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CRÍTICA AO MODELO PROIBICIONISTA FRENTE AO SUPER ENCARCERAMENTO FEMININO. LUCAS E SHIRLENY. EDIPUCRS - Congresso de Criminologia(s) : críticas(s), minimalismo(s) e abolicionismo(s).

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CRÍTICA AO MODELO PROIBICIONISTA FRENTE AO 
SUPERENCARCERAMENTO FEMININO 
 
 
Lucas Lopes Oliveira 1
Shirleny de Souza Oliveira
 
2
 
 
 
RESUMO: O presente artigo apresenta a relação entre o proibicionismo às 
drogas e seus reflexos frente ao aumento da população carcerária feminina. 
Assim, compreende-se que a massificação carcerária é uma resultante da 
criminalização dos grupos vulneráveis advinda da dissolução do Estado Social 
para a constituição do chamado Estado Penal. Este modelo que põe em foco o 
controle penal se baseia na lógica atuarial do risco em que o rigor penal é 
posto com maior ênfase sobre as populações marginalizadas, sendo as drogas 
um grande dispositivo para efetivar esta lógica de controle. Assim, intenta-se 
caracterizar os efeitos da guerra às drogas na população carcerária feminina, 
lançando mão da criminologia crítica como norte teórico. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Proibicionismo; Tráfico de drogas;Mulheres 
encarceradas. 
 
ABSTRACT: This article presentsthe relationship between theprohibitionon 
drugsand their effectsfront of theincrease offemale prisonpopulation.Thus, it is 
understood thatprisonovercrowdingis aresult of thecriminalizationof vulnerable 
groupsarisingfrom the dissolutionof the welfare stateto formthe so-calledpenal 
state. Thismodelbrings into focusthecriminalcontrolis based on thelogic 
 
1Advogado. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos, Cidadania e 
Políticas Públicas pela Universidade Federal da Paraíba (PPGDH/NCDH/CCHLA/UFPB). 
Especialista em Direito Previdenciário. Membro do Coletivo de Advocacia Popular Tancredo 
Fernandes(CAPTAF). Estuda temas relacionados à Política de Drogas e Direitos Humanos. 
Email: lucasoliveira.sol74@gmail.com. 
2 Bacharela em Serviço Social pela Universidade Federal da Paraíba e Mestranda do Programa 
de Pós-Graduação em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Públicas pela Universidade 
Federal da Paraíba (PPGDH/NCDH/CCHLA/UFPB). Estuda temas relacionados ao Cárcere 
Feminino e Direitos Humanos. Email: oliveirashirleny@gmail.com 
ofactuarialrisk thatcriminalrigoris putmoreemphasis onmarginalized populations, 
and drugsa great devicetocarry outthiscontrol logic.Thus,intendsto 
characterizethe effectsof the drug waron thefemale prisonpopulation, making 
use ofcritical criminologyas a theoreticalnorth. 
 
KEYWORDS:Prohibitionism; Drug trafficking;Womenincarcerated. 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
O proibicionismo pode ser concebido como um paradigma norteado por 
um posicionamento ideológico moralizante o qual possui o intuito de concretizar 
ações políticas por meio de práticas regulatórias. Em outras palavras, conforme 
explicita Karan (2010), as medidas proibicionistas intentam regular 
comportamentos, fenômenos e/ou produtos concebidos socialmente de modo 
negativo através de intervenções criminalizantes sob o aparato das leis e do 
sistema penal. 
Historicamente, estima-se que a prática de proibição às drogas é datada 
desde o começo do século XX. Nesse sentido, o primeiro país impulsionador 
do discurso proibicionista foi os Estados Unidos da América, o qual exerceu 
inicialmente uma rígida repressão ao álcool resultando em heranças como a 
própria Lei Seca. 
 Naquela época, grupos moralistas a exemplo da AntiSallon Ligue 
pressionavam o governo em busca de uma maior restrição à venda de bebidas 
alcoólicas e fechamento de bares (sallons) em virtude da crença de que tais 
estabelecimentos fossem responsáveis pela degradação moral da sociedade 
norte-americana. 
Como se pode observar, a repressão ao álcool teve uma grande 
influencia nestes primeiros anos em que foi disseminado o proibicionismo. 
Todavia, o efeito central da proibição não resultou em eliminar o vigoroso 
mercado do álcool, pois, na ilegalidade, consumidores e vendedores 
continuaram alimentando o mercado de bebidas alcoólicas em decorrência da 
alta lucratividade ilícita, causando problemas como o aumento da violência, 
dentre outros. 
Com o passar do tempo, as medidas proibicionistas além de se 
internacionalizarem, passaram a inserir outros tipos de drogas ao rol de 
substâncias proibidas, sendo hoje consideradas como um paradigma, em 
termos de política de drogas. Todavia, sinaliza-se que o paradigma da 
proibição opera sérias conseqüências sobre os grupos mais vulneráveis 
socialmente, estando correlacionada ao aumento exponencial das taxas de 
encarceramento, sobretudo de mulheres. 
Em linhas gerais, à luz do aporte teórico da criminologia crítica e das 
contribuições levantadas por Vera Regina Andrade, o presente artigo objetiva 
abordar a relação da proibição às drogas com o crescimento do 
encarceramento feminino por tráfico de entorpecentes, desvelando os impactos 
da prisão na vida das mulheres e sinalizando a necessidade de superar a 
prática do paradigma proibicionista. 
 
A GUERRA ÀS DROGAS COMO MECANISMO DE CONTROLE SOCIAL 
 Com base em Karan (2010), a prática de criminalizar condutas 
decorrentes da proibição esbarra na liberdade das escolhas feitas pelos 
indivíduos, isoladamente, em especial quando estas sequer implicam em ações 
danosas a outrem. O proibicionismo, sobretudo às drogas, além de 
negligenciar tais aspectos, mostra-se cada vez mais presente em diversos 
instrumentos de disposições legais, conforme pode ser observado a seguir: 
 
[...] Desde 1912, treze instrumentos internacionais relacionados a 
drogas foram elaborados. Mais recentemente o sistema atual é 
formado por três grandes tratados ainda em vigor: a Convenção única 
de 1961, a Convenção de Drogas Psicotrópicas de 1971 e a 
Convenção contra o Tráfico Ilícito de Drogas 1988, as quais foram 
ratificadas por cerca de 95% dos países do mundo, em maior número 
do que os países membros da ONU (BOITEUX, 2015, p.18). 
 
No entanto, apesar de sua expansão ao redor do mundo, o paradigma 
proibicionista já demonstra grandes sinais de desgaste e um dos efeitos mais 
preocupantes que está sob sua responsabilidade é a constatação do aumento 
da população carcerária ao longo do mundo, refletindo o fato de que a 
crimizalização das drogas está sendo utilizada como medida de controle social 
politicamente empreendida. 
Nesse sentido, Wacquant (1999) notadamente aponta em sua pesquisa 
que o desmonte do Estado Social tem sido capaz de surtir efeito decisivo no 
desenho da estatística carcerária norte americana, pois a população antes 
atendida pelos programas sociais do Wellfarestate, passara a ingressar 
massivamente no sistema carcerário, assim estabelecendo uma relação entre o 
Estado social mínimo e o Estado penal máximo. 
Desta feita, é possível apreender, segundo o referido autor (op. cit.), que 
a influência do proibicionismo neste processo é sensível principalmente à 
guerra às drogas declarada por Richard Nixon sob a justificativa do aumento do 
consumo interno nos Estados Unidos. 
 
Se o número de detentos americanos quadruplicou após meados dos 
anos 70 enquanto a criminalidade quase não aumentou, é que o 
recurso ao encarceramento alargou-se e banalizou-se. Ao longo dos 
anos, a detenção foi aplicada com uma freqüência e uma severidade 
crescentes ao conjunto de delinqüentes, pequenos ou grandes, e de 
criminosos, perigosos ou não. Como o prova o fato de que a 
proporção de autores de crimes violentos entre as pessoas que vão 
para trás das grades das prisões estaduais caiu de 50% em 1980 a 
menos de 27% em 1992, enquanto a parte dos condenados por 
comércio ou consumo de drogas saltou de 7% para 29% 
(WACQUANT, 1999 p.44). 
 
Faz-se necessário também caracterizar que esta mesma guerra às 
drogas - declarada por Nixon e reafirmada por Regan na década de 80 e seus 
sucessores- trouxe consigo aspectos econômicos, pois muitos dólares norte 
americanos passaram a escoar pelas fronteiras em direção a America Latina 
com o "boom" da cocaína, incidindo de modo influente no modelo político 
criminal que se sucederia à margem latino-americana. 
Além disso, esta se converteu numa estratégia geopolítica por ter se 
tornado um modo de reforçar o controle sobre áreas estratégicas como a 
Amazônia. Ocorre que os países centrais do capitalismo passaram a utilizar o 
discurso jurídico-político para explicar uma pretensa divisão entre os Estados 
como “produtores” e “consumidores”. 
Seguindo tal lógica, é possível constatar que os países centrais, como 
os Estados Unidos, atuam de modo a assumir a posição de “vítimas dos países 
produtores” com o intuito de garantir uma justificativa pelo pretenso interesse 
de interferência na política interna dos países periféricos, a exemplo dos latino-
americanos. Isto é, utilizam-se do discurso de defensores da sociedade 
democrática mundial frente à degradação causada pelas drogas para exercer 
manipulações de interesses políticos diversos. 
Assim, a partir dos aspectos assinalados anteriormente, sinaliza-se que 
a guerra às drogas empreendida nos Estados Unidos, e posteriormente 
internacionalizada, delineia vítimas com perfis específicos, sendo estas, 
pessoas em situação de vulnerabilidade social, em geral, negros e latinos o 
que pode ser observado com base na seguinte constatação: 
 
O fosso entre negros e brancos aprofundou-se muito no curso da 
década passada, ao ponto que em 1993 a taxa de encarceramento 
dos afroamericanos fosse mais de dez vezes superior àquela de seus 
compatriotas de origem européia (1 947 contra 306 por 100 000). 
Mas, sobretudo, o “escurecimento” sofrido pela população carcerária 
explica-se quase que inteiramente pela política de “guerra às drogas” 
lançada com estardalhaço por Ronald Reagan e ampliada depois por 
seus sucessores (idem,p.47). 
 
 De um modo geral, a proibição às drogas mostra-se capaz de exercer 
um papel decisivo na prática do controle social, sobretudo das camadas mais 
baixas da população. Esta contenção passa a ser realizada pelas vias do 
sistema penal, ante ao vácuo deixado pelo desmonte do Estado de Bem Estar 
Social, reforçando a idéia de que a gestão dos riscos e o controle da população 
desassistida socialmente somente podem ser feitas através do recrutamento 
pelas prisões. 
 
A correlação entre a repressão as drogas e a aumento da população 
penitenciária, especialmente a partir da década de 1990 até os dias 
atuais, vem sendo constatada nos Estados Unidos e em diversos 
países da América Latina em decorrência do encarceramento de 
pessoas condenadas por tráfico de drogas (BOITEUX, 2014 p. 84). 
 
Em outras palavras, além de os indivíduos estarem em situação de 
vulnerabilidade social, estes passam a ser compreendidos como sinônimo de 
“classe perigososa”. E, nesse sentido, a política proibicionista surge para 
reforçar e desempenhar o papel fundamental de implantar medidas repressivas 
contra os socialmente vulneráveis, substituindo a intervenção de políticas 
sociais pela adoção da repressão à pobreza. 
 
Forçosamente, é preciso, portanto, concluir que a “guerra às drogas” 
traduz bem a vontade de penalizar a pobreza e conter o cortejo das 
“patologias” que lhe são associadas, seja no seio do gueto, seja, 
quando elas transbordam seu perímetro, nas prisões que lhe são de 
agora em diante simbioticamente reunidas. Além disso, o 
acoplamento funcional entre o aparelho penal e o gueto negro 
inscreve-se na prática de uma “nova penalogia”, cujo objetivo não é 
mais o de prevenir o crime, nem de reinserir os delinqüentes na 
sociedade, uma vez purgada a pena, mas isolar os grupos percebidos 
como perigosos e neutralizar seus membros mais rebeldes (disruptifs) 
por uma gestão aleatória dos riscos (WACQUANT, 1999 p.48) 
 
Nesse cenário, o projeto de encarceramento, tendo como mecanismo a 
repressão às drogas, põe-se “desejável” na medida em que se lança sobre os 
mais vulneráveis sob à prática de controle social dos chamados sujeitos de 
risco. 
 
A CRIMINOLOGIA ATUARIAL E O AUMENTO DA TAXA CARCERÁRIA 
FEMININA NO BRASIL 
 
A chamada "criminologia atuarial" nasce de mudanças político criminais, 
seguindo uma lógica oposta a da seguridade social, já que veio para substituí-
la. Assim, compreende-se que em cada população existem fatores de risco 
socialmente distribuídos, que não são atribuídos a sujeitos individualmente, 
mas a populações como um todo. Paralelamente, o paradigma da repressão 
aos entorpecentes segue esta lógica, pois isola e intensifica, em uma 
população tida como perigosa, a repressão penal. 
Logo, frente à estratégia da gestão dos riscos e de um sistema penal 
atuarial, é possível observar que: 
 
"[...] Esta nova orientação política penal implica que um sistema 
concentrado em indivíduos, nas causas que o induzem a comportar-
se de maneira "desviada" e na possibilidade de resinseri-lo 
socialmente, é substituído por um sistema de controle que se destina 
a grupos sociais selecionados com base no risco que criam para a 
segurança pública (Santoro, 2002 p.76). 
 
Nesse sentido, ao tratar a guerra às drogas em consonância com a 
criminologia atuarial, percebe-se que há uma gradual adesão por parte da 
mídia, dos partidos políticos e dos agentes de segurança, aliada a feitichização 
da relação drogas/violência. Isso fez com que houvesse uma demanda cada 
vez maior de criminalização, cujo foco principal seria a implementação política 
de drogas e utilização do sistema penal como trato da questão. 
No Brasil, a atual lei de drogas de 2006, segue à risca a cartilha 
repressiva e proibicionista, projetando um grande encarceramento de 
indivíduos por crimes relacionados às drogas, “sendo representativa a 
presença de pequenos traficantes não violentos, primários, presos em flagrante 
sozinhos e desarmados em nosso sistema penitenciário [...]” (BOITEUX, 
2014p. 84) 
Pesquisas recentes revelam que atualmente o país possui um dos 
sistemas prisionais mais populosos do mundo. No ano de 2014, o Brail se 
tornou o terceiro maior encarcerador mundial – atrás de países como Estados 
Unidos e China - ao custodiar aproximadamente 711.463 presos3
Também é possível constatar que o número de indivíduos reclusos nas 
instituições penais brasileiras se mantém acima do que as estruturas das 
penitenciárias conseguiriam comportar, já que a deficiência é de 354.244 vagas 
no total. Além disso, se fossem considerar os 373.991 de mandados de prisão 
que constam em aberto no Banco Nacional de Mandados de Prisão, a 
população carcerária chegaria à gritante estatística de 1.085.454 de pessoas. 
 sendo, no 
entanto, capaz de receber apenas 357.219 indivíduos do montante total, 
segundo dados do Conselho Nacional de Justiça – CNJ (2014). 
Este boom carcerário é também incentivado pelos discursos de Lei e 
Ordem, que segundo Salo de Carvalho (2013) se constitui em um dos tripés 
ideológicos do proibicionismo, ao lado da Ideologia da Defesa Social e da 
Ideologia da Segurança Nacional4
 
. 
O discurso oficial da “Lei e Ordem” proclama, desta forma, que, se o 
sistema não funciona, o que equivale a argumentar, se não combate 
eficientemente a criminalidade, é porque não é suficientemente 
repressivo. É necessário, portanto, manda a “Lei e a Ordem”, em 
suas diversas materializações públicas e legislativas, criminalizar 
mais, penalizar mais, aumentar os aparatos policiais, judiciários, e 
 
3Tal estatística do CNJ (2014) considera as 563.526 pessoas custodiadas em unidades 
prisionais do país junto com as 147.937 que se encontramem prisão domiciliar. 
4Detém-se aqui aos chamados movimentos de Lei e Ordem, por este ser iniciado nos anos 60 e 
ter se tornado um dos grandes responsáveis pelo aumento carcerário que se seguira, tendo as 
drogas um papel de destaque frente afetichização da relação drogas com a violência por parte 
da grande mídia. 
penitenciários. É necessário incrementar mais e mais a engenharia e 
a cultura punitiva, fechar cada vez mais a prisão e suprimir cada vez 
mais as garantias penais e processuais básicas, rasgando, 
cotidianamente, a Constituição e o ideal republicano. De última, a 
prisão retorna à prima ratio [...] Consumidores ávidos por segurança 
pública e privada consomem vorazmente o espetáculo midiático do 
eficientismo penal, o show teledramatúrgico de sangue e lágrimas, 
como se, do lado das vítimas, o salvacionismo ancorasse e pudesse 
ancorar, no braço protetor do sistema penal (ANDRADE, 2006 p.178 -
179). 
 
 No cerne dessa discussão, constata-se que as mulheres, componente 
dos grupos vulneráveis, têm sido cada vez mais alvo da criminologia atuarial, 
haja vista os registros de crescimento da participação feminina em atividades 
ilícitas, já que segundo o banco de dados do Ministério da Justiça brasileiro 
sobre o Sistema Carcerário – Infopen (2012), a quantidade de mulheres presas 
aumentou em 42% entre os anos de 2007 a 2012. 
Em contrapartida, vale salientar que a relação entre a inserção feminina 
no mundo do crime nem sempre condiz com a contabilidade das taxas de 
mulheres presas. Isto é, a criminologia atuarial por seguir o enfoque da gestão 
da pobreza e da regulação dos grupos desassistidos reflete na caracterização 
do perfil de indivíduos “eleitos” a compor o cenário do cárcere. 
Afinal, a punição passa a ser operada mais incisivamente sobre as 
mulheres das camadas mais palperizadas, já que é possível observar que: 
 
As práticas ilícitas têm recebido um status de possibilidade, não só 
entre mulheres pobres, reafirmando as velhas posições simplistas e 
explicações causais entre pobreza e criminalidade, mas também são 
práticas que têm surgido no cotidiano de mulheres pertencentes a 
camadas médias urbanas, e que veem nessas atividades uma forma 
mais rápida de ascensão social e/ou de complementação da renda já 
existente de forma lícita, quebrando padrões sociais estereotipados 
(RIBEIRO DE OLIVEIRA, 2012, p. 125-126). 
 
No tocante à inserção no mundo do tráfico de drogas, este super-
encarceramento, projetado pela atual Lei de Drogas, tem seus efeitos sensíveis 
em termos de encarceramento feminino. 
 
Deve ser registrado que, embora em termos absolutos haja mais 
homens encarcerados por tráfico de drogas, em termos relativos, as 
mulheres estão super representadas entre os condenados por este 
crime. A análise da questão de gênero no tráfico é um tema bastante 
sensível, sendo relevante destacar que o aumento feminino por 
crimes relacionados às drogas é observado em vários países, 
inclusive nos EUA, onde foram realizados estudos específicos sobre 
o tema (BOITEUX, p. 96, 2014). 
 
No Brasil, só no período compreendido entre 2007 e 2012 “o 
crescimento de presas por tráfico de drogas foi de 77,11%, tendo praticamente 
dobrado o número de presas por tráfico neste período" (BOITEUX, 2014, p 96). 
Já em 2009, os dados apontavam um total de 12.312 presas por crimes 
relacionados às drogas, o que totalizava 59% das encarceradas. É possível 
observar, com isso, que a causa absoluta do encarceramento feminino resulta 
da prática de tráfico ilícito de entorpecentes. 
Em suma, demonstra-se, com isso, que nos últimos anos tem havido um 
aumento severo da penalização de mulheres em virtude da condição vulnerável 
em que se encontram ao desempenhar seus papéis dentro da atividade ilícita, 
bem como das relações decorrentes dos desdobramentos da criminologia 
atuarial incitada pela guerra às drogas. 
 
 
PANORAMA GERAL DAS PRISÕES FEMININAS NO BRASIL 
Na esfera da execução penal, existe um grande debate acerca do papel 
das prisões na sociedade e seus desdobramentos práticos na vida das 
pessoas que passam por ela. Assim, mesmo não sendo o foco central da 
discussão neste trabalho, é pertinente traçar um panorama geral de tais 
instituições. 
Nesse sentido, destaca-se, conforme Ramalho (2002) que, 
 
O Brasil, como muitos outros países no mundo ocidental, vem 
apresentando, nos últimos dez anos, taxas crescentes de 
encarceramento. O número cada vez maior de pessoas 
encarceradas, no entanto, não tem sido acompanhado de condições 
adequadas que atendam aos requisitos da tutela de presos ou de 
cumprimento de penas nos termos das exigências legais e 
institucionais estabelecidas em convenções internacionais, em 
particular as Regras Mínimas de Tratamento do Preso, da ONU 
(p.10). 
 
 
Ao longo dos anos, saltam aos olhos os registros5
Segundo Howard (2006), o princípio central relacionado aos Direitos 
Humanos versa sobre o fato de que os presos devem reter todos os direitos 
fundamentais enquanto estão em detenção, salvo os direitos perdidos 
inevitavelmente no ato da privação de liberdade, visto que o respeito da 
dignidade das pessoas encarceradas deve ser garantido assim como o é para 
as pessoas livres, conforme disposto pela Comissão de Direitos Humanos da 
ONU. 
 sobre as condições 
degradantes a que está submetida a parcela de pessoas privadas de liberdade, 
a exemplo dos relatórios da Pastoral Carcerária, Ministério da Justiça e demais 
entidades. Dentre as violações empreendidas no cenário do cárcere é possível 
destacar a deficiência do acesso à assessoria jurídica; aos atendimentos de 
saúde e psicossocial; às visitas íntimas; a atividades laborais e educativas; e 
até mesmo a prática de crimes de tortura por parte dos agentes do Estado. 
Nesse sentido, existem instrumentos internacionais e de jurisprudência 
das Comissões da ONU direcionados ao tratamento de pessoas presas no 
Brasil, a exemplo da Convenção Internacional sobre Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais (1996) e Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos 
ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes (1984). 
Além deles, diretrizes e documentos sobre princípios para o tratamento 
dos encarcerados, como o Corpo de Princípios para a Proteção de Todas as 
Pessoas sob qualquer Forma de Detenção ou Encarceramento (1988) e os 
Princípios Básicos para o Tratamento de Presos (1990). 
Todavia, as condições degradantes em que se encontram as prisões 
brasileiras, em especial femininas, esbarram na proposta de promoção da 
garantia de um mínimo de qualidade de vida para o indivíduo encarcerado, 
assim como na suposta finalidade das instituições penais através das filosofias 
“re”: “ressocializar”, “reinserir”, “reintegrar”. 
Várias mulheres que estão reclusas por tráfico de drogas, segundo 
Howard (2006), muito além de lá estarem por terem sido julgadas 
comotraficantes ou mera repassadoras (“mulas”), são dependentes químicas. 
 
5Conferir: A visão do Ministério Público brasileiro sobre o sistema prisional brasileiro. Conselho 
Nacional do Ministério Público. – Brasília: CNMP, 2013. Disponível 
em:<http://www2.cnmp.mp.br/portal/images/portal2013/noticias/2013/Sistema%20Prisio.nal_web_final_
2.pdf> 
Entretanto, em maiorparte dos estabelecimento penais, é possível identificar a 
deficiência ou inexistência de programas de tratamento para combater o vício e 
de atividades terapêuticas, pedagógicas e laborais que estimulem e promovam, 
inclusive, uma qualificação profissional para a inserção no mercado de trabalho 
formal. 
Em suma, o panorama das prisões brasileiras aponta uma aproximação 
da figura dos calabouços medievais à proporção quese têm constituído em 
depósitos de “lixo humano”, conforme caracterizado por Bauman (2005) 
eculminado na prática de degradação e isolamento de mulheres dentro do 
sistema penal. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Pelo presente estudo, apreende-e que o paradigma proibicionista é um 
grande responsável pelo encarceramento de setores vulneráveis da população. 
Conforme explicitado no decorrer deste trabalho, o desmonte do Estado de 
Bem Estar Social e o surgimento de um Estado Penal, impulsionou uma 
mudança na política criminal a qual passou a se basear na lógica do risco, por 
meio da criminologia atuarial. 
Tal conjuntura tem refletido, ao longo dos anos, um boom nas 
estatísticas referentes ao encarceramento, indicando que a criminalização das 
drogas tem funcionado como um mecanismo de controle das camadas 
socialmente vulneráveis. 
Neste sentido, o reflexo da guerra às drogas tem exercido um impacto 
maior sobre a população carcerária feminina a julgar pelo fato de as mulheres 
adentrarem no sistema penal sob a acusação de tráfico de entorpecentes e 
tampouco as prisões tem exercido o papel de cumprir com suas finalidades. 
 Conclui-se, portanto, que há uma gritante necessidade de empreender a 
substituição do paradigma proibicionista frente à necessidade de uma maior 
efetividade dos direitos das mulheres, bem como a de implementar a busca 
pela contenção das taxas de encarceramento, sobretudo feminino. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ANDRADE, Vera Regina Pereira de. Minimalismos, abolucionismos e 
eficienticismo: a crise do sistema penal entre a deslegitimação e a 
expansão. Seqüência: Estudos Jurídicos e Políticos, v. 27, n. 52, p. 163-182, 
2006. 
 
BAUMAN, Z. Vidas desperdiçadas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. 
 
BOITEUX, Luciana. Drogas e cárcere: repressão às drogas, aumento da 
população penitenciária brasileira e alternativas. In: SHECARIA, Sergio 
Salomão (Org.). Drogas uma nova perspectiva. São Paulo: IBCCRIM, 2014 
_______________. A reforma da Política Internacional de Drogas virá de baixo 
para cima. Argumentum, Vitória (ES), v. 7, n.1, p. 17-20, jan./jun. 2015. 
 
BRASIL, Ministério da Justiça (INFOPEN). Sistema penitenciário no Brasil 
dados consolidados(2008). Disponível em: 
<http://portal.mj.gov.br/depen/data/Pages/MJC4D50EDBPTBRNN.htm>. 
Acesso em: 29 Jul 2015. 
______. Sistema Integrado de Informação- Infopen, 2012. Disponível em: 
<http://www.infopen.gov.br/> Acesso em: 15 jul 2015. 
 
CARVALHO, Salo de. A política criminal de drogas no brasil: estudo 
criminológico e dogmático.6 ed. São Paulo: Saraiva 2013. 
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Novo diagnóstico de pessoas presas 
no Brasil. Brasília: DF, 2014. Disponível em: 
<http://www.cnj.jus.br/images/imprensa/diagnostico_de_pessoas_presas_corre
cao.pdf> Acesso em: 25 de Nov de 2014 
 
CONSELHOR NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. A visão do Ministério 
Público brasileiro sobre o sistema prisional brasileiro. – Brasília: CNMP, 
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	CRÍTICA AO MODELO PROIBICIONISTA FRENTE AO SUPERENCARCERAMENTO FEMININO
	Lucas Lopes Oliveira 
	Shirleny de Souza Oliveira
	RESUMO: O presente artigo apresenta a relação entre o proibicionismo às drogas e seus reflexos frente ao aumento da população carcerária feminina. Assim, compreende-se que a massificação carcerária é uma resultante da criminalização dos grupos vulneráveis advinda da dissolução do Estado Social para a constituição do chamado Estado Penal. Este modelo que põe em foco o controle penal se baseia na lógica atuarial do risco em que o rigor penal é posto com maior ênfase sobre as populações marginalizadas, sendo as drogas um grande dispositivo para efetivar esta lógica de controle. Assim, intenta-se caracterizar os efeitos da guerra às drogas na população carcerária feminina, lançando mão da criminologia crítica como norte teórico.
	PALAVRAS-CHAVE: Proibicionismo; Tráfico de drogas;Mulheres encarceradas.
	ABSTRACT: This article presentsthe relationship between theprohibitionon drugsand their effectsfront of theincrease offemale prisonpopulation.Thus, it is understood thatprisonovercrowdingis aresult of thecriminalizationof vulnerable groupsarisingfrom the dissolutionof the welfare stateto formthe so-calledpenal state. Thismodelbrings into focusthecriminalcontrolis based on thelogic ofactuarialrisk thatcriminalrigoris putmoreemphasis onmarginalized populations, and drugsa great devicetocarry outthiscontrol logic.Thus,intendsto characterizethe effectsof the drug waron thefemale prisonpopulation, making use ofcritical criminologyas a theoreticalnorth.
	KEYWORDS:Prohibitionism; Drug trafficking;Womenincarcerated.
	INTRODUÇÃO
	O proibicionismo pode ser concebido como um paradigma norteado por um posicionamento ideológico moralizante o qual possui o intuito de concretizar ações políticas por meio de práticas regulatórias. Em outras palavras, conforme explicita Karan (2010), as medidas proibicionistas intentam regular comportamentos, fenômenos e/ou produtos concebidos socialmente de modo negativo através de intervenções criminalizantes sob o aparato das leis e do sistema penal. 
	Historicamente, estima-se que a prática de proibição às drogas é datada desde o começo do século XX. Nesse sentido, o primeiro país impulsionador do discurso proibicionista foi os Estados Unidos da América, o qual exerceu inicialmente uma rígida repressão ao álcool resultando em heranças como a própria Lei Seca. 
	 Naquela época, grupos moralistas a exemplo da AntiSallon Ligue pressionavam o governo em busca de uma maior restrição à venda de bebidas alcoólicas e fechamento de bares (sallons) em virtude da crença de que tais estabelecimentos fossem responsáveis pela degradação moral da sociedade norte-americana. 
	Como se pode observar, a repressão ao álcool teve uma grande influencia nestes primeiros anos em que foi disseminado o proibicionismo. Todavia, o efeito central da proibição não resultou em eliminar o vigoroso mercado do álcool, pois, na ilegalidade, consumidores e vendedores continuaram alimentando o mercado de bebidas alcoólicas em decorrência da alta lucratividade ilícita, causando problemas como o aumento da violência, dentre outros.
	Com o passar do tempo, as medidas proibicionistas além de se internacionalizarem, passaram a inserir outros tipos de drogas ao rol de substâncias proibidas, sendo hoje consideradas como um paradigma, em termos de política de drogas. Todavia, sinaliza-se que o paradigma da proibição opera sérias conseqüências sobre os grupos mais vulneráveis socialmente, estando correlacionada ao aumento exponencial das taxas de encarceramento, sobretudode mulheres. 
	Em linhas gerais, à luz do aporte teórico da criminologia crítica e das contribuições levantadas por Vera Regina Andrade, o presente artigo objetiva abordar a relação da proibição às drogas com o crescimento do encarceramento feminino por tráfico de entorpecentes, desvelando os impactos da prisão na vida das mulheres e sinalizando a necessidade de superar a prática do paradigma proibicionista.
	A GUERRA ÀS DROGAS COMO MECANISMO DE CONTROLE SOCIAL
	Com base em Karan (2010), a prática de criminalizar condutas decorrentes da proibição esbarra na liberdade das escolhas feitas pelos indivíduos, isoladamente, em especial quando estas sequer implicam em ações danosas a outrem. O proibicionismo, sobretudo às drogas, além de negligenciar tais aspectos, mostra-se cada vez mais presente em diversos instrumentos de disposições legais, conforme pode ser observado a seguir:
	[...] Desde 1912, treze instrumentos internacionais relacionados a drogas foram elaborados. Mais recentemente o sistema atual é formado por três grandes tratados ainda em vigor: a Convenção única de 1961, a Convenção de Drogas Psicotrópicas de 1971 e a Convenção contra o Tráfico Ilícito de Drogas 1988, as quais foram ratificadas por cerca de 95% dos países do mundo, em maior número do que os países membros da ONU (BOITEUX, 2015, p.18). 
	No entanto, apesar de sua expansão ao redor do mundo, o paradigma proibicionista já demonstra grandes sinais de desgaste e um dos efeitos mais preocupantes que está sob sua responsabilidade é a constatação do aumento da população carcerária ao longo do mundo, refletindo o fato de que a crimizalização das drogas está sendo utilizada como medida de controle social politicamente empreendida. 
	Nesse sentido, Wacquant (1999) notadamente aponta em sua pesquisa que o desmonte do Estado Social tem sido capaz de surtir efeito decisivo no desenho da estatística carcerária norte americana, pois a população antes atendida pelos programas sociais do Wellfarestate, passara a ingressar massivamente no sistema carcerário, assim estabelecendo uma relação entre o Estado social mínimo e o Estado penal máximo. 
	Desta feita, é possível apreender, segundo o referido autor (op. cit.), que a influência do proibicionismo neste processo é sensível principalmente à guerra às drogas declarada por Richard Nixon sob a justificativa do aumento do consumo interno nos Estados Unidos. 
	Se o número de detentos americanos quadruplicou após meados dos anos 70 enquanto a criminalidade quase não aumentou, é que o recurso ao encarceramento alargou-se e banalizou-se. Ao longo dos anos, a detenção foi aplicada com uma freqüência e uma severidade crescentes ao conjunto de delinqüentes, pequenos ou grandes, e de criminosos, perigosos ou não. Como o prova o fato de que a proporção de autores de crimes violentos entre as pessoas que vão para trás das grades das prisões estaduais caiu de 50% em 1980 a menos de 27% em 1992, enquanto a parte dos condenados por comércio ou consumo de drogas saltou de 7% para 29% (WACQUANT, 1999 p.44).
	Faz-se necessário também caracterizar que esta mesma guerra às drogas - declarada por Nixon e reafirmada por Regan na década de 80 e seus sucessores - trouxe consigo aspectos econômicos, pois muitos dólares norte americanos passaram a escoar pelas fronteiras em direção a America Latina com o "boom" da cocaína, incidindo de modo influente no modelo político criminal que se sucederia à margem latino-americana.
	Além disso, esta se converteu numa estratégia geopolítica por ter se tornado um modo de reforçar o controle sobre áreas estratégicas como a Amazônia. Ocorre que os países centrais do capitalismo passaram a utilizar o discurso jurídico-político para explicar uma pretensa divisão entre os Estados como “produtores” e “consumidores”. 
	Seguindo tal lógica, é possível constatar que os países centrais, como os Estados Unidos, atuam de modo a assumir a posição de “vítimas dos países produtores” com o intuito de garantir uma justificativa pelo pretenso interesse de interferência na política interna dos países periféricos, a exemplo dos latino-americanos. Isto é, utilizam-se do discurso de defensores da sociedade democrática mundial frente à degradação causada pelas drogas para exercer manipulações de interesses políticos diversos.
	Assim, a partir dos aspectos assinalados anteriormente, sinaliza-se que a guerra às drogas empreendida nos Estados Unidos, e posteriormente internacionalizada, delineia vítimas com perfis específicos, sendo estas, pessoas em situação de vulnerabilidade social, em geral, negros e latinos o que pode ser observado com base na seguinte constatação:
	O fosso entre negros e brancos aprofundou-se muito no curso da década passada, ao ponto que em 1993 a taxa de encarceramento dos afroamericanos fosse mais de dez vezes superior àquela de seus compatriotas de origem européia (1 947 contra 306 por 100 000). Mas, sobretudo, o “escurecimento” sofrido pela população carcerária explica-se quase que inteiramente pela política de “guerra às drogas” lançada com estardalhaço por Ronald Reagan e ampliada depois por seus sucessores (idem,p.47).
	De um modo geral, a proibição às drogas mostra-se capaz de exercer um papel decisivo na prática do controle social, sobretudo das camadas mais baixas da população. Esta contenção passa a ser realizada pelas vias do sistema penal, ante ao vácuo deixado pelo desmonte do Estado de Bem Estar Social, reforçando a idéia de que a gestão dos riscos e o controle da população desassistida socialmente somente podem ser feitas através do recrutamento pelas prisões. 
	A correlação entre a repressão as drogas e a aumento da população penitenciária, especialmente a partir da década de 1990 até os dias atuais, vem sendo constatada nos Estados Unidos e em diversos países da América Latina em decorrência do encarceramento de pessoas condenadas por tráfico de drogas (BOITEUX, 2014 p. 84).
	Em outras palavras, além de os indivíduos estarem em situação de vulnerabilidade social, estes passam a ser compreendidos como sinônimo de “classe perigososa”. E, nesse sentido, a política proibicionista surge para reforçar e desempenhar o papel fundamental de implantar medidas repressivas contra os socialmente vulneráveis, substituindo a intervenção de políticas sociais pela adoção da repressão à pobreza.
	Forçosamente, é preciso, portanto, concluir que a “guerra às drogas” traduz bem a vontade de penalizar a pobreza e conter o cortejo das “patologias” que lhe são associadas, seja no seio do gueto, seja, quando elas transbordam seu perímetro, nas prisões que lhe são de agora em diante simbioticamente reunidas. Além disso, o acoplamento funcional entre o aparelho penal e o gueto negro inscreve-se na prática de uma “nova penalogia”, cujo objetivo não é mais o de prevenir o crime, nem de reinserir os delinqüentes na sociedade, uma vez purgada a pena, mas isolar os grupos percebidos como perigosos e neutralizar seus membros mais rebeldes (disruptifs) por uma gestão aleatória dos riscos (WACQUANT, 1999 p.48)
	Nesse cenário, o projeto de encarceramento, tendo como mecanismo a repressão às drogas, põe-se “desejável” na medida em que se lança sobre os mais vulneráveis sob à prática de controle social dos chamados sujeitos de risco. 
	A CRIMINOLOGIA ATUARIAL E O AUMENTO DA TAXA CARCERÁRIA FEMININA NO BRASIL
	A chamada "criminologia atuarial" nasce de mudanças político criminais, seguindo uma lógica oposta a da seguridade social, já que veio para substituí-la. Assim, compreende-se que em cada população existem fatores de risco socialmente distribuídos, que não são atribuídos a sujeitos individualmente, mas a populações como um todo. Paralelamente, o paradigma da repressão aos entorpecentes segue esta lógica, pois isola e intensifica, em uma população tida como perigosa, a repressão penal.
	Logo, frente à estratégia da gestão dos riscos e de um sistema penal atuarial, é possível observar que:
	"[...] Esta nova orientação política penal implica que um sistema concentrado em indivíduos,nas causas que o induzem a comportar-se de maneira "desviada" e na possibilidade de resinseri-lo socialmente, é substituído por um sistema de controle que se destina a grupos sociais selecionados com base no risco que criam para a segurança pública (Santoro, 2002 p.76).
	Nesse sentido, ao tratar a guerra às drogas em consonância com a criminologia atuarial, percebe-se que há uma gradual adesão por parte da mídia, dos partidos políticos e dos agentes de segurança, aliada a feitichização da relação drogas/violência. Isso fez com que houvesse uma demanda cada vez maior de criminalização, cujo foco principal seria a implementação política de drogas e utilização do sistema penal como trato da questão. 
	No Brasil, a atual lei de drogas de 2006, segue à risca a cartilha repressiva e proibicionista, projetando um grande encarceramento de indivíduos por crimes relacionados às drogas, “sendo representativa a presença de pequenos traficantes não violentos, primários, presos em flagrante sozinhos e desarmados em nosso sistema penitenciário [...]” (BOITEUX, 2014p. 84)
	Pesquisas recentes revelam que atualmente o país possui um dos sistemas prisionais mais populosos do mundo. No ano de 2014, o Brail se tornou o terceiro maior encarcerador mundial – atrás de países como Estados Unidos e China - ao custodiar aproximadamente 711.463 presos sendo, no entanto, capaz de receber apenas 357.219 indivíduos do montante total, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça – CNJ (2014). 
	Também é possível constatar que o número de indivíduos reclusos nas instituições penais brasileiras se mantém acima do que as estruturas das penitenciárias conseguiriam comportar, já que a deficiência é de 354.244 vagas no total. Além disso, se fossem considerar os 373.991 de mandados de prisão que constam em aberto no Banco Nacional de Mandados de Prisão, a população carcerária chegaria à gritante estatística de 1.085.454 de pessoas. 
	Este boom carcerário é também incentivado pelos discursos de Lei e Ordem, que segundo Salo de Carvalho (2013) se constitui em um dos tripés ideológicos do proibicionismo, ao lado da Ideologia da Defesa Social e da Ideologia da Segurança Nacional. 
	O discurso oficial da “Lei e Ordem” proclama, desta forma, que, se o sistema não funciona, o que equivale a argumentar, se não combate eficientemente a criminalidade, é porque não é suficientemente repressivo. É necessário, portanto, manda a “Lei e a Ordem”, em suas diversas materializações públicas e legislativas, criminalizar mais, penalizar mais, aumentar os aparatos policiais, judiciários, e penitenciários. É necessário incrementar mais e mais a engenharia e a cultura punitiva, fechar cada vez mais a prisão e suprimir cada vez mais as garantias penais e processuais básicas, rasgando, cotidianamente, a Constituição e o ideal republicano. De última, a prisão retorna à prima ratio [...] Consumidores ávidos por segurança pública e privada consomem vorazmente o espetáculo midiático do eficientismo penal, o show teledramatúrgico de sangue e lágrimas, como se, do lado das vítimas, o salvacionismo ancorasse e pudesse ancorar, no braço protetor do sistema penal (ANDRADE, 2006 p.178 -179).
	No cerne dessa discussão, constata-se que as mulheres, componente dos grupos vulneráveis, têm sido cada vez mais alvo da criminologia atuarial, haja vista os registros de crescimento da participação feminina em atividades ilícitas, já que segundo o banco de dados do Ministério da Justiça brasileiro sobre o Sistema Carcerário – Infopen (2012), a quantidade de mulheres presas aumentou em 42% entre os anos de 2007 a 2012.
	Em contrapartida, vale salientar que a relação entre a inserção feminina no mundo do crime nem sempre condiz com a contabilidade das taxas de mulheres presas. Isto é, a criminologia atuarial por seguir o enfoque da gestão da pobreza e da regulação dos grupos desassistidos reflete na caracterização do perfil de indivíduos “eleitos” a compor o cenário do cárcere. 
	Afinal, a punição passa a ser operada mais incisivamente sobre as mulheres das camadas mais palperizadas, já que é possível observar que:
	As práticas ilícitas têm recebido um status de possibilidade, não só entre mulheres pobres, reafirmando as velhas posições simplistas e explicações causais entre pobreza e criminalidade, mas também são práticas que têm surgido no cotidiano de mulheres pertencentes a camadas médias urbanas, e que veem nessas atividades uma forma mais rápida de ascensão social e/ou de complementação da renda já existente de forma lícita, quebrando padrões sociais estereotipados (RIBEIRO DE OLIVEIRA, 2012, p. 125-126).
	No tocante à inserção no mundo do tráfico de drogas, este super-encarceramento, projetado pela atual Lei de Drogas, tem seus efeitos sensíveis em termos de encarceramento feminino.
	Deve ser registrado que, embora em termos absolutos haja mais homens encarcerados por tráfico de drogas, em termos relativos, as mulheres estão super representadas entre os condenados por este crime. A análise da questão de gênero no tráfico é um tema bastante sensível, sendo relevante destacar que o aumento feminino por crimes relacionados às drogas é observado em vários países, inclusive nos EUA, onde foram realizados estudos específicos sobre o tema (BOITEUX, p. 96, 2014).
	No Brasil, só no período compreendido entre 2007 e 2012 “o crescimento de presas por tráfico de drogas foi de 77,11%, tendo praticamente dobrado o número de presas por tráfico neste período" (BOITEUX, 2014, p 96). Já em 2009, os dados apontavam um total de 12.312 presas por crimes relacionados às drogas, o que totalizava 59% das encarceradas. É possível observar, com isso, que a causa absoluta do encarceramento feminino resulta da prática de tráfico ilícito de entorpecentes.
	Em suma, demonstra-se, com isso, que nos últimos anos tem havido um aumento severo da penalização de mulheres em virtude da condição vulnerável em que se encontram ao desempenhar seus papéis dentro da atividade ilícita, bem como das relações decorrentes dos desdobramentos da criminologia atuarial incitada pela guerra às drogas. 
	PANORAMA GERAL DAS PRISÕES FEMININAS NO BRASIL 
	Na esfera da execução penal, existe um grande debate acerca do papel das prisões na sociedade e seus desdobramentos práticos na vida das pessoas que passam por ela. Assim, mesmo não sendo o foco central da discussão neste trabalho, é pertinente traçar um panorama geral de tais instituições.
	Nesse sentido, destaca-se, conforme Ramalho (2002) que,
	O Brasil, como muitos outros países no mundo ocidental, vem apresentando, nos últimos dez anos, taxas crescentes de encarceramento. O número cada vez maior de pessoas encarceradas, no entanto, não tem sido acompanhado de condições adequadas que atendam aos requisitos da tutela de presos ou de cumprimento de penas nos termos das exigências legais e institucionais estabelecidas em convenções internacionais, em particular as Regras Mínimas de Tratamento do Preso, da ONU (p.10). 
	Ao longo dos anos, saltam aos olhos os registros sobre as condições degradantes a que está submetida a parcela de pessoas privadas de liberdade, a exemplo dos relatórios da Pastoral Carcerária, Ministério da Justiça e demais entidades. Dentre as violações empreendidas no cenário do cárcere é possível destacar a deficiência do acesso à assessoria jurídica; aos atendimentos de saúde e psicossocial; às visitas íntimas; a atividades laborais e educativas; e até mesmo a prática de crimes de tortura por parte dos agentes do Estado.
	Segundo Howard (2006), o princípio central relacionado aos Direitos Humanos versa sobre o fato de que os presos devem reter todos os direitos fundamentais enquanto estão em detenção, salvo os direitos perdidos inevitavelmente no ato da privação de liberdade, visto que o respeito da dignidade das pessoas encarceradas deve ser garantido assim como o é para as pessoas livres, conforme disposto pela Comissão de Direitos Humanos da ONU. 
	Nesse sentido, existem instrumentos internacionais e de jurisprudência das Comissõesda ONU direcionados ao tratamento de pessoas presas no Brasil, a exemplo da Convenção Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1996) e Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes (1984). 
	Além deles, diretrizes e documentos sobre princípios para o tratamento dos encarcerados, como o Corpo de Princípios para a Proteção de Todas as Pessoas sob qualquer Forma de Detenção ou Encarceramento (1988) e os Princípios Básicos para o Tratamento de Presos (1990). 
	Todavia, as condições degradantes em que se encontram as prisões brasileiras, em especial femininas, esbarram na proposta de promoção da garantia de um mínimo de qualidade de vida para o indivíduo encarcerado, assim como na suposta finalidade das instituições penais através das filosofias “re”: “ressocializar”, “reinserir”, “reintegrar”.
	Várias mulheres que estão reclusas por tráfico de drogas, segundo Howard (2006), muito além de lá estarem por terem sido julgadas comotraficantes ou mera repassadoras (“mulas”), são dependentes químicas. Entretanto, em maiorparte dos estabelecimento penais, é possível identificar a deficiência ou inexistência de programas de tratamento para combater o vício e de atividades terapêuticas, pedagógicas e laborais que estimulem e promovam, inclusive, uma qualificação profissional para a inserção no mercado de trabalho formal. 
	Em suma, o panorama das prisões brasileiras aponta uma aproximação da figura dos calabouços medievais à proporção que se têm constituído em depósitos de “lixo humano”, conforme caracterizado por Bauman (2005) eculminado na prática de degradação e isolamento de mulheres dentro do sistema penal.
	CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Pelo presente estudo, apreende-e que o paradigma proibicionista é um grande responsável pelo encarceramento de setores vulneráveis da população. Conforme explicitado no decorrer deste trabalho, o desmonte do Estado de Bem Estar Social e o surgimento de um Estado Penal, impulsionou uma mudança na política criminal a qual passou a se basear na lógica do risco, por meio da criminologia atuarial. 
	Tal conjuntura tem refletido, ao longo dos anos, um boom nas estatísticas referentes ao encarceramento, indicando que a criminalização das drogas tem funcionado como um mecanismo de controle das camadas socialmente vulneráveis.
	Neste sentido, o reflexo da guerra às drogas tem exercido um impacto maior sobre a população carcerária feminina a julgar pelo fato de as mulheres adentrarem no sistema penal sob a acusação de tráfico de entorpecentes e tampouco as prisões tem exercido o papel de cumprir com suas finalidades.
	 Conclui-se, portanto, que há uma gritante necessidade de empreender a substituição do paradigma proibicionista frente à necessidade de uma maior efetividade dos direitos das mulheres, bem como a de implementar a busca pela contenção das taxas de encarceramento, sobretudo feminino.
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