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INTRODUÇÃO – Esta obra não tem a pretensão de esgotar todo o tema de direito 
constitucional. Visa, sim, ajudar o aluno ou candidato a se nortear no tema, incentivando-o a 
buscar na doutrina o aprofundamento tão necessário a aprovação em concursos públicos. 
Caso encontre imperfeições ou tenha sugestões, por favor, participe enviando um e-mail para 
sardellastutz@gmail.com. Obrigado! Luiz Henrique Sardella Stutz.
CURSO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS PÚBLICOS
DIREITO CONSTITUCIONAL
PROFESSOR: LUIZ HENRIQUE SARDELLA STUTZ
SUMÁRIO (elaborado conforme os últimos editais realizados pela Polícia Civil, Polícia Federal e 
Rodoviária Federal, através da CESPE/UNB.):
1 - Direito Constitucional
1.1 - Natureza, Conceito, Objeto
2 - Poder Constituinte
3 - Supremacia da Constituição e controle de constitucionalidade
4 – Repartição dos Poderes 
5 – Direitos e garantias fundamentais
6 - Organização político-administrativa da União, Estados Federados, Municípios e Distrito 
Federal
6.1 – Elementos do Estado
6.2 – Unidades Federativas
7 – Da Administração Pública
8 – Do Poder Legislativo
8.1 - Fundamento, atribuições e garantias de independência
9 – Do Poder Executivo
9.2 - Regimes políticos, formas de governo e sistemas de governo
9.2 - Chefia de Estado e Chefia de Governo, atribuições e responsabilidades do 
Presidente da República
10 – Do Poder Judiciário
11 – Da Defesa dos Estados e das Instituições Democráticas
11.1 - Estado de Defesa, Estado de Sítio, das Forças Armadas e da Segurança Pública
12 – Da Ordem Social
12.1 - Base e objetivos da ordem social, da seguridade social, da educação, da cultura, 
do desporto, da ciência e tecnologia, da comunicação social, do meio ambiente, da 
família, da criança, do adolescente, do idoso e dos índios
1 - Direito Constitucional
Para o estudo desta matéria que é uma das mais importantes no ramo do direito 
público, devemos deixar claro que o Direito Constitucional não se confunde com a própria 
Constituição Federal de 1988. Esta é, obviamente, fortemente influenciada por aquele, mas o 
Direito Constitucional deve ser encarado como algo muito mais amplo, inclusive como uma 
forte ferramenta na luta por uma sociedade mais justa. O nosso cotidiano está todo permeado 
de Direito Constitucional, e vice-versa. Então vamos nos despir de qualquer conceito prévio e 
tentemos absolver esse interessantíssimo ramo do Direito.
O Direito Constitucional é ligado embrionariamente a conceitos e construções políticas 
que lhe servem, até hoje, de base.
1.1 - Natureza, Conceito, Objeto
Podemos dizer que o Direito Constitucional é o ramo do direito público fundamental 
à organização e funcionamento do Estado, que estuda normas referentes à organização do 
Estado, à formação de poderes públicos, formas de governo, aquisição, manutenção e perda 
do poder de governar, da distribuição de competência, direitos, garantias e deveres dos 
cidadãos.
Há que se alertar, entretanto, que não há como se falar em direito constitucional sem 
entender seu objeto, a Constituição Federal. 
Constituição é a lei maior, é a reunião de todos os valores supremos de um Estado, 
instituída para regular a atuação governamental, as relações jurídicas existentes na sociedade, 
bem como proteger os indivíduos de abusos do poder público. Para Alexandre de Moraes, 
“deve ser entendida como a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas 
referentes à estruturação do Estado, à formação dos poderes públicos, forma de governo e 
aquisição do poder de governar, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres 
dos cidadãos”.
Celso de Mello, por sua vez, entende a constituição como “um complexo de regras que 
dispõem sobre a organização do Estado, a origem e o exercício do Poder, a discriminação das 
competências estatais e a proclamação das liberdades públicas”.
2 - Poder Constituinte
Poder Constituinte nada mais é do que a reunião de pessoas eleitas pelo titular da 
Constituição, que é o povo, para criar ou alterar a mesma, ou seja, estabelecer a organização 
jurídica fundamental e regras quanto à forma de Estado, à forma de governo, ao modo de 
aquisição, exercício e perda do poder de governar, ao estabelecimento de seus órgãos e aos 
limites de sua ação.
Uma constituição pode derivar dos trabalhos de uma Assembléia Nacional 
Constituinte, de um processo histórico ou até mesmo revolucionário. O poder que institui 
inicialmente uma constituição é o chamado poder constituinte originário, visto que irá 
compor o texto constitucional sem se vincular a nenhuma regra, valor ou norma anterior. Esse 
poder tem caráter eminentemente excepcional, dado que sua existência pressupõe 
derrubar/apagar a Constituição anterior, sendo absoluto e ilimitado. Tal poder geralmente 
nasce em virtude de guerras, conflitos graves, revoluções ou no caso de Estados recém-
criados, o que não deixa de ser uma mudança drástica no panorama social, político e 
econômico de uma sociedade.
O poder constituinte derivado é poder de reformar a constituição e de elaborar 
constituições estaduais. Esse poder existe, em primeiro lugar, porque o constituinte originário 
sabe que a constituição não é um documento perfeito, mas sim algo que precisa ser 
aperfeiçoado e, em segundo lugar, porque a sociedade muda, evolui, devendo, portanto, ser 
mudada também a constituição. No Brasil, o poder constituinte derivado é aquele que o 
Congresso Nacional ou os órgãos máximos do Poder Legislativo Estadual exercem por meio de 
emendas à Constituição, pelas revisões constitucionais e pela confecção das Constituições 
estaduais, sendo em quaisquer casos subordinado e condicionado.
O poder constituinte derivado pode ser classificado como decorrente ou de reforma: 
podendo este último ser definido como de emenda ou de revisão. As emendas são 
modificações que podem ser feitas desde que seguidas as regras definidas na constituição.
As revisões são oportunidades que o constituinte originário deu ao constituinte 
derivado de, após um determinado período de tempo, fazer a revisão da constituição por meio 
de um processo mais simplificado que o da emenda constitucional. O constituinte deu um 
prazo de 5 anos para que fossem analisados os pontos merecedores de reforma na 
Constituição. Assim, tal como previsto no art. 3º do ADCT – Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias –, ocorreu em 7 de junho de 1994 a edição de seis emendas 
constitucionais de revisão. Esse processo simplificado de alteração constitucional requereu 
apenas a votação da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional em sessão 
unicameral.
O poder constituinte decorrente é o exercido pelos Estados-membros na confecção de 
suas Constituições estaduais. Desse processo advém o elemento legitimador, que garante o 
poder da Constituição: o fato de esta derivar de uma assembléia constituinte formada de 
parlamentares eleitos democraticamente, ou seja, o povo, indiretamente, faz a Constituição. 
Não estamos dizendo que somente democraticamente se imponha uma constituição, mas com 
certeza essa foi a opção da atual Constituição Federativa do Brasil.
3 - Supremacia da Constituição e controle de constitucionalidade
Inicialmente caberia indagar: o que se entende por Constituição?
A Constituição é a mais alta expressão jurídica da soberania popular e nacional. É o 
instrumento seguro para a manutenção do Estado de Direito. Daí este significar a submissão 
de todos os indivíduos e dos próprios órgãos do Estado ao Direito, à lei, remontando, em 
última instância, à submissão à Lei Magna.
A Carta Magna é a lei fundamental, o meio mediante o qual uma sociedade se organiza 
e restringe atos ou exige prestações estatais, seja prescrevendo direitos, deveres e garantias, 
seja conferindo o fundamento de validade detodas as leis e atos normativos.
Neste sentido explica José Afonso da Silva:
A constituição é algo que tem, como forma, um complexo de 
normas (escritas ou costumeiras); como conteúdo, a conduta 
humana motivada pelas relações sociais (econômicas, políticas 
religiosas, etc.); como fim, a realização dos valores que apontam 
para o existir da comunidade; e; finalmente, como causa criadora 
e recriadora, o poder que emana do povo.
Os preceitos ou normas (regras e princípios, na acepção de José Joaquim Gomes 
Canotilho) que integram a Constituição, em razão de suas características e objetivos, acham-se 
num grau hierárquico supremo face a todas as demais normas jurídicas que compõem um 
dado ordenamento jurídico.
A Constituição encontra-se no ápice do sistema jurídico de qualquer país, nela se 
encontrando a própria estrutura e as normas fundamentais do Estado que a sedia. Segundo 
Hans Kelsen, uma norma jurídica para ser válida necessita buscar seu fundamento de validade 
em uma norma superior. Sobre este assunto discorreu largamente o Mestre da Escola de 
Viena, de forma a assentar a sua teoria escalonada do ordenamento jurídico. Da sua Teoria 
Pura do Direito destaca-se o trecho a seguir:
A ordem jurídica não é um sistema de normas jurídicas ordenadas 
no mesmo plano, situadas umas ao lado das outras, mas é uma 
construção escalonada de diferentes camadas ou níveis de normas 
jurídicas. A sua unidade é produto da relação de dependência que 
resulta do fato de a validade de uma norma, se apoiar sobre essa 
outra norma, cuja produção, por seu turno, é determinada por 
outra, e assim por diante, até abicar finalmente na norma 
fundamental–pressuposta. A norma fundamental hipotética, 
nestes termos – é, portanto, o fundamento de validade último que 
constitui a unidade desta interconexão criadora.
Sendo assim, todas as normas devem se adequar aos parâmetros constitucionais, sob 
pena de resultarem inconstitucionais e não poderem pertencer ao ordenamento jurídico 
vigente.
Em síntese, o sistema jurídico que se apresenta nessa estrutura escalonada tendo em 
seu vértice a Constituição, deve ser coerente e racional. Qualquer conflito que agrida o 
postulado da Carta Magna viola pelo menos um princípio essencial, qual seja, justamente o da 
Supremacia da Constituição, comprometendo assim a harmonia do ordenamento.
Logo, a compreensão da Constituição como lei fundamental implica o reconhecimento 
da sua supremacia na ordem jurídica, bem como a existência de mecanismos suficientes para 
garanti-la juridicamente contra agressões. Para assegurar tal supremacia, necessário se faz um 
controle sobre as leis e os atos normativos, o chamado controle de constitucionalidade.
Como visto no item anterior, controlar a constitucionalidade significa impedir a eficácia 
de normas contrárias à Constituição e, para tanto, a defesa da Carta Maior pressupõe a 
existência de garantias e institutos destinados a assegurar a observância, a aplicação, a 
estabilidade e a conservação das suas normas.
Nas palavras de José Joaquim Gomes Canotilho:
O Estado Constitucional democrático ficaria incompleto e 
enfraquecido se não assegurasse um mínimo de garantias e de 
sanções: garantias de observância, estabilidade e preservação das 
normas constitucionais, sanções contra atos dos órgãos de 
soberania e de outros não conformes com a constituição. A idéia 
de proteção, defesa, tutela ou garantia da ordem constitucional 
tem como antecedente a idéia de defesa do Estado, que, num 
sentido amplo e global, se pode definir como o complexo de 
institutos, garantias e medidas destinadas a defender e proteger, 
interna e externamente, a existência jurídica e fática do Estado. 
Desta forma, o objeto de defesa não é pura e simplesmente a 
defesa do Estado e sim da forma de Estado tal como ela é 
constitucionalmente formada.
A idéia de controle está intimamente vinculada à de rigidez constitucional. Somente 
em constituições rígidas, em relação às quais se entende que nenhum ato normativo delas 
decorrentes pode modificá-las, é possível verificar-se a superioridade da norma constitucional 
em face às demais normas.
O controle de constitucionalidade é definido como o ato de submeter à verificação de 
compatibilidade normas de um determinado ordenamento jurídico com os comandos do 
parâmetro constitucional em vigor, formal e materialmente (forma, procedimento e 
conteúdo), retirando do sistema jurídico (nulificando ou anulando) aquelas que com eles 
forem incompatíveis.
Deste modo, o controle de constitucionalidade caracteriza-se como uma concretização 
e um desenvolvimento do direito constitucional, mediante a fiscalização da observância e 
cumprimento das normas e princípios constitucionais vigentes. Tal afirmativa propicia o 
entendimento de que os atos normativos devem estar subordinados, formal, procedimental e 
substancialmente, ao parâmetro constitucional. É o que se verá mais adiante.
Portanto, de nada adiantaria a existência da soberania constitucional se não fosse 
realizado um sistema eficiente de defesa da Constituição, para que ela prevalecesse sempre 
soberana diante das leis e de outros atos normativos que eventualmente a antagonizassem.
Para isso, o controle de constitucionalidade é o principal mecanismo, o meio de reação 
mais eficiente nos países de constituição rígida. Por ele é possível garantir a unidade e eliminar 
os fatores de desarmonia, que são as leis e atos normativos que se opõem ao texto 
fundamental, conflitando com os seus princípios e demais comandos. Vale dizer ainda, com 
Zeno Veloso, que o controle de constitucionalidade "serve também como barreira para os 
excessos, abusos e desvios de poder, garantindo as liberdades públicas, a cidadania, os direitos 
e garantias fundamentais."
Mas quais são os sistemas existentes na Teoria Constitucional para a realização da 
defesa da Constituição?
Existem dois: o controle dito político e o jurisdicional.
O controle político é aquele exercido pelo próprio órgão criador da norma ou por 
outro ad hoc, o qual não detém garantias de independência, caracterizando-se como 
preventivo e discricionário.
Em contrapartida, o controle jurisdicional é aquele exercido por órgãos detentores de 
garantias de independência, como o Poder Judiciário, os quais não participam da criação das 
leis, agindo por provocação ou ex lege, de forma definitiva e com pouca discricionariedade.
Para melhor entender-se a distinção entre estes dois sistemas de controles, destaca-se os 
ensinamentos de José Afonso da Silva:
O controle político é o que entrega a verificação da 
inconstitucionalidade a órgãos de natureza política, tais como: o 
próprio Poder Legislativo, solução predominante na Europa no 
século passado; ou um órgão especial, como o Presidium do 
Soviete Supremo da ex- União Soviética (Constituição da URSS, 
art. 121, n.º 4) e o Conseil Constitutionnel da vigente Constituição 
francesa de 1958 (arts. 56 a 63). O controle jurisdicional, 
generalizado hoje em dia, denominado judicial review nos Estados 
Unidos da América do Norte, é a faculdade que as constituições 
outorgam ao Poder Judiciário de declarar a inconstitucionalidade 
de lei e de outros atos do Poder Público que contrariem, formal ou 
materialmente, preceitos ou princípios constitucionais.
Ainda acerca do tema, citam alguns autores, como o mestre recém nominado, a 
existência de um terceiro tipo de controle, denominado sistema misto, o qual se dá quando da 
submissão da análise da inconstitucionalidade tanto a um controle político como a um 
controle jurisdicional, dependendo da categoria da lei ou do ato normativo, como ocorre na 
Suíça, por exemplo.
Resumo:Rigidez e supremacia constitucional: A rigidez decorre da maior dificuldade para sua 
modificação do que as demais; dela emana o princípio da supremacia da constituição, 
colocando-a no vértice do sistema jurídico. 
Supremacia da Constituição Federal: por ser rígida, toda autoridade só nela encontra 
fundamento e só ela confere poderes e competências governamentais; exerce, suas 
atribuições nos termos dela; sendo que todas as normas que integram a ordenação jurídica 
nacional só serão válidas se se conformarem com as normas constitucionais federais. 
4 – Repartição dos Poderes 
“Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o 
Executivo e o Judiciário.”
A Constituição Federal de 1988, como de tradição, adotou o sistema tripartido de 
separação dos poderes. A separação dos poderes, doutrina defendida por Montesquieu em 
seu livro O Espírito das Leis, teve sua origem de longa data, na Grécia. Essa doutrina determina 
a divisão das funções estatais em basicamente três, que são as de administrar, legislar e julgar. 
No Brasil, essas três funções são exercidas pelo Poder Executivo, Legislativo e Judiciário, 
respectivamente. Essa separação procura, principalmente, evitar abusos de poder, já que um 
poder fiscaliza e limita a atuação do outro. Esse sistema denomina-se “freios e contrapesos”.
A divisão dos poderes, no entanto, não é absoluta, sendo que cada um dos poderes 
exerce, em menor ou maior grau, todas a funções. Por exemplo, o Legislativo julga os crimes 
de responsabilidade do Presidente da República, o Executivo legisla quando cria medidas 
provisórias e o judiciário administra quando gerencia seu próprio orçamento.
Com a criação do Conselho Nacional de Justiça, muito se discute a respeito de uma 
possível quebra no esquema constitucional de tripartição dos poderes, já que teríamos um 
órgão externo fiscalizando, controlando o Poder Judiciário. O Constituinte derivado, ao editar 
tal emenda, não inseriu, na composição dos conselhos, membros componentes do Executivo 
ou do Legislativo, o que contribui para a tese de constitucionalidade da Emenda Constitucional 
nº 45/2004. De qualquer forma, somente o tempo e o Supremo Tribunal Federal poderão nos 
dizer, exatamente, qual o papel, a importância e o reflexo do Conselho Nacional de Justiça.
Os três Poderes especificamente serão estudados mais a frente no item 7.
5 – Direitos e garantias fundamentais
Os direitos e garantias fundamentais se constituem em um amplo rol em que estão 
inseridos os direitos de defesa do indivíduo perante o Estado, os direitos políticos, os relativos 
à nacionalidade e os direitos sociais, dentre outros.
Também conhecidos como Liberdades Públicas, Direitos Humanos, etc, os Direitos e 
Garantias funcionam como freios e limitadores ao poder do Estado frente às pessoas, bem 
como de uma pessoa contra outra.
Direitos: São Prerrogativas legais que visam concretizar a convivência digna, livre e 
igual de todas as pessoas. Representam, por si só, certos bens e vantagens prescritos na norma 
constitucional. Ex: 5º, III e IV. São também conhecidas como disposições meramente 
declaratórias, pois apenas imprimem existência legal aos direitos reconhecidos.
Garantias: Destinam-se a assegurar a fruição desses bens. Os direitos são principais, as 
garantias são acessórias. Ex: art. 5º, VI e XXXVII (direito: juízo natural; garantia: veda a 
instituição de juízo ou tribunal de exceção). São as disposições assecuratórias, pois se colocam 
em defesa dos direitos, limitando o poder do Estado ou de outra pessoa.
Se faz salutar o estudo deste tema com a leitura direta da Constituição Federal. Para 
tanto, indicamos as leituras dos artigos que tratam desta matéria: 
Direitos Individuais (art. 5º)
Direitos Coletivos (art. 5º).
Direitos Sociais (art. 6º a 11 e art. 193 e seg.)
Direitos à Nacionalidade (art. 12)
Direitos Políticos (art. 14 a 17)
O rol de direitos e garantias inseridos nesse tópico, balizam e estruturam o convívio 
social, além de, ao mesmo tempo, por serem consagrados constitucionalmente, 
apresentarem-se como marcos perenes a obstacularem injusta investida do Estado ou de 
outro particular contra a liberdade, a segurança ou o patrimônio de outrem.
Desta forma, tais direitos, no entender de Manoel Gonçalves Ferreira Filho, são 
constituídos de direitos explícitos e implícitos. Estes últimos são “decorrentes do regime e dos 
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do 
Brasil seja parte”. Os explícitos, por sua vez, são de cinco categorias, cujos objetivos imediatos 
são a vida, a igualdade, a liberdade, a segurança e a propriedade, já que, o objeto mediato de
todas é sempre a liberdade. Assim dispostos, a proibição da pena de morte (inciso XLVII); a 
proteção à dignidade humana (inciso III), se referem à proteção do direito à vida, já o 
princípio da isonomia (art. 5°, caput e inciso I) constituem proteção ao direito à igualdade, o 
direito de locomoção (incisos XV e LXVIII); de pensamento (incisos IV, VI, VII, VIII e IX); de 
reunião (inciso XVI); de associação (incisos XVII A XXI); de profissão (inciso XIII); de ação (inciso 
II), são direitos que visam assegurar a liberdade; enquanto do domicílio (inciso XI); em 
matéria penal (incisos XXXVII a LXVII); dos direitos subjetivos em geral (inciso XXXVI), são 
direitos que visão assegurar a segurança, e a propriedade em geral (inciso XXII); de 
propriedade artística, literária e científica (incisos XXVII a XXIX); hereditária (XXX e XXXI), são 
direitos que visão assegurar a propriedade.
6 - Organização político-administrativa da União, Estados Federados, Municípios e Distrito 
Federal
Do ponto de vista político-administrativo, a República Federativa do Brasil se divide em 
União (não confundir com governo federal), Estados, Distrito Federal e Municípios, sendo 
todos entes autônomos, ou seja, possuem capacidade de autoorganização, autogoverno e de 
auto-administração.
Nenhum dos entes políticos anteriormente citados pode:
1º) Estabelecer, patrocinar, impedir o funcionamento e/ou criar dependência a cultos 
religiosos ou igrejas.
2º) Recusar fé a documentos públicos. Os documentos públicos são dotados de 
presunção de legitimidade, o que significa que se presumem verdadeiros os dados neles 
constantes. Não pode, portanto, qualquer órgão da administração negar validade a um 
documento público, como, por exemplo, uma certidão de nascimento ou uma escritura de 
imóvel, salvo se provada alguma irregularidade.
3º) Criar regras que estabeleçam privilégios para alguns brasileiros, em detrimento do 
restante do povo, ou entre os entes autônomos entre si.
6.1 - Elementos do Estado
Território - Espaço físico delimita por fronteiras naturais ou não.
Povo – Número determinado ou não de indivíduos que habitam o território unidos por 
uma mesma língua, objetivos e cultura.
Soberania – Poder de um país de dizer e aplicar o Direito dentro de seu território com 
efeito erga omnes.
6.2 – Entidades Federativas
União – Entidade federativa autônoma, cabe-lhe exercer as atribuições da soberania 
do Estado brasileiro. Não se confunde com Estado federal, pois este é pessoa jurídica de 
direito internacional. A União age em nome de toda a Federação quando representa o país no 
plano internacional ou quando intervém em um Estado membro, no plano interno.
Estados membros – Auto-organizam-se por meio do exercício de seu poder 
constituinte derivado decorrente e, posteriormente, por meio de sua própria legislação. O art. 
25 da Constituição Federal, em consonância com o artigo 11, caput, do Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias, permite aos Estados membros a auto-organização, por meio de 
Constituições estaduais, desde que observadosos princípios estabelecidos por nossa Lei 
Maior.
Municípios – Consagrados como entidades federativas indispensáveis a nosso sistema 
federativo, integram-se na organização político-administrativa cercados de plena autonomia. A 
criação, incorporação, fusão e desdobramento do Município depende de lei estadual, dentro 
do período determinado por lei complementar federal, assim como de consulta prévia, 
mediante plebiscito, às populações interessadas, após a divulgação dos Estudos de Viabilidade 
Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.
Distrito Federal – A Constituição garante ao Distrito Federal a natureza de ente 
federativo autônomo, vedando-lhe a possibilidade de subdividir-se em Municípios. Dessa 
forma, não é Estado membro nem tampouco Município, tendo, em regra, todas as 
competências legislativas e tributárias reservadas aos Estados e Municípios.
7 – Da Administração Pública
8 – Do Poder Legislativo
O Poder Legislativo Federal, bicameral, é exercido pelo Congresso Nacional, que se 
compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. É fundamental que se diferenciem os 
Legislativos Estadual, Distrital e Municipal, nos quais se consagra o sistema unicameral. O 
bicameralismo do Legislativo Federal está intimamente ligado à escolha pelo legislador 
constituinte da forma federativa de Estado. 
Como foi dito anteriormente, a Constituição Federal consagra o princípio da separação 
dos Poderes, ou da tripartição de Poderes, cabendo ao Poder Legislativo a função precípua de 
elaborar leis, ou seja, legislar. Além dessa função, também cabe ao Legislativo a fiscalização e o 
controle dos atos do Executivo, função esta exercida com apoio do Tribunal de Contas.
Nosso sistema adotou, no caso do Legislativo Federal, o sistema bicameral, no qual o 
processo legislativo engloba a atividade de duas casas legislativas, que são a Câmara dos 
Deputados, representando o povo, e o Senado Federal, representando os Estados (só o 
Legislativo Federal segue o bicameralismo; o Legislativo das demais unidades da federação – 
estadual e municipal – segue o unicameralismo, no qual existe apenas uma casa). Não há 
hierarquia entre as casas, sendo que o que uma decidir será revisto pela outra.
8.1 - Fundamento, atribuições e garantias de independência
Imunidades - Os parlamentares (Deputados e Senadores) possuem certas garantias 
que visam dar-lhes a devida proteção no exercício de sua função. As principais dessas garantias 
são as imunidades, que se classificam em imunidade parlamentar material (freedom of speech) 
e imunidade formal (freedom from arrest). Vejamos:
- Imunidade material - significa que o parlamentar não comete crime de opinião, não 
podendo ser responsabilizado por suas palavras, votos, etc. Essa imunidade, segundo o 
Supremo Tribunal Federal, não é plena, devendo o seu exercício estar relacionado 
estritamente à atividade parlamentar. Em decorrência dessa prerrogativa, não poderá o 
parlamentar ser responsabilizado por suas opiniões, visto que não terá existido o crime. Essa 
imunidade abrange todas as conseqüências, tanto na esfera penal quanto nas esferas cível e 
administrativa.
- Imunidade formal (freedom from arrest) representa a prerrogativa que o 
parlamentar terá de ter seu processo-crime sustado por sua casa legislativa, a pedido de seu 
partido político ou da maioria dos seus membros. Além disso, em virtude dessa imunidade, o 
parlamentar não pode ser preso, salvo em caso de flagrante delito de crime que não admita 
fiança (vide art. 5, XLII, XLIII e XLIV ), caso em que a continuidade da prisão será analisada pela
respectiva casa nas 24 horas seguintes à prisão. Cumpre lembrar que a Emenda Constitucional 
nº 35/2001 alterou profundamente esse instituto, dispondo, por exemplo, que ele só alcançará 
os crimes cometidos após a diplomação do parlamentar. Ao Supremo Tribunal Federal caberá 
autorizar a abertura de inquérito e, se decidir processar o parlamentar, deverá comunicar a 
respectiva casa para, se quiser, pedir a sustação do processo. Caso seja concedida a sustação, 
será automaticamente suspensa a prescrição do crime (um crime prescreve quando, por ter-se 
passado um determinado período de tempo, seu autor não pode mais ser punido. Assim 
sendo, o prazo prescricional é o prazo durante o qual a justiça pode punir o criminoso). A 
sustação, ou seja, a paralisação do processo, só surtirá efeito durante o mandato parlamentar.
Não só os parlamentares federais terão direito a essas prerrogativas, mas também os 
parlamentares estaduais, nos termos do art. 27 da Carta da República. 
Os membros do Legislativo municipal somente terão direito à imunidade material
(crimes de opinião), restrita esta aos limites territoriais do município. Além das imunidades, os 
deputados e senadores ainda possuem outras prerrogativas que lhes garantem a 
independência necessária ao exercício de suas funções, por exemplo:
• Inexistência de obrigação de testemunhar sobre informações obtidas no exercício de 
seu mandato;
• Obrigatoriedade de prestação de serviço militar sujeita, ainda que em caso de 
guerra, à prévia autorização de sua casa legislativa.
9 – Do Poder Executivo
O Poder Executivo constitui órgão cuja função típica é o exercício da chefia de Estado, 
da chefia de governo e da administração geral do Estado. Entre suas funções atípicas estão o 
ato de legislar e o de julgar seu contencioso administrativo.
Da mesma forma que os congressistas, o chefe do Executivo é eleito pelo povo e 
possui várias prerrogativas e imunidades, as quais são garantias para o independente e 
imparcial exercício de suas funções. 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção 
superior da administração federal;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos 
nesta Constituição;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como 
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI - dispor sobre a organização e o funcionamento da 
administração federal, na forma da lei;
VI - dispor, mediante decreto, sobre:(Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 32, de 2001)
a) organização e funcionamento da administração federal, 
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou 
extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional 
nº 32, de 2001)
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;(Incluída 
pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus 
representantes diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos 
a referendo do Congresso Nacional;
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
X - decretar e executar a intervenção federal;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional 
por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação 
do País e solicitando as providências que julgar necessárias;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se 
necessário, dos órgãos instituídos em lei;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, promover 
seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são 
privativos;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os 
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, 
promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que 
lhes são privativos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
23, de 02/09/99)
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros 
do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os 
Governadores de Territórios,o Procurador-Geral da República, o 
presidente e os diretores do banco central e outros servidores, 
quando determinado em lei;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do 
Tribunal de Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta 
Constituição, e o Advogado-Geral da União;
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do 
art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de 
Defesa Nacional;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado 
pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida 
no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, 
decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso 
Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que 
forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele 
permaneçam temporariamente;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto 
de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento 
previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de 
sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas 
referentes ao exercício anterior;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da 
lei;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do 
art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as 
atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, 
aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao 
Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas 
respectivas delegações.
9.2 - Regimes políticos, formas de governo e sistemas de governo
Regime Político
Autoritário ou não democrático - Nesse caso, as decisões políticas não decorrem da 
vontade do povo.
Democrático São aqueles regimes nos quais o povo detém o poder. Demo significa 
‘povo’ e cracia significa ‘poder’. Assim, democracia denota poder do povo (soberania popular). 
Lincoln foi um dos que melhor definiu a democracia ao dizer que esta era “o governo do povo, 
pelo povo e para o povo”. Os regimes democráticos subdividem-se em outros três regimes:
Democracia direta: o povo é argüido diretamente a respeito das decisões que o Estado 
deve fazer. Em virtude do crescimento dos Estados, é hoje um regime pouco utilizado 
(somente alguns cantões suíços ainda o utilizam).
Democracia indireta: nesse regime, o povo escolhe representantes que irão fazer as 
opões políticas o país. ATENÇÃO: não confunda eleição direta com democracia direta. Na 
eleição dos representantes na democracia indireta é utilizado o instrumento da eleição direta,
que não se confunde com democracia direta. 
Democracia semi-direta: quando convivem os dois sistemas anteriores. É o caso, por 
exemplo, do Brasil, onde o povo exerce sua soberania direta, por meio do plebiscito ou da 
iniciativa popular, por exemplo, e indiretamente, pela eleição de representantes políticos.
Forma de Governo
Monarquia: o Estado monárquico pode ser conceituado pelo trinômio 
vitaliciedade/hereditariedade/irresponsabilidade. A célebre frase do rei Luís XIV, “O Estado sou 
eu”, reflete bem a idéia de monarquia, que é o governo no qual a figura do governante se 
confunde com a própria figura do Estado. Por conta disso, o governante só saía do governo 
quando morria; o cargo era passado para os parentes mais próximos e o rei não era 
responsabilizado por eventuais erros que cometesse em sua gestão (o rei não erra).
Hoje já existem as chamadas monarquias constitucionais, nas quais vigora um poder 
monárquico que não é absoluto, havendo formas de limitação e de atuação do povo no 
processo decisório.
República: nessa forma de governo, o Estado não pertence a nenhum rei, imperador 
ou deus, mas sim ao povo. Seu nome vem do latim res (coisa) + publica, ou seja, é um Estado 
que pertence a todos e que, assim sendo, é marcado pelo seguinte trinômio: 
eletividade/temporariedade/responsabilidade.
Dessa maneira, os representantes serão eleitos para mandatos temporários e haverá a 
possibilidade de se responsabilizar o mau governante.
Sistema de Governo
Presidencialismo: nos países que adotam esse sistema, há um governante que 
acumula as funções de chefe de governo (chefia do poder executivo) e de chefe de Estado 
(representante diplomático).
Parlamentarismo: esse sistema separa as funções de chefe de governo e de chefe de 
Estado em duas autoridades diferentes. Um dos melhores exemplos é o caso da Inglaterra, 
onde o chefe de governo tem responsabilidade política, mas não tem mandato, podendo ser 
deposto pelo parlamento, que, por sua vez, pode ser dissolvido pelo chefe de estado, no caso 
a rainha. Nesse caso, a rainha “reina, mas não governa”.
9.3 - Chefia de Estado e Chefia de Governo, atribuições e responsabilidades do 
Presidente da República
Conforme visto anteriormente, aqui no Brasil, o sistema de governo adotado é o 
presidencialismo, no qual o Presidente da República acumula as funções de Chefe de Estado e 
Chefe Governo. 
As atribuições do Presidente da República foram melhor debatidas no item 9 (Poder 
Executivo). Insistimos na reforçada leitura do artigo 84 da Constituição Federal e seus incisos.
10 – Do Poder Judiciário
O Poder Judiciário garante o verdadeiro Estado democrático de direito. Exatamente 
por este motivo, justifica-se a aplicação de certas garantias a seus membros julgadores, tais 
como vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos. Dessa maneira, pode-
se contar com um órgão independente e autônomo para guardar as leis e garantir a ordem 
governamental.
Caberá ao Poder Judiciário, aplicando a lei e todas as fontes de direito, solucionar 
conflitos existentes na sociedade ou conflitos entre os próprios poderes.
O Judiciário é autônomo, não se subordina a nenhum outro poder. Por conta disso, ele 
mesmo elabora seus orçamentos.
O Poder Judiciário é formado pelos seguintes órgãos:
· Supremo Tribunal Federal;
· Conselho Nacional de Justiça;
· Superior Tribunal de Justiça;
· Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
· Tribunais e Juízes do Trabalho;
· Tribunais e Juízes Eleitorais;
· Tribunais e Juízes Militares;
· Tribunais e Juízes do Estados e do Distrito Federal e Territórios.
O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores 
terão sede em Brasília. O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição 
(poder de dizer o direito) em todo o território nacional.
É inerente à atividade judiciária a autonomia administrativa e financeira, 
consubstanciada na capacidade de elaborar seus próprios orçamentos e gerenciá-los. Os 
Tribunais Regionais Federais e os Tribunais de Justiça são os órgãos de segunda instância do 
Poder Judiciário, ou seja, julgam os recursos interpostos de sentença dos juízes de primeiro 
grau. Por conta de sua importância, determina a Constituição que um quinto das vagas dessas 
cortes é reservado a membros do Ministério Público e Advogados, ambos com, pelo menos, 
dez anos de carreira.
Esse é o chamado “quinto constitucional”. As decisões dos juízes (sentenças) não são 
absolutas. Quase sempre há a possibilidade de revisão por um órgão superior a este. Assim 
sendo, os tribunais têm a função maior de revisar os julgados das sentenças dos juízes.
11 – Da Defesa dos Estados e das Instituições Democráticas
11.1 - Estado de Defesa, Estado de Sítio, das Forças Armadas e da Segurança Pública
O Estado de Defesa e o Estado de Sítio são medidas que podem ser tomadas visando à 
superação de uma situaçãoexcepcional que esteja prejudicando o país. Em suma, são 
limitações a liberdades e direitos individuais e coletivos que tem a finalidade única de 
restabelecer a ordem sob o ponto de vista interno ou internacional. Vejamos quais são as 
hipóteses de cabimento e suas conseqüências.
Estado de Defesa
Hipótese:
- Instabilidade institucional ou calamidade da natureza que ameace a ordem pública ou a paz 
social. 
Procedimento:
Presidente decreta e submete, dentro de vinte quatro horas, o ato ao Congresso Nacional 
(votação por maioria absoluta).
Duração:
- Trinta dias, prorrogável por mais trinta dias.
Medidas:
- Prisão, por crime conta o Estado, sem flagrante ou mandado judicial (o juiz será comunicado 
para relaxar a prisão caso seja ilegal);
- Restrição aos direitos de: reunião; sigilo das comunicações;
- Ocupação e uso temporário de bens.
DO ESTADO DE DEFESA (Constituição Federal)
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da
República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de 
defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais 
restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social 
ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou 
atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
§ 1º - O decreto que instituir o estado de defesa determinará o 
tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e 
indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a 
vigorarem, dentre as seguintes:
I - restrições aos direitos de:
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na 
hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos 
e custos decorrentes.
§ 2º - O tempo de duração do estado de defesa não será superior 
a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, 
se persistirem as razões que justificaram a sua decretação.
§ 3º - Na vigência do estado de defesa:
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor 
da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz 
competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso 
requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;
II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela 
autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de 
sua autuação;
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser 
superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário;
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
§ 4º - Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o 
Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas, 
submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso 
Nacional, que decidirá por maioria absoluta.
§ 5º - Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será 
convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias.
§ 6º - O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez 
dias contados de seu recebimento, devendo continuar 
funcionando enquanto vigorar o estado de defesa.
§ 7º - Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de 
defesa.
Estado de Sítio
Hipóteses:
- Comoção grave de repercussão nacional;
- Ineficácia do Estado de Defesa;
- Guerra ou agressão armada estrangeira.
Procedimento:
Presidente solicita e o Congresso Nacional decide, por maioria absoluta, se decreta ou não.
Duração:
- Trinta dias, prorrogável, indefinidamente, por mais trinta dias.
- No caso de guerra ou agressão armada, pode ser decretado indefinidamente.
Medidas a serem tomadas (exceto nos casos de guerra):
- Busca e apreensão em domicílio sem mandado judicial;
- Restrição aos direitos:
- locomoção (ir e vir);
- sigilo das comunicações;
- liberdade de imprensa;
- reunião;
- Intervenção em empresas de serviços públicos;
- Requisição de bens;
- Prisão em edifício não destinado a tal finalidade.
No caso de decretação de Estado de Defesa ou pedido de decretação de Estado de Sítio, se o 
Congresso estiver de recesso, será obrigado a se reunir extraordinariamente em 5 (cinco) dias.
Em ambos os casos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional deverão ser 
ouvidos.
A segurança pública é um dever do Estado e um direito e responsabilidade de todos, 
tendo como finalidade a preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do 
patrimônio. Podemos distinguir basicamente três tipos de poderes de polícia.
O poder de polícia administrativa é aquele que a administração usa para fiscalizar 
atividades potencialmente nocivas ou prejudiciais à sociedade, como, por exemplo, fiscalização 
de medicamentos. Já o poder de polícia ostensiva é aquele pelo qual o Estado busca reprimir 
atividades criminosas coibindo antecipadamente os agentes delinqüentes. Diferentemente, o 
poder de polícia judiciária tem a função de investigar e colher provas que possam auxiliar o 
Poder Judiciário a definir a autoria e a materialidade de crimes já ocorrentes.
A maioria dos órgãos da Segurança Pública possui pelo menos dois desses poderes
de polícia.
DA SEGURANÇA PÚBLICA (Constituição Federal)
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e 
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da 
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, 
através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, 
organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, 
destina-se a:" (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, 
de 1998)
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em 
detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas 
entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras 
infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou 
internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em 
lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação 
fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de 
competência; 
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de 
fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 
1998) 
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da 
União.
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e 
mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na 
forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e 
mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na 
forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de 
carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as 
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, 
exceto as militares.
§ 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a 
preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, 
além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de 
atividades de defesa civil.
§ 6º - As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças 
auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com 
as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Territórios.
§ 7º - A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos 
órgãos responsáveispela segurança pública, de maneira a 
garantir a eficiência de suas atividades.
§ 8º - Os Municípios poderão constituir guardas municipais 
destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, 
conforme dispuser a lei.
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos 
órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do 
art. 39. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
12 – Da Ordem Social
12.1 - Base e objetivos da ordem social, da seguridade social, da educação, da cultura, 
do desporto, da ciência e tecnologia, da comunicação social, do meio ambiente, da 
família, da criança, do adolescente, do idoso e dos índios
A base e o objetivo da ordem social, no Brasil, são o primado do trabalho e o bem estar 
e a justiça social, respectivamente. Nesta parte da Constituição serão tratados temas 
relacionados aos direitos fundamentais já estudados, sendo dividido em quatro principais 
temas:
• Seguridade Social;
• Educação, Cultura e Desporto;
• Família, criança, adolescente e idosos;
• Índios.
A Seguridade Social é um conjunto de serviços a serem prestados visando dar mais 
segurança à população no que tange à saúde, à previdência e à assistência social. Quando 
fazemos um seguro de carro, estamos buscando uma maior certeza de que não teremos 
nenhuma surpresa indesejada no que tange à determinado automóvel. Da mesma forma, o 
seguro social busca dar a tranqüilidade à população de que haverá assistência do Estado em 
determinadas situações a que estamos sujeitos (problemas de saúde, velhice, inserção 
social...).
Esse conjunto integrado de ações deve ter iniciativas do Poder Público e da sociedade 
e buscará os seguintes objetivos:
• universalidade da cobertura (significa dizer que alcançará a todos);
• uniformidade dos benefícios concedidos à população urbana e rural (ou seja, alcançará a 
todos e de forma igual);
• seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços (distribuir os serviços 
nas áreas que mais necessitem);
• irredutibilidade no valor dos benefícios (a Constituição prevê, inclusive, que os benefícios 
que substituem o salário não poderão ser inferiores a um salário mínimo, visando sempre 
preservar o poder aquisitivo do beneficiário);
• eqüidade na forma de participação no custeio (eqüidade na forma não significa que todos 
deverão contribuir com a mesma quantia; quem ganha mais, paga mais);
• diversidade da base de financiamento (para maior segurança da manutenção do sistema, 
não haverá apenas uma fonte de arrecadação de recursos para o sistema da seguridade 
social);
• Administração democrática e descentralizada (a gestão envolverá quatro partes: 
trabalhadores, empregadores, aposentados e Governo).
O financiamento será feito por toda a sociedade - de forma direta ou indireta - 
mediante pagamento de contribuições sociais e de verbas de todos os entes da Federação.
As empresas pagarão contribuições sobre suas folhas de salários ou rendimento pagos 
a pessoas físicas que lhe prestem serviços, sobre a receita ou o faturamento, bem como sobre 
o lucro.
Os trabalhadores e segurados também contribuem, exceto os aposentados e os
pensionistas do regime geral (estudaremos o que é o regime geral). A receita dos concursos de 
prognósticos (Sena, Mega Sena, Loto...) também será revertida, em parte, ao sistema de 
seguridade social. Por fim, sobre as importadoras, seja de bens ou serviços, recairão 
obrigações junto à seguridade social.
Todas essas parcelas formarão o orçamento da seguridade social e nenhum benefício 
pode ser criado ou aumentado sem que haja previsão orçamentária. A pessoa jurídica que não 
pague em dia suas contribuições não poderá contratar com o poder público nem dele receber 
benefício ou incentivos fiscais e creditícios.
As contribuições, que serão definidas por lei, só poderão ser cobradas após 90 
(noventa dias) da publicação dessa. Não haverá cobrança de contribuição social das entidades 
de assistência social.
A Saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Esse direito abrange não só a 
cura de possíveis doenças, mas sim, prioritariamente, sua prevenção. São princípios básicos 
desse ramo da seguridade social a universalidade e a igualdade de acesso às ações e aos 
serviços para a promoção, proteção e recuperação da saúde.
Por ser uma ação de relevância pública, sua regulamentação, fiscalização e controle 
serão feitos pelo Poder Público, inclusive pelo Ministério Público (art. 129, II). A execução de 
serviço de assistência à saúde pode ser feita pela iniciativa privada, mas quando for uma 
empresa ou capital estrangeiro, só será permitida a participação nos casos previstos em lei. 
Segundo alguns autores, essa proibição tenta evitar a evasão de divisas do país.
As políticas públicas na área da saúde serão integradas em uma rede regionalizada e 
hierarquizada que formará um sistema único (denominado SUS - Sistema Único de Saúde), que 
terá as seguintes diretrizes:
• descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
• atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas;
• participação da comunidade.
A execução dessas políticas poderá ser feita, de forma complementar, por instituições 
privadas. Essas instituições, que serão, preferencialmente, filantrópicas ou sem fins lucrativos, 
poderão participar do Sistema Único de Saúde mediante contrato de direito público ou 
convênio. Em hipótese alguma poderão ser destinados auxílios ou subvenções às entidades 
privadas com fins lucrativos.
A Constituição prevê, também, a edição de uma lei que disponha sobre os transplantes 
de órgãos e tecidos, bem como as doações e transfusões de sangue, prevendo que tais práticas 
não poderão ter qualquer fim comercial.
São funções do SUS - Sistema Único de Saúde:
• fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde;
• executar ações de vigilância sanitária e epidemiológica;
• fiscalizar a saúde do trabalhador;
• ordenar a qualificação e formação de profissionais na área de saúde;
• coordenar e executar ações de saneamento básico;
• incrementar o desenvolvimento científico e tecnológico na área de saúde;
• fiscalizar os alimentos e bebidas, incluído seu valor nutricional;
• participar da fiscalização e do controle de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e 
radioativos;
• colaborar na preservação do meio ambiente, inclusive o do trabalho.
Existem dois tipos de regimes previdenciários:
O primeiro é o regime próprio, que abrange os servidores públicos. Esse regime está 
previsto no art. 40 da CF.
O segundo regime é o geral, que abrange os trabalhadores de uma forma geral, não 
apenas os servidores públicos. Essa previdência social, de caráter contributivo e filiação 
obrigatória, engloba os seguintes benefícios:
• auxílios: doença, maternidade, reclusão e funeral;
• salário-desemprego;
• pensão por morte;
• aposentadoria: por invalidez, velhice ou por tempo de serviço;
• salário-família e auxílio-reclusão (para famílias de baixa renda).
Para se aposentar são necessários alguns requisitos. Essas regras são diferentes 
daquelas previstas para os servidores públicos (art. 40), vejamos:
• por tempo de contribuição: 35 anos para homens ou 30 anos para mulheres;
• por idade: 65 anos para homens ou 60 anos para mulheres;
Pode haver regras especiais para aposentadoria para aqueles que exercem atividades sob 
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
Os trabalhadores rurais e aqueles que exercem atividades em regime de economia
familiar (ex. produtor rural, garimpeiro e pescador artesanal) terão uma redução de 5 (cinco) 
anos nos requisitos para a aposentadoria por idade. O professor que comprove tempo 
exclusivo de dedicação ao magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio 
terá umaredução de 5 (cinco) anos nos requisitos para a aposentadoria por tempo de 
contribuição.
Não se deve utilizar a expressão “tempo de serviço”. Esta já fora abandonada e 
substituída pelo texto constitucional por “tempo de contribuição”, como uma forma de 
preservar o equilíbrio financeiro e atuarial da previdência, já que só se leva em conta o tempo 
em que a pessoa efetivamente contribuiu para a previdência social.
Os aposentados também têm direito ao 13° salário (gratificação natalina), o qual terá 
como base o valor do benefício pago em dezembro daquele ano. Todos os benefícios que 
substituam o salário (salário de contribuição ou rendimento), como, por exemplo, a pensão 
por morte, deverão ter o valor de, no mínimo, um salário mínimo. O salário de contribuição é 
aquele valor tido como base para o cálculo do benefício. Os benefícios serão reajustados de 
modo a preservar, em caráter permanente, o seu valor real.
O servidor público que já possui regime próprio de previdência só poderá fazer parte 
do regime geral da previdência sob a forma de segurado obrigatório, nunca se for facultativo.
Via de regra, o valor da aposentadoria é calculado sobre a média dos trinta e seis últimos 
salários de contribuição, corrigidos mês a mês.
Aquele que migra de um regime para outro (por exemplo, um servidor público que 
passa a trabalhar na iniciativa privada) terá direito, pelo novo regime, ao tempo que já 
contribui para o regime anterior. Posteriormente, os regimes deverão compensar-se no que 
tange aos valores já pagos pelo ex-segurado. Por exemplo, João era servidor do Supremo 
Tribunal Federal e deixa o cargo para se dedicar à atividade de professor de entidade privada 
de ensino. Todo o tempo de contribuição de João para seu órgão público será computado 
junto ao INSS, ficando o órgão público obrigado a compensar o INSS com o valor das 
contribuições já pagas, segundo critérios estabelecidos em lei. Recentemente foi inserido no 
texto constitucional a previsão de inserção do trabalhador de baixa renda no regime 
previdenciário, o qual terá direito a um benefício no valor de um salário mínimo, exceto, 
obviamente, a aposentadoria por tempo de contribuição.
A Constituição Federal prevê, ainda, a possibilidade de existências de regimes de 
previdência privada, que terão caráter complementar e desvinculado do regime geral. Esse 
regime será facultativo e baseado em contribuições que constituirão uma reserva para o 
pagamento dos futuros benefícios. O participante desse plano de previdência privada terá 
direito de ser informado sobre como está sendo feita a gestão desse plano. É vedada a 
participação do poder público nessas entidades, salvo na qualidade de patrocinador, hipótese 
na qual sua contribuição não poderá ser maior do que a do segurado.
A assistência social será gratuita, independentemente de pagamento de contribuição à 
seguridade social e compreenderá os seguintes benefícios:
• proteção à família, maternidade, infância, adolescência e velhice;
• amparo às crianças e adolescentes carentes;
• promoção da integração ao mercado de trabalho;
• habilitação e reabilitação dos portadores de deficiência e promoção de sua integração à vida 
comunitária;
• garantia de um salário mínimo ao portador de deficiência e ao idoso que comprove não 
possuir meios de garantir sua própria manutenção, mesmo que por meio de sua família.
As ações do governo, na área de assistência social, serão descentralizadas, cabendo ao 
governo federal a coordenação e a estipulação de normas gerais, e aos governos estaduais e 
municipais, bem como às entidades beneficentes e de assistência social, a execução dos 
programas. A população também participará, por meio de organizações representativas, na
formulação das metas e políticas do governo. 
A educação é um direito de todos e um dever não só do Estado, mas também da 
família, sendo promovida e incentivada com a colaboração da sociedade. Varios artigos tratam 
da chamada ordem constitucional da cultura, como, por exemplo, os arts. 5°, IX, o 23, III a V, o 
24, VII a IX, e o 30, IX. A educação é um serviço de relevância pública que tem três principais 
objetivos:
• desenvolvimento da pessoa;
• preparo para a cidadania;
• qualificação para o trabalho.
Vejamos quais princípios devem ser observados no que tange ao ensino:
• igualdade de condições de acesso e permanência na escola (esse é um dos argumentos 
utilizados contra a política de quotas nas universidade públicas, as chamadas ações 
afirmativas);
• liberdade de aprender, ensinar (liberdade de cátedra), pesquisar e divulgar o pensamento, a 
arte e o saber;
• pluralismo de idéias e concepções pedagógicas;
• coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
• gratuidade do ensino em estabelecimentos oficiais;
• valorização dos profissionais, que devem ser recrutados por concurso público de provas e 
títulos e devem constituir uma carreira;
• gestão democrática;
• ensino de qualidade;
As universidades terão autonomia didático-científica, administrativa e de gestão 
financeira e servirão ao ensino, à pesquisa e à extensão. A Emenda Constitucional 11/96 
aumentou essa autonomia e permitiu a contratação de estrangeiros em universidades e 
instituições de pesquisa científica e tecnológica, formando um quadro especial.
São garantias relacionadas à educação:
• ensino fundamental obrigatório e gratuito e com toda a assistência necessária;
• progressivo crescimento do ensino médio;
• educação especial para os deficientes físicos;
• creche e pré-escola até os 6 anos;
• níveis mais elevados de ensino garantidos de acordo com a capacidade de cada um;
• ensino noturno regular.
É curioso como nossa constituição é prolixa, pois chega ao ponto de regular até mesmo a 
chamada, que é obrigatória, assim como o recensemento dos educandos. Compete ao Poder 
Público e ao pais zelar pela frequência das crianças na escola.
É permitida a existência de escolas particulares, desde que observados os seguintes 
benefícios:
• Respeito às normas gerais da educação nacional;
• Autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.
O ensino fundamental terá um conteúdo mínimo visando assegurar uma formação 
básica comum e um respeito aos valores culturais e artísticos nacionais e regionais. O ensino 
religioso será de matrícula facultativa e deve ser oferecido fora dos horários normais de aula.
Via de regra, deverá ser utilizada a língua portuguesa, salvo nos casos dos índios, os quais 
poderão utilizar sua própria língua e métodos de aprendizado.
É papel dos municípios priorizar o ensino fundamental e infantil, enquanto os Estados 
e Distrito Federal deverão priorizar o ensino fundamental e médio. Isso não impede, no 
entanto, que tenhamos escolas municipais de ensino médio, mas sim que esses entes devem 
obedecer certas prioridades. A União aplicará, no mínimo, 18 % e os Estados, DF e Municípios, 
pelo menos, 25 % da receita proveniente de impostos em ações relacionadas à educação. Os
recursos públicos a serem investidos em educação serão revertidos, geralmente, para as 
escolas públicas, podendo, eventualmente, serem destinados ao financiamento de escolas 
comunitárias, confessionais e filantrópicas.
O que fazer se não há vagas na rede pública local de ensino fundamental e médio? 
Nesse caso, aqueles que demonstrarem insuficiência de recursos poderão receber bolsas para 
estudar em estabelecimentos privados, ficando o Poder Público obrigado a investir 
prioritariamente na expansão do alcance da rede pública local. A lei deverá estabelecer o 
Plano Nacional de Educação, que é um plano plurianual (dura mais de um ano) que tem os 
seguintes objetivos:
• erradicação do analfabetismo;
• universalização;
• melhoria da qualidade do ensino;
• formação para o trabalho;
• evolução humanista, científica e tecnológicanacional.
O exercício dos direitos culturais e o acesso às fontes de cultura serão garantidos pelo 
Estado, que deve apoiar e incentivar a valorização e a difusão das manifestações culturais. 
Dentre essas manifestações protegidas, incluem-se as culturas dos povos que participaram do 
processo de povoamento nacional iniciado por volta do ano de 1500 D.C., processo este que a 
Constituição denomina civilizatório (ex. cultura popular, indígena e afro-brasileira).
O patrimônio cultural brasileiro é formado por bens de natureza material e imaterial, 
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação e à 
memória dos grupos formadores da sociedade brasileira, inclusive:
• formas de expressão;
• modos de criar, fazer e viver;
• criações científicas, artísticas e tecnológicas;
• obras e objetos destinados às manifestações artístico-culturais;
• conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, 
paleontológico, ecológico e científico.
O Poder Público, com a colaboração da sociedade, deverá tomar certas medidas para a 
proteção desse patrimônio histórico, como, por exemplo, inventários, registros, vigilância, 
tombamento e desapropriação. Todos os documentos e sítios que tenham reminiscências dos 
quilombos são tombados, segundo a Constituição.
Poderá ser formado um fundo estadual (o Distrito Federal também poderá formar, 
apesar de ser denominado estadual) para fomentar a cultura. Esse fundo poderá contar com 
um percentual de até 5% da receita tributária líquida do Estado e financiará programas e 
projetos culturais. Os danos e as ameaças ao patrimônio devem ser reprimidos (art. 216, § 4°, 
da CF).
O Estado deve fomentar práticas desportivas formais e não-formais. A Justiça 
desportiva tem prioridade no julgamento das respectivas causas. Para alguns, isso iria de 
encontro ao princípio do amplo acesso ao poder judiciário, insculpido no art. 5°, XXXV, tese 
rebatida sob o argumento da impossibilidade da inconstitucionalidade das normas 
constitucionais originárias. O Poder Judiciário só poderá julgar a causa após o esgotamento das 
vias recursais da Justiça Desportiva, que tem um prazo de sessenta dias, contado da 
instauração do processo, para proferir decisão final.
O lazer deve ser incentivado pelo Poder Público como forma de promoção social, e não 
somente buscando objetivos profissionais. Além disso, a ações públicas voltadas ao desporto 
devem seguir os seguintes princípios:
• autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações;
• destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto
educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;
• tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não- profissional;
• proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.
Promover e incentivar o desenvolvimento científico, pesquisa e capacitação 
tecnológica são objetivos do Estado. A pesquisa científica básica recebe prioridade, devendo 
procurar resolver os problemas brasileiros. Uma série de incentivos devem ser adotados para o 
desenvolvimento da área científica e tecnológica. Vejamos alguns exemplos:
• apoio à formação de recursos humanos nas áreas de ciência, pesquisa e tecnologia, 
concedendo meios e condições especiais de trabalhos aos que dela se ocupem;
• estímulo para que as empresas invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao 
país e que estipulem prêmios para os empregados tendo em vista ganhos que a empresa 
tenha com a sua produtividade;
• possibilidade de vinculação de parte da receita líquida dos Estados e do Distrito Federal para 
o fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica.
A Constituição trata o mercado interno como patrimônio nacional. Essa norma, de 
conteúdo eminentemente econômico, tem como espírito a elaboração de uma lei federal que 
incentive o mercado para viabilizar o desenvolvimento cultural e socioeconômico, o bem-estar 
da população e a autonomia tecnológica do país.
Comunicação Social - Essa parte da Constituição trata um pouco da relação do Estado 
com os meios de comunicação. Em primeiro lugar, já estudamos que dentre os direitos e 
deveres individuais e coletivos existe um direito e uma garantia fundamental, que é a 
liberdade de expressão, que engloba qualquer atividade intelectual, artística, científica e de 
comunicação. Essa impossibilidade de censura ou licença não configuram uma liberdade 
absoluta. Certos aspectos são limitadores da manifestação de pensamento, como, por 
exemplo, a proibição do anonimato, o direito de resposta, a indenização por danos materiais, 
morais ou à imagem.
É impossível, por conta da liberdade de expressão, a existência de uma lei que crie 
embaraços à liberdade de imprensa, já que a Constituição Cidadã (1988) nasce de uma 
tentativa de abandono dos abusos cometidos na época do regime militar, em que a 
informação jornalística era manipulada de forma a passar apenas uma idéia positiva do 
regime.
Como já dissemos, não há, no Brasil, censura, seja de natureza política, ideológica e 
artística, sendo livre de licença, por exemplo, a publicação de veículo impresso de 
comunicação. Essa liberdade, no entanto, deve obedecer a certos parâmetros definidos em lei 
federal, tais como:
• regulação de diversões e espetáculos públicos, cabendo ao poder público informar sobre a 
natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua 
apresentação se mostre inadequada;
• estabelecimento de meios que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se 
defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que não obedeçam aos 
princípios definidos pela Constituição, bem como da propaganda de produtos, práticas e 
serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente. Por exemplo, as propagandas de 
cigarro, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, remédios e terapias estarão sujeitas a restrições legais, 
devendo sempre conter advertências sobre os malefícios que seu uso pode acarretar.
Mais quais seriam os princípios que os programas de rádio e televisão devem seguir? 
Vejamos:
- preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
- promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive 
sua divulgação;
- regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais 
estabelecidos em lei;
- respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
As empresas de comunicação eletrônica também devem seguir esses princípios e 
devem garantir prioridade de profissionais brasileiros na execução de produções nacionais.
As empresas relacionadas à área de comunicação social também estão sujeitas a certas regras. 
Não podem, por exemplo, constituir monopólio ou oligopólio. Além disso, as empresas 
jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens só podem pertencer a brasileiros 
natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou a pessoas jurídicas constituídas sob as leis 
brasileiras e que tenham sede no País.
É atribuição do Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e 
autorização de rádios e canais de televisão, devendo sempre observar o princípio da 
complementariedade dos sistemas privado, público e estatal (ou seja, todos os setores, tanto o 
público, quanto privado, devem ter acesso a tais meios). O Congresso Nacional receberá o ato 
do Presidente da República sob a forma de mensagem e cada casa terá 45 (quarenta e cinco) 
dias para apreciar o ato, sob pena de não validade deste.
Os atos de concessão ou permissão de rádios valem por 10 (dez) anos, enquanto os de 
televisão valem por 15 (quinze) anos. Vencido esse prazo, o Poder Executivo pode renová-lo 
por igualperíodo. Para que o ato do presidente que não renove a concessão ou permissão 
possa valer, serão necessários votos de, no mínimo, dois quintos do Congresso Nacional, em 
votação nominal. Antes de vencidos os prazos acima citados, é possível, mediante decisão 
judicial, o cancelamento da concessão ou permissão.
Meio ambiente - Um meio ambiente ecologicamente equilibrado é direito de todos, 
assim como um bem de uso comum e algo essencial à sadia qualidade de vida. Compete ao 
poder público e à coletividade defender e preservar o meio ambiente, tanto para as gerações 
presentes, quanto para as futuras gerações. O meio ambiente sadio é um direito difuso (direito 
supraindividual pertencente a toda a sociedade) e que pode ser enquadrado dentre os direitos 
de 3° geração.
A constituição traz algumas ações que o poder público deve desenvolver para 
assegurar a efetividade desse direito:
• preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das 
espécies e ecossistemas;
• preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País;
• definir espaços especialmente protegidos, alteráveis somente por lei, vedada qualquer 
utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
• exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de 
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, o qual será 
público;
• controlar técnicas e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o 
meio ambiente;
• promover a educação ambiental;
• proteger a fauna e a flora.
Todo aquele (pessoa física ou jurídica) que causar dano ao meio ambiente fica sujeito a 
responsabilização civil, administrativa e penal. Na exploração de recursos minerais há a 
obrigação de recuperação do ambiente degradado. Não podem ser negociadas as terras 
devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção 
dos ecossistemas naturais. Deverão ser editadas leis para definição das áreas que podem 
receber usinas nucleares e da forma de utilização da Floresta Amazônica brasileira, a Mata 
Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira, que são patrimônio 
nacional.
Estruturas familiares - A nova ordem constitucional trouxe uma série de inovações 
relacionadas às estruturas familiares. A família, base da sociedade, deixou de ser considerada 
apenas aquela formada mediante o casamento. Hoje é dever do Estado proteger a família 
como um todo, abrangendo as uniões estáveis, os filhos adotivos e até mesmo aquelas 
formadas por apenas um dos pais.
A união estável é reconhecida, para efeito de proteção do Estado, como entidade 
familiar, mas desde que formada entre homem e mulher. A legislação deve facilitar a 
conversão da união estável em casamento. O novo Código Civil talvez tenha feito uma 
interpretação literal desse dispositivo constitucional, já que, infelizmente, regrediu no que se 
refere à concessão de direitos àqueles protegidos pelo manto da união estável. Pedimos 
licença nesse ponto para, fora do objetivo deste trabalho, expor nossa opinião no sentido de 
que se mostra insensível a posição do legislador que, após anos de luta contra o 
conservadorismo nas relações interpessoais, deu um passo para traz e revogou, com o Código 
Civil de 2002, dispositivos legais que não mais “puniam” aqueles que, utilizando de sua 
liberdade de consciência, não optassem pelo formalismo do casamento e preferissem a seara
da união estável.
Hoje as regras de sucessão (herança), por exemplo, privilegiam o cônjuge em relação 
ao companheiro. Até mesmo os homossexuais têm direito à manutenção do seu modo de 
viver (modus vivendi), o que não significa que terão reconhecida uma união estável. Como 
vivemos em um país laico (países laicos são aqueles em que religião e Estado são institutos 
independentes), o casamento tem natureza civil, sendo sua celebração gratuita. O casamento 
religioso também poderá trazer efeitos civis.
A dissolução do casamento ocorre com o divórcio. Existem duas formas de divórcio: o 
divórcio direto e do divórcio conversão. No divórcio conversão, basta que haja mais de um ano 
de separação judicial para que ele seja concedido. Caso os cônjuges não tenham se separado 
judicialmente por esse período, será necessário mais de dois anos de separação de fato.
Antigamente quem comandava a família era o pai, tanto que a expressão utilizada para 
definir o poder que os pais exerciam sobre os filhos era “pátrio poder”. Hoje, essa expressão 
foi substituída por poder familiar, já que os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal 
são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. Com isso, a mulher não se equipara mais 
a um relativamente capaz, com era a algum tempo atrás. Esse dispositivo se harmoniza 
perfeitamente com a isonomia já prevista no inciso I, do art. 5° da CF.
É dever dos pais assistir, criar e educar os filhos menores. Da mesma maneira, os filhos 
maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
Índios - Esta última parte finaliza o estudo referente ao Título da Ordem Social 
trazendo à baila uma série de direitos relativos ao instituto do indigenato. Certas questões 
polêmicas relacionadas aos direitos indígenas são aqui esclarecidas. Por exemplo, a 
representação judicial do índio é feita por vários organismos. O art. 129 da Constituição 
Federal diz ser função institucional do Ministério Público a defesa judicial dos direitos e 
interesses dos índios. Já o art. 232, sem excluir essa competência do Ministério Público, dá 
legitimidade aos índios, suas comunidades e suas organizações para defenderem em juízo seus 
interesses, intervindo o MP em todas as fazes processuais.
O Código Civil de 2002 alterou a forma de classificação quanto à capacidade do índio 
remetendo à lei sua regulação (CC/2002, art. 4°, parágrafo único). Agora o índio fica sob 
proteção da União, que, por meio da FUNAI (Lei 5.371/67), deve intervir em todos os atos civis 
praticados pelos índios, pena de nulidade, salvo se o índio demonstrar consciência do ato que 
pratica e não sofrer prejuízo. As causas que envolvam disputas sobre direitos indígenas serão 
decididas pela Justiça Federal de 1ª instância.
Outro ponto interessante enfocado pela Constituição Federal é a natureza jurídica
das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. O art. 20 diz ser bem da União as terras 
tradicionalmente ocupadas pelos índios. O art. 231, § 2°, por sua vez, diz serem estas terras 
destinadas à posse permanente dos índios. A Constituição não está, obviamente, cometendo 
uma contradição. É que propriedade e posse são institutos diferentes. Propriedade, segundo o 
art. 1.228 do Código Civil inclui a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de 
reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua o detenha. A posse, por sua vez, 
descrita no art. 1.196 do Código Civil, é tida por todo aquele que tem de fato o exercício, pleno 
ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Em síntese, apesar de as terras indígenas serem habitadas e exploradas pelos índios, 
não são de propriedade deles. Sendo de propriedade da União, serão inalienáveis, 
indisponíveis e os direitos sobre elas são imprescritíveis. Nunca ocorrerá, por exemplo, a 
aquisição da propriedade de terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, nem mesmo por 
usucapião - modo de aquisição da propriedade pela posse pacífica e continuada por 
determinado lapso de tempo. Por conta dessa indisponibilidade, a Constituição diz serem 
nulos e extintos os atos de ocupação, domínio e posse das terras, ou a exploração das 
riquezas, ressalvado o relevante interesse público

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