seja inferior a quatro anos, excluídas as previstas pelo sumaríssimo.
PROCEDIMENTO COMUM SUMARÍSSIMO: Lei dos juizados especiais criminais, em crimes ou contravenções cuja pena não seja superior a dois anos, cumulada ou não com multa. (artigo 61 da Lei 9099/95.
Exceções: 
a)Crimes tipificados no estatuto do idoso (lei 10741/03): Aplica-se a Lei 9099/95 para os crimes com até 4 anos de prisão.
b)Crimes praticados mediante violência doméstica e familiar contra mulher (Lei 11340/06): Conforme artigo 41, nos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra mulher, não se aplica a lei 9099/95, independente d pena prevista no tipo penal. Logo, será o comum ordinário ou sumário.
C) Crimes falimentares (lei 11.101/05): independente da pena, aplica-se o rito sumário.
PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO
SEQUENCIA DE ATOS QUE COMPÕEM ESTE PROCEDIMENTO:
- Oferecimento da denúncia/queixa
-Recebimento da denúncia/queixa(ou rejeição liminar)
-Citação
-Resposta à acusação
-Absolvição Sumária ou designação de audiência
-Audiência de instrução e Julgamento
		-Declarações do ofendido
		-Oitiva de testemunhas arroladas pela acusação
		-Oitiva de testemunhas arroladas pela defesa
		-Esclarecimento dos peritos
		-Acareações
		-Reconhecimento de Pessoas e Coisas
		-Interrogatório
-Requerimento de diligências
-Alegações orais ou apresentação de memorais
-Sentença
1.OFERECIMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA CRIME:
É a inicial acusatória, exposta no artigo 41 do CPP, que deve conter o mínimo de lastro probatório quanto autoria e materialidade. Denúncia: Prazo: 5 dias se preso e 15 dias se solto (regra geral). Em crime eleitoral- Denúncia dez dias. Nos crimes de tráfico de drogas e assemelhados- Dez dias. Queixa: Prazo de seis meses a contar do conhecimento da autoria do delito ou término do prazo para o MP, na ação penal privada subsidiária da pública, como já visto no semestre anterior.
REJEIÇÃO LIMINAR ou RECEBIMENTO
Conclusa a peça inicial, o juiz poderá rejeita-la liminarmente, caso constate quaisquer situação do artigo 395 do CPP.
Casos de rejeição da denúncia (art.395 do CPP): 
I)For inepta: Faltar requisitos essenciais como endereçamento correto, qualificação do acusado, exposição do fato criminoso (Inobservância de suas formalidades previstas).
II)Faltar pressuposto processual ou condição para exercício da ação:
-Pressupostos processuais: Enquadramento nos casos de denúncia ou queixa; Competência do juízo; Capacidade das partes para estarem em juízo; Originalidade da demanda (ausência de litispendência ou coisa julgada).
-Condições da ação: condições de procedibilidade (representação nas ações condicionadas), legitimidade ad causam ativa e passiva, possibilidade jurídica do pedido de condenação e interesse de agir (O autor precisa da concessão daquilo que se pede em juízo).
-Faltar justa causa para exercício da ação penal: Existência de um lastro probatório mínimo que torne idônea a imputação realizada na denúncia ou na queixa.
-RECEBIMENTO PELO MAGISTRADO (artigo 396)
Importante momento processual, pois interrompe a prescrição (artigo 117, I do CP).
CITAÇÃO DO ACUSADO PARA RESPOSTA (art.396)
Recebida a denúncia ou queixa, ordenará o magistrado a citação pessoal do acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de dez dias.
A citação é o chamamento em juízo, cientificando-o da acusação. 
A citação será pessoal, via de regra. 
Citação pessoal é a feita diretamente ao acusado, por meio de oficial de justiça, que lê o mandado e colhe sua assinatura, entregando-lhe cópia da inicial. Se o acusado estive em território nacional, mas fora da comarca processante, a citação será feita por carta precatória. Se fora do país, será expedida a carta rogatória (art.368 do CPP), caso em que suspende-se o prazo prescricional até seu cumprimento.
A citação do militar será feita por requisição ao seu superior. 
A do funcionário público civil será feita diretamente, comunicando-se, porém, seu chefe (art.s358 e 359 do CPP). 
O réu preso será citado pessoalmente, sob pena de nulidade absoluta.
Não sendo possível a citação pessoal, será feita a citação ficta ou presumida:
1)Poderá ser por edital: Prazo de 15 dias, desde que o réu não seja encontrado no endereço e sendo esgotadas todas as possibilidades de localizá-lo. O prazo para responder a acusação, nesses casos começa a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado e/ou do defensor constituído. Caso não compareça e não tenha advogado constituído, o processo ficará suspenso, assim como o lapso prescricional (art.366). Conforme súmula 415 do STJ: O período de suspensão do prazo é regulado pelo máximo da pena cominada em abstrato.
Trata-se de medida excepcional, só adotada depois de esgotada todas as possibilidades de localização do acusado.
2)Ou citação por ora certa- Nos casos em que se verificar que o réu se oculta para não ser citado. Antes da Lei 11719/08, não havia essa modalidade no processo penal, fazia-se a citação por edital, por cinco dias. Hoje, percebendo o oficial de justiça que há má-fé do réu em ser citado, havendo aquele procurado o réu por três vezes em sua residência ou domicílio, intimará qualquer pessoa da família ou em sua falta, qualquer vizinho que, no dia imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora em que designar (art.227 do CPP).
No dia e hora designados, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca. Feita a citação por ora certa, o escrivão enviará ao réu carta, telegrama ou radiograma, dando-lhe tudo ciência (art.228 e 229).
Considera-se feita a citação.
Se o réu citado por ora certa não comparece, no processo penal, é nomeado defensor dativo (artigo 362).
Revelia
No que tange à revelia no processo penal, ela ocorre se o réu, citado ou intimado, deixa de comparecer ao ato processual em que deveria estar presente. Como penalidade, não será mais intimado para os atos posteriores. Citação Imprópria: É aquela realizada na pessoa do curador nomeado ao acusado que, incapaz na época da prática da infração penal, assim permanece no momento da citação.
4.RESPOSTA DO ACUSADO (ler artigo 396-A)
Trata-se da primeira oportunidade do réu no processo. O Acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo que interessa à defesa, oferecer documentos, justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. Podem ser arroladas até 8 testemunhas por fato ou por réu, não contando nesse número as que não prestam compromissos, discriminadas no artigo 401 do CPP.
Essa resposta substitui a antiga DEFESA PRÉVIA, onde o réu apenas por regra indicava testemunhas e fazia alegações genéricas, como estratégia para não adiantar a estratégia de defesa.
E SE CITADO O RÉU NÃO APRESENTAR ESSA DEFESA? O juiz obrigatoriamente nomeará defensor para oferecê-la, concedendo vista dos autos por dez dias. Logo, é formalidade obrigatória (artigo 396§2)
5.JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE (ARTIGO 397)
É a possibilidadede o Juiz promover a absolvição sumária do réu, desde que reconheça a ocorrência de qualquer das situações contempladas no artigo 397 do CPP.
São as hipóteses:
A) Manifesta causa de excludente de ilicitude: Legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular do direito e estrito cumprimento do dever legal.
B) Manifesta causa de excludente de culpabilidade, salvo inimputabilidade: Ex: Discriminantes putativas, a coação moral irresistível e obediência hierárquica, embriaguez fortuita completa, etc. Obs.: A inimputabilidade não entra porque a lei prevê que aos inimputáveis (doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado) na época do crime, aplica-se medida de segurança, logo, o magistrado teria que impor medida de segurança e necessariamente, há que haver o devido processo legal, com sentença final de mérito.
C)Atipicidade do crime imputado;
D)Ocorrência de causa extintiva de Punibilidade. Simplesmente profere decisão e arquiva o feito.
6.AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
Conforme artigo 399 do CPP, recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará ora e dia para a audiência de instrução e julgamento, intimando o acusado, seu defensor, ministério público e assistente de acusação, se houver. Notifica-se ainda o ofendido (vítima), conforme determina o artigo 201, regrando ser direito do ofendido ser comunicado da data da audiência de instrução.
“Recebida a denúncia o queixa” do artigo 399 refere-se: “se não for caso de rejeição liminar da inicial e não tiver sido caso de absolvição sumária, o juiz designará dia e hora para audiência”.
Regra-se que essa audiência será realizada num máximo de 60 dias- Artigo 400. Segundo a doutrina, esse prazo conta-se da data do despacho que designou a audiência.
A prova oral será realizada numa única audiência: Declarações do ofendido, testemunhas de acusação e defesa e interrogatório do réu.- Obs.: Nada impede que, justificadamente, possa ser desmembrada essas colheitas de oitivas.
-Ordem de oitivas das pessoas notificadas:
I)Art.201: Declarações do ofendido, sempre que possível: Este será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou se presuma ser seu autor, as provas que pode indicar, tomando-se por termo suas declarações. Se não comparecer, poderá ser conduzido à presença da autoridade.
II)Inquirição de testemunhas de acusação e, após, das arroladas pela defesa: Essa ordem deve prevalecer, sob pena de nulidade. Exceção nos casos de testemunhas ouvidas mediante carta precatória, quando residirem fora da comarca.
Cada parte pode desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas.
Testemunhas do Juízo: O juiz pode ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes, se achar necessário.
Formalidades:
As perguntas serão feitas pelas partes diretamente à testemunha, podendo o juiz não admitir as que induzam resposta, não tiverem relação com a causa ou importar em repetição de perguntas já respondidas.
Aboliu-se o sistema presidencialista de inquirição de testemunhas, nos procedimentos regidos pelo Processo Penal. Único resquício nos casos de interrogatório do réu e nos casos de réu e testemunhas em plenário para julgamento do tribunal do júri, onde as perguntas serão feitas por intermédio do juiz.
Vale lembrar ainda, que, conforme artigo 212, após as partes esgotarem as perguntas às testemunhas, pode o juiz complementar as indagações, para esclarecer pontos duvidosos no depoimento.
Admite-se a oitiva de testemunhas por videoconferência ou sistema similiar, desde que resida fora da área do juízo (art.222, alterado pela Lei 11900/09).
III) Esclarecimento dos peritos: A parte interessada pode requerer, previamente, a notificação dos peritos para esclarecimentos da prova pericial ou responderem os quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos a serem respondidos sejam encaminhados ao juízo com antecedência mínima de 10 dias.
Acareações: Prevendo possibilidade de acareação, deve-se manter a incomunicabilidade entre as pessoas que devam ser submetidas ao procedimento.
Reconhecimento de pessoas ou coisas: deverá ser feito conforme procedimento previsto nos artigos 226 a 228 do CPP.
Interrogatório do acusado: É reservado ao final da instrução. Não por acaso, mas para facilitar o direito de defesa, realizando-se de acordo com as regras dos artigos 185 a 196 do CPP.
REQUERIMENTO DE DILIGÊNCIAS, ALEGAÇÕES FINAIS ORAIS e SENTENÇA:
Depois de produzidas as provas orais em audiência, sendo encerrada a instrução, facultará o juiz ao MP, ao querelante ou ao assistente de acusação e, a seguir, ao acusado, requererem diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução. O juiz poderá considerar relevantes, impertinentes ou protelatórias as diligências e indeferi-las.
Duas possibilidades ante o requerimento de diligências: 
Se as partes não requererem quaisquer diligências, ou se o juiz indeferi-las: O juiz imediatamente oportunizará às partes, a apresentação de alegações finais orais, concedendo PRIMEIRO À ACUSAÇÃO e APÓS, À DEFESA, o prazo de vinte minutos, prorrogáveis por mais dez. Se houver MAIS DE UM ACUSADO, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual. Se houver assistente de acusação habilitado, este falará após o MP, com dez minutos de prazo, acrescendo também dez minutos à defesa, nesses casos.
	Então, o juiz proferirá sentença ainda em audiência, podendo, nos termos do artigo 403§ 3 do CPP, face: complexidade do caso, número de acusados, conceder às partes o prazo de cinco dias, sucessivamente, para oferecimento de memoriais escritos (alegações orais convertidas em peça escrita), tendo aí o magistrado o prazo de dez dias para conclusão dos autos para proferir sentença.
II)	O juiz determina diligências, ex officio ou defere as requeridas pelas partes: A audiência de provas orais termina sem as alegações finais. Deve-se cumprir as diligências determinadas e, após, notificadas acusação e defesa para apresentação de memoriais escritos, no prazo de cinco dias, sucessivamente, proferindo, posteriormente, o juiz, sentença em dez dias. Para a defesa, a jurisprudência entende que é obrigatória a apresentação desses memoriais, pois é a última oportunidade do réu ser ouvido antes da sentença. Já quanto à acusação, se for ação de natureza pública, não é obrigatória. Se, todavia, for ação penal privada, é obrigatória a apresentação, sobretudo para postulação da condenação, sob pena de extinção da punibilidade pela perempção (artigo 60, III do CPP).
8.SENTENÇA
Realizadas alegações finais em audiência, na forma oral, pode o juiz na própria audiência, proferir sentença. Mas pode substituir por memoriais escritos, face complexidade do caso e número de acusados, ou necessidade de se realizar diligências, ficando o juiz com prazo de dez dias para proferir sentença.
Importante citar o PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ (artigo 399§2), sendo instituído no CPP, disciplinando que o juiz que presidir a instrução deverá proferir sentença. Exceções nos casos de impossibilidade justificada: Juiz convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido, aposentado..
9.LAVRATURA DO TERMO DE AUDIÊNCIA
Art. 405 do CPP: ocorrido em audiência, será lavrado termo assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos no curso da solenidade.
PROCEDIMENTO SUMÁRIO:
O rito sumário é quase idêntico ao ordinário, as diferenças encontram-se abaixo discriminadas:
PENA: Ordinário para infrações penais com pena máxima cominada igual ou superior a 4 anos. Sumário para infrações penais inferior a 4 anos, ressalvadas as de competência dos Juizados Especiais Criminais.
TESTEMUNHAS: Ordinário: Arroladas pela acusação e defesa até o número de oito, ressalvadas as não compromissadas e as referidas (art.400). Sumário: Arroladas pela defesa e acusação até 5 testemunhas,salvo também as não compromissadas e referidas.
AUDIÊNCIA: para produção de prova oral, realizada até 60 dias após o magistrado receber os autos conclusos para esse fim. Sumário: 30 dias, apenas.
DILIGÊNCIAS: Após encerramento da audiência de instrução, podem as partes requerer diligências (art.402). No sumário não há previsão, devendo o magistrado, após produção da prova oral, oportunizar à acusação e à defesa o oferecimento de alegações orais, proferindo logo em seguida a sentença. Em casos excepcionais, a doutrina expõe ser possível a realização de diligências.
ORDEM DE OITIVA: No ordinário, há ordem de oitiva, primeiro de acusação e depois de defesa, obrigatoriamente, devendo a inversão ser de concordância da defesa. Já no sumário, o art.536 diz que não haverá suspensão de audiência, devendo as testemunhas serem trazidas coercitivamente, durante a audiência. Caso não sejam encontradas, poderão ser ouvidas depois, caso reputadas imprescindíveis, não importando se já foram ouvidas as de defesa ainda que não haja concordância das partes.
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO (Lei 9099/95)
Estabelece o artigo 394 §1, III do CPP que se aplica esse procedimento aos processos que tiverem por fim apuração das infrações de menor potencial ofensivo, na forma da lei. 
No caso, é a lei 9099/95, que, alterada pela Lei 11313/06, estabeleceu limite máximo de 2 anos para pena privativa de liberdade, cumulada ou não com multa e, estando ou não em lei especial..
Se o crime for praticado com outro de maior potencial ofensivo, em virtude da conexão, será atraído pelo de maior potencial, contudo, observar-se-ão os institutos da Composição Civil dos danos e da Transação penal.
PRINCÍPIOS E OBJETIVOS: Artigo 62 da Lei 9099/95 estabelecem os princípios da 1.ORALIDADE- Predomina o procedimento oral e as provas são colhidas diretamente pelo juiz e esse mantém contato direto com as partes.
2.INFORMALIDADE: Em tese deve vigorar o princípio da informalidade no procedimento, abrangendo muito menos o rigor formal estabelecido nos demais procedimentos.
3.ECONOMIA PROCESSUAL: Minimização das custas processuais, que somente são cobradas do vencido e desde que esse recorra.
4.CELERIDADE: Os atos buscam terminar com rapidez a lide.
Já quanto aos objetivos, consistem na REPARAÇÃO DOS DANOS CIVIS causados com a infração penal e na SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE por outra que não tenha essa natureza.
COMPETÊNCIA
Se determina pelo local onde ocorreu a infração penal (local da ação ou omissão)_ Princípio da Atividade.
Observação: Competência em razão da matéria- Competência negativa: Não se aplica aos crimes militares, nem aos crimes envolvendo violência doméstica (lei “maria da penha”).
Da mesma forma, não se aplica aos casos envolvendo competência por prerrogativa de função: Ex: Juiz, Prefeito, Governador. Nesses casos, aplica-se a lei própria, mas garantem-se os benefícios da Lei 9099/95, tais como composição civil dos danos e transação penal.
Atos chamatórios:
Citação via de regra: PESSOAL, sendo proibida a CITAÇÃO POR EDITAL. Já a citação por hora certa é de aceitação controvertida, sendo admitida pelo Fórum Nacional de Juizados Especiais- Enunciado 110 (diz que é permitida a citação por hora certa nesses casos).
Intimações são feitas de forma INFORMAL: admitindo-se sejam feitas por correspondência com AR ou por qualquer meio idôneo de comunicação: vide artigo 67 da Lei 9099/95.
-Atos do procedimento sumaríssimo.
FASE PRELIMINAR:
A autoridade policial, face ocorrência de menor potencial ofensivo, providencia a lavratura de um TERMO CIRCUNSTANCIADO, no qual as partes seriam de imediato encaminhadas ao JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL. Na prática não ocorre, mas sim ambos assinam um TERMO DE COMPROMISSO de comparecimento ao juizado especial criminal.
Logo, caso o infrator compareça imediatamente ou assine termo de compromisso de comparecimento, não haverá lavratura de auto de prisão em flagrante.
Após encaminhamento do TERMO CIRCUNSTANCIADO ao JECRIM, passa-se à: 
1.AUDIÊNCIA PRELIMINAR (artigo 70 do CPP):
Presentes o Ministério Público, autor do fato e vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados de advogado, serão indagados sobre existência de dano civil e se há possibilidade de COMPOSIÇÃO DOS DANOS(art.72).
Havendo composição, o juiz homologa em sentença irrecorrível, que terá eficácia de título executivo.
TRANSAÇÃO PENAL: Não havendo composição, passa-se ao oferecimento da TRANSAÇÃO PENAL, em que o Ministério Público propõe a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, a ser especificada na proposta.
IMPOSSIBILIDADE DE TRANSAÇÃO: (art. 76§2):
Se o autor tiver sido condenado pela prática de crime à pena privativa de liberdade por sentença definitiva;
Tiver sido beneficiado, pelo prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
Não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
Benefícios: não consta em certidão de antecedentes criminais e não terá efeitos cívis.
REFLEXOS DA COMPOSIÇÃO:
Ação Pública Incondicionada: A composição civil não interfere no andamento da ação penal. O MP indiferentemente oferecerá transação penal e aceita, o juiz homologará e não haverá registro de antecedentes criminais ou reincidência (artog 76 § 4 e 5). Não havendo ou não se podendo se aplicada a transação penal (art.76 §2), prossegue-se a audiência para que o MP ofereça denúncia oral ou requisite diligências, face complexidade do caso ou circunstâncias que não permita a denúncia imediata, remetendo os autos ao juízo comum, para seguimento do rito sumário (77 §2). 
Ação Pública Condicionada: A composição civil realizada comporta em renúncia automática do direito de representação e encerra-se a audiência e extingue-se o procedimento (art.744 § único). Não havendo composição, prosseguirá a audiência e questionando o juiz se há o interesse em representar ou não contra o autor. Se houver representação, o PROMOTOR oferecerá transação penal. Se não for aceita transação ou não quiser, passa-se à denúncia oral.
Ação de iniciativa PRIVADA: Se houver composição civil dos danos, torna-se em renúncia automática do direito de queixa. Se não houver composição, segue-se para a TRANSAÇÃO PENAL, oferecida a proposta pelo próprio ofendido, segundo jurisprudência do STJ. O STF não se pronunciou nesse sentido, mas a doutrina é divergente. Se não aceita a transação, passa-se a queixa-crime ORAL. Se o juiz reputar o fato complexo, pode mandar para oferecimento da queixa-crime para a justiça comum, onde seguirá o rito sumário.
2.OFERECIMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA: FORMA ORAL
Não se faz necessária a juntada de exame de corpo de delito, sendo suficiente boletim médico circunstanciado ou prova equivalente (artigo 77 §1 do CPB). 
Momento oportuno para que sejam arroladas testemunhas de acusação, em número máximo de 5 (cinco) exceto as não compromissadas.
3.CITAÇÃO DO ACUSADO: Deve ser notificado da inicial acusatória, se não estiver presente na audiência preliminar, bem como da data para realização de audiência de instrução e julgamento, bem como citados o MP, vítima e responsável civil e seus advogados.
Testemunhas devem ser trazidas pela própria parte ou requerimento de intimação com prazo mínimo de 5 (cinco) dias.
Não cabe citação editalícia. Podem ser citadas as partes e testemunhas nas formas do artigo 67 da Lei 9099/95
4.AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO: Na data aprazada, o juiz procederá aos atos seguintes:
a) Facultará a defesa responder à acusação: Defesa prevista no artigo 81, caput da lei 9099/95, podendo o defensor, além de alegar as causas que importem rejeição da denúncia, tudo mais que interessa à defesa, oferecer documentos e acostar justificações que levemà absolvição sumária, pois não haverá nova oportunidade de manifestação à defesa em relação a esses temas.
b. Decisão do juiz se rejeita ou recebe a inicial: APÓS a resposta do acusado, o juiz poderá rejeitar liminarmente a inicial, conforme artigo 395 do CPP.
c.Julgamento antecipado da lide, com absolvição sumária: após o recebimento, poderá o juiz julgar antecipadamente a lide.
d.Inquirição da vítima e testemunhas e interrogatório do acusado.
e. Debates orais: Após colheita da prova oral, o magistrado oportunizará as partes a realização de debates orais (art.81), não há previsão, mas é comum a substituição por memorais escritos, apresentados no prazo assinado pelo juiz.
f. Sentença: Realizados os debates, profere sentença em audiência. Essa sentença dispensa relatório (artigo 81 §3 da lei 9099) mas a fundamentação é sempre necessária (93, IX da CF).
TRIBUNAL DO JÚRI
					
PARTE- I
CONSIDERAÇÕES GERAIS E JUDICIUM ACUSATIONE ou SUMÁRIO DE CULPA.
1.CONSIDERAÇÕES GERAIS
Estão sujeitos a júri popular os crimes dolosos contra a vida (consumado ou tentado), quais sejam: 
Homicídio
aborto
Infanticídio
Induzimento, auxilio ou instigação ao suicídio.
Os crimes conexos e continentes, conf. artigo 78, do CPP
A fundamentação constitucional vem inscrita no artigo 5, XXXVIII da Constituição Federal que assim expõe:
É reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe couber a lei, assegurados (garantias constitucionais do Júri):
A plenitude de defesa;
o sigilo das votações;
a soberania dos veredictos;
a competência para julgamento de crimes dolosos contra a vida;
Note-se que, apesar de divergente na doutrina, é válido o posicionamento de que a Lei pode incluir outros crimes que não somente os dolosos contra a vida, na competência do tribunal do júri, já que a constituição não discrimina de forma taxativa, mas sim exemplificativa, tal como argumenta, por exemplo, Alexandre de Moraes. Ainda assim, atente-se que, nos casos em que há o “foro por prerrogativa de função”, não será competente o tribunal do júri. Ex: Prefeito Municipal que comete homicídio, será julgado pelo Tribunal de Justiça.
A instituição do tribunal do júri assenta-se no princípio democrático do cidadão em ser julgado por seus semelhantes, escolhidos aleatoriamente entre habitantes da cidade. No Brasil, o tribunal do júri é presidido por um juiz togado e o plenário composto por 25 jurados, sorteados entre cidadãos do município (art.447).
O procedimento contou com inovações trazidas pela Lei 11689/08, mas ainda assim persistiu a divisão do procedimento em duas partes: 
-JUDICIUM ACCUSATIONIS ou SUMÁRIO DE CULPA, abrangendo os atos praticados desde o recebimento da denúncia até a pronúncia e a segunda fase chamada de:
-JUDICIUM CAUSAE, que vai desde a pronúncia até o julgamento pelo tribunal do júri.
Por isso, importante ressaltar que o tribunal do júri tem seu procedimento denominado de PROCEDIMENTO ESCALONADO ou BIPARTIDO.
Essa divisão de fases se justifica em virtude de que, o julgamento popular, por natureza própria, expõe o réu à sociedade, envolvendo grave constrangimento. Dessa forma, não se pode colocar um indivíduo no banco dos réus quando não haja, por exemplo, o mínimo de elementos apontando que tenham praticado o fato.
A alteração trazida pela Lei 11689/2008 tentou agilizar o procedimento do júri, por exemplo, simplificando procedimentos relacionados a provas orais, aglutinando interrogatório e alegações finais das partes numa única audiência. Possibilitou que o réu, mesmo não sendo encontrado para intimação, seja intimado por edital da sua pronúncia e, inclusive, seja julgado à revelia. Extinguiu-se o libelo crime acusatório, que nada mais fazia que reproduzir a pronúncia em forma de quesitos.
Adequou-se o rito à Constituição, na medida em que, no artigo 408, estabelece obrigatoriedade do réu responder à acusação, mesmo que seja por defensor nomeado pelo juiz.
2. PRIMEIRA FASE DO PROCEDIMENTO (JUDICIUM ACCUSATIONIS)- SUMÁRIO DE CULPA.
Esse procedimento começa com o:
I- oferecimento da denúncia ou queixa-crime subsidiária. Obedece-se o requisito do artigo 41 do CPP quanto à forma da denúncia. 
Poderão ser indicadas até 8 testemunhas, por fato, não se computando as não-compromissadas. Os peritos chamados para prestar esclarecimentos também não se incluem nesse número. 
II- Rejeição liminar ou recebimento da inicial: não sendo o caso de inépcia da inicial, falta de pressuposto processual ou condição para exercício da ação e falta de justa causa para ação penal, o juiz receberá a denúncia, providenciando a citação do acusado para resposta.
III- A citação poderá ser realizada por qualquer meio previsto em Lei. Como regra, dá-se a citação pessoal. Não sendo localizado, cabe a citação por edital. Verificando o oficial de justiça que o réu se oculta para evitar a citação, poderá ser feita por hora certa.
IV- Resposta do acusado. Esse acusado terá o prazo de DEZ DIAS para responder à acusação, que será contado a partir do efetivo cumprimento do mandado ou do comparecimento em juízo, do acusado ou de defensor constituído, no caso de citação por edital (art. 406 §2). Decorrendo o prazo em oferecimento de resposta, deverá o juiz, sob pena de nulidade, nomear defensor dativo, que terá reaberto o prazo de dez dias para apresentar defesa. Note-se que esse prazo, assim como nos procedimentos comuns, assume o caráter de contestação, onde o réu deve alegar tudo que interessar a sua defesa, diferentemente da antiga “defesa prévia”, onde se havia apenas alegações genéricas de inocência.
V- Oitiva da acusação- Apresentada a defesa, é previsto que o juiz notifique o MP ou querelante para se manifestar sobre eventual preliminar arguida, na resposta do réu ou sobre documentos que, como ela, tenham sido acostados. Esse prazo é de 5 dias. Assume o caráter de réplica do processo civil.
 VI- Aprazamento de audiência de instrução, interrogatório, debates e decisão. Após ter sido oportunizada à acusação falar sobre a resposta apresentada pelo réu, designará o magistrado, para daí até o máximo de dez dias, marcar audiência para inquirição de testemunhas arroladas e realização de diligências requeridas pelas partes (art.410).
Na audiência, serão as provas orais produzidas na seguinte ordem: declaração do ofendido, se possível; declaração das testemunhas de acusação e depois as de defesa; esclarecimento dos peritos, acareações e reconhecimento de pessoas ou coisas, por fim, o interrogatório do réu.
Há previsão para debates orais, com 20 minutos a cada parte, prorrogáveis por mais dez. Se houver assistente de acusação, habilitado nos autos, a este será facultado se pronunciar em dez minutos, acrescentando esse prazo também à defesa. Se houver mais de um réu, o tempo para acusação e defesa de cada um deles será individual.
Ao contrário do que expõe o procedimento ordinário, não há previsão para apresentação de memoriais escritos. Aliás, o artigo 411 §7 relata que nenhum ato será adiado, ressalvando-se tão-somente, a hipótese de que seja reconhecido como imprescindível à prova do processo. Logo, não há óbice que, em casos de fundada necessidade, por analogia ao procedimento ordinário, seja aplicado o memorial escrito em vez de alegações orais (fatos complexos e números de acusados).
VII- Encerrados os debates orais, o juiz proferirá decisão:
-Pronunciar o réu
-Impronunciar o réu
-Absolvê-lo sumariamente
-Desclassificar a infração penal
VIII- PRAZO PARA CONCLUSÃO DO SUMARIO DE CULPA:
Conforme artigo 412 do CPP, a primeira fase do procedimento do júri deverá ser concluída no prazo máximo de 90 dias. Interpreta-se que o dia de início desse prazo seja a data do recebimento da denúncia. De qualquer forma, esse prazo é exíguo para conclusão do sumário de culpa, podendo dar margem à impetração de habeas corpus por excesso de prazo a presos preventivosperigosos.
A DECISÃO DE PRONÚNCIA
A pronúncia é uma decisão que importará em prosseguimento do processo criminal, com subsequente julgamento pelo tribunal do júri.
Com a PRONÚNCIA, o magistrado julga ADMISSÍVEL a acusação incorporada à denúncia ou à queixa-crime. Essa decisão está condicionada à existência de INDÍCIOS SUFICIENTES de autoria e PROVA DA MATERIALIDADE do fato. Na ausência desses requisitos, será o caso de IMPRONÚNCIA (artigo 414 do CPP).
No caso de pronúncia, entende-se havidos indícios de que o réu agiu com dolo de matar. Se houver outros indícios que não o dolo de matar, deve o magistrado operar à DESCLASSIFICAÇÃO (art.419 do CPP), atribuindo outra infração penal que não dolosa contra a vida, como por exemplo: homicídio culposo, lesão corporal seguida de morte, latrocínio), fazendo, então, remessa dos autos ao juízo comum.
De outra banda, caso haja prova inequívoca quanto à ocorrência de qualquer das situações previstas no artigo 415 do CPP, quais sejam: Provada inexistência do fato ou; que o réu não concorreu para a infração penal como autor ou partícipe; não constitui o ato infração penal; presença de causa excludentes de ilicitude ou causas que isentem o réu de pena (salvo a inimputabilidade com outras teses de defesa), deve proferir a chamada ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. 
Nesse momento, vigor o in dubio pro societate, ou seja, na dúvida, deve o réu ser processado, ou seja, ser pronunciado para ser submetido ao júri.
Para sanar dúvidas: Se não houver provas suficientes da existência do fato ou indícios de autoria ou participação do acusado, deve-se falar em IMPRONÚNCIA. No entanto, havendo provas que tragam certeza quanto não existência do fato ou certeza de que o réu não praticou ou participou do ilícito, fala-se em ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA.
A pronúncia enquadra-se nas decisões DECLARATÓRIAS. O magistrado apenas se limita a admitir a acusação, ou seja, declara que o processo está “maduro” e pode ser enviado ao tribunal do júri. Trata-se de uma DECISÃO INTERLOCUTÓRIA MISTA NÃO TERMINATIVA, já que encerra uma fase do procedimento, sem por fim ao processo.
Por isso, a decisão de pronúncia faz COISA JULGADA apenas FORMAL, pois é imodificável apenas em relação ao processo em si. Se houver circunstância que modifique a classificação do delito, será possível postular a retificação da pronúncia (artigo 421) ex: o réu pronunciado por tentativa de homicídio, mas a vítima vem a morrer em razão das lesões provocadas. Nesse caso, remete o juiz os autos ao Ministério Público, a fim e nova análise e certo aditamento da inicial. Após isso, voltam os autos ao juiz para efetuar nova decisão de pronúncia.
A pronuncia não faz, pois, COISA JULGADA MATERIAL, pois o réu pode ser processado pela prática de determinado crime e ser condenado por outro crime. EX: o réu é processado por homicídio qualificado, mas ao final, prova-se que praticou homicídio culposo, na hipótese do conselho de sentença negar o dolo. No caso, o processo será remetido ao magistrado, que fará então uma sentença singular.
CONTEÚDO DA PRONÚNCIA.
Para facilitar o aprendizado e visualizar na prática como se dá uma decisão de pronúncia, 
abaixo uma cópia de uma decisão dessa natureza:
Vistos.ETC.
EDSON RODRIGUES, já qualificado nos autos, foi denunciado[1] como incurso no crime tipificado no art. 121, caput, do Código Penal.
Relatório final foi apresentado pelo Delegado de Polícia  (fls. 28).
A denúncia foi recebida (fls. 31), o réu foi devidamente citado e interrogado (fls. 67).
A Defesa Prévia foi apresentada (fls. 40/49).
Foram ouvidas três testemunhas arroladas pelo Ministério Público e defesa (fls. 64, 65 e 66) registradas por meio audiovisual.
O laudo necroscópico encontra-se acostado a fls. 74/75.
Encerrada a instrução, o Ministério Público (peça subscrita pelo combativo Dr. Adolfo César de Castro e Assis), em alegações do art. 413 do Código de Processo Penal, requereu a pronúncia do réu, nos moldes da denúncia (fls. 100/103).
A Defesa (Dr. Valdemir Alves de Brito), na mesma fase (fls. 108/119), pugnou pela “impronúncia do réu, por absoluta falta de provas, ante conflito existente em todo o conjunto probatório”.
É o relatório.
DECIDO.
Consta da denúncia que o acusado agindo com manifesto intento homicida, agrediu a vítima Jasmira Maria de Jesus, causando-lhe ferimentos que foram a causa da sua morte.
A materialidade do crime é inconteste, conforme pode ser observado no boletim de ocorrência (fls.15/16), auto de exibição e apreensão (fls. 17), exame necroscópico (fls. 74/75), laudo pericial de local do homicídio (fls. 76/90), laudo pericial de exame em peça de crime (fls. 91/92) e prova oral colhida.
Há indícios suficientes de autoria de crime doloso contra a vida.
Como cediço, nesta fase processual  não se aplica a regra do “in dubio pro reo” e sim o “in dubio pro societate”, ou seja, existindo indícios suficientes de autoria, o réu deve ser julgado pelo seu Juiz Natural que é o Júri.
O réu, em Juízo (fls. 67) disse que sempre “houve briga entre eles, em razão de bebida”. Afirmou que deu apenas um tapa na vítima, mas primeiro, foi ela quem o agrediu. A morte da vítima teria decorido  da queda e não da agressão.   Informou que tomou conhecimento de que Jasmira estava morta, por voltas das 8h da manhã. Ela sofria convulsões e tomava medicamentos fortes. Declarou que ela desmaiava sem motivo algum. No  dia do ocorrido, narra que  a vítima desmaiou perto do portão e a levou para a cama. A boca sangrava muito e  tentou socorrê-la. Contou que Jasmira começou a passar mal logo em seguida a briga,  por volta das 3h da manhã. Na cama, acrescenta que  a vítima    “tentou agredi-lo, sendo que depois teve outra convulsão. Tentou socorrê-la, porém ela não deixava. Ás 7h da manhã notou a ausência de respiração e chamou seu tio. Foi atrás de socorro. Ao retornar o resgate já estava no local e foi acusado de provocar a morte da vítima.
Sua versão não deve ser acolhida  nesta fase e será melhor analisada em plenário do Júri.
O policial militar Elton Rodrigo Bruner (fls. 64) foi solicitado em razão de uma briga de casal. O  marido teria  agredido a esposa. Narrou que o resgate  já se encontrava no local dos fatos e lhe avisou que a vítima havia falecido. Conversou com o réu, o qual lhe disse que Jasmira passou mal, caiu e bateu a cabeça. Soube pelos vizinhos e amigos do casal, que o acusado batia na vítima constantemente. Contou que o réu  confirmou que deu um tapa no rosto de sua esposa, em razão da briga. Porém, afirmou que a vítima estava com a face e a boca bem machucada e sangrando. Pelo que soube informar, não havia testemunhas presenciais, mas  vizinhos “ouviram” a briga.
Denys Martins Rodrigues (fls. 65),  primo do acusado, disse que jamais presenciou agressão ou briga entre o réu e a vítima, mas  ouvia discussões ente eles, vez que morava ao lado. Diariamente escutava barulho, na parede, orundo das “confusões” deles. Por ser algo normal, de rotina, não imaginou que fosse ocorrer algo mais grave. Sua mãe foi até casa da vítima, no outro dia de manhã, onde avistou a mesma deitada no banco e enrolada numa coberta. Achou estranho e notou que a vítima ainda respirava com dificuldade. Seu tio e sua genitora acionaram a polícia e o bombeiro. Posteriormente, constataram  que Jasmira estava morta. Narrou que a briga começou a noite e permaneceu de madrugada até de manhã. Esclareceu que para o réu foi algo normal, sendo apenas briga de casal que ocorria todo dia.
José Carlos  (fls. 66) disse que viu o réu agredir a vítima com socos. Narrou que a mesma pediu para socorrê-la. Confirmou que eles brigavam diariamente. Contou que,  no dia dos fatos, a discussão teve inicio de madrugada, e encontraram o corpo da vítima pela  manhã.
Diante desse quadro probatório, impossível acolher as teses da douta defesa.
O que  fora narrado é suficiente para a pronúncia.
O médico legista atestou que a morte da vítima teve como causa a contusão cerebral.
Afirmou,ainda, que as lesões foram causadas  por agente contundente, provavelmente  por meio de ação humana, e menciona a barra de ferro (fls. 98).
Está devidamente comprovado que houve agressão do réu contra a vítima e caberá aos jurados a análise  a respeito da  conduta do réu, do resultado morte, do nexo causal e demais circusntâncias.
DA DECISÃO FINAL
Posto isto e por tudo mais que dos autos consta deixo de analisar detalhadamente todas as versões da defesa e acusação e considerando indícios suficientes de autoria de crime doloso contra a vida, julgo procedente a ação nesta fase inicial, para o fim de PRONUNCIAR o acusado EDSON RODRIGUES, já qualificado nos autos, para que seja julgado em plenário do Tribunal do Júri, por suposta infração ao art. 121, caput, do Código Penal.
Oportunamente, redistribua-se para a 1ª Vara Criminal local.
Autorizo a expedição de certidão de honorários.
P. R. I. C.
Limeira, 9  de agosto de 2009.
Dr. LUIZ AUGUSTO BARRICHELLO NETO
Juiz de Direito
copiado, em 30/04/2011, do site:
http://limeira2cr.com/2009/08/09/sentenca-de-pronuncia-dr-luiz-augusto-barrichello-neto-autos-1295-08/
Conteúdo da decisão de pronúncia
Como visto, sendo uma decisão judicial, deve a pronúncia ser fundamentada, mas não de forma a antecipar ou influenciar na decisão do júri. Logo, a pronúncia não deve se aprofundar no mérito da causa. Nesse sentido, o artigo 413 §1 estabelece que a denúncia se limitará à indicação da materialidade do fato e existência de indícios suficientes de autoria ou participação. As teses defensivas, por exemplo relacionadas à negativa de autoria, ausência de dolo ou excludentes de ilicitude, devem ser apreciadas de forma superficial, pelo mesmo motivo.
O artigo 478, I do CPP veda às partes, sob pena de nulidade, qualquer alusão à decisão de pronúncia em plenário de julgamento. Contudo, não proibiu os jurados de manusearem os autos e assim manterem contato com os termos da pronúncia.
Nos termos do artigo 472 § único, após instalada a sessão de julgamento, os jurados receberão cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório do processo.
Uma inovação, foi o fato de, na pronúncia, poder o juiz manifestar-se sobre causas de aumento de pena, como p.ex. A circunstância de o homicídio ser praticado contra menor de 14 anos ou maior de 60. Da mesma forma, já era previsto antes da reforma de 2008, a menção na pronúncia das qualificadoras, desde que a denúncia se refira à circunstância qualificadora, não podendo ser tal menção feita ex officio.
As causa de diminuição de pena, a exemplo das privilegiadora do homicídio, não estão previstas, já que o artigo 413 §1 se refere apenas à causa de aumento. Da mesma forma, as atenuantes e agravantes.
Alteração da Classificação do crime:
1-Por meio da emendatio libelli: Hipótese prevista no artigo 418 do CPP: O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da que constar na denúncia ou queixa subsidiária, ainda que, em consequência, fique o réu sujeito a pena mais grave. É fato que o réu se defende do fato descrito na denúncia e não da capitulação jurídica. Logo, se o MP interpretou o fato de uma forma e assim capitulou um crime, nada impede que, o mesmo fato, na sentença, seja interpretada pelo juiz como tendo outra capitulação.Ex: A denúncia fala em homicídio qualificado por meio cruel, mas após a instrução, o juiz entende que o mesmo fato se enquadra no homicídio qualificado pela impossibilidade de defesa da vítima, exemplo trazido no julgamento do STJ (DJ 22.09.2008)- HC 75.961/SP.
2- Hipótese de Mutatio Libelli. Incide o artigo 411 §3 do CPP. Encerrada a instrução probatória, aplicar-se-á,se for o caso,o artigo 384 do CPP. Trata-se, no caso, da hipótese em que , diante das provas obtidas na instrução criminal, entende o juiz pronunciar o réu por outro crime, em circunstância não integrante da denúncia. EX: Juiz entende que deve pronunciar o réu por homicídio qualificado, mas a denúncia imputou infanticídio. Nesse caso, o procedimento ao final implicou reconhecer o dolo de matar, além de uma qualificadora, mas a denúncia fala em réu que agiu sob influência de estado puerperal. Dessa forma, como o réu não pôde se defender desse fato (homicídio), que não foi descrito na denúncia, prevê o artigo 384 do CPP, um ADITAMENTO da inicial, nos termos do artigo citado.
EFEITOS DA PRONÚNCIA
Submete o acusado a júri popular.
Limita as teses acusatórias a serem apresentadas pelo jurado- Ainda que tenha sido denunciado por homicídio qualificado, caso venha ser pronunciado por homicídio simples, o promotor de justiça, em sessão do júri, não pode fazer menção à qualificadora e sequer poderá ser objeto de quesitação.
Interrompe a prescrição. Artigo 117, II do CP. Nâo importa se houver recurso da pronúncia e posterior desclassificação (súmula 191 do STJ). A decisão confirmatória da pronúncia também interrompe a prescrição. Artigo 117, III.
INTIMAÇÃO DA PRONÚNCIA
Deve o réu ser intimado pessoalmente, como regra. Não localizado, em qualquer caso, sendo afiançável ou inafiançável, pode ser intimado por EDITAL. (Artigo 420 § único).
Além do réu, deve-se intimar o defensor, seja ele nomeado pelo juiz ou constituído, no primeiro caso, intimação pessoal, no segundo, por meio de publicação na imprensa oficial.
A intimação do querelante e-ou assistente de acusação, será feita mediante publicação na imprensa oficial (artigo 420, II).
O MP deve ser intimado pessoalmente.
PRONÚNCIA E PRISÃO DO RÉU
Com a alteração trazida pela Lei 11689/08, não há mais a prisão decorrente de pronúncia, como modalidade autônoma de prisão provisória.
Anteriormente, no artigo 408 do CPP, o réu, com o pronunciamento, deveria ser recomendado à prisão onde já se encontrasse ou determinar a sua prisão para que aguardasse preso a data do julgamento, salvo se fosse primário e de bons antecedentes. 
Na atualidade, o artigo 413 §3 diz que o juiz motivará o caso de manutenção, revogação ou substituição da prisão ou medida restritiva de liberdade já decretada. Tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade de prisão (preventiva). Submete-se aos requisitos do artigo 312 do CPP, atinente à PRISÃO PREVENTIVA.
DECISÃO DE IMPRONÚNCIA (art.414 do CPP)
È uma decisão interlocutória mista TERMINATIVA, pois acarreta extinção do processo. Mas não impede ajuizamento de nova ação penal, desde que surjam novas provas, ou seja, provas não sabidas durante o processo anterior.
Se houver crime conexo ao crime não doloso contra a vida, exemplo, homicídio e estupro, não pode o juiz na decisão de impronúncia se manifestar quanto ao crime de estupro. Deve esperar o trânsito em julgado da decisão de impronúncia e, somente depois , encaminhar os autos para para o juízo competente.
Importante: Diferença entre IMPRONÚNCIA e DESPRONÚNCIA: A impronúncia ocorre quando o juiz conduz o processo e depois, na fase de admissibilidade da acusação, diz ser inexistente indícios de autoria ou prova da materialidade do fato. Dessa forma, deixa de submeter o réu ao tribunal do júri, arquivando o processo criminal. Já a DESPRONÚNCIA é fruto de um recurso, que ocorre quando o réu recorre da decisão de pronúncia (recurso em sentido estrito- RESE) e o tribunal de segunda instância decide que não é caso de pronúncia e, então “despronuncia a pronúncia feita pelo juiz”. 
DECISÃO DE DESCLASSIFICAÇÃO
Art. 419 do CPP.
Cabe a desclassificação quando o magistrado desclassifica o crime para outro que não seja doloso contra a vida. Assim agindo, encaminhará os autos ao juiz competente da vara comum, para que lá seja proferida sentença. Por exemplo: Desclassifica de homicídio para lesões corporais seguida de morte.
Quais providências devem ser tomadas pelo juiz que recebe o processo?
Quando não há acréscimo de circunstância ou elemento novo ao fato descrito na denúncia, o juiz que recebeu os autos pode julgar o processo independentede qualquer outra providência.
Exemplo clássico: Há decisão do juiz do tribunal do júri entendendo que, em vez de homicídio, causado por um tiro dado na vítima, na perna, vindo a óbito em decorrência de rompimento da veia femural, houve sim uma lesão corporal seguida de morte.
Nesse caso, não há nenhum impedimento, pois se o réu se defendeu do fato morte, não houve nenhum fato novo que o impeça de ser julgado, apenas interpretações diferentes para o mesmo fato, entre o MP que denunciou e o Juiz que julgou.
Noutro caso, havendo acréscimo de circunstância ou fato novo exposto, deve o juiz seguir a mutatio libelli, do artigo 384 do CPP. Exemplo: Atribuindo tentativa de homicídio, descreve a denúncia que o acusado desferiu uma facada na vítima, com um golpe que atingiu o braço direito, causando-lhe lesões graves e, apenas não consumando a morte, por circunstâncias alheias à sua vontade. Nesse caso, havendo a necessidade do magistrado comprovar uma lesão grave, aliado ao fato de ter havido debilidade permanente de um membro, vemos que se trata de um fato não exposto na inicial, o qual não fora discutida nos autos.
Logo, não pode simplesmente o magistrado proferir sentença. Há a necessidade, conforme artigo 384, de: Abrir vista ao Ministério Público para aditamento da denúncia+ prazo de resposta para defesa+Admissão do aditamento pelo juiz+Audiência para oitiva de novas testemunhas+debate e enfim a sentença. Se o juiz sentenciar, reconhecendo um elemento novo, não descrito na denúncia, que assim não foi objeto de defesa pelo réu, tratar-se-à de DECISÃO NULA. O elemento novo, repita-se, é a debilidade permanente do membro atingido, gerador da lesão grave.
Se a decisão importar desclassificação para crime mais grave, como por exemplo: HOMICÍDIO SIMPLES para LATROCÍNIO, vai interessar se houve elemento novo não descrito na acusação inicial. No caso em tela, houve o dolo inicial que é o PATRIMONIAL e não CONTRA A VIDA, circunstância não descrita na inicial, logo, necessário a mutatio libeli.
E se o magistrado divergir do encaminhamento dos autos pelo Tribunal do Júri? Exemplo: O juiz da vara do júri desclassifica um homicídio para latrocínio e manda os autos para a vara comum. Este juiz da vara comum entende que é homicídio e não deseja aceitar os autos. O que fazer?
2 respostas: Uma posicionamento jurisprudencial defende que o juiz que recebe os autos não pode mais alegar conflito de competência, pois a remessa dos autos somente é feita depois do trânsito em julgado da decisão de desclassificação. Outra posição entende que há conflito de competência, em razão da matéria, fato que torna eivada de nulidade absoluta a decisão incompetente, motivo pelo qual não há preclusão e pode ser alegada em qualquer tempo.
E se houver dois crimes contra a vida (crimes conexos), mas o juiz do júri entende que somente um deles é contra a vida e o outro, por exemplo, é uma lesão corporal? Nesse caso, permanece competente o juiz do júri pois, ao se declarar competente para um dos crimes conexos, há a atração do julgamento para o tribunal do júri, nos termos do artigo 78 do CPP.
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA
Prevista no artigo 415 do CPP.
Cabível quando, de forma inequívoca, constatar o juiz , a partir da prova angariada na fase instrutória, quaisquer das seguintes situações:
-Provada a inexistência do fato;
-Estar provado que o réu não concorreu para o crime como autor ou partícipe;
-Não constituir o fato infração penal;
-Existir circunstância que isente o réu de pena (abrangem o caso de exclusão do dolo, tais como descriminantes putativa; causas que excluem a culpabilidade, como coação moral irresistível e obediência hierárquica, etc.
-Causa de isenção de pena consubstanciada na inimputabilidade, quando essa for a única tese defensiva. Trata-se do caso em que, por exemplo, o réu for declarado louco durante a prática do delito. Logo, deve ele receber não a absolvição própria, mas a medida de segurança, tornando-se em sentença absolutória imprópria, como chamada pela doutrina. Se houver outra tese defensiva, não deve o juiz absolver sumariamente, pois pode o réu ter como provada a outra tese defensiva mais benéfica e ser julgado pelo júri como inocente, por exemplo,sem necessidade de receber medida de segurança.
-Circunstância que exclua o crime: Legitima defesa real, estado de necessidade real, exercício regular do direito e estrito cumprimento do dever legal.
Importante destacar que nessa fase, vigora o IN DUBIO PRO SOCIETATE, pois a absolvição somente será sumária, se não houver dúvidas. Havendo, opta-se pela remessa ao Tribunal do Júri.
Se o juiz, ao final da fase de sumário de culpa, percebe que dois crimes conexos, um contra a vida e outro contra patrimônio, por exemplo, são casos de absolvição sumária. O que fazer? Pois bem, deverá absolver sumariamente o crime contra a vida e em relação ao outro, não se pronunciar, encaminhar ao juízo competente.
Por fim, insta comentar o artigo 417 do CPP, que relata que, se houver indícios de autoria ou participação de outras pessoas não incluídas na acusação, o juiz, ao pronunciar ou impronunciar o acusado, determinará o retorno dos autos ao MP, a fim de que, em 15 dias ou adite a denúncia, incluindo os demais, caso em que deverá percorrer todas as fases processuais em relação aos outros réus ora inclusos, ou, oferecer denúncia em separado, com instauração de novo processo em relação aos demais inclusos, sendo essa segunda opção a que demonstra maior grau de economia processual.
			TRIBUNAL DO JÚRI
PARTE II
O JUDICIUM CAUSAE- Plenário do Júri
Artigo 421- Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal do Júri.
§1. Ainda que preclusa a decisão de pronúncia, havendo circunstância superveniente que altere a classificação do crime, o juiz ordenará a remessa dos autos ao Ministério Público.
Ao receber os autos do processo, o juiz presidente notificará o MP e o advogado do réu para, em 05 (cinco) dias, apresentarem, querendo, rol de testemunhas que prestarão depoimento em plenário, podendo, ainda, juntar documentos e requerer diligências sobre provas que serão exibidas em plenário (art.422).
Após deliberar sobre provas a serem produzidas ou exibidas em plenário, depois de realizadas as diligências eventualmente requeridas, o juiz adotará providências visando a sanar nulidades ou esclarecer fato de interesse da causa, fazendo , em seguida, relatório sucinto do processo, aprazando data para sessão (art. 423).
NÃO HÁ MAIS FASE DENOMINADA LIBELO OU CONTRARIEDADE AO LIBELO- Agora basta que as partes requeiram as provas que pretendem produzir em plenário.
LIMITAÇÃO DA ACUSAÇÃO
Os limites da acusação encontram-se na pronúncia, não podendo o órgão acusador se afastar dela, respeitando imputação do tipo básico, qualificadoras e causas de aumento de pena reconhecidas na pronúncia.
EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS EM PLENÁRIO
Art.479- Durante o julgamento, não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. 
Compreende-se na proibição deste artigo a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui, ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados.
O DESAFORAMENTO
Trata-se de hipótese que traz exceções às regras gerais de competência previstas no artigo 69 do CPP. Consiste o desaforamento em deslocamento do julgamento pelo júri para outra comarca, distinta daquela onde tramitou o processo. 
Pode o desaforamento ser determinado a partir de requerimento de qualquer uma das partes (MP, assistente de acusação, defesa), até mesmo o juiz pode representar ao tribunal de segundo grau respectivo, solicitando o desaforamento, mediante as seguintes causas:
Interesse

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