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Casos Práticos de Direito Administrativo I – Aulas Práticas Jorge Alves Correia Caso Prático1: No passado dia 3 de setembro, decorreu uma reunião extraordinária de um órgão colegial, composto por 35 membros, mas onde estiveram presentes apenas 15 membros. O Presidente do órgão tomou a iniciativa de convocar a referida reunião. Foram aprovadas 5 deliberações relativas a assuntos previstos na ordem do dia e outras 3 deliberações sobre assuntos não incluídos na ordem do dia, mas cuja apreciação revestia caráter de urgência. a) Diga, justificando, se estavam reunidas todas as condições para o órgão colegial deliberar e quais as consequências jurídicas associadas à regular/irregular aprovação das deliberações referidas. b) Pelo menos 10 membros do referido órgão vêm, agora, alegar o seguinte: da convocatória não constavam, de forma expressa, todos os assuntos a tratar na reunião; a convocatória da reunião ocorreu no dia anterior à data da realização da mesma; dois vogais requereram ao Presidente a inclusão de um ponto de discussão na ordem do dia, com uma antecedência de 3 dias sobre a data da reunião; foram tomadas deliberações cujo objeto não se incluía na ordem do dia da reunião e sem que tenham sido antecedidas de discussão das respetivas propostas. Quid iuris? c) Na reunião seguinte daquele órgão colegial, consta da ordem do dia a eleição de um representante para um órgão executivo da pessoa coletiva pública a que pertencem os mencionados órgãos. Qual a forma de votação a adotar? Suponha que houve empate. Quid iuris? d) Uma das deliberações visou alterar aspetos relativos à competência do órgão. Qual a maioria exigível para adotar tal deliberação? Seria essa deliberação válida? E se o Presidente a considerar ilegal, quid iuris? e) Poderá uma maioria de 2/3 dos membros com direito a voto revogar a decisão fundamentada do Presidente de suspender ou encerrar antecipadamente uma reunião, quando circunstâncias excecionais o justifiquem? Casos Práticos de Direito Administrativo I – Aulas Práticas Jorge Alves Correia Caso Prático2: (7 valores) A Lei das Privatizações dispõe o seguinte: «o processo de reprivatização do direito de exploração dos meios de produção e outros bens nacionalizados realizar-se-á, em regra e preferencialmente, através de concurso público». Não obstante o que antecede, a mesma Lei admite também que «a título excecional, quando o interesse nacional ou a estratégia definida para o sector o exijam ou quando a situação económico-financeira da empresa o recomende, o processo da reprivatização referido no número anterior poderá revestir a forma de concurso aberto a candidatos especialmente qualificados ou de ajuste direto». Partindo do pressuposto que a competência para determinar o procedimento aplicável à privatização do direito de exploração dos meios de produção e de outros bens nacionalizados, cabe ao Conselho de Ministros, diga, justificando, se a referida lei confere àquele órgão um poder de carácter discricionário e, em caso afirmativo, se e em que medida o respetivo exercício é passível de controlo por parte dos Tribunais Administrativos. Caso Prático3: (7 valores) De acordo com o artigo 10.º, n.º 1, do Código da Estrada, “a título excecional, quando ocorra grave perigo para o trânsito rodoviário ou quando se realizem obras urgentes, pode proibir-se temporariamente a circulação de certas espécies de veículos ou de veículos que transportem certas mercadorias”. Ao Senhor A, camionista de uma empresa multinacional de transporte de mercadorias, foi imposta pela Unidade Nacional de Trânsito da Guarda Nacional Republicana uma proibição de circulação na Estrada Nacional 112 durante cerca de 42 horas. 1) Sabendo que, no âmbito das restrições à circulação, a competência para declarar a proibição temporária ou permanente da circulação de certos veículos é da Casos Práticos de Direito Administrativo I – Aulas Práticas Jorge Alves Correia Unidade Nacional de Trânsito da GNR, diga, justificando, se essa competência tem uma natureza discricionária (3,5 valores). 2) Tendo-se verificado um atraso substancial na entrega de mercadorias, o departamento jurídico da empresa multinacional onde A presta serviço decide reagir judicialmente contra a decisão de proibição de circulação, requerendo uma indemnização por perdas e danos. Nesse sentido, alega, sumariamente, que “não se verificou qualquer realização de obra urgente na referida estrada, nem se comprovou grave perigo para o trânsito rodoviário; além disso, a autoridade pública identificou como fim público da medida proibitiva as más condições meteorológicas: todavia, ao fim de 24 horas, verificou-se que já não existia neve na Estrada Nacional 112”. Pronuncie-se sobre a argumentação jurídica da mencionada empresa e explique em que termos o exercício do poder discricionário é passível de controlo por parte dos Tribunais Administrativos (3,5 valores). Caso Prático4: (5 valores) De acordo com o Regulamento Municipal de Urbanização e Edificação do Município da Figueira da Foz, “pode ser concedida licença de construção em área não abrangida por operação de loteamento a indivíduos que reúnam, cumulativamente, as seguintes condições: a) apresentar um projeto de obras de edificação b) demonstrar a conformidade do projeto com o aspeto exterior e a inserção urbana e paisagística das edificações c) demonstrar a qualidade ambiental do projeto para o interesse do município d) ser idóneo”. Sabendo que a atribuição destas licenças é da competência da Câmara Municipal da Figueira da Foz, diga, justificando, se esta competência tem uma natureza discricionária (2,5 valores). Casos Práticos de Direito Administrativo I – Aulas Práticas Jorge Alves Correia Esclareça em que termos o lesado poderá reagir nos tribunais contra o eventual incorreto exercício do poder discricionário (2,5 valores). Caso Prático5: (5 valores) De acordo com o Regime Jurídico das Armas e suas Munições, “pode ser concedida licença de uso e porte de arma a maiores de 18 anos que reúnam, cumulativamente, as seguintes condições: a) se encontrem em pleno uso de todos os direitos civis; b) demonstrem carecer da licença por razões profissionais ou por circunstâncias imperiosas de defesa pessoal ou de propriedade; c) sejam idóneos; d) sejam portadores de certificado médico. Sabendo que a atribuição destas licenças é da competência dos comandos distritais da Polícia de Segurança Pública, diga, justificando, se esta competência tem uma natureza discricionária (2,5 valores). Esclareça em que termos o lesado poderá reagir nos tribunais contra o eventual incorreto exercício do poder discricionário (2,5 valores). Caso Prático6: (6 valores) O licenciamento urbano assume-se como uma das principais áreas da atividade camarária ao nível municipal. O Vereador do Urbanismo do Município de Santarém, ao abrigo de uma delegação de poderes da respetiva Câmara Municipal, licenciou a construção de um edifício de habitação multifamiliar requerido por Afonso para um terreno de que é proprietário e que fica no limite da fronteira com o Município do Cartaxo. João, proprietário de um prédio vizinho, pretende atacar o referido ato invocando para o efeito os seguintes argumentos: Casos Práticos de Direito Administrativo I – Aulas Práticas Jorge Alves Correia a) O terreno em causa situa-se na área territorial do Município do Cartaxo e não no Município de Santarém (1valor); b) Ainda que assim não fosse, na reunião da Câmara Municipal em que se deliberou a aludida delegaçãode poderes não estava presente o número suficiente de membros para que aquele órgão se considerasse constituído para deliberar (1,5valores); c) Acresce que a competência da Câmara Municipal para o licenciamento de obras particulares apenas é delegável no Presidente da Câmara e não nos seus vereadores. Pronuncie-se sobre os requisitos legais da delegação de poderes no quadro das relações entre a Câmara e o seu Presidente e entre o Presidente e o Vereador do Urbanismo (2 valores); d) Conserva o órgão delegante faculdades de intervenção sobre o exercício da competência delegada e de controlo sobre o mérito dos atos praticados (1,5)?
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