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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 06ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO - RJ.
PROCESSO Nº
CLAUDIA, brasileira, casada, profissão, portadora do RG nº, CPF/MF nº, residente e domiciliada na, Rio de Janeiro/RJ, vem, por seu advogado (endereço, art. 39, I do CPC), nos Autos da Ação de Cobrança que lhe move o Autor, já qualificado nos Autos, oferecer
CONTESTAÇÃO
Expondo e requerendo o que segue.
BREVE RESUMO DA PRETENSÃO AUTORAL
Trata-se de cobrança do Autor, em razão da emissão de cheque-caução no valor de R$60.000,00 (sessenta mil reais), emitido em 28 (vinte e oito) de setembro de 2013 (dois mil e treze), para a garantia de cobertura do procedimento cirúrgico de emergência realizado em Diego, esposo da Ré.
O procedimento obteve o devido acompanhamento médico e foi integralmente custeado pelo plano de saúde Minha Vida, conveniado ao Autor.
DA INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA
A Vara da Fazenda Pública é absolutamente incompetente para processar e julgar a presente Ação de Cobrança, conforme artigo 301, II do CPC e também artigo 86, I, a do CODJERJ, por não figurar em quaisquer dos polos ente público ou sociedade de economia mista, se tratando somente de relação consumerista entre as partes.
DO MÉRITO
A Ré, premida pela necessidade de salvar a pessoa de sua família de grave dano, fato que ocorreu e era conhecido pelo Autor, foi compelida a assumir obrigação excessivamente onerosa, diante da exigência de que por ela fosse emitido cheque-caução ou garantia de pagamento. Com isso, restou-se configurado o vício “Estado de Perigo”, conforme preceitua o artigo 156 do CC, tornando o negócio jurídico realizado entre as partes passível de anulação.
Tal tese é corroborada pela doutrina civilista. Como exemplo, vê-se Stolze & Pamplona (2011, v.1, p.407):
“Não há como não se reconhecer a ocorrência deste vício no ato de garantia (prestação de fiança ou emissão de cambial) prestado pelo indivíduo que pretendia internar, em caráter de urgência, um parente seu ou amigo próximo em determinada unidade de terapia intensiva, e se vê diante da condição imposta pela diretoria do hospital, no sentido de que o atendimento emergencial só é possível após a constituição imediata de garantia cambial ou fidejussória.”
De acordo com o artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor, considera-se a conduta de exigência de caução como prática abusiva, que expõe o consumidor a uma desvantagem exagerada, causando desequilíbrio na relação entre as partes. A exigência é feita em momento que o consumidor e sua família estão vulneráveis e ficam sem nenhuma garantia de que o título será devolvido. Por último, deve-se levar em conta que o Hospital, como qualquer outro prestador de serviços, possui meios para receber os valores devidos, não sendo cabível a exigência do pagamento no momento inicial da prestação do serviço.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS, no uso de suas atribuições institucionais, no ano de 2003 (dois mil e treze), editou a seguinte Resolução: 
RESOLUÇÃO NORMATIVA - RN Nº 44, DE 24 DE JULHO DE 2003
Art. 1º Fica vedada, em qualquer situação, a exigência, por parte dos prestadores de serviços contratados, credenciados, cooperados ou referenciados das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde e Seguradoras Especializadas em Saúde, de caução, depósito de qualquer natureza, nota promissória ou quaisquer outros títulos de crédito, no ato ou anteriormente à prestação do serviço.
Com base na mencionada resolução, na melhor doutrina e na legislação vigente, vários são os julgados no sentido favorável à tese de bloqueio, conforme se vê no seguinte entendimento jurisprudencial:
“APELAÇÃO. AÇÃO DE COBRANÇA. CHEQUE CAUÇÃO. ATENDIMENTO HOSPITALAR. ART. 51, IV DO CDC. RESOLUÇÃO NORMATIVA 44 ANS. PRÁTICA ABUSIVA. OCORRÊNCIA. A exigência de cheque como caução para internação hospitalar em favor da apelante trata-se de prática abusiva, nos termos do art. 51, IV do Código de Defesa do Consumidor. A Resolução Normativa n.º 44 de 24 de julho de 2003 da ANS veda a exigência de cheque caução por parte dos prestadores de serviços no ato ou anteriormente à prestação do serviço. (TJ-MG - AC: 10105082834604003 MG, Relator: Antônio Bispo, Data de Julgamento: 09/05/2013, Câmaras Cíveis / 15ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 17/05/2013).”
Ainda há de se mencionar que o condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial à emissão de cheque-caução ou garantia de pagamento foi tipificado no Código Penal, artigo 135-A, pela Lei Ordinária Federal nº. 12.653/2012, com o objetivo claro de combater a impunidade que vem permitindo a continuidade dessa prática nociva aos consumidores.
Por todo o exposto, uma vez que o procedimento garantido pelo cheque-caução foi plenamente coberto pelo plano de saúde da Ré, resta comprovada a inexistência da dívida e impossibilidade jurídica da cobrança. Logo, como tal, não há que se falar em ação de cobrança de uma obrigação já adimplida.
DOS PEDIDOS
Ex positis, requer a Vossa Excelência:
1 - Seja acolhida a questão processual de Incompetência Absoluta do Juízo, com a consequente remessa dos Autos ao juízo competente ou prevento; 
2 - Caso ultrapassada a questão processual, sejam julgados totalmente improcedentes os pedidos do Autor;
3 – Seja condenado o Autor ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios.
DAS PROVAS
Requer provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, especialmente prova documental.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Rio de Janeiro/RJ, XX de XXXXXXXXXXX de XXXX
Advogado
OAB/XX

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