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UMA ANÁLISE DAS PROVAS DO ENEM A PARTIR DAS QUESTÕES RELACIONADAS AO CONTEÚDO “EQUILÍBRIO QUÍMICO” Ludmila Nogueira da Silva – ludmila.silva@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro IFRJ – campus Avançado Mesquita Mesquita – Rio de Janeiro Raíssa Figueiredo Mariano – raissa.mariano2@gmail.com IFRJ – campus Nilópolis Nilópolis – Rio de Janeiro Resumo: Este trabalho apresenta resultados relativos ao conteúdo de equilíbrio químico nas provas do ENEM entre os anos de 1998 a 2011. O estudo sobre os exames visa avaliar de que forma o conteúdo de equilíbrio químico é abordado e se o mesmo contempla o objetivo enunciado nos PCNEM, que seguem a LDB. Utilizamos dois livros didáticos aprovados pelo PLNEM, estando ambos de acordo com o PCNEM, como base para a investigação do conteúdo abordado. Assim, criamos tópicos relacionados a equilíbrio químico em comum entre eles, que foram usados para determinar qual assunto é abordado nas questões do ENEM. O estudo apontou que as questões de equilíbrio químico do ENEM se adequam aos PCNEM e à LDB, no que concerne à contextualização do ensino de Química para uma aprendizagem significativa do educando. Embora, em sua maioria, só envolva um determinado conteúdo de matéria – equilíbrio iônico, é possível dizer que o conteúdo de equilíbrio químico no ENEM atende às necessidades da LDB e estão de acordo com os livros didáticos. Palavras-chave: ENEM, Equilíbrio químico, Ensino de Química 1 INTRODUÇÃO A educação científica tem sido pauta de diversos debates e questionamentos, principalmente sobre como o conteúdo de Química é abordado e lecionado nas escolas de Ensino Médio, seja para a formação do cidadão, de forma que se torne crítico e capaz de relacionar o conteúdo científico à sociedade (CHASSOT, 2001), ou para a preparação quase exclusiva para as provas de acesso às Instituições de Ensino Superior (IES). Vários autores (MORTIMER e MACHADO, 2007; CHASSOT, 1994; MILAGRES e JUSTI, 2001) ressaltam a importância da contextualização, da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade como possíveis saberes para a formação crítica do cidadão. Esta prerrogativa encontra aporte nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM), em que se prevê que a área das Ciências da Natureza e da Matemática e suas Tecnologias (CNMT) tem por objetivo despertar a curiosidade do educando, levando-o à reflexão do seu contexto científico-social, de modo que o aluno seja capaz de realizar a interação da Ciência e da Tecnologia com a vida humana e social (PCNEM, 2000). Ainda que o objetivo maior de uma instituição de Ensino Médio seja priorizar a preparação para os exames de ingresso nas IES, essa deve considerar os aspectos relacionados aos PCNEM e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, onde é possível ressaltar o objetivo do Ensino Médio na Educação Básica descrito nos artigos abaixo: Art. 35. III - aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; Art. 35. IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. (LDB, 1996) Devemos considerar os fundamentos da LDB, pelo fato de que não são todos os estudantes que finalizam o Ensino Médio que ingressam nas IES – o Ensino Médio tem o fim por si mesmo (o último ciclo da Educação Básica). As escolas devem fazer uma reavaliação de sua metodologia de ensino, uma vez que devido à LDB e aos PCNEM, as IES têm modificado as formas de avaliação nos seus processos seletivos para os cursos de graduação. Levando-se em conta os objetivos explícitos nos documentos acima mencionados, é preciso saber se tais objetivos são corroborados pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que é o instrumento de avaliação do Ensino Médio criado pelo governo federal. Antes, porém, faremos um breve histórico sobre esse exame, apontando a sua importância ao longo dos anos de investigação deste trabalho, desde a sua implantação (1998) ao último exame aplicado (2011). 1.1 Breve histórico do ENEM Criado em 1998, o ENEM tem como objetivo avaliar o sistema de ensino através do desempenho dos estudantes do último ano da Educação Básica (3º ano do Ensino Médio), por meio de um exame de caráter nacional e único. Apesar do número de inscritos ter sido considerável, somente em 2004 ocorreu uma adesão massiva do ENEM quando o Ministério da Educação (MEC) instituiu o Programa de Universidade para Todos (ProUni) onde era possível obter bolsas nas IES privadas através das notas obtidas no ENEM (ANDRIOLA, 2011). Os números continuaram crescentes em 2006, em torno de 500 universidades adotaram o ENEM em seus processos seletivos para o Ensino Superior, seja juntamente ou substituindo o vestibular. Mas somente em 2009 essa utilização foi obtida pelas universidades federais para, principalmente, democratizar as oportunidades de acesso as vagas dessas instituições. No mesmo ano o MEC propôs uma reestruturação do ENEM, conhecido como o Novo Enem, e sua utilização através de uma seleção unificada nos processos seletivos das universidades públicas federais (BRASIL, 2012a). É estabelecido pelo MEC que as universidades possuem autonomia, e dessa forma, fica a critério de cada universidade uma das quatro opções para utilização do ENEM: como fase única; como primeira fase; associada com o vestibular da instituição e; como fase única para vagas remanescentes. Concomitante a essa mudança, foi criado pelo MEC o Sistema de Seleção Unificada (SiSU) para criar uma seleção de inscritos dirigida ao preenchimento das vagas de Ensino Superior nas instituições públicas através da nota do ENEM de forma informatizada e on-line, buscando democratizar as oportunidades de acesso as IES públicas, viabilizando uma mobilidade acadêmica e induzindo mudanças nos currículos do Ensino Médio (BRASIL, 2012b). Atualmente, o ENEM abarca, também, outra finalidade, pois através da nota obtida nele é possível adquirir o certificado de conclusão do Ensino Médio, para inscritos acima de 18 anos (BRASIL, 2012c). Feita essa breve descrição sobre o ENEM, apresentaremos, a seguir, o conteúdo analisado nas provas e a sua relevância para o estudo. 1.2 Ensino de Equilíbrio Químico e o ENEM Os alunos apresentam dificuldades na disciplina de Química em geral, porém apresentam maiores dificuldades em determinados temas mais do que em outros. Essa dificuldade se manifesta geralmente em baixo rendimento escolar, pouco interesse nos estudos, muitas vezes reprovação acadêmica e uma atitude passiva em sala de aula (CÁRDENAS, 2006). Um desses tópicos é o “equilíbrio químico”, que foi escolhido para o desenvolvimento do presente trabalho por ser um conteúdo de difícil compreensão pelos alunos e por ser identificado por muitos autores como sendo um tema problemático para ensino e aprendizagem (MACHADO e ARAGÃO, 1996; MASKILL e CACHAPUZ, 1989). Uma pesquisa realizada por Pereira (1989) revelou que os professores encontram muitos obstáculos no processo de ensino-aprendizagem, muitas vezes por conter alguns tópicos dentro do conteúdo de equilíbrio químico que eles mesmos não se sentem seguros de ensinar aos alunos. Quando esse tema é abordado em sala de aula, os alunos já trazem consigo concepções e experiências relacionadas à ideia de equilíbrio, o que pode ocasionar dificuldades na aprendizagem do conceito científico (MACHADO e ARAGÃO, 1996). Milagres e Justi (2001) acreditam ser uma das soluções para o aprimoramento epistemológico de equilíbrio químico o uso de modelosde ensino em sala de aula, pois mesmo que eles sejam utilizados apenas para descrever a ideia que está sendo transmitida ao aluno, proporcionam a base para o desenvolvimento de uma explicação, seja por meio de gráficos, desenhos ou esquemas. Outro ponto discutido dentro dessa temática é de que forma o conteúdo de equilíbrio químico é abordado dentro de sala de aula. Seja através do ponto de vista da cinética química, ou pela mera execução mecânica de cálculos, sem o estabelecimento de relação com os aspectos observáveis e mensuráveis (MACHADO e ARAGÃO, 1996), ou mesmo dentro do conceito da termodinâmica, apresentando aos alunos o fato de que as reações químicas são regidas pelas leis universais que descrevem as transformações da natureza (SABADINI e BIANCHI, 2007). O conceito de equilíbrio químico apresenta uma grande riqueza e potencial, pois aborda temas do cotidiano do aluno, como pH e equilíbrio iônico (acidez e basicidade). Sendo assim, faz-se necessária a sua presença nas questões do ENEM, tendo em vista o caráter contextual desse exame, em consonância com os PCNEM. O questionamento que deve ser feito é se o ENEM está exigindo dos candidatos o que realmente é preconizado pelos PCNEM, utilizando livros didáticos que foram aprovados pelo PNLEM (2008) como base de investigação. Essa avaliação será apresentada no presente trabalho a fim de elucidar aos educadores, gestores escolares e futuros professores de química, quais os saberes referentes ao conteúdo de equilíbrio químico são realmente exigidos no ENEM. O objetivo da pesquisa é avaliar em todos os exames, desde sua criação (1998) até o ano de 2011, o conceito e as atribuições de equilíbrio químico, assim como identificar o caráter contextual do conteúdo exigido pelo ENEM. 2 METODOLOGIA A metodologia se dá inicialmente através da aquisição das provas dos anos de 1998 até 2011 do ENEM. Foi escolhido esse período, pois data do ano de criação do ENEM até o último ano de exame aplicado até o momento da pesquisa. Para a obtenção das provas, foi realizada uma pesquisa no sítio institucional do Ministério da Educação, disponível na internet. Foram escolhidos dois livros de Química para ser utilizado como base no que concerne à identificação dos conteúdos de química abordados no Ensino Médio, em especial, o conteúdo de equilíbrio químico a ser investigado no ENEM. Os livros escolhidos foram: “Química – volume único”, dos autores Eduardo Fleury Mortimer e Andréa Horta Machado, e “Química e sociedade”, desenvolvido pelo “projeto de ensino de química e sociedade” do Laboratório de Pesquisas em Ensino de Química (LPEQ) do Instituto de Química da Universidade de Brasília (UnB), os quais, para esse trabalho, serão identificados como livro “A” e livro “B”, respectivamente. Foram escolhidos esses livros por mostrarem-se mais flexíveis e adeptos às novas tendências educacionais, descrevendo situações, definindo conceitos e exemplificando- os, mas, sobretudo, inserindo problemas e evocando situações reflexivas (KIIL, GIBIN E FERREIRA, 2008), enquadrando-se nas diretrizes apontadas pelos PCNEM. Na presente pesquisa, os livros didáticos são utilizados para a determinação dos tópicos abordados dentro do conteúdo de equilíbrio químico na disciplina de Química no Ensino Médio, a fim de apontar o direcionamento da investigação no ENEM. O livro A apresenta uma organização um pouco diferenciada em relação a outros livros didáticos, pois apresenta o conteúdo de forma contextualizada e pouco tradicional. Mesmo assim, os autores dedicam um capítulo separado para o conteúdo de equilíbrio químico, o qual se denomina “Capítulo 13 - Uma introdução ao estudo do equilíbrio químico”. Neste capítulo, os tópicos contemplados são: reversibilidade das reações, relações matemáticas entre concentrações das espécies presentes no equilíbrio, acidez e basicidade no equilíbrio químico, pH, condições que afetam o estado de equilíbrio químico e soluções tampão. No livro B, a proposta de contextualizar todo o conteúdo de Química do Ensino Médio para facilitar a aprendizagem do aluno também é perceptível, assim como no livro A, porém os capítulos são mais destacados e tendendo ao formato tradicional do livro didático, tendo suas contextualizações dentro dos capítulos, ao invés de transpor essa ideia para a organização dos capítulos, como o livro A. No livro B, os tópicos dentro do conteúdo de equilíbrio químico são: reversibilidade das reações, a conceituação de equilíbrio químico, alterações do estado de equilíbrio, princípio de Le Chatelier, aspectos quantitativos de equilíbrios químicos, equilíbrio iônico da água, pH e acidez e basicidade no equilíbrio químico. Após o estudo de cada tópico correspondente em cada livro e de que forma cada um é abordado, foi possível apontar os tópicos a serem investigados na pesquisa com relação às questões dos exames: Item 1: Reversibilidade das reações - análise de questões que envolvem o conceito de reações reversíveis, reação direta e indireta e o equilíbrio das fases; Item 2: Relações matemáticas entre concentrações das espécies presentes no equilíbrio - questões que envolvem cálculos pertinentes ao equilíbrio químico, como: constante de equilíbrio, concentração dos reagentes e produtos antes e após o equilíbrio químico; Item 3: Equilíbrio iônico e suas relações - O estudo sobre questões envolvendo equilíbrio iônico engloba também equilíbrio iônico da água, pH e pOH, hidrólise e suas relações matemáticas, como: constante de acidez e basicidade, constante de hidrólise, grau de ionização, solubilidade e produto de solubilidade; Item 4: Condições que afetam o estado de equilíbrio químico - As condições que afetam o equilíbrio químico, tais como temperatura, pressão, concentração dos reagentes e princípio de Le Chatelier são investigados nas questões através desse item; Item 5: Soluções tampão - questões que envolvem o equilíbrio químico em soluções tampão, bem como suas relações matemáticas características a esse grupo, como relações entre concentrações de ácido ou base e seus pares conjugados, cálculo provenientes de um equilíbrio químico de soluções tampão. A classificação das questões de acordo com cada item se deu através de todos os conceitos abordados pela questão. Assim, se a questão exigia do candidato conhecimentos do item 2 e ao mesmo tempo do item 3, os dois itens foram considerados para a sua classificação da mesma questão. Tendo identificado os parâmetros a serem analisados no ENEM iniciou-se a pesquisa, caracterizando e quantificando as questões conforme os parâmetros a seguir: • Questões da disciplina de Química dentre todas as questões sobre CNMT; • Questões sobre o conteúdo de equilíbrio químico; • Identificação das questões de equilíbrio químico de acordo com os itens supracitados. A próxima etapa se caracterizou em propor a discussão das questões de equilíbrio químico dentro da parte de CNMT do ENEM de forma a avaliar a abordagem dos PCNEM e, dessa forma, atendendo também à LDB (1996). 3 RESULTADOS Foram analisadas as provas do ENEM desde sua criação (ano de 1998) até o ano de 2011. Todos os anos, O ENEM elabora quatro tipos de provas, diferenciando-as por cores: amarela, branca, azul e rosa. As provas analisadas foram a de cor amarela (escolhida aleatoriamente), pois as outras provas apresentam exatamente as mesmas questões, sendo apenas em ordem diferente ao longo da prova. Essa é a única diferença em cada uma das provas de cor diferente no mesmo ano de aplicação. Pode-se verificar a partir do gráfico 1 que não há muitas questões onde a abordagem seja acentuadamente de Química, comparando com o total de questões da área de CNMT. Gráfico 1- Número de questões de Química no total das questões de CNMT nas provas do ENEM de 1998 a 2011. Até o ano de 2008, as provas do ENEM abrangiam todas as disciplinas (Matemática, Física, Química, Biologia, Geografia, História, Português e Redação) em um único exame, sendo realizado em um dia. A partir do ano de 2009, as disciplinas foram agrupadas em: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação (Língua Portuguesa e Língua Estrangeira – Inglês ou Espanhol), Matemática e suas Tecnologias (Matemática), Ciências Humanas e suas Tecnologias (História e Geografia) e Ciências da Natureza e suas Tecnologias (Química, Física e Biologia). Devido a essa nova organização da prova, houve um aumento das questões de Química, como é possível observar no gráfico 1. Em uma das legendas do gráfico está escrito “todas de CNMT”, que significa “todas de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias”. Para os anos de 2009, 2010 e 2011, deve-se desconsiderar tal legenda, pois essas provas não contemplam questões de Matemática, porém para efeito de comparação, os dados dos referidos exames foram colocados com os demais no mesmo gráfico (gráfico 1). Dentre todas as questões de Química nas provas, a quantidade de questões envolvendo o conceito de equilíbrio químico é inferior às demais questões, como demonstrado no Gráfico 2, podendo ser descrito um percentual, em média, de aproximadamente 19,04%, sendo que em quatro anos (2001, 2004, 2007 e 2008), não houve sequer uma questão de equilíbrio químico. ENEM 0 2 4 6 8 10 12 14 16 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 20 10 20 11 Mé dia N úm er o de qu es tõ es em to da pr o v a Química Equilíbrio Químico Gráfico 2 - Número de questões de equilíbrio químico no total das questões de Química nas provas do ENEM de 1998 a 2011. Especificando a análise, observamos um aumento quantitativo de questões de Química no ano de 2010, entretanto no ano seguinte há um declínio desse número (gráfico 2). Sobre as questões que envolviam equilíbrio químico, é possível dizer que dentre as 24 questões desse conceito no total de provas, na maioria o item mais abordado é o item 3. Dentre essas questões, seis exigiam o conceito de pH, entre as quais quatro estavam relacionadas a questões referentes à chuva ácida. Gráfico 3 – Números relacionados ao quantitativo de questões sobre cada item. Sobre os itens 2 (Relações matemáticas) e 5 (Soluções tampão), nenhuma questão abordava tais itens (gráfico 3). De fato, o conhecimento sobre tais os itens não apresentam aplicação prática no cotidiano dos indivíduos, como é enunciado pelos PCNEM. De acordo com os PCNEM, o objetivo do eixo CNMT no Ensino Médio é: A aprendizagem de concepções científicas atualizadas do mundo físico e natural e o desenvolvimento de estratégias de trabalho centradas na solução de problemas é finalidade da área, de forma a aproximar o educando do trabalho de investigação científica e tecnológica, como atividades institucionalizadas de produção de conhecimentos, bens e serviços (PCNEM, 2000). Sendo assim, a abordagem dos itens 2 e 5 não precisa ser tão aprofundada a ponto de ser muito exigido no ENEM. Quanto ao item 3 (Equilíbrio iônico), embora seja o item de maior reprodução dentre as provas, o conteúdo de equilíbrio iônico fica restrito aos conhecimentos sobre pH. As questões sobre equilíbrio químico no ENEM são comumente contextualizadas aos aspectos socioambientais, através de problemáticas atuais, fazendo com que o candidato esteja preparado para ser cobrado sobre tais questões, e.g. chuva ácida e efeito estufa. Sendo assim, o ENEM indiretamente reflete nas instituições de Ensino Médio, fazendo com que elas proporcionem maior ênfase a esses assuntos nos conteúdos programáticos. 4 CONCLUSÃO O conceito de equilíbrio químico não é um conteúdo muito abordado no ENEM. Embora esteja presente em quase todas as provas ao longo do período avaliado, em muitas delas havia poucas questões, comparando com o total de questões de Química. O conceito de equilíbrio iônico foi o que mais se exigiu, principalmente em relação ao conceito específico de pH. Avaliando as questões com base nos PCNEM, foi possível identificar o ENEM como instrumento avaliador que tem por objetivo as diretrizes dessa proposta curricular que parte dos princípios definidos pela LDB. A exploração do conhecimento escolar, mediante a contextualização, evitando a fragmentação (PCNEM, 2000), através da interdisciplinaridade e ao mesmo tempo incentivando o raciocínio nos textos encontrados em cada questão da prova, faz com que o ENEM seja o instrumento de avaliação que aborda os atuais princípios da educação no Brasil. As questões de equilíbrio químico no ENEM podem ser consideradas dentro dos PCNEM e de acordo com a proposta dos livros aqui apresentados. Nota-se, então, que existe uma consonância entre os marcos legais (LDB) para o Ensino Médio, os Parâmetros e o exame de avaliação. Diante do exposto, observa-se a contribuição do exame de avaliação, ora estudado, em que propõe questões relacionadas a aspectos ambientais e sociais com vistas à formação cidadã, cuja consciência volta-se para questões de interesses coletivos, com destaque ao meio ambiente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRIOLA, W. B. 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We use two textbooks approved by PLNEM who are both under the PCNEM as a basis for the investigation of the content discussed. Thus, we have topics related to chemical equilibrium in common between them, which were used to determine which subject is addressed in the questions ENEM. The study found that issues of chemical equilibrium ENEM fit to PCNEM and LDB regarding the context of teaching chemistry to a significant learning of the student. While mostly just involves a particular matter content - ionic balance, it is possible to say that the contents of chemical equilibrium in ENEM meets the needs of the LDB and agree with the textbooks. Keywords: ENEM, Chemical equilibrium, Chemical education
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